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Micoses Subcutâneas

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ANA BEATRIZ CAMPOS 1 
 
Transcrição EI – Microbiologia 
2ª semana U.B 
 
x Vimos que inicialmente, o termo micose significa uma lesão causada por fungo. Então, nesse caso, micoses subcutâneas, 
correspondem a infecções fúngicas no tecido subcutânea, na porção subcutânea. 
x Para relembrar, essa porção subcutânea está localizada abaixo da derme. Lesões na hipoderme, são caracterizadas como 
micoses subcutâneas. 
x Como o fungo consegue atingir essas porções subcutâneas e provocar esse processo infeccioso? Nessas lesões subcutâneas, 
o processo de infecção, vai ocorrer comumente a partir de traumatismos, de eventos traumáticos e esses eventos, estarão 
associados a perfurações por espinhos ou materiais contaminados por esses fungos. 
x Então, o indivíduo é exposto a algum evento traumático, ele sofre uma lesão por determinado elemento que contenha o 
fungo e, dessa forma, o fungo consegue atingir a porção subcutânea e desencadear o processo de infecção, ou seja, dá origem 
a uma micose subcutânea. 
x Esses agentes das micoses subcutâneas, geralmente apresentam baixo potencial patogênico, geralmente eles não se 
disseminam pelos vasos sanguíneos, nem linfáticos, comumente ficam restritos na área de lesão inicial. 
x Esses tipos de fungos associados as micoses subcutâneas, são encontrados no solo, na madeira e também em vegetação em 
decomposição. Então, é bastante comum e fácil, que determinado indivíduo que esteja nesses ambientes estejam mais 
susceptíveis a sofrer um evento traumático e adquirir uma infecção fúngica. 
x Essas lesões subcutâneas, se caracterizam pela presença de áreas endurecidas, nodulares, crostosas e ulceradas. Que não 
cicatrizam e periodicamente produzem exsudação. 
x Os MMII, sobretudo os pés, são muitas vezes comprometidos, visto que seu contato com espinhos e outros vegetais é mais 
frequente. 
x Tipos de micoses subcutâneas: 
o Esporotricose linfocutânea: 
- Agente etiológico: Sporothrix schenckii, fungo dimórfico (pode se apresentar na forma de hífa e também na forma de 
leveduriforme) presente no solo e na vegetação em decomposição. 
- Nos tecidos, este fungo apresenta-se na forma de leveduriforme. Digamos que é solicitada uma biópsia, nela vai ser 
capaz de identifica a forma leveduriforme. 
- Ela é geralmente esporádica e comum em climas mais quentes. As principais áreas endêmicas estão no Japão e na 
América do Norte e do Sul. 
- A infecção clássica está relacionada com a inoculação traumática de solo, vegetais ou matérias orgânicas contaminada. 
- Essa micose também pode ocorrer mediante uma transmissão zoonótica, vai envolver os gatos. Então, o gato pode se 
apresentar como um veículo capaz de transmitir esse fungo para o homem. Muitas vezes os gatos adquirem a 
esporotricose e mediante esse tipo de infecção, também vai ser um agente capaz de transmitir ao homem. 
 
- Essas lesões vão está associadas a presença de nódulos, esses nódulos podem apresentar um aspecto verrugoso. Pode 
ser também um nódulo que está num processo de ulceração. Esses nódulos podem ser identificados tanto no local onde 
ocorreu o evento traumático inicial, que acabou funcionando como porta de entrada para o fungo, como também pode 
identificar esses nódulos ao longo dos vasos linfáticos que drenam o sítio primário da inoculação. 
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- Nessa situação, podemos observar 2 cenários: um indivíduo que pode apresentar lesões nodulares localizadas ou 
também, pode apresentar vários nódulos ao longo dos vasos. 
- De certa forma, é como se fosse uma forma disseminada, pois percebemos os nódulos não somente na lesão inicial. 
- Tudo parte inicialmente de um evento traumático, em que se tem a lesão de determinada área do corpo e, através desse 
processo o fungo tem uma porta de entrada e consegue atingir a porção subcutânea. A partir disso, tem a formação de 
um nódulo pequeno nessa área, que pode ulcerar. Em algumas situações, esse nódulo não fica restrito apenas a região 
inicial, em torno de 2 semanas posteriores, é possível identificar uma cadeia linear de nódulos linfáticos indolores, ou 
seja, uma sequencia de nódulos linfáticos que estão presentes ao longo dos vasos que drenam aquela área inicial da lesão. 
A partir disso, pode posteriormente ter situações de ulcerações desses nódulos e consequentemente, liberação de pús. 
 
- O diagnóstico definitivo usualmente vai requerer cultura, que pode ser tanto do pus liberado, quanto do tecido 
infectado. O médico deve solicitar a cultura desse material, justamente para que se tenha o isolamento e identificação 
do fungo. 
- O S. schenkii cresce em torno de 2 a 5 dias em uma variedade de meios de cultura e aparece como leveduras com 
brotamento a 35ºC e como fungo filamentoso a 25ºC. 
- Quando essas hifas estão semeadas, em meio de cultura específico para fungos, observa-se a formação de uma grande 
colônia fúngica, que tem um aspecto esponjoso/aveludado, parece um tapete de veludo em cima do meio de cultura. 
- Já distingue bastante esse crescimento, quando o S. schenkii está na forma leveduriforme, porque nessa forma, no 
microscópio (no exame direto), ele é identificado como essas leveduras que apresentam brotamentos a 35ºC. Já quando 
faz o cultivo no meio de cultura, observa a formação de colônias que apresentam o aspecto mucoide. É o mesmo tipo de 
fungo, só que sob temperaturas diferentes, eles acabam assumindo formas diferentes. 
 
o Cromoblastomicose (cromomicose): 
- Causada por fungos pigmentados dos gêneros: Fonsecaea, Cladosporium, Exophiala, Cladophialophora, Rhinocladiella e 
Phialophora. 
- São fungos demáceos (pigmentados naturalmente), capazes de produzir diferentes formas quando crescem em cultura. 
Ou seja, quando realizo análise direta, vou analisar a imagem microscópica desse fungo, eu não preciso adicionar 
nenhum tipo de corante, porque ele já se apresenta com uma coloração acastanhado, marrom. 
- São apresentadas como células muriformes, por possuíram uma coloração acastanhadas e também, septações 
internas. As células fúngicas podem estar livres no tecido ou no interior de macrófagos. 
- Esses fungos crescem em plantas silvestres e no solo. 
- A maioria das infecções está associada à exposição ocupacional. O indivíduo mediante a algum trabalho acaba tendo 
contato com essas plantas ou solo contaminado e está susceptível a eventos traumáticos. 
- Atinge principalmente pernas e braços, podendo ser também verificada no ombro, pescoço, tronco, nádegas, face e 
orelha. 
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- Esse tipo de micose é caracterizado pelo desenvolvimento de nódulos ou placas verrucosas de crescimento lento.
 
- Observa a presença de vários e vários nódulos. 
- Na literatura, é apresentada como micose em formato de couve flor, porque em muitas das vezes essas lesões 
apresentam um aspecto verrucoso de couve flor. 
- As placas assim como as verrugas, tem o crescimento lento e progressivo. 
- As lesões iniciais são pequenas pápulas verrucosas, que aumentam lentamente. 
- As infecções estabelecidas se apresentam com múltiplas verrugas grandes, agrupadas na mesma região. 
 
- Ulceração e formação de cisto podem ocorrer. 
- As lesões grandes não apresentam hiperqueratose (espaçamento do extrato córneo), e o membro é grosseiramente 
distorcido devido à fibrose e ao linfoedema secundário. 
- Infecção bacteriana secundária pode ocorrer, visto que o processo de ulceração pode contribuir para a instalação de 
bactérias naquela área e contribui para uma linfoadenite regional (infecções nos vasos linfáticos locais), linfoestase 
(interrupção do transporte de linfa naquela área). O paciente acaba desenvolvendo um quadro clínico bastante 
semelhante ao caso de elefantíase. 
 
- O diagnóstico laboratorial compreende: a apresentação clínica (o médico deve atentar para as características 
específicas dessas lesões), exames diretos, exames de cultura, esses últimos 2 vão envolver os achados da raspagem da 
superfície das lesões verrugosas. 
- O tratamento com terapia antifúngica específica (nessa situaçãode cromoblastomicose avançada) é, muitas vezes 
ineficaz, devido ao estágio avançado da infecção no momento da apresentação e isso pode trazer sequelas, em virtude 
do processo infeccioso. 
 
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o Micetoma eumicótico: 
- Causado por fungos dos gêneros: Phaeoacremiu, Curvularia, Fusarium, Madurella, Exophiala, Leptosphaeria e espécies 
de Scedosporium (principalmente a S. Apiospermum). 
- Caracterizado pela formação de múltiplos granulomas e abscessos que contêm grandes agregados de hifas fúngicas, 
conhecidos como grânulos ou grãos. 
 
- Os abscessos drenam externamente através da pele, muitas vezes com eliminação de grânulos fúngicos, ou seja, 
daqueles agregados de hifas. 
- O processo pode ser bastante extenso, atingindo grandes proporções do órgão e também, deformativo. 
 
- O pé e a mão são as partes mais atingidas, mas também são verificadas infecções no ombro e tórax. 
- Os pacientes são infectados a partir de fontes na natureza, via implantação percutânea traumática do agente etiológico. 
- A lesão inicial é um nódulo ou placa subcutânea pequena e indolor, que aumenta lenta, mas progressivamente, em 
tamanho. 
 
- Nas micoses subcutâneas, a gente consegue observar esse processo de progressão lenta e também que permite a 
propagação do fungo naquela região. 
- A área afetada se torna desfigurada como resultado da inflamação crônica e da fibrose. 
- No início, podemos observar a formação de um nódulo grande, de múltiplos granulomas, com processos de ulceração 
em que tá ocorrendo a presença de abcessos e o também, o acontecimento de intensa fibrose nessa área, juntamente 
com uma inflamação crônica. 
- Diagnóstico: identificação microscópica dos grãos/grânulos fúngicos, solicita exames direto (corresponde aos exames 
microscópicos de porções ou raspagens), cultura para isolamento e identificação fúngica, e também, a biópsia tecidual, 
onde vai ser encontrado os agregados de hifas. 
 
o Zigomicose subcutâmea: 
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- Causada por zigomicetos da orgem Entomophtorales: Conidiobolus coronatus e Basidiobolus ranarum; 
- As hifas são escassas. 
- A resposta inflamatória é granulomatosa e rica em eosinófilos. 
- Estes fungos são saprófitos (obtém seu alimento a partir de matéria em decomposição), presentes nas folhas e detritos 
vegetais, são nesses compostos que eles por absorção, conseguem seus nutrientes. 
- A infecção por Basidiobolus ranarum acontece após a implantação traumática do fungo nos tecidos subcutâneos das 
coxas, nádegas e tronco. Atinge principalmente crianças. 
- O paciente apresenta massas discoides, flexíveis, geralmente grandes, localizadas no ombro, pelve, quadris e coxas. 
- As massas posem de expandir e ulcerar. 
 
- A infecção por Conidiobolus coronatus ocorre após a inalação dos esporos fúngicos. Invasão dos tecidos da cavidade 
nasal (seios paranasais) e em tecidos moles faciais. Principalmente em jovens adultos. Atinge também, a área rinofacial. 
- Nesse caso, não tem evento traumático, não se tem lesão que permite a entrada do fungo. Nessa situação, o fungo 
penetra por inalação. 
- Geralmente, só é diagnosticada após a tumefação evidente da parte superior do lábio ou face. 
 
- O processo de tumefação (elevação dessas partes) é firme e indolor e pode progredir lentamente envolvendo a ponte 
nasal e a parte superior e inferior da face, incluindo a órbita. 
- Consequentemente, esses indivíduos apresentam deformidade facial. 
- Diagnóstico: vai envolver aspectos clínicos desse processo de tumefação (vai ser bem evidente), exame direto, biópsia 
tecidual e na biópsia vai ser identificado sedimentos, fragmentos de hifas rodeados por conteúdos eosinofílicos; cultura. 
- Provoca uma lesão granulomatosa que contém uma grande quantidade de eosinófilos.

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