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Ana Lucia Barella - Desconsideração e JEC

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2020 - 05 - 01 
Revista de Processo
2018
REPRO VOL. 275 (JANEIRO 2018)
TUTELA DIFERENCIADA
Tutela Diferenciada
1. O incidente de desconsideração da personalidade
jurídica no NCPC e sua aplicabilidade nos juizados
especiais cíveis
The disregard of legal entity incident in the NCCP and
its applicability in the special civil courts
(Autores)
ANA LÚCIA BARELLA
Acadêmica do curso de Direito no Centro Universitário Curitiba – Unicuritiba. -
analuciabarella@yahoo.com.br
LEONEL VINÍCIUS JAEGER BETTI JUNIOR
Professor da disciplina Direito Empresarial do curso de graduação e pós-graduação em Direito da
Faculdade de Direito do Centro Universitário de Curitiba – Unicuritiba. Mestre em Direito Econômico e
Socioambiental pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. - leonelbetti@gmail.com
Sumário:
1 Introdução
2 Desconsideração da personalidade jurídica
2.1 Origem do instituto
2.2 Desconsideração da personalidade jurídica no Código de Processo Civil de 1973
3 Juizados especiais
3.1 Histórico
3.2 Princípios e competência
3.3 Desconsideração da personalidade jurídica nos juizados especiais sob a vigência
do Código de Processo Civil de 1973
4 Aspectos processuais da desconsideração da personalidade jurídica
4.1 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica no novo Código de
Processo Civil
4.2 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos JECs à luz do NCPC
5 Considerações finais
6 Referências
Área do Direito: Civil
Resumo:
A presente pesquisa tem por objetivo o estudo do instituto da Desconsideração da Personalidade
Jurídica no sistema jurídico brasileiro, sua positivação a partir do Novo Código de Processo Civil e
as possibilidades de aplicação nos Juizados Especiais. A começar pelo próprio instituto e suas
origens, o trabalho permeará também a origem dos Juizados Especiais e a aplicação processual do
instituto durante a vigência do Código revogado, assim como a proposta e expectativas à luz do
Código de 2015. As conclusões a que se pode chegar sobre o possível conflito, ou não, entre o NCPC
e a Lei dos Juizados Especiais encerrarão a pesquisa.
Abstract:
The present research aims the study of the Disregard of Legal Entity in the Brazilian legal system,
its attendance starting in the New Code of Civil Procedure and the possibilities of application in the
Special Courts. Beginning from own institute and its origins, this work will permeate also the
origins of the Especial Courts and the procedural application of the institute during the effective
repealed Code, as the proposal and expectations under watching of 2015 Code. The conclusions
which can be reached about the possible conflict, or not, in between NCCP and the Special Courts
Law will end the quest.
Palavra Chave: Desconsideração da personalidade jurídica - Incidente de desconsideração da
personalidade jurídica - Juizados Especiais Cíveis - Novo Código de Processo Civil
Keywords: Disregard of legal entity - Incident Disregard of legal entity - Special Civil Courts - New
Civil Procedure Code
1. Introdução
A recente1 entrada em vigor da Lei 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil – NCPC)
pode acarretar curiosidade nas esferas acadêmicas e, possivelmente, no meio jurídico, posto que
ausentes decisões judiciais ou doutrina estabelecida (mesmo com as normais divergências) a que
se está acostumado no campo acadêmico, isto é, pela incerteza quanto à aplicação prática do novo
dispositivo.
Ocorre que, com a positivação de um incidente que trate do assunto, paira a dúvida a respeito de
sua aplicabilidade nos processos. Aqui, os olhares miram mais do que qualquer procedimento,
focam os procedimentos especiais que orientam os Juizados Especiais (JEs). Nesses procedimentos,
não são admitidos terceiros nem incidentes.
Diante disso, o trabalho pretenderá analisar o encontro dessas normas. Para tanto, far-se-á um
breve estudo acerca da Desconsideração da Personalidade Jurídica (DPJ), suas origens, previsões
legais e procedimentos na vigência do Código de Processo Civil de 1973 ( CPC/1973).
Em seguida, a análise estará voltada aos Juizados Especiais e a maior ênfase será dada à Lei
9.099/1995. A história deles e, indispensáveis ao estudo, os princípios que os regem serão o ponto
central da pesquisa nessa fase.
Por fim, para que se possa relacionar um tema ao outro com fulcro na Lei 13.105/2015, passar-se-á
à última etapa, que corresponde aos aspectos processuais que levarão ou não à aplicação da
Desconsideração nos Juizados.
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Pretende-se concluir, consideradas as diversas possibilidades, pela compatibilidade ou não entre
instituto e procedimento.
2. Desconsideração da personalidade jurídica
Tendo como base o instituto da Desconsideração da Personalidade Jurídica, esta pesquisa será
iniciada pela história da responsabilidade limitada, donde se origina esse instituto, e sua aplicação
até a vigência do Código de Processo Civil revogado.
2.1. Origem do instituto
A limitação do risco empresarial é preocupação comum a todos os países capitalistas, feita por
meio da separação entre a pessoa jurídica e as físicas que a representam. Estas, por sua vez,
passaram a utilizar-se daquela em benefício próprio, gerando reações de diferentes setores quanto
à limitação de responsabilidades dos sócios.
Segundo Oliveira, diante do grande número de casos em que os sócios pretendiam utilizar a
limitação social como escudo para atos próprios, os tribunais norte-americanos passaram a reagir
por meio de “uma espécie de suspensão de vigência – para o caso concreto em julgamento – do
princípio da separação entre pessoa jurídica e pessoa-membro” (1979, p. 262-3).
De acordo com o autor, aquela posição doutrinária contribuiu com a ideia de que os juízes não têm
o dever de respeitar uma ficção jurídica que não é respeitada por seus próprios sócios (OLIVEIRA,
1979, p. 268).
A doutrina alemã também foi expoente no estudo do tema, um grande contribuinte foi Rolf Serick,
apontado por autores como Oliveira e Fábio Ulhoa Coelho ao descrever quatro critérios
estabelecidos para aplicação da teoria do disregard, são eles: fraude à lei/abuso (nesse caso, “o
elemento comum (...) é a aparência de comportamento lícito da sociedade e do sócio” (COELHO,
1989, p. 19)), fraude a obrigações contratuais (aqui a relação não é estabelecida com a lei/abuso,
mas com as normas de Direito Societário (COELHO, 1989, p. 19)), fraude contra credores (“através
da transferência de bens do devedor” (OLIVEIRA, 1979, p. 274) – casos de confusão patrimonial,
por exemplo), por fim, aponta a vinculação entre duas sociedades (situação em que uma sociedade
realiza negócio com outra que é sua integrante (COELHO, 1989, p. 22)).
Fábio Ulhoa Coelho também reporta importância, além do alemão, ao autor italiano Piero
Verrucoli, que entende a personalidade jurídica como um privilégio destinado aos membros da
pessoa jurídica. “Este privilégio pode significar ou a limitação da responsabilidade subsidiária dos
sócios pelas obrigações da sociedade (autonomia patrimonial absoluta) ou a simples
subsidiariedade desta responsabilidade (autonomia patrimonial relativa)” (COELHO, 1989, p. 24-
25).
No Brasil, Rubens Requiãofoi o primeiro a dedicar-se ao assunto de maneira sistematizada. É dele
a expressão no português “Desconsideração da Personalidade Jurídica”. Introduziu o tema em
conferência realizada na Universidade Federal do Paraná e teve sua inspiração na teoria
subjetivista de Serick, com a qual se alinhou. “No entanto, acabou mais por divulgar o instituto do
que aprofundá-lo” (COELHO, 1989, p. 39). Nas palavras de Requião:
A doutrina desenvolvida pelos tribunais norte-americanos, da qual partiu o Prof. Rolf Serick para
compará-la com a moderna jurisprudência dos tribunais alemães, visa a impedir a fraude ou abuso
através da personalidade jurídica, e é conhecida pela designação ‘disregard of legal entity’ ou também
pela ‘lifting the corporate veil’. Com permissão dos mais versados no idioma inglês, acreditamos que não
pecaríamos se traduzíssemos as expressões referidas como ‘desconsideração da personalidade jurídica’
ou ainda como ‘desestimação da personalidade jurídica’, correspondente à versão espanhola que lhe deu
o Prof. Polo Diez, ou seja, ‘desestimación de la personalidad jurídica’. O ‘lifting the corporated veil’ seria o
‘levantamento’ ou ‘descerramento do véu corporativo’, ou da ‘personalidade jurídica’. Segundo ainda o
Prof Polo Diez a expressão ‘disregard of legal entity’ é o equivalente mais próximo da doutrina da
‘penetração da personalidade jurídica’, da moderna jurisprudência germânica (1969, p. 13).
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Também contribuiu o já referido José Lamartine Correia de Oliveira, principalmente por sua obra
a respeito da crise da personalidade jurídica de onde, segundo ele, resulta a Desconsideração dessa
personalidade.
Fábio Konder Comparato é referência tanto para Coelho quanto para Oliveira. Para ele, a ausência
de norma não enseja nulidade da pessoa jurídica, mas ineficácia do ato praticado (1976, p. 271). O
autor considera que “essa desconsideração da personalidade jurídica é sempre feita em função do
poder de controle societário” (1976, p. 295). Segundo seu entendimento, o dever de orientar a
sociedade para que não incorra em desvios é intrínseco à função de quem a controla.
Outra doutrina é a do citado Fábio Ulhoa Coelho, que entende o instituto pelo viés subjetivista, mas
aperfeiçoa essa teoria ao romper com o elemento intenção. Assim, pode-se considerar que sua
teoria seja a subjetiva mitigada, onde os atos que são prejudiciais a terceiros ou à própria
sociedade/sócios deverão ser desconsiderados, permanecendo todos os outros que não se
encaixem nessa conduta.
Quanto às teorias da Desconsideração da Personalidade Jurídica, mister estabelecer a diferença
entre as expressões cunhadas por Coelho: Teoria Maior e Teoria Menor. Conforme ensinam Farias
e Rosenvald:
(...) para a teoria maior, a desconsideração depende de requisito específico (subjetivo ou objetivo) (...),
enquanto a teoria menor considera que toda e qualquer hipótese de responsabilização do sócio por
dívida da empresa é um caso de desconsideração. De qualquer sorte, a teoria maior exigirá, sempre, o
atendimento de requisitos legais específicos para efetivar a desconsideração. De outra banda, a teoria
menor (...) fundamenta o seu cerne no simples prejuízo do credor para afastar a autonomia patrimonial
da pessoa jurídica (2015, p. 393).
É possível a divisão da Teoria Maior em Maior Subjetiva e Maior Objetiva, como esclarecem os
mesmos autores:
Subdivide-se a teoria maior em teoria maior objetiva e teoria maior subjetiva, a depender da exigência, ou
não, do elemento anímico para que se admita a aplicação da desconsideração. A teoria maior subjetiva
estabelece a premente necessidade de demonstração de fraude ou do abuso com a intenção deliberada de
prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Há, pois, a inescondível presença de um elemento subjetivo. Já a
teoria maior objetiva, bem desenvolvida por Fábio Konder Comparato, que redigiu o texto do artigo 50 do
Código Civil de 2002, está centrada mais nos aspectos funcionais do instituto do que na intenção do sócio.
Assim, o fundamento da desconsideração seria a disfunção da empresa, causada não somente através do
elemento subjetivo, mas, por igual, através de circunstâncias desatreladas da vontade, como a confusão
patrimonial ou a desorganização societária (2015, p. 393).
Para completar o estudo relativo à Desconsideração da Personalidade Jurídica, a pesquisa passará
a tratar do tema sob a perspectiva do CPC/1973.
2.2. Desconsideração da personalidade jurídica no Código de Processo Civil de 1973
Sob a vigência do CPC/1973, a DPJ não tinha um procedimento específico. Entendendo o
magistrado pelas causas de Desconsideração, era ela aplicada diretamente. A aplicação, portanto,
era feita mediante despacho judicial, a menos que o sócio já fosse parte no processo – nos casos em
que fora incluído no pedido inicial – possibilitando a discussão da matéria. Caso contrário,
figurando na relação como terceiro, o sócio seria surpreendido com o bloqueio de seus bens para,
depois, ser citado e incluído como parte no processo. Esse momento, o da execução, era a
oportunidade que o sócio tinha para defender-se.
Essa defesa ocorria por meio dos embargos de terceiro, que poderiam ser opostos a qualquer
tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, conforme
dispunha o artigo 1.048 CPC/1973, ou até o trânsito em julgado quando a constrição judicial
advinha do processo de conhecimento – com ou sem tutela antecipada (MARINONI; MITIDIERO,
2011, p. 931). Não era possível opô-los nos processos cautelares pelo caráter provisório destes.
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Contudo, entendia-se que “os embargos de terceiro [eram] admissíveis não apenas quando
ocorrida a efetiva constrição, mas também previamente” (MARINONI; MITIDIERO 2011, p. 926).
O rol dos artigos 1.046 e 1.047 era exemplificativo, dando possibilidade de embargar as decisões
que atingissem terceiros e constituía ação e processo autônomos, distribuído por dependência,
com citação do embargado para contestação, cujo valor da causa estaria adstrito ao benefício
patrimonial pretendido (ROCHAAM, 2016).
Sendo providos, os embargos eram recebidos com efeito suspensivo quanto aos bens discutidos
quando em juízo a quo; uma vez nos tribunais, a oposição dos embargos era apenas comunicada
ao tribunal. Quando indeferidos liminarmente não se operava a suspensão.
Mesmo que deferidos os embargos, o embargante só receberia seus bens de volta mediante
caução, conforme artigo 1.051, CPC/1973. Em caso de improcedência do pedido, caberia
apelação, mantendo ou determinando a suspensão até decisão sobre os embargos.
Nos casosem que o processo se encontrava na fase de execução, o meio processual destinado aos
sócios, nos casos em estudo, seriam os embargos à execução, como leciona Didier Jr. (2012, p. 345-
346):
Feita a penhora de bens, o executado era intimado, iniciando-se o prazo de dez dias para oposição de
embargos à execução, que suspendiam o curso da execução. Os embargos eram julgados por sentença, da
qual cabia apelação. Rejeitados os embargos, a apelação era desprovida de efeito suspensivo ( CPC,
art. 520, V); acolhidos, a apelação ostentava o duplo efeito.
Significa, então, que a defesa do executado, independentemente de a execução fundar-se em título
judicial ou extrajudicial, era feita, na concepção originária do atual CPC [1973], por meio de
embargos, que ostentavam segundo a concepção majoritária, natureza jurídica de ação. E isso porque o
processo de execução foi concebido para não comportar cognição ou discussão sobre o crédito, apenas
para realizá-lo, pois já reconhecido o título.
A ausência de cognição sobre a discussão do crédito, conforme citação acima, demonstra a
ausência do próprio direito ao contraditório para o sócio que não participou da construção do
título.
Do exposto é possível notar, portanto, que ao terceiro executado caberia discutir apenas se a
decisão judicial de constrição de bens, atual ou futura, era justa ou não. Dependendo, ainda, de
caução para liberação dos bens já alienados.
3. Juizados especiais
Entendida a Desconsideração da Personalidade Jurídica, passar-se-á ao estudo dos Juizados
Especiais, seus princípios, competência e aplicação do instituto em estudo em seu no âmbito, até a
vigência do Novo Código de Processo Civil.
A formação dos Juizados Especiais é ponto indispensável para se entender seus objetivos e,
principalmente, a aplicação do instituto da Desconsideração da Personalidade Jurídica, aqui
discutida, posto que não previsto na própria Lei 9.099/1995 ou em qualquer outra desse Sistema
dos Juizados.
3.1. Histórico
A criação de espaços que proporcionassem o acesso à justiça originou-se do Projeto de Florença na
década de 1970, “foi um importante projeto de pesquisa sobre o acesso à justiça no qual verificou-
se a necessidade mundial de se criar condições para propiciar o acesso à justiça aos menos
favorecidos economicamente” (DIDIER JR., 2016, p. 25).
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De acordo com André Luiz Faisting, o judiciário brasileiro teve sua inspiração para a criação dos
Juizados Especiais no modelo surgido na cidade de Nova Iorque. “O Poor Man’s Court, como os
juizados ali foram chamados, foi criado em 1934 com a finalidade de julgar causas de reduzido
valor econômico, inferior a 50 dólares” (FAISTING, 2010, p. 40). Com a ampliação da prestação
jurisdicional, essa corte passou a ser chamada de Common Man’s Court.
No Brasil “a iniciativa veio, não do Judiciário, mas do Ministério da Desburocratização. A primeira
experiência aconteceu em 1983 no Rio Grande do Sul [na comarca de Rio Grande]” (DIDIER JR.,
2016, p. 34), “onde se testou um Conselho Informal de Conciliação” (FAISTING, 2010, p. 41).
O sucesso desse projeto acelerou a feitura e aprovação da Lei 7.244 de 07 de novembro de 1984,
cujo ideal “concentrava-se na facilitação do acesso à justiça como forma de reduzir a litigiosidade
contida, com competência para julgamento das causas de reduzido valor econômico, (...) até 20
vezes o maior salário mínimo vigente no país” (DIDIER JR., 2016, p. 25, grifos do autor).
Segundo Vilian Bollmann, “com a Constituição de 1988 ( CF), entre vários avanços da nova
ordem constitucional, houve a expressa previsão da necessidade de criação dos juizados especiais
(2016, p. 34)” nos artigos 98, I “causas cíveis de menor complexidade” e 24, X “juizados de
pequenas causas”.
Sem previsão legal, “discutiu-se muito, na época, se o CPC [1973] deveria ou não ser aplicado
de forma subsidiária” (DIDIER JR., 2016, p. 26). Ocorre que, “com a experiência bem-sucedida no
âmbito estadual, a União instituiu, pela Lei 10.259, de 12 de julho de 2001 os Juizados Especiais
Cíveis no âmbito da Justiça Federal” (DIDIER JR., 2016, p. 26). Mas:
Foi somente com o advento da Lei 12.153, de 22 de dezembro de 2009 (que dispõe sobre os Juizados
Especiais da Fazenda Pública no âmbito estadual ou distrital), que, de forma expressa e inequívoca,
passou-se a admitir a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil no âmbito dos Juizados
Especiais, como se vê na redação inequívoca de seu artigo 2º ‘Aplica-se subsidiariamente o disposto nas
Leis 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e
10.259, de 12 de julho de 2001’. (DIDIER JR., 2016, p. 26)
Segundo Felippe Borring Rocha, foi Rogério Lauria Tucci, Manual do Juizado Especial de Pequenas
Causas: anotações à Lei 7.244/1984, quem cunhou a expressão Sistema dos Juizados Especiais antes
mesmo das novas leis supracitadas. Para o autor, a previsão de um Sistema demonstra um avanço
na importância dos JECs e permite “um modelo mais racional e coerente de funcionamento. [Isto
porque] não se pode conceber a coexistência de dois Juizados, no mesmo seguimento judiciário,
com filosofias diferentes e sem sintonia” (ROCHA, 2016, p. 47).
Depois da história atinente aos Juizados Especiais, o estudo voltar-se-á a questões que determinam
a estrutura e desenvolvimento dos processos nessa Justiça Especial.
3.2. Princípios e competência
Mais do que a competência que os Juizados Especiais têm para determinadas causas, os princípios
que os regem são, aqui, o ponto fundamental de discussão, isso porque a aplicação da
Desconsideração da Personalidade Jurídica depende do entendimento acerca deles, de sua
compatibilidade com o instituto e das possibilidades, ou não, que eles determinam no
procedimento desses Juizados.
O processo nos JEs é predominantemente oral, com o integral diálogo entre as partes, as
testemunhas e o juiz (TOSTA, 2010, p. 6). “O processo dominado pela oralidade funda-se, destarte,
em alguns subprincípios como o do imediatismo, o da concentração, o da identidade física do juiz e
o da irrecorribilidade das decisões interlocutórias [que configuram o processo oral]” (THEODORO
JÚNIOR, 2016, p. 592).
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Segundo Bochenek e Nascimento, “o processo deve ser simples no seu trâmite, despido de
exigências burocráticas ou protelatórias, com a supressão de quaisquer fórmulas complicadas,
inúteis ou obsoletas. [Assim, para o princípio da simplicidade os Juizados Especiais adotaram] a
liberdade das formas processuais do art. 13 da Lei 9.099/95” (2011, p. 23), “reforçando a noção de
que o processo não tem um fim em si mesmo, o legislador explicita que nenhuma nulidade é
reconhecida sem a demonstração do prejuízo (art. 13, § 1º)” (CHIMENTI, 2012, p. 35).
Do artigo 13 da referida lei, pode-se extrair, também, o princípio da informalidade. Por ele,
“estando ambas as partes diante do juiz, o pedido pode ser adequado em audiência, sem
necessidade de nova citação, prosseguindo o feito até final julgamento” (SANTOS; CHIMENTI, 2012,
p. 19).
Há, também, o princípio da “economia processual, [que] tem como finalidade o menor dispêndio
de atividade jurisdicional, por consequência, a economia de tempo e custos” (BOCHENEK;
NASCIMENTO, 2011, p. 24). Isso porque ele “visa à obtenção do máximo rendimento da lei, com o
mínimo de atos processuais” (SANTOS; CHIMENTI, 2012, p. 19). Assim, “é necessário minimizar a
quantidade de atos processuais, evitando-se repetir os atos já praticados, quando isso não seja
indispensável para o legítimo desenvolvimento do processo” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO,
2015, p. 289).
Esse princípio exerce “papel relevante ao proporcionar meios para que outros princípios possam
realizar seus objetivos, como é o caso do princípio da celeridade” (BOCHENEK; NASCIMENTO,
2011, p. 24). Este, por sua vez, “pressupõe racionalidade na condução do processo [e] foi elevado a
direito fundamental pelo inciso LXXVIII do art. 5º da CF, na redação da Emenda
Constitucional 45” (SANTOS; CHIMENTI, 2012, p. 20). “É a lógica dos Juizados, [pois] o
procedimento é condizente com a pequena complexidade das demandas. A própria informalidade
e simplicidade já conduzem, naturalmente, à celeridade” (SANTOS; CHIMENTI, 2012, p. 27).
O princípio da Razoável Duração do Processo, donde se extrai o da celeridade, pode ser um ponto
central na problemática da aplicação do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
(IDPJ). Está expresso no artigo 8, I da Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de
São José da Costa Rica) que “toda pessoa tem direito a ser ouvida com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável”.
Sendo signatário dessa Convenção, o Brasil fez, em 2004, a Emenda Constitucional número 45 em
que reformou a Constituição Federal em seu artigo 5º e nele incluiu o inciso LXXVIII determinando
que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Entende Didier Jr. que “o Código de Processo Civil ratificou esse princípio no art. 4º,
esclarecendo que ele se aplica inclusive à fase executiva: ‘As partes têm direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa’” (DIDIER JR., 2015, p. 95).
Tendo sido reforçado, segundo o autor, pelo inciso II do art. 139 que determina incumbir ao juiz
“velar pela duração razoável do processo”.
Ao pensarmos as discussões levantadas com relação ao IDPJ, a primeira diferença pode estar no
fato de que para o instituto há previsão expressa, enquanto isso não acontece concernente aos
prazos, por exemplo. Entretanto, a suspensão processual necessária à resolução desse Incidente
pode ensejar um embate, uma vez que pode tornar o processo menos célere.
Isso porque “a Lei dos Juizados Especiais, além de estabelecer arcabouço principiológico
característico, também contempla rito e regime próprios, distintos daqueles apresentados pelo 
Código de Processo Civil” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, v. 3, p. 292).
No tocante às atribuições dos Juizados Especiais, portanto, “compete processar e julgar as causas
cíveis de menor complexidade” (CARNEIRO, 2000, p. 51), estabelecidas no artigo 3º.
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Acerca do termo menor complexidade, Tosta considera que “são causas cíveis de menor
complexidade aquelas cujo contexto fático permita a produção de provas mais simples, como as
provas orais e documentais, ou pequenas inspeções” (TOSTA, 2010, p. 16). Nesse sentido, pode-se
questionar se, de fato, um incidente – que carrega em si o condão da suspensão do processo para
sua resolução – transformaria a complexidade da causa a ponto de impedir seu julgamento pelos
Juizados. Ora, a simples suspensão pelo IDPJ não deveria ser entendida como capaz de tamanha
mudança já que a complexidade jurídica “não é fator a afastar a competência do Juizado Especial
Cível. O mesmo juiz togado que atua na Vara Cível atua no Juizado Especial Cível. Espera-se que ele
seja um profissional bem preparado em um e em outro caso” (TOSTA, 2010, p. 16-17).
Passa-se, depois do breve estudo no tocante ao histórico, aos princípios e à competência dos JEs, à
análise da DPJ antes do NCPC.
3.3. Desconsideração da personalidade jurídica nos juizados especiais sob a vigência do Código de Processo
Civil de 1973
Com relação à Desconsideração da Personalidade Jurídica nos Juizados Especiais, é preciso levar
em consideração que seu intuito é o de alcançar os bens dos sócios para saldar dívidas relativas às
sociedades das quais fazem parte. O momento, portanto, de ocorrência da Desconsideração é a
execução. Tanto na Justiça Comum Ordinária quanto nos Sistemas dos Juizados Especiais, a
execução de títulos judiciais é uma fase do mesmo processo – que se tornou sincrético ao longo do
tempo.
Afora o sincretismo, Luciano Alves Rossatto, sobre o Sistemas dos Juizados Especiais, remete-nos à
forma como o cumprimento das sentenças – e a própria execução como processo autônomo no
caso dos títulos extrajudiciais – é processado. O autor cita o artigo 52 da Lei 9.099/1995 por
determinar que “a execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que
couber,o disposto no Código de Processo Civil”; para ele, “a execução – quer seja a fase de
cumprimento de sentença ou de processo autônomo – será regulada pelas regras gerais executivas
contidas no CPC, que serão derrogadas pelas regras específicas contidas na Lei dos Juizados
Especiais” (ROSSATO, 2012, p. 71, grifo do autor).
Até a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, não existia norma processual que
regesse a Desconsideração da Personalidade Jurídica na Justiça Brasileira. Por isso, é possível
afirmar que ela ocorria sob a condução e procedimentos escolhidos pelo juiz responsável pelo
processo.
A dinâmica, portanto, não apresenta diferenças nas Justiças pátrias pelo fato, entre outros, de que
o Enunciado 60 do Fonaje determina expressamente o cabimento da DPJ nos Juizados Especiais,
inclusive na fase de execução.
Quanto à defesa, nos casos em que os sócios ainda não figuravam como parte, a execução contra
seus bens poderia ser objeto de embargos de terceiro, segundo o Código anterior. Ocorre que o
artigo 10 da Lei dos Juizados Especiais não permite intervenção de terceiros. Tal intervenção,
prevista nos artigos 1.046 e 1.047 do revogado CPC, “trata-se de demanda que visa a impedir ou
livrar de constrição judicial indevida bem cuja posse ou propriedade pertence a terceiro ou bem
gravado por direito real de garantia de que titular o terceiro” (MARINONI; MITIDIERO, 2013, p.
926). Quanto à intervenção de terceiros naqueles casos, Athos Gusmão Carneiro considera que
“entendeu o legislador de preservar tais critérios [do artigo 2º da Lei dos Juizados Especiais Cíveis]
com a total vedação da intervenção de terceiros” (2000, p. 52).
Seja pela ausência de previsão legal, seja pela impossibilidade de intervenção de terceiros nos
processos dos Juizados Especiais, certo é que as aplicações da Desconsideração da Personalidade
Jurídica ocorriam de forma direta. Pretender que a DPJ seja utilizada como forma direta e meio
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para garantir as execuções foi, justamente, a prática que motivou o NCPC a incluir um
Incidente Processual ao julgamento desse tema.
Entrar-se-á no capítulo final deste trabalho com a proposta de estudo acerca dos aspectos
processuais que permeiam toda a discussão feita até agora.
4. Aspectos processuais da desconsideração da personalidade jurídica
Vistos o instituto da DPJ e os Juizados Especiais, encaminha-se o estudo à junção de ambos pela
aplicação daquele, nestes.
É na aplicação da Desconsideração da Personalidade Jurídica que se verifica o ponto de possível
contenda entre o instituo e os JEs.
Para que a discussão não reste esvaziada, analisar-se-á o princípio donde emanam as duas leis,
tanto o Novo Código de Processo Civil quanto a Lei dos Juizados Especiais, o Devido Processo
Legal; o novo Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica e sua aplicação nos Juizados
Especiais.
Os possíveis conflitos levantados na presente pesquisa permeiam largamente o estudo do próprio
Processo Civil e suas raízes. Prova disso é que a primeira previsão normativa sobre a aplicação do
instituto encontra-se no Código de Processo Civil atual.
A Desconsideração da Personalidade Jurídica, assim, é um meio de responsabilização de terceiros
diferentes da Pessoa Jurídica que é apresentada ao Poder Judiciário. É essa apresentação, os
procedimentos e formas a serem utilizados que importarão ao Processo Civil.
Sendo o Direito Processual ramo do Direito Público, entende-se que o Estado é nele o maior
interessado. Consequência disso é “a indisponibilidade dos direitos a ele relacionados” (SOUZA,
2011, p. 29). A Constituição Federal de 1988 apresenta orientações a serem observadas para que o
processo atinja suas finalidades. Assim, o processo servirá como instrumento para a realização de
mandamentos constitucionais, não apenas como mera técnica.
Conforme aponta Souza, “o princípio do devido processo legal é considerado fundamental para o
direito processual civil porque é a base sobre a qual todos os outros se sustentam” (2011, p. 34). O
que corrobora com Rui Portanova quando diz que “(...) o princípio do devido processo legal
justifica-se como verdadeiro princípio informativo de todos os princípios ligados ao processo e ao
procedimento” (2003, p. 147). Nelson Nery Júnior também considera que “o princípio fundamental
do processo civil, aquele que entendemos como a base sobre a qual todos os outros se sustentam, é
o do devido processo legal” (2004, p. 60) (grifo do autor). Ainda, sobre esse fundamento
constitucional, entende Fredie Didier Jr. que “ao longo dos séculos, inúmeras foram as
concretizações do devido processo legal que se incorporaram ao rol das garantias mínimas que
estruturam o devido processo” (2014, p. 47, grifo do autor).
Segundo Nery Júnior, “genericamente, o princípio do due process of law caracteriza-se pelo
trinômio vida – liberdade – propriedade” (2004, p. 63, grifo do autor). Ocorre que se pode pensar
no Processo Civil a partir das normas que o determinam, quais sejam, normas que estabelecem um
Devido Processo Substancial (material) e um Devido Processo Instrumental (processual em sentido
estrito).
Aqueles são a expressão do princípio do Devido Processo Legal no direito Material, conforme
Cássio Scarpinella Bueno “o ‘devido processo legal substancial’ busca (...) realidades relativas à
interpretação do direito como um todo e à temática da melhor interpretação possível no caso
concreto” (2014, p. 129). Ao passo que o Devido Processo Instrumental/ Processual “nada mais [é]
que a possibilidade efetiva de a parte ter acesso à justiça, deduzindo pretensão e defendendo-se do
modo mais amplo possível” (NERY JÚNIOR, 2004, p. 70). “É um princípio, destarte, de conformação
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Para que a Desconsideração da Personalidade Jurídica aconteça será indispensável a observância
de ambos os aspectos do Devido Processo Legal. Sendo assim, o foco do referido princípio estará
voltado para o Devido Processo Instrumental/Processual e aos princípios dele decorrentes, em
especial o contraditório e a eficiência. Acompanhar-se-á, no tocante a tais princípios decorrentes,
André Pagani Souza ao entender que para a aplicação da DPJ deve-se respeitar “o princípio do
contraditório bem como buscar a maior eficiência possível, sempre com vista a uma forma ótima
de atuação do Estado Democrático de Direito, buscando o máximo de resultados com o mínimo de
esforço possível” (2011, p. 37).
Com relação aos Juizados Especiais, os critérios estabelecidos no artigo 2º considerando que “o
processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade” vão ao encontro do Devido Processo Legal Processual; assim, esses
critérios seriam desdobramentos dos princípios constitucionais do Direito Processual Civil “aos
quais se subordinam, estando em nível inferior, pois seria inconcebível que por força [deles] se
pudesse desprezar preceitos fundamentais como o do contraditório e da ampla defesa, do devido
processo legal” (TOSTA, 2010, p. 6).
Para Portanova, o princípio do contraditório “é elemento essencial ao processo. Mais que isso,
pode-se dizer que é inerente ao próprio entendimento do que seja processo democrático, pois está
implícita a participação do indivíduo na preparação do ato de poder” (2003, p. 160-161). Assim
como para Souza, “o contraditório está relacionado à possibilidade de o destinatário na atuação do
Estado influenciar – ou, quando menos, ter condições reais, efetivas, de influenciar –, em alguma
medida, na decisão proferida” (2011, p. 41).
Conforme capítulo 2, item 2.2, em muitos casos a Desconsideração da Personalidade Jurídica
percebe-se necessária na fase de execução. Nela:
(...) a cognição é limitada (ou parcial) no plano horizontal, pois ao juiz não é dado examinar qualquer
matéria que bem lhe aprouver. Já no plano vertical, a cognição pode ser sumária, pois o juiz não pode se
aprofundar ilimitadamente nas matérias sobre as quais lhe é dado conhecer (SOUZA, 2011, p. 42, grifo do
autor).
A discussão nessa fase é estabelecida por conta de o patrimônio do executado ser constrito,
geralmente, antes de sua citação (na vigência do CPC/1973), o que põe em dúvida a correta
aplicação do princípio do contraditório. Conforme visto, a cognição nessa fase é limitada e
sumária, o que não significa inexistente.
Para que o executado que não participou de fase anterior à execução possa ter seus bens atingidos
e, ainda assim, gozar plenamente do direito de influência sobre a cognição judicial, é indispensável
que seja citado para defender-se, pois, segundo Souza:
O executado recebe a informação de que terá início uma execução (mediante intimação ou citação para
pagamento, não para se defender), em seguida seu patrimônio sofre uma constrição e, na sequência, é lhe
dada a oportunidade de se defender (mediante impugnação, embargos, ou até por simples petição).
Depois, o juiz aprecia tal defesa, encerrando-se o trinômio informação/reação/diálogo que consagra o
princípio do contraditório também na execução (SOUZA, 2011, p. 44, grifo do autor).
Souza aponta, em conjunto com o princípio do contraditório, o da eficiência. Este entrou em maior
evidência a partir da Emenda Constitucional 45 de 2004, quando impôs à administração pública
direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, de maneira a evitarem
desperdícios e garantirem maior rentabilidade social. Encontra amparo expressamente no Novo 
Código de Processo Civil, em seu artigo 8º.
Conforme Didier Jr., “o processo, para ser devido, deve ser eficiente. O princípio da eficiência,
aplicado a cada processo, é um dos corolários da cláusula geral do Devido Processo Legal.
Realmente, é difícil conceber como devido um processo ineficiente” (2015, p. 98, grifo do autor).
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Não se pode confundir aquele princípio com o da efetividade no processo. Isso porque “eficiente é
a atuação que promove os fins do processo de modo satisfatório em termos quantitativos,
qualitativos e probabilísticos”. Ao passo que “efetivo é o processo que realiza o direito afirmado e
reconhecido judicialmente” (DIDIER JR., 2015, p. 102-103, grifo do autor).
Esses princípios estão diretamente relacionados à DPJ uma vez que em determinados casos apenas
por meio dela é que se poderá atingir tanto a eficiência quanto a efetividade do processo. Dessa
forma, a otimização da prestação jurisdicional, com “a correta interpretação da Constituição
Federal e da legislação infraconstitucional na aplicação da teoria da Desconsideração da
Personalidade Jurídica no caso concreto” (SOUZA, 2011, p. 44) asseguraria, por si só, a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação, conforme art. 5º,
LXXVIII; inclusive propiciando “decisões justas, tempestivas e úteis aos jurisdicionados”, como
afirmam Wambier e Talamini (2010, p. 67).
De acordo com Souza, “para aplicar a disregard doctrine é necessário imputar a alguém o mau uso
da personalidade jurídica (...), ou seja, é preciso atribuir a alguém um ato ou uma atividade
fraudulenta (em sentido amplo) na administração dos bens da pessoa jurídica” (2011, p. 78).
Nesse sentido caracteriza-se a parte quanto ao direito material da qual é sujeito. Apenas “pela
citação, aquele que é parte na relação jurídica de direito material torna-se parte na relação
jurídica processual” (SOUZA, 2011, p. 80). O terceiro da relação jurídica pode tornar-se parte desde
logo, quando sua citação é pedida no início do processo; ou pode ser posterior, de forma incidental
no processo. Para Didier Jr., “toda intervenção de terceiro é incidente de processo, jamais processo
incidente, pois terceiro ingressa em processo já existente, impondo-lhe alguma modificação” (2014,
p. 370).
Segundo esse autor, “processo incidente é um processo novo, instaurado em razão de um processo
existente, que dele se desgarra, mas nele produz efeitos”. Ao passo que “incidente do processo é
processo novo, que de modo não necessário surge de um processo já existente, e a ele se incorpora,
tornando-o mais complexo” (2015, p. 369-370, grifo do autor).
As razões que justificam a intervenção de terceiros vão ao encontro dos princípios acima indicados
relacionados à DPJ, quais sejam, o do contraditório e o da eficiência, segundo Didier Jr., que
leciona no sentido de que:
(...) a intervenção de terceiro serve ora à eficiência processual à duração razoável do processo, para que se
possam resolver o maior número de questões relacionadas ao objeto litigioso em um mesmo processo,
ora ao contraditório, ao permitir que terceiro que sofrerá efeito da decisão possa defender-se em juízo e
evitar esse prejuízo. (2015, p. 477-478, grifo do autor)
A Desconsideração da Personalidade Jurídica é objeto de discussão no plano processual quando
acontece de forma incidental, uma vez que, como visto, quando alegada no pedido inicial
determina a citação do terceiro, que se tornará parte na relação jurídica. Consequentemente
aquele iniciará o processo como parte, vindo a discutir apenas o direito material em questão.
A intervenção de terceiros causa uma modificação na relação jurídicaque pode ser de ordem
subjetiva ou objetiva. Aquela altera a relação quando modifica as partes ou as amplia com o
aumento de sujeitos; esta, objetiva, pode ampliar o objeto litigioso quando deduz nova pretensão.
Como incidente processual, a disregard doctrine pode causar modificação processual em ambas as
ordens. Modificações subjetivas que ampliem o número de sujeitos dão origem ao litisconsórcio.
Não é o requerimento da DPJ que transforma o terceiro em parte, mas sua citação. “Com a citação,
aquele que era terceiro torna-se parte na relação processual e integra-se ao contraditório,
ajustando-se a aplicação da teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica ao modelo
traçado pela Constituição Federal” (SOUZA, 2011, p. 94).
Outrossim, antes da execução afetar a esfera patrimonial do sócio, à luz do protótipo constitucional de
processo civil e, também, de direito material, se faz necessário primeiro possibilitar que o sócio ou a
sociedade (no caso de desconsideração inversa), em pleno exercício do direito ao contraditório e ampla
defesa, tenha oportunidade de participar efetivamente na decisão que vier a ser proferida. (RIBEIRO,
2016, p. 133)
Frente a situações como essa, “o Novo Código de Processo Civil tem o potencial de gerar um
processo mais célere, mais justo, porque mais rente às necessidades sociais e muito menos
complexo” (Anteprojeto..., 2010, p. 14). O primeiro dos motivos elencados como diretriz do 
NCPC é o contraditório, princípio regente do novo Incidente de Desconsideração da Personalidade
Jurídica. Tal princípio é justificado porque:
A necessidade de que fique evidente a harmonia da lei ordinária em relação à Constituição Federal da
República fez com que se incluíssem no Código, expressamente, princípios constitucionais, na sua versão
processual. Por outro lado, muitas regras foram concebidas, dando concreção a princípios
constitucionais, como, por exemplo, as que preveem um procedimento, com contraditório e produção de
provas, prévio à decisão que desconsidera a pessoa jurídica, em sua versão tradicional, ou “às avessas”.
(Anteprojeto..., 2010, p. 15, grifos do autor)
Levando-se em consideração o “potencial” desse Novo Código, pode-se perceber estreita relação
entre seus objetivos e os dos JEs no que concerne à celeridade. Assim, a aplicação prevista no
recente artigo 1.062 não encontra, teoricamente, obstáculos.
4.1. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica no novo Código de Processo Civil
Considerada a análise acerca do Devido Processo Legal e sua importância para a pesquisa, torna-se
indispensável entender o porquê da previsão legal do novo instituto no Código de 2015.
O início foi em setembro de 2009, quando foi nomeada uma comissão de juristas, presidida pelo
Ministro do STJ Luiz Fux, para elaboração de um Novo Código de Processo Civil, cujo desafio
foi o de tentar “resgatar a crença no judiciário e tornar realidade a promessa constitucional de
uma justiça pronta e célere” (Anteprojeto..., 2010, p. 7). De acordo com sua exposição de motivos,
“é na lei ordinária e em outras normas de escalão inferior que se explicita a promessa de
realização dos valores encampados pelos princípios constitucionais” (Anteprojeto..., 2010, p. 13).
A expectativa é de que a aplicação do NCPC garanta o Devido Processo Legal nos casos de
Desconsideração da Pessoa Jurídica. Isto porque o Novo Código “preocupou-se no geral em
garantir o bom andamento processual, atentando-se principalmente ao sócio, para que não ocorra
erro processual e material quanto à DPJ e ofensa ao bem particular do sócio” (GRAÇAS, 2016).
Essa preocupação é retratada pelos artigos 133 a 137 do Novo Código, que pretendem garantir um
procedimento antes não previsto e, também, inexistente na prática judicial de então. O NCPC
inovou com tais artigos ao determinar que seja instaurado um incidente processual e, assim, a
suspensão do processo para que a Desconsideração da Personalidade Jurídica possa ser
devidamente discutida (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, v. 2, p. 93).
Esse Incidente “implica significativa interferência sobre o resto do processo, que é suspenso. Por
isso, é relevante ouvir-se a parte em tese interessada na providência” (TALAMINI, 2016). O
Incidente, portanto, suspenderá o processo, posto que deve ser decidido antes da questão
principal. Isso ocorrerá quando comunicado ao cartório distribuidor das ações, como explica
Talamini:
Assim que recebido o pedido, deve-se comunicar ao cartório distribuidor de ações, para que promova o
devido registro dessa demanda incidental contra o demandado (o sócio ou sociedade que sofrerá os
efeitos da desconsideração). Esse registro é relevante porque, como se aponta adiante, uma vez provida a
desconsideração, poderá constituir fraude à execução a alienação ou oneração de bens praticada pelo réu
da demanda incidental, a partir do início dessa. O requerimento de instauração do incidente de
desconsideração implica a suspensão do restante do processo (art. 134, § 2º, do CPC/2015).
(TALAMINI, 2016)
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Como incidente processual, o novo instituto pode ocorrer em qualquer fase do processo. No caso
de pedido depois da inicial “há uma cumulação ulterior de pedidos” (DIDIER JR., 2015, p. 520) e
ainda, um caso de “litisconsórcio facultativo ulterior” (Enunciado 125 Fórum Permanente de
Processualistas Civis, 2015).
Sobre o litisconsórcio, Talamini lembra que “o terceiro não se torna parte na ação principal,
originária. Se for rejeitada a demanda de Desconsideração, a ação principal simplesmente
prosseguirá sem atingir sua esfera jurídica”. Para o autor, apenas no caso de procedência do
pedido é que a “esfera jurídica [do sócio] será atingida como que se ele não existisse; como se seu
patrimônio fosse o próprio patrimônio da parte da ação principal” (2016).
Para que o pedido seja aceito “deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais que
autorizam a intervenção (art. 134, § 4º, CPC), sob pena de inépcia (ausênciade causa de
pedir, art. 330, § 1º, I, CPC)” (DIDIER JR., 2015, p. 520). Aceito o pedido, os sócios serão
citados para que se manifestem e requeiram as provas necessárias no prazo de 15 dias. Segundo
Eduardo Talamini, o Incidente “desenvolve atividade jurisdicional de cognição exauriente. O juiz
investiga amplamente a configuração dos pressupostos para a desconsideração, com ampla
instrução probatória, se necessário” (2016).
Somente depois de acolhido o pedido é que os bens dos sócios podem ser alcançados. Por isso, a
ampliação das possibilidades de defesa dos sócios com o advento do novo instituto é indiscutível
quando comparada àquelas restritas opções quando da vigência do Código anterior.
Nessa toada será discutido o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
especificamente no âmbito dos Juizados Especiais.
4.2. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos JECs à luz do NCPC
Como expresso no NCPC, o mesmo rito para o IDPJ aplicável ao processo comum deverá estar
presente no rito especial dos Juizados. A complexidade que o instituto acarrete ao procedimento é
o desafio a ser enfrentado. Dele se podem extrair inúmeros desacordos entre a nova norma e a
especial, como a subsidiariedade da observação do NCPC no âmbito dos JEs, a proibição
expressa de intervenção de terceiros nos procedimentos desses Juizados e a incompatibilidade do
instituto com os princípios que regem o rito especial em questão.
O primeiro ponto a ser discutido figura acerca da própria subsidiariedade do NCPC em relação
à Lei dos Juizados Especiais. Para o juiz federal Vilian Bollmannn (2016):
O novo CPC não afirma  a sua aplicabilidade com relação aos Juizados Especiais. Ao contrário: ele
inicia indicando a supremacia da Constituição com relação ao trato do processo civil, observando-se as
normas do Código (art. 1º) e, mais adiante, complementa apontando ser aplicável supletiva e
subsidiariamente nos processos eleitorais, administrativos e trabalhistas (art. 15). Logo, embora podendo,
o legislador em nenhum momento previu expressamente a sua aplicação os juizados.
Essa ausência de previsão legal quanto à utilização do NCPC para, pelo menos, os casos
omissos no Sistema dos JECs poderia ensejar a negativa da aplicação do novo incidente pelos
Juizados sob o argumento de que a suspensão do processo para discussão do IDPJ feriria o
princípio da celeridade, ou da economia processual, ou da simplicidade, ou de qualquer outro
presente na Lei 9.099/1995, em especial em seu artigo 2º.
No entanto, a discussão parece esgotar-se com a observação do artigo 1.062 do Novo Código. Isso
porque ele determina que “o incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao
processo de competência dos juizados especiais”. O dispositivo encerra prematuramente as
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discussões sobre a subsidiariedade do NCPC quanto, pelo menos, ao IDPJ, tratando-se,
portanto, de aplicação de norma expressamente prevista. Corrobora com esse entendimento
Rocha, ao dizer que
O Novo CPC resolveu a questão não apenas prevendo a desconsideração da personalidade jurídica,
mas também estabelecendo um procedimento próprio para sua aplicação (arts. 133 a 137). Além disso,
para afastar controvérsias, o CPC/15 estabeleceu, no art. 1.062, que “o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais”. (2016, p. 70)
Entretanto, o Incidente está localizado no Título III da nova lei, nomeado “Da Intervenção de
Terceiros”. Isoladamente analisada, a Lei dos Juizados Especiais (LJE) é clara, em seu artigo 10, no
sentido de que “não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro, com
exceção do litisconsórcio”.
Aparentemente estar-se-ia diante de um conflito de normas, não fosse a previsão do enunciado 125
do Fórum Permanente de Processualistas. Isso porque, como visto no item anterior, o
requerimento de DPJ dá origem ao litisconsórcio passivo facultativo. É certo que o entendimento
pela formação do litisconsórcio não o descaracteriza com um tipo de intervenção de terceiros,
pois, como analisado no item 4.1, essa formação implica o chamamento dos sócios ao processo –
que até esse momento seriam terceiros interessados. No entanto, o artigo 10 da LJE apresenta
como única exceção o próprio litisconsórcio.
De acordo com Chimenti, a possibilidade do litisconsórcio é justificada pelo fato de que a
pluralidade de partes nesse instituto diz respeito aos titulares da relação jurídica posta em
discussão naquele juízo, ao contrário dos terceiros, que são titulares de relações jurídicas diversas,
mesmo que decorrentes ou determinadas por aquelas (2012, p. 149-50).
Levando-se em conta apenas a exceção prevista na LJE, também se esgota a discussão sobre o IDPJ
e a intervenção de terceiros nos JECs entendendo-se pela compatibilidade entre o artigo 10 da LJE
e o 1.062 do NCPC.
Uma última discussão pode ser feita relativamente aos princípios, tanto dos juizados quanto do
Novo Código, e sua compatibilidade ou não.
O novo Código de Processo Civil tem em seus primeiros dispositivos, capítulo intitulado ‘Normas
Fundamentais do Processo Civil’, os vetores interpretativos que devem permear a aplicação de todos os
demais artigos da lei em formação. Observa-se que celeridade, isonomia, efetividade e participação, em
alinhamento às demais garantias fundamentaisdo processo, conformam o alicerce valorativo do novel
processo civil. (PELEJA JÚNIOR; OLIVEIRA, 2016, p. 72)
Conforme estudo sobre os JEs no capítulo anterior, sua criação e expansão deu-se, principalmente,
por determinação constitucional. Além disso, sua organização é pautada nos princípios
constitucionais elencados no segundo artigo da lei que os rege, a relembrar: oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.
A comparação frente aos princípios do NCPC é inevitável, haja vista sua proximidade com os
dos JEs. Os princípios do Novo Código não foram enumerados em nenhum de seus artigos, mas são
facilmente verificados pela leitura das disposições. Em comparação com os princípios dos JEs, o 
NCPC apresenta, dentre outros, os do Processo Justo, do Dispositivo, da Inafastabilidade
Jurisdicional, da Razoável Duração do Processo, da Cooperação, da Isonomia, do Devido Processo
Legal, da Publicidade, da Fundamentação das Decisões Judiciais, da Dignidade da Pessoa Humana,
da Razoabilidade, Legalidade, Publicidade e Eficiência.
Da análise confrontante entre os princípios das duas normas, chega-se à conclusão de que um
completa o outro; há uma sintonia entre eles justamente pelo fato de que ambos têm origem
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constitucional.
Nesses termos, Donizetti entende que:
O novo Código, via de regra, prioriza o valor celeridade. No caso da desconsideração da personalidade
jurídica, entretanto, buscou minar eventuais argumentos no sentido de não se adotar o procedimento
mais formal e lento. Para tanto, o artigo 1.062 do NCPC preconizou que o regramento é aplicável
no âmbito dos processos que tramitam perante os Juizados Especiais Cíveis. Na verdade, o que pretende o
legislador é que os estruturantes princípios dos juizados cedam diante do contraditório exaustivo.
(DONIZETTI, 2016, p. 93)
Apenas quanto à suspensão não se tratou nesse trabalho, uma vez que inerente à ideia de
Incidente. Assim, resta somente esse ponto em divergência a ser observado pela prática dos
Juizados Especiais Cíveis.
A celeridade, enquanto prática, busca a razoável duração do processo. Situação diversa é acelerar
sua tramitação. Não pode haver confusão nesse sentido, pois que se estará colocando em risco a
eficiência e a efetividade do processo. “Certo é que a celeridade do Poder Judiciário não pode ser
buscada a qualquer custo” (THEODORO JÚNIOR, 2015, p. 296). Leciona Humberto Theodoro Júnior
nesse sentido, afirmando que “o princípio da duração devida do processo deve ser interpretado
em conjunto com os demais princípios do modelo constitucional, em especial com a
previsibilidade, efetividade normativa e segurança jurídica” (2015, p. 296).
Corrobora com tal entendimento, Marinoni, ao afirmar que:
O direito à razoável duração do processo não constitui e não implica direito a processo rápido ou célere. As
expressões não são sinônimas. A própria ideia de processo já repele a instantaneidade e remete ao tempo
como algo inerente à fisiologia processual. A natureza necessariamente temporal do processo constitui
imposição democrática, oriunda do direito das partes de nele participarem de forma adequada, donde o
direito ao contraditório e aos demais direitos que confluem para a organização do processo justo ceifam
qualquer possibilidade de compreensão do direito ao processo com duração razoável simplesmente como
direito a um processo célere (THEODORO JÚNIOR, 2015, v. 1, p. 264, grifos do autor).
Pode-se entender pelas orientações acima que o fato de o Incidente suspender o processo não
justifica a possível não aplicação do instituto no intuito de se garantir a efetivação do princípio da
celeridade; pois, nas palavras de Marinoni, processo rápido e celeridade não são sinônimos. Assim
conclui-se, nessa derradeira oportunidade, pela possibilidade do IDPJ nos JEs, sopesando os
princípios ao longo da pesquisa analisados, em especial os do item 3.2 referentes aos Juizados
Especiais.
A prática nem sempre corresponde à teoria. Quanto ao NCPC, há, por enquanto, mais teoria do
que prática. Encerra-se, assim, a presente pesquisa na esperança de que a prática judicial possa
confirmar as informações aqui apresentadas.
5. Considerações finais
Diante da presente pesquisa observa-se que a Desconsideração da Personalidade Jurídica surge no
intuito de manutenção da Personalidade Jurídica historicamente conquistada; e que seu risco está
ligado à evolução da Responsabilidade dos sócios no Direito Brasileiro.
Autores com José Lamartine Correia de Oliveira, Rubens Requião, Fábio Konder Comparato e Fábio
Ulhoa Coelho apresentaram-se como fonte nacional para as discussões acerca do direito material
que envolve a questão da Desconsideração, abordando seu surgimento e os pressupostos
necessários à sua aplicação.
Sobre esses pressupostos, pode-se concluir por três teorias: a primeira, Teoria Maior da
Desconsideração da Personalidade Jurídica na forma Subjetiva – quando, além do desvio de
finalidade ou confusão patrimonial é necessário apresentar o elemento de intenção na atitude; a
segunda, a Teoria Maior Objetiva, por sua vez, difere no sentido de que a Desconsideração
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artigo 50 do Código Civil; a terceira e última, a Teoria Menor da Desconsideração da
Personalidade Jurídica, trata das hipóteses em que o patrimônio do sócio é atingido pela
impossibilidade da pessoa jurídica saldar seu débito com o credor – o artigo 28, § 5º, do Código de
Defesa do Consumidor é o melhor exemplo dessa teoria.
No campo processual, primeiro o patrimônio dos sócios era atingido e depois eles eram
comunicados. Restava-lhes opor embargos de terceiro nos casos em que o título não estivesse
formado, antes do trânsito em julgado para os títulos formados por processo de conhecimento. Os
embargos não eram usados para discutir a Desconsideração, mas apenas o crédito, uma vez que a
lei determinava suas possibilidades de aplicação, não sendo, assim, um recurso de fundamentação
livre. Nos casos em que os bens eram atingidos na fase de execução caberiam embargos à
execução, cuja liberdade de fundamentação era timidamente ampliada. Independente do recurso
utilizado, os bens seriam devolvidos apenas mediante caução.
Pode-se perceber que a defesa dos sócios era restrita durante a vigência do antigo Código,
ofendendo ao Devido Processo Legal e aos princípios dele decorrentes, principalmente o do
Contraditório e o da Ampla Defesa.
Na análise acerca dos Juizados Especiais, observa-se que a iniciativa primeira surgiu mesmo antes
da Constituição de 1988, pelos Juizados Especiais de Pequenas Causas. Em seguida, o mandamento
constitucional os transformou em Juizados Especiais (não mais para pequenas causas, mas para
causas de menor complexidade, dentre outras possibilidades). Seguiram-se aos JEs os Juizados
Especiais Federais e os Juizados Especiais da Fazenda Pública – formando o que se pode chamar de
Sistema dos Juizados Especiais.
Mais do que a competência determinada para os Juizados, importantes são os princípios
estruturantes de todo esse sistema, quais sejam, oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade. Depreende-se dessa análise que é a partir desses princípios norteadores
que as normas subsidiárias são avaliadas como compatíveis ou não nos procedimentos desses
Juizados.
Nesse ponto, a pesquisa voltou-se ao instituto do IDPJ que se apresentou como alinhado aos
princípios constitucionais que se percebiam ausentes na aplicação da DPJ sob a égide do 
CPC/1973. Dito de outra maneira, o Devido Processo Legal fica mais claro quando se avalia a
aplicação de um Incidente para a discussão sobre a Desconsideração da Personalidade Jurídica.
Como Incidente, o instituto tem o condão de suspender o processo até a decisão que determina a
DPJ ou não. Em qualquer caso, é concedida a oportunidade de participação na formação da
cognição do juiz; inclusive porque há a possibilidade de instrução e produção das provas
necessárias para tanto.
O fato é que quando o processo oportuniza, desde seu início, a participação do sócio nessa
discussão, evita-se a constrição indevida de bens ou o cerceamento de sua defesa, atendendo aos
princípios basilares do nosso ordenamento jurídico, em especial o Devido Processo Legal – em cuja
fonte bebem diversos outros princípios.
Por fim analisou-se a possibilidade de aplicação do instituto do Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica nos Juizados Especiais à luz do Novo Código de Processo Civil.
Foram observados três pontos de possível conflito. O primeiro versou sobre a subsidiariedade do
recente NCPC em relação à LJE, pelo que se concluiu que a previsão expressa na nova lei sobre
a aplicação desse instituto nos Juizados Especiais encerra a discussão e, assim, não pode servir de
óbice à aplicação do IDPJ.
O segundo ponto tratou da intervenção de terceiros pelo fato de que a expressão da Lei dos
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Juizados Especiais é no sentido da impossibilidade da intervenção de terceiros. Ocorre que o
mesmo artigo excepciona o litisconsórcio, indo ao encontro de entendimento no sentido de que se
formará litisconsórcio passivo facultativo nas hipóteses de Desconsideração da Personalidade
Jurídica. Sendo possível, como exceção, o litisconsórcio, e intervindo o sócio como litisconsorte no
processo, encerra-se também a possível controvérsia se concluindo pela aplicabilidade do IDPJ nos
JEs.
Por fim, o terceiro ponto foi referente aos princípios que envolvem as normas em análise. Em
especial, a discussão centrou-se no princípio da celeridade processual. Isso porque esse seria o
princípio mais determinante pela não aplicabilidade da Desconsideração.
Entendendo haver profunda diferença entre um processo rápido e a celeridade processual, é
inequívoco perceber que a pretensão em acelerar o processo fere o Devido Processo Legal e junto
dele o Contraditório e a Ampla Defesa. Isso porque, considerando-se que um Incidente processual
suspende o processo principal para sua discussão, seria fácil argumentar no sentido de que sua
aplicação fere o Princípio da Celeridade nos Juizados Especiais, isso caso a confusão entre rapidez
e celeridade se mantivesse ou quando se preterisse esta em detrimento do Princípio Constitucional
do Devido Processo Legal.
Não entendendo dessa forma, ajusta-se, mais uma vez, no sentido da possibilidade de aplicação do
estudado Incidente processual no âmbito dos Juizados Especiais.
Finaliza-se o presente trabalho demonstrando que no tocante à subsidiariedade do novel NCPC
frente à LJE, à intervenção de terceiro relativa à proibição do artigo 10 da LJE e à celeridade em
relação à suspensão processual entende-se pela aplicação do Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica no âmbito dos Juizados Especiais.
As conclusões alcançadas estão baseadas, principalmente, na produção derivada da recente edição
do Novo Código de Processo Civil. Portanto, tudo que aqui se coloca pode ser confirmado ou
desconstruído pela prática nesses Juizados. Apenas o tempo responderá às questões que ficaram
ou daqui seguirem.
6. Referências
BOCHENEK, Antônio César; NASCIMENTO, Márcio Augusto. Juizados Especiais Cíveis Federais e
casos práticos. Curitiba: Independentes, 2011.
BOLLMANN, Vilian. Aplicar novo CPC a Juizados Especiais passa por condições. Conjur,
31.05.2016 Disponível em: [www.conjur.com.br/2015-mai-31/aplicar-cpc-juizados-especiais-
federais-passa-condicoes]. Acesso em: 10.06.2016.
BOLLMANN, Vilian. O novo Código de Processo Civil e os juizados especiais federais. In:
DIDIER JR., Fredie (Coord.) Juizados Especiais. Salvador: JusPodivm, 2016. (Coleção Repercussões
do NCPC, v. 7).
BRASIL.

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