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geradores futuros (RE 101.963, Ac. 6.4.84, RTJ 109/ 1279). O STJ recusou-se a aplicar retroativamente o disposto nos arts. 3° e 4° da LC 118/05 (AgRG no REsp 727.200, AC de 1° T, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 28.11.2005). A norma penal tributária de natureza benigna também retroage. Diz o CTN, no art. 106, II, que a lei se aplica a ato ou fato pretérito, "tratando-se de ato nãiísdefinitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo colho infração.; 1?) cluando dei3ce de tratá-lo como contrário a qualquer,exigência de ação ou omissão, desde que não te_nha sido frau- dulentole não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quandolhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vi- gente a&tempo da sua prática". Não obstante restrinja o CTN a retro- atividade ao "ato não defitivamente julgado'', parece-nos que a eficá- cia retrooperante da lex mitier, sendo princípio de Direito Penal, deve se aplicar inclusive nos casos de existência de decisão definitiva admi- nistrativa ou de coisa julgada, salvo para o efeito de restituição da multa, eis que sempre se entendeu entre nós ser aquele princípio de justiça superior ao da res jildicata; aliás, o próprio Código Penal decla- ra: 'A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica- se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado". Possui também eficácia retroativa a declaração de inconstitucio- nalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal na via da ação dire- ta, que opera com as mesmas características da lei. Retroage igual- mente a decisão do STF proferida na via- da exceção, desde que o Senado Federal suspenda a execução da lei estadual ou federal (vide p. 57). A declaração de inconstitucionalidade, no nosso sistema jurídi- co, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, opera ex tunc, atin- gindo os efeitos-dos atos praticados sob o império de lei anulada. Mas o art. 27 da Lei n(2 9868, de 10.11.99, passou a permitir que o Supre- mo Tribunal Federal, tendo em vista razões de segurança ou de excep- cional interesse social, restrinja os efeitos da declaração de inconstitu- cionalidade ou decida que ela só tenha eficácia a partir de seu tãnsito em julgado ou de outro momento que de inconstitucionalidade encontra ala e ,^c tune eis que prevalecem certas p decadência e a prescrição; esses legislações da Alemanha e da Itália e s o nosso sistema jurídico. 8. EFICÁCIA PRORROGADA Uma última hipótese é a eficácia zada como ultra-atividade ou sobre acontece, por exemplo, com a lei trib produzir consequências quanto aos f gência, mesmo que não tenham sido o CTN (art. 144) que "o lançamento do fato gerador da obrigação e rege-se posteriormente modificada ou revoga Dá-se a prorrogação da eficácia, t orçamentária não é aprovado pelo Co do exercício financeiro. Prorroga-se, anterior, na razão de 1/12 das dotaçõe Esta solução, que é a mais democráti trizes Orçamentárias (Lei 1.3.2 7.800, saída, no sentido de considerar aprova adotou-se no Brasil ao tempo do auto II. EFICÁCIA NO ESPAÇO 9. O PRINCÍPIO DA TERRITORL4 O princípio fundamental para tr. ceiras no espaço é o da territorialida território de jurisdição do ente pUblic derações subjeti-v-as a respeito do con sejam a nacionalidade ou o lugar clO critério para a eficácia da lei no espaç do lugar ern que se produzem os ren dos bens. a a ser fixado. A declaração outros lirnites em. seu efeito sôes como a coisa julgada., a eramentos adotam-nos as enamente compatíveis com rrogada, também caracteri- da norma jurídica. Assim a revogada, que continua a ocorriolOs durante a sua vi- estivamente apurados. Diz orta-se à data da ocorrência lei então vigente, ainda que érn, quando o projeto da lei sso Nacional antes do início o, a eficácia do orçamento é que o novo seja publicado. i adotada pela Lei de Dile- 0.7.89 — art. 50). A outra projeto de lei do Executivo, ismo (vide p. 180). a eficácia das normas finan- de p. 100). A lei incide no dependentemente de consi- uinte ou do obrigado, como cimento dentro do País. O da residência, do domicilio, ntos ou do local da situação 133 139 1 10.LEI FEDERAL A lei federal produz efeitos em todo o território nacional e corta a eficácia da lei estadual que com ela contrastar, respeitados os repec- tivos campos de competência. Mas, como já virnos a propósito do con- ceito material de lei (p. 108), há uma certa zona de penumbra em torno da competência concorrente dos entes públicos no federalismo, o que conduz a solução do problerna para o campo da interpretação. Não existe urna reserva de competência federal que coincida magica- mente com o limite de igual reserva em favor de Estados e Municípios. Quando a lei federal tem por objetivo regular matéria de interes- se comum da União, dos Estados e dos Municípios recebe a denomi- nação de lei nacional. O Código Tributário Nacional e a Lei 4.320/64, sobre a atividade finar4ira, são os melhores exemplos. A lei federal financeira se aplica a todos os brasileiros e aos estran- geiros ti sesidentes (CF — art. 59 e não pode discriminar entre Estados e Municípios (CF art. 151, I). 11.LEI ESTADUAL OU MUNICIPAL A lei estadual ou municipal financeira se aplica nos limites terri- toriais do Estado ou do Município, respectivamente. Só pelos convê- nios pode adquirir extraterritorialidade (CTN — art. 102). Subordi- na-se ao princípio da unifoimidade geográfica, não podendo estabele- cer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino (CF — art. 152). .. A pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo des- membramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até Que entre em vigor a sua própria (CTN — art. 120). Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos munici- pais (CF -- art, 147). 12.LEI ESTRANGEIRA A lei estrangeira não se aplica no territOrio brasileiro. Só o tratado internacional, desde que aprovado pelo Congresso Nacional, passa a produzir efeitos internos, suspendendo, inclusive, a eficácia da lei tributária nacional (CTN — art. 98). Mas o Direito Tributário Internacional conhece diversos princí- pios e instrumentos para eliminar a dupla irnposição da renda e para permitir a justa tributação das mercadorias no comércio internacional. Não só os tratados e as convenções, mas também as leis de diversos países, buscain, no âmbito das respectivas jurisdições, harmonizar a tributação da renda ou do comércio externo. Assim é que as legisla- ções modernas procuram, quanto aos impostos sobre o valor acresci- do, aliviar a incidência na exportação, para permitir que o pais de destino capte uma parcela da riqueza em circulação internacional. No imposto de renda ora prevalece a incidência de acordo com a fonte, o que beneficia os países mais pobres, ora a incidência pelo domicílio das empresas, o que é melhor para os países ricos. NOTAS COMPLEMENTARES I. Bibliografia: NOVELLI, Flávio Bauer. Anualidade e Anterioridade na Constituição de 1988. Revista de Direito Administrativo 179/80: 19-50, 1990; REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo:. Saraiva, 2009; ROUBIER, Paul. Le Droit Transitoire. Paris: Dalloz & Sirey, 1960; SAMPAIO DÓRLA, Antonio Roberto. Da Lei Tributária no Tempo. São Paulo: Ed. Obelisco, 1968; XAVIER, Alberto. Direito Tributá- rio Internacional do Brasil. São Paulo: Forense, 2010. II. Direito Positivo: Lei de Introdução ao Código Civil — arts. 19 a 79; CTN — arts. 101 a 106; Ley General Tributária da Espanha — 2003, arts_ 10 a 11. III. Jurisprudência: Súmula da Jurisprudência