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NIVELAMENTO ANATOMIA PROFESSOR Dr. Felipe Natali Almeida NIVELAMENTO ANATOMIA 2 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão de projetos especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Contéudo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia, José Jhonny Coelho, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALMEIDA, Felipe Natali. Nivelamento Anatomia. Felipe Natali Almeida. Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. 106 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Anatomia. 2. Nivelamento EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed. 611 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino Fabrício Lazilha Diretoria de Planejamento de Ensino de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas 6 autor Professor Doutor Felipe Natali Almeida Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (2006), mes- trado em Ciências Biológicas pela mesma instituição, no ano de 2008 e doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (2012). Professor de Fisiologia Humana e do Exercício, Bioquímica e Anatomia Humana, atuando em cursos de graduação e pós-graduação nas diversas áreas da saúde e biológicas. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisase publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://busca- textual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4504393Z8>. apresentação NIVELAMENTO ANATOMIA Prezado(a) aluno(a), a disciplina de anatomia humana é de fundamental im- portância para a formação do futuro profissional de Educação Física. Conforme identificarão ao longo do curso, o movimento humano, em sua totalidade, faz parte de seu aprendizado e inclui o estudo das estruturas anatômicas que reali- zam esta atividade e todas as demais que dão suporte para que ele possa ocorrer. Sabendo da importância deste conteúdo mas também reconhecendo o quão difícil é este assunto, elaboramos este material de Nivelamento em Anatomia que permitirá a você, que se preocupa em melhorar a sua formação, encontrar uma base que sustente seus estudos futuros na unidade de Anatomia Humana aplica- da à Educação Física e demais disciplinas. Desta forma, você está diante de uma material que buscou agrupar conhe- cimentos iniciais em Anatomia em sua Unidade I, fazendo referência à ideia de normalidade e variação anatômica, posição anatômica, nomenclatura anatômica e as divisões gerais do corpo humano. Somado a isto, realizamos uma discussão sobre os elementos do sistema tegumentar (pele e anexos) assim como os três sistemas diretamente envolvidos no movimento humano, o sistema esquelético, o sistema muscular e o sistema articular. Dando continuidade, nos próximos estudos, você, inicialmente, será levado a conhecer os elementos formadores do sistema cardiovascular, analisará a sua bomba propulsora, ou seja, o coração, que tem por função produzir a força que impulsionará o sangue através de todas as estruturas do organismo, o sistema de tubulação, ou seja, os vasos sanguíneos, por onde o sangue (elemento chave que levará oxigênio e nutrientes aos tecidos) circula, e os elementos formadores do próprio sangue. Em seguida, passaremos a estudar os elementos formadores do sistema res- piratório, que permite ao organismo direcionar o oxigênio da atmosfera para o interior do corpo, assim como eliminar o gás carbônico. Encerrando esta uni- dade, trabalharemos com os constituintes do sistema urogenital, envolvido na purificação do organismo (auxiliando na regulação dos níveis de sais minerais, remoção de impurezas, controle do volume de líquido no corpo, entre outros) e na reprodução humana. Por fim, estudaremos, num primeiro momento, dois sistemas fundamentais para comandar e controlar o organismo humano, o sistema nervoso e o endó- crino. No sistema nervoso trabalharemos com seus elementos denominados de Sistema Nervoso Central (envolto pelo crânio e medula espinal) e periférico (res- ponsáveis por levar informações até o sistema nervoso central e/ou enviar co- mandos para estruturas corporais que estão fora do sistema nervoso central). Já o estudo do sistema endócrino envolverá a discussão sobre suas principais glân- dulas, ou seja, os principais tecidos produtores de hormônios no corpo humano. Encerrando, trataremos do sistema digestório, de fundamental importância para a obtenção de energia proveniente dos alimentos. Sendo assim, abordaremos elementos-chave a respeito de todos os principais sistemas do organismo humano e esperamos que você, aluno(a), possa aproveitar ao máximo este conteúdo e se dedicar aos seus estudos a fim de que possamos formar um profissional apto para atuar nos diversos seguimentos que a Educação Física engloba. Bons estudos! sumário UNIDADE I PROTEÇÃO, SUPORTE E MOVIMENTO 14 Introdução ao estudo da Anatomia 20 Proteção, suporte e movimento UNIDADE II SISTEMA CARDIOVASCULAR, RESPIRATÓRIO E UROGENITAL 42 Sistema Cardiovascular 50 Sistema Respiratório 56 Sistema Urogenital UNIDADE III SISTEMA NERVOSO, ENDÓCRINO E DIGESTÓRIO 76 Sistema Nervoso 86 Sistema Endócrino 92 Sistema Digestório Professor Dr. Felipe Natali Almeida Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Introdução ao estudo da Anatomia. • Proteção, suporte e movimentação. Objetivos de Aprendizagem • Introduzir conceitos básicos em Anatomia. • Abordar elementos envolvidos na proteção, suporte e movimento humano. PROTEÇÃO, SUPORTE E MOVIMENTO I unidade INTRODUÇÃO Olá, alunos(as), estamos iniciando o estudo do Nivelamen-to em Anatomia Humana, em que nos depararemos com vários sistemas corporais. Particularmente, neste estudo, selecionei dois assuntos de grande importância para traba- lharmos. Procuraremos ter como foco os conceitos básicos em anato- mia, incluindo, aqui, as diferenças entre variações anatômicas, anoma- lias e monstruosidade, conceitos sobre nomenclatura anatômica (que é padronizado para evitar que cada pessoa e/ou país tenha nomenclatura própria para determinadas regiões do organismo (assim, no Brasil ou em qualquer outra região do globo terrestre, estômago é estômago), posição anatômica (posição que imaginamos ser como a peça anatômica se en- contra) e a divisão do corpo humano em variadas regiões/partes. Logo em seguida, entraremos no tópico proteção, suporte e movi- mento e nos depararemos primeiro com o estudo da pele. Conforme veremos, a pele é formada por duas camadas denominadas epiderme e derme (logo abaixo dela encontra-se a hipoderme, onde fica o tecido gorduroso, porém não faz parte da constituição da pele), cada qual com características próprias que darão à pele a resistência e a elasticidade ne- cessárias para que realize suas funções, incluindo, aqui, servir como uma barreira contra a entrada de patógenos. Após o estudo da pele, veremos o conceito de sustentação e movi- mento, sendo necessário o estudo de outros três sistemas corporais: o esquelético, o articular e o muscular. O sistema esquelético é o responsá- vel principal pela manutenção da sustentação corporal, e recebe a força produzida pelos músculos que chegaram até ele por meio dos tendões e ligamentos (sistema articular) e responde com movimento. Logo, per- ceberemos que para o movimento ocorrer, necessitamos da integridade destas três estruturas. Assim, espero que aproveitem a jornada em nossos estudos. Um abraço. NIVELAMENTO ANATOMIA 14 O termo anatomia deriva de duas palavras gregas: ana (em partes) e temmein (cortar), demonstran- do a característica geral desta disciplina que é o estudo das partes que compõem o organismo hu- mano. Importante salientar que, na Anatomia, es- tudamos o corpo humano considerado normal já que a patologia (doença) apresentada pelas estru- turas corporais é estudada por outras disciplinas (BARBOSA, 2017). Introdução ao estudo da Anatomia Importante salientar que o normal em anatomia provém de dois conceitos básicos: o Estatístico, signifi- cando que o normal é o que a maioria apresenta (como a maioria das pessoas tem cinco dedos nas mãos) e o Idealístico, que considera normal aquilo que facilita a realização de determinada função em uma estrutura anatômica (como ter cinco dedos nas mãos, que facili- ta a realização do movimento de pinça dos dedos para pegar alguma coisa) (WATANABE, 2000). 15 EDUCAÇÃO FÍSICA Porém, apesar da ideia: a maioria das pessoas apre- senta, é claro que existem diferenças morfológicas entre elas (por exemplo, a mão de todos os indiví- duos não são todas do mesmo tamanho, e seus de- dos também não), mas quando tais diferenças não prejudicam a realização da função da estrutura ana- tômica (ou seja, mesmo tendo uma mão grande ou uma mão pequena eles conseguem carregar, escre- ver, entre outras funções realizadas pela mão), nós denominamos estas diferenças de Variações Ana- tômicas. Agora, se estas diferenças atrapalharem o desenvolvimento da função da estrutura (como um indivíduo que nasceu com 3 dedos em cada mão e que não consegue segurar uma bola com a mesma força que um indivíduo que nasceu com os 5 dedos), chamamos esta variação de Anomalia. E por mais que atrapalhem, ainda permitem que o indivíduo permaneça vivo. Porém, caso esta variação sejain- compatível com a vida, ou seja, impede aqueles que a apresentam de permanecer vivo, denominamos esta variação de Monstruosidade (WATANABE, 2000). NOMENCLATURA ANATÔMICA Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma linguagem própria ao se referirem às estrutu- ras do corpo humano e à forma como a dissecção é feita. Se você notar, independentemente da lite- ratura adotada e da língua, a nomenclatura para as estruturas corporais serão as mesmas, impe- dindo que estruturas do corpo humano recebam denominações diferentes de acordo com o centro de estudo específico. Por isso, estar atualizado em relação à nomenclatura utilizada é fundamental. Na anatomia, essa nomenclatura engloba termos gerais e especiais originados da língua grega, lati- na e outras. (DI DIO, 2002). Considerada um documento oficial que deve ser obedecido por professores e alunos da disciplina de Anatomia Humana, a terminologia anatômica é constituída por cerca de 6000 termos, esporadica- mente revisados e atualizados, os quais são tradu- zidos pelas sociedades de anatomia de cada país. No Brasil, a terminologia é traduzida pela Comis- são de Terminologia Anatômica da Sociedade Bra- sileira de Anatomia (Barbosa, 2017). Logo, apesar de inúmeras partes que compõem o corpo humano apresentarem terminologia popular (como bucha- da, banha, batata da perna, bucho, entre outros), a partir do momento que adentramos no universo da ciência (e isso inclui todos vocês que estão cursan- do o Ensino Superior), obrigatoriamente, devemos passar a adotar a nomenclatura correta, pois isto é um dos quesitos que nos diferenciam do público leigo em geral. Desta forma, especialmente nesta etapa de nivelamento e na disciplina de Anatomia, atente-se para a nomenclatura científica correta das estruturas corporais. NIVELAMENTO ANATOMIA 16 POSIÇÃO ANATÔMICA Antes de iniciarmos o estudo das denominações de partes específicas do organismo humano devemos aprender o conceito de posição anatômica que é a posição pela qual nos baseamos para determinar nomenclatura e posicionamento corporal e, assim, facilitar a identificação do momento em que a visão de uma estrutura é posterior ou anterior, mais late- A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo são denominadas como: cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores con- forme Figura 1: Membro Inferior Cabeça Pescoço Tronco Membro Superior Figura 1: Posição anatômica ral ou mais medial, e assim sucessivamente. Logo, temos como a posição anatômica a visão de um ca- dáver ereto, com a cabeça em nível horizontal, olhos voltados para frente, pés plantados no chão e dire- cionados para frente, membros superiores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente (MOORE et al., 2014). 17 EDUCAÇÃO FÍSICA A cabeça é dividida em crânio facial (região anterior, menor, responsável por abrigar os órgãos dos sentidos e possibilitar fonação e a mastigação) e crânio neural (posterior, maior, diretamente relacionados à proteção do sistema nervoso localizado em seu interior), conforme Figura 2: Figura 2 - Subdivisão do crânio: crânio facial (à esquerda) e crânio neural (à direita) O pescoço também é dividido em pescoço anterior e posterior, também chamado de nuca, como apresentado na Figura 3: Figura 3 - Subdivisão do pescoço: pescoço anterior (à esquerda) e pescoço posterior-nuca (à direita) NIVELAMENTO ANATOMIA 18 O tronco também se subdivide em tórax (limi- tado, superiormente, pela clavícula e, inferiormente, pelo diafragma), abdome (limitado, superiormente, pelo diafragma e, inferiormente, pela abertura supe- rior da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril), conforme apresentado na Figura 4: Já os membros superiores e inferiores apresen- tam uma parte fixa (denominada de cíngulo do membro superior e cíngulo do membro inferior, respectivamente) e uma parte livre. O cíngulo do membro superior é a cintura escapular, e a parte li- vre engloba o braço, antebraço e mão (com sua parte da frente conhecida como palma da mão e sua parte posterior como dorso da mão), como apresentado na Figura 5: Torax Abdome Pelve Figura 4 - Tronco: tórax (superior), abdome (meio) e pelve (inferior) Figura 5 - Representação do membro superior (cíngulo e porção livre) Cingulo do membro Livre 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Cingulo do membro Livre O cíngulo do membro inferior é a cintura pél- vica, e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo sua parte superior denominada dorso e sua parte in- ferior planta). Veja na Figura 6: As articulações são as responsáveis por conectar as variadas partes corporais, e temos como exemplo as articulações do tornozelo, do ombro, do quadril, do pé, entre outras. Veja na Figura 7: Figura 6 - Representação do membro inferior (cíngulo e porção livre) Figura 7 - Exemplos de articulações no corpo humano NIVELAMENTO ANATOMIA 20 Neste primeiro momento, iniciaremos nossos es- tudos com os tecidos envolvidos em nossa barreira primária de proteção, a pele (ou tegumento), segui- do de estruturas de fundamental importância para a manutenção da nossa postura bípede e para realiza- ção do ato de se locomover, que englobam os ossos, os músculos e as articulações. REVESTIMENTO CORPORAL: TEGUMENTO O ser humano apresenta um revestimento corpo- ral que tem por função chave proteger o organis- mo contra a entrada de corpos estranhos: o tegu- mento (pele). A pele dos vertebrados é formada por duas por- ções diferentes que estão firmemente unidas entre si. Proteção, suporte e movimento O tecido mais externo, epitelial, é a epiderme. O mais interno, conjuntivo, é a derme, conforme Figura 8: Epiderme Derme Tecido Subcutâneo Figura 8 - Pele: estrutura formada pela epiderme (camada mais superficial) e a derme (camada mais profunda) 21 EDUCAÇÃO FÍSICA A epiderme é formada por várias camadas, como mostra a Figura 9, de células agrupadas umas sobre as outras. A camada epidérmica mais interna é a ca- mada basal, formada por células que se multiplicam continuamente, de modo que as células recém-ge- radas empurram as mais velhas para cima, em dire- Figura 9 - Camadas da epiderme ção à superfície do corpo. Conforme vão envelhe- cendo, as células epidérmicas tornam-se achatadas e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente, a queratina, que auxilia na resis- tência ao atrito a na alta impermeabilidade da água apresentada pela pele (AMABIS; MARTHO, 2007). NIVELAMENTO ANATOMIA 22 Já a derme, que se encontra logo abaixo da epiderme, é um tecido conjuntivo que contém fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândula, conforme apresentado na Figura 10. As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela pro- dução de fibras que conferem resistência e elasti- cidade à pele. Os vasos sanguíneos da derme são responsáveis pela nutrição e oxigenação tanto das células dérmicas quanto das células epidérmicas. Nesta camada, também estão inseridos os vasos sanguíneos e as terminações nervosas responsá- veis pelas variadas percepções corporais (AMA- BIS; MARTHO, 2007). Figura 10 - Derme: observar elementos presentes nesta camada da pele Abaixo da pele há uma camada de tecido conjun- tivo frouxo – o tecido subcutâneo – rico em fibras e em células que armazenam gordura (células adi- posas). A camada subcutânea, às vezes chamada impropriamente de hipoderme, não faz parte da pele (podemos observar a localização da hipoder- me, na Figura 10, abaixo da derme). A gordura ar- mazenada no tecido subcutâneo constitui reserva de energia e atua como isolante térmico (AMA- BIS; MARTHO, 2007). 23 EDUCAÇÃO FÍSICA SISTEMA ESQUELÉTICO Certos grupos de animais multicelulares desenvolve- ram, ao longo da evolução, sistemas de sustentação para seus tecidos e órgãos. A sustentação do corpo humano está a cargo do esqueleto, que também for- nece, em certos casos, proteçãoaos órgãos internos e ponto de apoio para a fixação dos músculos. Ossos Com exceção dos condrictes (uma classe de animais que não apresentam esqueleto ósseo), o esqueleto ósseo está presente em todos os adultos dos demais grupos de vertebrados. Ossos são peças rígidas, com formatos variados (AMABIS;MARTHO, 2007). A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o indivíduo adulto tem este número reduzido para 206. Isto ocorre, pois há uma fusão de vários ossos do corpo ao longo do processo de envelhecimento (BARBOSA, 2017). Além da sustentação corporal, o esqueleto ós- seo desempenha outras duas importantes funções: reserva de minerais e formação das células do san- gue (AMABIS; MARTHO, 2007). Os ossos contêm reservas de sais minerais, principalmente, de cálcio e fósforo. Esses elementos químicos são fundamentais ao funcionamento das células e devem estar presen- tes no sangue. Quando o nível de cálcio diminui no sangue, sais de cálcio são mobilizados dos ossos para suprir a deficiência. No interior de muitos ossos há cavidades pre- enchidas por um tecido macio, a medula óssea ver- melha, conforme Figura 11, onde são produzidas as células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. Determinados ossos ainda possuem medula amare- la, conhecida popularmente por tutano, constituída, principalmente, por células adiposas, que acumu- lam gorduras como material de reserva. Figura 11 - Medula óssea e sua capacidade de produzir diferentes células do sangue NIVELAMENTO ANATOMIA 24 Divisão do esqueleto O esqueleto pode ser dividido em duas partes fun- damentais, porém interligadas: o esqueleto axial e o apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos localizados na região central do corpo, como aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço (osso hioideo e das vértebras cervicais) e no tronco (demais vér- tebras da coluna, esterno e costelas). Já o esqueleto apendicular é formado pelos ossos localizados nas extremidades do corpo, ou seja, nos membros su- periores e inferiores incluindo aqueles que formam os cíngulos (escápula, clavícula e ossos do quadril). Veja na Figura 12: 2. Ossos laminares ou planos: são largos e com pouca espessura, normalmente com função de proteção. Temos como exemplo dessa clas- se os ossos planos do crânio (parietal, frontal, temporal, occipital), segundo Figura 14: Figura 12 - Esqueleto axial (em azul) e apendicular (em amarelo) Tipos de ossos quanto à forma Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessura dos ossos, podemos agrupá-los em seis tipos principais: 1. Ossos longos: tem predomínio do compri- mento em relação à largura e à espessura, com uma cavidade central que abriga a me- dula óssea. Além disso, sua parte central é chamada de diáfise e suas extremidades são as epífises. Temos como exemplo desse grupo o fêmur, osso localizado na coxa (figura 13): Figura 13 - Exemplo de osso longo: fêmur (destacado em vermelho) Figura 14 - Exemplo de osso laminar: osso temporal (destacado em amarelo) 25 EDUCAÇÃO FÍSICA 4. Ossos irregulares: como o próprio nome in- dica, não apresenta predomínio específico de nenhuma dimensão sobre a outra. Temos como exemplo as vertebras. Veja na Figura 16: Figura 17 - Exemplo de osso sesamoide: patela Figura 18 - Exemplo de osso pneumático: osso maxilar (destacado em verde) Figura 15 - Exemplo de osso curto: osso cuboide (destacado em azul) 5. Ossos sesamoides: desenvolvem-se em alguns tendões e são encontrados onde os tendões cruzam as extremidades dos ossos longos. Assim, eles protegem os tendões contra des- gastes. A patela é um exemplo. Acompanhe pela Figura 17: Figura 16. Exemplo de osso irregular: vértebra 3. Ossos curtos: têm os três diâmetros (com- primento, largura e espessura) semelhantes, apresentando uma forma cuboide. É o que ocorre com os ossos da mão e do pé, por exemplo, como na Figura 15: 6. Ossos pneumáticos: apresentam cavidades contendo ar em seu interior. Localizam-se no crânio, como o osso etmoide, esfenoide e ma- xilar. Observe na Figura 18: NIVELAMENTO ANATOMIA 26 Constituição dos ossos O tecido ósseo, ao contrário do que parece, é vivo, dinâmico, desenvolve-se e cresce por meio de um metabolismo muito ativo. Para se ter uma ideia, os ossos são renováveis, em média, a cada dois anos. Isto significa que o fêmur ou o crânio que você tem hoje, não são os mesmos que você tinha há dois anos nem serão os mesmos que você terá daqui a dois anos (BARBOSA, 2017). A constituição do tecido ósseo envolve três com- ponentes principais: água, matriz óssea orgânica e matriz óssea inorgânica. A água representa, aproxi- madamente, 25% da estrutura óssea. A matriz or- gânica também representa mais ou menos 25% da estrutura óssea, é constituída por dois elementos de- nominados de proteoglicanos e colágeno e tem um papel na maleabilidade óssea. Já a matriz inorgânica, perfazendo os demais 50% restantes, é constituída por sais minerais (principalmente fosfato de cálcio e carbonato de cálcio) os quais formam a hidroxiapa- tita, que dá ao osso resistência a compressão (DAN- GELO; FATTINI, 2011). O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos principais de ossos: os compactos/corticais e os es- ponjosos/trabeculares, conforme apresentado na Figura 19. No osso compacto, observamos uma es- trutura pouco porosa e com alta capacidade de resis- tência para sustentação de peso. Em contrapartida, no osso esponjoso, nota-se “espaços” entre elemen- tos ósseos que são preenchidos por ar, originando uma estrutura altamente porosa e adaptada à absor- ção de impacto (BARBOSA, 2017). Arquitetura do esqueleto humano O esqueleto humano pode ser, simplificadamente, dividido em três partes principais: cabeça, tronco e membros. Cabeça A cabeça humana apresenta a parte posterior arre- dondada e oca, o crânio, e uma parte anterior acha- tada, a face. O crânio é uma sólida caixa, formada por ossos achatados e curvos, firmemente encaixa- dos entre si. Seu papel é abrigar e proteger o encéfalo (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 19 - Osso compacto e esponjoso 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Os ossos da face, como os do crânio, também es- tão firmemente encaixados. O osso do queixo, deno- minado mandíbula, é o único osso móvel da cabeça e se prende à base do crânio por meio de articulações que permitem abrir e fechar a boca. Veja Figura 20: A caixa torácica é comparável a uma gaiola de ossos e protege o coração, os pulmões e os princi- pais vasos sanguíneos. Além disso, a musculatura da caixa torácica é responsável, juntamente com o diafragma, pelos movimentos respiratórios. A caixa torácica é formada pelas costelas, ossos achatados e curvos que se unem, dorsalmente, à coluna vertebral e, ventralmente, ao osso esterno, no meio do peito. A maioria das pessoas possui 12 pares de costelas. Algumas, porém, têm uma costela extra, fenômeno três vezes mais comum em homens que em mulhe- res. Os dois últimos pares de costelas são ligados apenas à coluna vertebral, ou seja, não se ligam ao esterno. São, por isso, chamados costelas flutuantes (AMABIS;MARTHO, 2007).Veja Figura 22: Figura 20 - Na visão anterior observamos os ossos da face e, na visão lateral, os demais ossos do crânio. Em destaque (amarelo), a mandíbula Tronco O tronco representa o eixo corporal, onde se articu- lam a cabeça e os membros. Ele é formado pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo osso esterno. O tronco e a cabeça formam o esqueleto axial. Veja Figura 21: Figura 21 - Ossos do esqueleto axial Figura 22 - Costelas co nt el a Es te rn o Coluna Vertebral NIVELAMENTO ANATOMIA 28 A coluna vertebral, popularmente chamada de espinha dorsal, é constituída por 33 ossos, chama- dos vértebras, que se articulam em sequência e estão unidos por diversos ligamentos, de modo a formar um eixo ósseo firme e flexível. A sobreposição dos orifícios presentes nas vértebras forma um tubo in- terno ao longo da coluna vertebral, onde se localiza a medula nervosa (BARBOSA, 2017). VejaFigura 23: osso curvo, situado na parte superior do peito, e a escápula, um osso grande e chato, localizado na par- te superior das costas, conforme Figura 24: Figura 23 - Coluna vertebral Figura 24 - Osso do cíngulo do membro superior: clavícula e escápula Membros superiores e inferiores Os ossos dos membros superiores e inferiores li- gam-se ao esqueleto axial por meio de cíngulos. A cintura articular dos membros superiores é cíngu- lo do membro superior; a dos membros inferiores é cíngulo do membro inferior. O cíngulo do membro superior é formado por dois ossos: a clavícula, um O membro superior é composto por braço, ante- braço, pulso e mão. O osso do braço é o úmero e se articula, no cotovelo, com os ossos do antebraço, o rádio e a ulna. O pulso é formado por ossos peque- nos e maciços, os carpos. A palma da mão é forma- da pelos metacarpos, e os dedos, pelas falanges. Veja Figura 25: Figura 25 - Ossos do membro superior 29 EDUCAÇÃO FÍSICA O cíngulo do membro inferior, popularmente conhecida como bacia, é a parte do esqueleto que conecta os membros inferiores ao tronco. A cintura pélvica é formada pelo sacro, osso volumoso resul- tante da fusão de cinco vértebras, por um par de os- sos ilíacos e pelo cóccix, osso formado por quatro a seis vértebras rudimentares fundidas. Esqueletos de homens e de mulheres podem ser distinguidos pela forma de cintura pélvica. Nas mulheres, esta é mais larga, o que representa uma adaptação ao parto. Veja Figura 26: ARTICULAÇÕES Quem nunca reclamou ou escutou alguém reclamar de dor na junta? Junta é a nomenclatura leiga para o que denominamos articulações, ou seja, o ponto de encontro entre duas ou mais estruturas ósseas. Se a articulação ocorrer entre apenas dois ossos, ela é classificada como Simples, mas se acontecer entre mais de dois ossos, é chamada de Composta (WA- TANABE, 2000). As articulações podem ser de di- versos tipos. Nos ombros, por exemplo, elas são do tipo bola-soquete e possibilitam movimentos girató- rios dos braços. Nos joelhos e cotovelos, as articula- ções são do tipo dobradiça e permitem movimentos de dobramento em um único plano. Na articulação, os ossos têm de deslizar um so- bre o outro suavemente, sem atrito, ou se desgasta- riam. O perfeito funcionamento das articulações de- pende da proteção garantida por cartilagens macias e lisas existentes nas pontas dos ossos e também por uma lubrificação constante, garantida por líquidos viscosos, chamados sinoviais. Os ossos da articula- Figura 26 - Osso do cíngulo do membro inferior O membro inferior é composto por coxa, per- na, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo e possui uma extremidade arredon- dada, que se encaixa ao osso ilíaco. No joelho, o fê- mur articula-se com os dois ossos da perna, a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho é protegida por um pequeno osso circular, a patela. O torno- zelo é formado por ossos pequenos e maciços, os tarsos. A planta do pé é formada pelos metatarsos, os artelhos (ou “dedos dos pés”) e pelas falanges, conforme Figura 27: Figura 27 - Ossos do membro inferior NIVELAMENTO ANATOMIA 30 ção são mantidos em seus devidos lugares por meio de cordões resistentes, constituídos por tecido con- juntivo fibroso: os ligamentos, que estão firmemente aderidos às membranas que revestem os ossos. A maioria das articulações relaciona-se à produ- ção de movimentos uma vez que as peças ósseas são tracionadas pelos músculos (durante a contração) e se movem ao redor dos pontos de junturas entre os ossos. Todavia algumas articulações não são muito móveis, mas dão estabilidade às zonas de união entre os vários segmentos do esqueleto, ou seja, estão mais relaciona- das à postura e ao equilíbrio (BARBOSA, 2017). SISTEMA MUSCULAR O sistema muscular é formado pelos músculos, ór- gãos constituídos, principalmente, por tecido mus- cular, especializado em se contrair e realizar mo- vimentos. É graças à contração muscular que os animais podem nadar, voar, andar, respirar, mover o alimento na cavidade digestiva, bombear o sangue dentro dos vasos sanguíneos entre outras funções. Em adição, os músculos dão forma ao corpo e são fonte de calor. Os músculos podem ser classificados considerando diferenças relacionadas ao controle voluntário e à presença de estrias em suas fibras ao microscópio. Quanto ao controle voluntário, o músculo pode ser voluntário, se sua contração ocorrer de acordo com a vontade do indivíduo (tal qual a contração dos mús- culos dos membros inferiores quando você decide andar) ou involuntário, se sua contração não depen- der do controle do indivíduo (tal qual o batimento do seu coração, que é dependente de contração mus- cular, mas independe de sua vontade). Quanto à apa- rência estriada, o músculo pode ser do tipo estriado (aquele que apresenta estrias transversais) ou liso (sem estrias transversais) (BARBOSA, 2017). Logo, com base nestes dois critérios, os músculos podem ser de 3 tipos: estriado esquelético, liso e es- triado cardíaco, conforme Figura 28: Músculo cardíaco (controle involuntário) Músculo estriado esquelético (controle voluntário) músculo liso (controle involuntário) Músculo cardíaco (controle involuntário) Músculo estriado esquelético (controle voluntário) músculo liso (controle involuntário) Músculo cardíaco (controle involuntário) Músculo estriado esquelético (controle voluntário) músculo liso (controle involuntário) Figura 28 - Tipos de tecidos musculares no corpo humano 31 EDUCAÇÃO FÍSICA Musculatura lisa O tecido muscular liso está presente em diversos ór- gãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc.) e também nas paredes dos vasos sanguíneos. As célu- las musculares lisas são uninucleadas e os filamentos de actina e miosina se dispõem em hélice em seu interior, sem formar padrão estriado, como no te- cido muscular esquelético. A contração dos múscu- los lisos é, geralmente, involuntária, ao contrário da contração dos músculos esqueléticos, que está sob o controle da vontade. Musculatura estriada esquelética O tecido muscular estriado esquelético apresen- ta, sob observação microscópica, faixas alternadas transversais, claras e escuras. Essa estriação resulta do arranjo regular de microfilamentos formados pelas proteínas actina e miosina, responsáveis pela contração muscular. A célula muscular estriada, também chamada fibra muscular, possui inúmeros núcleos e pode atingir comprimentos que vão de 1 mm a 60 cm. Apesar de a grande maioria dos indivíduos acreditar que a involuntariedade do coração é proveniente do controle deste pelo sistema nervoso, saiba que este conceito está equivo- cado. A capacidade de se contrair de forma involuntária do coração resulta da atividade de um conjunto de células especializadas presentes no coração, chamadas células au- torritmicas, que têm a capacidade de gerar o impulso elétrico que estimulará a contra- ção de todas as demais células do coração, fazendo com que ele bata cerca de 70 vezes por minuto. O papel do sistema nervoso é apenas acelerar ou desacelerar a produção de estímulo por estas células. Fonte: Hall (2011). SAIBA MAIS Os músculos são formados por proteínas, especificamente as proteínas contráteis. Logo, ao aumentar o diâmetro transverso da fibra muscular, significa que aumentou a quanti- dade destas proteínas. ATENÇÃO Musculatura estriada cardíaca O tecido muscular cardíaco está presente apenas no coração dos vertebrados. Ao microscópio, o tecido muscular cardíaco apresenta estriação transversal, e suas células são uninucleadas, com contração invo- luntária. 32 considerações finais O lá, aluno(a), chegamos ao fim de nossa primeira unidade e tivemos como meta a introdução de conceitos gerais sobre anatomia e a apre- sentação de quatro porções importantes que fazem parte do organis- mo humano: pele, ossos, músculos e articulações. Aprendemos que o sistema esquelético tem um papel importante na sustentaçãocorporal, possi- bilitando-nos a manutenção da postura bípede. Somado a isto, tem um papel na proteção de algumas vísceras (como o pulmão e o coração protegidos pela caixa torácica). Em adição, notamos que juntamente com o sistema muscular e esque- lético atuará na movimentação do corpo humano. Lembre-se de que este assunto é de fundamental importância para todos da área da Educação Física por trabalharem com o movimento humano. O correto conhecimento dos ossos do esqueleto humano faz-se necessário. Conforme re- latado anteriormente, os ossos requerem a conexão com o sistema muscular por meio do sistema articular para conseguir realizar o movimento. As articulações são as grandes responsáveis por fazer esta conexão. Conhecida popularmente como junta, devemos saber que até podemos usar esta terminologia quando es- tamos conversando com pessoas leigas, mas por sermos profissionais da área, a terminologia correta faz-se necessária. Ao estudarmos o músculo esquelético, devemos nos atentar ao seu papel (produzir força que será transmitida para os ossos) no processo de geração do movimento. Entramos em contato com uma grande quantidade de nomes de va- riados músculos (somados ao nome dos vários ossos que vimos também) que devem ser constantemente revisados para serem fixados. A leitura única reflete a grande chance de falha no aprendizado. A repetição, neste ponto, faz-se neces- sária. Também descobrimos que, somado ao músculo presente sobre os ossos (músculo esquelético), existem também os músculos lisos (nas vísceras) e o car- díaco (no coração). Portanto, aluno(a), espero que aproveite bem a leitura, que se dedique, revise, para, assim, ter êxito. Um abraço. 33 atividades de estudo 1. A pele é um elemento fundamental que, entre outras funções, realiza a proteção externa, atu- ando como uma barreira contra a entrada de patógenos. Sobre a pele, assinale a alternati- va que apresenta as suas camadas: a. Somente a derme. b. Somente a epiderme. c. Somente a hipoderme. d. Epiderme e derme. e. Epiderme, derme e hipoderme. 2. Os ossos são estruturas fundamentais para a manutenção da postura humana, devido à sua capacidade de sustentação do peso. Sobre os ossos, indique a alternativa que representa uma das formas de agrupá-los para seu es- tudo: a. Cabeça e cíngulos. b. Cabeça e tronco. c. Cabeça e membros. d. Cabeça, tronco e membros. e. Membros e tronco. 3. Sabemos que o crânio é uma estrutura óssea de grande importância, visto que seu interior abriga um tecido nobre: o encéfalo. Dentre os variados ossos que o compõe, um deles apre- senta grande mobilidade. Assinale a alterna- tiva que indica a nomenclatura deste osso: a. Maxilar. b. Mandíbula. c. Nasal. d. Frontal. e. Temporal. 4. As articulações têm o papel de unir estruturas ósseas, favorecendo o movimento entre elas. Sabemos que esta união pode ocorrer entre dois ou mais ossos. Baseado nesta colocação, assinale a resposta correta: a. Articulações Simples são aquelas que unem mais de dois ossos. b. Articulações Compostas são aquelas que unem dois ossos. c. Articulações Simples são aquelas que unem apenas dois ossos. d. Articulações Simples são aquelas que unem até três ossos. e. Articulações Compostas são aquelas que unem dois ou mais ossos. 5. Sabemos que, com base em características, como a presença de estrias e a contração vo- luntária ou involuntária, observamos três tipos de músculos em nosso organismo: músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético. Sobre o músculo esquelético, assinale a alter- nativa correta: a. É caracterizado por ser involuntário e apre- sentar estrias. b. É caracterizado por ser voluntário e não apre- sentar estrias. c. É caracterizado por ser involuntário e não apresentar estrias. d. É caracterizado por ser involuntário ou volun- tário (depende da região) e apresentar estrias. e. É caracterizado por ser voluntário e apresen- tar estrias. 34 LEITURA COMPLEMENTAR A atrofia muscular é a debilitação da musculatura, mais frequentemente encontrada na musculatura esquelética. Sabemos que as fibras musculares individuais diminuem de tamanho como resultado da perda progressiva de miofibrilas, um filamento formado pela junção de vários sarcômeros. Já estes compreendem a forma como as proteínas musculares estão agrupadas no citoplasma da célula. Logo, a atrofia representa uma redução na quantidade de proteínas musculares, fato este que pode ser decorrente de vários aspectos. A atrofia que ocorre por inatividade dos músculos é denominada atrofia por desuso. Esta modalidade de atrofia é muito comum ocorrer em indivíduos acamados ou enges- sados, porque a quantidade de impulsos elétricos (potenciais de ação induzidos por neurônios pela acetilcolina) que atingem o músculo esquelético inativo é muito redu- zido em relação ao que ainda se encontra em atividade. Importante é o fato de esta atrofia ser uma condição reversível, ou seja, basta novamente estimular a musculatura esquelética com movimentos novamente que a tendência é que a musculatura volte a aumentar seu teor proteico. Já as condições em que a atividade neural deixa de atingir o músculo em decorrência de uma lesão no nervo temos uma atrofia por desnervação, observada em indivíduos que tiveram lesão na medula, por exemplo. Sabe-se que, durante um período de 6 meses a 2 anos, o músculo diminui, aproximadamente, um quarto de seu tamanho original, e as fibras musculares são substituídas irreversivelmente por tecido conjuntivo fibroso. O oposto da atrofia é a hipertrofia muscular, ou seja, uma condição caracterizada pelo aumento no tamanho das fibras musculares como consequência do aumento na pro- dução de miofibrilas, mitocôndrias, retículo sarcoplasmático e outras organelas. Re- sulta da atividade muscular muito vigorosa e repetitiva, como a musculação. Em de- corrência desta quantidade aumentada de miofibrilas, logo, teremos uma quantidade aumentada de sarcômeros e de proteínas musculares. Pelo fato de a força produzida ser, entre outros aspectos, resultante da quantidade de proteínas presentes no mús- culo esquelético, podemos esperar mais capacidade produtora de força deste tecido. Fonte: adaptado de Hall (2011). 35 EDUCAÇÃO FÍSICA Sobotta: atlas de anatomia humana Paulsen F. e Waschke J. Editora: Guanabara koogan Sinopse: em sua última edição, o atlas traz uma gama variada de ilustrações sobre os mais variados sistemas, porém chamo atenção especial para os detalhes na apresentação dos siste- mas muscular, esquelético e articular. Em adição, melhorou sua parte teórica. 36 referências AMABIS, J.M.; MARTHO, G.R. Fundamentos da biologia moderna. São Paulo: Moderna, 2007. BARBOSA, C.P. Anatomia humana aplicada à educação física. 1. ed. Maringá: EAD Unicesumar, 2017. DANGELO, J.G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011. DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002. HALL, J.E. Guyton: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MOORE, K.L.; DALLEY, A.F.; AGUR, A.M.R.; ARAÚJO, C.L.C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2014. WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Athe- neu, 2000. Referência On-Line# ¹ Em: <https://br.pinterest.com/pin/101964379043637217/>. Acesso em: 02 out. 2017. 37 gabarito 1. D. 2. D. 3. B. 4. C. 5. .E Professor Dr. Felipe Natali Almeida Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Sistema cardiovascular • Sistema respiratório • Sistema urogenitário Objetivos de Aprendizagem • Prover noções básicas sobre o estudo do sistema cardiovascular. • Introduzir conceitos sobre o sistema respiratório. • Prover noções básicas sobre o estudo do sistema urogenitário. SISTEMA CARDIOVASCULAR, RESPIRATÓRIO EUROGENITAL II unidade INTRODUÇÃO Olá alunos, estamos diante da Unidade II de nosso nivelamento em ana- tomia, onde iremos abordar os seguintes tópicos: sistema cardiovascular, sistema respiratório e sistema urogenital. Iniciando com o sistema cardiovascular, você entrará em contato com seus elementos formadores e deverá, ao final desta unidade, ser ca- paz de diferencia-los e descrever seus respectivos papéis. Como órgão mais nobre desse sistema, temos o coração, dotado de uma parede mus- cular (miocárdio) que deve produzir força suficiente para impulsionar o sangue (responsável, entre outras coisas, por levar oxigênio e nutrientes para as células do corpo) ao longo de um sistema de tubos (os vasos san- guíneos) até seu destino final. Funcionando praticamente em conjunto com o sistema cardiovascu- lar, temos o sistema respiratório, constituído de um sistema de elementos responsáveis por canalizar o ar ambiente para dentro de seu principal componente, os pulmões, para que este possa utilizar o ar para oxige- nar o sangue, ao mesmo tempo que retira o gás carbônico do sangue por meio de um sistema denominado de trocas gasosas. Essa etapa, que ocorre durante a ida do sangue do ventrículo direito para o pulmão, é de suma importância para que você possa suprir adequadamente as deman- das por oxigênio de seu corpo, além de eliminar o gás carbônico, que em grandes quantidades, pode ser nocivo. E fechando nossa unidade, entraremos em contato com o sistema urogenital, um sistema que podemos “fragmentar” em dois grandes con- juntos: o sistema urinário e o sistema genital/reprodutor, ambos com funções específicas, porém podem se inter-relacionar em tarefas espe- cíficas. Ao abordarmos o assunto em sua porção urinária, devemos nos lembrar dos rins, ureteres, bexiga e uretra, e finalizamos com os consti- tuintes do sistema genital masculino e feminino. Espero que aproveite ao máximo esta unidade, visto que é um tópico que instiga muitas perguntas do público leigo em geral. NIVELAMENTO ANATOMIA 42 Sistema Cardiovascular 43 EDUCAÇÃO FÍSICA Os animais têm de realizar, ininterruptamente, tro- cas de substâncias com o ambiente, pois todas as suas células precisam receber nutrientes e gás oxigê- nio e eliminar gás carbônico e outros resíduos tóxi- cos produzidos no metabolismo. Nos animais mais simples, como os celenterados e os platelmintos, as trocas de substâncias ocorrem diretamente entre as células do corpo e o ambiente. Isso só é possível porque todas as células do organismo se encontram relativamente próximas, tanto da cavidade gastro- vascular, de onde absorvem nutrientes, quanto da superfície corporal, onde ocorrem as trocas gasosas. Já nos animais mais complexos (como nós, seres humanos), há órgãos especializados na absorção e excreção de substâncias, as quais são conduzidas a todas as células corporais por meio de um sistema de transporte: o sistema cardiovascular. Além de funcionar para o transporte de substân- cias, o sistema cardiovascular também apresenta ou- tro papel de grande valia: a regulação térmica. Note que, em geral, no local onde temos mais sangue se apresenta mais quente. COMPONENTES DO SISTEMA CARDIO- VASCULAR O sistema cardiovascular consiste de três partes fun- damentais: a. Sangue: fluido formado por células disper- sas em um líquido. b. Vasos sanguíneos: tubos por onde o sangue circula, atingindo todas as partes do corpo. c. Coração: órgão musculoso, cuja contração impulsiona o sangue, fazendo-o circular no interior dos vasos sanguíneos. O Sangue Humano O sangue humano é constituído por um líquido, o plasma, e por três tipos de elementos celulares, as hemácias (células vermelhas), os leucócitos (células brancas) e as plaquetas. Cerca de 55% do volume do sangue é devido ao plasma, sendo o restante às células. No corpo de uma pessoa de mais ou menos 70 kg, há cerca de, aproximada- mente, 5,6 litros de sangue (Figura 1) (AMABIS; MARTHO, 2007). No plasma sanguíneo, a água é responsável por 92% de seu peso, sendo o restante devido à pre- sença de proteínas (albuminas, globulinas, entre outras), sais e substâncias diversas, tais como nu- trientes, gases, excreções e hormônios (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 1 - Células sanguíneas presentes na constituição do sangue células brancas células vermelhas ou hemácias. plaquetas NIVELAMENTO ANATOMIA 44 As hemácias, também conhecidas por glóbulos vermelhos ou eritrócitos, são células especializadas no transporte de gás oxigênio. Por meio dos vasos que irrigam a medula óssea, os eritrócitos maduros entram na circulação sanguínea. Uma hemácia per- manece cerca de 120 dias em circulação. Ao fim des- se período, perde sua capacidade funcional e é fago- citada e digerida por células do fígado ou do baço (AMABIS; MARTHO, 2007). Os leucócitos ou glóbulos brancos são células especializadas na defesa do organismo; combate vírus, bactérias e outros agentes invasores que pe- netrem em nosso corpo. Em condições normais, há entre 5 e 10 mil leucócitos por milímetro cúbico de sangue (BARBOSA, 2017). Já as plaquetas são fragmentos esféricos ou achatados de células chamadas megacariócitos, formadas, originalmente, na medula óssea. Há, em média, 300 mil plaquetas por milímetro cúbico de sangue humano. Elas participam ativamente do processo de coagulação do sangue dos vertebrados (BARBOSA, 2017). Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos são habilitados ao transporte de sangue, sendo os principais as artérias e as veias, mas podemos incluir aqui as arteríolas, os capilares e as vênulas (Figura 2). As artérias são vasos que levam sangue do co- ração para os órgãos e tecidos do corpo, sendo que todas as artérias se originam direta ou indiretamen- te da aorta ou do tronco pulmonar. A parede das ar- térias é espessa e contém três camadas de tecidos. A camada mais interna é o endotélio, um tecido epite- lial formado por um único estrato de células acha- tadas. A camada mediana é constituída por tecido muscular liso e a camada mais externa é constituída por tecido conjuntivo, rico em fibras elásticas (MO- ORE et al., 2014). Quando a musculatura da parede de uma arté- ria se contrai, seu diâmetro interno diminui; o re- laxamento da musculatura arterial, por outro lado, leva ao aumento do diâmetro interno da artéria. A contração e o relaxamento das artérias permitem controlar a pressão sanguínea e o volume de sangue circula em determinada região do corpo. As artérias apresentam uma luz do vaso menor, são menos numerosas, têm uma parede mais espes- sa, têm pulsação e estão localizadas mais profunda- mente do que as veias (BARBOSA, 2017) (Figura 3). Veia Vênulas Vênulas Arteríola Artéria Figura 2 - Vasos sanguíneos Figura 3 - Artérias e veias 45 EDUCAÇÃO FÍSICA Em geral, as artérias começam com grande ca- libre e vão diminuindo conforme vão se ramifican- do e se afastando do coração. Em relação ao seu calibre, podemos dividi-las em artérias de grande, médio e pequeno calibre, sendo esta última emitin- do ramificações denominadas de arteríolas - vasos sanguíneos utilizados para direcionar o fluxo san- guíneo para as áreas que mais necessitam de san- gue (BARBOSA, 2017). Os capilares sanguíneos são vasos muito finos que ligam as arteríolas às vênulas. A parede dos capi- lares é constituída por uma única camada de células, correspondente ao endotélio de artérias e veias. As células que formam a parede dos capilares deixam pequeníssimos espaços entre si, por onde extrava- sa o líquido sanguíneo. O líquido sanguíneo extra- vaso, denominado fluido tissular, banha as células próximas aos capilares que, por sua vez, eliminam gás carbônico e outras excreções no fluido tissular (AMABIS; MARTHO, 2007). A maior parte do líquido que abandonou os va- sos e banhou os tecidos é reabsorvida pelos próprios capilares, reincorporando-se ao sangue. Assim, ao passar pelos capilares dos tecidos, o sangue torna-se mais pobre em nutrientes e em gás oxigênio,e mais rico em gás carbônico e em outras excreções. As veias são vasos que levam sangue dos órgãos e tecidos de volta ao coração. A parede das veias é formada por três camadas, equivalentes às das arté- rias. Entretanto, as camadas mediana e externa das veias são menos espessas que suas correspondentes arteriais. As veias de maior calibre, no homem e em muitos animais, possuem válvulas em seu inte- rior que impedem o refluxo de sangue e garantem sua circulação em um único sentido (BARBOSA, 2017) (Figura 4). O coração O coração é um órgão musculoso, do tamanho próximo de um punho fechado e com peso apro- ximado de 400 g. Ele se localiza no meio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda (Figura 5). Figura 4 - Veias normais e veias varicosas (notar que a válvula não segu- ra o retorno do sangue) veia normal veia com varicose Figura 5 - Localização do coração NIVELAMENTO ANATOMIA 46 O coração é constituído por três camadas cha- madas paredes ou túnicas: a interna (ou endocár- dio), a média (ou miocárdio) e a externa (pericár- dio) (AMABIS; MARTHO, 2007) (Figura 6). monar, localizada entre o ventrículo direito e a artéria que deixa essa câmara; e a valva aórtica, localizada entre o ventrículo esquerdo e a arté- ria que deixa essa câmara, denominada de aorta (MOORE et al., 2014). As câmaras do coração se contraem e se dilatam alternadamente, em média, 70 vezes por minuto. A contração de uma câmara cardíaca é denomina- da sístole e seu relaxamento, diástole. A frequência de movimentos do coração, ou seja, a frequência cardíaca, varia de acordo com a atividade e situa- ção emocional em que nos encontramos. Durante o sono, por exemplo, o coração de uma pessoa pode bater entre 35 e 50 vezes por minuto; já durante um exercício físico intenso, a frequência cardíaca pode ultrapassar 180 batimentos por minuto (AMABIS; MARTHO, 2007). MIOCÁRDIO PERICÁRDIO ENDOCÁRDIO Figura 6 - Paredes do coração O coração apresenta quatro cavidades internas, ge- nericamente denominadas câmaras cardíacas. As duas câmaras superiores são os átrios e as duas infe- riores, os ventrículos. O átrio direito se comunica com o ventrículo direito por meio de uma valva denominada de valva atrioventricular direita. O átrio esquerdo, por sua vez, se comunica com o ventrículo esquerdo por intermédio da valva atrioventricular esquerda. A função dessas válvulas atrioventriculares é garantir a circulação do sangue no coração em um único sen- tido, sempre dos átrios para os ventrículos. Além dessas duas valvas, podemos observar a presença de mais duas: a valva do tronco pul- Figura 7 - Sístole e diástole Fonte: Momento Fisioex ([2017], on-line)1. 47 EDUCAÇÃO FÍSICA A frequência de batimentos cardíacos é controla- da por uma região especial do coração denominada nódulo sinoatrial ou marca-passo. O nódulo sino- atrial é um aglomerado de células musculares espe- cializadas, localizado perto da junção entre o átrio direito e a veia cava superior. Aproximadamente, a cada segundo, as células do marca-passo emitem um sinal elétrico que se propaga diretamente para a musculatura dos átrios, provocando sua contração (AMABIS; MARTHO, 2007). CIRCULAÇÃO DO SANGUE NO ORGA- NISMO O sangue bombeado pelos ventrículos penetra nas artérias sob alta pressão. Imediatamente, as paredes arteriais se relaxam, aumentando de volume, dimi- nuindo a pressão interna. Se as artérias não relaxa- rem o suficiente, a pressão do sangue em seu interior pode subir a níveis perigosos, com possível ruptura nas paredes arteriais (AMABIS; MARTHO, 2007). A pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias é denominada pressão arterial. Em uma pessoa jovem e com boa saúde, a pressão nas arté- rias durante a sístole ventricular - a pressão sistólica ou máxima - é da ordem de 120 mmHg (120 milí- metros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão diminui, ficando em torno de 80 mmHg; essa é a pressão diastólica ou mínima. Depois de passar por milhões de arteríolas e capilares, a pressão sanguínea cai muito, atingindo valores muito baixos no interior das veias. O retor- no do sangue ao coração deve-se, em grande parte, às contrações dos músculos esqueléticos. As veias se situam entre feixes de músculos, de modo que a con- tração muscular as comprime, fazendo com que o sangue se desloque em seu interior. Devido às válvu- las, o sangue que se desloca nas veias somente pode seguir rumo ao coração (MOORE et al., 2014). Ao se deslocar pelo corpo humano, o sangue passa duas vezes pelo coração. Impulsionado pelo ventrículo direito, o sangue vai aos pulmões, de onde retorna ao coração. Por isso se diz que nossa circu- lação é dupla, sendo o trajeto coração → pulmões → coração denominado circulação pulmonar (ou pequena circulação) e o trajeto coração → sistemas corporais → coração denominado circulação sistê- mica (ou grande circulação) (BARBOSA, 2017). NIVELAMENTO ANATOMIA 48 Circulação sistêmica Dos pulmões, o sangue, agora oxigenado, retorna ao coração pelas veias cavas pulmonares e penetra no átrio esquerdo, onde passa para o ventrículo es- querdo, que o bombeia para a artéria aorta. Esta se divide em vários ramos, que levam o sangue oxige- nado a todos os sistemas do corpo (Figura 8). Existe uma teoria de que quanto mais san- gue chega ao coração, mais sangue sai do coração. Logo, indivíduos obesos, por terem um retorno venoso prejudicado, podem ter menos sangue saindo de seu coração. REFLITA Circulação pulmonar O sangue chega ao átrio direito do coração por duas grandes veias, a veia cava superior, que coleta san- gue da cabeça, dos braços e da parte superior do tronco, e a veia cava inferior, que coleta sangue das pernas e da parte inferior do tronco. Do átrio direi- to, o sangue passa para o ventrículo direito, que o bombeia para a artéria pulmonar. Esta se divide em duas (direita e esquerda), que levam sangue aos pul- mões. Lá, o sangue adquire gás oxigênio e libera gás carbônico (Figura 8). Figura 8 - Circulação pulmonar e sistêmica 49 EDUCAÇÃO FÍSICA NIVELAMENTO ANATOMIA 50 O sistema respiratório é constituído por um conjun- to de estruturas anatômicas que, em conjunto, são responsáveis pela captação do ar do meio ambiente e transporte dele até o órgão respiratório para que a hematose seja possível. A hematose é um processo que implica em trocas gasosas entre o ar atmosférico e o meio interno. Nesse Sistema Respiratório processo, o CO2, resultante do metabolismo celular, é trazido pelo sangue aos pulmões e se difunde dos capilares teciduais para os alvéolos para ser eliminado juntamente com o ar expirado. Ao mesmo tempo, o O2 do ar inspirado difunde-se dos alvéolos para os capilares alveolares, onde se combina com a hemoglo- bina, originando o sangue arterial (BARBOSA, 2017). 51 EDUCAÇÃO FÍSICA Narina Boca Laringe Traqueia Faringe Brônquio O SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos que con- duzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são o nariz, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os bronquíolos (Figura 9). Figura 9 - Elementos do sistema respiratório SISTEMA RESPIRATÓRIO Nariz É a primeira estrutura do sistema respiratório cuja principal função é captar o ar ambiente. Contudo, ele também filtra, aquece e umidifica o ar inspira- do, recebe e elimina secreções dos seios paranasais e do ducto lacrimonasal e permite o olfato (BAR- BOSA, 2017). O nariz é subdividido em: raiz (superior, onde inicia), ápice (ponta do nariz), dorso (entre ápice e raiz), asa e narina (aberturas) (Figura 10) (MOO- RE et al., 2014). Figura 10 - Nariz NIVELAMENTO ANATOMIA 52 Faringe A faringe é um canal comum aos sistemas digestivo e respiratório e se comunica com o nariz, com a boca e com a laringe. O ar inspirado pelas narinas ou pela boca passa, necessariamente, pelafaringe, condu- zindo até a laringe (Figura 11). Laringe A laringe é um tubo sustentado por peças de cartila- gem articuladas, situado na parte superior do pesco- ço, em continuação à faringe em direção à traqueia (pois a faringe pode continuar com o esôfago e se direcionar para o sistema digestório). A entrada da laringe é chamada glote. Acima dela existe uma espé- cie de “lingueta” de cartilagem, denominada epiglo- te, que funciona como válvula. Quando engolimos, a laringe sobe e sua entrada é fechada pela epiglote, de modo a impedir que o alimento engolido penetre nas vias respiratórias (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 11 - Faringe e laringe Figura 12 - Laringe Em adição, por abrigar as cordas vocais, a passagem de ar pela laringe pode produzir sons (BARBOSA, 2017). Faringe Laringe 53 EDUCAÇÃO FÍSICA Traqueia, brônquios e bronquíolos A traqueia é um tubo de, aproximadamente, 1,5 cm de diâmetro e 10 cm de comprimento, cujas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos em formato de “C” em sua região anterior (Figura 13). Podem-se sentir os reforços cartilaginosos da traqueia tocando, com os dedos, a região anterior da garganta, logo abaixo do pomo de adão (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 13 - Traqueia, brônquios e bronquíolos bronquíolos bronquíolos terminais traqueia brônquios NIVELAMENTO ANATOMIA 54 Na região superior do peito, a traqueia se bifurca, dando origem aos brônquios (Figura 13). Estes são dois tubos curtos, também reforçados por anéis de cartilagem, que conduzem o ar aos pulmões (BAR- BOSA, 2017). Tanto a traqueia quanto os brônquios são inter- namente revestidos por um epitélio ciliado, rico em células produtoras de muco. Dessa forma, as partí- culas de poeira e bactérias em suspensão no ar ina- lado aderem ao muco, sendo “varridas” em direção à garganta graças ao batimento dos cílios. Ao chegar à faringe, o muco e as partículas aderidas são engoli- dos com a saliva (MOORE et al., 2014). Nos pulmões, os brônquios se ramificam profu- samente, dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquíolos (Figura 13). O conjunto altamente ramificado de bronquíolos tem o aspecto de uma ár- vore, denominada árvore respiratória. Cada bron- quíolo termina em pequenas bolsas denominadas alvéolos pulmonares (BARBOSA, 2017). Pulmões Um pulmão humano (Figura 14) é um órgão es- ponjoso, com, aproximadamente, 25 cm de com- primento e 700 g. O pulmão direito é ligeiramente maior que o esquerdo e está dividido em três lóbu- los; já o pulmão esquerdo tem apenas dois lóbulos. Na face interna de ambos os pulmões, existe uma abertura por onde passam os brônquios, as arté- rias pulmonares e as veias pulmonares (AMABIS E MARTHO, 2007). O pulmão é envolto por duas membranas deno- minadas pleuras (Figura 15). A pleura interna está aderida à superfície pulmonar, enquanto a pleura externa está aderida à parede da caixa torácica. En- tre as pleuras, há um estreito espaço preenchido por líquido. A tensão superficial desse líquido mantém unidas as duas pleuras, mas permite que elas desli- zem uma sobre a outra, durante os movimentos res- piratórios (BARBOSA, 2017). A entrada de ar para os pulmões é depen- dente de uma diferença de pressão existente entre a atmosfera e o interior dos pulmões, com o ar entrando pelo sistema de tubos disponível (nariz ou boca, chegando até os pulmões pela traqueia). Porém, mediado por uma lesão, podemos abrir um furo na caixa torácica e, se este tiver um diâmetro de ao menos ⅔ do da traqueia, o ar dará preferência por entrar por essa perfuração, resultando numa enfermidade denominada de pneu- motórax. Fonte: adaptado de Hall (2011). SAIBA MAIS Figura 14 - Pulmão humano 55 EDUCAÇÃO FÍSICA Pulmões de pessoas jovens têm cor rosada, escure- cendo com a idade, devido ao acúmulo de impure- zas presentes no ar e que não foram removidas pe- los mecanismos de limpeza do sistema respiratório (AMABIS E MARTHO, 2007). A base de cada pulmão se apoia no diafragma, uma membrana espessa e resistente formada por di- versas camadas musculares. O diafragma, presente apenas nos mamíferos, separa a cavidade torácica da cavidade abdominal (Figura 16). Traqueia Brônquio principal esquerdo Pleura parietal Pleura visceral Cavidade pleural esquerda Músculo diafragma Mediastino Pleura visceral Pulmão Parede do tórax Pleura parietal Cavidade pleural Cavidade pleural direita Brônquio principal direito Pulmão esquerdo Pulmão direito Figura 15 - Pleura parietal e visceral Figura 16 - Diafragma e seus movimentos durante a ventilação pulmonar Inspiração Expiração NIVELAMENTO ANATOMIA 56 Sistema Urogenital 57 EDUCAÇÃO FÍSICA O sistema urogenital envolve a associação de dois grandes sistemas: o sistema urinário e o sistema ge- nital/reprodutor. O sistema urinário, além de sua função de formador de urina, também apresenta pa- pel chave na regulação dos sais minerais e pH, além de secretar hormônios importantes para o correto funcionamento do organismo. Já o sistema genital tem como função chave a produção de gametas, pro- porcionando a cópula e reprodução, assim como a produção de hormônios esteroides sexuais femini- nos e masculinos. Órgãos do sistema urinário O sistema urinário humano é constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra (Figura 17). Rins Os rins têm cor vermelho-escura, forma de grão de feijão e cada um mede pouco mais de 10 cm de comprimento. Localizam-se na parte posterior do abdome, logo abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna vertebral. Nessa posição, estão protegidos pelas últimas costelas e, também, por uma camada de gordura (AMABIS; MARTHO, 2007). O rim possui uma cápsula fibrosa, que protege o córtex, mais externo, e a medula, mais interna (Fi- gura 18). Na região do córtex renal, estão os néfrons - estruturas microscópicas responsáveis pela filtra- ção do sangue e remoção das excreções. Cada rim apresenta mais de um milhão de néfrons. Na porção renal mais interna, localizam-se tubos coletores de urina (Figura 19). Rim Bexiga urinária Uretra Ureter Figura 17 - Visão geral do sistema urinário O néfron é uma longa estrutura tubular que possui, em uma das extremidades, uma expansão em for- ma de taça, denominada cápsula de Bowman. Esta se conecta com o túbulo contorcido proximal, que continua pela alça de Henle e pelo túbulo contorci- do distal. Este desemboca em um ducto coletor. Figura 18 - Rim e sua visão interior NIVELAMENTO ANATOMIA 58 Conforme mencionado previamente, uma das fun- ções dos rins é filtrar o sangue, removendo os re- síduos nitrogenados produzidos pelas células e, também, sais e outras substâncias em excesso. Além dessa função excretora, os rins são responsáveis pela osmorregulação em nosso organismo. Controlando a eliminação de água e sais na urina, esses órgãos mantêm a tonicidade do sangue adequada às neces- sidades de nossas células. Essas funções são depen- dentes de três processos que ocorrem nos néfrons, denominadas de filtração, reabsorção e secreção. Ao final dessas três etapas, o que não for mais necessá- rio ao organismo humano irá constituir a urina, que será encaminhada dos rins até a bexiga por meio dos ureteres e, posteriormente, será eliminada por meio da uretra (BARBOSA, 2017). Ureteres Os néfrons desembocam em dutos coletores de urina, que se unem para formar canais cada vez mais grossos. A fusão desses dutos origina um canal único, denomi- nado ureter, que sai do rim em direção à bexiga uriná- ria (no adulto, apresenta cerca de 25 a 30 cm de com- primento) (Figura 20) (AMABIS; MARTHO, 2007). Artéria renal Veia renal Artéria interlobar Veia interlobar Veia arqueada Artéria arqueada Rim Medula Córtex Néfron Glomérulo Túbulo distal Artéria arqueada Veia arqueada Túbulo proximal Duto coletor Direção do �uxo sanguíneo Arteríola eferente Arteríola aferente Cápsula glomerular Capilares peritubulares Túbulos renais (néfrons)Figura 19 - Néfron Rins Ureter esquerdo Ureter direito Bexiga Uretra Figura 20 - Ureteres Bexiga urinária A bexiga urinária (Figura 21) é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml) de urina. Esta é eliminada periodicamente por meio da uretra (AMABIS; MARTHO, 2007). Cérvix Ovário Reto ÂnusVagina Uretra Bexiga urinária Útero Tuba uterina Figura 21 - Bexiga urinária 59 EDUCAÇÃO FÍSICA Pênis O pênis (Figura 22) é o órgão copulador masculino. É constituído por três cilindros de tecido esponjoso, os dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso, além de vasos sanguíneos e linfáticos, tecido nervo- so e conjuntivo revestidos por uma pele. A região anterior do pênis forma a glande (a “cabeça” do pê- nis), onde a pele é fina e apresenta muitas termina- ções nervosas, o que determina grande sensibilidade à estimulação sexual. A glande é recoberta por uma prega protetora de pele, prepúcio, às vezes, removi- da cirurgicamente por meio da circuncisão. Além da glande, podemos dividir o pênis em mais duas por- ções, o corpo e a raiz (AMABIS; MARTGO, 2007). Uretra A uretra (Figura 22) é um tubo que parte da bexi- ga e que termina, na mulher, na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga se mantém fechada por anéis muscula- res (esfíncteres). Quando a musculatura desses anéis relaxa e a musculatura da parede da bexiga se con- trai, ocorre a micção (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 21 - Uretra Há diferenças entre a uretra masculina e femini- na. A feminina é muito curta e se destina a passagem apenas da urina. Em contrapartida, a uretra mascu- lina é mais longa e se destina a passagem da urina e de sêmen durante a ejaculação (sendo dividida em quatro partes, uretra intramural, prostática, mem- branácea e esponjosa) (BARBOSA, 2017). SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO O sistema reprodutor masculino humano compreende os órgãos genitais externos (genitália externa) e órgãos localizados no interior do corpo. A genitália externa é formada pelo pênis e pelo saco ou bolsa escrotal. Os órgãos reprodutores internos são os testículos, os duc- tos condutores de espermatozoides (ductos deferentes, ducto ejaculatório e uretra) e as glândulas acessórias (vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais). Figura 22 - Pênis Glande NIVELAMENTO ANATOMIA 60 Saco escrotal O saco escrotal, ou escroto, é uma bolsa de pele situ- ada abaixo do pênis, dentro da qual se aloja o par de testículos, que são as gônadas masculinas (Figura 23). Epidídimo O epidídimo (Figura 25) é um enovelado de túbulos localizado sobre o testículo, em comunicação direta com os túbulos seminíferos. Os espermatozoides re- cém-formados passam para o epidídimo, onde termi- nam sua maturação e ficam armazenados até sua eli- minação durante o ato sexual (MOORE et al., 2014). Figura 23 - Testículos e saco escrotal (escroto) Os testículos humanos, por estarem localizados no saco escrotal, permanecem a uma temperatura cerca de 2 a 3° C inferior à temperatura corporal, o que é necessário para que os espermatozoides se formem normalmente (BARBOSA, 2017). Testículo O testículo é o órgão onde se formam os esperma- tozoides. É constituído por tubos finos e enovelados, os túbulos seminíferos, e por camadas envoltórias de tecido conjuntivo. Além de produzir os esper- matozoides, também é responsável por produzir a testosterona - o hormônio sexual masculino (Figura 24) (MOORE et al., 2014). Anatomia do testículo Plexo pampiniforme Ducto deferente Testículo Epidídimo Artéria testícular Figura 24 – Testículo Figura 25 - Epidídimo 61 EDUCAÇÃO FÍSICA Ducto deferente O ducto deferente é um tubo musculoso que parte do epidídimo e sobe para o abdome, contornando a bexiga urinária. Sob a bexiga, os vasos deferentes provenientes de cada testículo se fundem em um tubo único, o ducto ejaculatório, que desemboca na uretra (AMABIS; MARTHO, 2007) (Figura 26). Próstata A próstata (Figura 28), localizada sob a bexiga uri- nária, é a maior glândula acessória do sistema repro- dutor masculino. Sua secreção é viscosa e alcalina; tem por função neutralizar a acidez da urina resi- dual acumulada na uretra e, também, a acidez na- tural da vagina. A próstata envolve a porção inicial da uretra, onde lança sua secreção por meio de uma série de pequenos dutos. Glândulas bulbouretrais As glândulas bulbouretrais, localizadas sob a prós- tata, desembocam na uretra. Durante a excitação sexual, elas liberam um líquido, cuja função acredi- ta-se que contribua para a limpeza do canal uretral antes da passagem dos espermatozoides (AMABIS; MARTHO, 2007). SISTEMA REPRODUTOR FEMININO O sistema reprodutor feminino se compõe, como o masculino, de órgãos genitais externos e internos. A genitália externa feminina é composta pelos peque- nos e grandes lábios vaginais e pelo clitóris que, em conjunto, formam a vulva. Os órgãos reprodutores femininos internos são os ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina. Ovários Os dois ovários (Figura 29) da mulher se localizam na cavidade abdominal, na região das virilhas, um em cada lado do corpo. Têm forma de uma peque- Figura 26 - Ducto deferente, ducto ejaculatório, vesículas seminais e próstata Vesículas seminais As vesículas seminais (Figura 27) são duas glându- las, localizadas atrás e sob a bexiga urinária. Elas produzem um líquido nutritivo, o fluido seminal, que contém o açúcar frutose e cuja função é nutrir os espermatozoides. A secreção das vesículas semi- nais é lançada no ducto ejaculatório e constitui cerca de 60% do volume total do fluido eliminado durante o ato sexual (BARBOSA, 2017). Testículo Vesícula seminal Próstata Ducto ejaculatório Ducto deferente Epidídimo NIVELAMENTO ANATOMIA 62 na azeitona, com cerca de 3 centímetros de compri- mento, e apresentam, em sua porção mais externa (córtex ovariano), as células que darão origem aos óvulos. Em adição, também produzem os hormô- nios esteroides sexuais femininos (estrogênio e pro- gesterona) (BARBOSA, 2017). Útero O útero (Figura 30) é um órgão musculoso e oco, de tamanho e forma aproximados aos de uma pera. Em uma mulher que nunca engravidou, o útero tem cerca de 7,5 centímetros de comprimento por 5 centíme- tros de largura em sua porção mais ampla. O arran- jo dos músculos na parede uterina permite grande expansão do órgão durante a gravidez (o bebê pode atingir mais de 4 quilos). A porção superior do útero é larga e está conectada às tubas uterinas. Sua porção inferior, denominada colo uterino, é estreita e se co- munica com a vagina (AMABIS; MARTHO, 2007). Figura 29 - Ovários, tubas uterinas, útero e vagina. Tubas uterinas As tubas uterinas (Figura 29) são dois tubos curvos ligados ao útero. A extremidade livre de cada tuba, alargada e franjada, situa-se junto a cada um dos ovários. É dividida em 4 porções: infundíbulo, am- pola, istmo e uterina (MOORE et al., 2014). O interior dos tubos é revestido por células ci- liadas. O batimento dos cílios cria uma forma de sucção que o óvulo, liberado nas proximidades da abertura de uma trompa, é sugado para seu interior, juntamente com líquido presente na cavidade abdo- minal. No interior da tuba, o óvulo se desloca até a cavidade uterina, impulsionado pelos batimentos ciliares (AMABIS; MARTHO, 2007). Cérvix Ovário Reto ÂnusVagina Uretra Bexiga urinária Útero Tuba uterina Figura 30 - Útero e vagina O interior do útero é revestido por um tecido ricamente vascularizado, chamado endométrio. A partir da puberdade, todos os meses o endométrio se torna mais espesso e rico em vasos sanguíneos, como preparação para uma possível gravidez. Essa preparação só deixa de ocorrer por volta dos 50 anos, com a chegada da menopausa. Se a gravidez não ocorre, a parte do endométrio que se desen- volveu se destaca e é eliminada, juntamente com sangue,
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