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escrita, uma dupla faz referência à atualidade do texto, assim se colocando: Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 06278 O texto de Freire é muito atual pelo que estamos vivendo na nossa educação, pois muitos professores continuam pensando que na alfabetização precisa-se fazer repetições silábicas. Nós educadores e educandos devemos começar a avaliar que a importância de ler está na compreensão de como encaramos essa prática para que dessa maneira se transforme em uma prática consciente (D6). A leitura do texto assumiu feições significativas para alguns estudantes que consideraram a possibilidade de estarem, finalmente, aptos a fazerem a leitura autêntica de texto, compreendida como o verdadeiro ato de estudar, ensaiando a ruptura com o paradigma de que a condição de universitários é correspondente à condição de leitores proficientes, fato que nem sempre se conforma como correspondente. Esse entendimento emergiu da compreensão de que o estudo do texto lhes permitiu situar-se na condição de alfabetizados. Palavras ressoaram em nossos corações. (...) Este texto transpirou em nosso ser. Uma quebra de orgulhos, nos tornamos alfabetizandas outra vez, início, renovar, aprender, um recomeçar, um novo [modo de] ver o mundo, deixar fluir novas concepções, começar do zero. É tão bonito quando nos colocamos a disposição do modificar, da humildade de estudantes que buscam o verdadeiro ato de estudar. Freire com suas vivências e com suas palavras singelas nos alcançou e nos tirou de um verdadeiro paradigma que trazíamos desde tempos, estamos abertas chegou a hora de ler! (D5). A leitura, feita pelos estudantes, de que o texto de Paulo Freire ressoou em seus corpos e mentes, fazendo transbordar a renovação, a reinvenção, o recomeço de novos processos de leiturização do mundo, nos leva a considerar que escolher e propor leituras e metodologias de leitura na sala de aula no ensino superior, passa pela construção de significados na busca esperançosamente crítica por uma sociedade pautada na ética do bem comum. A título de considerações finais Lançando mão das contribuições de Paulo Freire para iluminar futuras pesquisas, tomamos para nós a tarefa não de reproduzi-lo, mas de reiventá-lo. Assim, encontramos que busca de coerência entre o escrito e o compreendido se constitui como leitura autêntica; que a função social da leitura abarca a releitura de mundo, pela mediação da sincronicidade literária, entendida como construção de significados. Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 06279 O Ciclo do conhecimento de Paulo Freire foi utilizado como lente de leitura da prática: ensinar, aprender e pesquisar lidam com os dois momentos do ciclo do conhecimento – o momento da produção de um conhecimento novo e o momento em que o conhecimento produzido é conhecido ou percebido. Analisar a compreensão e produção dos estudantes com e a partir da análise do texto A importância do ato de Ler, de Paulo Freire, foi o objetivo geral deste estudo. Além disso, buscamos perceber os sentidos e as marcas pessoais que o texto imprimiu na formação de futuros pedagogos, a partir de seus posicionamentos. Em diálogo com o autor, os/as estudantes expressaram na unidade de escrita “Apreciação Pessoal”, que a leitura autêntica se constitui como busca de coerência entre o escrito e o compreendido. Fazer uma leitura autêntica significa produzir conhecimento e desenvolver uma visão crítica, fazer a leitura do vivido, percebido como algo que nos move a ver, sentir, indagar, fazendo dessa inquietação uma produção de sentidos. A compreensão autêntica do texto passa pela necessidade entender o que o autor do texto se dispôs a desvelar por meio de sua escrita. Significa investigar a mensagem que ele concebeu como significativa para revelá-la ao mundo. Nesse sentido, para os estudantes, leitura é ato de conhecimento, desvela, desanuvia e revela o mundo. Para tanto, reconhecem que essa leitura precisa ser trabalhada com ênfase na curiosidade, que a leitura da palavra revela um mundo que até então estava escondido e que a partir da leitura do mundo, conseguimos ter uma compreensão verdadeira da palavra. A compreensão de que educação como ato político, é decorrente da busca curiosamente crítica e do interesse de quem lê, numa perspectiva contextualizada. Por decorrência, a leitura se constitui fonte de prazer, a exemplo da opinião revelada pelos estudantes acerca do texto “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire. O papel social da leitura, na forma como os estudantes percebem, remete à compreensão de que sincronicidade entre o que se ler e o que se vive/u; que a leitura contribui para a transformação de pessoas, em termos da formação de sua autonomia e, de forma mais ampliada, a leitura contribui para a sociedade “dita do conhecimento”. A sincronicidade que a leitura proporciona se materializa pela significação do que está à nossa volta, pois inclui experiências na interpretação no ato de ler. Este argumento dos estudantes encontra sustentação em Freire (2001), ao afirmar que a leitura pressupõe buscar na memória imagens relacionadas com o assunto. Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 06280 A contemporaneidade do texto, segundo os estudantes, corrobora com a atual compreensão do processo de alfabetização para além de repetições silábicas; uma prática consciente, melhorando a condição dos alunos e sua visão de mundo. Para tanto, faz-se necessário compreender a palavra escrita, a linguagem, as relações do contexto, fazendo a relação entre leitura do mundo e leitura da palavra. A leitura autêntica de texto, compreendida como o verdadeiro ato de estudar, ensaia a ruptura com o paradigma de que a condição de universitários é correspondente à condição de leitores proficientes, fato que nem sempre se conforma como correspondente. Esse entendimento é decorrente da compreensão de que o estudo do texto lhes permitiu situar-se na condição de “verdadeiros alfabetizados”. A leitura do texto de Paulo Freire suscitou renovações quanto ao modo dos estudantes se posicionarem diante do mundo e que a reinvenção de processos de leiturização do mundo passa pela construção de significados, também, do ato de escolher e propor leituras em sala de aula no ensino superior. Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 19. ed. Lisboa/Portugal: Edições 70, 2008. CHARLOT, Bernard. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v. 11 n. 31 jan./abr. 2006. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. _____. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 42.ed. São Paulo: Cortez, 2001. (Questões da nossa época, 13). _____. Educação Como Prática da Liberdade. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. HÜHNE, L. M. O ato de estudar. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia científica: cadernos de textos e técnicas. 5. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1992. p. 13-19. (Apresentação a partir do texto de Paulo Freire). SHÖR, Ira; FREIRE, Paulo. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 06281