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A institucionalização da Psicopedagogia no Brasil Artigo Científico

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL 
 
Janilce S. Domingues Graça
1
 
Arleide Barreto Silva
2
 
Michelline Roberta S. Nascimento
3
 
 
GT9 – Políticas Públicas e Gestão Socioeducacional. 
 
RESUMO 
Este artigo tem por pretensão analisar os aspectos legais da Psicopedagogia no Brasil, com 
destaque no seu contexto histórico nas últimas décadas, objeto de estudo, área de atuação, 
formação do psicopedagogo e a trajetória de luta empreendida para a regulamentação da 
atividade laboral deste profissional que atuava numa função, habilitada na graduação, em 
nível de especialização em Psicopedagogia regulamentada pelo Ministério da Educação e 
Cultura, com a atual legislação este profissional passa a ter uma nova identidade. Faz-se 
necessário à articulação de novos conhecimentos integrados, para uma melhor compreensão 
do campo da aprendizagem. O trabalho está fundamentado na pesquisa exploratória em fontes 
bibliográficas e documentais. Os referenciais teóricos que subsidiaram a pesquisa foram: 
Bossa (1994), Campos (1999), Lomonico (1992), Scoz (1994), Visca (1992) e Weiss (1991). 
 
 
PALAVRAS – CHAVE 
 
 Psicopedagogia, Formação, Regulamentação Profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Mestre em Ensino de Ciências e Matemática/UFS, Psicopedagoga Institucional e Clinica, Licenciada em 
Pedagogia e Professora da graduação e pós-graduação da Universidade Tiradentes – UNIT, Membro do Grupo 
de pesquisa CNPq Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professor (GPGFOP/Unit). 
2
 Mestre em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (2003); Especialista em Administração 
Universitária - OUI/IGLU (2002); Especialista em Administração e Gerência de Unidades de Ensino - FITS 
(1992); Licenciada Plena em Pedagogia - Associação de Ensino e Cultura Pio Décimo (1991). 
3
 Graduada em Pedagogia pela Universidade Tiradentes (2002), Pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva 
(2004), Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes (2013), membro do Grupo de Pesquisa Sociedade, 
Educação, História e Memória- GPSEHM. 
 
THE INSTITUTIONALIZATION OF PSICOPEDAGOGÍA IN BRAZIL 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This article has the intention to analyze the legal aspects of psychoeducation in Brazil, 
especially in its historical context in the last decades, the object of study, area of expertise, 
training and educational psychologist record of struggle waged for the regulation of labor 
activity of this person who acted a function, enabled the graduate level specialization in 
Educational Psychology regulated by the Ministry of Education and Culture, with the current 
legislation this professional now has a new identity. It is necessary to articulation of new 
integrated knowledge for a better understanding of the field of learning. The work is based on 
exploratory research in bibliographic and documentary sources. The theoretical framework 
that supported the research were: Bossa (1994), Campos (1999), Lomonico (1992), Scoz 
(1994), Visca (1992) e Weiss (1991). 
 
 
 
WORDS-KEY 
 
Psychoeducation, Training, Professional Regulation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
 
Atualmente, a Psicopedagogia tem sido frequentemente solicitada na sociedade 
contemporânea, na medida em que busca assegurar a efetivação da aprendizagem, haja vista 
que, somente o acesso à educação conforme insculpido no art. 205 da Constituição Federal 
vigente, não garante o aprendizado. Nas últimas quatro décadas, enquanto área de 
conhecimento interdisciplinar com atuação em Saúde e Educação, a Psicopedagogia se 
dedicou exclusivamente ao processo de aprendizagem humana, além do combate ao fracasso 
escolar, denominado recente patologia originária da “instauração da escolarização obrigatória 
a partir do século XXI, em função das mudanças econômicas e estruturais da sociedade” de 
acordo BOSSA (2002 p.41). 
Assim, esta constitui uma nova área de conhecimentos sistematizados, cujo 
desenvolvimento contou, segundo LOMONICO (1992, p.15) com as “contribuições da 
Filosofia, Neurologia, Sociologia, Linguística, Psicanálise, Psicologia Genética, Psicologia 
Social e da Linguística”, articulada ao campo teórico da Pedagogia e Psicologia Geral, no 
sentido de alcançar a compreensão desse processo. Considerando tais ideias, a pesquisa 
buscou destacar a formação do psicopedagogo e expor a trajetória de luta empreendida para a 
regulamentação da atividade laboral deste profissional. Buscou também, compreender a 
realidade destes profissionais por meio da pesquisa, do estudo da legislação, e do aporte 
teórico da Psicopedagogia no Brasil. 
Os objetivos da pesquisa foram analisar os aspectos legais da Psicopedagogia no 
Brasil, além do histórico nas últimas décadas, objeto de estudo, área de atuação e enfatizar a 
trajetória de luta empreendida para a regulamentação da atividade profissional do 
Psicopedagogo. 
A metodologia utilizada foi à pesquisa exploratória em fontes bibliográficas e 
documentais. Os principais referenciais teóricos que subsidiaram a pesquisa foram: Bossa 
(1994), Campos (1999), Lomonico (1992), Scoz (1994), Visca (1992) e Weiss (1991). 
No decorrer das ações foram realizadas leituras e pesquisas em livros, periódicos, 
revistas e instrumentos (leis, pareceres, resoluções acerca da regulamentação da atividade de 
Psicopedagogia), com escopo de atingir os objetivos pactuados aqui. 
Os questionamentos que nortearam esta pesquisa foram: Qual é a importância da 
regulamentação da atividade de psicopedagogo na sociedade?Existe uma lei que regulamenta 
a profissão de Psicopedagogo? Qual é a área de atuação deste profissional? Quais aspectos 
que embasam a formação do Psicopedagogo?E quanto a CBO - Classificação Brasileira de 
Ocupação deste profissional junto ao Ministério do Trabalho e Emprego? 
 
II-CAMPO DE CONHECIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA 
 
A Psicopedagogia surgiu para atender os problemas de aprendizagens e 
compreender melhor esse processo no sistema de ensino brasileiro por meio de uma ação 
preventiva objetivando tecer novas propostas alternativas de ações voltadas para a melhoria 
da prática pedagógica disseminada nas escolas. 
Assim sendo, Neves apud Bossa, defende que a 
Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta 
as realidades internas e externas da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, 
mais procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua 
complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos 
cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos (1991, p.12) 
 
Considerando que a Psicopedagogia dedica-se ao estudo da aprendizagem com a 
finalidade de prevenir ou curar os seus problemas. Para complementar essa ideia SARA PAIN 
(1986, p.28) colocou que os problemas de aprendizagem se manifestam sempre num quadro 
multifatorial, o qual são resultados da concorrência de uma série de fatores (orgânicos, psico, 
emotivo e social) que interferem na aprendizagem. 
 
Na ação preventiva caberá ao psicopedagogo conforme destacado por BOSSA: 
 
 detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; 
 participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de 
 favorecer processos de integração e troca; 
 promover orientação metodológicas de acordo com as características dos 
 indivíduos e grupos; 
 realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, 
 tanto na forma individual quanto em grupo. (1994, p.23) 
 
Em síntese, a Psicopedagogia busca compreender fatores que intervém nos 
problemas dentro do contexto familiar, escolar e social, objetivando alternativa de ação para 
uma mudança significativa frente ao ensinar e ao aprender. 
 
III-CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA 
 
A prática Psicopedagógica consiste na intervenção no processo de ensino 
aprendizagem, na avaliação e no diagnósticode possíveis dificuldades patológicas 
educacionais. 
 O objeto de estudo da Psicopedagogia, conforme definido por GOLBERT, deve: 
ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque 
o preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano 
em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a 
ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais 
processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo. Não 
deve restringir a uma só agencia como a escola, mas ir também à família e à 
comunidade. Poderá esclarecer, de forma mais ou menos sistemáticas, a 
professores, pais, e administradores sobre as características das diferentes 
etapas do desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de 
aprendizagem, sobre as condições psicodinâmicas da aprendizagem, sobre as 
condições determinantes de dificuldades de aprendizagens. O enfoque 
terapêutico considera o objeto de estudo da Psicopedagogia a identificação, 
análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das 
dificuldades de aprendizagens. (1985, p.13) 
 
 
Como foi visto o psicopedagogo dentro ou fora do ambiente escolar atua 
preventivamente ou terapeuticamente, conforme os ensinamentos de LOMONICO, 
destacamos: 
 
Preventivamente, ele atua juntos aos professores, pais, e técnicos, de vários modos: 
 Proporcionando condições para análise e reflexão sobre o papel da escola; 
 Proporcionando condições para que as situações de ensinos sejam percebidas e 
organizadas, de acordo com o desenvolvimento dos alunos, mediante conhecimento 
e reflexão sobre habilidades e princípios que são pré-requisitos para as 
aprendizagens; 
 Auxiliando toda equipe escolar na determinação, escolha e elaboração dos 
objetivos educacionais, das estratégicas de ensino e dos instrumentos de avaliação; 
 Proporcionar condições para a ação e reflexão sobre os erros metodológicos dos 
professores e erros dos alunos, a fim de encontrar soluções mais accessíveis para os 
mesmos. 
Numa linha terapêutica, ele poderá: 
 Discutir e, se necessário, preparar e/ou ajudar o professor para a realização de 
atendimento psicopedagógico a grupos de alunos (5 a 8 anos) ou individualmente; 
 Participar do diagnóstico dos distúrbios específicos de aprendizagem; 
 Dar atendimento psicopedagógico a grupos de alunos, quando dispuser de 
tempo; 
 Auxiliar professor na compreensão de problema de aprendizagem e/ou bloqueio 
de aprendizagem, de modo que ele levante alternativas de ação para solução dos 
mesmos. (1992, p.19) 
 
Desse modo, o psicopedagogo atua na prevenção dos problemas de aprendizagem 
visando obter a solução, tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição de ensino público ou 
particular. 
Inicialmente, a Psicopedagogia enveredou pela Orientação Educacional, na 
assessoria psicopedagógica cuja contextualização não extrapolou a sua problemática escolar e 
familiar, exceto a estrutura social e cultural. Além do âmbito escolar, a Psicopedagogia 
expandiu, de acordo com LOMONICO (1992, p.18) para os hospitais, instituições de ensino 
superiores e outras. Contudo, a Orientação atualmente, não se confunde com a 
Psicopedagogia, pois tem sido uma formação de graduação no curso de Pedagogia e essa 
formação encontra-se legitimado com a promulgação das diretrizes curriculares para o curso 
de Pedagogia com função de contribuir com mudanças educativas. 
 
Relativo à avaliação psicopedagógica, com base no Construtivismo, parte do 
princípio de que a aprendizagem é uma tarefa de apropriação e de domínio do objeto de 
conhecimento. Partindo desse pressuposto, CAMPOS destaca que: 
um sujeito constituído de identidade e autonomia , que seja agente de 
apropriação do conhecimento e da construção do saber, supõe, também, que 
o sujeito só assimila o objeto quando organiza de forma significativa em 
termos de espaço, tempo, causalidade.Não há assimilação de um mundo 
neutro, segundo Piaget.Todo conhecimento é significativo, necessariamente. 
(2001, p.211) 
 
A realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógica ocorre mediante o uso 
de objetos cognoscitivos inerentes da Psicopedagogia. 
As modalidades de atuação do psicopedagogo são especificamente: Clínica, 
preventiva e teórica. Conforme fundamentam OLIVEIRA e BOSSA (1997, p.215) o trabalho 
psicopedagógico é de orientação no processo ensino aprendizagem visando favorecer a 
apropriação do conhecimento no ser humano, ao longo de sua evolução. Essa modalidade 
desenvolve-se na forma individual ou grupal, na área de saúde mental e da Educação. 
O trabalho clínico quando trata de transtornos de aprendizagens leva em conta as 
peculiaridades de cada processo. Desse modo, tanto a área clínica ou preventiva resulta num 
trabalho teórico. Na área hospitalar, o psicopedagogo opera junto com a equipe composta 
médica e demais profissionais tais como: fonoaudiólogo, neurologista, psiquiatra, etc. no 
processo preliminar do diagnóstico, por meio de informações psicopedagógicas, entre outras 
atribuições delimitadas da área. 
 
A intervenção psicopedagógica lida diretamente nas dificuldades com base na 
reflexão acerca dos processos objetivos e subjetivos vivenciado pelo indivíduo nas suas 
relações com o conhecimento. Refletir a aprendizagem num sentido amplo é considerar a 
cognição, o desejo e a simbologia que cada um atribui aos objetivos externos a partir de suas 
representações de objeto inconsciente. Sendo que essas representações interferem nas relações 
com o conhecimento. 
Com base no Projeto de Lei 3.124/97 a Intervenção Psicopedagógica no processo 
de aprendizagem e de dificuldades tem por foco o sujeito que aprende em vários contextos 
sociais. Considerando a trivial influência do meio (família, escola, sociedade), o profissional 
utiliza-se do meio inerente à Psicopedagogia. Posto isso, esta é um campo de atuação em 
Saúde e Educação que trata do processo de aprendizagem com base nos padrões normais e 
patológicos enraizados, nas primeiras instâncias sociais. 
 
IV-CAMPO TEÓRICO 
 
Desde o surgimento da Psicopedagogia inúmeras abordagens teóricas 
corroboraram com as dificuldades de aprendizagens no âmbito escolar. No qual de um lado, 
de acordo com LOMONICO, um grupo composto por propostas dos neurologistas 
“Myklebust e Johnson sobre os distúrbios de aprendizagem, a tese do psicólogo behaviorista 
Allan O. Ross sobre também o distúrbio de aprendizagem e a teoria da Epistemologia 
Convergente sobre os obstáculos da aprendizagem, de Jorge Visca” (1992, p.21), considerado 
pela literatura este último o pai da Psicopedagogia. Esse grupo recorreram às bases científicas 
e/ou técnicas dos problemas, enfatizando o atendimento clínico terapêutico e individual. 
O autor ainda considera que no outro grupo, Masini (1984) elabora uma 
abordagem fenomenológica de aconselhamento ao aluno difícil, uma proposta nascida da 
vivência da Psicologia Escolar, da qual tratou da relação entre o fracasso escolar e a 
desnutrição (rotulado de mito da privação cultural), sendo revisto seus aspectos filosóficos e 
sociais, além das bases técnico ou científica, preocupou-se no atendimento institucional, 
grupal e sobretudo de modo preventivo. 
 
V-ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL 
 
A Psicopedagogia surgiu no Brasil na década de 1970 sob influência tanto americana, 
quanto europeia, via Argentina. Os argentinos sob influência dos europeus passaram a cuidar 
de pessoas portadoras de dificuldades de aprendizagem por mais de 30 anos. Assim, o 
trabalho de reeducação passou a ser objeto de estudo com base nos conhecimentos da 
Psicanálise e da Psicologia Genética, além do conhecimento da Linguagem, e da 
Psicomotricidade, no sentido de melhor entender o comportamento das pessoas com esse tipo 
de dificuldades. 
Diversos autores argentinos a exemplo de Dr. Quirós, Jacob, Feldaman, Sara Paín, 
Jorge Visca, Alícia Fernandez,Ana Maria Muniz dentre outros, ministraram cursos na área de 
Psicopedagogia, remetendo contribuições para o enriquecimento e desenvolvimento do aporte 
teórico da Psicopedagogia. O final do século XIX, de acordo com THOMSEN(2001), 
Psiquiatras e Neuro-Psiquiatra preocupados com fatores que interferiam na aprendizagem 
organizaram novos métodos de Educação Infantil sob influência dos educadores Esquiral, 
Montessori e Ovidir Decroly, dentre outros. 
Na Europa o movimento que originou a Psicopedagogia, disseminou a crença de 
que o baixo rendimento escolar estava associado às causas orgânicas e que precisava de 
atendimento especializado. No Brasil, ainda, de acordo com o autor, as dificuldades de 
aprendizagens inicialmente foram associadas a uma disfunção neurológica denominada de 
Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda, servindo para camuflar problemas 
sociopedagógicos. 
Nos escritos de BOSSA, consta registrado, que os problemas de aprendizagens 
eram estudados e tratadas por médicos, o qual assumia grande importância nas decisões de 
família. (1994, p.43-44). 
Os educadores e os familiares depositavam toda confiança neste profissional. 
Contudo, nem sempre todo problema de aprendizagem poderia ser causado por fatores 
orgânicos (patológicos) embora a crença perdurasse por muitos anos como forma de 
tratamento deste distúrbio. 
Segundo BARBOSA (2002), O Psicopedagogo e professor argentino, Jorge Visca 
implantou os Centros de Estudos Psicopedagógicos (CEPs) no Rio de Janeiro, São Paulo, 
capital e Campinas, Salvador e Curitiba, sendo que os Centros do Rio de Janeiro e Curitiba 
funcionaram ininterruptamente, com o objetivo de difundir a Epistemologia Convergente 
“utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Psicogenética de Piaget; Escola 
Psicanalítica (Feud); a escola de Psicologia Social e Enrique Pichon Riviere”(THOMSEN, 
2007). 
Decorridos 20 anos de práticas psicopedagógicas, o primeiro curso de 
Psicopedagogia de acordo com Bossa (1994, p.45) foi criado na cidade de São Paulo, Instituto 
Sedes Sapientiae(1979). Alguns profissionais que terminaram a especialização formaram a 
Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo (AEP), dando origem posteriormente a 
Associação de Psicopedagogia, órgão de classe voltada aos interesses da classe e de luta pelos 
direitos dos psicopedagogos. 
A Psicopedagogia esta fundamentada por referenciais teóricos e é reconhecida 
pela área acadêmica por meio de produções científicas consolidadas em teses, publicações 
dentre outras. Durante o V encontro e II congresso de Psicopedagogia, entrou em vigor o 
código de ética elaborado pelo Conselho Nacional do Biênio 91/92 da Associação Brasileira 
de Psicopedagogos - ABPp, aprovado em assembleia no ano de 1992. Desde 1980 que a 
ABPp atua junto aos profissionais filiados da área, com uma proposta de uma atuação 
científica – cultural em razão da ausência de um Sindicato, para a sua representação política 
desses profissionais, frente à questão da legalização da profissão. 
 
VI- ENFOQUE DA LEGALIDADE DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL 
 
A Psicopedagogia surgiu para dá voz e expressão e as práticas diversas no âmbito 
educacional, em face da complexa rede de fatores que interferem no processo ensino - 
aprendizagem, no qual as crianças resistem em aprender. 
Para reforçar essa ideia BOSSA postula: 
“o que caracteriza uma atuação como psicopedagógica é a sua 
especificidade, ou seja, o campo de atuação voltado para o processo de 
aprendizagem e seus fatores intervenientes com objetivo alheio tanto o 
psicanalista quanto ao epistemólogo”. (1994, p.55) 
Quanto à formação do Psicopedagogo nos remete questionar: Uma 
Psicopedagogia ou várias práxis pedagógicas? Na verdade não há uma unidade em 
Psicopedagogia. Há práticas diferentes com peculiar importância para o seu desenvolvimento. 
Embora não seja uma ciência ainda, atua em diversas áreas do conhecimento com base na 
Psicologia Genética, Psicanálise, Psicologia social e da Linguística, articuladas como já vimos 
com ao aporte teórico da Pedagogia e da Psicologia Geral. 
No início do século XXI, a formação do psicopedagogo foi autorizada pelo MEC. 
Contudo, esta pós – graduação não adquiria credibilidade no mercado de trabalho na medida 
em que não havia o percurso da formação de uma identidade profissional, ou seja, o Brasil 
não reconhecia ainda, como uma profissão do ponto de vista legal. A formação em nível de 
especialização, em programas Lato Sensu regulamentados pelas resoluções 12/83, 03/99 e 
01/2001 formavam os especialistas em Psicopedagogia ou Psicopedagogos. O curso contava 
com profissionais de diferentes graduações: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiólogo, letras 
dentre outros. 
Segundo informação da ABPp, o curso de formação ocorre no país em caráter 
regular e oficial, desde a década de setenta em universidades. Os cursos são ofertados na 
modalidade de Pós-Graduação, Lato Senso e Strito Senso, nos quais possuem carga horária de 
360 a 720 horas, com 75% de aulas teóricas e 25% de estágio supervisionado, conforme 
determina o Ministério da Educação (MEC). 
No tocante aos cursos de Educação à Distância (EAD), regulamentados pelo 
MEC, na qual a mediação didática - pedagógica ocorrem por meio de mídia educacional sob o 
credenciamento do SESU. A carga horária deve compor pelo menos 20% de atividades 
presenciais. 
Atualmente, há cursos oficiais nos estados da Federação brasileira: Amazonas, 
Pará, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande Sul, São Paulo, Distrito 
Federal, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte. Regulamentar essa profissão significa o 
reconhecimento de um trabalho que vem ocorrendo a mais de 30 anos com afinco, dedicação 
e responsabilidade. Além de contribuir na ampliação do atendimento às classes menos 
favorecidas e para o sucesso escolar. 
É de interesse público a regulamentação da atividade de Psicopedagogo, tendo em 
vista a realidade persistente da educação brasileira de altos índices de insucesso escolar, em 
razão da falta da criação de uma política educacional eficiente que promova o sucesso 
educacional de fato, ou seja, uma política educacional que possibilitem aos educandos além 
do saber, o acesso à cidadania. 
Diante disto a Psicopedagogia visa não apenas sanar os problemas da 
aprendizagem, mas sim levar em consideração as características multidisciplinares do 
indivíduo que aprende, objetivando melhorar o seu desempenho e aumentar suas 
potencialidades de aprendizagens. De acordo com AMORIN, p.15, os aspectos norteadores do 
processo da regulamentação da Psicopedagogia frutificou após discussões de várias 
instituições e universidades brasileiras, o conselho nacional de psicopedagogos. 
No sentido de concretizar a proposta de regulamentação, o Deputado Federal 
Barbosa Neto viabilizou contato com o Ministro d Educação Paulo Renato, em setembro de 
1995. Após essa contrapartida, vários documentos foram elaborados para alicerçar o processo 
de regulamentação da referida profissão. 
O primeiro Projeto apresentado na Câmera dos Deputados que tratou em caráter 
emergencial da questão da regularização do exercício da atividade de psicopedagogo foi do 
Deputado Barbosa Neto em 1997. O pleito foi arquivado com fundamento no artigo 105 do 
Regimento Interno da Câmara dos Deputados sem que fosse apreciado o parecer de 
Constituição de Justiça e de Cidadania. 
 
Em 12 de setembro de 2001, o Projeto de Lei 10.891, do Deputado Estadual de 
São Paulo, Claury Alves da Silva, foi aprovado após um trabalho intenso da redatora Marisa 
Serrano, e dos Psicopedagogos do Brasil. Autorizando o poder Executivo a implantar 
assistência psicologia e Psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino público 
objetivando diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem. 
Decorrido mais uma década, na busca pela regulamentação e reconhecimento da 
Psicopedagogia como profissão foi propostoe aprovado o Projeto de Lei 3.512/08 de autoria 
da Deputada Raquel Teixeira com referência ao autor da primeira posposta, sendo que alguns 
artigos foram preservados e outros excluídos por tratarem da criação de Conselhos Federal e 
Regionais de Psicopedagogia do Projeto de Lei do Deputado Barbosa Neto. Cabendo ressaltar 
que a exclusão ocorreu devido constar na lei brasileira que conselhos são considerados parte 
da administração pública e de incumbência do Poder Executivo. Com base nesse Projeto 
criou-se o Projeto de Lei da Câmara nº31/2010 de autoria da Deputada Raquel Teixeira que 
propôs além da regulamentação da profissão de Psicopedagogia a abertura para atuação nas 
especificidades tangentes a qualidade da humanização hospitalar em setores infantis e à 
preservação de incapacidade Proteção à Independência de Idosos, tendo em vista que estes 
profissionais trazem na sua formação a multiplicidade necessária para contribuir de forma 
decisiva no desenvolvimento da aprendizagem em suas diversas instâncias. 
Outro passo importante na luta pelo reconhecimento e formação da identidade 
profissional dos Psicopedagogos foi à inclusão no ano de 2004 da Psicopedagogia na 
Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) sob o número 2394, possibilitando a inclusão do 
Psicopedagogo nos planos de carreiras do serviço público, pois como uma categoria 
profissional reconhecida, poderá participar de concursos públicos. Recentemente a Lei nº 
15.719, de 24 de abril de 2013 foi instituída também, a assistência psicológica e 
Psicopedagógica pelo Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad na rede Municipal de Ensino, 
tendo como enfoque o educando e instituições de Educação Infantil e Ensino Fundamental. 
 
VII – CONCLUSÃO 
 
A Psicopedagogia é uma área de conhecimento interdisciplinar com atuação em 
saúde e educação que se dedicou ao processo de ensinagem e aprendizagem humana. Partindo 
desse pressuposto precisamos tê-la não como solução de todos os problemas, mas que 
possamos vislumbrar um caminho a ser seguido por todos que necessitem de tratamento 
Psicopedagógico. 
O Psicopedagogo conta com um corpo de conhecimento científico proveniente de 
várias áreas (ancoradas na Neurologia, Linguística, Psicanálise, Psicologia Genética, 
Psicologia Social, Pedagogia e Psicologia Geral, dentre outras) aliada a uma prática clínica e 
institucional que considera fatores que interferem na aprendizagem (orgânicos, psico, 
cognitivo, afetivo, físico e etc.) no sentido de alcançar a compreensão desse processo, para 
auxiliar na superação das dificuldades. 
Essa área do conhecimento tem contribuído para uma melhor compreensão da 
realidade do aprendente com dificuldade de aprendizagem. Enquanto Psicopedagogia clínica, 
trata de transtornos de modo preventivo. Como Psicopedagogia Institucional. Na ação 
preventiva o psicopedagogo proporciona condições para que as situações de ensino sejam 
percebidos e organizados, mediante conhecimento e reflexão acerca das habilidades e 
princípios inerentes ao processo de aprendizagem. Além de valorizar novos conhecimentos, 
novas formas de aprender e avaliar o conhecimento. 
Faz-se necessário a mudança de política pública educacional que efetivamente 
promova a educação de qualidade, que em nenhuma escola existam alunos do Ensino 
Fundamental maior, analfabetos funcionais. Que esta realidade seja transformada com a ajuda 
de todos: escola, professores, alunos, pais e comunidade, dentre outros profissionais 
(Psicólogo, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo e etc). 
Vivemos um momento em que a sociedade está em crise estrutural familiar e 
social. A escola enquanto espaço privilegiado tem o papel de emancipar o sujeito, com a 
erradicação da lacuna do fracasso escolar. Para isso é preciso que todos se responsabilizem 
em promover a efetiva aprendizagem, os pais procurem dar uma assistência aos seus filhos no 
seu processo de formação cognitiva, a comunidade participe mais das ações realizadas na 
escola para a melhoria da qualidade da educação. 
O governo de fato saia da zona de conforto e invista na educação de fato com 
responsabilidade e cobrança de retorno, além de promover uma política de formação de 
qualidade dos professores e valorização das remunerações destes profissionais que trabalham 
na maioria das vezes em três turnos para suprir uma remuneração que contemple as suas 
necessidades pessoais e da sua família. 
Os professores são agentes transformadores de realidade, quando a educação de 
qualidade ganha corpo nas suas práticas, embora dependa da relação interpessoal e 
organizacional da escola, da sociedade e da política para que tudo funcionem bem. 
Em geral, a sociedade privilegia a educação por configurar ascensão social, o 
fracasso escolar perpetua a promoção da marginalização social e com isso cresce cada vez 
mais o abismo entre as classes sociais, com o fenômeno da globalização mundial. Frente ao 
contexto do insucesso escolar, constatou-se que o psicopedagogo no seu campo de atuação é 
cada vez capaz de criar novas respostas para os antigos problemas educacionais. 
 Contudo, estes profissionais atuavam sob a legitimidade da sociedade há quase 
30 anos, embora não possuíssem legalidade na sua atividade profissional junto às instituições 
governamentais. Assim, estes profissionais eram contratados como psicopedagogos ou para 
prestar serviço de assessoria psicopedagógica. 
A trajetória de luta empreendida para regulamentação destes profissionais iniciou 
com ajuda da ABPp, dos psicopedagogos do Brasil e de parte de alguns representantes 
políticos. A criação da identidade profissional concretizou-se no processo de inclusão do 
psicopedagogo na Classificação Brasileira de Ocupação - CBO cadastrado no nº2394. Haja 
vista, que a CBO tem por objetivo a identificação das ocupações no mercado de trabalho 
especificamente ao serviço público, em razão de ser de ordem administrativa, sem extensão às 
relações de trabalho. A regulamentação hoje é uma conquista revestida nos esforços dos 
Psicopedagogos e da Sociedade, assim configurou - se uma conquista de todos envolvidos 
diretamente e indiretamente. 
 
REFERÊNCIAS 
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