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49 R. Periodontia - Setembro 2009 - Volume 19 - Número 03 INTRODUÇÃO As lesões pigmentadas na cavidade bucal repre- sentam um grupo de diversas entidades clínicas que podem variar desde a pigmentação fisiológica até lesões mais graves, como o melanoma maligno. A pigmentação melânica gengival é bem docu- mentada na literatura e é considerada uma condi- ção fisiológica ou patológica causada por diferentes fatores locais ou sistêmicos. É caracterizada por man- chas escurecidas devido ao excesso de deposição de melanina na camada basal do epitélio, e que na ca- vidade bucal acometem especialmente a gengiva marginal livre e gengiva inserida (Deepak et al., 2005). A melanose racial representa uma condição gengival não patológica, sem predileção por sexo e é influenciada pelas características étnicas das pes- soas de raça negra, asiática e seus descendentes (Ashri et al., 1990). A intensidade da pigmentação é resultante da quantidade de grânulos de melanina produzidos pelos melanócitos. Quanto maior for a atividade dos melanoblastos, maior será a quantida- de de melanina depositada. As lesões pigmentadas da cavidade bucal po- dem ser divididas em dois grupos de acordo com sua origem: endógena e exógena. A variedade endógena pode ser causada por diversas razões, se- MELANOSE RACIAL E OUTRAS LESÕES PIGMENTADAS DA CAVIDADE BUCAL - REVISÃO DE LITERATURA Racial Melanosis and pigmentation of melanin in the oral cavity - Review of Literature Natália Soares de Oliveira Egg1, Carmine D’ Luca Silva Castro1, Fernanda Natali Rodrigues1, Vanessa Frazão Cury2 RESUMO As lesões pigmentadas na cavidade bucal podem ser desencadeadas por uma série de fatores locais e sistêmicos, fisiológicos ou patológicos. A melanina é um pigmento gra- nular endógeno que pode apresentar colorações que vari- am do amarelo ao negro sendo produzida pelos melanócitos presentes na camada basal do epitélio bucal. As alterações ou distúrbios relacionados à melanina e outros pigmentos podem ser iniciados por trauma, infecção, hábitos (fumo, gomas, alimentos), uso de medicamentos (antimaláricos, minociclinas) e por alguns fatores sistêmicos como a doen- ça de Addison, síndrome de Peutz-Jeghers e tumores. A pigmentação melânica fisiológica gengival, também cha- mada de melanose racial, é uma condição não patológica com prevalência variável em diferentes grupos étnicos. Re- centemente, várias técnicas cirúrgicas de despigmentação gengival têm sido propostas com o objetivo de remover lesões pigmentadas fisiológicas do tecido gengival. Entre- tanto, a decisão e indicação para a sua remoção devem ser baseadas, principalmente, em um correto diagnóstico de pigmentação fisiológica, determinando diagnósticos dife- renciais com outras alterações que também podem mani- festar lesões pigmentadas na cavidade bucal. O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão de literatura das possíveis alterações locais e sistêmicas que podem apre- sentar lesões pigmentadas na mucosa bucal, auxiliando o cirurgião-dentista no correto diagnóstico dessas alterações. UNITERMOS: 1 Graduandas do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. 2 Doutora em Farmacologia Bioquímica e Molecular. Professora de Periodontia do Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Recebimento: 07/07/08 - Correção: 30/09/08 - Aceite: 19/03/09 Gengiva, Pigmentação, Melanose, Ca- vidade bucal, Diagnóstico diferencial. R Periodontia 2009; 19:49-55. R. Periodontia - 19(3):49-55 50 jam elas relacionadas a distúrbios sistêmicos ou não. Em caso de deposição fisiológica pode-se citar o exemplo de melanose racial que acomete mais comumente indivíduos de origem africana. A pigmentação melânica pode ainda indicar pre- sença de síndromes, como a síndrome de Peutz-Jeghers e a doença de Addison. A variedade exógena está associada ao uso do tabaco, medicamentos como a fenolftaleína e tam- bém com a implantação acidental de resíduos de amálgama nos tecidos gengivais (Gaeta et al., 2002; Mobio et al., 2008). Em algumas culturas existe o costume de fazer o uso de ervas para substituir a escovação. Essas plantas são usadas para a mastigação e/ou colocadas no fundo do vestíbulo durante horas, promovendo uma pigmentação bem locali- zada, servindo como um possível diagnóstico diferencial para outros tipos de pigmentação (Ashri et al., 1990). A demanda pela despigmentação geralmente ocorre por aspectos estéticos e, particularmente, em pacientes que possuem a linha do sorriso alta. Apesar da pigmentação ra- cial ser benigna, é grande o desejo dos pacientes de fazer sua remoção (Deepak et al., 2005). Várias técnicas cirúrgicas têm sido propostas com a fina- lidade de promover a despigmentação gengival. Entretanto, é importante que o cirurgião-dentista estabeleça um corre- to diagnóstico da lesão pigmentada determinando ainda diagnósticos diferenciais com outras lesões pigmentadas que também acometem os tecidos bucais, especialmente o teci- do gengival. Assim, o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre as principais lesões pigmentadas que podem acometer os tecidos bucais, orientando o cirurgião-dentista em um correto diagnóstico dessas alterações. REVISÃO DE LITERATURA 1. Alterações Melanóticas Fisiológicas 1.1 - Pigmentação Racial (Melanose Racial) A pigmentação fisiológica racial da mucosa bucal é a alteração mais comum, sem predileção por sexo, caracterizada como pigmentação melânica multilocal e difusa com prevalência variável em diferentes grupos étnicos, especialmente indivíduos de raça negra, asiática, mediterrânea e seus descendentes (Amir et al., 1991; Meleti et al., 2008). Embora a pigmentação melânica seja o tipo mais co- mum, caroteno, hemoglobina e oxihemoglobina, foram iden- tificados também como causadores da mudança de cor dos tecidos gengivais (Perlmutter et al., 1986). A pigmentação melânica é um resultado da deposição de grânulos de melanina, produzidos pelos melanócitos dispostos entre as células epiteliais, na camada basal do epitélio. Os grânulos são observados em todos os níveis do epitélio gengival. A pigmentação clínica da gengiva pode ou não ser vista, mas as células formadoras de melanina estão presentes. O grau de pigmentação depende da atividade dos melanoblastos (Perlmutter et al., 1986). É geralmente limitada à gengiva inserida (Westbury & Najera, 1997) (figura 1). Esta pigmentação é adquirida geneticamente. A quan- tidade e a distribuição dos grânulos são determinadas por vários genes. Fatores físicos, químicos e hormonais podem aumentar a quantidade de melanina. Não há necessidade de tratamento, a não ser por razões exclusivamente estéti- cas (Gaeta et al., 2002; Meleti et al., 2008). Atualmente, várias técnicas cirúrgicas têm sido propostas para a despigmentação melânica gengival. Entretanto esta indicação poderá ser realizada após a queixa do paciente, associado ao correto diagnóstico de melanose racial (Rosa et al., 2007). 1.2 – Efélides São máculas que variam de um tom castanho-amarela- do ao marrom, com tamanho menor que 5 mm. Aparecem devido à exposição solar da região oral, perioral e da pele. A luz ultravioleta escurece estas lesões e as mesmas se tornam mais claras no período de não exposição (Gaeta et al., 2002). Não existe tratamento indicado para esta lesão. Sua impor- tância é insignificante, a menos que esteja associada a con- dições sistêmicas (Bastiaens et al., 1999). 1.3 - Mácula Melanótica É uma lesão que envolve lábios, gengiva, mucosa vesti- bular, palato duro e palato mole. É uma lesão plana, de coloração marrom, produzida pelo aumento local de depo- sição de melanina e, possivelmente, um concomitante au- Figura 1 – Melanose Racial R. Periodontia - 19(3):49-55 51 mento do número de melanócitos (Gaeta et al., 2002; Meleti et al., 2008). Esta lesão não é dependente da exposição so- lar. É caracterizada por umdepósito bem circunscrito de melanina e na grande maioria das vezes a lesão é única, com um diâmetro que pode variar até 7 mm (figura 2). A mácula melanótica não necessita de nenhum tipo de tera- pia (Carlos-Bregni et al., 2007), entretanto, como o melanoma precoce apresenta características clínicas semelhantes, uma biópsia excisional pode ser requerida para o diagnóstico di- ferencial (Kaugars et al., 1993). 1.4 – Melanoacantoma É uma lesão pigmentada incomum, benigna, caracteri- zada por melanócitos dendríticos dispersos através do epitélio, podendo apresentar células inflamatórias com eosinófilos no tecido subjacente (Contreras & Carlos, 2005). Clinicamente é caracterizada por lesões negras, planas ou levemente elevadas, com predileção pelo sexo feminino, geralmente manifestando-se na terceira ou quarta década de vida. O sítio mais comum de aparecimento da lesão é a mucosa bucal (Carlos-Bregni, 2007). A lesão apresenta um rápido crescimento de tamanho, alcançando vários centí- metros em poucas semanas. Por causa desse rápido cresci- mento, muitas vezes uma biópsia incisional deve ser indicada no sentido de descartar outras entidades, como o melanoma. Uma vez estabelecido o diagnóstico de melanoacantoma não há necessidade de tratamento (Landwehr et al., 1997; Fatahzadeh et al., 2002). É uma lesão reativa e sua natureza de reversibilidade já foi previamente documentada, mas esse evento é considerado raro (Contreras & Carlos, 2005). 2. Alterações Induzidas por Agentes Químicos 2.1 - Melanose Induzida pelo Tabaco Também conhecida por melanose do fumante está rela- cionada aos componentes do tabaco que estimulam a pro- dução de melanina. Existe uma predileção pelo sexo femini- no, provavelmente pela presença dos hormônios femininos. Tradições e hábitos variam em diferentes sociedades, como na Índia e no Paquistão, com o hábito de mastigar ervas diferentemente dos latino-americanos, que fazem uso do cigarro comum (Ashri et al., 1990; Nwhator et al., 2007). Embora qualquer superfície da cavidade bucal possa ser aco- metida, existe uma predileção pelo tecido gengival vestibu- lar da bateria labial anterior (figura 3). As áreas de pigmenta- ção aumentam com o aumento do consumo de tabaco. Os indivíduos devem ser encorajados a parar de consumir o ta- baco (Hedin et al., 1993; Ramer & Burakoff, 1997). A remo- ção desta pigmentação não é indicada caso o paciente não cesse completamente o hábito de fumar. 2.2 - Melanose Induzida por Drogas O uso crescente de drogas tem sido relacionado com a hiperpigmentação da mucosa bucal. Embora muitos medi- camentos estimulem a produção de melanina, outras subs- tâncias podem ser depositadas, alterando a coloração tecidual (Thavarajah et al., 2006). Algumas drogas como: antimaláricos, antivirais (AZT), minociclinas, tranquilizantes, estrógeno e fenotiazinas po- dem causar hiperpigmentação, especialmente na mucosa gengival e bucal. As drogas antimaláricas podem produzir pigmentos que variam do azul ao negro, especialmente no tecido gengival (Gazi et al., 1986). A ciclofosfamida, um agen- Figura 2 – Mácula Melanótica Figura 3 – Melanose Induzida pelo Tabaco R. Periodontia - 19(3):49-55 52 te imunossupressor, também pode causar pigmentação nos tecidos bucais (figura 4). Como na maioria dos casos de hiperpigmentação, as mulheres são mais afetadas, especial- mente pelas interações sinérgicas com hormônios sexuais (Granstein & Sober, 1981). 2.3 - Tatuagem de Amálgama A tatuagem de amálgama é um tipo de pigmentação exógena, facilmente reconhecida pelo dentista, geralmente localizada próxima a áreas onde foram realizadas restaura- ções em amálgama (Westbur y & Najera, 1997; Buchner, 2004). O amálgama produz uma pigmentação preto-azulada, geralmente bem localizada e circunscrita (Gazi et al., 1986). A reação tecidual contra os restos de amálgama varia com o tamanho das partículas implantadas. Pouco se sabe sobre a ativação de células inflamatórias nesse tipo de lesão (Leite et al., 2004). Na maioria dos casos um sítio isolado é afetado, embora múltiplos sítios também possam estar presentes. As regiões mais comuns são a mucosa gengival e mucosa alveolar (figura 5). Radiografias da região pigmen- tada podem ser importantes no diagnóstico da lesão (figura 6). Uma vez diagnosticada como tatuagem de amálgama, não há necessidade de tratamento. Entretanto, se houver dúvida quanto ao diagnóstico, uma biópsia pode ser indicada (Buchner & Hansen, 1980; Martín et al., 2005). 3. Melanose Associada a Condições Patológicas 3.1 - Melanoma Oral (Maligno) Origina-se da transformação neoplásica de melanócitos ou de células névicas. A quantidade de exposição à luz solar, o grau de pigmentação natural e de lesões precursoras como nevos de junção, são fatores predisponentes para o melanoma. Não há predileção por sexo e melanoma bucal é pouco comum. Quando em boca, essa lesão acomete pala- to duro e gengiva, mas também pode ser localizada na mucosa jugal e lábios. A hiperpigmentação pode variar en- tre castanho, negro, azul e vermelho, e sua margem é irre- gular (Gaeta et al., 2002, Kemp et al., 2008). Este tipo de câncer deve sempre ser considerado em casos de lesões pigmentadas. Algumas características clíni- cas importantes devem ser consideradas para o diagnóstico do melanoma, denominada características clínicas “ABCD”: A de assimetria; B (Border) contorno irregular; C de colora- ção variada entre marrom, preto, azul, vermelho e branco e D de diâmetro maior que 6.0 mm (Friedman et al., 1985). Na maioria dos casos as lesões são preto-azuladas ou marrons escuras e começam como uma lesão macular focal que pro- gride rapidamente (Westbury & Najera, 1997; Mobio et al., 2008). 3.2 - Doença de Addison É causada pela diminuição na produção do hormônio corticosteróide devido à destruição do córtex adrenal. À etiologia relacionam-se os seguintes eventos: destruição autoimune; infecções (principalmente tuberculose e doen- Figura 4 – Pigmentação Induzida por Ciclofosfamida Figura 5 – Tatuagem de Amálgama R. Periodontia - 19(3):49-55 53 ças fúngicas) em pacientes portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS); e mais raramente tumo- res metastásicos, sarcoidoses, hemocromatose ou amiloidose (Shah et al., 2005). As características clínicas da Doença de Addison aparecem apenas em fase avançada, quando o te- cido glandular já foi destruído quase totalmente. Com isso pode-se observar a diminuição da produção de ACTH, a pre- sença de irritabilidade, depressão, hipotensão e fraqueza após alguns meses (Brosnan & Gowing, 1996; Gavren et al., 2002). Na cavidade bucal máculas e placas marrons difusas podem ser observadas na mucosa geralmente como uma manifes- tação primária da doença, sendo seguida pela pigmentação cutânea. Alguns autores caracterizam esta pigmentação oral sob a forma de manchas “café com leite”, podendo ser mais frequentemente observadas na gengiva, língua, mucosa jugal e palato duro (Gaeta et al., 2002). As lesões são amarronzadas, multi-locais ou difusas e ocorrem devido à diminuição do hormônio adenocorticotrófico. A hiperpigmentação é proeminente nos cotovelos, joelhos, nuca, etc. (Westbury & Najera, 1997; Gavren et al., 2002). 3.3 - Síndrome de Peutz-Jeghers A síndrome de Peutz-Jeghers (SP-J) é uma rara condição de base genética que integra quatro importantes aspectos: (1) pólipos gastrointestinais múltiplos de tipo hamartoma, (2) pigmentação melânica mucocutânea, (3) transmissão autossômica dominante, e (4) risco significativo de malignização em múltiplos órgãos (Lopes et al., 2004). As manifestações clínicas são bem definidas, caracteri- zadas por lesões pigmentadas nas mãos, pés, região periorofacial e mucosa oral em conjunto com a polipose in- testinal. Os pólipos intestinais podem sofrer transformação maligna para adenocarcinomas. Podem ainda sofrer ulcera- ções e hemorragias e causar dores abdominais e melena, bem como obstruçãointestinal e vômitos (Goldberg & Goldhaber, 1954; Pereira et al., 2005). As lesões de pele são muito semelhantes às sardas, sen- do as lesões orais representadas por uma extensão dessas sardas. As manchas melânicas caracterizam-se por sua cor acastanhada, são planas e de superfície lisa, geralmente ova- ladas e irregulares. Localizam-se preferencialmente nos lábi- os inferiores e mucosa bucal, poupando a língua (Costa et al., 1987; Gutierrez et al., 2001). Microscopicamente o epitélio é caracterizado como nor- mal, exceto por uma área de moderada acantose. O tecido mostra áreas com proliferação e elementos de outros teci- dos e com áreas de inflamação crônica (Goldberg & Goldhaber, 1954). A localização perioral de máculas multifocais de pigmentação melânica é o diagnóstico essen- cial (Westbury & Najera, 1997). 3.4 - Nevo Melanocítico É uma lesão congênita pigmentada composta de célu- las névicas. Estas células que se diferem dos melanócitos, pela tendência de formar “ninhos”, podem ser encontradas em tecido epitelial, conjuntivo de sustentação ou em am- bos. A origem não é bem compreendida, mas supõe-se que sejam células derivadas da migração da crista neural do epitélio do córion (Gaeta et al., 2002; Mobio et al., 2008). Nevos intrabucais são lesões raras que se apresentam como pápulas elevadas, às vezes não pigmentadas, no palato duro. São menos frequentes na mucosa jugal, labial, na gengiva, crista alveolar e no vermelhão dos lábios (Ide et al., 2007). Aproximadamente dois terços das lesões são encontradas em mulheres, cuja média de idade está em torno de 35 anos (Buchner et al., 1990). CONCLUSÃO Esta revisão de literatura enfatiza a importância de um correto diagnóstico das lesões pigmentadas na cavidade bucal, tendo em vista a grande variedade etiológica das mesmas. A decisão e indicação para a remoção das lesões pigmentadas devem ser baseadas principalmente na queixa do paciente, associadas ao correto diagnóstico de pigmen- tação fisiológica, estabelecendo assim diagnósticos diferen- ciais com outras alterações locais e sistêmicas que também podem manifestar lesões pigmentadas na cavidade bucal. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao professor Leandro Napier pelas Figura 6 – Exame radiográfico mostrando fragmentos de amálgama R. Periodontia - 19(3):49-55 54 fotos dos casos apresentados. Ao professor Rodrigo da Costa Seabra e a professora Diele Carine Barreto pelas contribuições. ABSTRACT Pigmented lesions in the oral cavity can be caused by a number of local and systemic factors, either physiological or pathological. Melanin is an endogenous granular pigment, producing colors that may range from yellow to black, secreted by basal layer melanocytes of the oral epithelium. Melanin and other pigment related changes can be triggered by trauma, infection, habits (smoking, gum chewing, types of food), medicine intake (antimalarials, minociclin) and some systemic factors such as Addison’s disease, Peutz Jeghers Syndrome and tumors. The physiological gingival melanotic pigmentation, also called Racial Melanosis, is not a pathological condition, which prevalence varies according to ethnic groups. Several surgical techniques for gingival depigmentation have been recently proposed, aiming at removing physiological pigmentation from gingival tissue. However, decision and indications for its removal should be based on a precise differential diagnosis, established against other findings that may also express pigmented lesions in the oral cavity. The purpose of this paper is to present a literature review on local and systemic changes that may lead to the occurrence of pigmented lesions in the oral mucosa, helping the dental surgeon (or practitioner) on finding the correct diagnosis for these changes. UNITERMS: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Amir E, Gorsky M, Buchner A, Sarnat H, Gat H. Physiologic pigmentation of the oral mucosa in Israeli children. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology 1991; 71: 396-398. 2- Ashri N, BDS, Gazi M, MScD, FDSRCPS. More unusual pigmentations of the gingiva. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology 1990; 70: 445-449. 3- Bastiaens MT, Westendorp RG, Vermeer BJ, Bavinck JN. Ephelides are more related to pigmentary constitutional host factors than solar lentigines. Pigment Cell Res 1999; 12: 316-22. 4- Brooks JK, Nikitakis NG. Gingival pigmentation of recent origin. Oral melanoacanthoma.Gen Dent 2008; 56:105, 108. 5- Brosnan CM, Gowing NF. Addison’s disease. 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