Buscar

Resumo Epidemiologia e Saúde Pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Epidemiologia
INTRODUÇÃO
Foi definida por Last (1995), como o estudo da distribuição e dos determinantes de estado ou eventos relacionados à saúde em populações específicas, e sua aplicação na prevenção e controle dos problemas de saúde. Seu principal objeto de estudo são os fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas”
A distribuição da doença, diz respeito em como a doença se comporta em relação ao tempo e ao lugar, ou seja pode ser entendida como uma forma de não-aleatoria na distribuição da doença em um determinado local, desta forma podemos entender que eventos próximos no tempo oferecem um padrões sazonal, endêmicos ou epidêmicos, o que contribui para o esclarecer os mecanismos responsáveis pela geração da doença.
Ao estabelecermos a relação entre o local-temporais entre eventos temos um importante componente para a investigação de processos saúde e doença, o que é dinâmicos, assim surgem mecanismo que podem ser visto com clareza nos processos de doenças infecciosas ou decorrentes de fatores ambientais transitórios. Com isso conseguimos compreender a uma doença, prevendo sua ocorrência, buscando sua causa, fazendo a prevenção e o diagnóstico precoce, avaliando os efeitos das intervenções em saúde, observando sua frequência, ocorrência e variação.
Como exemplo usamos a dinâmica sazonal do vetor da dengue está comumente associada às mudanças e flutuações climáticas, que incluem: aumento da temperatura, variações na pluviosidade e umidade relativa do ar, condições estas que favorecem maior número de criadouros disponíveis e consequentemente o desenvolvimento do vetor. 
Com relação aos determinantes de saúde, segundo Buss (2007) são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), adota como definição de Determinantes de saúde como sendo as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham, ou seja são os fatores através dos quais as condições sociais afetam a saúde, existindo assim, relações entre como a sociedade se organiza e se desenvolve e a situação de saúde de sua população, permitindo desta maneira observarmos desigualdades de saúde entre grupos populacionais.
Para exemplificar esta condição citamos o processos de urbanização e industrialização, contaminação da água e dos alimentos, riscos ocupacionais, exemplos de fatores ambientas que diretamente interferem nas condições de saúde da população.
O modelo de Dahlgren e Whitehead (GUNNING-SCHEPERS, 1999), mostra as relações entre características do indivíduo e outros fatores sociais e ambientais que quando associados permitem influenciar sobre as condições de saúde.
Na epidemiologia é importante a relação entre doença e população. Esta relação permite a avaliação dos acontecimentos básicos e essenciais ao estudo de uma doença, oferece a descrição detalhada da ocorrência de eventos relacionados à saúde nas populações, ou seja, fornece subsídios para conhecer padrões gerais no comportamento de doenças e identificar subgrupos populacionais mais vulneráveis. Dando assim condições para elaboração de estratégias que têm como principais elementos a distribuição espacial e segundo atributos pessoais. Então pretende-se designar as características epidemiológicas da doença na coletividade, e analisar se as doenças têm sua incidência aumentada em decorrência ao crescimento dos grupos expostos, tais como, imunossuprimidos, idosos, pacientes institucionalizados, moradores de rua, migrantes, crianças em berçários, escolas maternais, etc.
Perguntas que movem a epidemiologia
Onde ocorreram os agravos?
Assim podemos entender a relação das variáveis referentes ao local, como exemplo o País, a região, o Estado e Município, bairro, uma instituição, população urbana ou rural e o tamanho da comunidade.
Estudando a variável “local”, ou seja onde ocorre o agravo, podemos indicar riscos a que a população está exposta. Além disso é possível acompanhar a disseminação de eventos, fornecer subsídios para explicações causais, definir as prioridades de intervenção, avaliar o impacto das intervenções e até fazer comparações geográficas.
· A epidemiologia fornece informações sobre condições de saúde das comunidade, mostrando o comportamento da doença na população, desta forma conseguimos identificar populações e locais de risco para determinadas doenças, ou seja, locais onde as doenças se manifestam mas. Conseguimos assim identificamos uma utilidade para a epidemiologia ao mostrar áreas de risco para determinadas doenças, isso permite ações preventivas, como proposto ao viajarmos para locais de risco realiza-se a vacinação do viajante.
Quem adoeceu?
Neste caso o objeto de estudo é a distribuição das doenças em grupos específicos da população, ou seja, conseguimos expor a situação das pessoas, permitindo que tenhamos subsídios para avaliar a situação de saúde de subgrupos da população e definir prioridades para proteger grupos com maior risco. Podemos estudar grupos relacionados a idade, como crianças em idade pré escolar e escolar, adolescentes, idosos, sexo, grupos étnicos.
Quando adoeceu? 
A resposta desta pergunta aos olhos da epidemiologia, permite prever a ocorrência de uma doença, uma vez que acompanhamos a doença ao longo do tempo, isso dá a possibilidade para aplicação diagnóstico precoce e de medidas preventivas. Oferece condições para registrar um evento ao longo do tempo, observando sua frequência e mostrar sua variação, se é um evento sazonal ou não.
Utilidades da epidemiologia
A epidemiologia fornece informações sobre condições de saúde das comunidade, mostrando o comportamento da doença na população, desta forma conseguimos identificar populações e locais de risco para determinadas doenças, ou seja, locais onde as doenças se manifestam mas. Conseguimos assim identificamos uma utilidade para a epidemiologia ao mostrar áreas de risco para determinadas doenças, isso permite ações preventivas, como proposto ao viajarmos para locais de risco realiza-se a vacinação do viajante.
»Analisar a situação de saúde; 
» Identificar perfis e fatores de risco; 
» Proceder à avaliação de serviços de saúde e como atendem as necessidades da população;
»Entender a causa dos agravos à saúde; 
» Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural; 
» Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção de saúde na comunidade; 
» Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo; 
» Definir os modos de transmissão; 
» Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; 
» Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; 
» Estabelecer formas de tratamento e medidas preventivas; 
» Gerar dados para a administração e avaliação de serviços de saúde; » Estabelecer critérios para a Vigilância em Saúde.
Estudos Epidemiológicos 
Como a epidemiologia analisa a distribuição, os determinantes das doenças e as condições relacionadas à saúde em populações especificadas, utiliza para isso uma metodologia bastante específica e são os estudos epidemiológicos, que podem ser classificados em experimentais e observacionais. 
· Estudo experimental: é a investigação em que o pesquisador, estuda os efeitos da exposição ou da sua ausência de um determinado fator, decidindo quais são os elementos da pesquisa (pessoas, animais, cidades etc.) que serão expostos ou não.
· Estudos observacionais: informação é colhida, e o método experimental não é utilizado, pois não há intervenção do pesquisador, as observações são feitas ao longo do tempo e permitem a conclusão da causa. Estudos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos.
· Estudos descritivos: descrevem uma situação ou condição de saúde em relação ao tempo, o lugar e ao indivíduo, podendo por exemplo, relacionar a distribuição da doençana população em relação ao sexo, idade, ao local ou outras características. estudos descritivos são os estudos populacionais, onde pesquisa- se a ocorrência de doença entre populações, com diferentes graus de exposição a um determinado fator, e os relato de caso, apresentação de um ou mais eventos clínicos observados, sendo estes importante para a descrição de doenças e possivelmente dão origem a outras pesquisas, dentre as quais as experimentais.
· Estudos analíticos: examinam a associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. Fazem parte deste grupo de estudos o estudo experimental, ou de intervenção, onde o pesquisador é o responsável pela exposição dos indivíduos, ou seja, ele decide qual a melhor intervenção. Assim pode-se estudar por exemplo os efeitos de uma ação terapêutica, uma dieta, um medicamento, uma medida preventiva, como a vacina. Outros tipos de estudos analíticos são: ecológico, seccional, caso-controle e coorte.
 Estudo analítico ecológico: não existem informações sobre a doença e exposição do indivíduo, mas do grupo populacional como um todo, como populações de países, regiões ou municípios, possibilitando examinar associações entre exposição e doença e condição relacionada a coletividade. 
Estudo analítico seccional: exposição e a condição de saúde do participante são determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde de uma população especificada por exemplo, habitantes idosos de uma cidade. As características dos indivíduos classificados como doentes são comparadas às daqueles classificados como não doentes
Estudo analítico caso-controle: identificam-se indivíduos com a doença (casos) e, compara com indivíduos sem a doença (controles). Depois, determina-se qual é a exposição entre casos e controles, espera-se que a da exposição entre casos seja maior que a observada entre controles, além da variação esperada devida ao acaso. Estes estudos partem do efeito (doença) para a investigação da causa (exposição).
Estudo analítico de coorte: usa-se uma população de estudo dividindo os participantes em grupos de expostos e não expostos fator. Os dois grupos são acompanhados para verificar a incidência da doença e a condição relacionada à saúde. A exposição estando associada à doença, os casos entre expostos serão maior do que entre não expostos. Não há seleção de indivíduos que desenvolvem a doença ou não, mas são identificados dentro dos grupos de expostos e não expostos. Estudos de coorte permitem determinar a incidência da doença e conhecer a sua história natural.
Epidemiologia
PROCESSO SAÚDE E DOENÇA E INDICADORES DE SAÚDE
História Natural da Doença 
É o nome dado às inter-relações entre o agente, o susceptível e o meio ambiente, formando o que se chama de tríade da saúde. Portanto, engloba desde o estímulo patológico no meio ambiente, a resposta do homem a esse estímulo, até as alterações que podem resultar em um defeito, invalidez, morte ou recuperação.
Tradicionalmente, a história natural de qualquer processo mórbido pode ser dividida em dois períodos sequenciais: epidemiológico e patológico. No epidemiológico, chamado também de pré-patogênico, são englobadas as relações entre o agente – hospedeiro – meio ambiente, antes de o indivíduo adoecer; no patológico, relacionam-se as modificações fisiopatológicas que se passam no organismo vivo. 
Período epidemiológico – pré-patogênese – interesse dirigido à relação suscetível-ambiente. Fatores sociais e ambientais, os quais:
Fatores sociais: 
• Fatores socioeconômicos: os grupos sociais de maior poder aquisitivo estão menos sujeitos a determinados tipos de doenças. Exemplo: as parasitoses, a frequência de nascimento de crianças de baixo peso e a mortalidade infantil são mais prevalentes em grupos economicamente menos favorecidos; 
• Fatores sociopolíticos: conceitos relacionados à decisão política, à participação popular e ao acesso à informação podem contribuir positiva ou negativamente na prevalência de determinadas doenças. Exemplo: comunidades onde o acesso às informações relativas à educação sexual é mais efetivo, tendem a ter menor incidência de doenças sexualmente transmissíveis; 
• Fatores socioculturais: a propagação de uma doença pode estar relacionada aos hábitos, comportamentos, crendices de um grupo populacional. Exemplo: grandes centros, onde há consumo excessivo de fastfood, exibem maior índice de obesidade e problemas cardiovasculares; 
• Fatores psicossociais: a convivência em um ambiente com estímulos psicossociais adversos pode influenciar negativamente no processo saúde doença. Entre esses estímulos, pode-se citar marginalidade, relações familiares instáveis, condição de trabalho estressante, desemprego, entre outros. Exemplo: pessoas com cargas de trabalho excessivas, que sofrem assédio psicológico no ambiente profissional ou com funções que demandem grande responsabilidade, são propensas a problemas de saúde física, tais como lesões cardiovasculares ou musculoesqueléticas.
Fatores ambientais: 
• Fatores genéticos: dizem respeito à susceptibilidade individualizada frente à exposição a um mesmo agente etiológico. Exemplo: algumas mulheres têm predisposição genética ao desenvolvimento de câncer de mama; 
• Multifatorialidade: o estado final provocador de doença é o resultado do sinergismo de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. Exemplo: doenças cardiovasculares podem advir do somatório dos diversos fatores citados acima.
Período patológico – patogênese – inicia-se com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o homem. Engloba todas as alterações fisiológicas, bioquímicas, histológicas decorrentes do curso da doença no organismo e culmina com uma das opções: morte, invalidez, cronicidade ou recuperação. A saber: 
• Interação estímulo-suscetível: presença de todos os fatores necessários para o aparecimento da doença, sem que essa esteja presente. Exemplo: presença de sedentarismo, hipercolesterolemia e fumo aumentam a probabilidade de desenvolvimento de doença coronariana; 
• Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas: já existe a implantação da doença, porém em um estado subclínico, de modo que pode ser percebida através de exames clínicos minuciosos ou laboratoriais. Exemplo: suspeita da presença de diabetes quando o paciente relata na anamnese dificuldade de cicatrização; 
• Sinais e sintomas: antes confusos, tornam-se nítidos. É chamado de estágio clínico e a evolução poderá culminar em morte, invalidez, cronicidade ou recuperação. Exemplo: em uma amigdalite, o paciente relata dificuldade de deglutição, febre, mal-estar, dor de garganta, caracterizando claramente a doença; 
• Cronicidade: a doença pode persistir por um longo período de tempo e pode, em algum momento, evoluir para uma situação de cura, invalidez ou até morte. Exemplo: asma, diabetes, doenças autoimunes etc.
Atenção à Saúde 
Atenção seria um conjunto de atividades com o objetivo de manter a condição de saúde, solicitando ações sobre todos os determinantes do processo saúde-adoecimento. Essas atividades não se limitam apenas ao setor da saúde, portanto, são intersetoriais e incluem tanto a assistência individual como aquelas prestadas a grupos populacionais.
Ao se mencionar atenção à saúde, é preciso destacar que há uma clássica oposição entre essa e a assistência à saúde. Portanto, para esclarecimento é preciso definir que a assistência é um conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos prestados aos indivíduos, estando estes doentes ou não.
Ações da Atenção à Saúde 
As ações propostas pela atenção à saúde devem buscar a integralidade, com foco no atendimento de todas as necessidades de saúde, englobando desde a prevenção até a reabilitação, sendo necessário para isso estender as atividades para setores extra saúde, através de atividades intersetoriais. 
Ações preventivas podemser individual (ex. vacina, restauração dentária, sutura) ou coletiva (ex. atividades de educação em saúde através de palestras, dinâmicas de grupo, debates, propagandas publicitárias). 
Níveis de Prevenção 
Correspondem ao conjunto de procedimentos que visam prevenir a ocorrência ou evolução de uma doença e melhorar a saúde de uma população, a partir do entendimento de sua história natural.
Prevenção primária:
· Primeiro nível (promoção à saúde): relaciona-se com medidas de ordem geral e educativas para criar condições favoráveis para a melhoria da resistência e do bem-estar do indivíduo durante a fase de susceptibilidade do período pré-patológico. Está relacionada diretamente à qualidade de vida do ser humano. Exemplos: hábitos alimentares, atividade física, boas condições de moradia, lazer etc.;
· Segundo nível (proteção específica): é quando são aplicadas medidas dirigidas especificamente contra um determinado agravo à saúde, a fim de que os indivíduos resistam às agressões dos agentes. Ocorre durante a fase de susceptibilidade do período pré-patológico. Exemplos: imunizações, iodo no sal, flúor na água de abastecimento, aconselhamento genético, combate aos criadouros de mosquitos causadores da dengue etc.;
Prevenção secundária:
· Terceiro nível (diagnóstico precoce e tratamento imediato): nos agravos à saúde que foram impossibilitados de serem evitados, deve- -se detectar os mais precocemente possíveis processos patogênicos já instalados para que o tratamento se inicie o mais cedo possível. Relaciona-se à fase patológica pré-clínica do período patológico. Exemplos: exame de Papanicolau, autoexame de mama ou oral, dosagem de glicemia, isolamento para evitar propagação de doenças, tratamento para evitar a progressão de doença etc.;
· Quarto nível (limitação do dano): o cuidado é aplicado aos casos em que o processo de adoecimento está completamente instalado, a fim de que seja possível a cura ou, na impossibilidade dessa, que as sequelas ou complicações sejam as menores possíveis. Exemplos: amputações em tromboses, evitar futuras complicações em enfermidades crônicas como diabetes mellitus, hipertensão, problemas psiquiátricos, doenças autoimunes, Aids etc.;
Prevenção terciária:
· Quinto nível (reabilitação): no último nível de prevenção, o processo saúde-doença alcançou uma estabilidade a longo prazo com a cura, porém acompanhada de sequelas, portanto, o objetivo é conseguir a manutenção em equilíbrio funcional para que as limitações afetem minimamente a qualidade de vida dos indivíduos e do meio em que se inserem. Exemplos: reabilitação física através do uso de próteses ou fisioterapia, apoio psicoemocional, terapia ocupacional, inserção no mercado de trabalho.
Promoção da Saúde na Modernidade
O entendimento de promoção da saúde sofreu algumas alterações, passando a relacionar as doenças às condições e modos de vida de uma população, deixando para trás um modelo preventivista tradicional.
Implementação de políticas públicas saudáveis: priorização da saúde por parte dos políticos e dirigentes em todos os níveis e setores, buscando maior equidade e distribuição mais equitativa de renda e políticas sociais. A adoção das políticas públicas saudáveis deve ser estabelecida por qualquer setor da sociedade, mesmo naqueles que não estão diretamente ligados à saúde, devem demonstrar potencial para produzir saúde socialmente;
Criação de ambientes saudáveis: a saúde, por ser socialmente produzida enquanto modo de vida, de trabalho e de lazer, está intimamente ligada à construção de uma sociedade saudável. Portanto, a promoção da saúde deve gerar condições de trabalho e de vida gratificantes, agradáveis, seguras e estimulantes. Além disso, a proteção do meio ambiente e a conservação dos recursos naturais devem fazer parte de qualquer estratégia de promoção da saúde;
Reforço da ação comunitária: a elaboração de estratégias para alcançar um melhor nível de saúde deve contar com a participação social, tanto do Estado como da sociedade civil, os quais são responsáveis pelas ações de promoção à saúde. A comunidade deverá passar por um processo de empoderamento, onde terá acesso às informações e se tornará capaz de participar das decisões e da elaboração e desenvolvimento de estratégias;
Desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas: proporcionar o desenvolvimento pessoal e social através da divulgação de informação, educação à saúde por meio de programas de formação e atualização que capacitem os indivíduos à participação e criação de ambientes de apoio à promoção da saúde. Assim, a população terá maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio ambiente e terá opções que conduzam a estilos de vida saudáveis. As ações devem se realizar através de organizações educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias, bem como pelas instituições governamentais;
Reorientação de serviços de saúde: a responsabilidade pela promoção da saúde por parte dos serviços sanitários deve ser dividida entre os indivíduos, grupos comunitários, profissionais da saúde, instituições e serviços sanitários e governos. Os serviços de saúde devem ampliar seu acesso com equidade, porém respeitando as peculiaridades culturais, focando nas necessidades globais do indivíduo em sua integralidade, estimulando a comunidade a ter uma vida mais saudável, criando meios de comunicação entre o setor sanitário e os setores sociais, políticos e econômicos.
Princípios Modernos da Promoção da Saúde:
· Concepção holística de saúde: as ações devem ser dirigidas não apenas a questões médicas, mas a necessidades relacionadas ao dia a dia das populações. As causas primárias dos problemas podem estar relacionadas à situação econômica e/ou social, portanto, à saúde física, mental, social e espiritual, de modo que essas têm estreitos laços com as determinações social, econômica e ambiental;
· Empoderamento: apresenta-se como um processo que deve ser construído e conquistado aos poucos, a fim de que as pessoas possam ter entendimento e controle sobre suas forças pessoais, sociais, econômicas e políticas, de modo que tenham efetivo poder para transformar as diversas situações sociais que restringem ou ameaçam sua saúde, proporcionando melhoria na própria qualidade de vida;
· Equidade: garantir acesso universal à saúde, considerando as especificidades dos diferentes grupos sociais e reconhecendo que a manutenção da saúde sofre interferência de determinantes como renda, habitação, educação e, portanto, não se pode pensar em ações universais, mas sim em políticas embasadas nas particularidades de cada comunidade, pois só assim se poderá alcançar a equidade em termos de distribuição da saúde; 
· Intersetorialidade: articulação de diferentes setores de atividade social integrando esforços, experiências e saberes, visando alcançar melhores resultados em situações complexas. Para isso, faz-se necessária alteração nas práticas e na cultura organizacional das administrações que ainda seguem o modelo tradicional de fragmentação e desarticulação das ações;
· Participação social: deve ser articulada ao empoderamento para que a população seja capaz de discutir, elaborar e avaliar os projetos em saúde; 
· Ações multiestratégicas: referem-se a um variado elenco de disciplinas, saberes e ações de abordagens distintas que são chamadas a contribuir positivamente nos processos de saúde-doença. Entre essas ações, podem ser citadas: desenvolvimento de políticas, mudanças organizacionais, desenvolvimento comunitário, questões legislativas, educacionais e do âmbito da comunicação; 
· Sustentabilidade: a promoção de saúde deve estimular o desenvolvimento econômico sustentável que não prejudique os recursos naturais e socioculturais das populações. Almeja-se ainda que a saúde seja pensada como fundamental para a vivência em um ambiente preservado e saudável.
Prevenção Quaternária
O conceito de prevenção quaternária visa atenuar o excesso de intervenção e medicalização, tanto diagnóstica quanto terapêutica; busca capacitar a população para tomar decisõesautônomas, proteger-se de intervenções inapropriadas e optar por alternativas eticamente aceitáveis. Em suma, os cuidados médicos devem ser científica e medicamente aceitáveis, garantindo o máximo de qualidade com o mínimo de intervenção possível.
Determinantes Sociais de Saúde
Os fatores sociais, econômicos, étnicos/raciais, culturais, psicológicos e comportamentais que influenciem a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população constituem os Determinantes Sociais de Saúde (DSS). Ou seja, condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. o. Isso implica no fato de que as diferenças de saúde entre grupos humanos resultam de hábitos e comportamentos construídos socialmente – e não por fatores biológicos. 
As iniquidades podem ser produzidas por diversos mecanismos, de acordo com o enfoque dado em: 
· Aspectos físicos e materiais, onde as diferenças de renda influenciam a saúde devido à escassez de recursos e falta de infraestrutura comunitária.
· Aspectos psicossociais, que levam os indivíduos a perceberem de modo diferente as desigualdades sociais, baseados em suas experiências distintas; 
· Integração de aspectos pessoais e grupais, sociais e biológicos de maneira dinâmica, onde se consideram as características individuais, relacionamento com o grupo, com o mundo e com a natureza;
· Relações e contatos que os indivíduos possuem, condição chamada de “capital social”, analisando a saúde das populações em torno da coesão social, solidariedade e confiança entre as pessoas e grupos. O desgaste dessas relações é um mecanismo importante, pelo qual as iniquidades socioeconômicas impactam de maneira negativa na situação da saúde.
Indicadores de Saúde
Os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde.
Os indicadores devem ser capazes de analisar a situação atual de saúde, possibilitar fazer comparações, avaliar tanto as mudanças ocorridas ao longo do tempo, como a execução das ações em saúde. 
· Traduzem diretamente a situação de saúde em um grupo populacional (mortalidade e morbidade);
· Referem-se às condições ambientais que influenciam a área de saúde (abastecimento de água, rede de esgotos);
· Medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde (número de profissionais de saúde e de leitos hospitalares em relação à população).
 
Relação Prevalência Versus Incidência 
A Prevalência (P) varia proporcionalmente com o produto da Incidência (I) pela Duração (D):
Risco relativo é o cálculo dos riscos de expostos e não expostos a virem a ser atingidos pela doença-objeto de um estudo. Pode ser apresentado pelo seguinte Quadro:
Epidemiologia
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA, REGISTRO DE DOENÇA, CID-10
Vigilância Epidemiológica
Vigilância em Saúde (Alexander Langmuir, 1973): observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la.
Portanto, a vigilância em saúde está relacionada com atenção, promoção da saúde e prevenção de doenças e está distribuída em elementos: epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador. Tem por objetivo observar e analisar constantemente a saúde da população, bem como promover ações para controlar risco e danos à saúde da população, garantindo um dos princípios do SUS que é o de integralidade.
Histórico 
A Vigilância Epidemiológica tem como antecedentes remotos os cuidados com a circulação de pessoas nos portos, exemplos desses cuidados foram a quarentena que os escravos eram submetidos antes de entrarem no país; a vacinação antivariólica obrigatória, por um decreto do Imperador em 1846 e, no início do século XX, também foi notado um isolamento de portadores da febre amarela, na tentativa de controlar a epidemia. As intervenções limitavam-se à grandes campanhas sanitárias com vistas ao controle de doenças que comprometiam a atividade econômica, como a febre amarela, malária e varíola; cessado o risco a estrutura da vigilância epidemiológica era desativada.
Em 2003, as atividades da Vigilância Epidemiológica e de controle de doenças passam a ser responsabilidade Secretaria de Vigilância da Saúde (SVS) e não mais da FUNASA, objetivando instituir medidas capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde. Na atualidade, há um projeto Vigilância em Saúde no Sistema Único de Saúde (VIGISUS) onde deve ser priorizado as pessoas e os território e não mais as doenças, agrupando a Vigilância Epidemiológica, a Vigilância Ambiental e a Vigilância Sanitária, denominado como Vigilância em Saúde.
Presentemente, o panorama é de mudanças no perfil epidemiológico da população, nota-se um declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento das mortes por doenças crônico-degenerativas, violência, acidentes de trânsito, o que tem sido motivo de constantes discussões tanto pelo Ministério da Saúde como pelas secretarias estaduais e municipais a incorporação desses itens à vigilância epidemiológica.
Funções
A Vigilância Epidemiológica é responsável por fornecer informação para que sejam analisadas e tenham como produto final ações de controle das doenças e dos agravos. Suas funções específicas são: 
· Coletar dados;
· Processar os dados coletados; 
· Analisar e interpretar os dados processados; 
· Recomendar medidas de controle apropriadas;
· Promover ações de controle indicadas; 
· Avaliar a eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
· Divulgar as informações pertinentes.
As coletas de dados devem ser realizadas em todos os níveis do sistema de saúde: municipal, estadual e federal.
O SNVE (sistema nacional de vigilância epidemiológica) preconiza o fortalecimento dos sistemas municipais de vigilância epidemiológica, para que seja possível enfatizar ações sobre os problemas de saúde da sua própria área de abrangência.
Dados e Informações 
A Vigilância Epidemiológica precisa de uma qualidade de informação, com coleta de dados fidedigna para que possa propiciar uma decisão que subsidie o planejamento, avaliação e aprimoramento das ações. Esse processo é conhecido como Informação para Ação.
Quanto maior o número de fontes geradoras de informação que sejam confiáveis, maior a possibilidade de acompanhamento das doenças ou agravos de uma população.
A principal fonte de dados é a notificação compulsória de doenças, de onde se desencadeia o processo de informação-decisão-ação. Mas existem também outras fontes de dados, como: resultados de exames laboratoriais, declarações de óbitos, maternidades (nascidos vivos), hospitais e ambulatórios, investigações epidemiológicas, estudos epidemiológicos especiais, sistemas sentinela, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, ainda, a imprensa e a população.
A Lei 10.083 de 23/09/98 que dispõe sobre o Código Sanitário do Estado de São Paulo define em seu artigo 64 a obrigatoriedade da notificação para: 
· I – médicos que forem chamados para prestar cuidados ao doente, mesmo que não assumam a direção do tratamento; 
· II – responsáveis por estabelecimentos de assistência à saúde e instituições médico-sociais de qualquer natureza; 
· III – responsáveis por laboratórios que executem exames microbiológicos, sorológicos, anatomopatológicos ou radiológicos; 
· IV – farmacêuticos, bioquímicos, veterinários, dentistas, enfermeiros, parteiras e pessoas que exerçam profissões afins; 
· V – responsáveis por estabelecimentos prisionais, de ensino, creches, locais de trabalho ou habitações coletivas em que se encontre o doente; 
· VI – responsáveis pelos serviços de verificação de óbito e institutos médico-legais e 
· VII – responsáveispelo automóvel, caminhão, ônibus, trem, avião, embarcação ou qualquer outro meio de transporte em que se encontre o doente.
Fonte de Dados
Os parâmetros para a inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem obedecer aos seguintes critérios: 
Magnitude: Dependente diretamente da incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.
Potencial de disseminação: representa o quanto a doença é disseminada, seja por meio de vetores ou demais fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva. 
Transcendência: representa as características que conferem relevância à doença ou agravo, como: severidade (medida pela letalidade, hospitalidade), relevância social (medo e indignação) e relevância econômica (perda de vida, custos previdenciários). 
Vulnerabilidade: representa o quanto há de disponibilidade na prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades. 
Compromissos internacionais: relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais, especificadas no Regulamento Sanitário Internacional (RSI), que visam à adoção de controle, eliminação ou erradicação de doenças previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro com organismos internacionais. 
Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde: são situações emergenciais em que se impõe a notificação imediata de todos os casos suspeitos, devem ser usados mecanismos próprios de notificação com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento.
Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são os seguintes:
· Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos: permitem quantificar grupos populacionais, como exemplo: número de habitantes, de nascimentos e de óbitos, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, fatores climáticos, ecológicos, habitacionais e culturais.
· Dados de morbidade: são os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários, permitem descrever os agravos, identificar suas causas, tendências e comportamento por meio de diversos atributos, como: idade; gênero; profissão; entre outros.
· Dados de mortalidade: são de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, podem ser advindos de declarações de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente.
· Dados de ações de controle de doenças e de serviços de saúde: dados como o número de doses de vacinas aplicadas (Programa Nacional de Imunização -PNI), dados de do Programa Nacional de Controle de Dengue – PNCD, como o percentual de residências visitadas e outros.
· Dados de laboratório: confirmação diagnóstica obtida pelos laboratórios podem detectar doenças e agravos.
· Dados de uso de produtos biológicos, farmacológicos, químicos: as intoxicações exógena pelo uso de medicamentos, vacinas, soros, agrotóxicos complementam as informações de morbidade.
· Investigação Epidemiológica: muitas vezes, é necessário recorrer às investigações epidemiológicas para obter dados adicionais. Esses estudos epidemiológicos podem ser coletados através de: inquérito epidemiológico, levantamento epidemiológico ou investigação epidemiológica. 
· Imprensa e população: Informações vindas da comunidade e da imprensa devem ser levados em consideração pelos profissionais de saúde, pois, podem ser o primeiro alerta de uma epidemia.
· Sistemas sentinelas: capazes de monitorar indicadores-chave na população que sirvam de alerta precoce para o sistema de vigilância. Como por exemplo, o monitoramento de grupos-alvos, através de exames periódicos na prevenção de doenças.
Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis 
As doenças transmissíveis apesar de se encontrarem em declínio ainda são consideradas um problema de saúde pública e estão diretamente relacionadas com as taxas de morbidade.
Um fato que merece destaque é que as sociedades modernas assistem a emergência de novas doenças transmissíveis e a reemergência de agravos que pareciam controlados. Sendo assim, é necessário que haja uma detecção o mais precoce possível para prevenir a propagação da doença para a população.
Doenças Transmissíveis de Notificação Compulsória
De acordo com o capítulo II, artigo 3O da Portaria No- 204, de 17 de Fevereiro de 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional:
· A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.
· A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou confirmação de doença ou agravo.
· A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de pesquisa.
· A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que deles tenha conhecimento.
· A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
· A autoridade de saúde que receber a notificação compulsória imediata deverá informá-la, em até 24 (vinte e quatro) horas desse recebimento, às demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos constantes na lista.
· A notificação compulsória semanal (em até 7 dias) será feita à Secretaria de Saúde do Município do local de atendimento do paciente com suspeita ou confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória.
· No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
· A notificação compulsória, independente da forma como realizada, também será registrada em sistema de informação em saúde e seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS.
Notificação compulsória negativa (NCS) é uma comunicação semanal realizada pelo responsável pelo estabelecimento em saúde, informando que na semana epidemiológica não foi identificada nenhuma doença ou agravo passível de notificação.
Aspectos Epidemiológicos das Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT)
Nos dias de hoje as doenças e agravos não transmissíveis são considerados notáveis problemas de saúde pública, em contraste à diminuição das doenças infecciosas e parasitária o quadro de mortes por doenças crônicas degenerativas é preocupante e deve ser incorporado às atividades da Vigilância Epidemiológica. 
Alguns fatores que podem ter favorecido o aumento dos agravos não transmissíveis são: 
· Aumento na expectativa de vida, favorecendo doenças crônicas degenerativas como as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias.
· Aumento de pessoas com sobrepeso e obesidade.
· Aumento da violência, acidentes e envenenamentos. 
Alguns programas específicos são utilizados na tentativa de minimizar os fatores de risco associados às doenças crônicas degenerativas(ex.: Programa de Controle do Tabagismo, Programa de Controle do Câncer e seus Fatores de Risco e o Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer). 
Programa Nacional de Imunizações
Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi instituído em 1973, após o êxito obtido pela campanha de erradicação da varíola. Sua função é de distribuir vacinas e aprimorar os processos de controle de qualidade e produção de vacinas pelos laboratórios públicos nacionais. Algumas das doenças como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, HepatiteB, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba, a manutenção da erradicação da Poliomielite e a tentativa de erradicar o sarampo e o tétano neonatal são englobadas pela PNI.
Registros da Vigilância Epidemiológica
Os principais sistemas de registros ou sistemas de informação da Vigilância epidemiológica estão representados no diagrama abaixo:
SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações
Formado por um conjunto de sistemas dentre eles: Avaliação do Programa de Imunizações – API, Estoque e Distribuição de Imunobiológicos – EDI, Eventos Adversos Pós-vacinação – EAPV.
SINAN
Sistemas de informação de agravos de notificação que são alimentados, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016), mas os estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica.
SININTOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
Tem como principal atribuição coordenar a coleta,  a compilação,  a análise e a divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento notificados no país. Os resultados do trabalho são divulgados anualmente.
SIM - Sistema de Informações de Mortalidade / SINASC - Sistema de Informações de Mortalidade de Nascidos Vivos
É um sistema informatizado de coleta, processamento e consolidação de dados quantitativos e qualitativos, referentes aos óbitos e nascimentos  informados em todo território nacional.
CID- 10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde
Também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10, é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. As afecções são agrupadas de forma a torná-las mais adequada aos objetivos de estudos epidemiológicos gerais e para a avaliação de assistência à saúde.
Epidemiologia
POLÍTICAS DE SAÚDE, SUS - PRÍNCÍPIOS E DIRETRIZES
Saúde
Diz respeito a uma “situação de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente à ausência de doença ou enfermidade”. (OMS, 1998)
"A saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (VII Conferência Nacional de Saúde - BRASIL, 1986).
Sendo assim, o conceito de saúde não é compreendido apenas ausência de doença, e sim como uma somatória de fatores e condições que levam o indivíduo a ter melhor qualidade de vida, interagindo com o meio ambiente de forma a admitir uma longevidade condizente com os avanços tecnológicos do nosso século.
Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade.
Dentro deste conceito, o Brasil, promulga a Lei n. 8.080 (BRASIL, 1990), por onde instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), esta, em seu Artigo 3º diz que: a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.
Há vário mecanismos através dos quais os fatores determinantes provocam as desigualdades de saúde. A produção da saúde e da doença, relaciona-se diretamente as diferenças de renda, ou seja, influenciam a saúde pela escassez de recursos dos indivíduos e pela ausência de investimentos em infraestrutura comunitária (educação, transporte, saneamento, habitação, serviços de saúde etc.), decorrentes de processos econômicos e de decisões políticas. Outra relação importante, explorando as desigualdades sociais, mecanismos psicobiológicos e situação de saúde, baseando-se na ideia de que as sociedades desiguais provocam estresse e prejuízos à saúde.
É possível avaliar o bem-estar de uma população, poderíamos considerar o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de uma população, porém vale lembrar que o desenvolvimento humano e a melhora das condições de vida não podem ser medidos apenas por sua dimensão econômica, o que nos faz continuar a busca por indicadores socioeconômicos mais abrangentes e justos, que incluam também outras dimensões fundamentais da vida e da condição humana.
Desta maneira, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi criado no início da década de 1990 para o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: a longevidade, que reflete, entre outras coisas, as condições de saúde da população, medida pela esperança de vida ao nascer; a educação, medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e superior; e a renda, medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, por meio da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (Torres, 2003).
Sendo assim, a utilização desse indicador reflete a estreita relação a mensuração da qualidade de vida, ou seja, podemos admitir de que a qualidade de vida não se resume apenas à esfera econômica, podemos também avaliar o nível de prosperidade ou qualidade de vida de um país, região ou município usando critérios que tenham significado para o desenvolvimento humano.
Políticas Públicas de Saúde
Pode ser compreendida como a tradução de propósitos de governos e de anseios da sociedade, segundo Souza, 2003, não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública, a formulação de uma política pública deve ser compreendida como um processo por meio do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real.
Então podemos entender como sendo um conjuntos de medidas e procedimentos que orientam as atividades governamentais, sendo medidas tomadas baseadas no interesse público, são atividades diretas de produção de serviços pelo próprio Estado.
A promoção da saúde é bem mais ampla que a prevenção, pois relaciona-se com medidas mais abrangentes, e não se limita apenas a uma determinada doença ou desordem, mas visa a melhor da saúde e o bem-estar da comunidade. Baseia-se em estratégias em que se enfatiza a transformação das condições de vida e de trabalho em conformidade aos problemas de saúde.
A Organização Mundial de Saúde definiu promoção da saúde, como sendo o “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde incluindo uma maior participação no controle deste processo”, além disso também identifica algumas estratégias fundamentais para a promoção da saúde: a defesa da saúde, a capacitação (proporcionar meios para) e a mediação, cita também ações importantes a serem cumpridas pelo Estado e pela comunidade, como elaborar a implementação de políticaspúblicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; esforço da ação comunitária desenvolvimento de habilidades pessoais; reorientação do sistema de saúde (OMS, 1988).
Ações preventivas são intervenções com o objetivo de evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência, tendo como base conhecimento epidemiológico.
SUS – Princípios e Diretrizes
Na Constituição de 1988, a saúde ganha rumos diferentes com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 1988).
Já o Artigo 4º refere-se “ao conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990).
Portanto o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações voltadas para um fim comum, as políticas públicas de saúde, ou seja os elementos integrantes do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Para tanto, os princípios doutrinários do SUS (universalidade, equidade e integralidade) dizem respeito às ideias filosóficas que permeiam a implementação do sistema e consolidam o conceito ampliado de saúde e o princípio do direito à saúde. (FALEIROS, 2006).
O princípio da Universalidade encara a saúde como um direito de cidadania para todos, é a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público, sendo este o Governo municipal, estadual e federal.
A integralidade é um dos princípios doutrinários do SUS e deve ser entendida como um princípio relativo à prática de saúde, onde deve ser observado que cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam, também, um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas.
Na conceituação oficial, Equidade significa assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade exigida pelos cidadãos em suas necessidades distintas, no âmago da política nacional (Brasil, 1990).
Os princípios organizativos (regionalização, hierarquização, participação do cidadão e descentralização) orientam a forma como o sistema deve funcionar, tendo como eixo norteador os princípios doutrinários (FALEIROS, 2006).
Os princípios da Regionalização e Hierarquização sugerem que os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida (regionalização). Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seus problemas). 
A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações em todos os níveis de complexidade. (BRASIL,1990a).
A Resolubilidade é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. (BRASIL,1990a) Já a Descentralização é entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é abrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma região estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual, e, o que for de abrangência nacional será de responsabilidade federal. (BRASIL,1990a).
Rolim (2013) destaca que a ênfase ao controle refere-se às ações em que os cidadãos exercem para monitorar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso, a organização e mobilização popular é garantia do acesso aos direitos a saúde, surge, então, a perspectiva de um controle da sociedade civil sobre o Estado.
Os gestores são encarregados de fazer com que o SUS seja implantado e funcione adequadamente dentro das diretrizes doutrinárias e organizacionais. Haverá gestores nas três esferas do Governo, no nível municipal, estadual e federal. (BRASIL,1990a).
Nos municípios, os gestores são as secretarias municipais de saúde ou as prefeituras, sendo responsáveis pelas mesmas, os respectivos secretários municipais e prefeitos. Nos estados, os gestores são os secretários estaduais de saúde e no nível federal o Ministério da Saúde.
Os recursos, geridos pelo Ministério da Saúde, são divididos em duas partes: uma é retida para o investimento e custeio das ações federais; e a outra é repassada às secretarias de saúde, estaduais e municipais, de acordo com critérios previamente definidos em função da população, necessidades de saúde e rede assistencial.
Epidemiologia
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOES DE SAÚDE: ATENÇÃO BÁSICA, MÉDIA E DE ALTA COMPLEXIBILIDADE
Organização dos Serviços de Saúde
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), serviços de saúde incluem todos os serviços que lidam com o diagnóstico e tratamento de doenças, ou a promoção, manutenção e restauração da saúde. Incluem os serviços de saúde pessoais e não pessoais. Serviços de saúde são as funções mais visíveis de qualquer sistema de saúde, tanto para os usuários quanto ao público em geral. Prestação de serviços refere-se à forma de insumos como dinheiro, pessoal, equipamentos e medicamentos que são combinados para permitir a realização de intervenções de saúde.
A utilização dos serviços de saúde representa o centro do funcionamento dos sistemas de saúde. O conceito de uso compreende todo contato direto, ou seja, consultas médicas, hospitalizações; ou indireto, como a realização de exames preventivos e diagnósticos.
Os serviços de saúde devem ser estruturados de forma a garantir meios adequados para que as necessidades de assistência aos cidadãos sejam atendidas, tendo como compromisso o acesso aos bens e serviços existentes em cada região, Estado ou Município do País, visando, dessa forma, a manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos.
O atendimento da população dentro do sistema de saúde ou como as pessoas são inseridas nesse sistema, além de quais serviços são oferecidos, decorrem de alguns fatores importantes: o primeiro é o fator político, ou seja, como são elaboradas e tratadas as leis da saúde, uma vez que esta deve ser vista como um direito de todos os cidadãos; o segundo fator importante é o econômico, relacionado às riquezas do País, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), sendo aí a origem do dinheiro a ser investido na saúde, pois vale lembrar que o sistema de saúde é financiado por recursos públicos, oriundos de impostos; outro fator a ser lembrado é a rede de serviços assistenciais, composta por hospitais, unidades básicas de saúde, ambulatórios, consultórios, laboratórios clínicos e radiológicos, serviços de reabilitação, Odontologia, de saúde mental, Nutrição, entre outros.
Mas para que tudo isso funcione é necessário um complexo sistema que envolve planejamento, informação, avaliação e controle, ou seja, usar a informação advinda de bancos de dados dos serviços de saúde, com o objetivo de propor e acompanhar as ações, bem como o funcionamento desses serviços, de modo que todo esse sistema é localizado e gerenciado pelo Ministério da Saúde, por meio das secretarias estaduais e municipaisde saúde.
Vale fazer aqui uma distinção entre assistência em saúde e atenção em saúde. A assistência seria entendida como um conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos dirigidos a indivíduos, estejam doentes ou não, ou seja, relaciona-se diretamente aos serviços de saúde. Já a atenção em saúde é mais abrangente, seria um conjunto de atividades intra e extra setor da saúde – intersetorialidade – que, incluindo também a assistência individual, não se esgota nesta, atingindo grupos populacionais com o objetivo de manter a condição de saúde, requerendo ações concomitantes sobre todos os determinantes do processo saúde-doença (NARVAI, 2008).
Acesso ao Serviço de Saúde
Travassos e Martins (2004) discutem a questão de acesso e acessibilidade. O termo acesso é apresentado como um dos elementos dos sistemas de saúde, os quais ligados à organização dos serviços, refere-se à entrada no serviço de saúde e à continuidade do tratamento, abrangendo a entrada nos serviços e o recebimento de cuidados subsequentes. 
Já a acessibilidade é vista como um dos aspectos da oferta de serviços relativos à capacidade de produzir serviços e de responder às necessidades de saúde de uma determinada população. Neste caso, a acessibilidade é mais abrangente do que a mera disponibilidade de recursos em um determinado momento e lugar, tratam-se das características dos serviços e dos recursos de saúde que facilitam ou limitam seu uso por potenciais usuários. Assim, acessibilidade é um fator de oferta importante para explicar as variações no uso de serviços de saúde de grupos populacionais, representando uma dimensão relevante nos estudos sobre a equidade nos sistemas de saúde.
Ao analisar o acesso ao serviço de saúde, Assis (2012) cita dimensões específicas desse acesso, tais como disponibilidade, acessibilidade, adequação funcional, capacidade financeira e aceitabilidade. A disponibilidade é percebida como relação entre o volume e o tipo de serviços existentes – o volume de usuários e o tipo de necessidade. A acessibilidade é caracterizada pela relação entre localização da oferta e dos usuários, distância entre os quais, forma de deslocamento e custos.
Com relação ao uso de serviços de saúde ou às formas de sua utilização, Assis (2012) sugere que o acesso é mediado por três fatores individuais: predisponentes, capacitantes e de necessidades de saúde. Os fatores predisponentes são aqueles que existem previamente ao surgimento do problema de saúde e afetam a predisposição das pessoas para usar serviços de saúde, como variáveis sociodemográficas – idade, gênero, raça, hábitos, entre outros. Os fatores capacitantes são condicionados pela renda, cobertura securitária pública ou privada e pela oferta de serviços, ou seja, o meio disponível para as pessoas usarem os serviços. Os fatores determinantes se referem às necessidades de saúde que podem ser explicadas pelas condições diagnosticadas por profissionais ou pela autopercepção.
A influência de cada um dos fatores determinantes do uso dos serviços de saúde varia em função do tipo de serviço – ambulatório, hospital, assistência domiciliar – e da proposta assistencial – cuidados preventivos, curativos ou de reabilitação.
Quanto aos locais que a população busca para atendimento, Barata (2008) mostra que os centros de saúde foram os serviços mais procurados em geral, sugerindo a importância do serviço de atenção básica como local habitual de procura. Em seguida aparece o hospital como equipamento mais buscado, principalmente pelos idosos. A proporção de pessoas que buscaram atendimento em prontos-socorros foi semelhante à dos que utilizaram o hospital, depois a procura é por consultórios médicos e clínicas.
Redes de Atenção em Saúde
Uma rede de atenção à saúde é formada por um conjunto de unidades, de diferentes funções e perfis de atendimento, que operam de forma ordenada e articulada no território, de modo a atender às necessidades de saúde de uma população. As diferentes redes de atenção à saúde podem ser organizadas em decorrência das ações desenvolvidas, dos tipos de casos atendidos, das formas como estão articulados e são prestados os atendimentos.
Redes de perfil mais abrangente integram ações individuais e coletivas, voltadas à promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos principais problemas de saúde que acometem uma população de referência, o que permite uma diversificação maior na composição das suas unidades.
Assim, uma rede de ações e serviços de saúde pressupõe conexões e comunicações, ou seja, quando um serviço de saúde está integrado em uma rede, deve-se compreender que sozinho não resolverá as demandas que chegam e que deverá contar com outros serviços de saúde – de menor ou maior complexidade –, bem como com outras redes que se articulam e lhe dão suporte.
A ideia de rede de assistência deve estar associada ao princípio de integralidade, este se relaciona ao conceito de resolutividade, ou seja, os serviços de saúde devem cobrir e satisfazer a todas as necessidades do indivíduo e do coletivo, deve oferecer acesso e qualidade para todos os níveis de atenção. Assim, os serviços do SUS se organizam em ações de atenção básica, de média e alta complexidade, que devem envolver assistência ambulatorial e hospitalar em todas as especialidades.
Atenção Primária à Saúde
Atenção primária é atenção essencial à saúde, é baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitos, tornados universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade, a um custo que tanto a própria comunidade, quanto o País possam arcar em cada estágio de seu desenvolvimento. É parte integral do sistema de saúde do País, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e econômico global da comunidade.
É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde.
Deve ser centrada na pessoa, de forma a satisfazer suas necessidades de saúde, implica na acessibilidade e deve estar disponível para utilização dos serviços de saúde pelos usuários a cada novo problema ou episódio de um mesmo problema, afinal, é o primeiro recurso a ser buscado quando há necessidade ou problema de saúde.
Os principais serviços oferecidos são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e fornecimento de medicação básica.
Média Complexidade
São serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária. Esse nível compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, além de atendimento de urgência e emergência (EDERMAN, 2013).
Os tipos de atendimento de média complexidade compreendem consultas ambulatoriais de especialidades médicas e odontológicas, atendimentos de urgência e emergência, atendimentos em saúde mental, certos tipos de exames laboratoriais e de imagem e cirurgias.
Alta Complexidade
São considerados os procedimentos que envolvem alta tecnologia e custo, devendo ser oferecido à população acesso a serviços qualificados, sempre integrados aos demais níveis de atenção à saúde. Nesse nível de serviço, a expectativa é de que exista um suporte tecnológico e profissional capaz de atender a situações que no nível secundário não puderam ser tratadas por serem casos mais raros ou complexos demais. Normalmente, esses serviços são oferecidos em hospitais de grande porte, subsidiados pela iniciativa privada ou pelo Estado.

Outros materiais