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Disciplina: Farmácia Homeopática Tema: Tintura-mãe Formas farmacêuticas derivadas Nomenclatura Profa. Luciane Dalarmi lucianedalarmi@gmail.com (Fontes,O.L.; 2013) Tintura – Mãe (TM) “É o resultado da ação extrativa e/ou dissolvente, por contato íntimo e prolongado, de um insumo inerte hidroalcoólico ou hidroglicerinado sobre a droga vegetal ou animal, fresca ou dessecada, por meio dos processos de maceração ou percolação” “É a preparação líquida resultante da ação de líquido extrator adequado sobre uma determinada droga de origem animal ou vegetal” (FHB 3). TM - Forma Farmacêutica Básica -Ponto de partida - dá origem à todas as potências medicamentosas -Apenas para medicamentos de origem vegetal e animal. -As TM são obtidas por maceração ou percolação. -Os medicamentos do reino mineral devem ser obtidos por trituração ou por solução, sendo estas formas consideradas formas farmacêuticas derivadas. Processos de obtenção TM Preparo a partir da droga vegetal: •Vegetal dessecado ou fresco. Pode ser usado inteiro, partes ou sua secreção. •Líquido extrator: álcool (diferentes graduações, conforme monografia) •Teor alcoólico: 60% (v/v) no início e 55-65% (v/v) no final extração •Métodos: maceração ou percolação •Relação 1:10 ou 10% Belladonna Hypericum perforatum Bulbo: Allium cepa Flores: Calendula officinalis Opium (suco leitoso/secreção) Papaver officinale TM preparada a partir de droga vegetal seca: Maceração: Vegetal fragmentado por 15-20 dias em contato com líquido extrator. Proteger luz e calor. Agitar diariamente. Filtrar e guardar o filtrado. Prensar o resíduo, filtrar e juntar com o filtrado anterior. Repouso 48h, filtrar e armazenar. Para drogas frescas utiliza-se maceração, determinando o resíduo seco em estufa. TM preparada a partir de droga vegetal seca: Percolação: Colocar a droga, dividida e tamisada (tamis 40 ou 60) em um recipiente. Adicionar líquido extrator para umedecer o pó, deixar 4h. Transferir para percolador , acrescentar líquido extrator para cobrir toda a droga, deixar 24h. Percolar à velocidade de 8 gts/min para cada 100g de droga. Repouso 48h, filtrar e armazenar. TM preparada a partir de droga vegetal fresca: Maceração: Determinação do resíduo sólido do material fresco: Levar em estufa uma amostra da droga (fracionada) com peso definido, até peso constante. Calcular o peso total do resíduo sólido. Calcular a porcentagem do resíduo sólido. • Se o resíduo sólido for menor que 20%, considerá-lo 20 % Graduação alcoólica Resíduo sólido etanol 90% até 29% etanol 80% 30-39% etanol 70% igual ou acima de 40% • A partir do resíduo sólido tem-se a quantidade final de TM a ser obtida e o teor alcoólico a ser utilizado • TM = 10 vezes o peso do resíduo sólido Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 240g Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 240g = 30% Portanto, 240g do vegetal → resíduo sólido total do vegetal → 30% 800g - 100% 240g – x x= 30% Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Se o resíduo sólido =30 % → Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% 800g - 100% 240g – x x= 30% Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Se o resíduo sólido =30 % → Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% 800g - 100% 240g – x x= 30% Graduação alcoólica Resíduo sólido etanol 90% até 29% etanol 80% 30-39% etanol 70% igual ou acima de 40% Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% Quantidade de água contida no vegetal = 70% Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% Quantidade de água contida no vegetal = 70% ou 560 mL 800g – 240g = 560 g = 560 ml Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% Quantidade de água contida no vegetal = 70% ou 560 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = 2400 mL Exemplo: Vegetal fresco= 800g Resíduo sólido = 30% = 240g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 80% Quantidade de água contida no vegetal = 70% ou 560 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = 2400 mL Volume do etanol 80% a ser adicionado: 2400 mL de TM – 560 ml água do vegetal = 1840 mL de etanol a 80% Relação resíduo sólido/volume final da TM 1:10 (m/v) (10%) Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 50g = 10% Portanto, 50g do vegetal → resíduo sólido total do vegetal → 10% 500g - 100% 50g – x x= 10% Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Se o resíduo sólido =10 % → Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Graduação alcoólica Resíduo sólido etanol 90% até 29% etanol 80% 30-39% etanol 70% igual ou acima de 40% Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% ou 450 ml 500-50 = 450 ml Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% ou 450 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% ou 450 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = Quando o resíduo sólido for menor que 20% → considerar 20% 500 - 100% x - 20% x= 100g Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% ou 450 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = 1000 mL Exemplo: Vegetal fresco= 500g Resíduo sólido = 10% = 50g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 90% ou 450 mL Volume final de TM obtido (10 vezes o peso resíduo sólido) = 1000 mL Volume de etanol 90% a ser adicionado: 1000ml – 450 ml = 550 ml Exercício: Realizar os cálculos para desenvolver uma tintura-mãe a partir 1500 g de um vegetal fresco, sabendo-se que o peso deste material após retirado da estufa é 450g. Vegetal fresco= 1500g Resíduo sólido = 450g Residuo sólido (%) = Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = Quantidade de água contida no vegetal = Volume do álcool a ser adicionado = Volume da TM (10 vezes o resíduo sólido) = Exercício: Realizar os cálculos para desenvolver uma tintura-mãe a partir 1500 g de um vegetal fresco, sabendo-se que o peso deste material após retirado da estufa é 450g. Vegetal fresco= 1500g Resíduo sólido = 450g Residuo sólido (%) = 30% Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = álcool a 80% Quantidadede água contida no vegetal =70% ou 1500g – 450g = 1050g = 1050 ml Volume da TM (10 vezes o resíduo sólido) = 4500 ml Volume do álcool a ser adicionado = 4500 mL de TM – 1050 ml água do vegetal = 3450 mL de etanol ↓ (Subtrai da quantidade de TM, a quantidade de água que o vegetal contém) 1500g - 100% 450g – x x= 30% Exercício: Realizar os cálculos para desenvolver uma tintura-mãe a partir 900 g de um vegetal fresco, sabendo-se que seu resíduo seco é 19% Vegetal fresco= 900g Residuo sólido (%) =19% Resíduo sólido = Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = Quantidade de água contida no vegetal = Volume da TM (10 vezes o resíduo sólido) = Volume do álcool a ser adicionado = Exercício: Realizar os cálculos para desenvolver uma tintura-mãe a partir 900 g de um vegetal fresco, sabendo-se que seu resíduo seco é 19% Vegetal fresco= 900g Residuo sólido (%) =19% Resíduo sólido = 171g Teor alcoólico do álcool a ser utilizado = 90% Quantidade de água contida no vegetal = 900 – 171 = 729 ml Volume da TM (10 vezes o resíduo sólido) = 1800 ml Volume do álcool a ser adicionado = 1800 ml – 729 ml = 1071 ml 900g – 100% X g - 19% X = 171 g 900g – 100% X g - 20% X = 180 g Não confundir fitoterapia com homeopatia. Muitas vezes as partes das plantas utilizadas para o preparo da tintura-vegetal (fitoterápica) difere da parte utilizada para o preparo da tintura-mãe homeopática. Preparo TM a partir de droga animal: -Animal pode estar dessecado, vivo ou recém sacrificado -Pode ser inteiro, partes ou sua secreção -Líquido extrator é o etanol em diferentes graduações -Mistura etanol-água-glicerina (1:1:1) (v/v/v) -Mistura água e glicerina (1:1) -Mistura etanol e glicerina (1:1) -Relação 1:20 (m/v) ou 5% -Método: maceração Maceração: deixar o animal (dividido ou não) em contato com o total do líquido extrator, por 15 dias (alcoólico) e por 20 dias (glicerinado). Proteger luz e calor. Agitar diariamente. Filtrar sem prensar. Repouso 48h. Filtrar e armazenar. Origem Animal – Exemplos (animal inteiro): Formica rufa Cantharis vesicatoria Aranea diadema Apis mellifica Origem Animal – Exemplos: Rotulagem: A TM deve ser identificada por meio de rótulo interno ou do fornecedor -nome científico da droga -data da fabricação -prazo de validade -parte usada -conservação -grau alcoólico -lote -método utilizado -classificação toxicológica, quando for o caso Formas Farmacêuticas Derivadas Soluções e Triturações A TM é a forma farmacêutica básica, mas em determinados momentos, podemos utilizar outros recursos para o preparo de pontos de partida, estes casos são para minerais, produtos químico-farmacêuticos, secreções e outros produtos, sendo eles sólidos, semi-sólidos ou líquidos. Consideramos tais preparações como formas farmacêuticas derivadas. Medicamentos origem mineral ex. Calcarea sulphurica, sulphur,… Trituração Com lactose até a 3CH ou 6DH Diluição A partir da 3CH ou 6DH Solução É toda mistura homogênea de duas ou mais substâncias Na solução, a substância que se dissolve é chamada soluto e a substância em que se dissolve o soluto é o solvente. CH1 ou DH1 Trituração É o processo mecânico que consiste em triturar com um pistilo de porcelana a droga contida dentro de um gral de porcelana, imprimindo com uma determinada força, movimentos circulares e centrífugos. É usada para drogas insolúveis, obrigatoriamente até a 3CH, para o preparo LM e para o preparo de alguns bioterápicos. Enquanto na solução usa-se água e álcool, para a trituração utilizamos como excipiente a lactose. Nomenclatura dos medicamentos homeopáticos Para designação dos medicamentos homeopáticos poderão ser utilizados nomes científicos e nomes homeopáticos. Nomes ciéntificos: acordo com as regras dos códigos internacionais de nomenclatura botânica, zoológica, biológica, química e farmacêutica Gênero - primeira letra maiúscula Espécie - letras minúsculas Exemplos: - Apis mellifica - Bryonia alba - Chelidonium majus - Conium maculatum -Lycopodium clavatum Em relação aos medicamentos com nomes consagrados homeopaticamente pelo uso, é facultado usar somente o nome da espécie omitindo-se o do gênero. Exemplos: - Belladona, em vez de Atropa belladona - Colocynthis, em vez de Citrullus colocynthis - Dulcamara, em vez de Solanum dulcamara - Millefolium, em vez de Achillea millefolium - Nux vomica, em vez de Strychnos nux vomica Em relação à espécie pouco usada deve-se citar o nome completo. Exemplos: - Aconitum ferox, a fim de distinguí-la de Aconitum napellus - Clematis erecta, a fim de distinguí-la de Clematis vitalba - Crotalus horridus, a fim de distinguí-la de Crotalus terrificus - Dioscorea petrea, a fim de distinguí-la de Dioscorea villosa - Lobelia inflata, a fim de distinguí-la de Lobelia purpurea. Em relação à designação de medicamentos de origem química são permitidas, além do nome científico oficial, também aquelas designações consagradas pelo uso na homeopatia. Exemplos: - Barium e seus compostos - Baryta e seus compostos - Bromum e seus compostos - Bromium e seus compostos - Calcium e seus compostos - Calcarea e seus compostos - Kalium e seus compostos - Kali e seus compostos - Iodum e seus compostos - Iodium e seus compostos - Magnesium e seus compostos - Magnesia e seus compostos - Natrium e seus compostos - Natrum e seus compostos - Sulfur e seus compostos - Sulphur e seus compostos Em relação aos medicamentos químicos, ácidos e sais, de natureza orgânica ou inorgânica, é permitida, além da designação química oficial, aquela consagrada pelo uso homeopático, escrevendo-se, de preferência, em primeiro lugar, o nome do elemento ou do íon de valência positiva e, em segundo lugar, o de valência negativa. Exemplos: - Acidum aceticum ou Acetic acidum - Acidum benzoicum ou Benzoic acidum - Acidum nitricum ou Nitri acidum - Acidum sulfuricum ou Sulphuris acidum Nomes abreviados Dificulta a compreensão do receituário. O uso de abreviaturas arbitrárias é proibido pela legislação farmacêutica brasileira. Exemplos: -Aconitum napellus ou Aconitum - Acon. ou Aconit. - Atropa belladona ou Belladona - Bell. ou Bellad. - Mercurius solubilis - Merc. sol. ou Mercur. sol. - Solanum dulcamara ou Dulcamara - Dulc. ou Dulcam. Abreviatura O emprego do nome abreviado do medicamento pode dar lugar à confusão e na correta interpretação do receituário. O uso de abreviaturas arbitrárias, símbolos, siglas e números é proibido pela legislação sanitária brasileira. Algumas siglas já fazem parte do conhecimento dos prescritores e farmacêuticos. Alguns nomes empregados em Homeopatia são tão parecidos que podem causar confusão durante a interpretação do receituário médico: Actaea Althaea Ailanthus Helianthus Ammonium Antimonium China Cina Staphylococcinum Staphylotoxinum Moschus Muscus Alguns símbolos e abreviaturas são rotineiramente empregados nas receitas médicas, rótulos de medicamentos e nas farmacopéias homeopáticas Ana ou ãã = partes iguais. T.M. ou Ø = Tintura-mãe. Sol.Ø = Solução-mãe. Trit. = Trituração. Din. = Dinamização. Glób. ou gl. = Glóbulos Tabl. = Tabletes. Compr. = Comprimidos. D.R. ou gts = Doses repetidas ou gotas. D.U. ou d.única = Dose única Dil. = Diluição C = Centesimal D ou X= Decimal. CH = Centesimal Hahnemaniano. K = Korsakov. LM = Cinquenta milesimal F.C. = Fluxo continuo. F.M. = Força medicamentosa. Past. = Pastilhas. Q.s.p. = Quantidade suficiente para. R.sol. = Resíduo sólido (vegetal). R.S. = Resíduo seco (tintura). Tit.et. = Título etanólico da TM Mcg = Microglóbulo. MNT = Manual de Normas Técnicas. = Cem sucussões. Sinônimos Na homeopatia o uso de sinônimos é de grande importância, o prescritor poderá usar estes, trazendo benefícios ao próprio paciente. Actea racemosa = cimicifuga Borax = Natrum boricum Calcarea fluorica = fluorit Sulfur = Flavum Lycopodium = Muscus clavatus Escolas Médica Unicismo – Segundo Hahnemann, a prescrição tanto para casos agudos como para crônicos, é realizada com um único medicamento. Escola de Kent - Kentismo – utilização de um único medicamento em dose única e potência muito alta Pluralismo ou Alternismo– dois ou mais medicamentos administrados em horas distintas. Os medicamentos escolhidos deverão possuir correspondência patogenética parcial ao estado mórbido presente. O efeito de um não pode ser perturbado pela dose subsequente do outro. Escolas Médica Complexismo - São prescritos dois ou mais medicamentos que podem ser administrados juntos. A indústria produz em larga escala medicamentos ditos complexos, que tem objetivos de tratar doenças particulares. Organicismo - O medicamento é prescrito conforme o órgão doente. Esta prática aproxima-se muito da alopatia. Neo-hipocráticos - utilizam ao mesmo tempo: homeopatia com fitoterapia, com alopatia, com florais, com acupuntura, etc. Referências Bibliográficas: • Fontes, O. L. et al. Farmácia Homeopática: teoria e prática. Barueri, SP: Manole, 2012, 4ª ed. • Farmacopeia Homeopática 3ª ed. Brasília: ANVISA, 2011.
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