Buscar

Ebook-Novos-Patologistas-Um-Legado-de-Paixao-pela-Boa-Engenharia

Prévia do material em texto

Intrepidamente fomos e tateamos estas ligações. Obstante 
nossas inúmeras limitações, ousamos fazer este rabisco que 
“você” um dia experimentará em seus estudos e apresentará, 
sim, um novo olhar. E por favor, me conte. Sei que você está 
se despertando!
E como prospectar de fato uma patologia sem ir à micro-
estrutura das placas e das ligações físico-químicas que as 
argamassas tramam dentro dos poros cerâmicos?
Estamos diante de um grande dilema no mercado: terem des-
placadas muitas placas cerâmicas por todo o país. E, confes-
so que não posso esconder minha decepção de não ter visto 
grandes consórcios de pesquisa, mergulhados de fato na mi-
croestrutura das placas e das argamassas que se en-
volveram neste turbilhão.
Pena! Decisões tomadas a olho nu ao lado de poderosos mi-
croscópios digitais à disposição. Mas, como canta o sábio 
palhaço: “Os opostos se distraem, os dispostos se atraem” - 
O Teatro Mágico. 
Contudo, acreditamos que é sempre tempo de experimentar e 
instrospectar esta verdade “sahadiana”: “Uma das carac-
terísticas mais importantes das argamassas é a sua capaci-
dade de manter-se aderida ao substrato”. Também, não sei 
precisar de quem é esta frase, meu amigo Sahade, mas orna 
com a tua biografia.
NOVOS PATOLOGISTAS:
UM LEGADO 
DE PAIXÃO PELA 
BOA ENGENHARIA
1
Figura 1 – Descolamento e queda de revestimento 
argamassado: casal foi surpreendido durante a 
madrugada e ficou ferido.
3
7
37
64
12
96
109
126
Índice páginas
8
Um pouco de Lawton: 
O Desprendimento Volumétrico dos Revestimen-
tos Argamassados 
Um pouco de Matheus: 
Termografia por infravermelho: uma técnica que 
vai além do que os olhos podem ver
Um pouco de Cris: 
Patologia das estruturas de concreto
Um pouco de Renato: 
Patologia dos Revestimentos de Fachada: uma 
visão holística
Um pouco de Paulo: 
As verdades Secretas das Cerâmicas
Os Novos Patologistas
Introdução
Prefácio
Conclusão
Prefácio 
Paulo Sérgio F. de Oliveira
Redigir o prefácio deste e-book para mim é uma satis-
fação e uma honra. E há bons motivos para isso! 
Há algumas semanas participei de uma Live, organizada 
pelo Prof. MSc. Renato Sahade e, poucos dias depois, dei 
uma aula para os alunos dele, no Curso de Excelências 
Construtivas e Anomalias - Elementos de Vedação e Aca-
bamento, do Mackenzie. 
Percebi o carinho e o respeito dos alunos por ele e não 
poderia ser diferente. Ensinar a aprender e aprender a en-
sinar move o mundo através do conhecimento e faz de nós 
pessoas mais completas.
Tivemos mestres muito especiais que foram e são ex-
poentes da engenharia Brasileira. Alguns nomes que go-
staria de destacar e que se dedicaram à patologia do con-
creto e das edificações, são: Eng. Luiz Alfredo Falcão 
Bauer, Prof. Dr. Paulo Helene, Prof. Maria de Azevedo 
Noronha e Eng. Ragueb Chauki Banduk. 
Obviamente esta lista é longa, mas os nomes que listei 
foram muito presentes na minha formação. 
3
Contudo, o início de minha carreira em patologia começou 
a ser desenhado antes disso, num estágio de férias no IPT, 
uns seis meses antes da minha graduação, sob a orien-
tação do Prof. Dr. Paulo Helene. 
No final do estágio, ele me convidou para trabalhar com 
ele! Eu estava vivendo um sonho: era tudo o que eu queria! 
Mas, como nem sempre as coisas evoluem conforme 
planejamos, quando me formei e cheguei em São Paulo, 
estava instaurada no país uma crise econômica relevante, 
a chamada “década perdida”. 
Com isso, o IPT cancelou as contratações. Passei por um 
período muito difícil até conseguir a minha primeira opor-
tunidade na L.A. Falcão Bauer.
Em paralelo, ajudei o Prof. Paulo Helene, que estava escre-
vendo um livro, o “Manual Prático para Recuperação, Re-
forço e Proteção de Estruturas de Concreto”, que seria pro-
duzido pela Editora PINI. 
Como eu estava trabalhando em atividades voltadas para 
a terapia do concreto, coube a mim trabalhar neste tema. 
4
Segundo Desafio: a retração 
das argamassas
Aos poucos deixamos de usar a cal nas argamassas. Aos 
poucos deixamos de “roda-las” nas obras. Por outro lado, 
temos o advento da chamada industrialização da construção 
civil associada à falta de espaço dos canteiros, dos prazos 
cada vez mais reduzidos e da expectativa gerada por um 
melhor controle de produção das argamassas dosadas 
dentro de uma usina ou na indústria. 
Isso tudo tem levado a um total descaso por parte dos ge-
stores da obra com o uso dos revestimentos argamassados, 
relegando-os a um segundo plano e deixando-os nas mãos 
de empreiteiros despreparados e comissionados por m² de 
produção.
Temos visto de norte a sul do país argamassas com altas re-
sistências de aderência, como se isso fosse sinônimo de de-
sempenho, porém, totalmente fissuradas, ora com traços 
ricos em cimento, ora com traços sem controle de granulome-
tria ou falta de ar incorporado, ora com pouco cimento, mas 
com uso de agregados de alta densidade (calcários). 
A norma NBR 13749 diz que a resistência de aderência tem 
que ser maior ou igual a 0,3 MPa. 
O livro foi um best seller, tornando-se um material de 
referência para todos que trabalhavam e trabalham no 
setor ou se interessam por patologia e terapia do concreto. 
Coube a mim coordenar e organizar a estrutura do 
mesmo, considerando o conceito de um manual prático, 
com boas ilustrações e o estabelecimento do vínculo entre 
o diagnóstico e as soluções propostas.
Entendi que esta memória é relevante, considerando o 
tema deste e-book e, mais do que isso, a minha satisfação 
sabendo que modestamente colaborei na produção de 
conteúdo para os Novos Patologistas, não somente at-
ravés deste livro, mas também através da publicação de 
vários artigos e palestras em eventos relevantes sobre 
este tema. 
Saber que eu os inspirei de alguma forma, quando 
começaram a se especializar em patologia, me enche de 
orgulho! 
Gostaria de retornar ao Eng. Luiz Alfredo Falcão Bauer, 
Prof. Dr. Paulo Helene, Prof. Maria de Azevedo Noronha e 
Eng. Ragueb Chauki Banduk, tremendos profissionais que 
foram e têm sido de fato a maior fonte de motivação para 
todos nós e para os novos patologistas aqui apresenta-
dos. 
5
E aí reside a magia da construção do conhecimento. Cada 
um aprende com quem veio antes, se aprofunda, pesqui-
sa, agrega e transfere novos conteúdos para as próximas 
gerações.
Desejo então ao Lawton, Matheus, Cris, Renato e Paulo 
sucesso profissional continuado. Que o compromisso 
diário de permanecer aprendendo e ensinando faça de 
vocês profissionais cada vez melhores e mais sábios, em 
benefício das próximas gerações!
Um grande abraço!
Eng. Paulo Sérgio F. de Oliveira
É CEO da ARATAU Construção Modular - www.arataumodular.com 
Especializado em Patologia e Terapia do Concreto, Grautes e Revestimen-
tos de Alto Desempenho para Pisos (UK e USA)
Professor dos cursos de Mestrado do IPT e de Pós-graduação da FGV
Mais de 50 trabalhos técnicos publicados no Brasil e no exterior 
Escreve artigos para a ConstruLiga, Buildin e Núcleo de Conteúdo do C3
6
E os óxidos, uma verdade “paloshiana”, que os filossilicatos e 
os argilo-minerais, apócrifos, que nos deparamos, perman-
ecerão até quando incógnitos? 
Certamente o tempo ainda se provará por você que nos lê. 
Acredito em você! Por favor, enxergue muito mais do que enx-
erguei. 
Em busca do assentamento 
cerâmico de verdade
A última fronteira é a intuição e a percepção da mão humana. 
Lidar com gente. Ouvir gente. Encorajar gente. Fazer gente 
mudar a maneira de executar de uma forma para outra. Con-
verter.
E temos com isso aprendido e ensinado muito. Humanizar a 
dupla colagem de argamassa por exemplo.
E flexibilizar até a mais rígida das argamassas. Mesmo, 
também, não estando normatizado por aqui.
Engenheiro Civil, Especislista em revestimentos. Projetista de soluções de 
Fachadas. Desenvolvedor de produtos. Poeta.
É professor em cursos de pós-graduação em Engenharia Civil em vários 
estados do Brasil. Consultor na área de Patologia das Cerâmicas e diretor 
técnico da Planville .Autordo blog Planville2u.
Eng.º Civil Mestre em Tecnologia de Construção de Edifícios pelo IPT (SP).
Especialista em Materiais de Construção pelo Poli-USP. Consultor em 
Patologia de Concreto e Revestimentos há 27 anos. Professor de 
pós-graduação nas cadeiras de Vedações, Revestimentos e Sistemas de 
Recuperação em várias isntituições do Brasil. Palestrante, articulista, 
colunista e avaliador de artigos e revistas técnicas do setor.
Os Novos Patologistas
Engenheiro Civil, Mestre em Estruturas e Construção Civil (UnB) e 
pós-graduado em Gestão de Projetos. Autor do livro “Patologia das 
Construções” lançado em 2020. É professor em cursos de graduação e 
pós-graduação em Engenharia Civil em vários estados do Brasil. Consul-
tor na área de Patologia das Construções e diretor técnico da Temporim 
Engenharia e Consultoria. Autor de inúmeros artigos nacionais e interna-
cionais relacionados ao tema patologia das construções.
Engenheira Civil e Mestre em Engenharia de Estruturas pela USP.
Especialista em estruturas e em recuperações de estruturas.
Desenvolve projetos de estruturas de concreto armado e metálicas, além 
de projetos de recuperação estrutural. Autora de livros. Professora de 
pós-graduação, graduação e cursos de extensão de engenharia, 
palestrante.Perita judicial e consultora em engenharia civil.
Diretora da Furlan Engenharia e autora de Blog Acadêmico.
Engenheiro Civil, Pós-Graduado em Engenharia Diagnóstica e Patologias 
das Edificações; Mestrando em Ciências da Cidade; Ministra palestras, 
workshops e cursos em Patologia e Engenharia Diagnóstica; Professor de 
Pós-Graduação em Patologia das Edificações; Experiência prática em 
reabilitação de fachadas em mais 150 edificações e 300mil m²; Diretor 
Regional do Instituto de Engenharia de São Paulo; Conselheiro Regional 
do CREA-CE; Ex-Diretor Técnico do IBAPE-CE; Membro da Comissão de 
Inspeção Predial do CREA-CE; 
7
Introdução 
Novos Patologistas
8
Introdução 
Novos Patologistas
O atual momento da engenharia é de reinvenção.
Diante da crise econômica, a área começa a sentir a 
pressão por inovação, especialmente com o crescimento 
das startups — que já nascem adaptadas a esse cenário. 
Com as demissões e a criação de menos vagas, o engen-
heiro precisa de uma nova visão de sua profissão para ter 
ideias de como e onde se (re)colocar. 
A requalificação é o motor de oportunidades para constru-
ir carreiras.
E para tudo isso se concretizar, é preciso aprender diaria-
mente.
Acreditamos que a solução para essa transformação 
necessária de cenário está em um segmento da engenha-
ria relativamente novo: o das patologias.
“Para mudar o presente, somamos a visão de futuro à 
experiência do passado.”
9
Mas uma barreira o impede de crescer.
Ele é transmitido por meio de um método de educação 
velho — aquele em que os especialistas centralizam 
todas as informações em si mesmos. 
Aos poucos, se perde aí o conhecimento dos pais desses 
estudos.
Por isso, preferimos o aprendizado em lugar da edu-
cação. Se a essência do ser humano é evoluir, isso só é 
possível compartilhando experiências sem restrições.
Para transformar o futuro da engenharia, devemos hoje 
ser e desenvolver uma nova geração de patologistas 
perpetuando, de um jeito simples e direto, a tradição de 
quem fundou esse segmento.
Sabemos que os verdadeiros ensinamentos são aqueles 
transmitidos de um para um e repassados de pessoa 
para pessoa.
E é desafiando o status quo que fazemos isso. Em lugar 
de diplomas, oferecemos experiências práticas, argu-
mentos, ideias, conexões relevantes.
Ensinamos para a vida real do engenheiro, não para a 
prova final.
10
Apostamos em um jeito de ensinar que deixa o aluno livre 
para seguir o próprio ritmo, sem atrapalhar sua rotina fican-
do preso a uma sala de aula.
Porque aprender não é sobre planejar cada passo. É sobre 
erros e acertos. 
É sobre viver no presente para crescer todos os dias.
Afinal, só faz o futuro quem aproveita as oportunidades do 
agora.
11
Um pouco 
de Cris
Minha paixão pela engenharia nasceu da admiração em ver 
meu avô materno, Dionísio Furlan, elaborar seus projetos e 
depois executá-los, tirando-os do papel e os tornando reais. 
Sua arte com a madeira era simplesmente apaixonante. 
Com técnica impecável e atento aos detalhes, utilizava en-
caixes para unir as partes. 
O que resulta em peças resistentes e perfeitamente alinha-
das, alguns exemplares permanecem como novos até os dias 
atuais.Com sua personalidade forte influenciou a muitos e 
criou, em sua época, o que chamaríamos hoje de “muitos se-
guidores” e, como não poderia deixar de ser, alguns haters 
também. 
Nada que abalasse sua coragem e determinação, mas que 
fizesse com que recitasse frases que entraram para história. 
Mas sua frase que mais me marcou e me motivou foi: “Se um 
homem já fez, então eu também posso fazer.”
Mesmo com sua mobilidade parcialmente comprometida 
após um AVC, ficando com o lado esquerdo paralisado, isso 
nunca foi um obstáculo para aquele homem forte e obstina-
do. 
Um pouco de Cris
Patologia das estruturas de concreto
13
Em tempo algum ele se sentiu menos e nem se usou disso 
para tirar qualquer tipo de vantagem. Ao contrário, adaptou 
seu próprio carro, tempos que não existiam carros automáti-
cos, e aos finais de semana levava a esposa e as duas netas 
a passeios inesquecíveis. Aquelas coisas boas que ficam gra-
vadas na alma pra toda a vida.
Com um exemplo desse, sempre me vem uma força de vonta-
de enorme de fazer com que ele se orgulhasse e se orgulhe de 
mim, e que me move sempre nos momentos em que penso 
em esmorecer. 
Renova minha esperança e me dá forças para o próximo 
passo, um impulso de não querer parar jamais e de aprender 
e de crescer intelectualmente.
Na minha concepção, o aprendizado em si só tem sentido se 
for bem empregado e se for passado adiante. Tenho essa 
mania de sempre que, aprendo algo novo, querer passar para 
o máximo de pessoas que possam se interessar por aquilo. 
Acredito que muitas vezes sou um pouco irritante para os 
outros (risos!). Mas é difícil de me conter! Minha mãe sempre 
ironiza dizendo: “Lá vai a professora querer ensinar tudo!” 
Isso me diverte e ao mesmo tempo levo como um elogio, pois 
lecionar é a minha segunda grande paixão.
14
Essa nasceu como acontece com todas as crianças, pois, é a 
primeira pessoa fora da família que aprendemos a admirar e 
obedecer, além de ter um respeito imensurável. Mas nem 
todo mundo cresce com essa vontade de querer transmitir 
conhecimento. 
Me lembro quando criança que a minha primeira aluna foi a 
minha cachorrinha Pequinês, Charlote. Eu a colocava numa 
mesinha e ela tinha que ver eu dando aula em uma pequena 
lousa, que obviamente foi um dos presentes que pedi aos 
meus pais. 
Às vezes me rendia umas mordidas, mas na maioria do 
tempo ela ficava quietinha.
Assim que foi possível, comecei a dar aulas particulares. 
Quando as mães vinham trazer os filhos e eu abria a porta, 
elas pediam para falar com a professora Cristiana e eu dizia, 
sou eu mesma.
Com uma checagem dos pés à cabeça, elas me olhavam 
ressabiadas, mas acabavam deixando os filhos para a aula. 
Minha reputação era salva quando os resultados positivos 
das aulas apareciam no desempenho dos pupilos na escola.
15
Minha admiração pela docência só veio a aumentar ao ser 
contemplada com as aulas da Professora Lúcia de português 
e o Professor Roberto de matemática durante o chamado gi-
nasial na época, no colégio Rio Branco, em São Bernardo do 
Campo.
Estudar piano e Ballet Clássico ainda me ensinou a ter disci-
plina e sempre querer fazer melhor. Nádia, minha mãe, 
grande amiga e apoiadora em tudo que faço, achava impor-
tante ter a educação em artes em conjunto. E, como sempre, 
estava coberta de razão. 
Herdou a personalidade forte do pai e sempre esteve à frente 
do seu tempo. Com um humor ácido e muita sabedoria, me 
ensinou a levar a vida de um modo leve, sem deixar de me 
concentrar em meu sucesso. Nossa relação chegouao ponto 
de não mais caber o título “mãe”: ela é muito mais que isso 
para mim, não sei se é possível compreender, isso é único 
entre nós!
Amo dançar e a decisão foi tomada em prantos em uma 
tarde, eu já trocada para a aula de ballet, sentei na escada 
para pensar e decidir que maior que meu amor pela dança 
era a minha predileção pela engenharia. Me troquei e fui para 
a aula do cursinho preparatório para estudar no colégio Ban-
deirantes. Um mundo totalmente novo e de onde saíram 
amigos que levo comigo até hoje, em meu coração.
16
Engenharia do Instituto Mauá de Tecnologia, me trouxe 
amigos inestimáveis e para a vida toda. Desde a primeira 
aula de engenharia o meu amor por esta ciência inexata só 
fez crescer e querer desbravar mais e mais esse oceano in-
finito! E fiz, do que aprendi com meus mestres, meu lema: “Se 
existe um problema, existe uma solução... e o engenheiro vai 
encontrar!”
Nunca fui de me acomodar e minha carreira de engenheira 
calculista foi sendo construída ao longo das empresas para 
as quais prestei serviço, antes de criar minha própria. Come-
cei com edificações residenciais, primeiro os sobrados e 
depois os edifícios mais altos. 
Passei pela área industrial, na qual tive oportunidade de tra-
balhar com celulose, siderurgia, indústria química e far-
macêutica. Na área hospitalar fiz estruturas para edificações 
de diferentes finalidades, como hospitais, clínicas e labo-
ratórios. 
Óleo e gás é uma área abrangente e me trouxe muita ex-
periência com clientes bastante rigorosos, onde projetei es-
truturas dentro de várias refinarias, com normas internas es-
pecíficas. O auge da minha carreira como prestadora de 
serviços foi quando participei de projetos estruturais de bar-
ragens, essa experiência foi extremamente rica e desafiado-
ra!
17
Posso arriscar a dizer que tive sorte com minhas turmas de 
estudo. O mestrado na USP também me trouxe amigos com 
os quais ainda compartilho ótimos momentos. Minha disser-
tação intitulada “Confinamento dado por lajes e vigas mel-
horando a resistência do pilar que as cruza” foi orientada por 
mais uma pessoa de grande inspiração para mim, o Professor 
Doutor Fernando Rebouças Stucchi.
18
Desde o advento das argamassas colantes na década de 
1990, nunca antes vimos uma tecnologia dominar em tão 
pouco tempo praticamente todos os canteiros de obra do país 
e ao mesmo tempo gerar uma patologia tão intensa e tão dis-
tribuída em todos os estados brasileiros, demonstrando 
cabalmente a falta de conhecimento e técnica por parte de 
toda a cadeia construtiva: da mão de obra aos materiais, da 
engenharia aos suprimentos. 
Passam dos 3 milhões de m² de descolamento interno. O ex-
terno não se tem ideia, mas só de um cliente nosso, são mais 
de 440 mil m² de fachadas na cidade de São Paulo. 
Entre as principais patologias, um estudo conduzido dentro 
do nosso escritório, em que participamos na avaliação, diag-
nóstico e terapia de revestimentos cerâmicos de fachadas 
estão: a expansão por umidade das placas cerâmicas (EPU), 
emboço com baixa resistência superficial, falhas de assenta-
mento e ineficiência das juntas. 
Observe que 3 delas são decorrentes de falhas da mão de 
obra (Figura 6).
A engenheira patologista se 
formou durante todos esses anos 
desenvolvendo projetos e procu-
rando a causa de problemas de 
obras prontas para as quais eu 
era solicitada a resolver. 
“
19
Conclusão 
Como comentamos, não pretendíamos esgotar o assunto. 
Poderíamos abordar ainda temas como as espessuras dos 
revestimentos argamassados que ou estão demasiadamente 
altos ou demasiadamente baixos. 
E quanto ao problema da EPU: a norma de métodos de 
ensaio para revestimentos cerâmicos limita as placas cerâmi-
cas em 0,6 mm/m, mas será que este valor não é muito eleva-
do para que tanto o emboço como as argamassas colantes e 
de rejuntamento suportem as tensões de cisalhamento im-
postas? Os limites não deveriam ser revistos?
Não basta conhecer os materiais e as boas práticas constru-
tivas. Cada vez mais se tem exigido um novo olhar para 
nossos sistemas construtivos: um olhar holístico sobre a 
história da construção, os materiais, a mão de obra, a gestão 
e o controle. Onde estamos construindo nossa casa? Sobre 
uma rocha firme e inabalável ou sobre fragmentos de rocha?
Atuei nessa área antes mesmo de eu perceber que ela tinha 
um nome específico e quando dei por mim, já estava comple-
tamente mergulhada nesse novo universo que ainda tem 
tanto a ser explorado.
Foi quando, então, tive a grande honra de ser convidada pelo 
meu amigo Lawton Parente a participar dos Novos Patolo-
gistas, onde descobri mais três pessoas maravilhosas, que 
hoje sei que posso chamar de amigos!
20
Patologia das 
estruturas 
de concreto
21
Patologia das estruturas 
de concreto
Não é de hoje que associamos as partes da edificação com o 
corpo humano. Podemos entender a estrutura de um edifício 
como o esqueleto humano. 
De forma análoga, os cômodos de uma edificação como os 
nossos órgãos, os sistemas circulatório e neurológico como 
as instalações hidráulica e elétrica e as manifestações pa-
tológicas podem ser associadas às doenças. 
No todo, pode-se associar a Medicina Diagnóstica com a En-
genharia Diagnóstica. E ainda, o médico especialista com o 
engenheiro patologista.
Iniciando pela fundação, as manifestações patológicas 
podem ocorrer por diversos fatores. As fases de início 
também podem variar. Podemos dividir as fases de início em:
Caracterização do comportamento do solo;
Ausência ou falha de investigação do solo;
Análise e projeto das fundações;
Execução das fundações;
Eventos após a construção das fundações; e
Deterioração dos materiais constituintes das fundações
22
É de suma importância que o tipo de fundação a ser utilizado 
seja definido por um especialista em geotecnia. Solos co-
lapsíveis e expansíveis muitas vezes são difíceis de serem de-
tectados e podem causar sérios danos às edificações.
O rebaixamento do lençol freático também pode ser uma das 
causas da alteração do comportamento do solo. De forma 
análoga a presença de água não prevista pode ser causado-
ra de futuros recalques da fundação.
Mesmo realizando a sondagem, não é possível investigar o 
solo em toda a área a ser edificada. Por isso, a importância da 
locação adequada dos furos de sondagem. Deve-se procurar 
diversificar o alinhamento dos mesmos para que se possa 
conhecer ao máximo o tipo de solo.
O comprimento do furo de sondagem deve ser determinado 
em campo no momento da execução dos mesmos, execução 
esta que deve, imprescindivelmente, ser acompanhada por 
um especialista em solos. 
Fundações apoiadas em solos firmes, mas que tem logo 
abaixo camada de solo mole, podem sofrer recalques futuros.
23
O projeto de fundações, por sua vez, deve apresentar cotas 
de assentamento, comprimento previsto das estacas, tensão 
admissível do solo e a capacidade de carga das estacas.
Em fundações rasas é importante que seja levado em consid-
eração o bulbo de tensões abaixo da cota de apoio das 
mesmas. 
Havendo intersecção entre dois bulbos, o solo pode ser solic-
itado por uma tensão maior que sua capacidade e causar re-
calques expressivos nas fundações. Esta atenção é extensiva 
para fundações de edificações vizinhas pré-existentes e para 
fundações em níveis distintos.
O efeito de grupo pode diminuir a capacidade de carga de 
uma estaca. A reação da estaca se dá tanto pelo atrito lateral 
com o solo, em toda a extensão da estaca, quanto pela 
chamada carga de topo, que é a resistência no contato do 
final da estaca com o solo. 
Quando as estacas estão muito próximas, pode acontecer o 
efeito de atrito negativo e a capacidade das estacas nessas 
condições fica reduzida. Assim, deve-se considerar uma ca-
pacidade menor para cada uma das estacas que estiver su-
jeita ao efeito de grupo.
24
O efeito de Tschebotarioff considera empuxo lateral nas esta-
cas, o qual também vai causar momento fletor, podendo levar 
à ruína da estaca. 
Esse efeitofoi o causador da queda de um edifício em Xangai, 
em 2009, conforme apresentado na figura abaixo. Ao ser ex-
ecutada uma escavação ao lado da edificação construída, a 
água do lençol freático causou empuxo lateral ao se deslocar 
pelo solo.
FIG.: Efeitos de segunda 
ordem em estacas esbel-
tas em solos moles
Fonte: Velloso e Lopes, 
2010
25
Edificações que tem quantidades distintas de pavimentos 
devem ser dotadas de juntas de dilatação separando as 
partes de modo a permitir um recalque diferenciado de 
fundação para cada uma delas. 
Algumas vezes, até mesmo o tipo de fundação varia em cada 
uma das partes. Como as cargas são muito diferentes é inev-
itável que esta diferença de recalque ocorra: a junta permite 
que ocorra sem causar danos à edificação.
FIG.: Queda de edifício em Xangai em consequência do 
efeito de Tschebotarioff | Fonte: Blog do PET Civil
26
O projeto deve fazer a análise correta das cargas que solicita-
rão a fundação durante toda sua vida útil e também consid-
erar todas as combinações que possam solicitar as 
fundações de maneiras diferentes.
Armaduras muito densas ou de grande complexidade, 
podem gerar dificuldade na execução ou até mesmo na pas-
sagem do concreto nos espaços entre as barras de aço. Isso 
pode causar uma bolha de ar, que não será preenchida pelo 
concreto, diminuindo a área resistente da fundação e a ad-
erência entre concreto e armadura.
É importantíssimo que a ligação entre as peças estruturais 
seja projetada adequadamente, garantido que o que foi pre-
visto nos cálculos, seja executado para se comportar como 
tal.
A execução das fundações é uma fase de extrema atenção. 
Tanto as fundações rasas quanto as profundas necessitam 
de acompanhamento de engenheiro geotécnico. Para as 
fundações rasas, esse engenheiro deve comprovar se a ca-
pacidade resistente do solo na base da fundação está con-
forme prevista pelas sondagens. 
As estacas, por sua vez, também precisam atingir a capaci-
dade de carga prevista em projeto, algumas vezes isso é pos-
sível em um comprimento menor que o estimado; outras, é 
necessário aumentar esse comprimento até que se consiga a 
capacidade de carga.
27
Lembra daquele caminho que te falei que havia traçado 
alguns parágrafos atrás? Pois é, fui fiel a ele pois era o que 
queria e optei pelo mestrado onde me aprofundei ainda mais 
em estudos com a termografia, que fez parte da minha dis-
sertação. 
Além disso, nestes dois anos mergulhei de cabeça em en-
tender a tão temida “patologia das construções”. Durante 
este período tive que renunciar a muitas coisas, mas dois 
anos depois acabei o mestrado e me inseri no mercado de 
reformas, que me aproximou mais de condomínios, que hoje 
são minha principal área de atuação dentro da patologia. 
É claro, que há muitas outras histórias entre todas essas que 
já contei aqui, mas o fato é que quando decidi trabalhar com 
o que trabalho hoje, ainda não sabia como, mas mesmo 
assim baseado no que você leu aqui quero te dizer uma coisa. 
Muitas vezes precisamos ver além daquilo que nossos olhos 
podem enxergar e isso se chama fé.
Para fundações apoiadas sobre aterros, deve-se garantir que 
estes aterros foram executados e compactados correta-
mente, caso contrário, haverá recalque de fundação. Além 
disso, para todo tipo de fundação, a execução deve ser acom-
panhada por profissional habilitado de forma a garantir a 
fidelidade ao projetado.
Abaixo da base das fundações, sejam sapatas, radiers, tu-
bulões ou blocos de coroamento, deve ser executada uma 
camada de cinco centímetros de espessura de um concreto 
magro. Essa camada garante que, ao se lançar o concreto da 
fundação, este não se misture com o solo, o que poderia en-
fraquecer e contaminar o concreto.
A qualidade do concreto e a vibração do mesmo devem ser 
verificadas evitando que seja utilizado um concreto com re-
sistência à compressão menor que a projetada, que sejam 
deixadas bolhas de ar no interior da peça estrutural ou 
mesmo que o excesso de vibração cause a segregação do 
agregado graúdo, separando da nata de concreto e compro-
metendo a resistência da fundação.
28
Estacas podem sofrer desloca-
mentos em sua execução e a 
posição final fica diferente da 
projetada, assim, é necessária 
uma verificação dos esforços 
que surgem devido essas alter-
ações e, caso necessário, execu-
tar o reforço adequado.
“
29
Após a execução das fundações alguns fatores podem com-
prometer sua integridade, tais como: construção de novas es-
truturas nas vizinhanças; deposição de materiais pesados, 
em quantidades significativas nas vizinhanças de uma estru-
tura existente; corrosão da armadura das estacas ou da 
estaca; ataque de fungos e bactérias; realização de escav-
ações nas proximidades de estruturas; erosão do solo e dete-
rioração dos materiais das fundações.
Tratando-se de estruturas, as principais causas e origens das 
anomalias são: falhas na concepção do projeto; má quali-
dade dos materiais; falhas na execução; utilização para fins 
diferentes dos calculados em projeto e falta de manutenção 
no decorrer do tempo.
A concepção do projeto é um dos pontos de maior importân-
cia para um bom desempenho estrutural. Muitas vezes é 
necessário avaliar mais de um modelo de estrutura para que 
se chegue a melhor solução, tendo em vista, fatores econômi-
cos, sem abrir mão da segurança e estabilidade.
Para que se dimensione a estrutura adequadamente também 
é necessária a definição das ações atuantes e das combi-
nações mais desfavoráveis. Os softwares auxiliam muito 
nessa parte, porém, uma análise crítica e experiente é impre-
scindível para a assertividade.
30
Em projeto, deve-se determinar o cobrimento e a relação 
água/cimento compatíveis um com outro, caso contrário a ar-
madura poderá sofrer oxidação. Além disso, o projeto deve 
contemplar o módulo de elasticidade do concreto, coeficiente 
de Poison, resistência característica à compressão, fck e tipo 
do aço.
As deformações das estruturas devem estar dentro dos lim-
ites de norma, caso necessário, prever contra-flechas e in-
dicá-los em projetoa de fôrmas.
A compatibilização multidisciplinar dos projetos deve ser feita 
a fim de se evitar furação nas estruturas após concretadas. A 
demolição parcial ou mesmo a execução de furos depois da 
estrutura pronta ponde causar danos que enfraquecerão a 
peça estrutural.
Deve-se também procurar detalhar ao máximo o projeto, 
evitando-se interpretações erradas e detalhes construtivos 
de difícil execução.
Considerando a qualidade dos materiais, para o cimento 
deve-se atentar aos aspectos físicos, como finura, início e fim 
de pega, resistência à compressão, expansibilidade, calor de 
hidratação, aspectos químicos, como perda de resistência ao 
fogo e resíduo insolúvel, teores de aluminato tricálcio e de ál-
calis.
31
Os agregados devem ter análise mineralógica e química do 
material, evitando contaminantes reativos no agregado, car-
acterísticas físicas, como a distribuição granulométrica e for-
mato dos grãos.
A água, por sua vez, não deve conter cloretos, sulfatos, álcalis 
e deve ter o correto teor do pH.
Quando necessário uso de aditivos, é de fundamental im-
portância analisá-los quanto à possível contaminação com 
cloretos.
Finalmente, para as armaduras, assegurar o patamar de es-
coamento, o limite de resistência, o alongamento mínimo e as 
tolerâncias de desbitolamento e dobramento.
Durante a execução das estruturas de concreto é necessário 
cuidado especial na execução das fôrmas, para que não haja 
desníveis e deformações que posam comprometer o desem-
penho da peça estrutural. 
O escoramento também deve ser projetado de acordo com 
cada estrutura e cuidar da compactação do solo de apoio do 
mesmo.
32
O posicionamento correto das armaduras é de extrema im-
portância para que a estrutura tenha o comportamento pre-
visto em projeto. 
Assim como o adensamento do concreto e o controle de qual-
idade, já comentados para as fundações. 
A norma brasileira recomenda que a cura doconcreto seja 
feita pelo menos por sete dias, estendendo-se a até 14 dias, 
caso necessário. Em geral, para uma boa cura, o concreto 
deve ser molhado ao menos três vezes por dia.
Algumas manifestações patológicas em estruturas de con-
creto, tem sua origem após a execução das mesmas. Existem 
mecanismos de deterioração relativos ao concreto como, por 
exemplo, a lixiviação por águas puras ou ácidas, a expansão 
por sulfatos ou magnésio ou por reação álcali-agregado e as 
reações superficiais deletérias. 
Com relação à armadura, pode-se citar a corrosão devida à 
carbonatação do concreto e por elevado teor de íons cloro 
(cloretos). Outros mecanismos de deterioração são da estru-
tura propriamente dita como as ações mecânicas, movimen-
tações de origem térmica, ações cíclicas (fadiga), deformação 
lenta (fluência) e relaxação do aço.
33
Quando for necessária a alteração da finalidade de utilização 
da edificação deve-se garantir que as novas cargas a serem 
aplicadas não ultrapassem as cargas de projeto. Caso ultrap-
assem, deve ser feita uma avaliação estrutural e, se detecta-
da a necessidade, executar o devido reforço.
A manutenção preventiva também é um fator importantíssi-
mo para que a estrutura mantenha um bom desempenho du-
rante toda sua vida útil. 
Sempre que necessária deve ser feita a manutenção correti-
va, esta é executada sempre que detectado um problema es-
trutural. De modo geral a manutenção corretiva é mais cara e 
mais difícil de ser executada que a preventiva.
As boas práticas de engenharia sempre devem ser respeita-
das e profissionais habilitados e competentes devem acom-
panhar todo o processo.
Como já dito antes, a engenharia não é uma ciência exata, 
por isso, não existe uma receita pronta para todas as situ-
ações. A técnica e o bom senso devem estar unidos para uma 
boa solução e a experiência é uma grande aliada.
34
As verdades Secretas das Cerâmicas
Nós realmente somos do que nos alimentamos. Tenho, nestes 
muitos anos de idas e vindas, lidas e lides, sempre voltado 
aos mesmos temas: cerâmica, poesia e a reler os meus 
Pequenos Príncipes. 
Tanto a raposa como os meus azuleijinhos, cochicham em 
meus ouvidos: “o Essencial a vida é invisível aos olhos. Só se 
vê bem com os olhos do coração”. O colírio dos olhos da alma 
é, sem dúvida, a poesia. Os versos purificam as palavras! E os 
azulejos... dão vida aos pisos e as paredes! 
Eu sempre fui impactado por músicas e frases. Ouvindo uma 
vez o músico Michael W. Smith, a mística por trás dos versos 
de “Secret Ambition¹” me marcou. Se referia a Jesus, qual 
seria sua secreta ambição neste mundo. 
Sempre que penso em prospectar verdades secretas, não 
posso esquecer das também secretas ambições dos envolvi-
dos. Vale a pena ler a letra do Michael. Me permitam, portan-
to:
Não temos toda a informação 
necessária oriunda das escolas 
de engenharia, mas é possível e 
aconselhável buscar mais e mais 
para sua carreira. “
35
Seja se propondo a acompanhar um profissional mais experi-
ente, seja contratando esse profissional para trabalhar em 
conjunto, até que se consiga uma autonomia técnica para 
continuar em uma carreira solo, se é que podemos chamar 
dessa forma.
Ainda assim, a engenharia é surpreendente e todos os dias 
nos deparamos com casos diversos, portanto, mesmo após 
esse aprendizado, sempre é iminente atuar em conjunto, ou 
mesmo solicitar uma consultoria, ao longo da carreira, ao ter 
que desvendar algo novo, ou seja, nunca enfrentado antes. 
Reconhecer essa necessidade de compartilhar ideias para 
buscar a melhor solução não é demérito e sim, demonstra re-
sponsabilidade e ética profissional.
36
Um pouco 
de Lawton 
Bisneto de Inspetor de Obras, neto de Topógrafo e filho de En-
genheiro Civil, Lawton Parente de Oliveira não poderia, nem 
deveria seguir outro caminho senão o da Engenharia. E assim 
o fez. Essa é a minha breve história dentro da Engenharia.
Recém-saído do Colégio Militar de Fortaleza, passei no ves-
tibular da Universidade de Fortaleza – UNIFOR em 1993 para 
cursar aquilo que viria a ser uma das grandes paixões da 
minha vida: a Engenharia Civil. Já em 1994 comecei a tra-
balhar, estagiando em uma área extraordinária: a Construção 
Pesada.
Participei de obras de pavimentação rodoviária e aeropor-
tuária, barragens de terra, pontes, canais e aeroportos. Final-
izado o curso e graduado em 1998, e baseado na última 
grande obra do estágio, o novo terminal do Aeroporto Inter-
nacional de Fortaleza, me senti atraído pela Construção Civil, 
e assim tudo começou.
Montei uma pequena empresa de Engenharia Civil chamada 
ENGETERRA, como sócia ninguém melhor, minha esposa 
Fernanda Teixeira. A pequena empresa era especializada em 
obras gerais, como todo começo de empresas dessa nature-
za deve ser. 
Um pouco de Lawton 
O Desprendimento Volumétrico dos Revestimentos 
Argamassados
38
Fazíamos tudo: guaritas, muros, casas de gás, reforma em 
apartamentos, pinturas... até que encaramos um desafio dif-
erente, reabilitar uma fachada, ah... as fachadas. Revitaliza-
mos a primeira fachada em 1999, poucas normas difundidas 
mas muito capricho e atenção. 
O nome do primeiro prédio não poderia ser mais sugestivo: 
Edifício Maria Natividade, realmente ali nascia um engen-
heiro apaixonado pelo que mais fez na sua vida profissional, 
reabilitar fachadas. Logo todas as outras “especialidades” 
iriam ficando para trás e a reabilitação de fachada ia se tor-
nando uma constante, seguida de longe pela recuperação de 
estruturas de concreto armado, sabe como é né? Fortaleza, 
litoral, maresia, cloretos...
Aos poucos as fachadas reabilitadas foram se tornando uma 
marca registrada da empresa na cidade, pois realmente 
seria muito difícil pensar que nas últimas duas décadas, a 
história da maioria das fachadas prediais com problemas na 
cidade Fortaleza, não tivesse de alguma forma passado a 
solução pelo engenheiro Lawton Parente e a ENGETERRA. 
Durante toda trajetória de execução de obras de revital-
ização e reabilitação de fachadas de prédios habitados ou 
em uso, formamos vários pedreiros, que intitulávamos de ce-
ramistas, pois eram especialistas em assentamento de 
placas cerâmicas.
39
Eram “garimpados” dentre os melhores serventes e 
meio-profissionais, então os lapidávamos, capacitando e 
treinando, evitando ao máximo a rotatividade. Eram verda-
deiras joias, isso foi um dos grandes diferenciais de nosso 
sucesso.
Nesses 21 anos, ao olhar para trás posso perceber quantos 
sinistros foram evitados, quantas edificações deixaram de 
ser um risco e passaram a ter de volta sua função de lar 
seguro, quantas unidades condominiais valorizaram e de 
quantas melhorias visuais na cidade participamos efetiva-
mente. 
Tudo isso trouxe algumas marcas interessantes, realizamos 
aproximadamente 200 manutenções, revitalizações, reabili-
tações de fachadas, somando em torno de 300mil metros 
quadrados de aplicação de revestimento cerâmico como o 
recorde da cidade em altura de demolição controlada em 
uma fachada ao superar os 80 metros ou reabilitar três 
prédios em um quarteirão composto por quatro ou ainda im-
plantar mais 80 lajes técnicas em concreto implementando 
área útil aos apartamentos. 
40
Em 2012 resolvi voltar a estudar formalmente. Sentei nova-
mente nos bancos escolares e fiz minha pós-graduação em 
Engenharia Diagnóstica e Patologia das Edificações. Con-
hecer pessoas novas, mentes novas e principalmente, en-
tender o porquê das coisas. 
Daí em diante foram inúmeros seminários, palestras, con-
gressos, aulas e cursos ministrados e assistidos. Paralela-
mente participamos rotineiramente da solução para os 
problemas de fachadas, já não mais somente em nossa 
cidade, o Brasil era o destino. Está sendo um longo e praze-
roso caminho.
Dentro da Patologia percebi que podemos ajudar as pes-
soas e as edificações, tão intensamente quanto em uma ex-
ecução, pois pensar, planejar e projetar deveriam ser movi-
mentos prévios a qualquer execução, obrigatórios pela 
consciênciade todos os envolvidos. 
Meu mundo se abriu como um caleidoscópio de infor-
mações, e o tema Patologia que a prática há muito já me 
atraia naturalmente, a teoria acabou por me fascinar por 
completo. Ali decidi que meu futuro profissional estava na 
Patologia. E aqui estou, muito prazer, Engenheiro Civil 
Lawton Parente, um dos Novos Patologistas.
Espero que todos aproveitem este trabalho, foi feito com 
muita dedicação.
41
Desprendimento 
Volumétrico 
42
A grande maioria das manifestações patológicas que en-
volvem fachadas de edificações e desprendimentos são con-
sideradas graves por normalmente envolverem energia 
dinâmica e impactos intensos. 
Essa constatação não é questionada no meio técnico da pa-
tologia das edificações, pois sabe-se que as ocorrências 
destes sinistros sempre envolverão altura, volumes em 
queda, dificuldades de acesso, manutenibilidade, identifi-
cação de sintomas e, o principal, a segurança das pessoas 
que transitam logo abaixo, usuários ou não da edificação. 
Este capítulo pretende apontar a mais perigosa manifestação 
patológica, dentre as usuais, que ocorre em fachadas de edi-
ficações: o Desprendimento Volumétrico de Revestimento Ar-
gamassado, seja reboco ou emboço, em áreas onde substra-
to é estrutura de concreto. 
O Desprendimento Volumétrico é conceituado como o desta-
camento de volumes argamassados da fachada. Ocorre de 
forma mais comum por falta ou falha de aderência na inter-
face Chapisco/Estrutura, mas também ocorre na interface 
Chapisco/Alvenaria ou ainda internamente na camada arga-
massada. 
Desprendimento Volumétrico 
43
Os substratos de concreto armado, como vigas e pilares, são 
os que mais proporcionam Desprendimentos Volumétricos, 
pois se suas superfícies não estiverem preparadas adequa-
damente para receber o chapisco e o reboco/emboço, a esta-
bilidade de toda essa camada argamassada será mitigada.
Chapiscos fracos ou mal curados e falta de telas metálicas 
adequadas também podem ser a origem do problema. Sem 
dúvida o Desprendimento Volumétrico é uma das mais 
perigosas manifestações patológicas em revestimento de 
fachadas prediais.
FIGURA 1. Sinistro de desprendimento volumétrico sobre 
área de concreto armado em fachada
44
Engenheiros Patologistas, experientes em sua lida, conseg-
uem traduzir em palavras os sintomas que são dados pela 
edificação ao longo do tempo. 
Desta forma pode ser estabelecida uma “comunicação” com 
a edificação, pois o prédio "fala" por sinais e sintomas muitas 
vezes emitidos por um lapso temporal considerável. No caso 
dos Desprendimentos Volumétricos, quais são esses sinais? 
Como é possível identificar os perigosos Desprendimentos 
Volumétricos em uma fachada?
Para encontrar o ponto inicial, o prenúncio dos desprendi-
mentos, é necessário identificar os principais locais em que 
essas manifestações acontecem. Nas fachadas prediais, os 
substratos, base para aplicação dos chapiscos seguidos dos 
rebocos/emboços são basicamente divididos em dois: super-
fícies em concreto ou superfícies em alvenaria. 
45
Uma argamassa ideal deve ser dosada levando-se em 
conta o uso de teores moderados de cimento, cal e aditivos 
plastificantes (incorporadores de ar). “Projetadas” de acordo 
com as situações de exposição e os ensaios de aderência 
devem ser utilizados sempre que a fiscalização julgar 
necessária para avaliar e controlar a interação desta com as 
suas camadas constituintes e estas com a base.
Terceiro Desafio: o módulo de 
deformação
 “Mas não bastam os ensaios de aderência? Você quer mais 
ensaios?”
Assim me perguntou a engenheira de qualidade de uma 
grande construtora. Olhem as imagens da figura 5. Arga-
massas agora com resistências mediadas à tração, porém, o 
revestimento totalmente fissurado devido à rigidez (alto 
módulo) destas argamassas. 
As áreas onde os revestimentos 
argamassados são aplicados 
sobre um substrato de concreto 
ou concreto armado são as 
mais suscetíveis aos Despren-
dimentos Volumétricos.
“
46
FIGURA 2. Estruturas mais suscetíveis ao Desprendimento 
Volumétrico
Fazendo um comparativo entre esses substratos citados, ex-
istem na face do concreto, armado ou não, situações que 
podem diminuir a aderência do chapisco como baixa porosi-
dade, baixa rugosidade, eventuais falhas de limpezas e la-
vagens de produtos, além de fatores estruturais que podem 
pôr à prova essa aderência. 
Isto pode ser encontrado nas situações de peças em balanço 
estrutural como varandas, sacadas e projeções da edificação. 
Outros locais a serem observados são as estruturas dispos-
tas em grandes vãos. Deste modo pode-se deduzir que a de-
formação das estruturas de concreto armado contribui 
também de forma importante para a ocorrência do problema. 
47
A forma arquitetônica da também interfere na ocorrência 
desta manifestação patológica, edificações mais esbeltas 
tendem a uma maior movimentação, fazendo com que a ad-
erência entre camadas argamassadas, sejam testadas con-
stantemente, com maior ou menor intensidade. 
As influências naturais externas, como as interferências ter-
mo-higroscópicas, também são importantes fatores deter-
minantes, pois atuam no peso do revestimento argamassa-
do, nas ações e reações caraterísticas de dilatação/con-
tração dos corpos argamassados e ainda a presença da 
água e seus efeitos de oxidação de armaduras. 
Outros fatores que podem ser apontados como influentes 
são as espessuras do revestimento argamassado, ausências 
ou inadequação de telas de estruturação, aplicação de ele-
mentos de enchimento como o tijolo maciço, a má qualidade 
dos materiais utilizados na obra e procedimentos construti-
vos falhos como cura, traço, falta de limpeza de sujidades 
dentre outros.
48
 FIGURAS 3 e 4. Alta espessura de camada do revestimento argamassa-
do de reboco/emboço com inserção indevida de tijolos maciços para en-
chimento, ausência de tela de estruturação e resíduos da forma de con-
cretagem.
Concebendo que as deformações e as movimentações das 
peças de concreto armado, e da edificação como um todo, 
geram esforços solicitantes nos revestimentos argamassa-
dos, e esses esforços são transmitidos pela camada do 
chapisco aplicados sobre suas faces, fica claro que a ad-
erência desta interface de contato é solicitada de forma in-
tensa e constante. 
Estando os revestimentos argamassados em déficit de ad-
erência, o Desprendimento Volumétrico e o sinistro se 
tornam inevitáveis.
49
Os primeiros sintomas dos Desprendimentos Volumétricos 
de revestimentos argamassados sobre substratos de estru-
turas de concreto podem ser identificados com antecedên-
cia, na maioria dos casos, de meses ou anos, porém em algu-
mas situações extremas, o lapso temporal é muito curto 
entre o surgimento do problema e o desprendimento final.
Esta impossibilidade de precisar o momento exato do de-
sprendimento, torna a situação ainda mais insegura e 
perigosa, podendo inclusive dar margem à negligência na 
solução técnica do problema. 
A ferramenta da Inspeção Predial especializada e dirigida à 
fachada detecta com relativa facilidade estes sintomas, po-
dendo também demandar testes de campo e ensaios labo-
ratoriais elucidativos para tomadas de decisões assertivas 
que podem evitar desde pequenos desconfortos até graves 
sinistros ou tragédias.
Na região do Desprendimento Volumétrico, os fissuramentos 
são os principais sintomas prévios emitidos por uma edifi-
cação, juntamente com a presença de som cavo. Destes fis-
suramentos os mais comuns podem ser identificados em 03 
(três) tipos clássicos, segue: Tipo 01 – Fissuramento Horizon-
talizado de Face, Tipo 02 – Fissura de Contorno de Borda e o 
Fissuramento Verticalizado de Face/Quina.
50
Tipo 01 – Fissuramento Horizontalizado de Face: Ocorre nor-
malmente na região de transição entre a estrutura de con-
creto armado (viga) e a alvenaria;
FIGURAS 5 e 6. Fissuramentos na mesma região - Encontro de viga e 
alvenaria - 16.º, 15.º, 14.º e 13.º Pavimentos
FIGURA 5 FIGURA 6
16º
15º 13º
14º51
Tipo 02 – Fissura de Contorno de Borda: Acompanha a 
borda inferior na zona de interface entre a estrutura e o 
revestimento argamassado de emboço/reboco;
FIGURA 6
FIGURA 7. Esboço da vista frontal do Fissuramento Horizontalizado de 
Face: Ocorre normalmente na região de transição entre a estrutura de 
concreto armado (viga) e a alvenaria
FIGURA 8
 
52
 
FIGURA 9. 
FIGURAS 8 e 9. Fissuramentos na mesma região – Apontando a espes-
sura do revestimento argamassado de emboço
FIGURA 10. Esboço da vista de fundo da viga, do Fissuramento de Con-
torno de Borda: Ocorre normalmente na região de transição entre a 
estrutura de concreto armado (viga) e revestimento argamassado de 
reboco/emboço
 
53
Tipo 03 – Fissuramento Verticalizado de Face/Quina: Acom-
panha a quina da face contigua ao iminente desprendimen-
to, definindo a espessura do emboço e a altura da estrutura 
de concreto. Está localizada na zona de interface entre a es-
trutura e o revestimento argamassado de reboco/emboço e 
também determina a altura da viga de concreto armado
FIGURAS 11. Fissuramento Verticalizado de Face/Quina – Fissuramento 
na Face Lateral 1 apontando a espessura do revestimento argamassado 
de emboço da Face Lateral 2
FACE LATERAL 1 FACE LATERAL 2
54
As informações sobre dimensões como altura e largura de 
viga, altura e espessura de alvenaria e ainda espessura da 
camada argamassada de reboco/emboço, são informações 
valiosas em casos estudos técnicos, perícias ou de determi-
nação de métodos construtivos de reabilitação destas 
fachadas, podendo também conferir mais precisão às planil-
has orçamentárias das obras de reparos e reconstituições.
Fissuramento tipo 3
FIGURA 12. Esboço 3D da vista de uma quina de varanda em balanço, 
do Fissuramento Verticalizado de Face/Quina: Ocorre normalmente na 
região de transição entre a estrutura de concreto armado (viga) e reves-
timento argamassado de emboço/reboco da face contígua
 
55
Para recuperação de fachadas afetadas pelo Desprendi-
mento Volumétrico, alguns pontos devem ser criteriosa-
mente analisados e realizados; um dos principais deles é a 
demolição controlada, pois trata-se uma situação de ex-
tremo risco aos operários e às pessoas no entorno próximo à 
edificação. 
Para tanto deve ser realizado um projeto de sustentação e 
coleta de resíduos com volumetria avantajada, pois existe a 
possibilidade de toda faixa afetada se desprender subita-
mente quando submetida à vibração da demolição; também 
se faz muito importante atentar que, quanto mais alto o 
pavimento, maior o risco e a complexidade da demolição 
controlada. 
A reabilitação, pós-demolição ocorrerá em uma combinação 
limpezas e lavagens não ácidas, tratamentos nas superfícies 
do concreto, eventuais recuperações de armaduras oxidadas 
ou com presença de corrosão, aplicação de chapiscos mais 
aderentes ou mesmo os chapiscos especiais aplicados com 
utilização de desempenadeira dentada ou rolo, deve contar 
invariavelmente fixação de telas metálicas específicas e até 
juntas elásticas de movimentação (quando projetadas) atu-
ando nos revestimentos argamassado e cerâmico.
56
O reparo volumétrico não aceita o reaproveitamento do 
revestimento argamassado de emboço, mas existe a expec-
tativa no desenvolvimento de produtos de colagem que atu-
arão conferindo a adesividade perdida na interface 
chapisco/substrato, vale ressaltar que já existem produtos e 
técnicas para fixação em casos de descolamento cerâmico 
(finas espessuras). 
Nunca é demais lembrar que cada caso é individual, deven-
do ser analisado previamente por engenheiros civis patolo-
gistas e projetistas e ainda, o reparo deve ser executado por 
profissionais e empresas especializadas em obras de recu-
peração em prédios habitados.
A seguir um sinistro ocorrido em dezembro/2014 em uma 
Edificação na cidade de Fortaleza/CE, algumas observações:
 Sinistro: Desprendimento Volumétrico de Revestimento 
 Argamassado sobro Substrato de Concreto Armado
 Manifestação Patológica já recuperada;
 Desprendimento volumétrico da região da varanda em 
 balanço;
 Dimensões do Desprendimento: 
 Extensão do volume desprendido: 6,40 metros, 
57
FIGURA 13 - Vista da fachada sinistrada – Desprendimento Volumétrico 
de Revestimento Argamassado de Emboço sobre Substrato de Concreto 
Armado
 Altura do volume desprendido: 80 centímetros;
 Espessura máxima do volume desprendido 12 
 centímetros;
 Altura de queda: Aproximadamente 21,00 metros (6º 
 Andar)
 Ocorreu em dia de sábado aproximadamente às 19h;
 Detalhes: Milagrosamente não ocasionou vítimas e feri 
 mentos às pessoas. Logo após a ocorrência do sinistro, 
 dado ao barulho intenso e a forte vibração gerada na 
 zona de impacto (laje em concreto armado) houve a 
 evacuação a espontânea dos moradores.
58
FIGURA 14 e 15. Grande espessura de camada argamassada
FIGURA 14 FIGURA 15 
FIGURA 16 FIGURA 17 
FIGURA 16 e 17. Área interna atingida pelos escombros. Área dos pilotis 
atingida pelos escombros
59
FIGURA 18. Área de análise específica. A figura acima será fracionada 
para apresentação de diversas anomalias e falhas
FIGURA 18.1. Ausência de tela metálica específica para estruturação do 
revestimento argamassado e auxílio à aderência entre volume arga-
massado de emboço e a peça de concreto (viga) – Tela: Metálica, eletro-
soldada, zincada à fogo, malha quadrada com abertura de 25 x 25 mm, 
diâmetro do fio Ø 1,24 mm, densidade 150 g/m², fixada à tiro com pinos 
de aço galvanizados e arruelas cônicas.
60
FIGURA 18.3 FIGURA 18.4
FIGURA 18.2. Espessura final excessiva do revestimento argamassado de 
emboço com evidente identificação de 03 camadas de enchimento. Ausên-
cia de tela metálica de ligação entre as camadas de enchimento – Tela: 
Metálica, eletrosoldada, zincada à fogo, malha quadrada com abertura de 
25 x 25 mm, diâmetro do fio Ø 1,24 mm, densidade 150 g/m², fixada à tiro 
com pinos de aço galvanizados e arruelas cônicas.
FIGURA 18.3. Revestimento argamassado com baixo índice de aglomer-
antes denotando falta de controle tecnológico na produção e aplicação 
da argamassa. Existência de excesso de pulverulência e fragmentação 
da camada.
FIGURA 18.4. Aplicação de tijolo maciço ("chapeamento") duplo para 
preenchimento volumétrico, anomalia de inserção de corpo estranho, 
não existia qualquer estruturação, simplesmente tijolos assentados com 
argamassa.
61
FIGURA 18.5 – (1) Face da viga de concreto armado, substrato, isenta do 
chapisco denotando anomalia de falta de adesividade na interface "viga 
x chapisco" ficando o chapisco fixado no revestimento argamassado. 
(2) Risco iminente de mais desprendimentos volumétricos, revestimento 
argamassado de emboço completamente isolado do substrato. 
(3) Indícios de oxidação de armaduras da estrutura (viga).
1
2
3
62
FIGURA 18.6. e FIGURA 18.7. Duplo revestimento cerâmico, aplicação 
revestimento cerâmico novo sobre cerâmica revestimento cerâmico orig-
inal da edificação, procedimento não aceito para fachadas prediais.
FIGURA 18.6. FIGURA 18.7. 
63
Um pouco 
de Matheus 
Um pouco da minha história...
Talvez você inicie esta leitura se perguntando: do que se trata 
este assunto que vai ser abordado aqui? – Calma! Vou te ex-
plicar tudo, mas além de falar sobre este assunto em específi-
co tenho várias outras coisas para te dizer, tanto implícitas 
quanto explícitas e quero de fato te mostrar que seus olhos 
podem ir muito mais além do que podem ver. 
Antes de iniciar o assunto da termografia por infravermelho 
propriamente dito gostaria de trazer aqui um pouco da minha 
história e como esta técnica entrou na minha vida, pois posso 
dizer que desde minha formação básica de Engenheiro Civil a 
mesma me acompanha e tenho evoluído seus estudos desde 
então. 
Sim, também posso dizer que sou um pouco “precoce” nas 
coisas que faço e me considero privilegiado em fazer parte 
desse grupo de amigos que denominamos como “Novos Pa-
tologistas” como sendo o membro mais novo do grupo.Um pouco de Matheus
Termografia por infravermelho: uma técnica que vai além 
do que os olhos podem ver
65
Essa convicção de ser um pouco precoce naquilo que faço, 
parte de quando sai da casa de meus pais com apenas 14 
anos de idade. Nesta época, e ainda muito novo, sai do 
aconchego e de um certo conforto para enfrentar o primeiro 
grande desafio da minha vida, pois após alguns anos me 
dedicando ao vôlei, havia decidido tentar carreira neste es-
porte em Americana, interior do estado de São Paulo. 
Desde então, nunca mais voltei à casa de meus pais como 
morador, mas apenas como visitante e posso dizer que este 
primeiro desafio foi o ponto chave para o início da minha car-
reira na Engenharia Civil.
Três anos se passaram e diante daquela intensa rotina de 
treinos terminei meu ensino médio sempre com muita dedi-
cação, pois o time me proporcionava uma bolsa de estudos 
em uma das melhores escolas da cidade. 
Sempre gostei de estudar, mas posso dizer que nunca fui o 
“gênio” da escola ou faculdade, mas também nunca admiti 
fazer menos do que posso fazer naquilo que me envolvo. O 
esforço e dedicação sempre foram coisas que levei a sério em 
minha vida, e ainda levo.
66
E após algum tempo me vi com o ensino médio finalizado e 
queria continuar meus estudos, porém não sabia como iria in-
gressar na tal da “Engenharia Civil”, que sempre foi uma área 
que me chamou atenção mesmo que ainda tivesse aquela 
esperança de ter uma carreira no vôlei.
Não pense que estou aqui contando esta história e que talvez 
eu seja um ex atleta frustrado e que por não ter conseguido 
seguir carreira no esporte fui para a engenharia civil. Muito 
pelo contrário, e diante de uma certa imaturidade (ainda era 
muito novo) fui percebendo que viver de esporte no Brasil 
seria muito difícil e por isso me apeguei tanto aos estudos 
que, ao meu ver, seria um caminho que de alguma forma iria 
me trazer uma perspectiva além do esporte.
Baseado neste pensamento resolvi me matricular no curso de 
Administração, pois uma faculdade proporcionou bolsas para 
alguns atletas que faziam parte do time naquela época. Mas 
uma semana antes do início das aulas me vi prestes a iniciar 
algo que não queria fazer e foi então que cancelei minha 
matrícula naquele curso, pois de fato o que queria era estudar 
engenharia civil.
67
Alguns meses após ter escolhido não seguir para os rumos 
da administração de empresas e ainda treinando e jogando 
vôlei na mesma cidade, um amigo que havia jogado comigo 
por lá me mandou uma mensagem dizendo que uma facul-
dade em Brasília estava oferecendo bolsa de estudos para 
atletas que jogassem vôlei, e que se eu passasse no vestibu-
lar e fosse aprovado pelo técnico em um teste poderia jogar 
por lá. 
Resultado: duas semanas após esta conversa eu já estava 
morando em Brasília e um mês depois eu já estava sentado 
em uma cadeira da aula da matéria de “Introdução à Engen-
haria CiviI”.
Mais uma vez o vôlei estava ali me proporcionando uma 
grande oportunidade e por isso posso dizer que jamais me 
considero como um atleta frustrado, mas sim sou muito grato 
ao que o esporte me ensinou, que vai muito além das técnicas 
e treinamentos dentro de uma quadra. 
Mas, a partir deste momento o meu grande foco estava nos 
estudos e o vôlei permanecia em minha vida como um 
“hobby” e uma forma de manter o condicionamento físico.. 
68
Figura 1 – Durante o intercâmbio em Portugal na UCP
Alguns anos se passaram e já durante a minha graduação 
tive a oportunidade de fazer um semestre de engenharia civil 
na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em Lisboa, Por-
tugal (Figura 1). 
E foi lá que me apaixonei pela área da patologia das con-
struções, tendo em vista que os portugueses estão muito 
mais avançados nesta área do que nós brasileiros, pois por lá 
a preocupação em se manter o que já está edificado é bem 
maior do que com construções novas. Com isso, a formação 
básica em engenharia civil já enfoca muito na área de reabili-
tação e patologia das construções.
69
Os substratos de concreto armado, como vigas e pilares, são 
os que mais proporcionam Desprendimentos Volumétricos, 
pois se suas superfícies não estiverem preparadas adequa-
damente para receber o chapisco e o reboco/emboço, a esta-
bilidade de toda essa camada argamassada será mitigada.
Chapiscos fracos ou mal curados e falta de telas metálicas 
adequadas também podem ser a origem do problema. Sem 
dúvida o Desprendimento Volumétrico é uma das mais 
perigosas manifestações patológicas em revestimento de 
fachadas prediais.
Retorno então ao Brasil após 8 meses morando em terras 
portuguesas e converso com um professor que atuava como 
consultor em Brasília na área de patologia das construções. 
Depois de ter visto tudo que vi, conversas e pensamentos eu 
realmente estava decidido que queria trabalhar nesta área e 
apesar de não fazer ideia como isso seria possível e de não 
ver nada “construtivo” com meus olhos eu sabia que de 
alguma forma isso aconteceria. 
Mas... para acontecer eu tinha que correr atrás dos caminhos 
para que isso fosse possível.
Foi então que decidi que iria fazer um mestrado depois da 
faculdade para atuar com patologia. Neste momento ainda 
não sabia se faria o mestrado logo após a faculdade ou 
depois de um certo tempo, mas apenas que faria. 
Então, fui ver o que “contava pontos” para o mestrado e deste 
momento para o final do curso entrei em dois projetos de 
pesquisa, na empresa júnior da faculdade, monitoria de algu-
mas matérias, fiz artigos e outros. 
70
Os substratos de concreto armado, como vigas e pilares, são 
os que mais proporcionam Desprendimentos Volumétricos, 
pois se suas superfícies não estiverem preparadas adequa-
damente para receber o chapisco e o reboco/emboço, a esta-
bilidade de toda essa camada argamassada será mitigada.
Chapiscos fracos ou mal curados e falta de telas metálicas 
adequadas também podem ser a origem do problema. Sem 
dúvida o Desprendimento Volumétrico é uma das mais 
perigosas manifestações patológicas em revestimento de 
fachadas prediais.
Apesar de ter feito essas coisas ao longo do curso para 
“entrar no mestrado” percebi que realmente gostava daquilo 
pois sempre procurei ser um ótimo aluno na faculdade e 
gostei de atividades acadêmicas. Mesmo sem saber, ali de 
alguma forma eu também já estava sendo preparado para a 
outra profissão que exerço, a de professor.
Como ainda não tinha estagiado no curso, pedi ao mesmo 
professor que mencionei no parágrafo anterior uma oportuni-
dade.
Por ser um bom aluno, após uma semana de meu pedido fui 
surpreendido pela sua resposta positiva, ao ser convidado 
para estagiar em uma obra de Brasília onde tínhamos que re-
cuperar algumas estruturas que tiveram problemas executi-
vos. 
Detalhe, que a obra tinha como arquiteto responsável Oscar 
Niemeyer e calculista Bruno Contarini, os quais nada tiveram 
relação com os problemas que ali existiram, pois foram mera-
mente executivos. Posso dizer que foi um imenso privilégio ter 
estagiado em uma obra de tal magnitude e o que aprendi ali 
em alguns meses, foi essencial na minha formação.
71
Após um período neste estágio fui selecionado para uma 
outra oportunidade em uma grande empresa brasileira de es-
coramentos, formas, andaimes e plataformas para estagiar 
com obras de infraestrutura na região Centro-Oeste do país.
Como no início de nossas carreiras muita das vezes vivemos 
de “ventos de oportunidades” aceitei o desafio, pois havia 
grande perspectiva de crescimento de carreira dentro daque-
la empresa. 
Ainda que não fosse a área que queria atuar, tive ali experi-
encias fantásticas que contribuíram muito para minha for-
mação profissional, pois neste período tive a oportunidade de 
ter contato com grandes obras como: Aeroporto de Brasília, 
Estádio Nacional Mané Garrincha, obras de viadutos ro-
doviários, ferroviários entre diversas outras. 
Além disso, projeto e execução de escoramentos não apren-
demos em qualquer lugar e lá tive um grande aprendizado.Como sou grato por estas experiências! Na Figura 2 estava 
em uma obra de viaduto em Brasília-DF.
72
Figura 2 – Obra de viaduto em Brasília-DF
Ainda durante esta experiência de estágio tive o meu pri-
meiro contato com a termografia por infravermelho, nosso 
assunto central aqui. 
Este contato veio por meio de alguns trabalhos desenvolvidos 
na empresa júnior da faculdade (sim, neste mesmo período 
eu também participava da empresa júnior) e em meu TCC, 
ambos proporcionados por aquele mesmo professor que 
havia me dado a primeira oportunidade de estágio. 
Na empresa júnior o contato foi por meio de serviços que 
prestávamos para outras empresas e, no TCC, fiz um estudo 
desta técnica associada a utilização de drones para identifi-
car manifestações patológicas em fachadas.
73
Lembra daquele caminho que te falei que havia traçado 
alguns parágrafos atrás? Pois é, fui fiel a ele pois era o que 
queria e optei pelo mestrado onde me aprofundei ainda mais 
em estudos com a termografia, que fez parte da minha dis-
sertação. 
Além disso, nestes dois anos mergulhei de cabeça em en-
tender a tão temida “patologia das construções”. Durante 
este período tive que renunciar a muitas coisas, mas dois 
anos depois acabei o mestrado e me inseri no mercado de 
reformas, que me aproximou mais de condomínios, que hoje 
são minha principal área de atuação dentro da patologia. 
É claro, que há muitas outras histórias entre todas essas que 
já contei aqui, mas o fato é que quando decidi trabalhar com 
o que trabalho hoje, ainda não sabia como, mas mesmo 
assim baseado no que você leu aqui quero te dizer uma coisa. 
Muitas vezes precisamos ver além daquilo que nossos olhos 
podem enxergar e isso se chama fé.
74
A trajetória até aqui não foi 
fácil e ainda não é, mas posso 
dizer que a junção dessas 
coisas me ajudou e ajuda a 
construir minha trajetória 
profissional.
“
75
Talvez você tenha chegado até aqui e pensado: o que isso 
tem de relação com a termografia? Então, fique ligado que 
nas próximas páginas quero te mostrar esta técnica que uso 
no meu dia-a-dia para enxergar mais que os meus olhos 
podem ver, para que durante os diagnósticos possamos 
traçar o melhor caminho e indicar os tratamentos mais ade-
quados para as manifestações patológicas.
76
A termografia por 
infravermelho
77
A termografia por 
infravermelho
Assim como na medicina os médicos precisam de exames 
auxiliares para emitirem o diagnóstico, entenderem o prog-
nóstico e indicar a correta terapia (tratamento), nós patolo-
gistas também precisamos dos ensaios que muito nos auxil-
iam nos diagnósticos das manifestações patológicas. 
Afinal, se entendermos a palavra diagnóstico pela sua origem 
essa aplicação fica bem clara, tendo em vista que vem do 
grego diagnosticu, em que dia é alusivo a através de, durante, 
por meio de e gnosticu quer dizer referente ao conhecimento 
de. 
Ou seja, dar o diagnóstico significa entender as causas, ori-
gens e mecanismos que trouxeram tal manifestação pa-
tológica. Diante das dificuldades, sinergismos e possibili-
dades de ocorrências na maioria dos casos, a mera con-
statação visual pode ser apenas uma especulação se não 
comprovada por meio de ensaios.
78
Podemos dividir os tais ensaios em destrutivos ou não de-
strutivos, em que há ou não a necessidade de extração total 
ou parcial de amostras, respectivamente; havendo ainda 
alguns autores que trazem a abordagem subdividida 
também entre os “parcialmente destrutivos”, que represen-
tam aqueles que afetam apenas de maneira parcial com 
pequenas amostras, por exemplo.
Nem sempre é possível optarmos por técnicas não destruti-
vas, mas sempre que possível esta alternativa se torna a 
mais vantajosa tendo em vista que poder ter um diagnóstico 
preciso sem afetar o meio de alguma forma é o ideal.
A termografia por infravermelho é um ensaio não destrutivo 
que capta através de uma câmera termográfica (Figura 3) a 
radiação infravermelha emitida pelo objeto analisado. 
Como resultado temos um termograma (exemplos obser-
vados na Figura 4), onde por meio de uma imagem visível 
com escala de temperaturas é retratada a radiação infraver-
melha emitida pelos objetos, que está diretamente relaciona-
da com a emissividade e temperatura, de forma que o au-
mento da mesma é diretamente proporcional à temperatura.
A técnica possui aplicações em diversas áreas tal como a se-
gurança, medicina, agricultura, veterinária, indústria, mecâni-
ca e outras. Na Figura 4 é possível ver aplicações da medicina 
(a), agricultura (b) e em torres de alta tensão (c).
79
Figura 3 – Exemplos de 
câmeras termográficas 
Fonte: Flir
 
Figura 4 – Exemplos de termograma
Fonte: Flir Systems
(a) (b)
(c)
A potencialidade e os resultados da técnica realmente im-
pressionam, porém é importante ressaltar a importância da 
correção dos parâmetros utilizados na termografia (por ex-
emplo a emissividade, temperatura refletida e distância do 
objeto de estudo), que não são pontos centrais deste ebook e 
devem ser aprofundados por quem quer compreender melhor 
a técnica. 
80
Além do mais, existem diversos fatores que podem trazer 
erros nas imagens e devem ser considerados, tais como: 
horário da inspeção, geometria do objetivo analisado, diversi-
dade de materiais na superfície, reflexões de superfícies 
próximas, ângulo de obtenção da imagem e outros. 
Resumindo, é uma técnica extremamente útil desde que bem 
utilizada e com o conhecimento adequado, tendo em vista 
que se executada incorretamente os resultados podem ser 
completamente divergentes dos reais, o que altera significati-
vamente a análise.
Na patologia das construções as aplicações da termografia 
são muitas e passam por exemplos como infiltrações, despla-
camentos, fissuras e diversas outras.
Quando falamos de aplicações com a umidade podem ser 
detectadas infiltrações (Figura 5) ou até mesmo a “famosa” 
umidade ascensional proveniente do solo que causa man-
81
Figura 5 – Infiltração em junta estrutural em um subsolo
Figura 6 – Termografia para constatação de umidade ascensional em 
paredes de alvenaria
82
Figura 7 – Protótipos de paredes com argamassa e pintura desenvolvi-
dos em laboratório
Com relação aos desplacamentos dos revestimentos 
também há diversos estudos tanto em campo quanto em lab-
oratório que mostram a efetividade da termografia. 
Nas figuras 7, 8 e 9 é possível observar um estudo, sob minha 
orientação, em que foram simuladas regiões sem aderência 
por trás do reboco (revestimento argamassado), por meio da 
colocação de uma fita. 
Após isso e exposição ao aquecimento dos protótipos foi pos-
sível notar regiões com temperaturas distintas.
83
Figura 8 – Localização dos pontos com simulações de anomalias
Figura 9 – Visualização das regiões com descolamentos na região supe-
rior das paredes.
As regiões com descolamentos mencionadas podem ser 
vistas na Figura 8 e na Figura 9 é possível observar-se que a 
utilização da técnica permitiu a visualização de tais regiões 
nos protótipos estudados.
84
Os desplacamentos em revestimentos cerâmicos também 
são manifestações patológicas comuns capazes de serem 
identificados com a termografia. 
É importante destacar que tal fenômeno é evolutivo e que os 
descolamentos (cerâmica ainda permanece no local, porém 
já perdeu a aderência) evoluem para os desplacamentos 
(queda do revestimento). 
A Figura 10 comprova isso por meio de imagens captadas em 
um período de diferença de três anos (2015 – 2018) em que é 
possível observar-se uma região de temperatura distinta 
(mais clara), que indicava o descolamento que anos depois foi 
comprovado pela queda das cerâmicas. 
Além disso, a Figura 11 mostra o estágio avançado de de-
gradação da fachada estudada em 2020.
Figura 10 – Evolução do de-
scolamento para desplaca-
mento
85
Para a identificação de fissuras, diversos também foram os 
estudos que já comprovaram a utilização da técnica. A Figura 
12 mostra um exemplo de aplicação para este caso.
Figura 11 – Fachadaestudada com imagem de 2020
Figura 12 – Fissuras em fachada identificadas pela termografia
Fonte: Bauer, Milhomem & Aidar (2018)
 
86
Existem diversas outras aplicações da técnica e aqui mostrei 
apenas algumas. Mas como te expliquei no início deste 
capítulo a termografia é uma técnica que vai muito além do 
que os olhos podem ver. 
Em muitos casos precisamos disso e enxergar aquilo que 
nossos olhos não nos permitem auxilia para que o correto di-
agnóstico possa ser dado e da mesma forma as respectivas 
tratativas. 
E quer um conselho? Leve isso também para a sua vida, ex-
istem muito mais coisas que seus olhos não podem ver que 
as vezes estão bem diante de você. Na termografia focamos 
mais nas coisas ruins (anomalias), mas para a vida foque nas 
boas! Acredite, lute, vá adiante pois você é mais capaz do que 
imagina!
E aí já conhecia a termografia por infravermelho? Gostou da 
técnica? Se quiser ter acesso a outros materiais de minha au-
toria totalmente gratuitos e também as minhas redes sociais 
basta apontar seu celular para este QR Code abaixo. Te 
espero lá para conversarmos sobre patologia das con-
struções.
87
Aponte um celular com um aplicativo leitor de QR Codes. 
Alguns celulares já possuem a tecnologia de leitura direta-
mente em suas câmeras.
88
Um pouco 
de Renato
89
Quando pensei neste tema, não tinha a menor ideia se estava 
utilizando a palavra “holístico” da forma correta. 
Normalmente quando nos referimos aos processos construti-
vos, falamos em uma visão sistêmica, pensando no sistema 
em si, por exemplo: sistema de revestimento isoladamente 
dos demais sistemas como os sistemas de vedação, os estru-
turais, de fundação etc.
Ao consultar o dicionário percebi que estava no caminho 
certo:
“holismo: sm
1 Abordagem científica que dá prioridade ao enten-
dimento global dos fenômenos, descartando o pro-
cedimento analítico em que seus componentes são 
analisados ou tomados isoladamente”. (Grifo nosso!)
Um pouco de Renato
Patologia dos Revestimentos de Fachada: uma visão 
holística
90
Ou seja, quando falamos em manifestações patológicas nos 
revestimentos de fachada, precisamos entender que não 
basta entender das argamassas ou das vedações etc. 
Precisamos ter um conhecimento mais abrangente, entender 
o todo, os efeitos de 2ª ordem, as matérias primas, os insu-
mos, os colaboradores diretos e indiretos, as deformações 
lentas e por aí vai.
Costumo dizer que sou patologista raiz. Comecei em 1992 
para 1993. Final de ano letivo (naquela época o curso era 
anual), passando do 3º para o 4º ano. Estava de bobeira pen-
sando o que fazer nas minhas férias quando uma colega me 
liga e me chama para estagiar com nada mais nada menos 
que a nossa amada e saudosa Profª. Maria Noronha. Aí tudo 
mudou!
Sempre gostei de cálculo. Acho que este é um dos pré-requis-
itos para nos enveredarmos pela engenharia. Fui monitor de 
concreto, cálculos I e II, mas de repente, estava mexendo com 
um universo completamente diferente: a patologia das con-
struções: química, física e ciência dos materiais. 
O que era este mundo? Não tinha a menor ideia. Aliás, não 
havia estagiado até aquele momento e meu conhecimento de 
construção se limitava ao que havia estudado na faculdade 
naquele primeiro ano de civil. Não sabia construir, como 
então, iria entender uma patologia? 
91
Percebi isso na época, pois como se vai descobrir a causa do 
problema (diagnóstico), sem saber como se executa correta-
mente? Lembro-me como se fosse hoje: a Noronha me pediu 
para fazer uma “prospecção destrutiva” em certa jardineira, 
pois ninguém sabia qual o tipo de impermeabilização havia 
no local e se ela ainda estava “funcionando”. 
E eu deveria levar um colaborador (na época era peão 
mesmo) para orientá-lo como deveria fazer àquela “sonda-
gem” e o que queríamos detectar. OMG!
De lá pra cá foi só estudando e trabalhando e estudando. Me 
formei em 1993, fiz umas 5 obras da fundação à entrega 
final, edifícios residenciais de 16 a 40 pavimentos e ainda um 
hotel e um hospital. 
Por fim, cansei de obra! Não era feliz e não era pra isso que eu 
tinha estudado. Não me conformava em ter que “aprender” 
com o mestre (isso foi fundamental até certo momento) ou ter 
que ficar brigando com fornecedor atrasado ou – aí era o fim 
– ter que levar material dentro do meu carro de uma obra 
para a outra. Não estudei cinco anos para aquilo que diziam 
que eu deveria ser ou fazer!
92
Voltei a estudar. Iniciei o mestrado em 1995 na Politécnica da 
USP. Aquilo era um sonho, mas que virou pesadelo! Entrei nos 
meandros das moléculas dos materiais, tive acesso ao que de 
melhor havia em tecnologia. 
Vi nascer os processos construtivos da ENCOL com a turma 
do Sabbatini e as tecnologias do concreto com o Paulo 
Helene. Mas, de repente, lá estava eu, de novo, insatisfeito 
com àquilo tudo: onde iria aplicar àquilo? Estava me desvian-
do do que realmente eu amava: a patologia das construções!
Termino os créditos na USP e me caso em 1997. Em 1998 
abro uma pequena empresa de “Assessoria em Recuperação 
Predial”. O nome já dizia tudo: um colega e eu nos aventura-
mos em um universo até então super fechado: o mundo da 
Engenharia Diagnóstica e da Inspeção Predial. Lógico que 
estes termos só serão cunhados anos mais tarde, mas nós 
tínhamos a base da época da Noronha.
93
Nossa sociedade dura apenas 2 
anos. Cada qual tomou seu rumo 
dentro da Patologia das Con-
struções. Aos trancos e barran-
cos, comecei a criar meu mercado.“
94
A princípio era indicado pelos clientes satisfeitos, depois 
pelos colegas professores da USP. Mas, o mercado era super 
fechado e eu era muito novo (30 anos)! 
Como me destacar e mostrar conhecimento sem ter alguém 
para me tutorear? Em 2003, então, retorno para fazer o me-
strado novamente, e agora para concluí-lo pelo IPT. Era in-
cabível ser um patologista sem ter um mestrado. 
E aí foi o céu! Em 2005 termino minha dissertação sobre 
“Avaliação de sistemas de recuperação de fissuras em alve-
narias de vedação” (hoje penso que o melhor seria em “siste-
mas de revestimento”). 
De lá para cá um novo mundo se abriu! Crises? Muitas até 
hoje! Mas, de repente deixo de ser um qualquer para me 
tornar um especialista e um patologista em fissuras e revesti-
mentos. 
Óbvio que sem o empurrãozinho de Deus e a parceria da 
minha ex-esposa, ainda estaria patinando. Agradeço a 
ambos, de coração, todos os dias, por terem me ajudado a 
chegar até aqui. 
95
A visão holística
A visão holística
Tenho focado minha vida desde 2015 na patologia de facha-
das. Que universo interessante e desafiador. E aqui fica 
minha colaboração para este pequeno encarte que prefacia 
os Novos Patologistas: a visão holística dos revestimentos de 
fachada. 
Não pretendo aqui esgotar o assunto – impossível! mas, 
provoca-los a pensar diferente do que se “recomendam” as 
normas e a reconfigurar o mercado, por que não?
Antes de me especializar em fachadas, era uma patologista 
mais generalista e com uma visão idem das fachadas e seus 
revestimentos. Hoje, tenho tido a oportunidade de ver suas 
facetas e arestas, suas composições e desafios cada vez 
maiores. 
Antes, achava que as patologias se resumiam ao som cavo, 
às fissuras e infiltrações e as soluções mais óbvias seriam a 
demolição, reforço, recomposição e impermeabilização. Hoje, 
são novos tempos! 
Novo olhar sobre este universo desafiador o qual passo a 
compartilhar com vocês. E com isso, quero provoca-los a se 
aventurarem e a se apaixonarem por este admirável mundo 
novo!
97
Uma nova forma de construir
Você já se perguntou o porquê de a engenharia diagnóstica 
ter se destacado tanto nestes últimos 10 anos tanto quanto o 
BIM e o cálculo estrutural? 
De repente virou moda estudar e ser reconhecido como um 
engenheiro diagnóstico? De um lado as inovações tecnológi-
cas, a inteligência artificial, o 3D, a nanotecnologia, o concre-
to de alto desempenho (CAD), as estruturas mais altas e es-
beltas e do outro, as famigeradas manifestações

Outros materiais