Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sangramento Uterino Anormal (SUA) Ana Carolina Picanço Introdução O Sangramento Uterino Anormal (SUA) é o sangramento que acontece na fase reprodutiva, que pode começar no início da vida reprodutiva, na menacme até a fase de pré-menopausa. São sangramentos fora do padrão menstrual normal da mulher. Desse modo, existem várias causas e vários tipos, sendo assim, deve-se diferenciar um sangramento uterino anormal de um Sangramento Uterino Disfuncional (SUD). A definição de SUA diz que esse sangramento é um sintoma e não um diagnóstico. O estabelecimento de sua causa é o que orienta a conduta terapêutica, ou seja, pode estar relacionado a vários fatores, como gravidez, alteração de coagulação da paciente, alterações anatômicas uterinas (mioma, sinéquia, espessamento endometrial) e SUD (que é um sangramento uterino anormal). O SUD, por definição é o sangramento de origem exclusivamente uterina, na ausência de qualquer outra causa orgânica. Ou seja, depois que se investigou tudo e não achou nada orgânico, aí se classifica o sangramento como Disfuncional. Ele é característico dos ciclos anovulatórios, sendo nos extremos de vida, desde quando a menina começa a menstruar com os sangramentos irregulares até no final da vida reprodutiva dela, quando também já está tudo desregulado. Lembrando que o SUD é um diagnóstico de exclusão. Quando não se achar nada, nem uma causa orgânica, se fala que é SUD. SANGRAMENTO MENSTRUAL NORMAL No padrão menstrual normal, quando a mulher já está com a menacme estabelecida, ou seja, quando já se menstrua normalmente, depois dos 14/15 anos em que o padrão menstrual é mais regular. Lembrando que antes de 14/15 anos, quando começa a menacme, a menstruação da menina pode ser irregular. DURAÇÃO DO CICLO MENSTRUAL - 21 a 35 dias; - Média: 28 dias. DURAÇÃO DA MENSTRUAÇÃO - 2 a 6 dias; PERDA SANGUÍNEA - 20 a 60 ml; FASES DO CICLO OVARIANO - Folicular; - Lútea. FASES DO CICLO UTERINO - Proliferativa; - Secretora; - Menstrual. Ana Carolina Picanço Termos a serem utilizados (curiosidade): • Polimenorréia: quando o ciclo é menor que 21 dias, sendo aquela mulher que menstrua menos do que 3 em 3 semanas. (Intervalo < 21 dias). • Oligomenorréia: são as mulheres que menstruam em um período mais espaçado, acima de 35 dias. (Intervalo > 35 dias). • Espaniomenorréia: é a mulher que menstrua de 45 a 45 dias ou até 50 dias. (Intervalo > 45 dias). • Menorragia: é o intervalo regular, mas com fluxo aumentado. É a mulher que menstrua todo mês na data certa, mas tem o fluxo de sangue muito aumentado. (Não confundir com metrorragia, em que o intervalo é irregular). • Metrorragia: intervalos irregulares, duração prolongada, fluxo normal. • Hipermenorréia: Intervalos regulares, duração normal, fluxo aumentado. • Hipomenorréia: : Intervalos regulares, duração normal, fluxo reduzido. DE DURAÇÃO: • Opsomenorreia: intervalos de 35 a 45 dias. • Espaniomenorreia: Intervalos > 45 dias. Obs.: essas nomenclaturas são de extrema importância para serem usadas na anamnese quando estiver no ambulatório. COMO A PACIENTE VAI SABER SE SEU CICLO É ALTERADO OU NÃO? Marcando no calendário ou em aplicativos. Sempre marcando o intervalo e a duração entre os ciclos. Em relação ao volume pode-se perguntar se é uma paciente que troca de absorvente em menos de 1/1h (ou usa vários absorventes noturnos durante o dia ou até mesmo fralda), se tem coágulo relativamente grande (> 3cm); e se no exame a ferritina estiver baixa, é uma paciente que está com um quadro de anemia ferropriva, que é o tipo de anemia mais comum em mulher na menacme, que ocorre pelo sangramento mensal excessivo. Definição SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA): é um sintoma e não um diagnóstico. O estabelecimento de sua causa é o que orienta a conduta terapêutica (gravidez, pólipos, miomas, adenomiose, câncer, SUD...). Acomete qualquer faixa etária. SANGRAMENTO UTERINO DISFUNCIONAL (SUD): é o sangramento de origem uterina, na ausência de causas orgânicas, atribuído às alterações nos mecanismos endocrinológicos que controlam a menstruação. Característico dos ciclos anovulatórios (extremos da vida). O SUD é um diagnóstico de exclusão. “ Todo SUD é um SUA, mas nem todo SUA é um SUD”. Consequências do sangramento anormal na mulher: Ana Carolina Picanço Etiologia O SUD sempre é um SUA, mas um SUA não é disfuncional. CAUSAS ORGÂNICAS - Ginecológicas: gravidez, trauma, doença pélvica, mioma, pólipo, câncer... - Não-ginecológicas: doença sistêmica, endócrinas, medicamentos.... DISFUNCIONAL - Sangramento Uterino Anormal sem causa orgânica ⇓ DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO Causas (sua) por faixa etária PERÍODO NEONATAL Pequeno sangramento nos primeiros dias de vida = ↑ estrogênio materno na gravidez – estimulação endometrial do feto – interrupção após nascimento – descamação endometrial. Obs.: pode ocorrer em meninas que nasceram e após 2 dias de nascidas, a mãe encontra sangue na fralda, isso é comum porque durante a gravidez o bebê é exposto ao estrógeno materno. Assim, esse estrogênio vai estimular o crescimento do endométrio no útero do bebê, porém quando a menina nasce o estímulo é cortado, desse modo, o endométrio que foi estimulado descama e causa o sangramento que dura de 1 a 2 dias no máximo. INFÂNCIA Causas: CORPO ESTRANHO: crianças com vulvovaginites, corrimento com odor fétido persistente, profuso, pode ter pus ou sangue. TRAUMA / ABUSO SEXUAL: queda em cavaleiro x lesões penetrantes com lesões fúrcula vaginal, anel himenal. IRRITAÇÃO VULVAR / INFECÇÃO: vulvovaginites → prurido → coçadura → escoriações → sangramento. PROLAPSO URETRAL: eversão da mucosa uretral, exteriorizando pelo meato da uretra, formando uma massa. Sangramento variável. Pode haver dor, disúria e retenção urinária. Comum em negras. Tratamento geralmente clínico com estrogênio tópico. SARCOMA BOTRIÓIDE: tumor mais comum em meninas <10 anos. Massa semelhante à cacho de uvas + hemorragia vaginal. Principal neoplasia que causa sangramento na infância. TUMOR OVARIANO: tumores produtores de hormônios, causa proliferação endometrial = hemorragia. PUBERDADE PRECOCE: aparecimento de caracteres sexuais secundários < 8 anos. (telarca / pubarca / menarca) Ana Carolina Picanço ADOLESCENTES ANOVULAÇÃO: imaturidade do eixo H-H-O ( Hipotálamo – Hipófise – Ovariano) = principal causa de anovulação em adolescentes = SUD é a principal causa de SUA na adolescência. DOENÇAS HEMATOLÓGICAS:PTI, Doença de Von Willebrand (17%) – fluxo menstrual excessivo e duração prolongada, principalmente logo após a menarca = rastreio de anomalias coagulação. GRAVIDEZ / ABORTOS / PRENHEZ ECTÓPICA / GESTAÇÃO MOLAR USO DE ANTICONCEPCIONAIS: qualquer método pode causar sangramento por atrofia endometrial / uso incorreto / sangramento intermenstrual nos primeiros meses (30 a 40%). Pode ocorrer sangramento nos primeiros 3 meses, quando no meio da cartela. A baixa adesão ao ACO pode piorar o quadro, ou seja, é aquela menina que toma o medicamento em horários variados. DOENÇAS ENDÓCRINAS / SISTÊMICAS: doenças da tireoide, disfunção hepática, SOP (síndrome do ovário policístico)... INFECÇÕES: DST – sangramento pós-coito ou irregular – infecção por clamídia. CAUSAS ANATÔMICAS: septos vaginais, útero didelfo – hematocolpo, hematométrio – corrimento marrom persistente. ADULTAS - IDADE REPRODUTIVA (MENACME) GRAVIDEZ / ABORTOS / PRENHEZ ECTÓPICA / GESTAÇÃO MOLAR CAUSAS UTERINAS BENIGNAS: pólipos, miomas, adenomiose. Pólipos (é como se fosse um cogumelo que cresce dentro do útero, na cavidade endometrial causando sangramento), miomas (tumores benignos que ocorrem do útero, o mais comum que causa sangramento é o mioma submucoso, ele cresce para dentro da cavidade, empurrando o endométrio. O intramural que é na parede do útero, não sangra normalmente, a não ser que ele tenha um componente submucoso. E existe também o subseroso), adenomiose (ocorre quando tem células endometriais na parede do útero, que Ana Carolina Picanço sangram na cavidade uterina, aumentando o fluxo de sangue da mulher). DOENÇAS ENDÓCRINAS / SISTÊMICAS: doenças da tireoide, disfunção hepática, SOP, diabetes mellitus. ANORMALIDADES HEMATOLÓGICAS: causam distúrbios da coagulação – leucemias agudas, PTI, hiperesplenismo, IRC, doença de Von Willebrand. Hipotireoidismo em que é comum a mulher fazer um quadro de menorragia; SOP (Sindrome de ovário policístico) em que fica muito tempo sem menstruar, e quando menstrua, o fluxo é muito aumentado, pois o endométrio está muito espessado. Medicamentos / hormônios exógenos: - ACO: sangramento de escape (spotting): até 40% das mulheres nos primeiros 3 meses / uso irregular. Tratamento: expectante, com resolução espontânea e corrigir o uso. - Progesterona / injetável / Implanon / Mirena: alta taxa de spotting - DIU cobre: resposta inflamatória no endométrio – hipertrofia endometrial = sangramento intermenstrual. Tratamento: orientações / conduta expectante / troca do método ou via de administração / uso de estrogênio VO / AINES - Infecções: DST – sangramento pós-coito ou irregular – infecção por clamídia. - Neoplasias: câncer de colo invasor: sangramento anormal é o principal sintoma / câncer de endométrio / hiperplasia endometrial / câncer de vagina. PERIMENOPAUSA - ANOVULAÇÃO Ciclos anovulatórios (ocorre quando a mulher começa a menstruar e quando está chegando ao final do período reprodutivo, ela pode fazer ciclos anovulatórios). - CAUSAS UTERINAS BENIGNAS: pólipos, miomas, adenomiose. - NEOPLASIAS: ovário, colo, endométrio PÓS-MENOPAUSA (a mulher que tem mais de 1 ano sem menstruar) - Atrofia endometrial (30%). É a causa mais comum, pois não tem estrogênio circulante mais, o ovário tem uma produção mínima de estrogênio, desse modo, o estrogênio não vai manter o endométrio trófico, ou seja, o endométrio vai descamar e ficar muito fino, fazendo um quadro atrófico, em que descama todo mês, como se fosse uma casquinha. - TRH / Estrogênio exógeno (30%). Na terapia, o endométrio pode crescer e sangrar, causando o SUA - CA endométrio (15%). - Pólipos endometriais / cervicais (10%). - Hiperplasia endometrial (5%). - Outros tumores (CA de colo, CA de vulva, Sarcomas...) (10%). OBS: DEVE SEMPRE DESCARTAR NEOPLASIAS Classificação “PALM-COEIN” (FIGO 2011) A FIGO criou esse quadro para estabelecer as causas de SUA. Ana Carolina Picanço PALM: afecções estruturais identificadas por métodos de imagem e/ou histopatológico COEIN: afecções não estruturais que não podem ser identificadas por estes métodos. Diagnóstico de sua De onde vem o sangramento? Útero, colo, vagina Quantos anos tem a paciente? Ela é sexualmente ativa? Pode estar grávida? Como é seu ciclo menstrual? Tem sinais de anovulação? Como é o sangramento (frequência, duração, fluxo) e em que período ocorre? (menstruação, intermenstrual? Pós-coito?) Apresenta algum sintoma associado? Possui alguma doença crônica? Houve alguma alteração do peso (distúrbio alimentar, atividade física, doença, estresse? Usa alguma medicação? Investigação de SUA no MENACME Primeiramente ver se a paciente está grávida, se sim leva ao obstetra, se não, verifica se ela está usando alguma medicação ou se fez algum procedimento, se sim, ajusta o medicamento, se não pensar em causas sistêmicas, como distúrbio de coagulação, disfunção ovariana, se sim trata a causa, se não pensar em doença ginecológica. Se for uma doença ginecológica, investigar as causas de acordo com o PALM-COEIN, se não for nenhuma dessas causas, pensar em SUD. Pois o SUD é diagnóstico de exclusão. Investigação de SUD no MENACME Verificar os fatores de risco como anovulação crônica em que a paciente que fica meses sem menstruar. Obesa. Nulípara (nunca teve filhos). Se sim, investigar o endométrio através de biópsia, histeroscopia, biopsia as cegas ou curetagem. Se não, faz o tratamento clínico. Lembrando que pode ter paciente com CA de endométrio sem esses fatores de risco, porém é mais raro. Por isso, deve-se investigar CA se o sangramento persistir. E se a paciente tem os fatores risco, deve-se investigar o endométrio através de biópsia. Ana Carolina Picanço É muito discutido hoje em dia na clínica de GO, se vale a pena pedir USG endovaginal de rastreio para pacientes na pós-menopausa para ver o endométrio somente. Tem estudos que mostram que não tem diferença, porque quando é algo mais grave, tende a ser um CA e geralmente a paciente já sangra. Outros estudos falam que vale a pena rastrear uma vez por ano tanto para ver endométrio, quanto pra ver CA de ovário que é mais comum na pós-menopausa, porque na paciente em pós-menopausa o endométrio está mais fino, então se considera o ponto de corte 4mm. Ou seja, a espessura endometrial da mulher pós-menopausa tem que ser de 4mm no máximo. Acima disso deve-se ficar preocupado. Sendo esse parâmetro quando a mulher nãotem reposição hormonal. Se a mulher tem reposição hormonal se considera - acima de 8mm. Exames EXAME FÍSICO: - Exame físico minucioso; - Ectoscopia; - Palpação abdominal; - Exame especular; - Toque vaginal bimanual. TESTE DE GRAVIDEZ Solicitar para todas pacientes no menacme que não façam uso de método contraceptivo (?) qualquer que seja sua declaração sobre atividade sexual. COAGULOGRAMA - 5 a 20% pacientes com SUA apresentam distúrbio da coagulação história de sangramento menstrual desde a menarca, história familiar de distúrbio de coagulação, sangramentos frequente (equimose, gengivorragia, epistaxe) ou hemorragia pós-parto. - Hemograma, plaquetas, TAP e PTT. Encaminhar ao hematologista se exames alterados. HEMOGRAMA x FERRITINA - Sangramentos > 80ml / ciclo = anemia - Dosagem de ferritina é mais fidedigna, porém não fornece mais informações que o eritrograma, por isso não deve ser avaliado de rotina. ULTRASSONOGRAFIA PÉLVICA OU TRANSVAGINAL - Amplamente solicitado, não invasivo, baixo-custo; - Espessura endometrial, miométrio, forma e volume uterino, anexos. - Mulheres menopausa: avaliar espessura endometrial – normal: até 5mm / com TRH, até 8mm – se espessado prosseguir investigação (histeroscopia + biópsia endométrio). HISTEROSSONOGRAFIA Método de boa acurácia para avaliar anomalias uterinas; Ana Carolina Picanço MIOMAS HISTEROSCOPIA: Exame padrão ouro para avaliar endométrio Visualização direta da cavidade uterina + biópsia dirigida Terapêutico: retirada de pólipos, miomas submucosos, sinéquias, ablação endometrial. Utilizado quando USTV for inconclusivo RNM PELVE Não deve ser utilizada de rotina, apenas quando USTV for inconclusiva. Ana Carolina Picanço BIÓPSIA DE ENDOMÉTRIO - Exame histopatológico para diagnóstico de neoplasia / hiperplasia atípica. - Indicações: alterações exames de imagem, sangramento intermenstrual persistente, SUA > 45 anos ou falha no tratamento. - Geralmente é realizado as cegas = pode não curetar a lesão. Padrão ouro: biópsia guiada por histeroscopia. CURETAGEM UTERINA: - não é o ideal; - Grande amostra de endométrio em relação biópsia às cegas; - Último recurso terapêutico para sangramentos volumoso e agudos DOSAGEM HORMONAL Dosagem hormônios tireoidianos: recomendado em pacientes com sintomas e sinais de disfunção tireoidiana. Hormônios sexuais: estudos mostram que não há relação com SUA Tratamento SUA - causas estruturais (palm) OBJETIVOS - Controlar o sangramento; - Prevenir recorrências; - Preservar a fertilidade; - Corrigir anemia MIOMAS Sangramentos excessivos: miomas submucosos ou intramurais que deformam a cavidade uterina. Tratamento específico Medicamentoso / Miomectomia (é a retirada do mioma com histeroscopia também) / Histerectomia (quando for de grande tamanho e a localização dele é muito ruim, muito perto do colo, por exemplo). A maioria das vezes se o paciente não responde ao tratamento medicamentoso e continua sangrando, é feito a histerectomia. PÓLIPOS - Pediculados ou sésseis - Incidência: > 40 anos / maioria assintomático - Polipectomia por histeroscopia Polipectomia ambulatorial quando menor que <5mm, em que se faz um estímulo com progesterona e o endométrio descama todo de uma vez e geralmente o pólipo sai na própria descamação do endométrio. Ou histeroscópica (se faz com a câmera, levando-a até cavidade uterina e retirando o pólipo). ADENOMIOSE - Sangramento e dismenorréia; - Tratamento definitivo: histerectomia; - Tratamentos alternativos: hormonal / retorno dos sintomas após parar o tratamento. Associada a sangramento e a dismenorreia. A maioria é em pacientes mais idosas. - ACO, Progesterona, DIU progesterona (SIU-LNG) (na mulher que tem desejo de manter a fertilidade/reprodução). - Histerectomia (frequente). Ana Carolina Picanço NEOPLASIA: Tratamento específico. Sangramento uterino disfuncional Etiologia - Acomete mulheres nos extremos da vida reprodutiva; - 20% adolescentes; - 50% entre 40-50 anos; - Pode ser ovulatório (15% / menacme) ou anovulatório (85%). É UM DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO - SUA onde a origem é exclusivamente de uma ação hormonal irregular sobre o endométrio. SUD - OVULATÓRIO SANGRAMENTO DA OVULAÇÃO: - Geralmente no final da vida reprodutiva; - É pequena quantidade, dura 1 a 3 dias, coincide com a ovulação. Fisiopatologia: secundário a formação de pequenos trombos no vasos endometriais devido ↑ estrogênio / sangramento da rotura folicular que é captado pelos óstios tubários. POLIMENORRÉIA: - Ciclo ovulatório com menos 21 dias. Fisiopatologia: encurtamento da fase folicular ou lútea. DESCAMAÇÃO IRREGULAR: - Sangramento prolongado e abundante com intervalos regulares. Fisiopatologia: regressão lenta do corpo lúteo = coexistência áreas sob ação da progesterona do ciclo anterior + áreas de proliferação estrogênica do ciclo atual. SANGRAMENTO PRÉ-MENSTRUAL: - Sangramento escuro, tipo borra-de-café que antecede em alguns dias a menstruação. - Mais comum mulheres > 35 anos (fim da vida reprodutiva. Fisiopatologia: produção deficiente de progesterona SUD - ANOVULATÓRIO - 85% casos - Não tem sintomas como: TPM, dismenorréia, retenção hídrica - Ocorre geralmente nos extremos da vida reprodutiva (após menarca e perimenopausa). PUBERDADE: imaturidade do eixo H-H-O → níveis insuficientes de FSH → não amadurece o folículo recrutado → produção irregulares de estrogênio → não produz o pico de LH → anovulação MENACME: feedback inapropriado → resulta em ovários policísticos. CLIMATÉRIO: falência ovariana → ainda tem produção de estrogênio, porém não ovulam → não produz progesterona. Mecanismo QUEDA TRANSITÓRIA DOS NÍVEIS DE ESTROGÊNIO: - Ocorre descamação superficial do endométrio ESTÍMULO CONTÍNUO DE ESTROGÊNIO: - Causa supercrescimento e fragilidade endometrial Ana Carolina Picanço - Sangramentos irregulares em vários pontos da cavidade uterina. DIAGNÓSTICO - Afastar causas orgânicas; - Diferenciar SUD ovulatório x anovulatório. “O DIAGNÓSTICO DE SUD É ESSENCIALMENTE CLÍNICO, POIS ELE SÓ É CORRIGIDO COM HORMONIOTERAPIA. SE NÃO FOR CORRIGIDO, CERTAMENTE NÃO É DISFUNCIONAL.” TRATAMENTO SUD OVULATÓRIO Variável do ciclo menstrual, sem consequências clínicas. Orientações Se ciclo muito curto que incomoda a paciente ou sangramento abundante = tratamento - Progesterona na 2ª fase do ciclo; - ACO; - Pode associar AINES ou ácido tranexâmico (Transamin) em casos de sangramento intenso. TRATAMENTO SUD ANOVULATÓRIO PUBERDADE: Conduta expectante: sangramento raramente é intenso / orientações / observação / autolimitado / aguardar amadurecimento do eixo HHO. Progesterona:caso de sangramento prolongado, com perda sanguínea maior. A ação da progesterona interrompe o efeito proliferativo do estrogênio sobre o endométrio. Progesterona VO 10 dias. – curetagem farmacológica: 3 a 4 dias após término da medicação ocorre descamação fisiológica da camada funcional do endométrio. - 3 a 4 ciclos de tratamento. Estrogênio + progesterona: Quadro hemorrágico: uso de estrogênio isolado ou associado a progesterona. - Níveis de estrogênio baixo → sangramento Estrogênio exógeno → rápida reepitelização do endométrio → parada do sangramento → uso contínuo do estrogênio isolado → espessamento do endométrio → hemorragia com interrupção do tratamento. MAS... - Estrogênio conjugado – cessa a hemorragia em 48h. Após hemostasia: iniciar tratamento conjugado com progesterona (transformar o endométrio proliferativo → secretor → descamação fisiológica após interrupção do tratamento). - Manter estrogênio + progesterona por 10 dias; - Repor ferro; - Sangramento excessivo: AINEs, transamin; - Não realizar tratamento com curetagem. MENACME: Tratamento é basicamente o mesmo da puberdade. - Paciente desenvolvem ovários policísticos Deve realizar tratamento das manifestações associadas: hirsutismo, obesidade, hiperinsulinismo, infertilidade. CLIMATÉRIO: Afastar câncer de endométrio - USTV ≤ 5 mm (normal) / ausência de fatores de risco para câncer de endométrio. Ana Carolina Picanço - Avaliar necessidade de biópsia endometrial; Geralmente o endométrio está espessado nos casos de SUD devido ação predominante do estrogênio sem antagonismo da progesterona. Uso da progesterona cíclica até surgir sintomas de deficiência de estrogênio – inicia terapia conjugada (TRH). - Curetagem uterina – fornece material para análise histopatológica, porém não trata o problema. - Casos refratários: reinvestigar causa orgânica - Histerectomia ou ablação por histeroscopia. Ana Carolina Picanço
Compartilhar