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Louis-Jean CalvetLouis-Jean Calvet SOCIOLINGUÍSTICA SOCIOLINGUÍSTICA uma introdução críticauma introdução crítica TRADUÇÃOTRADUÇÃO Marcos MarcioniloMarcos Marcionilo 2ª edição revis2ª edição revisttaa Direitos reservados à PARÁBOLA EDITORIAL Rua Dr. Mário Vicente, 394 - Ipiranga 04270-000 São Paulo, SP PABX: [11] 5061-9262 | 2589-9263 | FAX: [11] 5061-8075 home page: www.parabolaeditorial.com.br e-mail: parabola@parabolaeditorial.com.br Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão por escrito da Parábola Editorial Ltda. ISBN: 978-85-88456-05-1 2a edição revista - 2a reimpressão: agosto de 2015 © da edição brasileira: Parábola Editorial, São Paulo, 2002 Título original: La sociolinguistique - 7e édition: 2011, mars © Presses Universitaires de France, Paris, 1993 ISBN: 978-2-13-058839-9 EDITOR: Marcos Marcionilo CAPA E PROJETO GRÁFICO: Andréia Custódio CONSELHO EDITORIAL: Ana Stahl Zilles [Unisinos] Angela Paiva Dionisio [UFPE] Carlos Alberto Faraco [UFPR] Egon de Oliveira Rangel [PUCSP] Gilvan Müller de Oliveira [UFSC, Ipol] Henrique Monteagudo [Univ. de Santiago de Compostela] Kanavillil Rajagopalan [Unicamp] Marcos Bagno [UnB] Maria Marta Pereira Scherre [UFRJ, UnB] Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP] Roberto Mulinacci [Universidade de Bolonha] Roxane Rojo [Unicamp] Salma Tannus Muchail [PUC-SP] Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB] CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C167s Calvet, Louis-Jean Sociolinguística: uma introdução crítica / Louis-Jean Calvet; tradução Marcos Marcionilo. - São Paulo : Parábola Editorial, 2002, 160p., 18cm Tradução de: La sociolinguistique Inclui bibliografia ISBN 978-85-88456-05-1 1. Sociolinguística. I. Calvet, Louis-Jean CDD: 410.9 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................... 7 INTRODUÇÃO .............................................................. 11 CAPÍTULO I: A LUTA POR UMA CONCEPÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA ........................................................ 13 1. Saussure / Meillet: a origem do conflito .... 13 2. Bernstein e as deficiências linguísticas ...... 17 3. William Bright: uma tentativa de síntese .. 20 4. Labov: a sociolinguística é a linguística ..... 22 5. Conclusão .................................................... 25 CAPÍTULO II: LÍNGUAS EM CONTATO ......................... 27 1. Empréstimos e interferências ..................... 27 2. As línguas aproximativas ........................... 31 3. Misturas de línguas, alternâncias de código e estratégias linguísticas .................. 34 4. O laboratório crioulo .................................. 42 5. As línguas veiculares .................................. 46 6. A diglossia e os conflitos linguísticos ......... 50 7. A sociolinguística urbana ........................... 54 CAPÍTULO III: COMPORTAMENTOS E ATITUDES .......... 57 1. Os preconceitos ........................................... 58 2. Segurança / insegurança ............................. 61 3. Atitudes positivas e negativas .................... 65 4. Hipercorreção .............................................. 68 5. As atitudes e a variação linguística ............ 71 CAPÍTULO IV: VARIÁVEIS LINGUÍSTICAS E VARIÁVEIS SOCIAIS ......................................... 79 1. Um exemplo de variáveis linguísticas: as variáveis fonéticas .................................. 80 2. O “vernáculo negro-americano” ................ 87 3. Variáveis linguísticas e variáveis sociais .... 91 4. Os mercados linguísticos ............................ 94 5. Variações diastráticas, diatópicas e diacrônicas: o exemplo da gíria .................. 98 6. Comunidade linguística ou comunidade social? .......................................................... 103 CAPÍTULO V: SOCIOLINGUÍSTICA OU SOCIOLOGIA DA LINGUAGEM? ................................................ 109 1. A abordagem micro ..................................... 109 2. A abordagem macro .................................... 115 3. As redes sociais e as línguas ....................... 119 4. Sociolinguística e sociologia da linguagem 123 5. Do analógico ao digital ................................ 127 CAPÍTULO VI: AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS ............... 133 1. Duas gestões do plurilinguismo: o in vivo e o in vitro.................................................... 134 2. A ação sobre a língua .................................. 136 3. A ação sobre as línguas ............................... 141 CONCLUSÃO ............................................................... 147 BIBLIOGRAFIA ........................................................... 149 GUIA DE LEITURA ...................................................... 150 GLOSSÁRIO ................................................................ 154 ÍNDICE DE NOMES ...................................................... 158 APRESENTAÇÃO Marcos Bagno Por ser a primeiríssima obra de introdução à so- ciolinguística que se imprime no Brasil, a publicação deste livro de Louis-Jean Calvet equivale, na prática, a denunciar uma situação injustificável que só pode ser explicada por uma análise detalhada dos misteriosos mecanismos que operam em nosso meio editorial, e dos ainda mais misteriosos labirintos da nossa vida acadêmica. A situação injustificável é esta: como é possível, num país onde se tem desenvolvido uma intensa atividade de pesquisa sociolinguística há pelo menos três décadas (pesquisa de qualidade científica reconhecida internacionalmente), não haver no mer- cado absolutamente nenhum livro que apresente os princípios básicos da teoria sociolinguística, sobretudo para o enorme contingente de leitores composto pelos estudantes de graduação em letras? São inúmeros os projetos (já concluídos ou em andamento) de descrição e análise da realidade linguística do Brasil; já são cen- tenas as dissertações de mestrado e teses de doutorado empreendidas à luz das diversas teorias sociolinguís- ticas, e mais numerosos ainda os artigos científicos publicados em revistas especializadas — mas livro SOCIOLINGUÍSTICA: UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA8 introdutório de ampla circulação, de acesso fácil, não temos nenhum, a não ser a limitada (por questões de espaço) iniciativa de Fernando Tarallo em A pesquisa sociolinguística (1985). Começar a preencher essa falta com este livro é um passo importante, sobretudo por se tratar de Louis-Jean Calvet, um sociolinguista que não se restringe à teori- zação e às atividades acadêmicas, mas que empreende uma verdadeira militância política, de luta assumida contra as atitudes discriminatórias que se servem da língua como instrumento de dominação e de exclusão social. Com visão crítica e engajada, Calvet não se limita a expor, com “neutralidade” e “objetividade”, os concei- tos básicos que sustentam as teorias sociolinguísticas. Ao contrário, ele mostra de que modo os mecanismos ideológicos atuam nessas teorias, inclusive sob a forma de “preconceitos positivos”, como o que ele detecta na atitude de Labov de extrema valorização da “verbosi- dade” dos falantes do “vernáculo negro-americano” e de desprezo pelos recursos linguísticos do chamado “código elaborado” das camadas sociais dominantes, que para ele são apenas “as marcas registradas do falar muito para dizer nada, do dizer desdizendo [...], recur- sos que muitas vezes obscurecem qualquer contribui- ção positiva que a educação pode dar ao nosso uso da língua” (“The Logic of Non-Standard English”, 1969, tradução minha). De autoria de Calvet, o leitor brasileiro já tinha a seu dispor a obra Saussure: pró e contra, cujo subtí- tulo revelador é “rumo a uma linguística social”. Ali, APRESENTAÇÃO 9 demonstrando a insustentabilidade das opções epis- temológicas do estruturalismo, em suas versões pré- e pós-chomskyanas, Calvet insiste na necessidadeincon- tornável de se construir uma ciência da linguagem em que o “social” seja o próprio objeto de estudo, ao qual a chamada “linguística interna” tem obrigatoriamente de se subordinar. Essa mesma insistência aparece aqui, so- bretudo na conclusão da obra, onde o autor declara que a palavra (socio)linguística só pode ser escrita assim, com o “socio” entre parênteses, na esperança de que, um dia, o que está dentro dos parênteses desaparecerá. Quando este dia vier, será possível escrever simplesmen- te linguística e definir esta ciência como “o estudo da comunidade social em seu aspecto linguístico”. Para conferir a esta publicação um caráter emi- nentemente didático, os editores oferecem ao leitor, no final do volume, um guia de leitura com a relação da (escassa) bibliografia sociolinguística existente no Brasil, bem como um glossário dos principais termos técnicos empregados pelo autor. Merece destaque também o cuidado de fazer acompanhar o texto de Calvet de notas de rodapé que oferecem exemplos tirados da realidade linguística brasileira com vistas a tornar mais facilmente reconhecíveis os fenômenos abordados na obra. APRESENTAÇÃO
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