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AULA 04 - CONTAS NACIONAIS E INDICADORES SOCIOECONOMICOS

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DEFINIÇÃO
Contas nacionais, indicadores socioeconômicos e suas utilidades. Metodologia das contas nacionais e
sua utilização na mensuração da atividade econômica. Outros índices complementares e seu uso para
avaliação do status de uma economia.
PROPÓSITO
Apresentar os princípios fundamentais das contas nacionais e diferentes indicadores para o estudo do
desempenho da economia e contribuição para o desenvolvimento econômico.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica ou papel e lápis.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Aplicar os princípios básicos das contas nacionais
MÓDULO 2
Reconhecer indicadores alternativos e complementares às contas nacionais
INTRODUÇÃO
De forma geral, a contabilidade nacional é um sistema contábil que permite a avaliação da economia em
certo período de tempo, em seus mais variados aspectos, assim como indicadores socioeconômicos.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a estatística mais importante do sistema de contas nacionais. Analisar a
evolução do PIB é função da teoria macroeconômica, como você poderá estudar em outros temas.
As contas nacionais fornecem os insumos, em forma de dados, para que a macroeconomia utilize
modelos empíricos e explique a evolução do PIB.
Assim como as contas nacionais, os indicadores sociais informam sobre o estado da economia. As
contas nacionais monitoram o gasto dos consumidores, as vendas dos produtores, os gastos de
investimentos privados e públicos, as compras do governo e outras diversas transações entre setores da
economia, permitindo a investigação do motivo pelo qual alguns países são mais ricos ou crescem mais
rápido do que outros.
O PIB tem algumas limitações, e, por isso, existem outros indicadores socioeconômicos também
utilizados para mensurar a situação econômica, como taxa de desemprego, coeficiente de Gini, Índice de
Desenvolvimento Humano, Índices de Preços e taxa de inflação.
MÓDULO 1
Aplicar os princípios básicos das contas nacionais
PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB
Para começar, vamos interagir?
Analise a questão a seguir:
“EM 2010, O BRASIL REGISTROU UM CRESCIMENTO
EXPRESSIVO DO PIB, DA ORDEM DE 7,5%.”
Fonte: UOL Educação
Refletindo sobre essa informação, o que você entende sobre PIB?
RESPOSTA
Percebemos que o PIB é um indicador essencial e muito útil.
Ele é utilizado, preponderantemente, em nossa economia.
No Brasil, quem é responsável pelo cálculo do PIB?
Fonte: Shutterstock
No Brasil, o PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Economia (IBGE), a partir de
diversos dados, tanto administrativos quanto oriundos de pesquisas domiciliares. Alguns desses dados
são produzidos pelo próprio IBGE e outros são provenientes de fontes externas, como o Banco Central e
a Fundação Getúlio Vargas.
FLUXO CIRCULAR DO PIB
O PIB é a soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos em um país ao longo de
um período de tempo. Uma forma de calcular diretamente o PIB é pesquisar as firmas desta economia
e somar o valor de sua produção de bens e serviços finais.
Mas, afinal, só existe essa forma de cálculo?
Uma das maneiras de calcular o PIB é utilizando o fluxo circular expandido!
O princípio fundamental das contas nacionais é que o fluxo de dinheiro que entra em cada setor ou
mercado é igual ao que sai. O princípio fundamental exige que a soma total de fluxos de capital que
sai de determinada caixa seja igual à soma total que entra. É uma questão de contabilidade.
Observe o fluxo circular na imagem.
Fonte: petecoslides
Figura 1 - Diagrama do Fluxo Circular expandido
As famílias têm gastos nos mercados de bens e consumo, e também são proprietárias dos fatores de
produção, vendendo o uso destes às firmas e recebendo em troca salários, lucros, juros e alugueis. As
empresas compram e pagam pela utilização desses fatores de produção.
A maior parte da renda das famílias é proveniente de salários pela venda da mão de obra. Além dos
salários, a renda das famílias é composta por ações (participação na propriedade de empresas), aluguéis
(de imóveis, terras e bens de capital) e bônus (títulos de dívidas que pagam juros). Portanto, a renda
familiar é composta por salários, aluguéis, juros e lucros.
As famílias pagam impostos ao governo e também podem receber transferências governamentais, como
no caso de aposentadorias e auxílios sociais. A renda total das famílias após elas pagarem impostos e
receberem transferência é conhecida como renda disponível. As famílias não costumam gastar toda sua
renda disponível em bens e serviços, de forma que parte da renda disponível é transformada em
poupança privada, indo para mercados financeiros.
Os mercados financeiros recebem renda tanto das famílias do país em questão, como também do
governo e do resto do mundo. Os mercados financeiros são instituições, como, por exemplo, bancos,
onde indivíduos, governo e empresas podem comprar e vender ações, bônus e fazer empréstimos.
O governo destina parte dos impostos às famílias, na forma de transferências. A outra parte das
arrecadações tributárias é utilizada para a compra de bens e serviços, e, frequentemente, precisa ser
complementada na forma de empréstimos governamentais.
Fonte: Shutterstock
Os bens e serviços adquiridos pelo governo variam de equipamentos hospitalares até o pagamento de
salário de professores. O “resto do mundo” (todos os demais países) participa comprando bens e
serviços produzidos no Brasil, como petróleo, soja e minério de ferro, que são denominadas exportações,
ou vendendo bens e serviços ao Brasil, como respiradores hospitalares, combustíveis e automóveis, por
meio das importações. Os demais países também realizam transações nos mercados financeiros, seja
pela compra de ações de empresas brasileiras por estrangeiros ou por empréstimos de firmas brasileiras
com instituições estrangeiras.
Além das famílias, as empresas compram máquinas e mão de obra no mercado de bens e serviços para
viabilizar a sua produção. A aquisição de máquinas é considerada como gasto em investimentos, uma
vez que estão relacionados à capacidade física produtiva. O gasto com aumento de estoques também é
considerado investimento, pois contribui para o aumento das vendas futuras de uma firma.
Apresentamos a segunda maneira de calcular o PIB: somando o fluxo de fundos recebidos pelas vendas
no mercado de bens e serviços!
A outra maneira de calcularmos o PIB, a partir do fluxo circular, é somando o fluxo de fundos recebidos
pelas vendas no mercado de bens e serviços. Pela regra fundamental da contabilidade, o fluxo de renda
que sai do mercado de bens e serviços em direção às firmas deve ser igual ao que entra no mesmo e sai
de outras fontes.
Na Figura 1, o fluxo total direcionado ao mercado de bens e serviços é conhecido como gasto agregado,
ou seja, a soma dos gastos de consumo, de investimento, das compras governamentais e das
exportações, subtraindo as importações.
E, por fim, podemos calcular o PIB a partir do fluxo de renda das firmas!
Essa é a terceira maneira de calcular o PIB: a partir do fluxo de renda das firmas para os mercados de
fatores. Nesse fluxo, temos os salários pagos à mão de obra, juros, lucros e aluguéis.
Para calcular o PIB, podemos somar o total das rendas dos fatores recebidas pelas famílias e pagas
pelas firmas. O PIB pode ser calculado a partir de três prerrogativas: o valor da produção de bens e
serviços finais, os gastos em bens e serviços finais produzidos internamente e a renda de fatores obtidos
pelas firmas na economia.
VOCÊ SABIA
O PIB mede somente bens e serviços finais, a fim de evitar dupla contagem. Considere, por exemplo,
um país produz R$ 100,00 de cevada e R$ 500,00 de cerveja. Nesse caso, o PIB do país será de R$
500,00, uma vez que o valor da cevada já é considerado no valor da cerveja.
Como são contabilizados os bens e serviços?
Os bens e serviços finais são contabilizados a preços enfrentados pelo consumidor, levando-se em conta
os impostos sobre os produtos comercializados.Uma forma de calcular o valor de todos os bens e
serviços finais de uma economia é representado pela soma do valor agregado em cada etapa da
produção, em que este valor agregado é igual ao valor do produto da firma menos o valor de todos os
bens intermediários utilizados na produção.
Assim, existe uma outra definição: PIB é o total do valor agregado de todas as firmas na economia.
BENS USADOS, ESTOQUES E VALORES
IMPUTADOS
Há bens e serviços que são computados de forma especial no PIB. O primeiro deles são os bens usados.
Fonte: shutterstock
Isso acontece porque somente os valores correspondentes a bens e serviços produzidos no momento
presente são contabilizados, e a venda do disco do Jorge Benjor reflete apenas a transferência de um
ativo, e não um acréscimo à renda da economia.
Além de bens usados, os estoques também apresentam uma abordagem diferenciada. A produção de
um bem aumentou durante um mês e, ao final deste, ele estragou, pois era perecível, ou foi para
estoque.
O aumento da produção aumenta o PIB em ambos os cenários. No primeiro, em que o bem estragou,
houve maior pagamento de salários, e a não venda do bem reflete em menores lucros. Já no
segundo cenário, em que o bem foi para o estoque da firma, é tratado como compra por parte da própria
firma, e, portanto, faz parte do PIB. Contudo, a venda desses bens que se encontravam estocados não
entra no cálculo.
Como a economia é diversa e oferece bens e serviços bastante diferenciados, não é possível, em todos
os casos, calcular o PIB desses bens e serviços em preços de mercado. Quando isso acontece,
utilizamos uma estimativa do preço, conhecida como valor imputado. Aluguéis, moradias e serviços
prestados pelo governo são alguns dos casos nos quais utilizamos valores imputados, em vez de preços
de mercado.
Fonte: Shutterstock
No caso de moradia, estima-se que a dona do imóvel pague um valor de aluguel para ela mesma, e esse
valor é considerado parte do PIB. No caso dos serviços públicos, os salários dos servidores são usados
como uma medida de valor correspondente à sua produção.
Embora existam mais casos em que uma imputação seja necessária, em muitos desses não é realizada,
como aluguéis de carros e outros bens duráveis, bens e serviços produzidos e consumidos em casa,
como refeições, e bens e serviços da economia informal.
Vamos fazer um exercício!
CÁLCULO DO PIB
Suponha que uma economia produza 3 peixes e 5 cocos. Para fazer o cálculo do PIB, utilizamos preços
de mercado, ou seja, preços que refletem a disposição dos indivíduos a pagar sobre aquele produto. Se
cada unidade de peixe custa R$ 5,00 e de coco, R$ 2,00, o PIB desta economia é de:
RESPOSTA
COMPONENTE DA DESPESA
As contas nacionais dividem o PIB em quatro categorias para despesa:
Consumo (C);
Investimento (I);
Compras do Governo (G);
Exportações Líquidas (NX).
Portando, sendo Y o PIB, temos:
Y = C + I + G + NX
Essa equação é conhecida como identidade das contas nacionais.
CONSUMO
O consumo compreende os bens e serviços adquiridos pelos domicílios. Os bens são classificados em
duráveis e não duráveis.
DURÁVEIS
São bens que duram um longo período de tempo, como automóveis e eletrodomésticos.
NÃO DURÁVEIS
São bens que duram um curto período de tempo, como alimentos e vestuário.
INVESTIMENTO
O investimento consiste em bens adquiridos para uso futuro, e pode ser de três naturezas:
investimento fixo de empresas, investimento fixo imobiliário e investimento em estoques. O
primeiro equivale à compra de nova unidade para produção ‒ por exemplo, equipamentos e maquinários.
O segundo consiste na aquisição de uma nova residência para fins de moradia ou de aluguel pelas
famílias. Por fim, o investimento em estoques é o aumento de estoques de bens por uma firma.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
COMPRAS DO GOVERNO
As compras do governo são os bens e serviços adquiridos pelos governos federais, estaduais e
municipais, e incluem itens como equipamentos hospitalares e escolares, e serviços prestados por
servidores públicos. Não consideramos gasto do governo transferências como previdência e assistência
social. Essas transferências não são contabilizadas no PIB, pois apenas realocam uma renda que já
existe, e não há transação entre bens e serviços.
EXPORTAÇÕES LIQUIDAS
As exportações líquidas são a parte da identidade das contas nacionais que considera o comércio com
outros países. Elas são o valor das exportações (o que é vendido para outros países) menos o valor das
importações (o que compramos de outros países). As exportações líquidas são negativas quando o
valor das importações é maior do que o valor das exportações, e positivas, no caso oposto.
COMPONENTE DA OFERTA
Para calcular o PIB pelo componente da oferta, somamos os valores agregados totais de cada firma, que
é denominado valor adicionado bruto (VAB), e representa o valor da diferença entre o que é produzido
e o consumo intermediário. Para chegar ao PIB a preços de mercado, somamos o VAB com impostos
indiretos e subtraímos subsídios:
PIB = ∑ VAB + impostos indiretos - subsídios
∑
Essa letra grega é o Sigma, e representa um somatório.
Para compreendermos melhor, vamos resolver a questão a seguir:
Seja uma padaria que produza um pão e o venda a R$ 1,00. Para produzi-lo, o padeiro gastou 100 gr. de
farinha de trigo e 10 ml de água. O custo de R$ 1,00 considera os gastos com os ingredientes para
produzi-lo. Suponha que o custo desses ingredientes seja de 30 centavos. Qual será o valor agregado a
essa padaria e o valor da sua contribuição para o PIB?
RESPOSTA
COMPONENTE DA RENDA
O cálculo do PIB, pela ótica da renda, consiste na soma de todas as rendas dos agentes habitantes
do país em questão, como salários, juros, lucros e aluguéis. A soma dos juros, lucros e aluguéis é
conhecida na contabilidade nacional como Excedente Operacional Bruto (EOB). Portanto, para chegar
ao PIB a preços de mercado, devemos somar salários, EOB e impostos indiretos, e subtrair os subsídios:
PIB = salários + EOB + impostos indiretos - subsídios
FLUXO VS. ESTOQUE
O PIB é uma medida de fluxo de novos bens e serviços finais produzidos durante um certo
período de tempo, e não um estoque de riqueza existente em um país. Se um país não produz durante
um ano, seu PIB anual é zero.
O estoque é uma quantidade medida em certo ponto do tempo, enquanto o fluxo é uma
quantidade medida por unidade de tempo.
Para compreendermos melhor, vamos resolver a questão a seguir:
Pense numa caixa d’água. A água dentro da caixa é um estoque e equivale à quantidade de água da
caixa em um certo período do tempo. Já a água que entra na caixa pelo cano é um fluxo, sendo a
quantidade de água adicionada ao longo do tempo. O que podemos considerar sobre a unidade de
medida dessas variáveis?
RESPOSTA
A Figura 2 ilustra um exemplo do cálculo do PIB pelas três óticas em uma economia hipotética:
Fonte: Autor
Figura 2 - Cálculo do PIB em uma economia hipotética
PIB REAL VS. PIB NOMINAL E O DEFLATOR DO
PIB
Como já vimos, o PIB nos possibilita fazer comparações tanto entre nações quanto entre períodos de
tempo. Contudo, devemos prestar atenção ao fazermos comparações entre períodos de tempo. Parte do
aumento do PIB ao longo do tempo representa um aumento nos preços dos bens e serviços, e não um
aumento na quantidade produzida, uma vez que o PIB é calculado em moeda corrente.
Da mesma forma, uma economia pode estar aumentando, mas seu PIB pode estar caindo se os preços
estiverem reduzindo.
Fonte: Shutterstock
Para compreender melhor a questão, analise a situação a seguir:
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Para entendermos como calculamos o PIB real, vamos imaginar uma economia que produza apenas
peixes e cocos. No primeiro ano, o preço do peixe é de R$ 3,00, o do coco é de R$ 1,00, e são
produzidos 10 peixes e 25 cocos. No segundo ano, o preço do peixe é de R$ 5,00, o do coco é de R$
2,00, e são produzidos 15 peixes e 30 cocos.
Fonte: ShutterstockNo primeiro ano, o valor total da produção é de R$ 55,00. No segundo ano, é de R$ 135. O PIB nominal
do segundo ano é 145% maior que o do primeiro. Contudo, fica claro, a partir do exemplo, que os preços
aumentaram, e mesmo que a quantidade também tenha aumentado, o aumento da quantidade é menor
do que 145%.
Fonte: Shutterstock
Para chegarmos ao aumento da quantidade produzida, devemos calcular o PIB como se os preços não
tivessem mudado, ou seja, utilizando os preços do primeiro ano e as quantidades do segundo. Assim, o
PIB do segundo ano calculado a partir dos preços do primeiro é igual a R$ 75, o que representa um
aumento de 36%. Portanto, o PIB real é o valor total de bens e serviços finais produzidos na economia
durante um ano, e calculado como se os preços tivessem permanecidos constantes, ou seja, no nível de
um determinado ano base.
Sobre o PIB Real
Sempre vem acompanhado de informações do ano-base em questão. Os dados do PIB em que os
preços não são ajustados é denominado PIB nominal, isto é, o PIB a preços correntes. Se tivéssemos
utilizado o PIB nominal para comparar a economia dos dois anos, como mostrado no exemplo anterior,
teríamos encontrado um crescimento de 145%, enquanto, na realidade, a economia cresceu 36%.
Previne que a variação dos preços distorça o valor da mudança na produção de produtos e serviços ao
longo do tempo. Na prática, o ano-base é atualizado periodicamente, a cada cinco anos, para garantir
que os preços não estejam demasiadamente defasados.
DEFLATOR DO PIB
Além do PIB nominal e do PIB real, podemos calcular o deflator do PIB, que corresponde à razão entre
o PIB nominal e o PIB real. O deflator do PIB reflete o que está ocorrendo com o nível geral de preços
da economia.
No exemplo sobre a economia hipotética, a variação do deflator do PIB é de 80% (135 
100 = 80%). O deflator do PIB representa a variação de preços mais abrangente na economia, pois
sintetiza uma medida de preços de todos os bens e serviços produzidos. Como veremos, o deflator é
diferente dos índices de preço frequentemente utilizados, porque sua estrutura muda conforme a
composição do PIB se altera, enquanto os índices de preço, no geral, possuem uma cesta de bens fixa.
SAZONALIDADE
Além do PIB anual, os economistas se interessam pelo PIB de períodos de tempo mais curtos
(trimestrais). Contudo, conforme estudamos sua evolução trimestral, logo notamos um padrão sazonal
regular.
A Figura 3 ilustra a evolução do PIB trimestral do Brasil entre 2016 e 2019. O número 1 no eixo x
representa o primeiro trimestre de 2016, o número 5 representa o primeiro trimestre de 2017, e assim por
diante. As linhas pontilhadas marcam o último trimestre de cada ano. A produção total aumenta durante o
ano, com pico no último trimestre, conforme ilustra a Figura 3. Parte da variação sazonal do PIB reflete a
variação na capacidade de produção ao longo do ano. Por exemplo, certos cultivos são produzidos em
determinadas estações, assim como indivíduos apresentam preferências sazonais, como a de comprar
presentes no Natal, chocolates na Páscoa e viajar no verão.
 75 = (1,8 – 1) x
Fonte: Autor
Figura 3 - Série Trimestral do PIB brasileiro
Para estudar as flutuações reais do PIB, tiramos a parte da flutuação previsível atribuída à sazonalidade
do PIB. A maior parte das estatísticas é ajustada sazonalmente, ou seja, os dados são ajustados de
modo a remover as flutuações sazonais regulares. Portanto, quando observamos flutuações no PIB real
ou em outros indicadores, devemos buscar outros fatores além da sazonalidade para explicar tais
flutuações.
OUTROS INDICADORES DE RENDA DAS
CONTAS NACIONAIS
Esses indicadores são:
autor/shutterstock
PIB PER CAPITA
autor/shutterstock
PRODUTO NACIONAL BRUTO
PIB PER CAPITA
Outra medida derivada do PIB é o PIB per capita, que é a renda média individual de um país. Para
calcular o PIB per capita, dividimos o PIB daquele país pela sua população:
Assim como o PIB real, o PIB per capita permite uma melhor comparação entre economias, porque
eliminamos o efeito de uma população maior. Assim, um país cuja população é maior terá uma economia
maior simplesmente pelo fato de que há mais indivíduos trabalhando.
A razão para o PIB ser frequentemente usado para analisar o desempenho econômico é que uma
economia com grande produção de bens e serviços é capaz de satisfazer melhor às demandas dos
domicílios, empresas e governo.
A partir do PIB, podemos comparar o tamanho da economia de países, avaliar a evolução do PIB no
tempo, comparando o seu desempenho anual, analisar o PIB per capita etc.
Como já mencionado, o PIB é um indicador imperfeito da economia, uma vez que existem limitações
para o seu cálculo. Portanto, diversos fatores relevantes não são considerados no PIB: distribuição de
renda, qualidade de vida, educação, saúde, segurança etc.
É possível que uma nação tenha um PIB pequeno e uma qualidade de vida alta, como também um PIB
alto e uma baixa qualidade de vida. Ao longo deste tema, abordaremos outros indicadores que
mensuram diferentes esferas da economia e ajudam a medir com mais precisão o bem-estar.
PRODUTO NACIONAL BRUTO
Além do PIB, existem outros indicadores de renda bastante utilizados que se relacionam com ele. O
primeiro deles é o Produto Nacional Bruto (PNB), que considera o valor da produção de
propriedade de residentes, ou seja, de brasileiros. A produção de estrangeiros no Brasil é levada em
consideração no PIB, mas não no PNB. A produção de brasileiros em países estrangeiros, por exemplo,
não é considerada no PIB, mas entra no PNB.
PNB
= PIB + pagamentos de fatores oriundos do exterior
çã
- pagamentos de fatores destinados ao exterior = PIB - RLEE
Nessa expressão, a Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) é a diferença entre pagamentos de
fatores oriundos do exterior (por exemplo, o salário de um brasileiro que trabalha na Europa) e
pagamentos de fatores destinados ao exterior (como o salário de um norte-americano que trabalha no
Brasil).
As diferenças entre PIB e PNB podem ser expressivas em alguns países, como também podem quase
não existir em outros. Isso acontece devido à composição da economia, ao grau de endividamento
externo e à quantidade de empresas multinacionais que remetem lucros aos seus países de origem.
Podemos calcular o Produto Nacional Líquido (PNL) a partir da subtração da depreciação do
capital, isto é, da parcela do capital que se desgasta ao longo de um período:
PNL = PNB - Depreciação do Capital
Como a depreciação do capital representa um custo para a produção, por meio da sua subtração, temos
o resultado líquido da atividade econômica. Imagine, por exemplo, uma máquina de moer café que
precisa de manutenção, pois está com uma peça quebrada. Essa peça quebrada é um exemplo de
depreciação do capital.
O Produto Nacional Líquido é aproximadamente igual a outro indicador de renda, a Renda Nacional, que
mede o quanto ganharam todas as pessoas que integram uma economia. A diferença entre os dois
indicadores ocorre devido a uma pequena correção, conhecida como discrepância estatística,
ocasionada porque fontes diferentes de dados podem não ser exatamente correspondentes.
Em uma economia fechada, ou seja, sem trocas com o exterior, e sem governo, o PIB, PNB, RND e RDP
são iguais. Em uma economia fechada e com governo, as estimativas de PIB e PNB são idênticas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO LONGO DESTE MÓDULO, ESTUDAMOS AS CONTAS NACIONAIS E SEUS AGREGADOS. A
RESPEITO DO PIB, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA:
A) O valor agregado total dos bens e serviços finais, e o gasto agregado em bens e serviços produzidos
internamente em uma economia não são equivalentes.
B) O gasto agregado entre bens e serviços finais produzidos domesticamente e a renda total de fatores
são diferentes.
C) O PIB possui quatro métodos diferentes de cálculo, e cada um deles fornece a mesma estimativa.
D) O PIB pode ser calculado a partir de três métodos, e todos são equivalentes.2. SUPONHA QUE, EM UMA ECONOMIA, HAJA APENAS DOIS BENS: PÃO E CAFÉ. EM 2018,
FORAM VENDIDOS UM MILHÃO DE GRÃOS DE CAFÉ A R$ 0,40 A UNIDADE, E 80.000 UNIDADES
DE PÃO A R$ 0,60 A UNIDADE. DE 2018 PARA 2019, O PREÇO DO CAFÉ SUBIU 25% E A
QUANTIDADE DE PORÇÕES VENDIDAS CAIU 10%, ENQUANTO O PREÇO DO PÃO CAIU 15% E O
NÚMERO DE PORÇÕES VENDIDAS AUMENTOU EM 5%. ASSINALE A ALTERNATIVA
VERDADEIRA:
A) O PIB nominal em 2018 foi de R$ 800.000.
B) O PIB nominal em 2019 foi de R$ 878.000.
C) O PIB real em 2019, calculado a preços de 2018, foi exatamente igual ao PIB nominal de 2019.
D) O crescimento do PIB foi de -1,8%.
GABARITO
1. Ao longo deste módulo, estudamos as contas nacionais e seus agregados. A respeito do PIB,
assinale a alternativa incorreta:
A alternativa "C " está correta.
A alternativa está incorreta. Consideremos a relação entre valor agregado total de todos os bens e
serviços finais produzidos internamente, e o gasto agregado em bens e serviços finais produzidos
internamente. Essas duas quantidades são iguais porque cada bem e serviço final produzido na
economia é comprado por alguém ou acrescentado aos estoques, e acréscimos aos estoques são
considerados como gastos das firmas segundo o princípio básico da economia.
A alternativa está incorreta. Considere a relação entre gasto agregado entre bens e serviços finais
produzidos domesticamente e a renda de fator total. Essas duas quantidades são iguais porque
todo o gasto que é encaminhado à firma para pagar compras de bens e serviços finais produzidos
domesticamente é receita das firmas. Essa receita precisa ser gasta pela firma para pagar seus
fatores de produção, na forma de salários, lucros, juros e aluguéis. Tomado em conjunto, isso
significa que os três métodos de cálculo do PIB são equivalentes.
A alternativa está correta. Existem três óticas pelas quais o PIB pode ser calculado e que produzem
exatamente a mesma estimativa. São elas: oferta, despesa e renda.
A alternativa está incorreta, pois são três métodos diferentes de cálculo que produzem a mesma
estimativa, de modo que não existe um quarto método.
2. Suponha que, em uma economia, haja apenas dois bens: pão e café. Em 2018, foram vendidos
um milhão de grãos de café a R$ 0,40 a unidade, e 80.000 unidades de pão a R$ 0,60 a unidade. De
2018 para 2019, o preço do café subiu 25% e a quantidade de porções vendidas caiu 10%,
enquanto o preço do pão caiu 15% e o número de porções vendidas aumentou em 5%. Assinale a
alternativa verdadeira:
A alternativa "D " está correta.
A alternativa está incorreta. Em 2018, o PIB nominal era de (1.000.000 x R$ 0,40) + (80.000 x R$
0,60) = R$ 400.000,00 + R$ 480.000,00 = R$ 880.000,00.
A alternativa está incorreta. Um aumento de 25% no preço do café, de 2018 para 2019, significa
que o preço do café em 2019 era 1,25 x R$ 0,40 = R$ 0,50. Uma queda de 10% nas vendas de
café significa que, em 2019, foram vendidos 1.000.000 x 0,9 = 900.000 grãos de café. Portanto, o
valor total das vendas de café em 2019 foi de 900.000 x R$ 0,50 = R$ 450.000,00. Uma queda de
15% no preço do pão em 2019 significa que, em 2019, ele foi de 0,85 x R$ 0,60 = R$ 0,51. Um
aumento de 5% das vendas de pão significa que foram vendidas 800.000 x 1,05 = 840.000
unidades em 2019. O valor total das vendas de pão foi, portanto, 840.000 x R$ 0,51 = 428.400. O
PIB nominal em 2019 foi de R$ 450.000,00 + R$ 428.400,00 = R$ 878.400,00.
A alternativa está incorreta. Para chegarmos ao valor do PIB real em 2019, temos que calcular o
valor das vendas no ano em questão, utilizando os preços do ano anterior: (900.000 grãos de café x
R$ 0,40) + (840.000 x R$ 0,60) = R$ 360.000,00 + R$ 504.000,00 = R$ 864.000,00.
A alternativa está correta. Uma comparação entre o PIB nominal de 2018 e o PIB nominal de 2019
mostra um declínio de (R$ 880.00,00 - R$ 878.400,00) / R$ 880.000,00 x 100 = 0,18%. Entretanto,
uma comparação através do PIB real mostra um declínio de (R$ 880.000 - R$ 864.400) / R$
880.000,00 x 100 = 1,8%.
MÓDULO 2
Reconhecer indicadores alternativos e complementares às contas nacionais
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR E
INFLAÇÃO
Para começar, vamos analisar a seguinte informação:
Fonte: Shutterstock
Como podemos observar, ao acompanhar notícias sobre nossa economia, é comum analisar as
projeções sobre as altas e baixas dos preços.
O que são índices de preço?
Assim como o PIB e as medidas de renda que vimos no módulo anterior, existem diversos índices de
preços em uma economia. O mais utilizado é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), mas também há o
Índice de Preços do Produtor (IPP), que mostra como o custo de produção evoluiu.
No Brasil, esses índices são calculados pelo IBGE, FGV e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
da Universidade de São Paulo (FIPE). De forma análoga ao PIB, os índices de preço transformam
inúmeros valores de bens e serviços em um único indicador de nível geral de preços.
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO
(IPCA)
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é, desde 1999, o índice oficial do governo para medir a
inflação, isto é, o aumento no nível geral de preços. Seu objetivo é mensurar a inflação de um conjunto
de produtos e serviços comercializados no varejo, referente ao consumo pessoal das famílias com
rendimento mensal entre 1 e 40 salários mínimos. Para calcular o IPCA, o IBGE envia funcionários a
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, entre os dias 1 e 30 de cada mês de referência
para coletar o preço de uma determinada cesta de bens e serviços.
Fonte: Shutterstock
A divulgação do índice acontece até o décimo-quinto dia do mês seguinte. A coleta de informações é
realizada nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belo Horizonte,
Belém, Salvador, Curitiba, e nos municípios de Brasília e Goiânia.
Fonte: Shutterstock
Figura 4 - Composição da Cesta do IPCA
A composição da cesta de consumo é baseada na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), mostrada na
Figura 4. São coletados por volta de 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são
comparados com os do mês anterior, resultando em um único valor que reflete a variação geral de preços
ao consumidor no período.
Para melhor compreensão sobre o cálculo do IPCA, vamos a um exemplo. Suponha que um consumidor
padrão compre 10 bananas e 2 abacaxis todos os meses. Sua cesta de consumo é, portanto, composta
por 10 bananas e 2 abacaxis, e o seu IPCA é:
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Suponha que o preço da banana é de R$ 2,00, e do abacaxi, de R$ 5,00. Escolhendo 2010 como ano-
base, os preços da banana e do abacaxi eram respectivamente de R$ 1,00 e de R$ 3,00. Assim, o IPCA
desta cesta de consumo é de:
Esse valor nos informa o quanto custa, no momento corrente, adquirir 2 abacaxis e 10 bananas em
relação a quanto custava a aquisição desses mesmos bens em 2010. Assim, em 2020, a compra de 10
bananas e 2 abacaxis custa R$ 1,87 a mais do que em 2010.
IPCA VS. DEFLATOR DO PIB
Como vimos na seção sobre o PIB, o seu deflator nos fornece uma medida de evolução de preços.
Assim, o deflator do PIB considera uma cesta de bens e serviços igual à produção do país naquele
ano, enquanto o IPCA considera uma cesta fixa. Portanto, um aumento dos preços de bens e serviços
adquiridos por empresas e governo serão refletidas no deflator, mas não aparecerão no IPCA.
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Além disso, o deflator só considera bens e serviços produzidos internamente, enquanto na cesta do IPCA
pode haver itens importados, como, por exemplo, vinhos, eletrônicos e queijos.
EXEMPLO
Suponha que o preço do vinho aumentou porque a França teve um ano atípico, com temperaturas altas e
muita chuva, que estragaram grande parte da plantação de uvas. A quebra da safra da uva resultou em
um aumento no preço do vinho. Dessa maneira, o crescimento no preço do vinho francês importado
aparecerá no IPCA brasileiro, mas não no deflator do PIB.
A outra diferençadeve-se à forma que cada índice pondera os pesos dos bens. O IPCA atribui um peso
fixo ao preço dos bens, devido à utilização de uma cesta fixa, enquanto o deflator concede pesos
variados, de acordo com a produção interna daquele ano. Índices de preços que possuem cestas de
bens e serviços fixas chamam-se índices de Laspeyeres, e os com cestas variáveis chamam-se
índices de Paasche. Portanto, o IPCA é um índice de Laspeyeres e o deflator do PIB é um índice de
Paasche.
E por que usar o IPCA e não o deflator no PIB? Na realidade, não existe uma resposta certa, nem um
índice melhor do que o outro. Cada índice tem suas propriedades e diferentes utilidades. Quando os
preços de bens diferentes estão variando em proporções diversas, um índice de Laspeyeres, de cesta
fixa, costuma superestimar o aumento do custo de vida. Isto acontece visto que uma cesta fixa não leva
em consideração a possibilidade de substituição de bens e serviços pelos consumidores. Por outro lado,
um índice de Paasche, de cesta variável, subestima o aumento do custo de vida, pois, ao levar em conta
a substituição de itens, não reflete a redução de bem-estar e satisfação que tal substituição pode causar.
Dependendo do interesse em questão, podemos escolher um índice em detrimento do outro.
EXEMPLO
Se você é proprietário(a) de uma empresa de construção civil, o seu índice de interesse para negócios
será o Índice de Preços do Produtor. No entanto, um(a) senhor(a) aposentado(a) certamente estará mais
interessado(a) em acompanhar o IPCA.
ÍNDICE DE PREÇOS DO PRODUTOR
O IPP (Índice de Preços do Produtor) mede o preço de uma certa cesta adquirida por empresas, não por
consumidores. O foco do índice reside nas indústrias extrativas e de transformação, tendo como principal
objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de
bens e serviços, assim como sua evolução ao longo do tempo.
O IPP abrange informações de, aproximadamente, duas mil empresas, sobre os preços recebidos pelo
produtor, isentos de impostos e tarifas, o que resulta na coleta de aproximadamente seis mil preços.
Como os produtores tendem rápido do que o IPCA acerca das pressões inflacionárias, e, por isso,
algumas vezes é considerado como um aviso prévio de alerta sobre mudanças na inflação.
O IPP é calculado de forma análoga ao IPCA, mas considera sua cesta de consumo específica.
TAXA DE INFLAÇÃO
Com tantos índices apresentados, você deve estar se perguntando o porquê de tantas formas diferentes
de mensurar a evolução dos preços e de calcular a taxa de inflação. Por que isso é tão importante?
Para ilustrar sua importância, devemos definir primeiro o que é a taxa de inflação. Como mencionado na
apresentação do IPCA, ele é o índice oficialmente utilizado para medir a inflação no Brasil. A partir do
IPCA, podemos calcular a taxa de inflação, que é a sua mudança percentual anual:
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Para explicar a importância da taxa de inflação em uma economia, precisamos definir o que é poder de
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compra. Poder de compra é a quantidade de bens e serviços que determinada renda pode adquirir.
Veja a seguir um caso que exemplifica essa questão:
Suponha que Gabriel seja assistente em um centro de pesquisa de economia e receba R$ 1.300,00
mensais. O prato preferido de Gabriel é galeto, acompanhado de uma Coca-Cola gelada, cujo preço é de
R$ 20,00. Se a sua cesta de consumo é apenas galeto com Coca-Cola, e ele gasta toda sua renda com
isso, qual é o seu poder de compra?
RESPOSTA
No Brasil, mais do que em outros países, a inflação foi, por décadas, um problema comum. O grande
problema da inflação é que ela deteriora o poder de compra dos consumidores.
EXEMPLO
Como ilustrado no exemplo das bananas e abacaxis, a compra destes bens em 2020 era 1,87 vezes
mais cara do que em 2010. Podemos também medir a queda no poder de compra ocasionado pela
inflação. Por exemplo, suponha que Júlia tivesse R$ 10,00 para comprar bananas em 2010. Com as
bananas custando R$ 1,00 em 2010, Júlia comprava 10 unidades. Todavia, em 2020, quando o preço da
banana passou a ser R$ 2,00, com os mesmos R$ 10,00, Júlia comprava 5 bananas.
Com o aumento dos preços dos bens e serviços, o poder de compra vai sendo reduzido, ou seja,
podemos comprar menos unidades de bens e serviços, uma vez que a maioria dos contratos e salários
tendem a ser reajustados de forma mais lenta, enquanto os outros preços da economia são reajustados
mais rapidamente.
Caso todos os preços se ajustassem na mesma velocidade, proporção e periodicidade, não haveria
problema em um aumento no nível de preços daquela economia, já que todos seguiriam com sua renda
real inalterada.
Os economistas consideram que as taxas de inflação elevadas geram custos econômicos
significativos. Os mais importantes são os custos de sola de sapato, de menu e de unidade de
conta.
No geral, as pessoas mantêm moeda, seja em forma de dinheiro na carteira, seja em contas correntes
em bancos, por conveniência, para realizar transações. Uma alta taxa de inflação desestimula os
indivíduos a manterem moeda, porque o poder de compra do dinheiro se deteriora. Isso faz com que as
pessoas busquem formas de reduzir a quantidade de moeda que retêm, mesmo que envolva custos
consideráveis.
O primeiro custo é o de sola de sapato, que se trata de uma alusão à necessidade de andar de um lado
para o outro quando as pessoas não mantêm dinheiro. Um retrato desse custo é a hiperinflação alemã
dos anos 20, em que comerciantes contratavam maratonistas para ir ao banco diversas vezes ao dia
para converter o dinheiro em moeda estrangeira mais estável ou em ativos que rendiam juros. Ao se
esforçarem para evitar a redução do poder de compra, esses maratonistas poderiam ter sido utilizados
em outras atividades produtivas.
Fonte: Shutterstock
A quantidade de transações bancárias é tamanha que exige que o número de empregados em bancos
aumente consideravelmente. No Brasil, nos anos de hiperinflação, o setor bancário correspondia a 15%
do seu PIB. Para lidar com a hiperinflação, o tamanho necessário do setor bancário representou uma
perda de recursos reais para a sociedade, uma vez que esses funcionários também poderiam estar
empregados em outras atividades produtivas.
Fonte: Shutterstock
Outro custo da inflação é o de menu. Em economias modernas, em geral, os preços dos bens e serviços
são listados. Em um restaurante, por exemplo, a mudança do preço de um item significa necessidade de
confeccionar novos cardápios, o que envolve custos. Quando temos uma inflação alta, os preços são
alterados com mais frequência e, portanto, as empresas incorrem com mais frequência nesses custos.
No Brasil, os funcionários de supermercados gastavam quase metade do tempo de trabalho remarcando
preços.
Na economia moderna, os contratos deixaram de ser expressados em espécie, como, por exemplo,
galinhas, e deram lugar à moeda, assim como outros cálculos da economia. Essa função da moeda é
conhecida como unidade de conta, e é um papel que se degrada pela inflação: um real vale menos no
próximo ano do que neste.
A consequência é a redução da qualidade das decisões econômicas devido à incerteza da mudança da
unidade de conta. Portanto, os custos de unidade de conta da inflação refletem a forma com que ela
torna a moeda uma unidade de medida menos confiável. Esse custo se reflete particularmente no
sistema tributário, pois a inflação distorce a medida de renda pela qual o imposto é cobrado.
EXEMPLO
Suponha uma taxa de inflação de 10% e uma família que compre um apartamento por R$ 100.000,00, e
o venda um ano depois por R$ 110.000,00. A família não teve lucro em termos reais com a transação,
mas, segundo o sistema tributário, obteve um ganho de R$ 10.000,00, e deverá pagar impostos sobre
esse ganho “fantasma”.
Diversas empresas são desencorajadas a realizar investimentos produtivos devido aos impostos sobre
esses ganhos,gerando mais custos para a economia.
Sendo assim, quando temos uma inflação muito alta, como aconteceu no Brasil nas décadas de 80 e 90,
o aumento da renda dos indivíduos não acompanhou a rapidez do aumento dos preços dos bens e
serviços, reduzindo o poder de compra dos consumidores. A redução do poder de compra reduz o bem-
estar e satisfação dos indivíduos, uma vez que deixam de consumir os itens desejados e, em muitos
casos, até os necessários.
Durante esses anos, a inflação brasileira chegou à marca dos 1000%, e o Brasil ficou conhecido
mundialmente pela hiperinflação que assolava a sociedade. Foram realizadas diversas tentativas de
reduzir a inflação, algumas deixando a situação ainda mais crítica. Por fim, em 1994, foi lançado o Plano
Real, que, entre muitas outras medidas, deu fim ao cruzeiro e implantou o real que conhecemos hoje em
dia.
A Figura 5 exibe a série histórica do IPCA, iniciada nos anos 80, e mostra sua evolução até os dias de
hoje. É possível notar claramente a hiperinflação dos anos 80 e 90, dando lugar a uma estabilidade dos
preços a partir de 1995:
Fonte: Autor
Figura 5 - Série histórica do IPCA
A Figura 6 mostra a evolução do IPCA a partir de 1995 até 2019:
Fonte: Autor
Figura 6 - Evolução do IPCA (1995-2019)
TAXA DE DESEMPREGO
A taxa de desemprego, assim como o PIB e a taxa de inflação, constitui-se como um indicador sobre a
situação da economia. Ela é calculada e divulgada atualmente pelo IBGE, a partir da Pesquisa Nacional
de Amostra por Domicílio Contínua (PNADC).
Até 2016, contudo, a pesquisa utilizada era a Pesquisa Mensal do Emprego (PME). A PNADC foi
planejada para produzir indicadores trimestrais sobre a força de trabalho e outros indicadores anuais
sobre temas suplementares permanentes.
Fonte: Shutterstock
O desemprego, como é conhecido popularmente, aparece na pesquisa pelo conceito de desocupação. A
Figura 7 mostra a série histórica para o desemprego no Brasil:
Fonte: Shutterstock
Figura 7 - Taxa de desocupação trimestral (2012-2019)
O que é desemprego?
Para definirmos desemprego, vamos primeiro definir o que é emprego. Emprego é o número total de
pessoas correntemente empregadas, seja em tempo integral ou parcial. O desemprego, por sua vez,
é o número de pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão trabalhando,
mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho.
Para alguém ser considerado desempregado, não basta não possuir um emprego. Aposentados e
incapacitados que recebem benefícios não são considerados desempregados, uma vez que não
procuram emprego e nem estão disponíveis para tal. Portanto, o desemprego é o número total de
pessoas que estão ativamente procurando emprego, mas não estão empregadas.
Para calcular o desemprego de um país, precisamos definir antes outros conceitos. A força de trabalho
é composta de pessoas que têm idade para trabalhar, ou seja, aqueles acima de 14 anos e que estão
trabalhando ou procurando trabalho. A taxa de participação na força de trabalho é a parcela da
população em idade ativa, ou seja, apta a trabalhar, e que está na força de trabalho.
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Segundo a metodologia do IBGE, o aposentado e incapacitado do exemplo acima estão fora da força de
trabalho. Um universitário que dedica seu tempo somente aos estudos e uma dona de casa que não
trabalha fora também não estão na força de trabalho. Já uma empreendedora que possui seu próprio
negócio está ocupada na força de trabalho.
A taxa de desemprego é a parcela dos indivíduos da força de trabalho que estão desempregadas.
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Fonte: Shutterstock
Figura 8 - População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, no 4º trimestre de
2019
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A taxa de desemprego é um bom indicador da situação do mercado de trabalho, mas, assim como
qualquer indicador, não dever ser considerada um reflexo exato de pessoas que desejam trabalhar,
porém não conseguem emprego.
Como encontrar o emprego adequado leva algumas semanas ou meses, um trabalhador que tem certeza
de que encontrará um emprego, mas ainda não aceitou uma oferta, é considerado como desocupado.
Esse aspecto reflete por que, mesmo em situações de crescimento econômico, da taxa de desemprego
não ir a zero.
Além disso, há pessoas que gostariam de trabalhar, mas não estão, e também não são contabilizadas
como desempregados. Isso acontece porque, para ser classificado como desocupado, é preciso ter
procurado emprego recentemente.
Os desalentados são pessoas que gostariam de trabalhar e estariam disponíveis, porém não
procuraram trabalho por acharem que não encontrariam. Vários são os motivos que levam as pessoas a
desistirem, por exemplo: não encontrar trabalho na localidade em que vivem, não conseguir trabalho
adequado ou por ser considerado muito jovem ou idoso, não ter experiência profissional ou qualificação
etc.
É possível que a taxa de desemprego subestime a real situação do mercado de trabalho, não
contabilizando uma parte das pessoas que querem trabalhar, mas não acham emprego. Existem também
aqueles marginalmente ligados à força de trabalho, pessoas que responderam que gostariam de ter um
emprego e o buscaram no passado recente, mas que, no momento, não estão buscando.
Por fim, existem os subempregados, que são aqueles empregados em tempo parcial, mas que gostariam
de ter um trabalho em tempo integral e não o encontram. Estes últimos também não são contabilizados
como desocupados.
Fonte:Shutterstock
O recebimento de algum benefício de programas sociais como Bolsa Família e Seguro
Desemprego não significa que o indivíduo que o recebe é considerado desocupado. É possível que
alguém esteja recebendo, mas trabalhe na informalidade e seja classificado como ocupado. Pode ocorrer
que beneficiários não estejam de fato ocupados e também não estejam buscando emprego, e, portanto,
serão classificados como fora da força de trabalho.
A taxa de desemprego precisa ser avaliada com cuidado, uma vez que varia bastante em grupos etários,
gênero e raça. Por exemplo, é mais fácil conseguir um emprego para jovens maiores de 24 anos, uma
vez que já são qualificados e/ou possuem alguma experiência prévia. Empregos para trabalhadores
acima dos 54 anos costumam ser mais difíceis, podendo o desemprego ser maior nessa faixa etária.
Além disso, pelo fato de o Brasil ser um país muito extenso e diverso, as taxas de desemprego tendem a
ser diferentes segundo as regiões do país.
As figuras a seguir apresentam a taxa de desemprego em regiões distintas do país, para diferentes
gêneros e grupos etários.
Figura 9 - Taxa de Desocupação no Brasil e nas Grandes Regiões, no 4º trimestre de 2019
Figura 10 - Taxa de desocupação, por idade, 1º trimestre de 2012 - 4º trimestre de 2019
Figura 11 - Taxa de desocupação por gênero, 1º trimestre de 2012 - 4º trimestre de 2019
COEFICIENTE DE GINI
É importante compreendermos que o Coeficiente de Gini é uma medida de distribuição criada em 1912
pelo italiano Corrado Gini, e frequentemente utilizada como indicador da desigualdade em uma
economia, medindo a distribuição de renda e de riqueza entre a população. O coeficiente varia de 0
(zero) a 1, em que 0 (zero) representa igualdade perfeita, e 1, desigualdade perfeita. Por exemplo, um
país em que apenas um indivíduo detém toda a renda da economia e o restante não tem renda, tem um
coeficiente de Gini igual a 1.
CORRADO GINI (1884-1965)
Estatístico, sociólogo e demógrafo italiano que desenvolveu o coeficiente batizado com seu nome,
que mede a desigualdade de renda em uma sociedade.
Fonte: Shutterstock
Dentre as diversas medidas de desigualdade de renda, o coeficiente de Gini é a mais utilizada, sendo
baseado na curva de Lorenz.
Para construir o coeficiente, coloque a porcentagem cumulativa dos domicílios no eixo horizontal, dos
mais pobres aos mais ricos, e no eixo vertical,a porcentagem cumulativa de renda. O coeficiente é
calculado por meio da razão das áreas no diagrama da curva de Lorenz. Se a área entre a linha de
perfeita igualdade e a curva de Lorenz é a, e a área abaixo da curva de Lorenz é b, então, o coeficiente
de Gini é a/(a+b); isto é, o dobro da área entre a curva de Lorenz e a linha de igualdade perfeita. Se não
existe diferença entre as duas, o coeficiente é 0 (zero), o caso de igualdade perfeita.
O exemplo a seguir ilustra a construção deste índice:
Fonte: Datasus
Figura 12 - Construção do Coeficiente de Gini
Na prática, o índice é utilizado para analisar diferenciais na concentração da renda pessoal ao longo
de toda a distribuição de renda, o que permite contribuir para a análise da situação socioeconômica da
população, identificando quais são os segmentos que requerem maior atenção de políticas públicas de
saúde, educação e proteção social, entre outras. Além disso, fornece mais insumos para processos de
planejamento, gestão e avaliação de políticas de distribuição de renda.
A seguir, temos a evolução do coeficiente de Gini para alguns países da América do Sul:
Fonte: LAC Equity Lab
Figura 13 - Evolução da desigualdade na América do Sul
O mapa que será mostrado a seguir ilustra a desigualdade entre os países. O coeficiente usado é o mais
recente, contudo, o ano de mensuração varia entre países. O índice de Gini é medido em termos
percentuais. As cores mais escuras representam as nações em que a desigualdade é maior.
Você deve estar se perguntando: por que deveríamos nos preocupar com desigualdade? Altos níveis de
desigualdade representam um custo para a economia, afetando seu desempenho e o bem-estar dos
indivíduos.
Sabemos que o acesso ao mercado financeiro não é perfeito, ou seja, nem todos os que desejam obter
empréstimo o conseguem. Isso acontece porque a instituição, por exemplo um banco, faz uma análise de
crédito e, no geral, exige que o indivíduo tenha uma fonte de renda ou patrimônio para oferecer como
garantia.
Em uma economia cuja desigualdade é alta, poucos indivíduos concentram a maior parte da renda e do
patrimônio. A consequência é que diversas pessoas que precisam de um empréstimo não vão consegui-
lo.
Agora, suponha que Vitória deseje obter um empréstimo para começar uma pequena empresa de
tecnologia, uma vez que não tem renda suficiente para fazê-lo sem ajuda. Contudo, pelo fato de Vitória
não ter renda ou patrimônio suficientes, ela não consegue o empréstimo no banco. A consequência é que
Vitória perderá a oportunidade e terá de fazer outra coisa menos produtiva, deixando de contribuir para o
PIB daquele país, de empregar diversos funcionários e de lançar um novo produto com maior qualidade e
menor preço no mercado, o que tem consequência também sobre o bem-estar dos consumidores.
Em uma sociedade com alto índice de desigualdade, muitas pessoas deixam de utilizar suas habilidades
que poderiam contribuir para o bem-estar por falta de acesso às oportunidades. A situação ilustrada,
ainda que hipotética, é apenas uma das consequências da desigualdade.
Fonte: Investopedia
Figura 14 - Desigualdade entre países
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo em
três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e expectativa de vida.
Assim como o coeficiente de Gini, quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país, e quanto mais
próximo de 0 (zero), menos desenvolvido.
Fonte: Shutterstock
O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer uma medida alternativa de bem-estar e desenvolvimento
ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do
desenvolvimento.
Criado por Mahbubul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, o IDH pretende ser
uma medida geral e sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano,
não abrange nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento. Portanto, não é uma representação da
satisfação ou felicidade das pessoas, nem classifica o melhor lugar para viver.
Fonte: Shutterstock
MAHBUBUL HAQ (1934-1998)
Economista paquistanês, criador do Relatório do Desenvolvimento Humano. Foi diretor de
planejamento de políticas do Banco Mundial e, posteriormente, ministro da Economia do Paquistão.
AMARTYA SEN (1933-)
Economista indiano, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998 e professor nas
universidades de Oxford, Cambrige e Berkeley. Atualmente, leciona em Harvard.
Fonte: Wikipedia
A figura a seguir mostra fragmentos do ranking do IDH para alguns países em 2018. O Brasil, no
Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, se encontrava na posição 79.
Fonte: PNUD
Fonte: PNUD
Fonte: PNUD
Fonte: PNUD
Figura 15 - Ranking do IDH 2018
Embora o IDH considere outros aspectos do desenvolvimento, e não apenas o econômico, como o PIB,
há ainda muitos aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados nesse índice, tais
como: democracia, participação, equidade e sustentabilidade.
Buscando lidar com a dimensão da desigualdade no IDH, foi criado, em 2010, o IDH Ajustado à
Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH,
considerando o valor médio de cada uma delas de acordo com seu nível de desigualdade.
Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento
humano potencial, e o IDHAD, como um índice do desenvolvimento humano real. A diferença entre o IDH
e o IDHAD pode ser considerada como uma perda no desenvolvimento humano potencial devido à
desigualdade.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
MUNICIPAL (IDHM)
No Brasil, além do IDH, existe o IDHM, uma adaptação do IDH global para os municípios brasileiros.
O IDHM brasileiro segue as mesmas três dimensões do IDH Global ‒ longevidade, educação e renda,
mas vai além: adequa a metodologia global ao contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores
nacionais.
Como está organizado o IDHM brasileiro?
Embora quantifiquem as mesmas dimensões, os indicadores levados em conta no IDHM são mais
adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios brasileiros. Assim, o IDHM ― incluindo seus
três componentes, IDHM Longevidade, IDHM Educação e IDHM Renda ― conta um pouco da história
dos municípios em três importantes dimensões do desenvolvimento humano durantes duas décadas da
história brasileira.
Veja a seguir o mapa do IDHM para o Brasil em 2010:
Fonte: Shutterstock
Figura 16 - Mapa do IDHM em 2010
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL DOS CASOS ABAIXO DESCREVE UM TRABALHADOR DESEMPREGADO, DE ACORDO
COM A DEFINIÇÃO VISTA NESTE MÓDULO?
A) Maria, uma trabalhadora idosa, foi despedida e desistiu de procurar emprego há meses.
B) Gabriel, um professor do ensino infantil, está aproveitando suas férias de verão.
C) Júlia, bancária, recentemente despedida de um banco de investimentos, está buscando uma nova
vaga no mercado.
D) Clara, estudante universitária, voltou a frequentar a faculdade porque não conseguiu emprego.
2. SOBRE O ÍNDICE DE PREÇOS E A TAXA DE INFLAÇÃO, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA:
A) O índice de preços ao consumidor (IPCA) mede o nível de preços em uma economia, sendo o único
índice relevante.
B) A inflação alta implica em diversos custos sociais, que são comumente conhecidos por custo de sola
de sapato, custo de menu e deterioração da função de unidade de conta.
C) O amplo uso da tecnologia revolucionou o setor bancário, tornando mais simples para o cliente o
acesso e administração de seus ativos. Os custos de sola de sapato são mais altos quando há mais
tecnologia.
D) Durante um período de inflação alta, estabelecimentos como mercados e restaurantes ganham
bastante devido à alta dos preços.
GABARITO
1. Qual dos casos abaixo descreve um trabalhador desempregado, de acordo com a definição
vista neste módulo?
A alternativa "C " está correta.
A alternativa está incorreta. Maria não é contabilizadacomo desempregada, pois não está
ativamente buscando emprego. No entanto, é considerada desalentada em medidas mais amplas
de subutilização de trabalho.
A alternativa está incorreta. Gabriel não é considerado desempregado, pois tem um emprego:
professor de educação infantil.
A alternativa está correta. Júlia está desempregada, não está trabalhando e está ativamente
procurando emprego.
A alternativa está incorreta. Clara não é desempregada, mas marginalmente ligada à força de
trabalho. Ela é contada em medidas mais amplas de subutilização.
2. Sobre o índice de preços e a taxa de inflação, assinale a afirmativa correta:
A alternativa "B " está correta.
A alternativa está incorreta. Os índices de preços em uma economia são diversos, e cada um deles
mede o nível geral de preços em uma certa situação e sob uma ótica determinada. Para os
consumidores, o índice de maior relevância será o IPCA, enquanto para os produtores, será o IPP.
Não existe um índice que seja melhor do que o outro, cada um será mais adequado para
determinada análise.
A alternativa está correta. A sociedade incorre em diversos custos com a inflação. São eles: custo
de menu, custo de sola de sapato e perda da função de unidade de conta da moeda.
A alternativa está incorreta. Os custos de sola de sapato associados à inflação serão mais baixos
porque é menos trabalhoso para os indivíduos administrarem seus ativos, a fim de economizar na
quantidade de dinheiro vivo que mantêm. Essa redução no custo de converter ativos não
monetários em moeda viva se traduz em um custo de sola de sapato mais baixo.
A alternativa está incorreta. Os restaurantes e estabelecimentos que vendem produtos, como
mercados e farmácias, assim como o restante da sociedade, perdem durante um processo de
hiperinflação devido aos custos de menu e a constante alocação de funcionários para atividades
não produtivas, como a remarcação de produtos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, estudamos as contas nacionais e alguns dos mais importantes indicadores
socioeconômicos. Vimos como calcular o Produto Interno Bruno (PIB), uma das medidas fundamentais
de renda em uma economia. Percebemos que o PIB, porém, é insuficiente como medida de bem-estar:
de que vale ter uma renda alta se há muitas pessoas desempregadas ou se a desigualdade de renda é
alta?
Abordamos também a taxa de desemprego e, como medida de desigualdade, o Índice de Gini. E, por fim,
vimos medidas de preços e inflação para avaliar as mudanças no custo de vida, e o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) para incorporar outras dimensões da economia e da sociedade.
Você encontrará todos esses indicadores com grande frequência nos jornais, e acompanhará os mais
acalorados debates sobre o que deve ser feito para aumentar a renda, diminuir a inflação, melhorar a
qualidade de vida etc. Use os conceitos que aprendemos aqui para participar do debate!
REFERÊNCIAS
CHAPELLOW, J. Gini index. Investopedia. Consultado em meio eletrônico em: 23 mai. 2020.
FEIJÓ, C. et al. Contabilidade social. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Índice nacional de preços ao
consumidor amplo – IPCA. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Índice de preços ao produtor: indústrias
extrativas e de transformação – IPP. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Inflação. Consultado em meio eletrônico
em: 10 mai. 2020.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Rio de Janeiro. Consultado em meio eletrônico
em: 10 mai. 2020.
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Índice de Gini da renda domiciliar per capita – B.9. Consultado em meio
eletrônico em: 10 mai. 2020.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DESENVOLVIMENTO HUMANO. Atlas do
desenvolvimento humano 2013. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DESENVOLVIMENTO HUMANO. Human development
report 2019. Consultado em meio eletrônico em: 10 mai. 2020.
EXPLORE+
Para saber mais sobre o processo inflacionário no Brasil, recomendamos o livro a seguir:
LEITÃO, M. A saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda. Rio de Janeiro: Record, 2011.
Para um aprofundamento sobre a desigualdade que afeta a economia contemporânea, recomendamos
os livros a seguir:
PIKETTY, T. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.
SOUZA, P. H. G. F. Uma história de desigualdade – a concentração de renda entre os ricos no Brasil:
1926 - 2013. São Paulo: Hucitec, 2018.
STIGLITIZ, J. E. The price of inequality. Nova Iorque: W. W, Norton & Company, 2013.
Para saber mais, consulte também:
Projeto World Inequality Database – para acessar dados a respeito do assunto;
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – plataforma de consulta ao Índice de Desenvolvimento
Humano para regiões, estados e municípios brasileiros.
Human Development Report 2019 – que apresenta o relatório de desenvolvimento mais recente.
CONTEUDISTA
Maria Eduarda Barroso Perpétuo
CURRÍCULO LATTES

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