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do Pensamento Administrativo | As teorias sobre liderança: de Weber a Welch C E D E R J 171 A U LA 1 4 Em seguida à abordagem weberiana, surgiram os primeiros estudos sobre o comportamento do líder. É a análise dos estilos gerenciais, assim definidos: autocrático (autoritário, diretivo, impessoal); democrático (participativo, consensual); e laissez-faire (no qual o líder abdica do seu papel de liderança e o transfere para o grupo). Os representantes das escolas de Relações Humanas e Comportamentalista aprofundaram seus estudos sobre liderança e realizaram muitas pesquisas nesta área. O COMPORTAMENTO DE LÍDER No final dos anos 1950 e início dos anos 1960, o comportamento do líder tornou-se objeto de estudo de vários pesquisadores. O objetivo não era apenas identificar os estilos e liderança, mas as suas motivações, estratégias e habilidades. ROBERT TANNENBAUM e WARREN SCHMIDT desen- volveram um modelo próprio de liderança, centrado em duas variáveis – o uso da autoridade pelo gerente e a área de liberdade dos subordinados –, o que deu origem a dois estilos básicos: - a liderança orientada para o chefe; e - a liderança orientada para os subordinados. A figura a seguir ilustra tal modelo: TA N N E N B A U M E SC H M I D T (1958) Através de um gráfico a que chamaram continuum de padrões de liderança, apresentaram uma abordagem contingencial da liderança com bastante interesse. Os autores sugeriram um conjunto alargado de comportamentos de liderança que o gestor tem a possibilidade de escolher na relação com os subordinados. Cada tipo de comportamento está relacionado com o grau de autoridade utilizado pelo líder e o grau de liberdade disponível para os subordinados na tomada de decisões. Liderança orientada para o chefe Liderança orientada para os subordinados Uso de autoridade pelo gerente Área de liberdade dos subordinados Figura 14.2: O modelo de Tannenbaum e Schmidt. o gerente decide e comunica a decisão o gerente "vende" a decisão o gerente apresenta idéias e promove debates o gerente apresenta uma decisão possível, sujeita a mudança o gerente apresenta o problema, pede sugestões e toma a decisão o gerente define limites dentro dos quais o grupo decide o gerente permite que a equipe trabalhe sozinha dentro dos limites 172 C E D E R J História do Pensamento Administrativo | As teorias sobre liderança: de Weber a Welch C E D E R J 173 A U LA 1 4 Esses autores apresentam um amplo espectro de comportamentos de líder. Os comportamentos mais autoritários são aqueles nos quais a liderança é orientada para o chefe, em que o uso da autoridade do gerente é grande. No 1o estilo, o gerente decide e comunica a decisão – há um total uso da autoridade pelo gerente e nenhuma liberdade dos subordinados. O gerente decide sozinho e comunica a decisão. No 2o estilo, o gerente vende a decisão – surge um pequeno espaço de liberdade dos subordinados, que ouvem os motivos da decisão e os argumentos de venda da decisão feitos pelo gerente. No 3o estilo, o gerente apresenta idéias e promove debates – amplia-se a participação dos subordinados (área de liberdade), embora o uso da autoridade pelo gerente seja ainda predominante, pois é ele quem toma a decisão final. No 4o estilo, o gerente apresenta uma decisão possível, sujeita a alteração – os subordinados têm mais liberdade para opinar e até escolher a melhor decisão. Neste caso, são iguais o uso da autoridade pelo gerente e a área de liberdade pelos subordinados. No 5o estilo, o gerente apresenta o problema, pede sugestões e toma a decisão – começa a se inverter a situação. A área de liberdade dos subordinados torna-se maior do que o uso da autoridade pelo gerente. Têm início os estilos de liderança participativa, nos quais o gerente não fala em decisão, inicialmente; apenas apresenta o problema e permite aos subordinados fazerem sugestões, embora a decisão final seja sua, como gerente. No 6o estilo, o gerente define limites dentro dos quais o grupo decide – o gerente permite aos subordinados encontrar a melhor solução. Ele transfere a decisão para a equipe. No 7o estilo, o gerente permite que a equipe trabalhe sozinha, dentro dos limites – o gerente se exclui do processo de decisão, apenas definindo limites e nada mais. Tannerbaum e Schmidt inovaram porque apresentaram uma grande amplitude no comportamento do líder e orientaram que não há estilos piores ou melhores. Cada comportamento do líder é possível em momentos que demandam tais estudos, muito embora os dois extremos (estilos 1 e 7) envolvam riscos maiores. !! 172 C E D E R J História do Pensamento Administrativo | As teorias sobre liderança: de Weber a Welch C E D E R J 173 A U LA 1 4 A metáfora dos búfalos e dos gansos Como você viu, o líder tradicional deseja que as pessoas façam exatamente o que ele diz, pensa e age. Ele é o centro do poder e acha que o seu papel é tornar as pessoas submissas a ele, seus seguidores fiéis. James A. Belasco e Ralph C. Stayer, em seu livro O vôo do búfalo, fazem uso da metáfora dos búfalos e dos gansos para explicar o modelo tradicional de liderança. Vamos a ela? Os primeiros colonizadores da América descobriram a obediência cega da manada de búfalos a seu líder. Portanto, bastava matar o líder para dizimar com facilidade o restante da manada. Quando o líder dos búfalos fica ausente, nada funciona; seus seguidores ficam desorientados e tornam-se presas fáceis. Em oposição aos líderes de búfalos (líder tradicional), os autores propõem um novo tipo de liderança: o líder dos gansos. Os gansos voam em “V”; a liderança muda com freqüência, com diferentes gansos revezando-se na dianteira. Todos os gansos são responsáveis por si mesmo à medida que se deslocam. Na hora da descida, abandonam a formação em “V” e descem em ondas. Quais os ensinamentos básicos da linguagem metafórica utilizada por Belasco e Stayer? Como relacioná-los com aspectos de liderança? Vamos explicar. O líder-búfalo posiciona-se como o único líder do grupo. Exige obediência dos demais, somente ele dá as ordens e torna-os submissos e dependentes. Na liderança do tipo ganso, cada um sabe que direção tomar, os líderes se revezam, o grupo é coeso e adota formações e estruturas diversas. ? Figura 14.3: Gansos selvagens preparando-se para alçar vôo. Th o m as J u h as z (s xc .h u _4 53 90 6_ 24 45 96 96 ) 174 C E D E R J História do Pensamento Administrativo | As teorias sobre liderança: de Weber a Welch C E D E R J 175 A U LA 1 4 AS TEORIAS SITUACIONAIS A abordagem situacional da liderança é fruto dos estudos de Fred Fiedler, que se baseou em estudos feitos pela Universidade de Illinois (EUA), a partir de 1951. Fiedler desenvolveu um modelo de liderança situacional no qual as situações enfrentadas pelos líderes são avaliadas com base em três características: • as relações entre o líder e seus seguidores (sendo favorável à situação, quando os seguidores têm sentimentos positivos em relação ao líder; e desfavorável, quando esses sentimentos são negativos); • o grau de estruturação da tarefa (a situação é favorável para o líder quando as tarefas são bem definidas, com alto grau de organização e certeza; e desfavorável, quando o trabalho não é padronizado, estruturado e as tarefas são imprevisíveis e desorganizadas); • o poder da posição (a situação é favorável quando o líder tem poder de atender as reivindicações e necessidades dos liderados;