Aula 8 - Polissacarídeos

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Professora Karina Novak Leite Colla
	São metabólitos primários
	Polímeros de alto peso molecular
	Possuem uma ampla distribuição na natureza e são constituintes essenciais de todos os organismos vivos
	Ocorrem em bactérias e fungos (dextranos e goma xantana), em algas (alginas, carragenanos, ágar-ágar) e em vegetais superiores (amido, celulose, gomas, mucilagens e pectinas), possuindo funções variadas nesses sistemas biológicos.
	Classificação: 
Homogêneos (ou homoglicanos) – condensação do mesmo açúcar (amido, celulose)
Heterogêneos (ou heteroglicanos) – condensação de diferentes tipos de açúcares (gomas, mucilagens, pectinas)
	Classificação pela solubilidade: 
Solúveis: gomas, mucilagens e pectinas
Insolúveis: celulose 
	DEGRADAÇÃO BACTERIANA
Certos polissacarídeos não são enzimaticamente degradados no intestino delgado de mamífero, mas são fermentáveis no intestino grosso.
Pectinas, mucilagens e gomas são completamente fermentáveis; celulose parcialmente
	Capacidade de retenção hídrica
As pectinas, as mucilagens e, em menor extensão, as hemiceluloses apresentam grande capacidade de retenção hídrica
A hidratação das moléculas resulta na formação de uma matriz tipo gel, a qual pode conduzir a uma maior viscosidade do conteúdo do intestino delgado e apresentar, então, efeitos críticos na absorção dos nutrientes pela difusão desses nutrientes hidrossolúveis na matriz gelatinosa e pelo aumento do conteúdo intestinal. 
	Adsorção de moléculas orgânicas
Os ácidos biliares, o colesterol e alguns compostos tóxicos são adsorvidos, especialmente, pelas pectinas e outros polissacarídeos ácidos. 
A adsorção dos ácidos biliares por polissacarídeos pode ser medida in vivo atrav’es da capacidade desses compostos em aumentar a excreção fecal destes ácidos
	Órgãos	Efeitos Fisiológicos
	Estômago e duodeno	Retardamento do esvaziamento gástrico; redução do pH do suco duodenal; aumento da viscosidade do suco duodenal e aumento da saciedade pós-prandial
	Intestno delgado e cólon	Alteração da velocidade do trânsito intestinal; diminuição da absorção de Zn, Fe, Ca, Mg e P; aumento do volume fecal; aumento do número de bactérias.
	Pâncreas	Redução da secreção da lipase e amilase
	Fígado	Aumento da excreção de sais biliares e redução dos níveis de colesterol 
POLISSACARÍDEOS DE BACTÉRIAS
	Dextranos
Homopolímeros de glicose
Produzido por diferentes bactérias
	Ex: Bactérias do gênero Leuconostoc, Lactobacillus e Streptococcus. 
Dispersões aquosas de dextranos são atóxicas, totalmente eliminadas pelo organismo por excreção renal e apresentam viscosidade e osmolaridade semelhantes às do plasma sanguíneo – são usadas em estados de choques hipovolêmicos.
Também são usados como espessantes na formulação de colírios
	Goma xantana
É elaborada pela bactéria Xanthomonas campestris
É um heteropolissacarídeo
Largamente empregada como estabilizante na formulação de suspensões e emulsões na área farmacêutica e como estabilizante e gelificante em sopas e geléias
POLISSACARÍDEOS DE ALGAS
 Principal aplicação: espessantes na indústria alimentícia e farmacêutica
	Alginas
Heteropolissacarídeos obtidos de algas da classe Phacophycaceae
‘Possuem de 12 a 40% de ácido algínico
Formam géis viscosos – atuam como protetores da mucos gástrica (refluxo gastro-exofágico, hérnias de hiato e esofagites)
Adjuvantes em regimes hipocalóricos (limitadamente digeríveis)
Anti-hemorrágicos de uso externo – formam géis fibrilares provocando rápida homeostase
Espessantes e estabilizantes em produtos farmacêuticos
	Carragenanos
Polímeros de galactose fortemente sulfatados
Obtidos de diferentes espécies de algas rodofíceas do gênero Chondrus e Gigartina
Tratamento sintomático de constipação
Mucoprotetor em proctologia
Adjuvante em dietas hipocalóricas (não absorvido do TGI)
Usados como espessantes, geleificantes e estabilizantes na indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia
	Ágar-ágar
Poligalactanos lineares obtidos de algas rodofíceas dos gêneros Gelidium, Gracilaria, Gelidiella e Pterocladia
Esses polissacarídeos dispersam coloidalmente em meio aquoso a quente, formando, por resfriamento, um gel espesso não absorvível, não fermentável, atóxico, utilizado como laxativo mecânico devido à capacidade de aumentar o volume e hidratação do bolo fecal, regularizando o trânsito intestinal
Utilizado como base para meios de cultura
Usado como desintegrante de comprimidos
	Fucanos
Polissacarídeos sulfatados com alto teor de fucose, obtidos de espécies de Fucus, especialmente Fucos vesiculosus L. 
Similarmente à heparina, apresenta ação anticoagulante, antitrombótica, devido ao seu efeito fibrinolítico
2. POLISSACARÍDEOS DE VEGETAIS SUPERIORES
a) Polissecarídeos homogêneos
	Amido
Substância de reserva constituída por moléculas de glicose
- O aquecimento da água torna os grânulos de amido intumescidos, rompendo a estrutura cristalina, num processo denominado gelificação, o que torna os polímeros mais vulneráveis ao ataque da alfa-amilase. O resfriamento permite que pate do amido modifique sua estrutura tridimensional, formando o amido resistente, que passa inalterado através do intestino delgado. 
AMIDO RESISTENTE
Certos alimentos, como batata, milho e banana contém este tipo de amido que resiste, parcialmente à hidrólise enzimática (amilases salivar e pancreática), não sendo totalmente digerido no intestino delgado. 
É constituído pela “amilose retrógrada”, na qual a molécula é dobrada sobre si mesma, tornando a ligação inacessível às enzimas. 
O amido que resiste à ruptura no intestino delgado passa ao intestino grosso onde atua de maneira similar aos polissacarídeos solúveis
	Celulose
Principal constituinte das plantas
É a mais importante matéria-prima farmacêutica, sendo empregada desde a confecção de compressas (gaze, algodão) até derivados quimicamente modificados
Apresenta cadeias individuais reunidas por pontes de H, que dão às plantas fibrosas sua força mecânica.
Os animais não possuem as enzimas celulases, que são encontradas em bactérias, incluindo as que habitam o trato digestivo dos cupins e animais de pasto, como gados e cavalos.
b) Polissacarídeos Heterogêneos
	Gomas
Compostos de natureza polissacarídica, parcial ou totalmente dispersíveis em água e insolúveis em solventes apolares
Ocorrem em certos órgãos da planta, como caule e raíz, e são resultantes de lesões sofridas pelo vegetal devido a traumatismos e ação de microorganismos
Em outros casos, a formação de gomas parece estar relacionada a um processo de adaptação do vegetal a certas condiçòes climáticas, constituindo a “gomose fisiológica”
Principais gomas, do ponto de vista econômico e industrial: 
	- Goma arábica (Acacia senegal L. Willd)
	- Goma caraia (Sterculia tomentosa Guillet. Perr e Sterculia urens Roxb.)
	- Goma gati (Anogeissus latifolia)
Goma Arábica
Goma Gati
Anogeissus Latifolia
Acacia senegal
Sterculia urens
Gama caraia
	Mucilagens
Ao contrário das gomas, são constituintes naturais dos vegetais
Ocorrem, predominantemente, em sementes, nas quais parecem te a função de reter água para auxiliar na germinação, mas podem ocorrer também em outros órgãos do vegetal
Podem ser obtidas de algas ou vegetais superiores
Guar (goma aguar) – mucilagem mais importante e mais estudada
	Obtida do endosperma das sementes de Cyamopsis tetragonolobus
	Forma dispersões altamente viscosas quando em contato com a água, mesmo em pequenas concentrações
	Goma guar
Cyamopsis tetragonolobus
Goma águar – estrutura química
Goma carouba (Ceratonia siliqua)
	Intumesce em presença de água e forma um gel que não é absorvido pelo organismo, diminuindo a assimilação dos alimentos, por formar uma película densa em volta dos mesmos e impedir a ação das enzimas responsáveis pela digestão.
	Quando administrados antes da refeição, diminuem a sensação de fome por suas propriedades espessantes, dando sensação de plenitude gástrica. 
	Pectinas
Do latim pectos = geléia
Obtidas das paredescelulares do vegetal, abundantes em frutos, principalmente cítricos
Apresenta considerável capacidade retentora de água, são facilmente gelificáveis 
São utilizadas principalmente como reguladores do sistema gastrintestinal e, na indústria alimentícia como estabilizante e gelificante
A utilização regular tem demonstrado eficácia no controle de glicemia e colesterolemia e na prevenção de doenças cardiovasculares. 
	Pectina
	Supressão do apetite
Alimentos fibrosos possuem digestão mais lenta e resultam em uma maior e mais duradoura sensação de saciedade
Principalmente gomas, mucilagens e pectinas
	Retardamento do esvaziamento gástrico
Indicados principalmente para pacientes que fizeram gastrectomia ou gastroenterostomia (rápido esvaziamento gástrico – aumento da glicemia – hipoglicemia rebote)
	Prevenção do câncer colo-retal
Diluição e redução do tempo de permanência de potentes substâncias carcinogênicas no intestino
Diminuição, por degradação bacteriana, da concentraçào de ácidos biliares com potencial carcinogênico
	Efeito hipocolesterolêmico
- Devido à aceleração do trânsito e ao aumento da excreção de ácidos biliares e, principalmente à redução da absorção de colesterol, mediada pela viscosidade do bolo alimentar
Não apresentam efeitos adversos importantes
	Distúrbios no trato gastrintestinal, principalmente dores abdominais, náuseas, flatulência – somente no início do tratamento
	Diminuição da absorção de minerais, tais como zinco, ferroe cálcio
	Diminuição da absorção de ácido ascórbico (vitamina C) e cianocobalamina (vitamina B12)
	Pode provocar hipoglicemia em indivíduos não diabéticos
Plantago ovata Forssk e Plantago psyllium L. Plantaginaceae
Parte usada: sementes
	O tegumento das sementes é rico em polissacarídeos (10 a 30%)
	As sementes do plantago são caracterizadas como laxativas e seu efeito baseia-se no aumento do volume das fezes por absorção de água, estimulando o peristaltismo.
Malva sylvestris L. Malvaceae
Parte usada: flores e folhas
	Contém de 5 a 10% de polissacarídeos
	Preparações das flores e folhas dessecadas, especialmente na forma de infusos, são empregados na redução e/ou alívio do estímulo do catarro das vias respiratórias superiores e em estados inflamatórios das mucosas bucal e faríngea
Linum usitatissimum L. Linaceae
Parte usada: sementes íntegras
	Uso interno para constipação crônica, irritação do cólon 
	Uso externo: cataplasma, estados inflamatórios locais
	A semente de linhaça contém óleos fixos (35 a 45%)
	Ensaios clínicos avaliam efeitos anticarcinogênico, redução do risco de aterosclerose associado a hiperlipemia e suas propriedades nutricionais
	COSTA, A . F. Farmacognosia. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Vol. 3.(livro texto)
	KUKLINSKI, Claudia. Farmacognosia. Barcelona: Omega, 2000.
	 
	SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 2.ed. Porto Alegre: Florianópolis: UFRGS, UFSC, 2003.