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Introdução à Economia I - uma introdução à microeconomia

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA I 
UMA INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 
 
 
Pedro Cezar Johnson Rodrigues de Britto * 
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2020. 
 
*Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 
 
 
 
 
 
Nota do autor: 
Este material consiste no meu caderno digital do curso Introdução à Economia I 
(FCE02-04565), ofertado pelo Departamento de Análise Quantitativa (DAQ) da 
Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, que realizei no primeiro semestre de 2012 
ministrado por Honorio Kume. Inclui um mix de notas de aulas, informações contidas 
em slides apresentados em sala de aula, pesquisas sobre temas específicos através dos 
materiais bibliográficos sugeridos ao longo do curso; bem como exercícios para cada 
tema, e soluções/desenvolvimento dos exercícios propostos na parte final do caderno. 
 
Caderno originalmente escrito em 2012. 
Última revisão/edição: 20 de agosto de 2020. 
2 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
SUMÁRIO 
 
1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
1.1 – Pensando como economista............................................................................... 8 
1.2 – Interdependência e ganhos de comércio ........................................................ 11 
2 – ALOCAÇÃO DE RECURSOS ............................................................................. 19 
2.1 – O sistema de preços: oferta, demanda e equilíbrio de mercado .................. 19 
2.1.1 - Demanda ..................................................................................................... 19 
2.1.2 – Oferta .......................................................................................................... 26 
2.1.3 – Equilíbrio de mercado ................................................................................ 31 
2.2 – Elasticidade e aplicações ................................................................................. 40 
2.2.1 – Elasticidade-preço da demanda ................................................................. 41 
2.2.2 – Elasticidade-preço cruzada ........................................................................ 50 
2.2.3 – Elasticidade-renda da demanda ................................................................. 51 
2.2.4 – Elasticidade-preço da oferta ...................................................................... 52 
2.3 – Intervenções governamentais: controle de preços e impostos ..................... 54 
3 – MERCADO E ECONOMIA DO BEM-ESTAR .................................................. 63 
3.1 – Excedentes do consumidor e do produtor e eficiência de mercado ............ 63 
3.2 – Tributação e bem-estar ................................................................................... 70 
3.3 – Impacto do comércio internacional sobre o bem-estar ................................ 74 
3.4 - Externalidades .................................................................................................. 84 
3.5 – Tipos de bens, bens públicos e recursos comuns ........................................... 94 
4 – SISTEMA TRIBUTÁRIO ................................................................................... 100 
4.1 – Imposto e eficiência ....................................................................................... 101 
4.2 – Imposto e equidade ........................................................................................ 102 
4.3 – Impostos e carga tributária no Brasil .......................................................... 105 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
3 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
5 – ESTRUTURA DE MERCADO ........................................................................... 109 
5.1 – Custos de produção ....................................................................................... 109 
5.2 – Concorrência perfeita .................................................................................... 120 
5.3 – Monopólio ....................................................................................................... 136 
5.3.1 – Discriminação de preços .......................................................................... 143 
5.4 – Concorrência monopolística ......................................................................... 152 
5.4.1 – Efeito da propaganda/marketing na competição ..................................... 161 
5.5 – Oligopólio ....................................................................................................... 163 
5.5.1 – Introdução à Teoria dos Jogos ................................................................. 168 
6 – INTRODUÇÃO À TEORIA DO CONSUMIDOR RACIONAL ..................... 176 
7 – INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA E 
ESCOLHA PÚBLICA ................................................................................................ 189 
7.1 – Informação assimétrica, risco moral e seleção adversa ............................. 189 
7.2 – Teoria da escolha pública (paradoxo eleitoral e teorema do eleitor 
mediado) .................................................................................................................. 191 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 199 
SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................ 200 
 
 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
4 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
1 – INTRODUÇÃO 
 
Economia, de uma forma simples, consiste no estudo de como a sociedade 
administra (ou decide) seus recursos (que são escassos1). 
As decisões econômicas ocorrem desde dentro do âmbito familiar quanto no 
âmbito de uma sociedade. Dentro de uma pequena família, podem surgir questões que 
envolvem decisões, tais como (a) quais das pessoas da família devem trabalhar fora, (b) 
quem será encarregado de preparar as refeições, ou ainda (c) como será gasto a renda da 
família. Estas decisões são importantes devido a questão da escassez de recursos, que no 
caso são o tempo e a renda. 
Dentro do âmbito da sociedade, inúmeras questões podem ser colocadas, como 
por exemplo, quem produzirá alimentos, ou quem produzirá calçados, etc. Dentro dos 
meios produtivos, há uma alocação de pessoas, máquinas, construções e terras. Outra 
questão seria de como será distribuído a produção entre os membros da sociedade. A 
escassez neste caso se refere a natureza limitada dos recursos da sociedade. 
Existem alguns princípios fundamentais que são estilizados nas Ciências 
Econômicas em geral, que envolvem como as pessoas tomam decisões, como as pessoas 
interagem e como a economia funciona. 
O processo decisório de um indivíduo é baseado nos seguintes princípios: 
➢ As decisões envolvem custos (“tradeoffs”)2. Isto refere-se ao ditado popular 
“não há nada de graça”; ou nas palavras de Friedman (economista ganhador 
do Prêmio Nobel de Economia em 1976), “não há almoço grátis”. Como 
exemplo de tradeoff, podemos citar a escolha de uma pessoa em um 
determinado momento, entre fazer uma graduação em Ciências Econômicas ou 
em Direito. Comoexemplos de tradeoffs clássicos de uma sociedade, podemos 
citar entre poluição ambiental versus renda; ou ainda entre eficiência versus 
igualdade. 
 
1 Entende-se que os recursos da natureza e de uma sociedade não são infinitos; o que implica que para 
cada tipo de recurso, existe um nível de escassez a ser observado. 
2 Trade-off ou tradeoff é uma expressão em inglês que significa o ato de escolher uma coisa em 
detrimento de outra. 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
5 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
o Eficiência significa que a sociedade consegue obter a maior 
produção com os seus recursos escassos. 
o Igualdade significa que todos os membros da sociedade recebem 
uniformemente os benefícios desta produção. 
➢ O custo é medido pelo custo de oportunidade; que em linhas gerais, 
significa o que se deixa de fazer para realizar alguma atividade. Assim, o custo 
econômico se difere do custo contábil. Por exemplo, imagine uma pessoa que 
decida fazer um curso de nível superior em Administração em uma 
universidade privada. O custo contábil corresponderia ao valor da mensalidade 
paga pelo estudante, e os custos de materiais e transporte. Já o custo 
oportunidade implica no que esta pessoa deixa de fazer para realizar tal 
atividade, que poderia ser realizar um curso superior em Ciências Econômicas. 
O custo oportunidade pode ser também mensurado de forma contábil, como 
por exemplo, a renda ou salário que esta pessoa teria se estivesse realizando 
alguma atividade no mercado de trabalho, mas que impossibilitada devido ao 
tempo escasso para realização do curso de nível superior. 
➢ As decisões são baseadas em valores marginais (adicionais). Apesar de 
algumas decisões serem do tipo “tudo ou nada”, como por exemplo, decidir 
fazer um curso de graduação, ou ainda escolher qual curso; a maioria das 
decisões envolve “um pouco mais”, ou “um pouco menos”. Por exemplo, 
podemos citar de exemplo questões como “o que fazer na próxima hora”, ou 
ainda “estudar mais, ou dormir mais um pouco”. Assim, no processo decisório, 
o vale a pena fazer uma determinada atividade se o benefício 
marginal é maior do que o custo marginal. No exemplo de “estudar 
mais” ou “dormir um pouco mais”, a decisão deve ser baseada no 
que gera um benefício maior do que o custo, e sempre observando 
a margem. Estudar mais pode implicar no benefício de aprender 
mais, com o custo do tempo, ou o custo oportunidade de dormir 
mais. Já dormir mais pode implicar no benefício de descansar o 
corpo e a mente, com o custo do tempo gasto dormindo. 
Dependendo do estado em determinado momento de uma pessoa, o 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
6 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
benefício marginal pode ser maior do que o custo marginal para as 
opções diferentes. 
o Benefício marginal, de uma forma geral, equivale a quantia 
máxima que um indivíduo está disposto a gastar para fazer alguma 
atividade. 
o Já o custo marginal corresponde ao custo de oportunidade. 
Em economia, é comum usarmos gráficos para representarmos as 
relações entre custos e benefícios marginais. A Figura 1 nos ilustra um tipo de 
gráfico padrão que usamos em Economia. 
 
➢ Incentivos afetam as decisões; logo os incentivos afetam o benefício 
marginal ou o custo marginal. As pessoas reagem aos incentivos, e os 
incentivos influenciam as decisões. 
Já a interação entre indivíduos é vista pelos seguintes princípios. 
➢ O comércio (trocas) pode ser bom para todos os indivíduos. As pessoas 
ganham ao se especializarem e comercializarem uns com os outros; e da 
mesma forma países ganham ao se especializarem e comercializarem uns com 
os outros. 
➢ O sistema de mercado é um bom mecanismo para organizar a atividade 
econômica. A coordenação da atividade produtiva é importante para a decisão 
sobre o que é importante produzir; e pode ser feita via planejamento central (do 
governo, por exemplo, quando o governo decide gastar em pesquisa contra 
câncer de mama, ou em segurança pública), ou via economia de mercado (a 
Figura 1 Ilustração de gráfico genérico em economia. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
7 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
chamada mão invisível, quando envolve consumidores, empresas e governo; 
por exemplo, quando a Apple decide produzir mais um iPhone ou um 
MacBook). 
É interessante que todos os dias ajudamos a decidir o que será produzido, o que 
ocorre até mesmo quando decidimos comprar entre um café ou Coca-Cola, ou ainda 
entre um sanduíche ou um salgado. Se os indivíduos valorizam muito um bem, seu 
preço tenderá a ser alto – pois preço elevado, implicando em maior lucro para firmas 
produtoras, estimula a produção. 
➢ Em alguns casos, o governo pode melhorar os resultados dos mercados. Um 
governo com boas instituições, pode assegurar o direito de propriedade, o 
cumprimento de contratos, etc.; pode corrigir falhas de mercado, como 
problemas de externalidades (no meio ambiente, por exemplo), e poder de 
compra (quando há pouca competição); e entre outras coisas, como distribuição 
de renda mais equitativa. 
➢ A produtividade define o nível de renda do país, e ela pode ser expressa 
entre a razão da produção com o seu número de trabalhadores. Em forma de 
equação matemática, temos que 
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
. 
A produtividade pode ser determinada pelo conjunto de tecnologia, de capital 
físico, de capital humano e de recursos naturais empregados. 
Sobre como uma economia funciona, um economista em formação descobrirá 
diversos padrões; e será citado a efeito de exemplificação dois princípios. 
➢ Um aumento generalizado de preços (inflação) normalmente decorre do 
aumento da quantidade de moeda no país. 
➢ No curto prazo, ocorre um “tradeoff” entre inflação e desemprego (nível de 
atividade). 
Podemos analisar o isto da seguinte forma. O aumento da moeda consiste num 
bom estímulo para o consumo; e o maior consumo estimula as empresas a contratar 
mais trabalhadores (para produzir mais). Uma contratação de trabalhadores significa 
menor desemprego. Por sua vez, o menor desemprego pode provocar maiores estímulos 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
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Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
e pressões por aumento nos salários. Maiores salários elevam os preços, gerando 
inflação. Assim, no final (longo prazo), o aumento da moeda provoca inflação. No 
entanto, até se atingir o longo prazo, os governos podem explorar o tradeoff entre 
inflação e desemprego (no curto prazo). 
 
1.1 – Pensando como economista 
 
Economia treina você a pensar em termos alternativos; avaliar o custo de 
escolhas individuais e sociais; e a examinar e entender como certos eventos e questões 
estão relacionados. 
O economista como um cientista deve desenvolver o raciocínio econômico, que 
é analítico e objetivo, utiliza o raciocínio abstrato – ou seja, deve-se sempre destacar 
entre diversos fatores osmais relevantes, e determinar relações de causalidade – e 
utiliza o método científico. 
No método científico, modelos abstratos ajudam a entender como um mundo 
real opera, levando em consideração que o mundo real é complexo e que economistas 
não podem fazer experimentos, assim a história oferece experimentos naturais. 
Um modelo em economia consiste em uma representação simplificada da 
realidade – geralmente apresentada por relações matemáticas entre as variáveis 
econômicas. 
As hipóteses são fundamentais para modelos a fim de entender como o mundo 
funciona na realidade. A arte no pensamento científico é decidir quais hipóteses 
devemos usar – e assim podemos usar hipóteses diferentes para responder questões 
diferentes. Através da coleta e análise de dados, podemos avaliar e inclusive definir 
teorias, sempre com base nos dados, validando ou eliminando hipóteses. 
Verificaremos agora dois modelos básicos em economia. 
De uma forma geral, no mundo real, existe um conjunto de relações entre 
pessoas/famílias com mercados de bens e serviços e mercado de fatores de produção, 
que por sua vez, mantêm relações com as firmas. A Figura 2 nos ilustra um modelo de 
diagrama do fluxo circular da renda. 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
9 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Na economia real no Brasil, existem milhões de pessoas envolvidas em diversas 
atividades; e uma pergunta pode ser como funciona esta economia. O diagrama do fluxo 
circular da renda nos mostra um modelo visual da economia, de como os reais circulam 
pelos mercados entre as famílias e empresas (firmas). 
Um segundo exemplo, consiste em modelo de fronteira de possibilidade de 
produção. Na economia real, milhares de bens e serviços são produzidos. No modelo, 
podemos estabelecer apenas dois bens, como carro e computador. Assim, a fronteira de 
possibilidade de produção mostra a combinação de dois bens que uma economia pode 
produzir, dadas a dotação de fatores de produção e a tecnologia disponível. A Figura 3 
nos ilustra um exemplo deste modelo. 
Figura 2 Diagrama do fluxo circular da renda. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
10 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Neste exemplo, verificamos que uma economia específica pode produzir três mil 
computadores e nenhum carro; como também pode produzir mil carros, mas nenhum 
computador. Da mesma forma, pode produzir 2200 computadores e 600 carros, 2000 
computadores e 700 carros, ou ainda 1700 computadores e 800 carros. A escolha ótima 
de produção vai variar de acordo com às diferenças de preços entre carros e 
computadores que produz. 
Assim, na fronteira de possibilidade de produção aplicam-se conceitos como 
eficiência, tradeoff, custo de oportunidade e crescimento econômico. 
A Microeconomia analisa as partes individuais da economia; ou seja, como as 
famílias e as firmas tomam decisões e como eles interagem em mercados específicos. 
A Macroeconomia analisa a economia como um todo; ou seja, os agregados 
econômicos, tais como inflação, desemprego, e crescimento econômico. 
Quando os economistas procuram explicar o mundo, são cientistas; e quando 
procuram alterar o mundo, são consultores de política. Assim podemos definir os 
conceitos de economia positiva e economia normativa. 
Uma análise positiva procura descrever o mundo como é; e assim é denominada 
como uma análise descritiva. 
Já uma análise normativa consiste em afirmações de como o mundo poderia ou 
deveria ser; e assim é denominada como uma análise prescritiva. 
Figura 3 Modelo gráfico de fronteira de possibilidade de produção. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
11 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
Por exemplo, “um aumento no salário mínimo provocará uma elevação na taxa 
de desemprego da mão-de-obra não qualificada” ou ainda “um aumento no déficit 
público provocará uma elevação na taxa de juros” consistem em frases de análise 
positiva, pois descreve, afirma relações que podem ser provadas. 
Já por outro lado, por exemplo, “o impacto decorrente de um aumento no 
salário-mínimo é mais importante do que uma eventual redução no emprego” consiste 
em uma frase de análise normativa, pois implica em uma opinião ou ainda uma 
sugestão. 
É comum muitas vezes economistas discordarem, tanto sobre a validade das 
teorias positivas sobre como o mundo funciona, quanto por terem juízos de valores 
diferentes, e, portanto, visões normativas diferentes. 
Exercício 1. Hillary precisa comprar o livro de Microeconomia indicado para a 
disciplina Economia no curso de Relações Internacionais do IBMEC. O preço na 
livraria Saraiva, localizada no térreo do IBMEC, é de R$ 120. Ela pode comprar no site 
Submarino.com.br por R$ 100, mais o custo da remessa do livro de R$ 10 cujo tempo 
de entrega é de 7 dias úteis. (a) Qual é o benefício marginal e o custo de oportunidade 
marginal de comprar no Submarino.com.br? (b) qual é a condição para Hillary comprar 
no Submarino.com.br? 
Exercício 2. A água é necessária para a vida. O benefício marginal de um copo d’água 
é grande ou pequeno? Vide soluções na seção final do caderno Soluções dos exercícios 
propostos. 
 
1.2 – Interdependência e ganhos de comércio 
 
Como economistas, devemos entender que todos podem se beneficiar com o 
comércio (compras e vendas); aprender o significado de vantagem absoluta e vantagem 
comparativa; reconhecer que a vantagem comparativa é a base para que a especialização 
e o comércio beneficiem ambos os parceiros; e sermos capazes de aplicar o conceito de 
vantagem comparativa em um contexto real. 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
12 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
Através da interdependência, obtemos ganhos com as trocas. Será apresentado 
um modelo simples, com apenas dois bens, carne e batatas; e apenas dois indivíduos, 
um agricultor e um pecuarista; e a hipótese consiste que ambos gostam tanto de carne 
quanto de batatas. 
Suponha que o agricultor produza somente batatas, e o pecuarista produza 
somente carne. E se questiona se eles ganham com a troca/comércio de bens. A resposta 
é sim, pois com as trocas, ambos podem consumir uma maior variedade de bens. 
Suponha agora que o agricultor produz batatas e carne, mas é melhor na 
produção de batatas; e o pecuarista produz batas e carne, mas é melhor na produção de 
carne. Desta forma, eles ganham com a troca e comércio de bens, onde cada um se 
especializa na atividade com melhor desempenho. 
Suponha agora novamente que tanto o agricultor quanto o pecuarista são capazes 
de produzir carne e batata; no entanto, que o agricultor gaste 60 minutos por dia para a 
produção de 1kg de carne por mês, e 15 minutos por dia na produção de 1kg de batatas 
por mês; e o pecuarista gaste 20 minutos por dia na produção de 1kg de carne por mês, e 
10 minutos na produção de 1kg de batatas por mês. A Tabela 1 nos ilustra a produção 
de bens por dia (com oito horas de trabalho) doagricultor e do pecuarista, caso cada um 
queira produzir somente carne, ou somente batatas. 
 
Podemos traçar um gráfico de fronteira de possibilidade de produção (FPP) 
tanto pro agricultor quanto para o pecuarista, conforme ilustrado na Figura 4. 
Tabela 1 Produção de bens por mês (com oito horas de trabalho por dia). 
Indivíduo/produtor Carne (kg) Batatas (kg) 
Agricultor 8 32 
Pecuarista 24 48 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
13 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Há três formas de se deslocar a FFP. Para exemplificarmos, consideraremos o 
caso do agricultor. Caso ele aumente a sua produtividade na produção de carne, de 8kg 
de carne produzida por dia para, por exemplo, 15kg, a FFP se desloca para a direita com 
o ponto fixo na produção de batatas em 32kg/dia. Caso ele aumente a sua produtividade 
na produção de batatas, de 32kg de batas produzida por dia para, por exemplo, 38kg, a 
FFP se desloca também para a direita, com o ponto fixo na produção de carne em 
8kg/dia. Estes dois casos são ilustrados na Figura 5. 
 
Outra forma consiste no aumento nas horas de trabalho, como por exemplo, de 
oito para dez horas por dia. Assim, o agricultor pode produzir 10 kg de carne ou 40 kg 
de batatas. Neste caso, a reta da FPP se desloca para a direita, conforme ilustrado na 
Figura 6. 
Figura 4 Fronteira de possibilidade de produção do agricultor e do pecuarista. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 5 Deslocamento da fronteira de possibilidade de produção 
do agricultor por aumento na produtividade. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
14 
 
Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
A FPP nos indica o tradeoff, ou seja, um deslocamento ao longo da FFP indica 
que produzir mais de um bem implica em reduzir a produção de outro bem. 
No caso do agricultor, em sua FPP original – como a linha é uma função linear, 
podemos aplicar a regra de três. Sendo a produção de batatas em 8 horas por dia de 
32kg, a produção por hora por dia é de 32𝑘𝑔 8ℎ⁄ = 4𝑘𝑔. Assim a produção de 1kg de 
batatas ocorre em 60𝑚𝑖𝑛 4𝑘𝑔⁄ = 15𝑚𝑖𝑛 por dia. Por outro lado, a produção de carne é 
8kg por 8 horas de trabalho diárias, e assim é de 1kg/h. Verificamos já que a produção 
de 1kg de batata se realiza em 15 minutos; e podemos verificar o quanto se dá de 
produção de carne neste mesmo tempo. Como a produção de carne é dada em 1kg/h de 
trabalho, em 15 minutos a produção de carne é de 1 4⁄ = 0,25𝑘𝑔. Assim verificamos 
que o custo de oportunidade de produzir um kg adicional de batatas é de 250 gramas de 
carne, conforme ilustrado na Figura 7. 
 
Figura 6 Deslocamento da fronteira de possibilidade de produção 
do agricultor por aumento nas horas de trabalho. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 7 Custo oportunidade do agricultor. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
Sem a troca, a FPP é igual a fronteira de possibilidade de consumo (FPC) do 
agricultor. Em uma média aritmética, o agricultor pode escolher produzir e consumir 
16kg de batatas e 4kg de carne. Da mesma forma, sem troca e em uma média aritmética 
de preferência, conforme exposto na Figura 4b, o pecuarista pode escolher em produzir 
e consumir 12kg de carne e 24kg de batatas. Assim, surge a questão: o comércio (troca) 
entre o agricultor e o pecuarista pode beneficiar ambos? 
Suponha que o pecuarista proponha ao agricultor que se especialize na produção 
de batatas, e para isto oferece 5kg de carne por 15kg de batatas. Caso o agricultor aceite 
a proposto, ele irá produzir 32kg de batatas, e nada de carne. No entanto, pagando os 
15kg de batatas, ele ainda terá 17kg de batatas mais 5kg de carne que receberá da troca. 
Assim, fica claro que o agricultor ganha com o comércio (a troca), pois ele obtém um 
consumo maior do que o permitido em sua FPP sem troca, conforme ilustrado na Figura 
8. 
 
Vejamos o que acontece neste caso com o consumo do pecuarista. Da Tabela 1, 
verificamos que ele consegue produzir 24kg de carne através do trabalho de 8 horas por 
dia; e assim ele consegue produzir 3kg de carne por hora diária trabalhada. Ele também 
consegue produzir 48kg de batatas através do trabalho de 8 horas por dia; e assim ele 
consegue produzir 6kg de batatas por hora diária trabalhada. 
Desta forma, ele pode escolher trabalhar seis horas por dia na produção de carne, 
e assim obter a produção de 18kg de carne por mês. Nas duas horas restantes de 
Figura 8 Consumo do agricultor com o comércio. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
trabalho por dia na produção de batatas, ele consegue produzir 12kg de batatas por mês. 
Fazendo a troca, ele paga 5kg de carne ao agricultor, sobrando então 13kg de carne para 
o seu consumo no mês; e recebendo 15kg de batatas do agricultor, somando com sua 
produção de 12kg, ele obtém então 27kg de batatas para o seu consumo mensal, 
conforme ilustrado na Figura 9. 
 
Assim verificamos que o pecuarista também ganha uma possibilidade de 
consumo superior com a existência do comércio. Neste modelo simples verificamos que 
ambos podem ganhar com a troca. Mesmo o pecuarista sendo mais produtivo (tendo 
vantagem absoluta) na produção de batatas e carnes; quando há trocas, e um se 
concentra (ou se intensifica) na atividade em que a produção relativa é maior (vantagem 
comparativa), ambos ganham. Nota-se que o ganho do comércio ocorre sem uma 
melhora na tecnologia ou nas horas trabalhadas. Daremos agora uma definição a estes 
termos. 
A vantagem absoluta é observada através da comparação das horas necessárias 
para produzir uma unidade de um produto, ou das produtividades (quantidade de 
produto por hora de trabalho) em cada atividade. No exemplo do modelo simples, é 
verificado através da Tabela 1 que o pecuarista possui vantagem absoluta tanto na 
produção de carne quanto de batatas em relação ao agricultor. 
Já a vantagem comparativa é observada através da comparação dos custos de 
oportunidade ou das produtividades relativas. No caso do agricultor do modelo simples, 
Figura 8 Consumo do pecuarista com o comércio. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
verificamos que o custo oportunidade na produção de 1kg de batatas é de 0,25kg de 
carne; e da mesma forma o custo oportunidade na produção de 1kg de carne é de 4kg de 
batatas. Já para o pecuarista, o custo oportunidade na produção de 1kg de carne é de 2kg 
de batatas, e da mesma forma, o custo oportunidadena produção de 1kg de batatas é de 
0,5kg de carne. A Tabela 2 mostra estes diferentes custos oportunidade na produção de 
carne e batatas pelo agricultor e pelo pecuarista. 
 
Na produção de batatas, verificamos que o agricultor tem menor custo 
oportunidade (1kg de batatas produzidas, equivale a deixar de produzir 0,25kg de carne; 
enquanto para o pecuarista, 1kg de produção de batatas implica em deixar de produzir 
0,5kg de carne), ou seja, o agricultor tem vantagem comparativa na produção de batatas. 
Já na produção de carne, verificamos que o pecuarista tem menor custo 
oportunidade (1kg de carne produzida equivale deixar de produzir 2kg de batatas; 
enquanto para o agricultor, 1kg na produção de carne equivale a deixar de produzir 4kg 
de batatas), ou seja, o pecuarista tem vantagem comparativa na produção de carne. 
Ambos ganham com o comércio (troca) porque ele é determinado pela vantagem 
comparativa. Isto aplica-se para cada indivíduo (ou país) que se especializar na 
produção do bem que tem vantagem comparativa, isto é, no produto com maior 
produtividade relativa. 
Um indivíduo ou país pode ter vantagem absoluta (produtividade absoluta) nos 
dois bens; mas um indivíduo ou país só pode ter vantagem comparativa (produtividade 
relativa) em apenas um bem. 
Como fatores que determinam a vantagem comparativa, podemos citar o talento 
e habilidades, inatas e adquiridas (educação, treinamento e experiência) quando 
tratamos de indivíduos. Já para países, podemos citar os recursos naturais, a dotação de 
fatores (quantidade e qualidade), a tecnologia, e instituições. 
No exemplo dado, as trocas beneficiam a ambos porque o preço é bom, ou seja, 
menor do que o custo para cada um. A troca proposta pelo pecuarista consiste em 5kg 
Tabela 2 Comparação dos custos de oportunidades no modelo simples. 
Indivíduo/produtor Carne/batatas (kg) Batatas/carne (kg) 
Agricultor 4 0,25 
Pecuarista 2 0,5 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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de carne por 15kg de batatas, ou seja, o preço de 1kg de carne é 3kg de batatas. Como o 
custo oportunidade da produção de 1kg carne pelo agricultor é de 4kg de batatas, logo 
este preço é menor do que seu custo. Esta mesma troca implica que 1kg de batatas custe 
0,33kg de carne para o pecuarista. Como seu custo oportunidade de produzir 1kg de 
batatas é de 0,5kg de carne, assim este preço também é bom para o pecuarista, pois é 
menor do que seu custo. Assim, ambos se beneficiam. 
Exercício 3. Considere uma pequena ilha isolada no Atlântico Sul. Seus habitantes 
cultivam batatas e pescam. A Tabela E3 mostra as combinações máximas de batata e 
peixe que essa economia pode produzir. Assim, (a) desenhe a fronteira de possibilidade 
de produção (coloque a quantidade de batatas no eixo horizontal) e mostre as escolhas A 
e F; (b) desenhe o ponto que representa a combinação de 500 quilos de peixe e 800 
quilos de batata. Essa economia pode produzir nesse ponto? Por que? (c) Calcule o 
custo de oportunidade de aumentar a produção de batatas de 600 para 800 quilos; (d) 
calcule o custo de oportunidade de aumentar a produção de batatas de 200 para 400 
quilos; e (e) explique por que as respostas dos itens c) e d) não são iguais. 
 
Vide soluções na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 
 
 
 
Tabela E3 Informações para desenvolvimento do Exercício 3. 
 
Fonte: KUME. 
 
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2 – ALOCAÇÃO DE RECURSOS 
2.1 – O sistema de preços: oferta, demanda e equilíbrio de mercado 
 
Um mercado pode ser classificado conforme o seu grau de competição. 
Em um mercado competitivo em concorrência perfeita, há um número grande de 
vendedores e compradores, e assim cada um é tomador de preço, ou seja, pessoas e 
firmas não influenciam o preço (devido ao grande número de agentes no mercado). Em 
concorrência perfeita, o bem é considerado homogêneo, e há livre entrada e saída de 
firmas. Um exemplo que poderia fazer parte de concorrência perfeita seria o mercado de 
produtos agrícolas. 
Já em um monopólio, há somente um vendedor; isto ocorre por exemplo na 
produção e distribuição de energia elétrica, ou da água de uma cidade. Um monopsônio 
ocorre quando há somente um comprador. 
Um oligopólio ocorre quando há um pequeno número de vendedores, como por 
exemplo no mercado de automóveis e TV a cabo. 
Por sua vez, a concorrência monopolística ocorre quando há grande número de 
vendedores com produtos diferenciados. De uma forma geral, a determinação do 
equilíbrio de um mercado competitivo se dá através da oferta e da demanda. 
 
2.1.1 - Demanda 
 
A demanda, ou quantidade demandada de um bem ou serviço corresponde a 
quantidade desse bem que os compradores desejam e podem adquirir. Como principal 
fator determinante da demanda, podemos citar o preço (𝑃). Segundo a Lei da Demanda, 
tudo o mais constante (ceteris paribus), a relação entre preço e a quantidade demandada 
(𝑄𝐷) é inversa ou negativa. 
Suponha um mercado de um 𝐵𝑒𝑚 𝑋, que seja composto apenas dois indivíduos, 
chamados 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜 𝐴 e 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜 𝐵, onde cada um destes indivíduos demanda uma 
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quantidade deste bem de acordo com o preço em que ele é ofertado, conforme 
apresentado na Tabela 3. 
 
Verifica-se que a quantidade demandada do 𝐵𝑒𝑚 𝑋 está em função do preço do 
bem para cada indivíduo. Apesar de ser um exemplo abstrato, pode-se pensar que este 
bem seja algum gênero alimentício, e que de graça, pelo preço de R$0,00, o Indivíduo A 
só se interesse em obter 12 unidades, enquanto o 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜 𝐵 por 10 unidades – caso 
adquiram respectivamente mais do que isto, o produto poderia vir a estragar – cada um 
dos indivíduos se diferenciariam pela quantidade que estariam apta para consumir em 
um determinado período de tempo que poderia ser alguma validade do alimento. O 
𝐵𝑒𝑚 𝑋 também poderia ser um barril de petróleo cru, e mesmo que ao preço de R$0,00, 
cada um dos indivíduos poderia adquirir tais determinadas quantidades (pelo espaço e 
local adequado para estoque destes barris que cada indivíduo teria). 
Podemos escrever o preço em função da quantidade que é demandada por cada 
indivíduo, de forma que 
𝑃 = 3 −
𝑄𝐴
4
, 𝑃 = 3 −
𝑄𝐵
2
. 
Esta forma matemática escrita é chamada de função da demanda inversa. De 
uma forma geral, quando a quantidade demandada é uma função linear, ela é escrita de 
forma que 𝑃 = 𝑎 − 𝑏𝑄𝐷. A demanda de mercado pode ser obtida somando as duas 
demandas individuais, e neste exemplo, 𝑄𝐷 = 𝑄𝐴 + 𝑄𝐵. Temos que 
𝑄𝐴 = −4𝑃 + 12, 𝑄𝐵 = −2𝑃 + 6; 
𝑄𝐷 = 𝑄𝐴 + 𝑄𝐵 = −6𝑃 + 18. 
E assim a função da demanda inversa de mercado será 
Tabela 3 Demanda do Bem 𝑋. 
Preço (R$) 𝑄𝐴 𝑄𝐵 𝑄𝐴+𝐵 
0,00 12 6 18 
0,50 10 5 15 
1,00 8 4 12 
1,50 6 3 9 
2,00 4 2 6 
2,50 2 1 3 
3,00 0 0 0 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
𝑃 = 3 −
𝑄𝐷
6
. 
A curva de demanda consiste numa representação gráfica da escala de demanda, 
e indica quanto do bem um indivíduo está disposto a comprar a cada nível de preço. No 
nosso exemplo, as curvas de demanda do 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜 𝐴, do 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜 𝐵 e a de mercado 
estão ilustradas na Figura 9. 
 
Verificamos que o preço faz a quantidade demandada se deslocar ao longo da 
curva de demanda. No entanto, há outros fatores que podem fazer a curva de demanda 
se deslocar de posição, tanto para a direita quanto para a esquerda. 
A renda (𝑅) seria um destes fatores. Para um bem normal, um aumento na renda 
dos indivíduos, pode fazer com que a quantidade demandada aumente, deslocando 
assim a curva da demanda para a direita; e caso a renda diminuía, o mesmo efeito 
oposto. Esta representa uma relação positiva. 
Já para um bem inferior3 (algo de qualidade inferior e que tenha preços menores, 
e que haja produtos substitutos com melhor qualidade, a um preço maior), a relação da 
quantidade demandada com a renda é negativa – pois neste caso, um aumento na renda 
poderia diminuir a quantidade demandada por este bem, deslocando a curva para a 
esquerda; e caso a renda diminua, o mesmo efeito inverso. A Figura 10 nos ilustra o 
efeito da variação de renda sobre a curva de demanda de um bem normal. 
 
3 Esta noção de bem inferior pode variar, e é relativo de indivíduo para indivíduo. 
Figura 9 Curvas de demanda. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Como um segundo fator de relevância que pode deslocar a curva de demanda, 
pode-se citar a variação de preço de outros bens (𝑃𝑂), que sejam substitutos
4 ou 
complementares do bem de referência analisado. Como bens substitutos, podemos citar 
como exemplo dois refrigerantes, a Coca Cola e a Pepsi Cola. Já para exemplificação de 
bens complementares, podemos citar uma pizza caseira de mussarela, que leva dois bens 
em sua composição, uma massa de pizza, e o queijo mussarela – e neste caso, estes dois 
bens são complementares. 
Para bens substitutos, caso o preço do outro bem aumente, a sua quantidade 
demandada aumenta, e caso o preço do outro bem diminua, a sua quantidade 
demandada cai. Ocorre uma relação positiva. Suponha um indivíduo que goste de 
refrigerante de cola, e que tenha certa preferência por Coca-Cola. Seja o preço de uma 
garrafa de Coca-Cola de R$10,00, e o preço de uma garrafa de mesmo tamanho de 
Pepsi Cola seja de R$6,00. Ele provavelmente irá adquirir mais Coca-Cola do que Pepsi 
Cola. Agora caso o preço da Pepsi Cola (o bem substituto) aumente para R$10,00, ele 
provavelmente irá demandar só por Coca Cola. Caso o preço da Pepsi Cola diminua, 
para por exemplo, R$3,00; é provável, de acordo com sua preferência, que ele diminua 
o seu consumo por Coca Cola e passe a demandar mais quantidade de Pepsi Cola. 
O deslocamento da curva de demanda pela variação do bem substituto é 
ilustrada na Figura 11. 
 
4 A substituibilidade entre os bens são relativas de pessoa para pessoa. 
Figura 10 Deslocamento da curva de demanda de um bem normal pela variação da renda. 
 
Fonte: KUME. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Para bens complementares, um aumento do preço do outro bem pode fazer com 
que a quantidade demandada pelo bem de referência diminua; e uma queda do preço do 
outro bem fazer com que a quantidade demandada pelo bem de referência aumente. Ou 
seja, a relação é negativa. Suponha que um indivíduo goste de fazer pizza caseira de 
mussarela, e assim ele compra massa de pizza que custe R$3,00. Suponha que o preço 
da mussarela necessário para que ele faça a pizza seja de R$2,00. Caso o preço da 
mussarela suba para R$4,00, provavelmente ele irá adquirir menos massa de pizza. Caso 
o preço da mussarela (o bem complementar) diminua para R$0,50, provavelmente ele 
irá adquirir mais massa de pizza. 
Um terceiro fator relevante que desloca a curva de demanda consiste na 
preferência ou gosto (𝐺), e tem relação positiva. Uma maior preferência gera um 
aumento na quantidade demandada, e uma menor preferência, gera uma diminuição na 
quantidade demandada. A preferência ou gosto é uma questão individual, no entanto, 
pessoas podem ter ausência de preferência por determinado bem que nem ao menos 
conheça. Assim, campanhas de marketing podem alterar às preferências individuais por 
determinados bens ou serviços. 
A Figura 12 nos ilustra o deslocamento da curva de demanda pelas mudanças na 
preferência. 
Figura 11 Deslocamento da curva de demanda pela variação de preços de seu bem substituto. 
 
Fonte: KUME. 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Um quarto fator importante que pode deslocar a curva de demanda consiste nas 
expectativas (𝐸𝑃). Por exemplo, suponha que haja expectativas de que o preço de 
determinado bem vá aumentar num futuro próximo, assim, é racional que haja um 
aumento na demanda presente deste bem. Da mesma forma ao contrário, caso haja 
expectativas de que o preço por determinado bem diminua num futuro próximo, é 
racional que a quantidade demandada por este bem diminua no presente. Em ambos os 
casos ocorre um deslocamento na curva da demanda, conforme ilustrado na Figura 13. 
 
Figura 12 Deslocamento da curva de demanda pela mudança na preferência. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 13 Deslocamento da curva de demanda presente por mudanças 
na expectativa do preço futuro de determinado bem. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
O mesmo ocorre quando há uma mudança nas expectativas sobre a renda das 
pessoas. Caso haja uma expectativa de que a renda futura aumente, a quantidade 
demandada também aumenta; e caso haja uma expectativa de que a renda futura 
diminua, a quantidade demandada também diminui. A Figura 14 nos ilustra os 
deslocamentos da curva demanda com relação às expectativas de variações na renda. 
 
Como um quinto fator relevante para a determinação da curva de demanda, 
pode-se cita o número de consumidores (𝑁𝐶), ou tamanho de mercado. Caso haja um 
aumento no número de consumidores, é natural que a quantidade demandada aumente; e 
da mesma forma ao contrário, caso se diminua o número de consumidores, a quantidade 
demandada diminui. A Figura 15 nos ilustra este caso. 
 
Figura 14 Deslocamento da curva de demanda presente por mudanças 
na expectativa da renda futura. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 15 Deslocamento da curva de demanda pela variação no número de consumidores. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
Verificamos assim que o preço do próprio bem gera um movimento ao longo da 
curva de demanda, enquanto os fatores renda, preços de bens relacionados, preferências, 
expectativas e número de consumidores impactam em um deslocamento da curva da 
demanda, conforme ilustrado na Figura 16. 
 
De uma forma geral, a curva de demanda em função destes fatores mencionados, 
pode ser escrita na forma matemática como 
𝑄𝐷 = 𝑓(𝑃, 𝑅, 𝑃𝑜 , 𝐸𝑃, 𝐺, 𝑁𝐶). 
 
2.1.2 – Oferta 
 
A quantidade ofertada de um bem ou serviço corresponde a quantidade que os 
ofertantes querem e podem vender. Pela Lei da Oferta, tudo o mais constante (ceteris 
paribus), a relação entre o preço (𝑃) e a quantidade ofertada (𝑄𝑂) é positiva. Isto 
significa que se o preço aumenta, a quantidade ofertada também aumenta; e se o preço 
diminui, a quantidade ofertada também diminui. 
Suponha que em determinado mercado de bem ou serviço, existem apenas duas 
firmas, chamadas 𝐹𝑖𝑟𝑚𝑎 𝑋 e 𝐹𝑖𝑟𝑚𝑎 𝑌, que têm capacidade de produzir e ofertar um 
determinado 𝐵𝑒𝑚 𝑋. A Tabela 4 nos mostra a escala de oferta de ambas as firmas, ou 
seja, o quanto elas podem ofertar em cada nível de preço do bem. 
Figura 16 Deslocamento ao longo da curva de demanda versus deslocamento da curva de demanda. 
 
Fonte: KUME. 
 
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A oferta de mercado é dada pela soma das ofertas da firma 𝑋 e 𝑌, e assim 𝑄𝑂 =
𝑄𝑋 + 𝑄𝑌. A Figura 17 nos ilustra estas curvas de oferta. 
 
Verificamos que as ofertas são idênticas para ambas as firmas neste exemplo, e 
podem ser expressas pelas equações 
𝑃 = 0,5 + (
1
2
) 𝑄𝑋 , 𝑃 = 0,5 + (
1
2
) 𝑄𝑌. 
Somando as duas equações, temos que 
2𝑃 = 1 + (
1
2
) (𝑄𝑋 + 𝑄𝑌), 
𝑃 =
1
2
+ (
1
4
) (𝑄𝑋 + 𝑄𝑌). 
Como a oferta do mercado é definida por 𝑄𝑂 = 𝑄𝑋 + 𝑄𝑌, substituindo na equação 
temos que 
Tabela 4 Escala de oferta das firmas X e Y. 
Preço (R$) 𝑄𝑋 𝑄𝑌 𝑄𝑋+𝑌 
0,00 0 0 0 
0,50 0 0 0 
1,00 1 1 2 
1,50 2 2 4 
2,00 3 3 6 
2,50 4 4 8 
3,00 5 5 10 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 17 Curvas de oferta das firmas 𝑋 e 𝑌. 
 
Fonte: KUME. 
 
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𝑃 = 0,5 +
𝑄𝑂
4
. 
Como primeiro fator relevante que desloca a curva de oferta, temos o preço dos 
insumos (𝑃𝐼), que modifica o custo de produção. Caso o preço dos insumos aumente, a 
quantidade ofertada diminui; e caso o preço dos insumos diminua, a quantidade ofertada 
aumenta. A Figura 18 ilustra este efeito da variação de preços dos insumos em relação a 
curva de oferta. 
 
Neste exemplo, pela curva de oferta 𝑂1, caso o preço seja de 9, a quantidade 
ofertada é de 5. Com uma queda no preço dos insumos, mantendo a oferta em 5 
unidades, o preço pode cair para 7. No entanto, mantendo o preço em 9, a oferta pode 
subir para 8 unidades. Agora caso o preço dos insumos aumente, mantendo o preço em 
9, a oferta cai para 3 unidades. Podemos levar em consideração que o preço seja dado 
pelo mercado, como em concorrência perfeita. 
Um segundo fator relevante que altera o custo de produção deslocando a curva 
de oferta consiste na tecnologia (𝑇). Uma melhor tecnologia gera menor custo, e logo a 
curva da oferta se desloca para a direita. Da mesma forma, uma piora da tecnologia gera 
um maior custo, e a curva da oferta se desloca para esquerda, conforme ilustrado na 
Figura 19. 
Figura 18 Deslocamento da curva de oferta pela variação de preço dos insumos. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
29 
 
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Um terceiro fator relevante que desloca a curva da oferta consiste na expectativa 
do preço futuro (𝐸𝑃). Caso se espere que o preço de um bem aumente num futuro 
próximo, a quantidade ofertada no presente diminui; e caso se espere que o preço deste 
bem diminua no futuro, a quantidade ofertada no presente aumenta, conforme ilustrado 
pela Figura 20. 
 
Um quarto fator que desloca a curva de oferta consiste na variação do número de 
firmas ofertantes (𝑁𝐹). Um aumento no número de firmas aumenta a quantidade 
ofertada, e uma diminuição no número de firmas ofertantes, diminui a quantidade 
ofertada, conforme ilustrado na Figura 21. 
Figura 19 Deslocamento da curva de oferta pela variação de tecnologia. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 20 Deslocamento da curva de oferta pela expectativa do preço futuro. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Um quinto fator relevante constitui na variação de preço de um substituto da 
produção (𝑃𝑆). Ou seja, se uma firma pode produzir um outro bem substituto que varia 
de preço, esta variação pode causar um deslocamento na curva de oferta do bem que 
manteve seu preço constante. Caso o preço do bem substituto de produção aumente, é 
natural de uma firma ofertar menor quantidade do bem de referência (e passe a ofertar 
maior quantidade do bem substituto que está com um preço de mercado maior); e da 
mesma forma ao contrário, conforme ilustrado na Figura 22. 
 
Verificamos assim, que da mesma forma que na demanda, o preço gera um 
movimento ao longo da curva de oferta; e o preço dos insumos, a tecnologia, o número 
de firmas, as expectativas e o preço de bens substitutos na produção deslocam a curva 
da oferta, conforme ilustrado na Figura 23. 
Figura 21 Deslocamento da curva de oferta pela variação no número de firmas. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 22 Deslocamento da curva de oferta pela variação no preço do bem substituto de produção. 
 
Fonte: KUME. 
 
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31 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
A oferta pode ser então expressa em termos matemáticos pela função 
𝑄𝑂 = 𝑓(𝑃, 𝑃𝐼 , 𝑇, 𝑁𝐹, 𝐸𝑃, 𝑃𝑆), 
onde cada termo indica uma variável explicativa conforme os exemplos dados. 
 
2.1.3 – Equilíbrio de mercado 
 
O mercado de um bem está em equilíbrio quando, a um dado preço, a quantidade 
que os consumidores desejam e podem comprar (𝑄𝐷) é igual à quantidade que as firmas 
querem e podem vender (𝑄𝑂). Ou seja, o mercado de um bem está em equilíbrio 
quando 𝑄𝐷 = 𝑄𝑂 = 𝑄
∗. 
Consideremos o 𝐵𝑒𝑚 𝑋 utilizado para exemplo da Demanda e da Oferta, e os 
dados apresentados na Tabela 3 e na Tabela 4. 
A Tabela 5 nos mostra a oferta e demanda de mercado do 𝐵𝑒𝑚 𝑋, ou seja, a 
soma das demandasdos indivíduos 𝐴 e 𝐵, e a soma das ofertas das firmas 𝑋 e 𝑌. 
Figura 23 Deslocamento ao longo da curva de oferta versus deslocamento da curva de oferta. 
 
Fonte: KUME. 
 
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32 
 
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Verificamos que a quantidade da demanda se iguala a quantidade da oferta no 
preço de R$2,00, e assim a quantidade 6 é a quantidade de equilíbrio de mercado, assim 
como o preço de R$2,00 é o preço de equilíbrio de mercado. A Figura 24 nos ilustra 
estas curvas de oferta e demanda, e o ponto de equilíbrio de mercado do 𝐵𝑒𝑚 𝑋. 
 
No entanto, não é necessário se consultar uma tabela para se determinar o ponto 
de equilíbrio de mercado, para isto uma simples álgebra basta. Verificamos que a 
demanda do 𝐵𝑒𝑚 𝑋 é dada por 𝑃 = 3 − 𝑄𝐷 6⁄ , e a oferta é dada por 𝑃 = 0,5 + 𝑄𝑂 4⁄ ; 
como em equilíbrio 𝑄𝑂 = 𝑄𝐷 = 𝑄
∗, para determinarmos 𝑄∗ e 𝑃∗5, basta então 
substituirmos algum 𝑃 das equações, e assim obtemos 
3 −
𝑄∗
6
= 0,5 +
𝑄∗
4
; 
 
5 Utilizamos aqui a nomenclatura sobrescrita asterisco para indicar situações ótimas ou de equilíbrio. 
Tabela 5 Oferta e demanda de mercado do 𝐵𝑒𝑚 𝑋. 
Preço (R$) 𝑄𝐷 𝑄𝑂 
0,00 18 0 
0,50 15 0 
1,00 12 2 
1,50 9 4 
2,00 6 6 
2,50 3 8 
3,00 0 10 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 24 Equilíbrio de mercado do 𝐵𝑒𝑚 𝑋. 
 
Fonte: KUME. 
 
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33 
 
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3 − 0,5 =
𝑄∗
6
+
𝑄∗
4
; 
2,5 =
4𝑄∗ + 6𝑄∗
24
=
10𝑄∗
24
=
5𝑄∗
12
; 
30 = 5𝑄∗; 
𝑄∗ =
30
5
= 6. 
Obtendo a quantidade de equilíbrio, basta agora substituirmos em alguma das 
equações, como por exemplo, na da demanda, e assim obtemos que 
𝑃∗ = 3 −
6
6
= 3 − 1 = 𝑅$2,00. 
Consideremos agora que o preço do 𝐵𝑒𝑚 𝑋 esteja em R$2,50. Nesta situação, o 
mercado está em desequilíbrio. Resolvendo as equações de oferta e demanda, ou 
observando a Tabela 5, verificamos que a quantidade de oferta neste preço é 8 unidades, 
e a de demanda é de 3 unidades; ou seja, a quantidade de oferta é superior a de 
demanda, conforme ilustrado na Figura 25. 
 
Neste caso de excesso de oferta, a força do mercado faz o preço cair para 
R$2,00, para que assim se atinja o equilíbrio. 
Consideremos agora que o preço do 𝐵𝑒𝑚 𝑋 esteja em R$1,50. Neste caso, a 
quantidade de oferta é 4 unidades, e a de demanda é 9 unidades, e assim a quantidade 
Figura 25 Excesso de oferta do 𝐵𝑒𝑚 𝑋. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
34 
 
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demandada é superior a quantidade de oferta. Ocorre um excesso de demanda, como 
ilustrado na Figura 26. 
 
Neste caso agora, a Lei da oferta e da demanda pressiona para que o preço 
aumente para R$2,00, para que assim o mercado atinja o equilíbrio. 
Tanto em micro quanto em macroeconomia, o estudo de comparação entre dois 
pontos de equilíbrio é chamado de estática comparativa. Verificamos já que diversos 
fatores podem deslocar tanto a curva de oferta quanto a curva de demanda tanto para a 
direita quanto para a esquerda. Veremos agora como isto pode afetar o equilíbrio de 
mercado. 
Considere agora o impacto de aumento na renda. Como já vimos, o aumento na 
renda faz a curva de demanda se deslocar para direita, conforme ilustrado agora na 
Figura 27. 
Figura 26 Excesso de demanda do 𝐵𝑒𝑚 𝑋. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
35 
 
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Este aumento na renda, faz com que haja um excesso temporário de demanda – 
pois no mesmo preço e com a curva de demanda deslocada para direita, a demanda se 
torna superior a quantidade ofertada. Assim, pela Lei da Oferta e da Demanda, o 
mercado pressiona o preço a subir, fazendo com que o ponto se desloque agora ao longo 
da nova curva de demanda, até que seja atinja um equilíbrio, conforme ilustrado na 
Figura 28. 
 
Assim, a estática comparativa analisa as mudanças do ponto de equilíbrio devido 
a qualquer fenômeno. Nesta análise, é importante observar se é a curva de demanda que 
Figura 27 Impacto de aumento na renda. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 28 Estática comparativa de aumento na renda. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
36 
 
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se desloca, ou se é a curva de oferta, ou se ambas que se deslocam. É necessário 
verificar se o fenômeno faz cada uma das curvas se deslocar para direita ou para 
esquerda; e assim determinar o novo ponto de equilíbrio e verificar as alterações no 
preço e quantidade de equilíbrio. 
Consideremos agora o impacto de um aumento no preço do insumo. Conforme 
visto na Seção 2.1.2, o aumento no preço do insumo faz com que a curva de oferta se 
desloque para a esquerda, criando assim um excesso de demanda para o nível dado de 
preço. Assim, este excesso de demanda provoca o mercado deste bem a aumentar o seu 
preço, para que assim se atinja um novo equilíbrio, conforme ilustrado na Figura 29. 
 
Seja considerado agora o impacto do aumento na renda e no preço do insumo. 
Como já vimos, o aumente na renda desloca a curva de demanda para a direita, e o 
aumento no preço do insumo desloca a curva de oferta para a esquerda. Nos dois casos, 
a força de mercado impulsiona uma elevação do preço do bem para um novo ponto de 
equilíbrio. No entanto, a nova quantidade de equilíbrio poderá ser superior ou inferior a 
quantidade de equilíbrio antes destes impactos, e vai depender das forças relativas entre 
o aumento da renda e o aumento do preço do insumo. Como já visto, o aumento da 
renda impulsiona a uma quantidade maior no equilíbrio, e o aumento do preço do 
insumo impulsiona a uma quantidade menor no equilíbrio. A Figura 30 nos ilustra a 
Figura 29 Estática comparativa do aumento do preço de insumo. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
37 
 
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estática comparativa deste caso, com quantidade de equilíbrio final maior, e com 
quantidade de equilíbrio final menor. 
 
Apesar destes exemplos serem abstratos, eles podem ser ilustrados. Uma queda 
do preço de um insumo, pode corresponder a queda do preço do petróleo e seu efeito no 
mercado de combustível, como da gasolina. Um aumento no preço de insumo, pode 
corresponder a um aumento no preço do trigo e seu impacto no mercado de massas 
alimentícias, como por exemplo, do macarrão. Estes casos fazem os respectivos 
mercados terem suas curvas de oferta deslocadaspara direita e para esquerda 
respectivamente. 
Figura 30 Estática comparativa do aumento da renda e do preço de insumo. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
38 
 
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Apesar de no último exemplo, de aumento no preço do insumo e na renda dos 
consumidores, a quantidade final de equilíbrio depender das forças de aumento nos 
preços; há casos em que dependendo do formato das curvas, a quantidade final em 
equilíbrio seja superior ou inferior a inicial independente das forças de aumento nos 
preços. 
Considere um aumento na renda da população consumidora de arroz; e que a 
oferta em determinado momento da safra de arroz seja fixa. Este aumento de renda só 
impulsionará então um aumento no preço do arroz para que o mercado entre em 
equilíbrio, mas a quantidade permanecerá a mesma. Considere agora que além do 
aumento na renda, ocorra uma quebra de safra do arroz. Neste caso agora, além do 
preço aumentar, a quantidade de equilíbrio também diminui, conforme ilustrado na 
Figura 31. 
 
Exercício 4. Suponha que a Tabela E4A mostre as quantidades demandadas e 
ofertadas de lagostas a cada preço no Brasil. 
Figura 31 Estática comparativa do aumento da renda dos consumidores 
de arroz e quebra de safra no mercado de arroz. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
39 
 
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(a) desenhe as curvas de demanda e de oferta. Qual é o preço e a quantidade de 
equilíbrio no mercado brasileiro de lagostas? (b) Suponha agora que os produtores de 
lagosta descobrem que podem vender no mercado norte-americano. A Tabela E4B 
mostra a demanda pelas lagostas brasileiras no mercado dos EUA. 
 
Calcule a demanda total das lagostas brasileiras. (c) Desenhe novamente as curvas de 
demanda e de oferta. Quais serão o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado de 
lagostas? (d) O que acontecerá com o preço pago pelos consumidores brasileiros? E 
com a quantidade? 
Exercício 5. Suponha que você seja o economista de uma empresa que vende 
lubrificantes industriais em um mercado competitivo, e tem as seguintes informações 
sobre a oferta e demanda: 
𝑄𝐷 = 45 − 2𝑃; 𝑄𝑂 = −15 + 𝑃, 
Tabela E4A Mercado de lagostas do Brasil. 
 
Fonte: KUME. 
 
Tabela E4B Demanda de lagostas do Brasil nos EUA. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
40 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
onde 𝑃 representa o preço em reais, e 𝑄 a quantidade em mil latas de um litro. 
Determine o preço e a quantidade de equilíbrio neste mercado, e faça o gráfico. 
Exercício 6. Considere o mercado de um bem dado por 
𝑄𝐷 = 100 − 2𝑃 + 𝑅; 𝑄𝑂 = 40 + 4𝑃, 
onde 𝑃 representa o preço em reais, 𝑅 a renda em reais, e 𝑄 a quantidade em toneladas. 
(a) Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio quando a renda é igual a 60 reais. 
Desenhe as curvas de oferta e de demanda e indique o ponto de equilíbrio. (b) Calcule o 
preço e a quantidade de equilíbrio quando a renda é igual a 90 reais. No gráfico anterior, 
desenhe a nova curva de demanda e indique o novo ponto de equilíbrio. Vide soluções 
na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 
 
2.2 – Elasticidade e aplicações 
 
Considere o seguinte problema. Um governo preocupado com a saúde pública 
devido ao consumo de uma nova droga 𝑋 ilegal extremamente viciante, efetuou uma 
investigação e apreendeu uma parte significativa desta droga dos traficantes. Em nosso 
modelo de oferta e demanda, o resultado econômico desta apreensão das drogas 
constitui em uma diminuição da oferta; ou seja, a curva de oferta é deslocada para a 
esquerda. No entanto, será que o consumo desta droga 𝑋 diminuiu significativamente? 
O resultado gráfico é expresso na Figura 32. 
 
Figura 32 Equilíbrio de mercado da droga 𝑋. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
41 
 
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Neste caso, verificamos que a quantidade de equilíbrio não diminui 
significativamente, apesar do aumento significativo do preço. Isto pode ser explicado 
pelo caráter altamente viciante da droga 𝑋, assim seus consumidores podem se 
demonstrar pouco sensíveis a variação do preço. 
Em uma função 𝑌 = 𝑓(𝑋), onde 𝑌 pode ser a quantidade de demanda ou 
quantidade de oferta, e 𝑋 o preço; o tema elasticidade se refere a quanto 𝑌 é sensível a 
variações de 𝑋. 
Assim, elasticidade consiste em uma medida de sensibilidade de uma variável 
em relação a outra. 
 
2.2.1 – Elasticidade-preço da demanda 
 
Verificamos que uma forma de representar a quantidade de demanda consiste em 
coloca-la em função de principais variáveis explicativas, de forma que 𝑄𝐷 =
𝑓(𝑃, 𝑃𝑂 , 𝑅, 𝐺, 𝑁𝐶, 𝑃𝐸). Variando 𝑃, e mantendo todas as demais variáveis constantes, 
podemos verificar a elasticidade-preço da demanda. Assim, 
𝜀𝑃
𝐷 = −
𝛥𝑄𝐷
𝑄𝐷
%
𝛥𝑃
𝑃 %
⇒ |𝜀𝑃
𝐷|. 
A Figura 33 nos ilustra a elasticidade-preço da demanda. 
 
Figura 33 Elasticidade-preço da demanda. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
42 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
A elasticidade-preço da demanda se difere pelo caminho a ser analisado, como 
por exemplo do movimento de um equilíbrio 𝐸1 para 𝐸2, ou de 𝐸2 para 𝐸1, conforme 
exemplificado na Figura 34. 
 
No entanto, podemos calcular a elasticidade-preço da demanda no ponto médio, 
de forma que 
𝜀𝑃
𝐷 = −
𝛥𝑄
(𝑄1 + 𝑄2) 2⁄
𝛥𝑃
(𝑃1 + 𝑃2) 2⁄
. 
No exemplo ilustrado pela Figura 34, a elasticidade-preço da demanda medida é 
definida como 
𝜀𝑃
𝐷 = −
2
(12 + 14) 2⁄
0,5
(1 + 1,5) 2⁄
 
= −
2
13
0,5
1,25
= −
2,5
6,5
≅ −0,3846. 
No caso em que 𝜀𝑃
𝐷 = −0,5 = |−0,5| = 0,5, a elasticidade-preço da demanda 
pode ser interpretada de forma que se o preço cai 1%, a quantidade demandada aumenta 
em 0,5%; e da mesma forma, se o preço cai em 10%, a quantidade demandada aumenta 
em 5%. 
Observa-se que a elasticidade é um número puro, ou seja, não depende das 
unidades de medida (necessita-se apenas que as unidades de medida sejam a mesma 
Figura 34 Elasticidade-preço da demanda em dois pontos de equilíbrio. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
43 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
durante o cálculo da elasticidade). Podemos citar uma lista dos principais fatores 
determinantes da 𝜀𝑃
𝐷. 
• Existência de bens substitutos: quanto maior o número de substitutos, 
maior é a elasticidade-preço da demanda. 
o Por exemplo, é racional inferirmosque haja mais bens substitutos de 
biscoito Maizena do que de sal; assim 𝜀𝑃
𝐷 do sal <
𝜀𝑃
𝐷 𝑑o biscoito Maizena. 
• Bens de primeira necessidade têm elasticidade-preço da demanda menor 
do que os bens supérfluos. 
o Por exemplo, podemos inferior que o feijão seja um bem de primeira 
necessidade, enquanto a cerveja seja um bem supérfluo. Assim, 
𝜀𝑃
𝐷 do feijão < 𝜀𝑃
𝐷 da cerveja. 
• Bens de um mercado amplo têm elasticidade-preço da demanda menor 
do que um mercado restrito a um bem. 
o Por exemplo, consideremos a variedade no número de refrigerantes, 
como Coca-Cola, Pepsi Cola, Guaraná, soda de limonada, etc. Assim, 
𝜀𝑃
𝐷 da Coca Cola (marca específica) > 𝜀𝑃
𝐷 de refrigerantes. 
• O período de tempo também interfere na elasticidade-preço de demanda. 
Mudanças que simplesmente não são possíveis de serem realizadas em 
um curto espaço de tempo, podem ser realizáveis em um período de 
tempo maior. 
o Por exemplo, consideremos que o preço da gasolina aumente em 10%. 
É racional pensarmos que a quantidade de gasolina que diminui em 1 
ano seja menor em 1 ano do que em 5 anos (consumidores de carro 
poderão optar no futuro por carros que utilizem outro tipo de 
combustível). Assim, 𝜀𝑃
𝐷 da gasolina em 1 ano <
𝜀𝑃
𝐷 da gasolina em 5 anos. 
A elasticidade-preço da demanda pode ser classificada como elástica, 
perfeitamente elástica, inelástica, perfeitamente inelástica, ou unitária. 
Quando a variação percentual na quantidade é menor do que a variação 
percentual no preço, isto significa que a demanda é pouco sensível ao preço, e assim a 
chamamos de inelástica. Isto ocorre quando 0 < |𝜀𝑃
𝐷| < 1. 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
44 
 
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à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
Por outro lado, caso a variação percentual na quantidade seja maior do que a 
variação percentual na quantidade, isto significa que a demanda é muito sensível ao 
preço, e assim a chamamos de elástica. Isto ocorre quando |𝜀𝑃
𝐷| > 1. 
Caso a variação percentual a quantidade seja igual a variação percentual no 
preço, chamamos esta demanda de unitária. Isto ocorre quando |𝜀𝑃
𝐷| = 1. 
Em um caso extremo, caso a variação percentual na quantidade seja muito maior 
do que a variação percentual no preço, dizemos que a demanda é extremamente sensível 
ao preço, ou seja, que é perfeitamente elástica. Isto ocorre quando |𝜀𝑃
𝐷| → ∞. 
Em outro caso extremo, quando a variação percentual a quantidade é nula diante 
de uma variação percentual no preço, dizemos que a demanda não apresenta qualquer 
sensibilidade ao preço, assim chamamos de perfeitamente inelástica. Isto ocorre quando 
𝜀𝑃
𝐷 = 0. 
A Figura 35 nos esquematiza estas classificações da elasticidade-preço da 
demanda. 
 
Nas Figuras 36, 37, 38, 39 e 40 serão ilustrados gráficos exemplificativos 
respectivamente de demanda ou trajetória entre pontos na curva da demanda que seja 
perfeitamente inelástica, elástica, unitária, inelástica e perfeitamente elástica. 
Figura 35 Classificação da elasticidade-preço da demanda. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
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Figura 36 Elasticidade-preço da demanda perfeitamente inelástica. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 37 Elasticidade-preço da demanda elástica. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 38 Elasticidade-preço da demanda unitária. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
46 
 
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Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
 
A Tabela 6, com dados de um estudo publicado em Cambridge em 1970, nos 
ilustra a elasticidade-preço da demanda observada no mercado de determinados 
bens/serviços. A interpretação pode ser feita pelo leitor. 
Figura 39 Elasticidade-preço da demanda inelástica. 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 40 Elasticidade-preço da demanda perfeitamente elástica. 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
47 
 
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Como a receita total (RT) de vendas de algum produto é determinado pela 
relação preço e quantidade, ou seja, 𝑅𝑇 = 𝑃𝑄; assim, de acordo com a demanda, 
quando o preço aumenta, o preço cai; e a receita total varia de acordo com a 
elasticidade. 
Se a elasticidade-preço da demanda é inelástica, ocorre ganho na receita total 
com um aumento no preço, conforme ilustrado na Figura 41. 
 
Se a elasticidade-preço da demanda é elástica, ocorre perda na receita total com 
um aumento do preço, conforme ilustrado na Figura 42. 
Tabela 6 Elasticidade-preço da demanda em alguns mercados. 
Bem/serviço Elasticidade-preço da demanda 
Demanda inelástica 
Ovos 0,1 
Carne 0,4 
Artigos de papelaria 0,5 
Gasolina 0,5 
Demanda elástica 
Habitação 1,1 
Refeições em restaurante 2,3 
Viagem aérea 2,4 
Viagem no exterior 4,1 
 
Fonte: KRUGMAN e WELLS, 2006. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 41 Receita total e demanda inelástica (|𝜀𝑃
𝐷| < 1). 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
48 
 
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Já para o caso de uma elasticidade-preço da demanda unitária, a receita total não 
varia com mudanças no preço, conforme ilustrado na Figura 43. 
 
A Tabela 7 nos esquematiza bem o impacto na receita total conforme variações 
de preços nos diferentes tipos de demanda. 
Figura 42 Receita total e demanda elástica (|𝜀𝑃
𝐷| > 1). 
 
Fonte: KUME. 
 
Figura 43 Receita total e demanda unitária (|𝜀𝑃
𝐷| = 1). 
 
Fonte: KUME. 
 
https://sites.google.com/view/pedrobritto
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Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 
 
Veremos agora como a elasticidade-preço da demanda varia em uma curva de 
demanda linear. Sabemos que 𝜀𝑃
𝐷 = (𝛥𝑄 𝑄⁄ ) (𝛥𝑃 𝑃⁄ )⁄ , que pode ser reescrito como 
𝜀𝑃
𝐷 = (𝛥𝑄 𝛥𝑃⁄ )(𝑃 𝑄⁄ ). Chamemos de 𝑎 o ângulo entre uma curva de demanda e uma 
reta paralela ao eixo horizontal; o valor de 𝑎 será constante para uma curva de demanda 
linear. Assim, 𝛥𝑄 𝛥𝑃⁄ = 1 𝑎⁄ ; logo 𝜀𝑃
𝐷 = (1 𝑎⁄ )(𝑃 𝑄⁄ ). A Figura 44 nos dá uma 
ilustração. 
 
Tabela 7 Receita total e elasticidade-preço da demanda. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
Figura 44 Exemplo de elasticidade-preço demanda em função linear. 
 
Fonte: KUME. Adaptado pelo autor. 
 
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Introdução à Economia I: uma introdução à microeconomia. Notas de aula do curso presencial Introdução 
à Economia I (FCE02-04565) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Honorio Kume, por 
Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto.

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