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Nutrição e Dietética Aula 6: Planejamento dietético Apresentação As recomendações nutricionais estipulam valores de nutrientes para o cálculo e análise de dietas. Nesta aula, vamos discutir o que são as recomendações e os valores para os macronutrientes. Objetivos · Identificar as bases para o planejamento dietético; · Criar um dia alimentar (sugestão); · Ordenar orientações nutricionais. O planejamento dietético Para que um planejamento dietético consiga atender às necessidades e contemplar os objetivos do paciente, é fundamental que o nutricionista observe todos os aspectos relacionados à alimentação do paciente. Ao identificar os fatores que podem influenciar na adesão, é possível que o nutricionista entenda que peso cada um deles tem sobre a tomada de decisão e manutenção do seguimento do plano alimentar, dentre os fatores que normalmente influenciam na adesão estão: os ambientais, psicológicos ou genéticos. Desenvolvimento do planejamento dietético O planejamento dietético se baseia no estabelecimento de hábitos e práticas relacionados a: escolha dos alimentos, comportamentos alimentares e adequação do gasto energético (atividade física) que deverão ser incorporados a longo prazo. É preciso considerar nesta etapa a realidade do paciente, ou seja, sua atividade ocupacional, suas rotinas, horários, disponibilidade financeira, hábitos regionais, entre outros, visando, mais uma vez, a individualização da intervenção, sem a qual, dificilmente se alcança bom nível de adesão ao tratamento. Após definidas as metas calóricas (valor energético total) e a distribuição dos macronutrientes e adequação dos micronutrientes, inicia-se o desenvolvimento do cardápio. Atenção Deve-se ter cuidado nesta etapa para evitar a ênfase em um grupo de nutrientes em particular (normalmente, observa-se uma ingestão elevada de proteínas), seja proibindo ou desencorajando a ingestão de outro (carboidratos e gordura). Estas orientações inúmeras vezes são temporárias, pois o paciente não consegue manter a conduta proposta. A discrepância dos hábitos e costumes do indivíduo e a prescrição proposta determinam seu abandono, independentemente dos resultados iniciais. Elaboração de um plano alimentar Vejamos, o texto a seguir, a descrição do passo a passo para a elaboração de um plano alimentar. Neste exemplo, o plano foi desenvolvido para uma paciente de 49 anos, do sexo feminino, 162 cm de estatura, 64kg de peso corporal e que realiza atividade física leve. Plano Alimentar · Etapa 1 – Determinar a necessidade energética (NET) A NET pode ser calculada por meio de equações preditivas de gasto energético ou por calorimetria indireta. Neste caso, foi utilizado o EER (porque a paciente não apresenta excesso de peso). IMC = 24,4 kg/m2 EER = 354 – (6,91 X 49 anos) + PA x (9,36 X 64kg + 726 x 162cm) PA (coeficiente de atividade) = 1 EER = 1,790 kcal (=1800kcal) · Etapa 2 – Distribuir os macronutrientes Proteína Em uma prescrição normoproteica, podemos ofertar de 0,8g/kg até 1,0g/kg. Para esta paciente, definiu-se 1,0gr/kg; totalizando 64g. 1g PTN = 4kcal; logo 256 kcal do EER que equivalem a 14,22% Carboidratos Em uma prescrição normoglicídica, podemos ofertar de 45 a 70% de carboidratos a partir da EER. Para esta paciente, definiu-se 55%. 55% de carboidrato = 990kcal 1g CHO = 4 kcal; logo 990 kcal do EER equivale a 247,5g de CHO Lipídios Em uma prescrição normolipídica, podemos ofertar de 20% a 35% de lipídios a partir da EER. Para esta paciente, utilizou-se o restante energético, 32% da EER. 32% = 576 kcal 1g LIP = 9 kcal; logo 576 kcal do EER equivale a 64g de LIP Deve-se observar a distribuição dos tipos de gorduras: 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poli-insaturadas e 13% de gorduras monoinsaturadas Colesterol: não mais que 300mg/dia Água 1ml para cada 1 kcal = 1800kcal Fibra Recomenda-se a ingestão de 20 a 30gr/dia ou podemos utilizar a recomendação de acordo com a necessidade energética de cada paciente – 8 a 10gr/1000kcal. Para esta paciente, foi estabelecido 25gr/dia. · Etapa 3 – Micronutrientes A partir dos sinais e sintomas observados durante o exame físico, selecionar os micronutrientes de atenção e adequar a situação biológica individual. Verificar as recomendações propostas. · Etapa 4 – Fracionamento São sugeridas 6 refeições por dia, divididas em 3 refeições principais e 3 lanches intermediários. · Etapa 5 – Cálculo e análise do plano dietético Nesta etapa, vamos utilizar um software que nos auxilie a determinar as quantidades de macro e micronutrientes de acordo com o que definimos nos passos anteriores. Você tem várias opções no mercado. Uma vez determinado o cardápio de um dia, este deverá ser convertido em medidas caseiras para que se utilize a lista de equivalências. · Etapa 6 – Plano dietético com lista de equivalências Após elaborado o cardápio de um dia, utiliza-se a padronização das porções por grupo de alimentos, o que permitirá ao paciente mais opções alimentares de maneira a facilitar a adesão à nova rotina alimentar. Nesse sistema, juntamente com o cardápio, o paciente receberá a lista com os demais grupos de alimentos, em que cada grupo contém alimentos em quantidade e qualidade semelhantes, acompanhados de suas gramas e medidas caseiras. Neles, cada alimento do cardápio elaborado poderá ser substituído por outro pertencente ao seu grupo. Exemplo No plano alimentar original, quando estiver especificado que o paciente deverá comer 1 porção do grupo “PÃO” (Ex.: pão de trigo, que tem 150Kcal e 29g de carboidratos), ele poderá substituir esta opção por 4 colheres de sopa cheias de aveia, ou 1 fatia e meia de bolo simples, ou 4 unidades de biscoito cream cracker, que são todos alimentos pertencentes ao grupo “PÃO”. A lista de equivalentes é uma ferramenta prática, fundamentada na variabilidade e sazonalidade do consumo alimentar, ou seja, as pessoas não comem, todos os dias, os mesmos alimentos. Esta ferramenta permite que você entregue ao paciente apenas um dia alimentar (exemplo de cardápio com medidas caseiras e preparações) e, então, ele poderá, por livre escolha, eleger os alimentos, as preparações ou as suas substituições sem ter que perguntar ao nutricionista a todo momento. Nesta lista, uma porção de determinado alimento, de fato, equivale a uma porção de outro alimento do mesmo grupo. Exemplo de equivalências Lista de equivalência para substituição de acordo com grupo alimentar Frutas – 1 porção = 70kcal Alimentos Peso (g) Medida caseira Abacate 45 1 ½ colher de sopa Abacaxi 130 1 fatia Banana 86 1 unidade Caqui 113 1 unidade Goiaba 95 ½ unidade Kiwi 154 2 unidades Laranja 137 1 unidade Limão 252 4 unidades Maçã 130 1 unidade Mamão formosa 160 1 fatia Mamão papaia 141,5 ½ unidade Manga 110 5 fatias Melancia 296 2 fatias Melão 230 2 fatias Morango 240 10 unidades Nectarina 184 2 unidades Pêra 133 1 unidade Pêssego 226 2 unidades Salada de frutas 125 ½ unidades Tangerina/bergamota 148 1 unidade Uva Itália 99,2 8 unidades Feijão – 1 porção = 55kcal Alimentos Peso (g) Medida caseira Feijão cozido (50% caldo) 86 1 concha Feijão cozido (somente grãos) 50 2 colheres de sopa Feijão preto cozido 80 1 concha média Grão-de-bico 36 1 ½ colher de sopa Lentilha cozida 48 2 colheres de sopa Soja cozida (grãos) 43 1 ½ colher de servir Carnes e ovos – 1 porção = 190kcal Alimentos Peso (g) Medida caseira Atum em lata 112,5 2 ½ colheres de sopa Bife de fígado frito 100 1 unidade média Bife enrolado 110 1 unidade Bife enrolado 110 1 unidade Bife grelhado 64 1 unidade Carne assada (patinho) 75 1 fatia pequena Carne cozida 80 4 pedaços pequenos Carne cozida de peru tipo blanquet 150 10 fatias Carne moída refogada 63 3 ½ colheres de sopa Frango assado inteiro 100 1 pedaço de peito ou 1 coxa ou sobrecoxa Frango filé grelhado 100 1 unidade Frango sobrecoxa cozida sem pele com molho 1001 sobrecoxa grande Omelete simples 110 1 ½ unidade Ovo cozido 90 2 unidades Peixe espada cozido 100 1 filé Sardinha em conserva 41,5 1 unidade média Leite, queijos e iogurtes – 1 porção = 120kcal Alimentos Peso (g) Medida caseira Iogurte natural desnatado 330 1 ½ copo de requeijão Iogurte natural integral 165 1 copo de requeijão Iogurte integral de frutas 120 ½ copo de requeijão Leite integral 182 1 xícara de chá Leite semidesnatado 270 1 copo de requeijão Queijo tipo minas 50 1 ½ fatia Queijo tipo muçarela 45 3 fatias Queijo tipo parmesão ralado 30 3 colheres de sopa Queijo tipo prato 30 1 ½ fatia Requeijão cremoso 45 1 ½ colher de sopa Ricota 100 2 fatias Exemplo de um dia alimentar Orientações nutricionais gerais As orientações nutricionais são importantes para auxiliar no momento em que o paciente encontra dificuldade para cumprir a dieta proposta. As orientações nutricionais devem ser claras e diretas, com atenção aos principais pontos de mudança. Atividade 1. As DRIs são valores de referência de ingestão dietética para os nutrientes e servem e parâmetro para a prescrição de planos alimentares (individual ou coletivo). Estes parâmetros foram definidos com objetivo de prevenir as doenças crônicas e ainda estabelecem os limites máximos de ingestão. Considerando-se um VET de 2000 Kcal/dial para uma pessoa saudável e com boas condições de saúde, para uma dieta normoproteica, quais devem ser os valores oferecidos em proteína a partir do Valor Energético Total (VET). Determine a quantidade de proteínas em gramas e em Kcal. a) Para 10% PTN – 200kcal ou 50gr e para 15% PTN – 300 kcal ou 75gr b) Para 10% PTN – 150kcal ou 50gr e para 15% PTN – 150 kcal ou 75gr c) Para 15% PTN – 150kcal ou 50gr e para 20% PTN – 150kcal ou 75gr d) Para 15% PTN – 200kcal ou 50gr e para 15% PTN – 300kcal ou 75gr Resposta correta: letra A Para 10% PTN – 200kcal ou 50gr Para 15% PTN – 300 kcal ou 75gr 2. As DRIs são valores de referência de ingestão dietética para os nutrientes e servem e parâmetro para a prescrição de planos alimentares (individual ou coletivo). Estes parâmetros foram definidos com objetivo de prevenir as doenças crônicas e ainda estabelecem os limites máximos de ingestão. Considerando-se um VET de 2000 Kcal/dial para uma pessoa saudável e com boas condições de saúde. Qual a recomendação em fibra alimentar e hídrica? Para fibra alimentar – 8 a 10gr/1000kcal ou 20 a 30gr/dia Para ingestão hídrica – 1 ml/kcal ou 25 a 35ml/kg de peso 3. No processo de modificação de hábitos alimentares e formação de um novo comportamento alimentar, devem ser considerados todos os fatores que podem influenciar as escolhas individuais, sem que haja percepção sobre isso. Com ase nessa informação, é correto afirmar que os aspectos responsáveis pela formação dos novos comportamento são: a) Fisiológicos, psicológicos e antropológicos. b) Fisiológicos, antropológicos e midiáticos. c) Psicológicos e midiáticos. d) Fisiológicos e religiosos e) Fisiológicos, socioeconômicos e religiosos. Resposta correta: letra A O comportamento alimentar se trata de uma conduta complexa, que inclui determinantes internos e externos ao indivíduo, sendo formado, portanto, por inúmeros fatores, nos quais incluem aqueles de ordem biológica, psicológica e ambiental (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2011). 4. Cardápio é a relação de preparações ou alimentos que serão oferecidos em uma refeição elaborados e planejados pelo nutricionista levando em consideração as características de seu paciente. A respeito do planejamento de cardápios para mudança de hábito alimentar, considere as afirmativas abaixo, avalie-as como verdadeiras (V) ou falsas (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. a) No planejamento de um cardápio, os hábitos e as preferências alimentares do paciente devem prevalecer às suas necessidades terapêuticas. b) No planejamento de cardápios, deve-se considerar a capacidade financeira para adquirir os alimentos e o padrão das refeições que serão consumidas pelo paciente. c) No planejamento do cardápio, é desejável que haja harmonia entre as cores das preparações que farão parte do prato, evitando-se contrastes e tonalidades muito vibrantes, bem como respeitar a palatabilidade e as preferências do paciente. 1ª afirmativa – falsa, pois é importante que a alimentação seja adequada às necessidades nutricionais do paciente. O cardápio precisa ser adequado à prescrição dietética, aos objetivos do tratamento e atender à condição do paciente. 2ª afirmativa – verdadeira. 3ª afirmativa – falsa, pois a utilização de cores vibrantes e contrastes melhora o visual do prato montado e a aceitação da refeição. Além disso, a variedade de cores fornece maior quantidade de micronutrientes. (SILVA E MARTINEZ, 2014). Explore mais: Com a finalidade de aumentar o seu conhecimento, leia o Parecer Técnico sobre aplicação do método de emagrecimento 5S: https://www.asbran.org.br/storage/downloads/files/2019/08/parecer-sistema-5s.pdf Leia o Manual Orientativo de Sistematização do Cuidado de Nutrição | SICNUT: https://www.asbran.org.br/storage/downloads/files/2019/08/sicnut.pdf 13
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