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87 - APOSTILA - DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO MOTOR

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Prévia do material em texto

Desenvolvimento e 
Comportamento Motor
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
AUTORA
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
●	 Mestre	em	Educação	Física	pela	Universidade	Estadual	de	Maringá;
●	 Licenciada	em	Educação	Física	pela	Universidade	Estadual	de	Maringá;
●	 Professora	de	Pós-Graduação	pelo	Grupo	Rhema	de	Educação;
●	 Professora	de	Educação	Física	do	Ensino	Médio	–	Colégio	Axia;
●	 Docente	do	Curso	de	Design	Gráfico	pelo	UniFCV	–	Centro	Universitário	Cidade	
Verde;
●	 Gestora	Educacional	pelo	Colégio	Axia;
●	 Palestrante;
●	 Coaching	Educacional;
●	 Coordenadora	do	curso	de	Educação	Física	na	modalidade	EAD	pelo	UniFCV	
–	Centro	Universitário	Cidade	Verde;
Experiência	com	 formação	de	professores,	atua	com	cursos	de	capacitação	do-
cente	e	assessoria	educacional.	Trabalha	com	organização	de	eventos.	Atua	em	cursos	e	
palestras	online.
	
Link	do	lattes:	http://lattes.cnpq.br/3070192956405562
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja	muito	bem-vindo(a)!
Se	você	se	interessou	pelo	tema	que	iremos	trabalhar	nessa	disciplina,	já	estamos	
nos	entendendo.	Começamos	o	processo	de	aprendizagem	que	tem	tudo	para	render	bons	
frutos.	Estamos	iniciando	nossa	jornada	rumo	ao	fantástico	universo	do	desenvolvimento	
humano,	e	vamos	juntos	conhecer	cada	etapa	e	adquirir	muito	conhecimento	sobre	o	as-
sunto.	
A	partir	de	agora	 teremos	um	combinado	que	vai	durar	o	 tempo	que	estivermos	
aprendendo	juntos	sobre	Desenvolvimento	e	Comportamento	motor.	Vamos	nos	enveredar	
pelos	caminhos	das	aprendizagens	motoras	do	ser	humano,	começando	desde	antes	do	
nascimento,	e	só	vamos	parar	lá	na	velhice.	Na	verdade,	o	movimento	perpassa	toda	a	vida	
humana,	desde	a	concepção	até	a	morte,	e	vamos	explorar	tudo	isso	de	maneira	intensa	e,	
na	medida	do	possível,	leve.
●	 Na	Unidade I	vamos	conhecer	os	conceitos	básicos	do	desenvolvimento	hu-
mano	e	compreender	o	desenvolvimento	motor	e	suas	especificidades.	Vamos	
conhecer	modelos	de	desenvolvimento	humano,	bem	como	os	aspectos	que	
afetam	as	aprendizagens	motoras.	Para	terminar	a	unidade	iremos	nos	encan-
tar	 pela	 famosa	ampulheta	proposta	por	Gallahue	e	Ozmun	num	 livro	que	é	
considerado	a	“bíblia”	do	desenvolvimento	motor.	Ficou	curioso(a)?	
●	 Já	na	Unidade II	começaremos	a	desvendar	cada	uma	das	etapas	do	desen-
volvimento	motor.	 Na	 verdade,	 vamos	 começar	 desde	 antes	 do	 nascimento,	
conhecendo	aspectos	que	o	afetam	e	que	podem	ocorrer	mesmo	antes	de	nas-
cer.	 Incrível	não?!	Vamos	conhecer	como	acontece	o	crescimento	pré-natal	e	
infantil	e	tratar	de	duas	etapas:	a	dos	movimentos	reflexos	e	a	dos	movimentos	
rudimentares.	Partindo	sempre	de	reflexões	e	questionamentos	pertinentes	e	
que	te	motivem	a	querer	aprender	mais.	
●	 Na	sequência,	na	Unidade III,	falaremos	a	respeito	da	infância,	como	uma	fase	
essencial	de	aquisições	de	habilidades	motoras.	Tantas	aprendizagens	aconte-
cem	neste	período.	Vamos	explorar	a	fase	das	habilidades	motoras	fundamen-
tais,	o	próprio	nome	 já	nos	diz	o	quão	 importante	é	essa	etapa.	Em	seguida	
iremos	conhecer	aspectos	da	famigerada	e	tão	maltratada	adolescência,	que,	
com	todas	as	suas	peculiaridades,	é	a	fase	das	habilidades	motoras	especiali-
zadas	e	muito	se	tem	para	aprender	sobre	esse	período.
●	 Em	nossa Unidade IV	vamos	finalizar	o	conteúdo	dessa	disciplina	com	a	fase	
adulta	 e	 a	 velhice.	 Faremos	 um	 passeio	 pelo	 desenvolvimento	 humano,	 es-
pecificamente	 falando	 da	motricidade,	 dos	 25	 até	 os	 59	 anos,	 num	 primeiro	
momento,	e	depois	a	partir	dos	60	anos.	
Estou,	a	partir	de	agora,	intimando	você	a	se	apaixonar	e	aprender	muito	comigo	
sobre	um	dos	 temas	mais	 importantes	para	quem	 trabalha	 com	seres	humanos.	Posso	
garantir	que	seus	esforços	para	aprender	e	estudar	tudo	o	que	esse	material	oferecer	não	
serão	em	vão.	Você	sempre	vai	 lembrar	das	aprendizagens	que	venha	a	adquirir	nesta	
disciplina.	
Espero	que	você	aproveite	cada	linha	desta	apostila	e	cada	vídeo	deste	material,	
devorando	o	conhecimento	que	ele	fornece.	Que	esta	disciplina	contribua	para	seu	cres-
cimento	pessoal	e	profissional.	E	lembre-se:	sempre	que	sentir	necessidade	revisite	suas	
anotações	e	o	material	desta	aula.
Gratidão	sempre	e	excelente	percurso!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 6
Plano de Conhecimento
UNIDADE	II	................................................................................................... 41
Primeira Infância
UNIDADE	III	.................................................................................................. 71
Infância e Adolescência
UNIDADE	IV	................................................................................................ 101
Idade Adulta e o seu Desenvolvimento
6
Plano de Estudo:
●	 Introdução	e	conceitos;
●	 Compreendendo	o	desenvolvimento	motor;
●	 Modelos	de	desenvolvimento	humano;
●	 Fatores	que	afetam	o	desenvolvimento	motor;
●	 Explanação	do	modelo	teórico	do	desenvolvimento	motor.
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	e	contextualizar	os	principais	termos	utilizados	que	permeiam	o	
desenvolvimento	motor;
●	 Compreender	o	desenvolvimento	motor	a	partir	de	diferentes	referenciais	teóricos;
●	 Conhecer	os	fatores	que	interferem	no	desenvolvimento	motor	típico	considerando	
suas	etapas.
UNIDADE I
Plano de Conhecimento
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
7UNIDADE I Plano de Conhecimento
INTRODUÇÃO
Olá,	caro(a)	aluno(a).	Daremos	início	à	primeira	unidade	da	disciplina	de	Desenvol-
vimento	e	Comportamento	Motor.	
Nesse	 momento	 serão	 trabalhados	 alguns	 conceitos	 básicos	 que	 envolvem	 os	
diversos	assuntos	 relacionados	ao	desenvolvimento	e	ao	 comportamento	motor,	 neces-
sários	para	que	você	possa	estudar	os	próximos	assuntos	e	aprender	sobre	aspectos	do	
desenvolvimento	humano.	Para	que	você	se	torne	o	profissional	que	atue	de	maneira	eficaz	
é	necessário	conhecer	cada	uma	das	etapas	do	desenvolvimento	e	os	diversos	aspectos	
que	fazem	parte	de	cada	uma	delas.
Depois	 que	 conhecer	 alguns	 termos	 que	 iremos	 utilizar	 durante	 toda	 disciplina,	
você	irá	compreender	o	desenvolvimento	motor,	suas	características	e	particularidades.	Em	
seguida,	aprenderá	que	existem	diferentes	modelos	teóricos	de	desenvolvimento	motor	e,	
a	partir	de	alguns	referenciais	teóricos	selecionados,	observará	possibilidades	de	trabalho	
para	o	profissional	da	Educação	Física.	
Vale	lembrar	que	o	desenvolvimento	humano	não	é	linear	nem	tampouco	fixo,	ou	
seja,	 sofre	 a	 influência	 de	diversos	aspectos	 e	 pode	 ser	 diferente	 de	uma	pessoa	para	
outra,	 o	 que	 justifica	 a	 necessidade	 de	 que	 você	 conheça	 alguns	modelos	 teóricos	 de	
desenvolvimento	motor,	 buscando	 autores	 que	 estudam	 o	 assunto	 em	 suas	 pesquisas.	
Diante	disso,	ao	término	da	unidade	você	irá	conhecer	os	aspectos	que	podem	interferir	
no	desenvolvimento	humano.	Costumeiramente	usamos	para	designar	 desenvolvimento	
motor	os	termos	típico	–	quando	as	aprendizagens	motoras	estão	acontecendo	conforme	
o	esperado	para	determinada	idade;	e	atípico	–	quando	algo	nas	ações	motoras	de	um	
ser	humano	não	acontece	de	acordo	com	o	esperado	e	este	demonstra	não	estar	desen-
volvendo	as	habilidades	motoras	de	acordo	com	as	tabelas	de	referência.	Considerando	o	
exposto,	finalizo	a	unidade	explicando	um	modelo	teórico	de	desenvolvimento	motor.
Espero	ter	instigado	sua	curiosidade.	A	partir	de	agora	te	convido	a	ficar	cada	vez	
mais	intrigado	e	entendido	do	assunto.
Bons	estudos!
8UNIDADE I Plano de Conhecimento
1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS
Neste	tópico	inicial	você	irá	conhecer	termos	que	serão	utilizados	durante	toda	a	
disciplina.	É	 fundamental	 que,	 sempre	que	necessário,	 esta	unidade	seja	 retomada.	Se	
achar	melhor,	monte	uma	tabela	ou	mapa	mental	desses	termos	para	tê-los	sempre	à	mão.	
São	conceitos	que	fazem	parte	dos	estudos	em	desenvolvimento	humano	e	que	dialogam,	
ou	seja,	existeuma	relação	entre	eles,	mas	cada	um	tem	aspectos	específicos,	que	preci-
sam	ser	conhecidos	por	você.	Por	isso	recomendo	que,	ao	estudar	o	tópico,	vá	montando	
anotações	e	recorra	a	elas	sempre	que	precisar.
1.1 Desenvolvimento, Maturação, Crescimento, Aprendizagem e outros Termos
Neste	tópico	você	irá	conhecer	termos	e	conceitos	que	serão	utilizados	de	maneira	
recorrente	na	disciplina	e	na	sua	atuação	como	profissional	da	Educação	Física.	Para	tanto,	
o	embasamento	teórico	se	deu	em	Gallahue	e	Ozmun	(2013);	Tani	(2008);	Fonseca	(2008);	
Magill	(2000)	e	Haywood	e	Getchell	(2016).
O	 desenvolvimento	 é	 entendido	 como	 o	 conjunto	 de	 processos	 de	 natureza	
biológica	que	representa	as	 transformações	que	ocorrem	em	um	organismo	no	decorrer	
da	vida.	Em	se	tratando	de	desenvolvimento humano, tal	processo	está	relacionado	a	
aspectos	de	ordem	psíquica,	também	é	fruto	das	frequentes	relações	e	interações	sociais	
que	constrói,	estabelece	e	promove	no	decorrer	de	sua	vida.	Sendo	assim,	em	nós,	seres	
humanos,	o	desenvolvimento	abrange	diversos	aspectos,	sendo:	sociológico,	biológico	e	
9UNIDADE I Plano de Conhecimento
psicológico.	Considerando	que	tais	dimensões	funcionam	de	maneira	interativa,	formando	
o	ser	humano	de	maneira	integral,	temos	complexidade	e	individualidade	no	mesmo	ser.
Ao	 tratarmos	do	desenvolvimento motor,	 falamos	do	conjunto	de	modificações	
no	 comportamento,	 nas	ações	motoras,	 de	acordo	 com	a	 idade.	Constitui	 um	processo	
complexo	de	alterações	que,	interligadas,	envolvem	aspectos	de	crescimento	maturação	de	
sistemas	e	aparelhos	do	corpo	humano.	O	desenvolvimento	motor	tem	início	na	concepção,	
se	estende	por	toda	a	vida	e	termina	ao	morrer.	
Por	 crescimento entende-se	 o	 conjunto	 de	 modificações	 morfológicas	 do	 ser	
humano	nos	aspectos	corporais,	como	composição	e	proporção	dos	segmentos,	 resulta	
da	mensuração	das	transformações	de	hipertrofia	–	aumento	de	massa	muscular	–	e	de	
hiperplasia	–	aumento	do	número	de	células	em	órgãos	ou	tecidos.	O	crescimento	é	um	
processo	permeado	por	mudanças	hormonais	complexas,	manifestado	em	períodos	mais	
e	menos	 intensos.	Portanto,	não	é	um	percurso	 linear	e	acaba	por	ser	assimétrico,	com	
momentos	de	maior	ou	menor	estabilidade.
Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	30),	na	obra,	considerada	a	“bíblia”	do	desenvolvimen-
to	motor,	 de	 título	Compreendendo o desenvolvimento motor,	 apresentam	as	 seguintes	
concepções	(caro(a)	aluno(a),	recomendo	que	você	grave	este	nome,	será	uma	referência	
fundamental	na	sua	área).
Os	 termos	 crescimento	 e	desenvolvimento	 são	 usados	 com	 frequência	
como	sinônimos,	mas	há	diferença	de	ênfase.	No	seu	sentido	mais	puro,	o	
crescimento físico	refere-se	ao	aumento	do	tamanho	do	corpo	do	indivíduo	ou	
de	suas	partes	durante	a	maturação.	Em	outras	palavras,	crescimento	físico	
é	o	aumento	na	estrutura	do	corpo	provocado	pela	multiplicação	ou	aumento	
das	células.	No	entanto,	o	termo	crescimento	muitas	vezes	é	usado	para	se	
referir	à	 totalidade	das	mudanças	 físicas	e,	assim,	 torna-se	mais	 inclusivo,	
assumindo	 o	mesmo	 sentido	 de	 desenvolvimento.	 [...]	 o	desenvolvimento,	
no	seu	sentido	mais	puro,	refere-se	a	mudanças	no	nível	de	funcionamento	
do	 indivíduo	ao	 longo	do	 tempo.	 [...]	embora	o	desenvolvimento	seja	visto	
mais	como	o	surgimento	e	a	ampliação	da	capacidade	de	funcionar	em	um	
nível	 elevado,	 temos	de	 reconhecer	 que	o	 conceito	 de	desenvolvimento	é	
muito	mais	amplo	e	que	ele	é	um	processo	cuja	duração	se	estende	pela	vida	
inteira.
A	maturação	é	uma	concepção	estritamente	biológica,	expressa	por	um	conjunto	
de	modificações	fisiológicas	determinadas	pelas	especificidades	genéticas.	Apesar	de	en-
contrar	o	seu	sentido	de	forma	mais	ampla	e	até	mesmo	como	sinônimo	de	desenvolvimen-
to,	ou	algumas	vezes	de	aprendizagem,	optamos	por	estabelecer	maturação	no	patamar	
dos	processos	internos	que	geram	alterações	morfológicas	ou	do	que	tange	ao	potencial	
de	aprendizagem	e	desenvolvimento	do	ser	humano.	Sobre	maturação,	Gallahue	e	Ozmun	
(2013,	p.	30)	apresentam	que
10UNIDADE I Plano de Conhecimento
refere-se	 a	 mudanças	 qualitativas,	 que	 permitem	 a	 progressão	 até	 níveis	
mais	elevados	de	funcionamento.	Quando	vista	a	partir	de	uma	perspectiva	
biológica,	a	maturação	é	primordialmente	inata;	ou	seja,	é	determinada	ge-
neticamente	e	resistente	a	influências	externas	ou	ambientais.	A	maturação	é	
caracterizada	por	uma	ordem	de	progressão	fixa,	em	que	o	ritmo	pode	variar,	
mas	a	sequência	de	surgimento	das	características,	em	geral,	não	varia.
Ao	tratarmos	de	maturação	nos	referimos	aos	processos	específicos	que	ocorrem	
em	sistemas,	como	nervoso,	ósseo,	entre	outros.	Mesmo	que	possamos	olhar	aspectos	
maturacionais	de	cada	um	desses	sistemas,	é	fato	que	existem	entre	eles	uma	espécie	de	
comunicação	expressa	num	mecanismo	de	regulação	em	conjunto,	o	que	faz	com	que	o	
organismo	funcione	de	maneira	harmônica.
Segundo	Haywood	(2016,	p.	21)	
Maturação	denota	o	progresso	em	direção	à	maturidade	 física,	ao	estado	
de	 integração	 funcional	 ideal	 dos	 sistemas	 corporais	 de	 um	 indivíduo	 e	 à	
capacidade	de	reprodução.	já	o	desenvolvimento	continua	o	mesmo	depois	
que	se	atinge	a	maturidade	física.	As	mudanças	fisiológicas	não	param	ao	
final	do	período	de	crescimento	físico:	elas	ocorrem	durante	toda	a	vida.
Aspectos	maturacionais	são	essenciais	para	o	desenvolvimento	motor	e	interferem	
nas	aprendizagens	das	pessoas,	ou	seja,	caso	uma	criança,	adolescente	ou	adulto	não	
esteja	com	seus	sistemas	“maduros”	para	desenvolver	determinada	habilidade	ou	compe-
tência,	e	isso	está	intimamente	relacionado	com	a	idade,	ela	pode	não	ocorrer.	
O	 que	 quero	 dizer	 com	 isso,	 aluno(a)?	 Pense	 na	 aprendizagem	 do	 andar	 pela	
criança,	que	acontece	por	volta	dos	12	meses	de	vida.	Pois	bem,	se	não	há	minimamente	
a	maturação	dos	sistemas	nervoso,	ósseo	e	muscular,	a	criança	vai	conseguir	aprender	a	
andar?	Reflita	sobre	a	situação	por	alguns	instantes	antes	de	continuar	seus	estudos...
Mas	vamos	deixar	claro	que	o	desenvolvimento	humano	não	depende	exclusiva-
mente	da	maturação,	apesar	de	existirem	linhas	teóricas	que	defendem	tal	premissa.	Neste	
material	vamos	trabalhar	com	a	ideia	de	que	para	que	o	desenvolvimento	ocorra	de	maneira	
saudável	é	necessário	um	conjunto	de	aspectos,	entre	esses	a	aprendizagem.	
Aprendizagem	é	entendida	como	o	conjunto	de	adequações	e	ajustes	da	resposta	
a	partir	de	uma	vivência,	que	envolvem	estruturas	de	tomada	de	decisão	superiores.	Consti-
tui-se	em	processos	de	mudanças	comportamentais	derivados	de	experiências	construídas	
em	aspectos	sócio	afetivos,	emocionais,	neurológicos,	ambientais	e	relacionais.
Nesse	 sentido,	 a	aprendizagem motora	 é	 o	 conjunto	 de	 processos	motores	 e	
cognitivos	relacionados	às	ações	e	à	prática,	e	que	acabam	por	modificar	o	comportamento	
motor.	A	aprendizagem	motora	vai	estudar	o	desenvolvimento	de	aquisições	motoras	no	
decorrer	da	vida,	quando,	por	exemplo,	uma	criança	passa	do	não	saber	andar	de	bicicleta	
11UNIDADE I Plano de Conhecimento
para	o	conseguir	realizar	tal	ação	motora	com	destreza	e	segurança	e	de	que	maneira	todo	
o	processo	acontece.	Nesta	perspectiva	serão	estudados	os	aspectos	que	interferem	na	
aquisição	das	habilidades	motoras,	bem	como	os	mecanismos	que	atuam	nas	alterações	
do	comportamento	motor.
De	acordo	com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	32),	“aprendizado motor	portanto,	é	o	
aspecto	do	aprendizado	em	que	o	movimento	desempenha	a	principal	parte.	O	aprendizado	
motor	é	uma	mudança	relativamente	permanente	no	comportamento	motor,	resultando	da	
prática	ou	da	experiência	passada”.
Por	controle motor	entende-se	os	movimentos	realizados	e	controlados,	ou	seja,	
os	que	são	intencionais.	Nesse	caso	são	controlados	voluntariamente	pelo	Sistema	Nervoso	
Central	e	trabalham	de	maneira	coordenada	do	sistema	muscular	e	ósseo,	numa	relação	
entre	sistema	sensorial,	meio	ambiente	e	movimentos	corporais.Para	Gallahue	e	Ozmun	
(2013,	p.	33)	 “é	o	aspecto	do	aprendizado	e	do	desenvolvimento	motor	que	 lida	com	o	
estudo	dos	mecanismos	neurais	e	físicos	subjacentes	ao	movimento	humano”.
O	termo	comportamento motor	refere-se	às	alterações	no	controle	e	no	desen-
volvimento	motor	 e	 contempla	 aspectos	 de	 aprendizagem	e	 dos	 processos	maturativos	
relacionando	 a	 performance	 na	 realização	 dos	 movimentos	 corporais.	 Sendo	 assim,	 o	
comportamento	motor	estuda	aprendizagem,	controle	e	desenvolvimento	motor.	Estudando	
de	que	maneiras	os	movimentos	são	apreendidos,	bem	como	as	alterações	sofridas	no	
decorrer	da	vida	em	resposta	aos	fatores	internos	e	externos.	
Por	habilidade motora	entende-se	a	execução	de	uma	ação	motora	que	tenha	um	
objetivo	específico	e,	para	tal,	requer	a	realização	de	movimentos	voluntários	do	corpo	ou	
de	membros,	quais	sejam:	andar,	correr,	saltar,	tocar	um	instrumento,	entre	outros.	São	os	
movimentos	voluntários	realizados	pelo	corpo	para	executar	determinada	tarefa.	
O	termo	movimento	diz	respeito	às	mudanças	que	observamos	nas	posições	dos	
segmentos	corporais,	que	culminam	de	atos	motores	subjacentes.	
E	 para	 terminar	 nosso	 glossário	 de	 verbetes	 fundamentais	 da	 disciplina	 vamos	
falar	de	experiência,	 entendida	como	aspectos	ambientais	que	possibilitam	a	alteração	
do	desenvolvimento	no	decorrer	do	processo	de	aprendizagem.	As	vivências	da	criança	
podem	 interferir	no	 ritmo	dos	padrões	de	comportamento	motor	que	surgem.	Por	 isso	é	
essencial	que	o	ambiente	seja	saudável	e	que	os	estímulos	proporcionados	às	pessoas	
sejam	coerentes	com	as	etapas	de	desenvolvimento,	respeitem	os	níveis	maturacionais	e	
os	interesses	de	acordo	com	a	faixa	etária.
12UNIDADE I Plano de Conhecimento
Ao	iniciarmos	esta	unidade	fiz	uma	sugestão	que	retomo	agora,	se,	por	acaso,	você	
não	fez.	Agora	que	estudou	diversos	termos	que	serão	utilizados	no	decorrer	da	disciplina,	
e	bem	provavelmente	durante	o	curso,	bem	como	em	sua	atuação	profissional,	monte	uma	
tabela	 ou	mapa	mental	 do	 que	 foi	 trabalhado.	Sempre	 que	 precisar	 ou	 tiver	 dúvida	 em	
relação	a	um	desses	verbetes	recorra	às	suas	anotações.
13UNIDADE I Plano de Conhecimento
2 COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR
No	 presente	 tópico	 iremos	 tratar	 do	 desenvolvimento	 motor:	 noções	 básicas	 e	
conceituais,	 aspectos	 históricos,	métodos	 de	 estudo	 do	 desenvolvimento	 –	 longitudinal,	
transversal	 e	 longitudinal	misto.	Neste	momento	 buscamos	 um	aporte	 teórico	 essencial	
para	construção	dos	saberes	da	disciplina	e	que	irão	contribuir	de	maneira	significativa	para	
as	próximas	unidades	e	para	a	sua	formação	profissional.
2.1 Noções Básicas e Conceituais
Antes	de	mais	nada,	pense	por	alguns	instantes	na	importância	dos	movimentos	
para	a	 vida	das	pessoas.	 Isso	mesmo...	Pense	no	 cotidiano	das	pessoas	e	o	quanto	o	
movimento	corporal	é	fundamental	para	realização	das	inúmeras	tarefas	que	executamos.	
Na	verdade,	 tudo	o	que	 fazemos	depende	e	envolve	ações	motoras,	desde	mo-
vimentos	involuntários,	como	as	batidas	do	coração	ou	a	respiração,	até	os	intencionais,	
como	caminhar,	digitar	e	tantos	outros	que	executamos	o	tempo	todo.
Por	isso	entender	a	maneira	como	tais	movimentos	são	realizados,	compreender	o	
controle	motor	e	aspectos	de	coordenação,	realização	de	movimentos	e	de	desenvolvimen-
to	é	fundamental	para	entendermos	a	vida	humana.
Ao	conhecer	o	processo	de	desenvolvimento	motor	típico	–	quando	se	dá	de	ma-
neira	saudável	e	de	acordo	com	o	esperado	para	a	 idade,	sem	 intercorrências	–	somos	
capazes	de	proporcionar	estímulos	adequados	e	orientações	essenciais	para	que	o	ensi-
no-aprendizagem	ocorra	de	maneira	eficaz.	
14UNIDADE I Plano de Conhecimento
O	que	isso	quer	dizer	na	prática?	Quando	os	profissionais	da	Educação,	da	Educa-
ção	Física	e	até	mesmo	pais	e	responsáveis	compreendem	aspectos	do	desenvolvimento,	
estão	aptos	a	selecionar	estratégias,	 técnicas	e	atividades	condizentes	com	as	necessi-
dades	de	desenvolvimento	do	aluno,	o	que	os	permite	construir	o	planejamento	de	ensino	
pautado	em	referenciais	que	estudam	o	ser	humano	com	base	em	suas	especificidades,	
respeitando	cada	etapa	de	aprendizagem.	O	resultado	são	aulas	mais	significativas	para	
o	grupo,	mais	relevantes	e	que	realmente	desenvolvem	habilidades	essenciais	para	deter-
minada	faixa	etária	e	promovem	aprendizagens	que	serão	importantes	para	os	próximos	
conteúdos	a	serem	aprendidos.	
Você	 pode	 estar	 se	 perguntando,	mas	 e	 aquelas	 pessoas	 que	 têm	 desenvolvi-
mento	atípico,	como	crianças	com	transtornos	do	neurodesenvolvimento:	Autismo,	TDAH,	
Deficiência	Intelectual;	ou	transtornos	específicos	de	aprendizagem:	Dislexia,	Disortografia,	
Disgrafia,	entre	outros?	De	que	serve	conhecer	aspectos	e	tabelas	de	referência	de	desen-
volvimento	motor?
Pois	bem,	para	essas	pessoas,	entender	de	desenvolvimento	motor	pelos	profis-
sionais	que	os	atendem	fornece	um	suporte	consistente	que	contribui	na	intervenção,	no	
processo	terapêutico	e	na	prescrição	da	medicação.	
Compreender	os	processos	de	desenvolvimento	humano	é	necessário	em	diversos	
contextos	da	sua	atuação	profissional,	quais	sejam:	escola,	treinamento	desportivo,	acade-
mia,	clínica,	entre	outros.	Leia	com	atenção	o	que	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	21)	dizem	
sobre	o	assunto
Sem	noções	 sólidas	 sobre	 os	 aspectos	 do	 desenvolvimento	 do	 comporta-
mento	humano,	podemos	apenas	intuir	técnicas	educativas	e	procedimento	
de	 intervenção	 apropriados.	As	 instruções	 com	 base	 no	 desenvolvimento	
envolvem	experiências	 de	aprendizado	que	 são	não	apenas	adequadas	à	
idade,	mas	também	apropriadas	e	divertidas	em	termos	de	desenvolvimento.	
O	 fornecimento	 de	 instruções	 é	 um	aspecto	 importante	 do	 processo	 ensi-
no-aprendizado.	As	 instruções,	 entretanto,	 não	 explicam	 o	 aprendizado;	 o	
desenvolvimento,	sim.
E	 aí?	 Percebeu	 a	 importância	 de	 conhecer	 o	 desenvolvimento	 para	 intervir	 de	
maneira	consistente	e	responsável?	Sendo	assim,	podemos	continuar	nossos	estudos...
Gostaria	de	esclarecer	que	para	montagem	deste	material	utilizei	referenciais	teó-
ricos	significativos	sobre	o	tema,	mas	que	não	se	configuram	como	verdades	absolutas,	
pode	ser	que	em	suas	pesquisas	e	estudos	posteriores	você	encontre	outras	perspectivas	
e	diferentes	abordagens	e	linhas	teóricas.	Permita-se	o	debate	entre	os	diferentes	olhares	
e	possibilite	o	diálogo	e	não	o	enfrentamento	das	teorias.	
15UNIDADE I Plano de Conhecimento
Feitos	 os	 devidos	 esclarecimentos,	 vou	 apresentar	 um	 esquema	 construído	 por	
David	Gallahue	e	Ozmun	(vai	aparecer	muitas	vezes	por	aqui...)	que	consiste	numa	visão	
transacional	 sobre	 as	 causas	 do	 desenvolvimento	 motor.	 Neste	 momento	 gostaria	 que	
você	observasse	a	imagem	e	buscasse	exemplos	do	cotidiano	que	explicitem	cada	um	dos	
fatores.	Faça	a	tentativa!
Figura 1 -	Visão	tradicional	da	relação	causal	no	desenvolvimento	motor
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	22).
A	Figura	1	mostra	os	diversos	aspectos	que	atuam	no	desenvolvimento	motor	do	
ser	humano	e	representam	a	maneira	como	estão	interligados.	Justamente	por	isso	que	o	
profissional	da	Educação	Física	deve	estar	atento	às	condições	para	o	desenvolvimento	
dos	seus	alunos,	lembrando	sempre	que	para	que	uma	aprendizagem	aconteça	deve	estar	
em	condições	favoráveis:	individuais,	ambientais	e	da	tarefa,	como	apresenta	a	figura.
Para	 vencer	 a	 relação	 dicotômica	 que	 existe	 entre	 os	 aspectos	 biológicos	 e	 os	
ambientais	a	fim	de	compreender	o	desenvolvimento	motor,	Manoel	(2008,	p.	34)	esclarece	
que
[...]	o	desenvolvimento	motor,	nos	últimos	anos,	é	visto	como	um	processo	
que	envolve	a	emergência,	a	aquisição	e	o	aperfeiçoamento	de	funções	e	ha-
bilidades	a	partir	de	um	script	que	vai	sendo	escrito	ao	longo	da	experiência.	
A	extensão	do	script,	a	gramática	sobre	a	qual	ele	opera,	é	predeterminada	
pela	nossa	natureza	(biológica)	humana.
16UNIDADE IPlano de Conhecimento
É	 fundamental	 estudarmos	o	desenvolvimento	 como	um	processo	 contínuo	que	
começa	ao	nascer	e	se	estende	durante	 toda	a	vida,	 terminando	com	a	morte.	Por	 isso	
devemos	estudar	o	desenvolvimento	em	todas	as	idades,	pensando	que	ocorre	no	decorrer	
da	vida	e	que	as	aquisições	e	aprendizagens	são	progressivas	e	contínuas,	ou	seja,	elas	
acontecem	do	mais	simples	para	o	mais	complexo	e	dependem	de	aprendizagens	anterio-
res	para	que	possam	evoluir.	
Ficou	confuso?	
Exemplifico	para	esclarecer...	Para	aprender	a	correr,	a	criança	deve	primeiro	andar,	
para	andar	deve	aprender	a	ficar	em	pé,	em	equilíbrio,	e	assim	sucessivamente.		De	acordo	
com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	23),
O	processo	de	desenvolvimento,	e,	de	modo	mais	específico,	o	processo	de	
desenvolvimento	motor,	 deve	 nos	 fazer	 lembrar	 constantemente	 da	 indivi-
dualidade	do	aprendiz.	Cada	indivíduo	tem	um	cronograma	singular	para	a	
aquisição	das	capacidades de movimento	e	das	habilidades de movimento.	
Embora	 o	 “relógio	 biológico”	 do	 indivíduo	 seja	 bem	específico,	 quando	 se	
trata	da	sequência	de	aquisição	das	habilidades	de	movimento	(maturação),	
a	taxa	e	a	extensão	do	desenvolvimento	são	determinadas	individualmente	
(experiência)	e	sofrem	drástica	influência	das	demandas	de	performance	das	
tarefas.
Sobre	 o	 desenvolvimento	 motor	 Haywood	 (2016,	 p.	 4-5)	 aponta	 que	 deriva	 de	
diversos	aspectos	e	os	aponta	ao	afirmar	que
Primeiro,	 é	 um	 processo	 contínuo	 de	mudanças	 na	 capacidade	 funcional.	
pense	na	capacidade	funcional	como	a	capacidade	de	existir	-	viver,	mover-
-se	e	trabalhar	-	no	mundo	real.	Esse	é	um	processo	cumulativo,	em	que	os	
organismos	vivos	estão	sempre	em	desenvolvimento,	mas	a	quantidade	de	
mudanças	pode	ser	mais	ou	menos	observável	ao	longo	da	vida.	Segundo,	
o	desenvolvimento	está	relacionado	à	idade	(apesar	de	não	depender	dela).	
À	medida	que	a	idade	avança,	o	desenvolvimento	ocorre.	Todavia,	ele	pode	
ser	mais	rápido	ou	mais	lento	em	diferentes	períodos,	e	suas	taxas	podem	
diferir	entre	pessoas	da	mesma	idade.	Cada	indivíduo	não	necessariamente	
avança	 em	 idade	 e	 desenvolvimento	 na	mesma	 proporção.	Além	 disso,	 o	
desenvolvimento	 não para em	 uma	 idade	 em	 particular,	 mas	 continua	 ao	
longo	da	vida.	Terceiro,	o	desenvolvimento	envolve	mudanças	sequenciais.	
Um	passo	leva	ao	passo	seguinte,	de	maneira	irreversível	e	ordenada.	essa	
mudança	 é	 resultado	 de	 interações	 internas	 do	 indivíduo	 e	 de	 interações	
entre	o	sujeito	e	o	ambiente.	Todos	os	componentes	de	uma	espécie	passam	
por	padrões	previsíveis	de	desenvolvimento,	mas	o	resultado	é	sempre	um	
grupo	de	indivíduos	únicos.
Ainda	sobre	desenvolvimento	motor,	temos	um	pesquisador	da	área	da	Educação	
Física,	com	uma	abordagem	inicialmente	desenvolvimentista,	Tani	(2008,	p.	317),	que	con-
sidera	como	ótimo	o	desenvolvimento	motor	que	implica	no
[...]	 aumento	 da	 diversificação	 e	 complexidade	 do	 comportamento	 motor.	
Entende-se	 por	 aumento	 de	 diversificação	 o	 aumento	 na	 quantidade	 de	
elementos	do	comportamento	e	por	aumento	de	complexidade,	o	aumento	
de	interação	entre	os	elementos	de	comportamento.
17UNIDADE I Plano de Conhecimento
No	 próximo	 tópico	 iremos	 conhecer,	 de	maneira	 sucinta,	 os	 principais	 aspectos	
históricos	que	permeiam	os	estudos	de	desenvolvimento	motor.	Tais	informações	irão	con-
tribuir	de	maneira	significativa	para	compreender	a	importância	de	estudar	o	tema	na	sua	
atuação	profissional.	O	desenvolvimento	motor	transversaliza	o	trabalho	do	profissional	de	
Educação	Física,	tendo	em	vista	que	o	seu	objeto	de	estudo	é	o	corpo	em	movimento.
2.2 Aspectos Históricos
Os	primeiros	estudos	que	tematizam	o	desenvolvimento	motor	partiram	do	princípio	
da	maturação	 e	 foram	encabeçados	 por	Arnold	Gesell	 (1928)	 e	Myrtle	McGraw	 (1935).	
Os	pesquisadores	defendiam	a	 ideia	de	que	“o	desenvolvimento	é	 função	de	processos	
biológicos	inatos,	que	resultam	em	uma	sequência	universal	de	aquisição	das	habilidades	
de	movimento	pelo	bebê”	(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	23).	Além	disso,	partiam	do	pres-
suposto	de	que	o	ambiente	 influencia	o	desenvolvimento,	mas	que	de	temporariamente,	
tendo	em	vista	que	os	aspectos	genéticos	se	sobrepunham	aos	fatores	ambientais.	
No	final	do	século	XIX	aconteceram	alguns	estudos	sobre	a	aprendizagem	motora	
e,	nesse	momento,	foram	impulsionados	pela	Psicologia,	com	os	pesquisadores	Bryan	e	
Harter	(1897),	ao	tratar	da	aquisição	de	habilidades	de	manejo	do	código	Morse.	Posterior-
mente	por	Woodsworth	(1899),	com	base	na	análise	da	relação	entre	precisão	e	velocidade	
nos	movimentos	das	mãos.	Franklin	M.	Henry	(1964),	a	partir	da	psicologia	experimental,	
considerado	um	dos	principais	pesquisadores	das	habilidades	motoras,	propõe	estudos	da	
coordenação	motora	ampla,	observando	ações	motoras	 realizadas	por	 todo	o	corpo	em	
situações	de	jogos	e	ginásios.	
Henry	teve	como	discípulos	nas	décadas	de	70	e	80	Dick	Schmidt	e	Craig	Wrisberg,	
haja	vista	que	Henry	influenciou	diretamente	as	áreas	da	Educação	Física	e	da	Cinesiologia	
–	ciência	que	analisa	os	movimentos	corporais.
Após	a	segunda	guerra	mundial	surgiram	novos	estudos	sobre	o	desenvolvimento	
motor,	por	pesquisadores	da	área	da	Educação	Física	que	trabalharam	com	as	potenciali-
dades	da	performance	motora	em	crianças.	Diferente	de	Gesell	e	McGraw,	que	trabalharam	
mais	com	bebês,	Espenschade,	Glassow	e	Rarick	(1981)	concentraram	suas	investigações	
em	crianças	em	idade	escolar.
Depois	da	década	de	60,	os	estudos	acerca	do	desenvolvimento	motor	foram	am-
pliando.	Estudantes	e	pesquisadores	se	propuseram	a	investigar	a	aquisição	dos	padrões	
dos	movimentos	fundamentais	e	os	meios	subjacentes	para	tais	aquisições,	ou	seja,	quais	
aspectos	interferem	nas	aprendizagens	motoras.
18UNIDADE I Plano de Conhecimento
De	acordo	com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	24),	
Durante	 as	 décadas	 de	 1980	 e	 1990,	 a	 ênfase	 do	 estudo	 do	 desenvolvi-
mento	motor	de	novo	mudou	de	forma	drástica.	Em	vez	de	focar	o	produto	
do	desenvolvimento,	como	nas	abordagens	normativas/descritivas	das	três	
décadas	precedentes,	 os	pesquisadores	passaram	a	enfatizar	 outra	 vez	a	
compreensão	 dos	 processos	 subjacentes	 envolvidos	 no	 desenvolvimento	
motor.	 Embora	 a	 importância	 fundamental	 da	 hereditariedade	 tivesse	 sido	
reconhecida,	agora	era	dada	uma	 importância	complementar	às	condições	
do	ambiente	do	aprendizado	e	às	exigências	específicas	da	tarefa	ou	ação	
motora.
Com	o	surgimento	de	novas	perspectivas	e	outras	possibilidades	de	entendimento	
do	desenvolvimento	motor,	os	olhares	para	as	aprendizagens	foram	se	expandindo.	Isso	
aconteceu	também	pois	o	desenvolvimento	infantil	foi	sendo	mais	estudado	e	as	particu-
laridades	da	infância	sendo	analisadas	e	observadas	com	mais	critérios.	Durante	muitos	
anos	a	criança	era	vista	como	um	“adulto	em	miniatura”	e	bastava	que	ela	 fosse	capaz	
de	executar	tarefas	típicas	da	fase	adulta	para	que	a	ela	fossem	dadas	tarefas	típicas	da	
maturidade.	
Para	ampliação	das	aprendizagens,	no	próximo	 tópico	você	 irá	conhecer	alguns	
modelos	 de	 desenvolvimento	 humano	 a	 partir	 de	 diferentes	 referenciais	 teóricos,	 pes-
quisadores	que	se	propuseram	a	estudar	o	 fenômeno	do	desenvolvimento	humano	e,	a	
partir	disso,	construíram	teorias	consistentes	sobre	o	desenvolvimento	do	ser	humano	em	
perspectivas	teóricas	diversas.
19UNIDADE I Plano de Conhecimento
3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Neste	 tópico	 iremos	 conhecer	 algumas	 teorias	 que	 tratam	 do	 desenvolvimento	
humano	em	diferentes	perspectivas.	A	proposta	aqui	é	promover	a	ampliação	de	 ideias	
sobre	a	maneira	como	acontece	o	desenvolvimento	humano	a	partir	de	diferentes	referen-
ciais	teóricos.	Vale	esclarecer	que	foram	selecionados	alguns	pesquisadores	que	podem	
contribuir	para	sua	aprendizagem,	o	que	não	quer	dizer	que	sejam	os	únicos.	
3.1 Piaget – Teoria do Desenvolvimento Cognitivo
Uma	das	teoriasmais	exploradas	pela	Educação,	idealizada	por	Piaget,	a	Teoria	do	
Desenvolvimento	Cognitivo,	está	entre	as	mais	conhecidas	por	pesquisadores	do	desen-
volvimento	infantil.	Piaget	parte	do	desenvolvimento	cognitivo	para	construir	uma	tabela	de	
referenciais	de	aprendizagem,	de	acordo	com	a	faixa	etária	da	criança.	Estuda	a	maneira	
como	se	aprende,	do	nascimento	até	os	11	anos,	principalmente,	e	sugere	organizar	em	
estágios,	que	podem	ser	observados	na	Tabela	1.	
Distinguindo	quatro	períodos	de	desenvolvimento	cognitivo,	quais	sejam:	sensório-
-motor,	pré-operatório,	operatório	concreto	e	operatório	formal,	Piaget	afirma	que	o	sujeito	
constrói	esquemas	de	assimilação	mentais	para	interpretar	a	realidade.
20UNIDADE I Plano de Conhecimento
Tabela 1 - Desenvolvimento	cognitivo	por	estágios	-	Jean	Piaget
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	58).
A	aprendizagem	humana	acontece	por	meio	da	adaptação,	 complementada	por	
processos	 conhecidos	 como	 acomodação	 e	 assimilação,	 como	 pode	 ser	 observado	 no	
esquema	a	seguir:
Figura 2 -	Processos	do	desenvolvimento	cognitivo	de	acordo	com	Piaget
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	59).
21UNIDADE I Plano de Conhecimento
Nesta	perspectiva,	Piaget	(2011,	p.	89)	afirma	que	
Levando	em	conta,	então,	esta	interação	fundamental	entre	fatores	internos	
e	externos,	toda	conduta	é	uma	assimilação	do	dado	a	esquemas	anteriores	
(assimilação	a	esquemas	hereditários	em	graus	diversos	de	profundidade)	e	
toda	conduta	é,	ao	mesmo	tempo,	acomodação	destes	esquemas	a	situação	
atual.	Daí	resulta	que	a	teoria	do	desenvolvimento	apela,	necessariamente,	
para	a	noção	de	equilíbrio	entre	os	fatores	internos	e	externos	ou,	mais	em	
geral,	entre	a	assimilação	e	a	acomodação.
3.2 Erik Erikson – Teoria Psicossocial
Conhecida	como	psicossocial,	essa	teoria	apresenta	fases-estágio	para	estudar	o	
desenvolvimento	humano.	Embasado	na	experiência,	Erikson	defende	que	o	desenvolvi-
mento	psicossocial	sofre	influência	de	aspectos	motores	e	da	educação	pelo	movimento	no	
decorrer	da	vida,	sendo	o	movimento	o	componente	fundamental	na	relação	de	reciprocidade	
nas	relações	parentais.	Para	o	autor,	o	contato	físico	e	as	experiências	corporais	oferecem	
suporte	para	o	estado	psíquico	de	confiança	ou	desconfiança	estabelecido	(GALLAHUE;	
OZMUN,	2013).
A	Tabela	2	mostra	os	estágios	e	as	características	da	teoria	proposta	por	Erikson.	
Para	esse	momento	da	sua	formação,	caro(a)	aluno(a),	este	panorama	é	suficiente,	já	que	
a	proposta	aqui	é	apresentar	teorias	que	possam	dialogar	com	o	desenvolvimento	motor.
22UNIDADE I Plano de Conhecimento
Tabela 2 -	Desenvolvimento	psicossocial	organizado	em	estágios	-	Erikson
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	55).
23UNIDADE I Plano de Conhecimento
3.3 Arnold Gesell – Teoria da Maturação
Gesell	aborda	na	teoria	da	maturação	do	desenvolvimento	e	do	crescimento	que	
o	aspecto	principal	para	o	desenvolvimento	dos	aspectos	físicos	e	motores	do	comporta-
mento	humano	é	a	maturação	do	sistema	nervoso.	Para	o	pesquisador,	o	desenvolvimento	
humano	está	pautado	em	adquirir	uma	gama	de	habilidades	motoras	 rudimentares	pelo	
bebê,	e	que	essas	capacidades	atuam	como	indicadores	fundamentais	para	o	crescimento	
social	e	emocional	do	indivíduo.	
Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	44)	esclarecem	que	Gesell	
descreveu	 várias	 idades	 em	 que	 as	 crianças	 se	 encontram	 em	 períodos	
“nodais”	 ou	 então	 “fora	 de	 foco”	 em	 relação	 ao	 seu	 ambiente.	 O	 estágio	
nodal	é	um	período	de	maturação,	durante	o	qual	a	criança	exibe	elevado	
grau	de	domínio	em	situações	no	ambiente	imediato,	apresenta	equilíbrio	de	
comportamento	e	geralmente	é	agradável.	Estar	fora	de	fora	é	o	contrário:	a	
criança	exibe	um	baixo	grau	de	domínio	em	situações	no	ambiente	imediato,	
apresenta	 desequilíbrio	 ou	 problemas	 de	 comportamento	 e	 geralmente	 é	
desagradável.
Essa	teoria	atualmente	não	é	largamente	aceita,	mas	já	serviu	de	base	para	orientar	
muitos	estudos	e	pesquisas.
3.4 Freud – Teoria Psicanalítica 
A	teoria	psicanalítica	proposta	por	Freud	apresenta	estágios	e	pode	ser	vista	como	
um	dos	primeiros	modelos	do	desenvolvimento	humano,	centrada	na	personalidade,	trata	
de	“estágios	psicossexuais	do	desenvolvimento”,	que	
[...]	refletem	várias	zonas	do	corpo	comas	quais	o	indivíduo	busca	satisfazer	
o	id	(fonte	inconsciente	de	motivos,	desejos,	paixões	e	busca	de	prazer)	em	
determinados	períodos	etários	gerais.	O	ego	 faz	a	mediação	entre	o	com-
portamento	de	busca	do	prazer	do	id	e	o	superego	(senso	comum,	razão	e	
consciência)	(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	43).
Freud	organizou	sua	teoria	nos	seguintes	estágios:	oral,	anal,	fálico,	latente	e	geni-
tal,	com	base	nos	locais	de	busca	de	prazer	do	ser	humano	e	afirma	que,	cada	estágio	está	
relacionado	com	as	sensações	físicas	e	com	as	atividades	motoras.	
3.5 Robert Havighurst – Teoria do Ambiente
Essa	abordagem	parte	do	princípio	de	que,	ao	realizar	uma	tarefa	e	obter	sucesso,	
o	 indivíduo	 fica	 feliz,	 o	 que	garante	 êxito	 nas	 atividades	 posteriores.	Caso	a	 realização	
da	tarefa	não	seja	bem	sucedida,	o	resultado	será	a	 infelicidade,	desaprovação	social	e	
dificuldade.	De	acordo	com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	62),	
Em	 cada	 nível	 do	 desenvolvimento,	 a	 criança	 encontra	 novas	 demandas	
sociais.	 Essas	 demandas,	 ou	 tarefas,	 surgem	 a	 partir	 de	 três	 fontes.	 Pri-
24UNIDADE I Plano de Conhecimento
meiro,	surgem	da	maturação	física.	Depois,	surgem	das	pressões	culturais	
da	sociedade,	como	aprender	a	ler	e	a	ser	cidadão	responsável.	A	terceira	
fonte	de	tarefas	é	o	próprio	indivíduo.	As	tarefas	surgem	da	personalidade	em	
maturação	e	dos	valores	e	das	aspirações	próprias	individuais.	
Para	Havighurst,	o	professor	 tem	papel	 fundamental	nesse	processo,	pois	pode	
planejar	de	maneira	adequada	o	processo	de	ensino,	“identificando	as	tarefas	adequadas	a	
determinado	nível	de	desenvolvimento	e	tendo	plena	consciência	de	que	o	nível	de	pronti-
dão		da	criança	é	influenciado	por	fatores	biológicos,	culturais	e	pessoais”,	e	que	estes,	por	
sua	vez	funcionam	de	maneira	integrada	(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	62)
Havighurst	organizou	as	etapas	do	desenvolvimento	da	seguinte	 forma:	 fase	do	
bebê	e	primeira	infância	–	nascimento	até	5	anos;	segunda	infância	–	6	a	12	anos;	adoles-
cência	–	13	a	18	anos;	adultez	jovem	–	19	a	29	anos;	meia-idade	–	30	a	60	anos	e	terceira	
idade	–	60	anos	em	diante.
Segue	uma	tabela,	trazida	por	Gallahue	e	Ozmun	(2013),	que	apresenta	os	marcos	
do	desenvolvimento	a	partir	 da	 teoria	 de	Havighurst.	 Lembrando	que	as	aprendizagens	
devem	ser	observadas	de	maneira	ampla	e	com	certa	flexibilidade,	haja	vista	que	o	ser	
humano	pode	apresentar	alterações,	considerando	que	o	que	temos	em	tabelas	de	refe-
rência	são	aproximações	convenientes	e	não	protocolos	rígidos	ou	enquadramentos	que	
determinam	desenvolvimento	humano.
Tabela 3 -	Períodos	do	desenvolvimento	de	acordo	com	a	teoria	de	Havighurst
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	62-63).
25UNIDADE I Plano de Conhecimento
4 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Para	começo	de	conversa	reflita	sobre	as	seguintes	questões:
●	 Todas	as	pessoas	têm	as	mesmas	habilidades	motoras	desenvolvidas?
●	 Existem	 aprendizagens	 de	movimento	 corporal	 que	 você	 consegue	 e	 outras	
pessoas	que	conhece	não	conseguem	fazer?
●	 Todas	as	crianças	aprendem	as	ações	motoras	com	a	mesma	idade?
Pois	bem,	acredito	que	suas	respostas	para	as	perguntas	foram	negativas,	tendo	
em	 vista	 que,	mesmo	 entre	 irmãos	 gêmeos	 univitelinos,	 as	 aquisições	 das	 habilidades	
motoras	podem	ser	diferentes.
O	que	quero	dizer	com	isso?	Que	apesar	de	existirem	referências	e	tabelas	para	
o	desenvolvimento	humano,	e	para	o	motor	 também,	existem	aspectos	que	 interferem	e	
influenciam	diretamente	na	aprendizagem	humana.	E	o	objetivo	deste	tópico	é	exatamente	
esse:	mostrar	para	você	quais	fatores	podem	afetar	o	desenvolvimento	das	aprendizagens	
motoras.
Sabendo	que	existem	os	fatoresindividuais,	que	estão	relacionados	a	cada	ser	hu-
mano	particularmente,	os	fatores	ambientais,	que	dizem	respeito	ao	meio	no	qual	a	criança	
está	inserida,	e,	por	último,	mas	não	menos	importante,	existem	os	aspectos	relacionados	
às	tarefas	físicas,	como	questões	étnicas	e	culturais.	É	imprescindível	que	nós,	profissio-
26UNIDADE I Plano de Conhecimento
nais	da	Educação	Física	possamos	conhecer	cada	um	deles,	para	olhar	o	desenvolvimento	
motor	e	todas	as	variáveis	que	interferem	na	evolução	saudável.
4.1 Fatores Individuais
Aqui	tratamos	dos	aspectos	genéticos	e	hereditários.	Quando	falamos	de	similari-
dades,	entendemos	que	existe	uma	tendência	de	que	o	desenvolvimento	humano	aconteça	
de	forma	ordenada	e	previsível,	porém	existem	aspectos	biológicos	que	podem	alterar	tal	
ordem	e	previsibilidade.	
A	direção do desenvolvimento	é	um	desses	aspectos	 individuais,	está	relacio-
nada	à	maturação	neuromotora	e	à	progressão	cefalocaudal –	controle	da	musculatura 
partindo	da	cabeça	em	direção	aos	pés	–	e	proximodistal – controle	da	musculatura	e	dos	
movimentos,	partindo	do	centro	do	corpo	para	as	extremidades,	em	direção	às	partes	mais	
distantes.
Assim	como	no	desenvolvimento	cefalocaudal,	o	conceito	de	proximodistal	
aplica-se	tanto	aos	processos	do	crescimento	como	à	aquisição	das	habili-
dades	de	movimento.	Por	exemplo,	em	relação	ao	crescimento,	o	tronco	e	a	
cintura	escapular	crescem	antes	dos	braços	e	das	pernas,	que	crescem	antes	
dos	dedos	das	mãos	e	dos	pés.	Na	aquisição	das	habilidades,	a	criança	mais	
nova	é	capaz	de	controlar	os	músculos	do	tronco	e	da	cintura	escapular	antes	
dos	punhos,	das	mãos	e	dos	dedos.	Esse	princípio	do	desenvolvimento	é	
usado	com	frequência	nos	primeiros	anos	de	escola,	quando	são	ensinados	
os	elementos	menos	refinados	da	escrita	antes	do	ensino	dos	movimentos	
mais	refinados	e	complexos	(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	84-85).
Tais	aspectos	se	desenvolvem	durante	toda	a	vida	e	na	velhice	acontece	o	caminho	
inverso,	ou	seja,	as	ações	motoras	que	os	membros	inferiores	e	superiores	realizam	tendem	
a	perder	a	destreza	e	eficácia.	Por	isso	é	necessário	que	as	pessoas	se	mantenham	ativas	
durante	toda	a	vida	e	continuem	fazendo	atividades	físicas	na	terceira	idade,	para	que	não	
percam	a	capacidade	de	mobilidade	corporal	adquirida,	tendo	em	vista	que	isso	acontece	
biologicamente.
Outro	aspecto	é	a	taxa de crescimento,	que	pode	sofrer	interferência	quando	a	
criança	é	acometida	por	uma	doença	grave	que,	momentaneamente,	pode	afetar	o	seu	pa-
drão	de	crescimento.	Esse	fator	é	resistente	à	influência	externa,	ou	seja,	mesmo	que	haja	
alteração	no	crescimento	no	indivíduo,	por	doença	ou	prematuridade,	a	tendência	é	que	a	
criança	recupere	os	níveis	de	crescimento	e	alcance	os	colegas	com	idade	aproximada	a	
sua.	Caso	ocorra	a	permanência	no	atraso	de	crescimento	essa	diferença	pode	afetar	o	
desenvolvimento	motor	de	maneira	significativa	e	o	efeito	disso	está	relacionado	ao	tempo	
de	duração	e	da	gravidade	da	carência,	da	idade	em	que	tal	fato	ocorrer	e	do	potencial	de	
crescimento	genético	do	indivíduo.
27UNIDADE I Plano de Conhecimento
O	 entrelaçamento recíproco é	 um	 aspecto	 do	 indivíduo	 que	 corresponde	 ao	
“entrelaçamento	 coordenado,	 progressivo	 e	 intrincado	 dos	 mecanismos	 neurais	 dos	
sistemas	musculares	opostos	em	uma	relação	de	maturidade	crescente”	 (GALLAHUE	E	
OZMUN,	2013,	p.	85).	Está	relacionado	à	capacidade	de	diferenciar	e	integrar	mecanismos	
motores	e	sensoriais,	aumentando	de	maneira	complexa	dois	processos	diferentes,	chama-
dos	de	diferenciação	e	integração.
A	diferenciação	é	relativa	às	ações	motoras	amplas	que	vão	sendo	progressiva-
mente	refinadas	na	infância	e	adolescência.	Por	exemplo,	a	pega	de	um	objeto,	primeiro	
ela	é	feita	com	a	mão	toda	de	maneira	mais	global	e,	à	medida	que	o	movimento	vai	sendo	
diferenciado,	vai	refinando	até	que	a	pega	fica	como	pegamos	no	lápis	de	maneira	madura,	
por	volta	dos	7	anos.	O	controle	desses	movimentos	refinados	se	dá	a	partir	da	prática.
A	integração	acontece	quando	os	músculos	opostos	e	os	sistemas	sensoriais	intera-
gem	de	maneira	coordenada.	A	criança	mais	nova	vai	dos	movimentos	pouco	coordenados	
e	imprecisos	para	ações	motoras	definidas,	maduras	e	orientadas.
Sobre	os	processos	de	diferenciação	e	integração	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	86)	
esclarecem	que
[...]	 tendem	a	 reverter-se	quando	a	 idade	avança.	Conforme	a	pessoa	en-
velhece	e	as	 capacidades	de	movimento	 começam	a	 regredir,	 a	 interação	
coordenada	 dos	 mecanismos	 sensoriais	 e	 motores	 frequentemente	 fica	
inibida.	O	grau	de	regressão	das	capacidades	do	movimento	coordenado	não	
é	mera	função	da	idade,	mas	sofre	grande	influência	dos	níveis	de	atividade	
e	da	atitude.
Outro	fator	individual	é	a	prontidão,	que	depende	da	junção	de	aspectos	biológicos,	
ambientais	e	físicos,	diz	respeito	a	estar	pronto	para	aprender	determinada	tarefa.	Algumas	
variáveis	 interferem	na	capacidade	de	estar	apto	para	aprender	uma	nova	habilidade	de	
movimento	corporal,	quais	sejam,	maturação	psíquica	e	física,	interação	de	maneira	moti-
vada,	aprendizado	de	pré-requisitos	e	ambiente	rico	em	estímulos.	O	aspecto	da	prontidão	
sofre	influência	direta	do	professor,	ou	seja,	cabe	a	quem	ensina	observar	se	a	criança	está	
“madura”	e	já	possui	as	aprendizagens	necessárias	para	vivenciar	um	novo	estímulo,	que	
vai	dar	origem	a	uma	nova	habilidade.	
Os	períodos de aprendizagem críticos e sensíveis	estão	relacionados	à	prontidão	
e	aos	momentos	da	vida	nos	quais	os	indivíduos	estão	mais	suscetíveis	a	certos	estímulos	
em	relação	a	outros	períodos.	Por	exemplo,	a	criança	que	não	tem	nutrição	adequada	ou	
carência	de	experiências	motoras	na	primeira	infância	pode	sofrer	consequências	negativas	
no	desenvolvimento	em	uma	idade	mais	avançada.
28UNIDADE I Plano de Conhecimento
Existem	etapas	sensíveis	amplamente	determinadas,	durante	os	quais	as	pessoas	
estão	aptas	a	aprender	novas	tarefas	de	forma	mais	eficaz	e	efetiva.	Vale	destacar	que	o	
aprendizado	acontece	durante	toda	a	vida,	ou	seja,	é	possível	aprender	novas	habilidades	
motoras	ou	de	outra	natureza	em	qualquer	momento	da	vida,	mas	existem	períodos	em	que	
ocorre	a	aprendizagem	facilitada,	em	que	existem	condições	favoráveis	para	tal.
	O	fator	que	trata	das	diferenças individuais	está	relacionado	às	singularidades	
que	cada	ser	humano	apresenta,	ou	seja,	cada	pessoa	possui	seu	cronograma	próprio	de	
desenvolvimento,	que	deriva	da	hereditariedade	somada	à	influência	do	ambiente.	Mesmo	
que	exista	uma	sequência	para	o	desenvolvimento	das	características,	o	ritmo	das	aquisi-
ções	pode	variar.	
As	habilidades	filogenéticas são	vistas	na	perspectiva da	maturação,	surgem	de	
forma	automática	e	resistem	às	influências	externas,	são	
[...]	 as	 tarefas	 de	 manipulação	 rudimentares	 de	 alcançar,	 pegar	 e	 soltar	
objetos;	 tarefas	de	estabilidade	para	adquirir	 controle	sobre	a	musculatura	
ampla	do	corpo;	e	as	capacidades	locomotoras	fundamentais	de	caminhar,	
saltar	e	 correr	 são	exemplos	do	que	é	 considerado	habilidade	filogenética	
(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	88).	
As	habilidades	ontogenéticas resultam	de	estímulos	do	ambiente	e	de	oportunida-
des	de	aprendizagem.	Exemplos	como	andar	de	bicicleta,	nadar,	não	aparecem	de	maneira	
automática,	mas	devem	ser	aprendidos	ou	vistos	e	experimentados	para	que	possam	ser	
aprendidos	pela	criança,	são	fortemente	influenciados	por	aspectos	culturais	e	ambientais.	
De	acordo	com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	88),
Embora	haja	uma	 tendência	biológica	para	o	desenvolvimento	de	determi-
nadas	 habilidades	 em	 função	 de	 processos	 filogenéticos,	 seria	 simplista	
pressupor	que,	 sozinha,	a	maturação	é	 responsável	pelo	desenvolvimento	
motor.	A	extensão	ou	domínio	de	qualquer	habilidade	de	movimento	voluntário	
depende,	em	parte,	da	ontogenia,	ou	seja,	do	ambiente.	Em	outras	palavras,	
oportunidades	de	prática,	estímulo	e	instrução,	a	ecologia	ou	condições	do	
ambientecontribuem	significativamente	para	o	desenvolvimento	das	habili-
dades	de	movimento	ao	longo	da	vida.
Apesar	de	existirem	fatores	individuais,	ficou	bastante	claro	que	o	papel	do	profes-
sor,	dos	estímulos	e	das	vivências	a	serem	oferecidas	ao	 indivíduo	constituem-se	como	
essenciais	na	formação	e	no	desenvolvimento	das	habilidades	motoras.	A	aprendizagem	
depende	de	diversos	aspectos,	mas	é	imprescindível	que	seja	oferecido	à	criança	um	am-
biente	saudável	e	favorável	para	aquisição	de	habilidades	e	competências	quando	se	trata	
de	movimento	humano.
29UNIDADE I Plano de Conhecimento
4.2 Fatores Ambientais
Quando	falamos	de	fatores	ambientais	nos	concentramos	no	comportamento	das	
pessoas	que	convivem	com	as	crianças,	nas	relações	parentais	estabelecidas	e	na	maneira	
como	tais	relacionamentos	afetam	o	desenvolvimento	humano.
A	premissa	básica	para	entendermos	esse	aspecto	é	que	as	crianças	aprendem	
e	passam	grande	parte	da	infância	agindo	por	imitação.	Isso	mesmo,	as	crianças	imitam	
muitas	coisas	que	estão	ao	seu	redor.	O	que	justifica	muitas	vezes	os	pais	“não	saberem”	a	
origem	de	determinados	comportamentos,	gestos	ou	falas	de	seus	filhos.	O	fator	conhecido	
como	laços	trata	da	interação	recíproca	que	se	estabelece	entre	mãe	e	filho,	pai	e	filho,	
entre	outras.	Esta	relação	mútua	pode	atuar	de	maneira	significativa	no	ritmo	e	na	extensão	
do	desenvolvimento	da	criança.	
O	aspecto	conhecido	como	estimulação e privação	diz	respeito	ao	nível	de	ex-
periências	 a	 que	 o	 ser	 humano	 é	 submetido.	O	 quanto	 o	 treinamento	 e	 a	 exposição	 a	
estímulos	 interferem	no	desenvolvimento	de	habilidades.	Em	contrapartida	a	carência	e	
escassez	de	vivências	pode	“atrasar”	 tais	aprendizagens.	Apesar	de	existir	um	potencial	
biológico	para	que	determinada	habilidade	seja	desenvolvida,	é	fato	que	quando	a	criança	
é	 estimulada	 a	 experimentar	 diversas	 possibilidades	 de	 ação	motora,	 o	 resultado	 é	 um	
repertório	de	habilidades	e	nível	de	destreza	de	acordo	com	o	esperado	para	a	idade	ou	até	
mesmo	avançado	se	comparado	com	uma	criança	da	mesma	idade	que	vive	em	condições	
ambientais	desfavoráveis	em	se	tratando	de	estímulos	ambientais.
Tal	aspecto	é	facilmente	observado	quando	olhamos	os	intervalos	escolares.	Ve-
mos	meninos	e	meninas	da	mesma	idade,	mas	com	níveis	de	habilidades	motoras	bastante	
diversificados.	
4.3 Fatores das Tarefas Físicas
Neste	 item	 precisamos	 olhar	 para	 aspectos	 como:	 etnia,	 classe	 social,	 gênero,	
formação	étnica	e	cultural	e,	sem	qualquer	tipo	de	preconceito,	olhar	para	tais	fatores	como	
passíveis	de	influenciar	o	crescimento	e	o	desenvolvimento	motor.	Vamos	exemplificar	de	
maneira	 simples:	 se	 pensarmos	na	 coordenação	motora	 óculo	 pedal,	 quem	desenvolve	
mais	facilmente?	Meninos	ou	meninas?	
Pois	 bem,	 de	maneira	 geral,	 por	 questões	 culturais,	 os	meninos	 são	orientados	
para	o	futebol	e	suas	habilidades	muito	precocemente,	o	que	interfere	na	aquisição	e	apri-
moramento	das	habilidades.	
30UNIDADE I Plano de Conhecimento
Evidente	que	muitas	afirmativas	que	fazíamos	há	algum	tempo	já	não	podem	ser	
feitas	atualmente,	e	assim	as	coisas	vão	sendo	modificadas.	Mas,	como	profissionais	que	
lidam	diariamente	com	desenvolvimento	humano,	é	necessário	refletir	sobre	diversas	situa-
ções	que	fazem	parte	do	nosso	cotidiano	e	da	nossa	atuação	profissional.
A	prematuridade	é	um	aspecto	bastante	observado	quando	vamos	tratar	de	de-
senvolvimento	humano,	mas	especificamente	das	aquisições	motoras.	O	nascimento	pre-
maturo	pode	acarretar	efeitos	a	longo	prazo	e	ocasionar	diferenças	nas	aquisições	motoras	
no	decorrer	da	vida	do	indivíduo.	Quando	o	bebê	é	submetido	aos	estímulos	adequados	e	
tem	os	atendimentos	necessários,	muitas	vezes	acaba	progredindo	de	maneira	satisfatória	
e	acaba	alcançando	níveis	de	desenvolvimento	de	acordo	com	o	esperado	para	a	idade.	
Porém,	se	não	houver	um	acompanhamento	adequado	e	atendimento	necessário,	a	criança	
pode	ter	seu	desenvolvimento	afetado.
O	aspecto	que	se	refere	aos	transtornos de alimentação	trata	de	situações	como	
obesidade,	compulsão	alimentar,	anorexia/bulimia,	e	entre	crianças,	adolescentes	e	adultos	
podem	afetar	de	maneira	acentuada	o	crescimento	e	desenvolvimento	motor.	A	obesidade	
e	o	sobrepeso	aumentam	o	risco	do	aparecimento	de	doenças	graves,	como	diabetes	e	
hipertensão	e	estão	associadas	a	várias	situações	negativas	de	saúde,	como	colesterol	
elevado,	problemas	hormonais,	entre	outros.	
A	compulsão	alimentar	é	um	transtorno	no	qual	o	indivíduo	apresenta	descontrole	
nos	episódios	de	alimentação	com	intervalos	e	quantidades	irregulares.	A	anorexia/bulimia	
é	 um	 transtorno	 psíquico	 que	 deriva	 da	 aversão	 à	 comida	 e	 na	 autoinanição,	 podendo	
resultar	em	atraso	no	desenvolvimento	ou	até	mesmo	levar	à	morte.
O	nível	de	aptidão	física	de	uma	pessoa	afeta	no	desenvolvimento	motor,	quando	
falamos	das	condições	de	força,	velocidade,	flexibilidade,	resistência,	entre	outras	capa-
cidades	relacionadas	ao	condicionamento	físico,	estamos	também	falando	do	desenvolvi-
mento	das	habilidades	motoras.	Quanto	mais	treinamos	e	nos	exercitamos,	melhores	são	
as	nossas	capacidades	e	consequentemente	melhor	será	nosso	condicionamento	físico.
O	aspecto	que	trata	da	biomecânica	trata	dos	princípios	mecânicos	do	movimento	
corporal,	numa	relação	com	estabilidade,	locomoção	e	manipulação.	O	ser	humano	é	capaz	
de	movimentar-se	de	muitas	formas,	mas	é	importante	conhecermos	alguns	movimentos	
básicos	que	dão	suporte	para	que	todos	os	outros	movimentos	sejam	aprendidos	e	realiza-
dos.	Entre	eles	podemos	citar	o	equilíbrio	corporal,	que	dá	base	para	muitos	movimentos	
que	realizamos.	Como	podemos	andar	se	não	somos	capazes	de	manter	o	corpo	em	equilí-
31UNIDADE I Plano de Conhecimento
brio,	em	bipedia?	O	equilíbrio	corporal	sofre	a	ação	da	gravidade	sobre	o	corpo	e	a	maneira	
como	respondemos	corporalmente	a	ela.
A	força	em	situações	como	aplicação	e	recepção	está	relacionada	à	capacidade	de	
contração	e	relaxamento	que	permite	executar	diversas	ações	motoras	e	serve	de	pré-re-
quisito	para	que	o	corpo	realize	e	aprenda	uma	variedade	de	movimentos	corporais	cada	
vez	mais	complexos.
32UNIDADE I Plano de Conhecimento
5 O MODELO TEÓRICO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Metodologicamente,	o	desenvolvimento	motor	é	categorizado	de	acordo	com	a	idade	
cronológica,	por	meio	da	distribuição	em	grupos	a	partir	das	faixas	etárias	correspondentes.	
Nesse	sentido,	Gallahue	e	Ozmun	(2013)	destacam	que	não	são	protocolos	fechados,	mas	
sim	escalas	de	tempo	aproximadas	que	mostram	os	comportamentos	observáveis	durante	
um	período	da	vida.
A	vida	humana	tem	como	uma	das	características	justamente	passar	por	diversas	
transformações	no	seu	decorrer	e	por	diversas	etapas:	ovo,	embrião,	feto,	recém-nascido,	
criança,	 adolescente,	 adulto,	 idoso.	 Tais	 fases	 perpassadas	 pelo	 ser	 humano	 parte	 do	
conjunto	de	funções	básicas	peculiares	ao	processo	como	um	todo,	que	são	crescimento,	
desenvolvimento	 e	 maturação,	 incorporado	 às	 dimensões	 cognitiva,	 afetiva	 e	 social.	 É	
fundamental	que	possamos	olhar	o	desenvolvimento	humano	de	maneira	holística,	ou	seja,	
como	um	todo,	no	qual	as	dimensões	cognitiva,	afetiva	e	motora	atuam	e	funcionam	de	
maneira	integrada,	para	que	possamos	contribuir	de	maneira	significativa	em	suas	apren-
dizagens.	Os	 domínios	 do	 desenvolvimento	 humano	 não	 atuam	 de	maneira	 isolada	 ou	
independente,	mas	de	forma	interativa.	Vou	exemplificar...
Quando	estamos	emocionalmente	desestabilizados	nossa	capacidade	de	aprendi-
zagem,	ou	seja,	nossa	cognição,	acaba	sendo	afetada.	A	condição	afetiva	do	ser	humano	
interfere	na	cognitiva	e	nos	movimentos	corporais	e	assim	por	diante.
Já	que	mencionamos	os	domínios	de	desenvolvimento	humano,	vamos	entender	
de	maneira	sucinta	cada	um	deles:
Domínio motor:	caracteriza	as	estruturas	para	 identificar	os	movimentos	corpo-
rais	humanos.	Atualmente,	usamoso	termo	Psicomotor	para	designar	esse	domínio,	por	
entender	 que	mente	e	 corpo	 são	aspectos	 indissociáveis	 e	 se	 refletem	nas	habilidades	
motoras.	São	as	 transformações	progressivas	no	 comportamento	motor,	 que	ocorrem	a	
partir	 de	 condições	 ambientais,	 interagindo	 com	 ambientes	 favoráveis	 de	 aprendizado.	
Nesse	domínio	estão	as	ações	motoras	básicas	e	fundamentais,	como	andar,	correr,	saltar,	
pegar,	lançar	etc.	Além	dessas,	também	as	habilidades	esportivas,	laborais	e	específicas,	
como	pilotar	um	avião.	
Domínio cognitivo:	são	as	mudanças	progressivas	nas	habilidades	de	pensamento,	
raciocínio	 e	 ação.	 É	 constituído	 de	 diversos	 processos	 mentais,	 tais	 como:	 atenção,	
concentração,	memória,	entre	outros.
33UNIDADE I Plano de Conhecimento
Domínio afetivo:	diz	respeito	à	capacidade	de	interação	e	relacionamento	que	o	
ser	humano	aprende	no	decorrer	da	vida.	As	pessoas	utilizam	o	movimento	para	se	relacio-
narem	com	o	mundo	ao	seu	redor,	com	as	pessoas,	com	os	objetos,	com	a	natureza.	Esse	
domínio	trata	dos	comportamentos	sociais	que	são	aprendidos	quase	em	sua	totalidade	e	
podem	ser	melhorados.	
É	de	suma	importância	conhecer	os	domínios	do	desenvolvimento,	tendo	em	vista	
que	existe	uma	inter-relação	entre	eles.	Nosso	comportamento	motor	responde	aos	estímu-
los	decorrentes	das	demais	dimensões	do	desenvolvimento	humano.
Quando	 tratamos	do	desenvolvimento	motor,	buscamos	referências	que	possam	
contribuir	para	entender	as	aquisições	e	aprendizagens	no	decorrer	da	vida,	do	nascimento	
até	a	velhice.	Para	nos	ajudar	no	entendimento	das	aprendizagens	motoras,	irei	apresentar	
a	famosa	“ampulheta”	do	desenvolvimento	motor,	proposta	por	Gallahue	e	Ozmun	(2013),	
que	mostra	as	etapas	distribuídas	por	faixa	etária.
A	ideia	é	que	você	comece	a	se	familiarizar	com	ela.	Para	tanto,	gostaria	que	você	
observasse	a	imagem	a	seguir	e	pensasse	por	alguns	instantes	em	crianças	e	adolescentes	
do	seu	convívio,	se	assim	for	possível,	que	estejam	em	cada	uma	das	etapas.
Figura 3 -	Fases	e	estágios	do	desenvolvimento	motor
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	69).
34UNIDADE I Plano de Conhecimento
Essa	ampulheta	apresenta	as	etapas	do	desenvolvimento	motor,	que,	neste	mo-
mento	do	material,	serão	brevemente	apresentadas.	Cada	uma	das	etapas	mostradas	será	
devidamente	tratada	nas	próximas	unidades.	Fique	tranquilo(a),	aluno(a),	que	ao	término	
desta	disciplina	você	 irá	conhecer	todas	as	fases	do	desenvolvimento	motor	de	maneira	
detalhada,	a	fim	de	que	tais	conhecimentos	possam	auxiliar	sua	prática.
Vale	 ressaltar	 que	 tal	 ampulheta	 sofreu	 algumas	 alterações,	 ao	 considerar	 que	
existem	aspectos	que	interferem	no	desenvolvimento	da	motricidade,	e	ampliou	o	modelo	
para	o	que	será	apresentado	na	sequência.	Observe	com	atenção	quais	alterações	foram	
realizadas	e	tente,	como	num	jogo	das	diferenças,	detectar	tais	modificações.	A	nova	versão	
foi	chamada	“ampulheta	triangulada”.
Figura 4 -	Ampulheta	triangulada	proposta	por	Gallahue	e	Ozmun
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	76).
35UNIDADE I Plano de Conhecimento
E	então?	Observou	 as	 inserções?	Veja	 o	 que	Gallahue	 e	Ozmun	 (2013,	 p.	 76)	
afirmam	sobre	a	figura
Preenchimento	da	ampulheta	individual	com	“areia”	(i.e.,	substância	da	vida).	
A	ampulheta	representa	a	visão	descritiva	(produto)	do	desenvolvimento.	O	
triângulo	 invertido	 representa	a	visão	explicativa	 (processo)	do	desenvolvi-
mento.	Ambas	são	úteis	à	compreensão	do	desenvolvimento	motor	à	medida	
que	o	indivíduo	se	adapta	continuamente	às	mudanças	na	busca	constante	
pela	aquisição	e	manutenção	do	controle	motor	e	da	competência	no	movi-
mento.
Essa	ampulheta	fornece	a	visão	descritiva	de	desenvolvimento	humano,	mostrando	
as	fases	típicas	e	os	estágios	de	acordo	com	a	faixa	etária,	do	nascimento	até	a	velhice.	O	
triângulo	invertido	que	atravessa	a	figura	consiste	numa	orientação	visual	para	observar-
mos	aspectos	como	hereditariedade,	meio	e	a	maneira	como	interferem	na	realização	das	
tarefas	de	aquisição	e	desenvolvimento	das	habilidades	motoras.
É	 fundamental	 estar	 atento(a)	 aos	 aspectos	 que	 interferem	no	 desenvolvimento	
motor,	como	os	autores	colocam	na	 imagem:	hereditariedade	e	ambiente.	Aspectos	que	
podem	ser	herdados	geneticamente	e	que	fazem	diferença	na	aquisição	e	desenvolvimento	
de	aprendizagens	motoras	e	aspectos	ambientais	como	uma	variável	essencial	na	apren-
dizagem	das	ações	motoras	pelas	pessoas.	Na	segunda,	os	profissionais	que	passam	pela	
vida	do	indivíduo	consistem	em	elementos	fundamentais,	ou	seja,	os	estímulos	recebidos	
pelas	crianças	serão	decisivos	no	seu	desenvolvimento	saudável	ou	não.	Esteja	sempre	
atento(a)	para	a	escolha	das	atividades	e	intervenções	a	serem	realizadas	para	que	sejam	
coerentes	com	as	necessidades,	 interesses	e	etapas	de	desenvolvimento	do	grupo	que	
atende.
Como	 podemos	 observar	 na	 própria	 ampulheta	 o	 desenvolvimento	 motor	 está	
organizado	em	estágios:	reflexivo,	rudimentar,	fundamental	e	especializado.	Essas	etapas	
vão	do	nascimento	até	por	volta	de	12	anos	de	idade.	A	partir	de	12	anos	o	ser	humano	
vai	 especializando	os	movimentos	que	 já	aprendeu	e	 vai	 aprimorando	suas	habilidades	
motoras	aprendidas	anteriormente.	
Sobre	o	assunto	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	80)	esclarecem	que
A	aquisição	de	competências	no	movimento	é	um	processo	extensivo,	que	
começa	com	os	movimentos	 reflexos	 iniciais	do	 recém-nascido	e	continua	
por	 toda	 a	 vida.	O	 processo	 pelo	 qual	 o	 indivíduo	 passa	 pelas	 fases	 dos	
movimentos	reflexo,	rudimentar	e	fundamental,	até	chegar,	finalmente,	a	fase	
das	habilidades	do	movimento	 especializado	e	 influenciado	por	 fatores	 da	
tarefa,	do	indivíduo	e	do	ambiente.		
Para	esta	unidade	do	material	ficaremos	por	aqui.	Daqui	em	diante	iremos	conhecer	
cada	etapa	do	desenvolvimento	motor	e	suas	particularidades.
36UNIDADE I Plano de Conhecimento
SAIBA MAIS
Vamos falar sobre Psicomotricidade?
Durante	a	unidade	 tratamos	do	Desenvolvimento	Motor	 numa	perspectiva	essencial-
mente	desenvolvimentista	e	foram	apresentadas	diversas	perspectivas	teóricas	e	a	fun-
damentação	pautada	em	autores	que,	em	seus	estudos,	privilegiaram	as	ações	motoras	
como	objeto	de	estudo.	Neste	momento	trago	uma	ciência	que	tem	por	objetivo	ampliar	
o	olhar	para	a	aprendizagem	e	para	a	realização	dos	movimentos	corporais.
Diante	disso,	apresento	a	definição	de	Psicomotricidade	de	acordo	com	a	Associação	
Brasileira	de	Psicomotricidade	(2019,	on-line)	e	convido	você	a	se	encantar	por	essa	
área,	que	olha	para	os	movimentos	humanos	de	maneira	mais	abrangente	e	além	da	
simples	execução	física	deles.
“’Psicomotricidade,	portanto,	é	um	termo	empregado	para	uma	concepção	de	movimen-
to	organizado	e	integrado,	em	função	das	experiências	vividas	pelo	sujeito	cuja	ação	é	
resultante	de	sua	individualidade,	sua	linguagem	e	sua	socialização.’	(Associação	Bra-
sileira	de	Psicomotricidade)
‘A	Psicomotricidade	baseia-se	em	uma	concepção	unificada	da	pessoa,	que	 inclui	as	
interações	cognitivas,	sensório	motoras	e	psíquicas	na	compreensão	das	capacidades	
de	ser	e	de	expressar-se,	a	partir	do	movimento,	em	um	contexto	psicossocial.	Ela	se	
constitui	por	um	conjunto	de	conhecimentos	psicológicos,	fisiológicos,	antropológicos	e	
relacionais	que	permitem,	utilizando	o	corpo	como	mediador,	abordar	o	ato	motor	hu-
mano	com	o	intento	de	favorecer	a	integração	deste	sujeito	consigo	e	com	o	mundo	dos	
objetos	e	outros	sujeitos.’	(Costa,	2002)
‘Em	razão	de	seu	próprio	objeto	de	estudo,	isto	é,	o	indivíduo	humano	e	suas	relações	
com	o	corpo,	a	Psicomotricidade	é	uma	ciência	encruzilhada...	que	utiliza	as	aquisições	
de	numerosas	ciências	constituídas	(biologia,	psicologia,	psicanálise,	sociologia,	linguís-
tica...)	Em	sua	prática	empenha-se	em	deslocar	a	problemática	cartesiana	e	reformular	
as	relações	entre	alma	e	corpo:	O	homem	é	seu	corpo	e	NÃO	-	O	homem	e	seu	corpo’.	
(Jean-Claude	Coste,	1981)
A	psicomotricidade	pode	tambémser	definida	como	o	campo	transdisciplinar	que	estuda	
e	investiga	as	relações	e	as	influências	recíprocas	e	sistémicas	entre	o	psiquismo	e	a	
motricidade.
Baseada	numa	visão	holística	do	ser	humano,	a	psicomotricidade	encara	de	forma	inte-
grada	as	funções	cognitivas,	sócio-emocionais,	simbólicas,	psicolinguísticas	e	motoras,	
promovendo	a	capacidade	de	ser	e	agir	num	contexto	psicossocial.	A	psicomotricidade	
possui	 as	 linhas	 de	 atuação	 educativa,	 reeducativa,	 terapêutica,	 relacional,	 aquática	
[...]”.
Fonte:	Associação	Brasileira	de	Psicomotricidade	(2019).
37UNIDADE I Plano de Conhecimento
REFLITA
“Se	uma	pessoa	não	pode	aprender	da	maneira	que	é	ensinada,	é	melhor	ensiná-la	da	
maneira	que	pode	aprender”	(Marion	Welchmann).
O	desenvolvimento	depende	de	história	e	contexto.	Cada	pessoa	desenvolve-se	dentro	
de	um	conjunto	específico	de	circunstâncias	ou	condições	definidas	por	tempo	e	lugar.	
Os	seres	humanos	influenciam	seu	contexto	histórico	e	social	e	são	influenciados	por	
eles.	Eles	não	apenas	respondem	a	seus	ambientes	físicos	e	sociais,	mas	também	inte-
ragem	com	eles	e	os	mudam	(PAPALIA;	OLDS;	FELDMAN,	2006).
https://www.pensador.com/autor/marion_welchmann/
38UNIDADE I Plano de Conhecimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então,	 caro(a)	 aluno(a),	 chegamos	 ao	 término	 desta	 unidade,	 que	 foi	 recheada	
de	conhecimento.	Repleta	de	conceitos,	busquei	apresentar	a	disciplina	de	maneira	a	es-
timular	diversas	curiosidades	em	você.	É	fundamental	que	neste	momento	você	faça	um	
balanço	das	aprendizagens	adquiridas	durante	o	percurso.	Para	 isso	 irei	 retomar	o	que	
vimos:	conceitos	de	aprendizagem,	desenvolvimento,	maturação	e	crescimento	para	que	
fosse	estabelecido	o	primeiro	contato	com	a	disciplina,	lembrando	que	esses	termos	serão	
largamente	utilizados	durante	sua	vida	acadêmica	e	em	sua	atuação	profissional.
Em	seguida	começamos	a	entender	do	que	se	trata	esse	tal	desenvolvimento mo-
tor,	suas	características,	sua	relevância	na	vida	do	ser	humano	e	porque	é	tão	importante	
conhecer	seus	aspectos	e	suas	particularidades.
Continuamos	nossos	estudos	falando	de	diversas	perspectivas	teóricas	que	dialo-
gam	com	o	desenvolvimento	motor	e	contribuem	para	entender	de	que	maneira	acontece	o	
desenvolvimento	humano.	E	chegamos,	então,	na	etapa	de	estudos	que	fomos	investigar	o	
que	pode	interferir	nas	aquisições	motoras	do	ser	humano,	que	aspectos	podem	prejudicar	
ou	potencializar	a	aprendizagem	dos	movimentos	pelas	pessoas.	Nesse	momento	vimos	
o	quanto	é	fundamental	o	papel	do	professor	e	a	escolha	das	intervenções	feitas	por	ele.
E,	por	fim,	mas	não	menos	importante,	conhecemos	a	famosa	ampulheta	proposta	
por	Gallahue	e	Ozmun,	que,	acredite,	vai	povoar	muito	seus	pensamentos	no	decorrer	da	
disciplina	que	estamos	cursando	e	deste	curso.	Ela	nos	mostra,	de	maneira	figurada,	que	
existem	etapas	para	as	aprendizagens	motoras,	que	elas	funcionam	de	maneira	hierárquica	
e	organizam	o	desenvolvimento	motor	de	forma	esquemática.
Antes	de	convidar	você	a	partir	para	a	próxima	unidade,	gostaria	de	 ressaltar	a	
relevância	de	explorar	as	indicações	que	fiz	neste	material,	as	referências	que	sugiro	para	
complementar	seus	estudos	e	fazer	desta	disciplina	o	diferencial	na	sua	profissão.
Feita	esta	breve	revisão	podemos	partir	para	as	próximas	unidades	do	nosso	estu-
do.	Preparado(a)?
39UNIDADE I Plano de Conhecimento
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro(a)	aluno(a),
Neste	momento	da	unidade	sugiro	algumas	leituras	que	podem	contribuir	para	me-
lhorar	seus	estudos	sobre	o	tema	que	estamos	conhecendo.	Sugiro	que,	mediante	leitura	dos	
textos	sugeridos,	você	faça	anotações	e	apontamentos	por	escrito	junto	com	os	materiais	
que	utiliza	na	disciplina.	Essas	leituras	podem	fomentar	uma	série	de	aprendizagens	novas	
e	instigar	possíveis	investigações	que	irão	fazer	de	você	o(a)	profissional	diferenciado(a)	
que	o	mercado	busca	na	atualidade.
DESENVOLVIMENTO	MOTOR:	PASSADO,	PRESENTE	E	FUTURO
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/desenvolvimento-motor-
-presente-passado-e-futuro.pdf
AVALIAÇÃO	DO	DESENVOLVIMENTO	MOTOR	DE	CRIANÇAS	COM	DIFICULDADES	DE	
APRENDIZAGEM
http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n1/a06v12n1
DESENVOLVIMENTO	HUMANO
https://www.academia.edu/22315624/Diane_E._Papalia_-_Desenvolvimento_Humano.
PDF
ACERCA	DA	RELAÇÃO	ENTRE	ENSINO,	APRENDIZAGEM	E	DESENVOLVIMENTO
https://www.redalyc.org/pdf/374/37415106.pdf
APRENDIZAGEM	E	DESENVOLVIMENTO:	O	PAPEL	DA	MEDIAÇÃO
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/jul_2009/apren-
dizagem_desenvolviemnto_sforni.pdf
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/desenvolvimento-motor-presente-passado-e-futuro.pdf
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/desenvolvimento-motor-presente-passado-e-futuro.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n1/a06v12n1
https://www.academia.edu/22315624/Diane_E._Papalia_-_Desenvolvimento_Humano.PDF
https://www.academia.edu/22315624/Diane_E._Papalia_-_Desenvolvimento_Humano.PDF
https://www.redalyc.org/pdf/374/37415106.pdf
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/jul_2009/aprendizagem_desenvolviemnto_sforni.pdf
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/jul_2009/aprendizagem_desenvolviemnto_sforni.pdf
40UNIDADE I Plano de Conhecimento
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
•	Título:	Desenvolvimento	psicomotor	e	aprendizagem
•	Autor:	Vitor	da	Fonseca
•	Editora:	Artmed
• Sinopse:	Neste	 livro,	Vitor	da	Fonseca	apresenta	um	 levanta-
mento	das	principais	linhas	de	conceituação	do	desenvolvimento	
psicomotor,	conseguindo	superar	o	desafio	de	unificar	concepções	
de	distintas	disciplinas	e	de	vários	autores	oriundos	de	diferentes	
culturas.	O	resultado	é	a	mais	completa	e	compreensível	descrição	
do	modo	como	funciona	a	psicomotricidade.	
FILME/VÍDEO
•	Título:	O	enigma	de	Kaspar	Hauser
•	Ano:	1975
•	Sinopse:	Um	filme	alemão	ocidental	de	1974,	um	dos	mais	cele-
brados	do	diretor	Werner	Herzog.	O	trabalho,	cujo	título	significa,	
em	tradução	literal,	“cada	um	por	si	e	Deus	contra	todos”	narra	a	
história	de	Kaspar	Hauser,	uma	criança	abandonada	envolta	em	
mistério,	encontrada	na	Alemanha	Ocidental	do	século	XIX,	com	
alegadas	 ligações	à	 família	 real	de	Baden.	O	filme	 fez	parte	da	
competição	para	a	Palma	de	Ouro	no	Festival	de	Cannes	1975,	
em	que	ganhou	três	prêmios.
O	filme	de	Werner	Herzog	é	baseado	no	livro	“Kasper	Hauser	oder	
die	Trägheit	des	Herzens”,	de	Jakob	Wassermann,	publicado	em	
1908,	que,	por	sua	vez,	retrata	o	caso	de	um	adolescente	encarce-
rado	na	Alemanha	do	século	XIX	até	a	idade	de	16	anos,	quando	
teve	seu	primeiro	contato	verbal	e	social.	Somente	depois	disso	
pôde	 ser	 observado	 algum	 desenvolvimento	 de	 Kaspar	 Hauser	
na	linguagem	e	na	socialização	com	outros	indivíduos.	
Devido	à	aquisição	tardia	de	uma	língua	materna,	fora	do	período	
crítico	 da	 infância,	 Kasper	 Hauser	 nunca	 desenvolveu	 a	 com-
petência	 linguística	de	um	 falante	nativo,	 principalmente	no	que	
concerne	à	sintaxe.	Além	disso,	outras	habilidades	sociais	foram	
seriamente	prejudicadas,	ainda	que	ele	 fosse	capaz	de	aprendi-
zagem	 de	 disciplinas.	 Tal	 episódio	 demonstra	 a	 importância	 da	
linguagem	no	processo	socializador	de	um	indivíduo.	
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Wplj0ITkwho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filme
https://pt.wikipedia.org/wiki/1974_no_cinema
https://pt.wikipedia.org/wiki/Werner_Herzog
https://pt.wikipedia.org/wiki/Kaspar_Hauser
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha_Ocidental
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Baden
https://pt.wikipedia.org/wiki/1975
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jakob_Wassermann
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquisi%C3%A7%C3%A3o_da_linguagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_materna
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falante_nativo
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Processo_socializador&action=edit&redlink=1https://www.youtube.com/watch?v=Wplj0ITkwho
41
Plano de Estudo:
●	 Fase	pré-natal	e	infantil;
●	 Reflexos	infantis	e	estereótipos	rítmicos;
●	 Habilidades	motoras	rudimentares;
●	 Percepção	infantil.
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	e	contextualizar	os	aspectos	que	afetam	no	desenvolvimento	motor	e	
que	acontecem	na	fase	pré-natal;
●	 Compreender	as	características	do	crescimento	infantil	nas	fases	pré-natal	e	no	
período	da	infância	no	que	tange	o	desenvolvimento	motor;
●	 Entender	as	particularidades	do	desenvolvimento	desde	o	período	gestacional	até	
a	infância;
●	 Conhecer	as	etapas	de	desenvolvimento	motor	do	movimento	reflexo	e	do	
movimento	rudimentar;
●	 Entender	a	percepção	infantil	e	de	que	maneira	são	desenvolvidas	as	percepções.
UNIDADE II
Primeira Infância
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
42UNIDADE II Primeira Infância
INTRODUÇÃO
Caro(a)	estudante,
É	 com	 satisfação	 que	 dou	 início	 à	 nossa	 Unidade	 II	 desta	 disciplina.	 Durante	
nossos	estudos	você	terá	a	oportunidade	de	compreender	o	começo	do	desenvolvimento	
infantil,	 quando	pensamos	numa	perspectiva	 cronológica.	 Isso	mesmo.	Vamos	começar	
esta	 caminhada	estudando	o	 desenvolvimento	motor	 antes	 do	 ser	 humano	 ter	 nascido,	
na	 fase	 que	 chamamos	 de	 pré-natal,	 olhando	 para	 aspectos	 que	 acontecem	durante	 a	
gestação,	no	que	se	refere	ao	crescimento	e	desenvolvimento.	Com	base	nas	teorias	de	
desenvolvimento	que	já	estudamos,	estamos	falamos	da	origem	das	aprendizagens	e	do	
comportamento	motor.
Pensando	em	contribuir	em	sua	formação	de	maneira	significativa,	iremos	explorar	
aspectos	 do	 desenvolvimento	 desde	 a	 fase	 pré-natal,	 por	 entender	 que	 nesse	 período	
acontecem	diversas	situações	que	devem	ser	aprendidas	e	que	interferem	na	vida	futura	e	
nas	intercorrências	ao	longo	do	desenvolvimento.
Neste	momento	da	disciplina	nós	iremos	conhecer	a	base	da	ampulheta	proposta	
por	Gallahue	 e	Ozmun	 (2013),	 que	 foi	 apresentada	 a	 você	 na	 primeira	 unidade,	 a	 dos	
movimentos	 reflexos,	 que	 são	 aqueles	 realizados	 pelo	 bebê,	 e	 a	 fase	 dos	movimentos	
rudimentares,	ou	seja,	iremos	explorar	o	desenvolvimento	motor	do	nascimento	até	2	anos	
de	idade.	
Se	buscarmos	historicamente,	durante	muito	tempo	a	infância	não	era	vista	com	
suas	particularidades	e	especificidades.	A	criança	era	vista	como	“adulto	em	miniatura”	e	
socialmente	bastava	que	ela	fosse	capaz	de	realizar	as	tarefas	típicas	da	vida	adulta	para	
que	ela	assumisse	diversas	responsabilidades,	dando	adeus	à	infância	e	tudo	àquilo	que	
uma	criança	precisa	para	se	desenvolver	como	ser	humano.
Hoje	existem	inúmeros	estudos	que	apontam	para	o	quanto	esse	período	da	vida	
é	fundamental	para	as	etapas	futuras	e	o	quanto	existe	uma	base	de	aprendizagens	que	
acontece	na	infância	e	que	são	aprendizagens	essenciais	e	habilidades	necessárias,	que	
serão	utilizadas	em	muitas	outras	demandas,	como	na	alfabetização,	por	exemplo.
Vamos,	então,	conhecer	as	duas	primeiras	fases	do	desenvolvimento	motor:	movi-
mento	reflexo	e	movimento	rudimentar?
43UNIDADE II Primeira Infância
1 FASE PRÉ-NATAL E INFANTIL
Neste	 tópico	 iremos	 começar	 a	 explorar	 o	 desenvolvimento	 motor,	 partindo	 da	
etapa	pré-natal,	que	corresponde	aos	9	meses	ou	40	semanas	de	gestação,	que	pode,	
por	diversos	 fatores,	durar	mais	ou	menos	 tempo.	Vamos	apresentar	aqui	uma	série	de	
aspectos	que	podem	acontecer	nesse	período	e	podem	também	ser	controlados,	e,	por	sua	
vez,	impactam	o	desenvolvimento	motor	do	bebê	e	no	decorrer	da	vida.	Em	seguida	iremos	
tratar	da	taxa	de	crescimento	pré-natal	e	 infantil,	sabendo	que	em	nenhum	momento	da	
vida	o	corpo	humano	cresce	como	desde	a	concepção	até	os	dois	anos	aproximadamente.	
Pensando	na	velocidade	de	crescimento	que	acontece	nesse	período	de	que	for-
mas	o	movimento	se	comporta?	E	as	aprendizagens	motoras?
Neste	tópico	iremos	conhecer	aspectos	da	gestação	que	interferem	no	desenvolvi-
mento,	ou	seja,	condições	de	antes	ou	durante	a	gravidez	que	aumentam	o	risco	da	criança	
ter	intercorrência	e	consequências	no	seu	desenvolvimento.	Em	seguida	vamos	entender	
como	acontece	o	crescimento	pré-natal	e	durante	a	infância.
1.1 Fatores Pré-Natais que Afetam o Desenvolvimento
Existem	diversos	fatores	que	afetam	o	desenvolvimento	da	criança	e	podem	inclusi-
ve	interferir	futuramente	no	aprendizado	de	diversas	habilidades	e	que	acontecem	durante	
a	gestação.	
44UNIDADE II Primeira Infância
Os	 fatores	nutricionais e químicos estão	 relacionados	 à	 alimentação	 da	mãe	
durante	o	período	da	gravidez.	Se	 tais	aspectos	 irão	 realmente	 interferir	 no	desenvolvi-
mento	vai	depender	de	algumas	variáveis,	tais	como:	“a	condição	do	feto,	o	grau	de	abuso	
nutricional	 ou	químico,	 a	 quantidade	ou	dosagem,	o	período	da	gravidez”	 (GALLAHUE;	
OZMUN,	2013,	p.	100).	O	risco	para	o	feto	se	dá	quando	existe	um	ou	mais	desses	fatores	
apresentados.
Especificamente	 como	 aspecto	 nutricional	 temos	 a	 má	 nutrição	 pré-natal,	 que	
podem	ter	como	resultado	a	má	nutrição	do	feto,	da	placenta	ou	da	mãe.	A	nutrição	ma-
terna	adequada	significa	que	a	mulher	não	ingere	a	quantidade	necessária	de	nutrientes	
diariamente,	o	que	contribui	significativamente	para	a	saúde	geral	da	mãe	e	do	bebê	e,	em	
alguns	casos,	impede	deficiências	de	nascimento.	Existem	diversos	estudos	que	associam	
determinados	nutrientes	a	menor	incidência	de	doenças,	como,	por	exemplo,	a	ingestão	do	
ácido	fólico	e	a	redução	de	deformidades	do	tubo	neural	que	ocasiona a	mielomeningocele	
ou	espinha	bífida.
Um	dos	aspectos	químicos	que	pode	causar	danos	no	desenvolvimento	infantil	é	o	
uso	de	medicamentos	e	drogas	pela	mãe.	Como	a	parede	da	placenta	é	“porosa”,	é	possível	
que	substâncias	a	penetrem	e	atinjam	o	feto.	Medicamentos	comprados	rotineiramente	nas	
farmácias,	sem	necessidade	de	receita	ou	acompanhamento	médico	podem	causar	danos	
para	o	feto.	Por	isso	o	cuidado	com	a	gestante	e	os	medicamentos	a	serem	usados	durante	
a	gravidez	são	necessários,	principalmente	em	determinados	períodos	da	gestação.
Você	já	deve	ter	lido	algo	ou	ouvido	falar	em	doenças	que	acometem	o	universo	
infantil	e	que	podem	ser	associadas	ao	uso	de	determinados	remédios.	Muitas	vezes	são	
pesquisas	em	andamento	ou	especulações,	mas	existe	uma	relação	íntima	do	uso	de	me-
dicamentos	com	o	desenvolvimento	do	bebê	e	o	surgimento	de	doenças.	Sempre	que	for	
considerada	a	possibilidade	de	que	uma	disfunção	seja	associada	ao	uso	de	medicamentos	
durante	a	gestação	devem	ser	considerados	os	seguintes	fatores:	período	da	gravidez	que	
foi	tomado,	dose,	tempo	que	tomou	o	remédio,	predisposições	genéticas	do	feto,	interação	
dos	quatro	aspectos.
A	tabela	a	seguir	mostra	alguns	exemplos	de	medicamentos	que	ocasionam	efeitos	
na	criança	quando	usados	durante	a	gestação.
45UNIDADE II Primeira Infância
Tabela 1 -	Efeitos	de	medicamentos	usados	durante	a	gestação	que	podem	afetar	o	desenvolvimento
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	111).
Por	 outro	 lado,	 existem	 aqueles	medicamentos	 que	 são	 “necessários”,	 ou	 seja,	
que	a	mãe	precisa	tomar,	pois	estão	em	tratamento	médico	ou	por	mal-estar.	Evidente	que	
quando	existe	o	acompanhamento	médico	saudável,	o	profissional	vai	receitar	remédio	em	
último	caso.	Vários	medicamentos,	 sem	 receita,	apresentam	potencial	 para	prejudicar	o	
desenvolvimento	do	feto.	A	tabela	a	seguir	mostra	algumas	doenças	que	a	mãe	pode	ter,	
qual	medicação	é	administrada	e	quais	seus	possíveis	efeitos.
Tabela 2 -	Drogas	usadas	durante	a	gestação	e	seus	possíveis	efeitos	no	bebê
Fonte:	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	112).
Por	último	vamos	falar	sobre	o	uso	de	drogas	lícitas	e	ilícitas	durante	a	gravidez.	
Você	 já	ouviu	 falar	sobre	a	Síndrome	Alcoólica	Fetal	ou	do	Alcoolismo	Fetal?	Pois	bem,	
está	relacionada	ao	abuso	de	álcool	durante	a	gestação	e	a	maneira	como	tal	hábito	afeta	
o	desenvolvimento	do	feto.	Essa	síndrome,	além	de	causar	alterações	nas	características

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