Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PENAL APLICADO 7º Semestre PROF: ANNA CECÍLIA SANTOS CHAVES SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 4 2. PROCESSOS INCIDENTES 4 3. QUESTÕES 6 3.1 QUESTÕES PRÉVIAS 6 3.2 QUESTÕES PRELIMINARES 6 3.3 QUESTÕES PREJUDICIAIS 7 3.4 PROCESSAMENTO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS 10 4. EXCEÇÕES 12 4.1 CONCEITO 12 4.2 ESPÉCIES DE EXCEÇÕES (ART 95 DO C.P.P) 12 4.3 EFEITOS QUE INCIDEM NO PROCESSO 13 4.4 QUANTO À MATÉRIA IMPUGNADA NA DEMANDA 13 4.5 QUANTO À FORMA DE PROCESSAMENTO DAS EXCEÇÕES 13 4.6 ESPÉCIES DE EXCEÇÕES E SEUS PROCEDIMENTOS 14 4.6.1 EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO (ART 95, I DO C.P.P) 14 4.6.1.1 INTRODUÇÃO 14 4.6.1.2. ARGUIÇÃO 15 4.6.1.3. PETIÇÃO 16 4.6.1.4. PROCEDIMENTO 16 4.6.2 EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO (ART. 95, II, CPP) 18 4.6.2.1. INTRODUÇÃO 18 4.6.2.2. ARGUIÇÃO DA INCOMPETÊNCIA 19 4.6.2.3. PROCEDIMENTO 21 4.6.2.4. RECURSO 21 4.6.2.5. EFEITOS 22 4.6.3. EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA 23 4.6.3.1. INTRODUÇÃO 23 4.6.3.2. ARGUIÇÃO 24 4.6.3.3. PROCEDIMENTO 24 4.6.3.4. RECURSOS 24 4.6.4. EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DA PARTE 24 4.6.4.1. INTRODUÇÃO 25 4.6.4.2. PROCEDIMENTO 25 4.6.4.3. EFEITOS DO RECONHECIMENTO 25 1 4.6.4.4. RECURSOS 25 4.6.5. EXCEÇÃO DE COISA JULGADA 26 4.6.5.1. INTRODUÇÃO 26 4.6.5.2. COISA JULGADA ABSOLUTA/SOBERANA OU SOBERANAMENTE JULGADA 26 4.6.5.3. COISA JULGADA MATERIAL RELATIVA 27 4.6.5.4. REQUISITOS 27 4.6.5.5. PROCEDIMENTO 27 4.6.5.6. RECURSOS 28 4.6.5.7. EFEITOS 29 5. INCIDENTE 29 5.1 INCIDENTE DE FALSIDADE DOCUMENTAL (ART. 145 A 148, CPP) 29 5.1.1. INTRODUÇÃO 29 5.1.2. ESPÉCIES DE DOCUMENTOS 30 5.1.3. LEGITIMADOS 30 5.1.4. PROCEDIMENTO DO INCIDENTE 31 5.1.5. RECURSOS 32 5.1.6. EFEITOS 33 5.2 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (ART. 149 A 154, CPP) 34 5.2.1. INTRODUÇÃO 34 5.2.2. LEGITIMADOS 35 5.2.3. PROCEDIMENTO DO INCIDENTE 36 5.2.4. RECURSO 38 5.2.5. INSANIDADE QUE SE MANIFESTA NO CURSO DA EXECUÇÃO DA PENA 39 QUESTÕES PARA ESTUDAR A1 39 APS 46 5.2.5. INSANIDADE SUPERVENIENTE 46 6. PRISÕES 47 6.1 INTRODUÇÃO 47 6.2 CONCEITO 47 6.3 PRISÃO CAUTELAR OU PRISÃO PROCESSUAL 48 6.3.1. MODALIDADES 48 6.3.2. FORMALIDADES E EXECUÇÃO 48 6.3.3. RESTRIÇÃO E INVIOLABILIDADE DOMICILIAR 50 6.4 PRISÃO EM PERSEGUIÇÃO 51 6.4.1. PRISÃO EM TERRITÓRIO DIVERSO DA ATUAÇÃO JUDICIAL 52 6.5 PRISÃO EM FLAGRANTE 53 6.5.1. CONCEITO 54 2 6.5.2. NATUREZA JURÍDICA 54 6.5.3. ESPÉCIES DE FLAGRANTE 54 6.5.3.1. FLAGRANTE PRÓPRIO 54 6.5.3.2. FLAGRANTE IMPRÓPRIO 55 6.5.3.3. FLAGRANTE PRESUMIDO 55 6.5.3.4. FLAGRANTE COMPULSÓRIO 56 6.5.3.5. FLAGRANTE FACULTATIVO 56 6.5.3.6. FLAGRANTE ESPERADA 57 3 Dia 02/03/2020 Questões e processos incidentes (art. 92 e seguintes do CPP) 1. INTRODUÇÃO Conjunto de questões prejudiciais e procedimentos incidentais em sentido genérico. São questões que sobrevêm no curso de um procedimento, devendo ser solucionadas pelo poder judiciário antes da decisão da causa principal. Elas quebram a normalidade procedimental, pois são paralelas à questão de mérito (ex.: crime de bigamia). Estes dividem-se em: a) Questões prejudiciais; b) Processos incidentais. 2. PROCESSOS INCIDENTES São procedimentos independentes, pois tem seu trâmite previsto. Os processos incidentes são ajuizados no mesmo juízo da ação principal, porém, a tramitação ocorre em separado. O processo incidente surge de uma ação principal, porém, possui tramitação em separado, tendo também seu rito, ou seja, autonomia procedimental. Estes autos serão apensados ao processo principal quando a dúvida for solucionada. 2.1 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO INCIDENTE 4 a) Sequencialidade: Se trata de um conjunto de atos praticados em sequência já definida pelo legislador; b) Dependência: A existência do processo incidente é subordinada à existência do processo incidente; c) Sumariedade: Procedimento abreviado, ou seja, mais célere; d) Especialidade: Pois seu rito é definido de maneira específica; e) Simplicidade : Preferência por uma solução não burocrática (quando possível) sendo o juiz autorizado a resolver de plano a controvérsia incidente, sem a necessidade da sua autuação em apartado. isso se justificará quando o juiz sentir-se apto a solucionar a controvérsia, não havendo sentido de dilação probatória; f) Celeridade : precisa ser célere pois não se trata da controvérsia principal do processo. 3. QUESTÕES Trata-se do ponto controvertido acerca do qual ocorre a justaposição de interesses contrários. As questões prévias referem-se ao momento em que a questão é suscitada e deve ser dirimida (antes do mérito, portanto). Subdivide-se em questões preliminares (processual) e questões prejudiciais (integram o mérito, ou seja, a matéria em si). As questões prejudiciais referem-se à questões de infrações penais ou extrapenais (civil). 5 3.1 QUESTÕES PRÉVIAS A palavra prévia refere-se ao momento em que surge questão e o momento que deve ser dirimida. Esta surge antes da análise do mérito. 3.2 QUESTÕES PRELIMINARES São questões de ordem processuais; - Dependem da existência de um processo principal; - Não há possibilidade de um processo autônomo para apreciar a matéria que se caracterize como preliminar de conhecimento do mérito de ação penal condenatória; - A falta de seu exame constituirá óbice para que seja julgado o mérito; - Referem-se ao pressupostos processuais (capacidade, competência), as condições da ação(Legitimidade, possibilidade jurídica, interesse de agir, condição de procedibilidade); 3.3 QUESTÕES PREJUDICIAIS a) CONCEITO: - S ão parte do mérito (direito material) podendo estar ligada a infração penal ou a algum componente extra penal. 6 - Questão prejudicial pode versar sobre uma infração penal ou relação jurídica civil cuja existência ou inexistência condicionará o próprio existir da infração penal que está sob julgamento do juiz (Artigo 161, parágrafo 1º, inciso II do CP) b) CARACTERÍSTICAS: - A questão prejudicial será sempre uma valoração jurídica a ser julgada antes do mérito; - A solução da questão prejudicial irá recairsobre a existência ou inexistência do crime que figura com o objeto do processo; - Consiste em infração penal ou controvérsia de natureza civil cujo a solução é indispensável ao julgamento do mérito; - As questões prejudiciais podem paralisar o exame da questão principal, ou seja, suspender o processo enquanto não foram solucionadas. c) ESPÉCIES DE QUESTÕES PREJUDICIAIS: - Homogéneas : Refere-se a natureza da matéria, quando esta for penal; - Heterogêneas : Quando dizer respeito a outro ramo do Direito (Extra penal); - Total: Diz respeito à existência ou não do delito; - Parciais : Diz respeito às circunstâncias relativas a infração; - Devolutivas : Quando a apreciação da questão prejudicial competir a juizo extra penal (Heterogéneas) . 7 - Não devolutivas: Quando for julgada pelo próprio juízo penal; - Obrigatórias : Vão impor a suspensão do processo criminal, enquanto se aguarda a decisão a ser proferida pelo juízo cível (Artigo 92, CPP) - Extra penal; - Facultativas: Permitem ao juízo criminal, seguindo seus critérios de razoabilidade suspender o feito aguardando a solução em outra esfera (Artigo 93 do CPP). OBS: As questões prejudiciais de natureza não penal são regradas pelos artigos 92 a 94 do Código de Processo Penal e que envolvem a possibilidade de suspensão do processo não são autuados em apenso a ação penal, eis que são demandas de natureza extrapenal cuja competência será do juízo respectivo. a) PRESSUPOSTOS PARA O RECONHECIMENTO DE QUESTÃO PREJUDICIAL OBRIGATÓRIA (ARTIGO 92 DO CP) - Devolutivas absolutas; - Ajuizada a ação penal condenatória na esfera criminal e dependendo, extra de pronunciamento prévio sobre estado civil das pessoas impreterivelmente a matéria será entregue(devolvida) ao juízo cível (extra penal) ; - Estado civil é o conjunto de qualidades que decorrem da cidadania das relações de parentesco e de direitos individuais fundamentais.( Exemplo: idade, casamento, união estável, concubinato de parentesco, noções de cidadania em sentido ampla como profissão, alistamento militar, condição de eleitor, condição de indígena, exercício de Direitos políticos e etc) (Realizar leitura do HC 77278 de 28\08\98) 8 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/34041/habeas-corpus-hc-61212-pa-2006-0 132736-4/inteiro-teor-100041164 b) PRESSUPOSTOS PARA RECONHECIMENTO DE PREJUDICIAL FACULTATIVA - O juiz poderá resolver sem a remessa para o juízo extra penal e sem a suspensão do processo ou reconhecer a prejudicialidade e remeter a questão ao juízo extrapenal, paralisando o processo. Dia 09/03/2020 3.4 PROCESSAMENTO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS a) Pressupostos para reconhecimento das obrigatórias: Encontra-se nos moldes do Artigo 92 do Código de Processo Penal (sobre o estado cívil); b) Pressupostos para reconhecimento das facultativas: são duas as opções do juízo: I) Reconhecer a prejudicialidade e remeter a matéria ao juízo cível ; II) Julgar a matéria de natureza extrapenal (exemplo: Esbulho possessório) . - O prazo de suspensão do processo principal deverá obedecer o prazo determinado pelo juízo criminal, que poderá prorrogá-lo por uma vez que 9 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/34041/habeas-corpus-hc-61212-pa-2006-0132736-4/inteiro-teor-100041164 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/34041/habeas-corpus-hc-61212-pa-2006-0132736-4/inteiro-teor-100041164 quando expirado sem decisão do juízo cível o juízo criminal fará prosseguir o processo e retomará a competência para resolver toda a matéria de acusação e defesa (inclusive a de natureza extrapenal). Obs: Incompetência funcional é como fica o juiz no prazo da suspensão) - A devolução da matéria, nas prejudiciais facultativas, será simbólica, pois já existirá uma ação cível em curso versando sobre esta controvérsia. - Poderá o juízo criminal produzir provas urgentes mesmo durante o prazo de suspensão da ação penal, isso será válido para as questões prejudiciais facultativas e obrigatórias. OBSERVAÇÕES FINAIS - Tanto na obrigatória, como na facultativa, o juízo poderá suspender a ação principal de ofício ou a requerimento das partes (art. 94, CPP); - Não caberá prejudicialidade no curso de inquérito policial. - A imputabilidade em razão de doença mental não dirá respeito a estado civil de pessoas. ATENÇÃO! Durante o tempo em que estiver pendente a solução de questão prejudicial no juízo cível, o prazo prescricional ficará suspenso (art. 116, I, CP). O MP poderá (no caso de ação penal pública): a) Nas obrigatórias: promover a ação civil ou intervir do modo a lhe conferir maior celeridade; b) Nas facultativas: o MP intervirá para imprimir maior celeridade. 10 Vinculação temática: uma vez prolatada a decisão no juízo cível, o juiz do processo criminal ficará adstrito àquela decisão. Isso vale tanto para as obrigatórias, como também para as facultativas. Haverá nulidade absoluta em caso de não reconhecimento de prejudicial obrigatória. ATENÇÃO: RECURSOS! O despacho que nega a suspensão do processo criminal é irrecorrível. No entanto, a doutrina entende ser cabível H.C. Há também a possibilidade de manejo do expediente da correição parcial (administrativo). Para a acusação, entende-se possível o manejo de M.S. Na outra via, para questionar decisão do juízo que suspender a ação penal (natureza de interlocutória simples) caberá RESE (art. 581, XVI, CPP). 4. EXCEÇÕES 4.1 CONCEITO Trata-se de uma forma de defesa por meio da qual a acusada objetiva a extinção do processo sem o julgamento do mérito ou apenas a procrastinação do feito. 11 4.2 ESPÉCIES DE EXCEÇÕES (ART 95 DO C.P.P) a) suspeição; b) incompetência; c) ilegitimidade da parte; d) litispendência; e) coisa julgada. 4.3 EFEITOS QUE INCIDEM NO PROCESSO a) Peremptórias: Extinguem o processo sem o julgamento do mérito; b) Dilatórias: São aquelas que produzem o efeito de estender o tempo de duração do processo(procrastinação). 4.4 QUANTO À MATÉRIA IMPUGNADA NA DEMANDA a) Processuais:suspeição, incompetência por exemplo; b) Materiais e procedimentais que se divide em: - Defesa direta de mérito: tipicidade, ilicitude, culpabilidade; - Defesa indireta de mérito: Aduzem fatos extintivos modificativos ou impeditivos ao exercício do direitos do titular da ação. 12 4.5 QUANTO À FORMA DE PROCESSAMENTO DAS EXCEÇÕES a) Interna: É aquela apresentada nos mesmo autos da demanda condenatória sem formação de autos apartados; b) Instrumental: É aquela autuada em apartados (Artigo 111 do C.P.P) 4.6 ESPÉCIES DE EXCEÇÕES E SEUS PROCEDIMENTOS 4.6.1 EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO (ART 95, I DO C.P.P) 4.6.1.1 INTRODUÇÃO O princípio constitucional do juiz natural impõe que o juiz seja imparcial, que ele possa julgar a causa com a isenção e neutralidade necessária afim de não pender para nenhum dos lados, decidindo de acordo com os estreitos fins da justiça, com o exato teor da lei. Quando o juiz, ou outros atores da relação processual, perde essa isenção necessária, é possível que seja arguida essa suspeição. Isso pode ser feito de ofício (declina, remetendo o feito ao juiz substituto). Caso essa circunstância, que pode ser de ordem objetiva ou subjetiva, que tire essa neutralidade, se faça presente e o juiz não reconheça de ofício, as partes podem suscitar, provocando o exame de sua imparcialidade através da arguição de suspeição (art. 95, I, CPP). 13 A suspeição poderá versar também sobre situações que ensejam impedimento e incompatibilidade. É necessária a observação de 2 importantes regras: a) A suspeição por vínculo de parentesco cessará com a dissolução do casamento, salvo se existirem dependentes; b) Ainda que dissolvido o casamento, o impedimento do juiz, sem descendentes, persistirá em relação à sogra, padrasto, cunhado, genro ou enteado. A suspeição não poderá ser declarada, nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz, ou de propósito der motivo a criá-la (art. 256, CPP). Ninguém poderá se beneficiar da própria torpeza (venire contra factum proprium). A exceção de suspeição precede a análise das demais exceções (art. 96, CPP). 4.6.1.2. ARGUIÇÃO Poderão ser exceptos: a) suspeição do magistrado (art. 252, 254, CPP) (art. 98, CPP); b) suspeição do órgão do MP (art. 258, parte final do dispositivo, CPP) (art. 104, CPP); c) Peritos, serventuários da Justiça, funcionários da justiça e intérpretes (art. 281, 280, 252, 254 e 274, CPP) (art. 105, CPP); 14 d) Jurados (art. 448 e 449, CPP) As causas estão previstas nos arts. 252 e 254 do CPP. ATENÇÃO! A exceção não poderá ser arguida perante o delegado de polícia. Possível, contudo, recurso administrativo ao chefe de polícia. Ainda, o delegado poderá, ex officio, reconhecer a sua suspeição. A arguição de suspeição pode se dar ex officio (art. 97, CPP), ou pelas partes, por meio da exceção. O procurador também poderá arguir a exceção, desde que esteja investido de poderes especiais. O assistente do MP, embora não conste do rol, poderá arguir a suspeição (art. 27, CPP), conforme entendimento doutrinário. Dia 23/03/2020 4.6.1.3. PETIÇÃO O peticionamento, segundo o CPP, deverá ser fundamentada, com uma justa razão, e que sejam apresentadas provas para fundamentar a alegação, sempre que possível e quando se mostrar necessário (o fato não for público e notório). Deve ser assinada pela própria parte ou por seu procurador (com poderes especiais específicos – condição sine qua non). É possível, também, apresentar o rol de testemunhas como forma de fazer prova (art. 98, CPP). **Não tem prazo para apresentar a petição e deve ser escrita Artt 470 cpp (júri) 15 4.6.1.4. PROCEDIMENTO Dentro do conceito de suspeição, o CPP também coloca os conceitos de impedimentos e incompatibilidades. Em ambas as hipóteses, o meio de questionamento será pela exceção de suspeição. Entende-se por suspeição todas as circunstâncias, objetivas e subjetivas, que retirem do juiz a sua necessária isenção (neutralidade). “ Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.” Distinção entre suspeição, incompatibilidade e impedimento: - Suspeição: Condição de ordem subjetiva, pode ser vinculo afetivo, inimizade capital, etc. Art 254 CPP - Incompatibilidade: Cargo ou funções que não podem ser desempenhadas simultaneamente pela mesma pessoa ou no mesmo processo. Art 254 inciso 6ª - Impedimento: Obstáculo, proibição que são condições que retiram a imparcialidade do magistrado. A. 254, VI, CPP **Tira a necessária isenção: sujeito precisa ser neutro (MP, etc) Apresentada a exceção, o juiz tem duas possibilidades. A primeira, será reconhecida por ele a sua suspeição (ele foi provocado e ele reconhece), 16 suspendendo a marcha processual e remetendo os autos para o juiz substituto, intimando, por fim, as partes da sua decisão (ele declina) (art. 99, CPP). Essa decisão não será passível de ser questionada por recurso, de acordo com o art. 581, III, CPP. No segundo caso, não se reconhecendo suspeito o juiz, este irá ordenar a exceção apresentada seja autuada em apartado (separadamente da ação principal). O juiz oferecerá sua resposta no prazo de 3 dias, rebatendo os argumentos, podendo ele, quando da resposta, instrui-la com documentos e testemunhas. A exceção será decidida pelo órgão superior (TJ), devendo a remessa ocorrer no prazo de 24h, após a resposta do juiz. A arguição de suspeição não acarreta a suspensão dos autos principais. A exceção é autuada em apartado justamente para permitir que os autos principais siga a sua marcha. Contudo, o juiz tem a faculdade de paralisar o processo, desde que haja requerimentodas partes. CONSEQUÊNCIAS: a) Se o TJ reconhece procedente a arguição de suspeição: Os atos praticados no processo principal desde o surgimento da suspeição será NULO. Art 101 e 564, I, CPP. O juiz precisará remeter o autos para o juiz substituto; b) Se o TJ entende por improcedente a exceção arguida: O processo continua no processo principal - Se provado que a suspeição for de má fé, ou seja, se o objetivo for afastar o julgador que não era interessante para a parte, poderá ser aplicada uma multa. - 17 4.6.2 EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO (ART. 95, II, CPP) 4.6.2.1. INTRODUÇÃO - declinatoria fori Pode versar tanto com relação à relativa quanto à absoluta, podendo também ser reconhecida de ofício ou por provocação das partes. Não há distinção entre as hipóteses de competência relativa e absoluta no Código, porém, os efeitos são distintos. - Competência absoluta: aquela que não admite prorrogação (quando se tem juízo que inicialmente não era competente e se torna competente para julgamento). Competência em razão da matéria. - Competência relativa: é aquela que admite prorrogação. Competência em razão do local. - Prorrogação: é quando o juízo originariamente incompetente torna-se competente, prorrogando sua competência sobre o caso concreto. 4.6.2.2. ARGUIÇÃO DA INCOMPETÊNCIA - Se dá através de exceção de incompetência do juízo. A lei admite a arguição tanto oralmente quanto por escrito. - A arguição deve ser no prazo da defesa (art. 108, CPP) 18 - A arguição, dada a relevância, pode ser manejada tanto pela acusação quanto pela defesa, devendo ser arguida no momento da primeira manifestação. Dia 30/03/2020 “Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: I - suspeição; II - incompetência de juízo; III - litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa julgada. Em se tratando de incompetência relativa (aquela que admite prorrogação, ou seja, um juízo que inicialmente não era competente se torna competente – há flexibilização nas regras de competência), se não for arguida no prazo da defesa preliminar (momento em que esta deve ser oposta), a consequência será a operação da preclusão. “Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. § 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. § 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente.” 19 Entende-se ser possível ao MP manejar a exceção de incompetência, apesar do dispositivo só dizer respeito à defesa. O MP pode fazê-lo quando da propositura da ação. *Juiz das garantias: juiz que atua na fase preliminar não poderá atuar na fase de conhecimento. *Pacote Anti-Crime “Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.” (desaforamento) Conflito negativo de competência: um diz que é incompetente, remete à outro juízo, mas esse outro juízo também se declara incompetente. Assim, o TJ irá julgar a respeito (instância superior) (tribunal ad quem). 4.6.2.3. PROCEDIMENTO - É direcionada ao próprio juiz da causa. Pode ser tanto oralmente quanto por escrito. Se for verbalmente deverá ser reduzida a termo. - Em regra a autuação se dará em apartado. - Dilação é estender o procedimento. A exceção dilata o procedimento. Oposta a exceção e reconhecida de plano a exceção pelo juiz, não ocorre a dilação do procedimento, por conseguinte. 20 4.6.2.4. RECURSO - Da decisão que julga improcedente a exceção não caberá recurso. - Quando se reconhece procedente, a parte que estiver insatisfeita poderá manejar o RESE (Recurso em sentido estrito). “Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;” 4.6.2.5. EFEITOS Se o juiz julga procedente a exceção, ele remeterá os autos ao juízo competente. “Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. § 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. § 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente. Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.” 21 A inteligência do art. 108 com o art. 567 é somente com relação à incompetência relativa. Se a incompetência for absoluta, todos os atos praticados deverão ser anulados, segundo o interpretação doutrinária. O STF entendeu que se o reconhecimento da incompetência for absoluta, nulo serão todos os atos decisórios, mantendo-se os instrutórios. Os sem conteúdos decisórios, portanto, poderão ser aproveitados. O STJ manifestou-se acerca da incompetência relativa, o qual, quando ocorrer, o efeito se resumirá à remessa dos autos ao juízo competente. Não ocorrerá a invalidação de nenhum ato, devendo todos estes serem ratificados. “Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.” 4.6.3. EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA 4.6.3.1. INTRODUÇÃO Versam sobre amesma causa de pedir (narrativa fática) e a mesma parte ré. É diferente do conceito do CPC, pois deve haver identidade de parte, do pedido e causa. Os requisitos da litispendência no CPP são mais diminutos. A litispendência é uma exceção peremptória, ou seja, se reconhecida, terá como consequência a extinção do processo sem julgamento do mérito. A exceção não caberá para a fase pré-processual (2 inquéritos policiais que tramitam sobre o mesmo fato e tendo como investigado o mesmo sujeito). Nesse caso poderá ser manejado o HC para trancar o segundo inquérito. 22 - Momento do reconhecimento da litispendência: a) Com a citação válida no segundo processo criminal, tem-se a litispendência (integralizada a relação processual); b) Com o despacho de recebimento da inicial acusatória (posição majoritária da doutrina); c) Já há litispendência com o simples manejo da inicial, ou seja, com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime (posição adotada pelo STF). 4.6.3.2. ARGUIÇÃO Pode ser arguida a qualquer momento. Inclusive, o juiz pode declara-la de ofício. 4.6.3.3. PROCEDIMENTO Não suspende o prosseguimento da ação principal. Deve ser oposta perante o juízo da causa. A autuação se dá em apartado, justamente para permitir o prosseguimento da ação principal. O juiz antes de decidir deverá ouvir o parquet e a parte contrária. 4.6.3.4. RECURSOS Não há previsão de recurso no caso de não acolhimento, somente o contrário, caso em que será manejado HC para o trancamento da segunda ação. 23 Cabe o manejo do RESE quando julgada procedente a exceção (art. 581, III). Ainda, caberá apelação caso o juízo reconheça de ofício a litispendência. 4.6.4. EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DA PARTE 4.6.4.1. INTRODUÇÃO A inobservância da legitimidade pode ser ad causam (se refere às condições da ação – amigo da querelante no caso de ação penal privada) ou ad processum (se refere à pressupostos processuais – querelante no caso de ação penal pública quando ainda há o prazo para o MP oferecer a denúncia). 4.6.4.2. PROCEDIMENTO Pode ser arguida à qualquer tempo, podendo ser verbalmente ou por escrito. Se for oposta verbalmente deve ser reduzida à termo. A atuação se dá em apartado e o juiz decide depois de ouvir o MP e a parte contrária. 4.6.4.3. EFEITOS DO RECONHECIMENTO Se for ad causam, também chamada ilegitimatio ad causam, será anulado todo o processo. Caso seja ilegitimatio ad processum (art. 568, CPP), a legitimidade será sanada e os atos serão ratificados. 24 “Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.” 4.6.4.4. RECURSOS - Caberá RESE, nos termos do art. 581, III. - Se o juiz reconhecer de ofício, é possível contestar a decisão à título de apelação. - Se entendeu-se que não há ilegitimidade, o juiz entende que é improcedente a exceção. Não há previsão de recurso neste caso, cabendo manejar, dessa forma, o HC, ou a apelação. 4.6.5. EXCEÇÃO DE COISA JULGADA 4.6.5.1. INTRODUÇÃO É coisa julgada aquela já decidida com a característica da definitividade, aquela decisão já transitada em julgado, decidida definitivamente e imutável (princípio do non bis in idem). A coisa julgada pode ser de duas naturezas, podendo ser formal ou material. Coisa julgada formal é quando se tem um processo que se encerra sem decisão de mérito. A coisa julgada material, por sua vez, é aquela que desemboca numa decisão de mérito, exauridas as possibilidades recursais. 25 - A coisa julgada material se subdivide-se em: 4.6.5.2. COISA JULGADA ABSOLUTA/SOBERANA OU SOBERANAMENTE JULGADA São as sentenças definitivas que não comportam revisão criminal, em razão de o nosso sistema rejeitar qualquer forma de revisão pro societate (só pode ser manejada em favor do réu) (ex.: sentenças absolutória própria e as sentenças declaratórias de extinção da punibilidade, pois o réu já tá na melhor das hipóteses); Dia 06/04/2020 4.6.5.3. COISA JULGADA MATERIAL RELATIVA São sentenças definitivas que admitem revisão criminal, pois há uma possibilidade de melhoria da situação mesmo que já tenha sido coisa julgada (precisa ter os requisitos, como por exemplo prova nova). 4.6.5.4. REQUISITOS Artigo 110 C.P.P a) Só pode ser oposta em face do fato principal da causa, ou seja, o mérito (Por exemplo em crimes de homicídio, o fato principal é o homicídio); b) É preciso que haja uma segunda demanda com a repetição do caso penal (tem a mesma causa de pedir e mesmo acusado); 26 4.6.5.5. PROCEDIMENTO a) O juiz deverá determinar a sua atuação em apartado; b) Deve haver a oitiva da parte contrária e MP; c) O juiz prolata a sua decisão Será feito por manifestação nos autos, conforme o artigo 110 do C.P.P Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada, será observado, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre a exceção de incompetência do juízo. § 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou articulado. § 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver sido objeto da sentença. O magistrado tem por dever averbada a exceção, conforme o artigo 251 do c.p.p. Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. 4.6.5.6. RECURSOS a) Da decisão que julga procedente caberá RESE Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; 27 II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; b) Se o juiz reconhecer de ofício a existência de coisa julgada, caberá APELAÇÃO Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; c) Quando o juiz não acolhe a exceção arguida, ou seja, julga improcedente caberá HC como medida mediato, e apelação com intuito de trancar a presente ação penal. 4.6.5.7. EFEITOS a) Encerramento/extinção da segunda demanda proposta; b) Quando possuir duas ações e não houver a percepção que uma havia transitado e julgado prevalecerá a primeira decisão. E segunda ação não transitada em julgado será considerada nula; 5. INCIDENTE 28 5.1 INCIDENTE DE FALSIDADE DOCUMENTAL (ART. 145 A 148, CPP) 5.1.1. INTRODUÇÃO - Sentido amplo de documento, pois pode-se considerar documento como áudio, foto e não apenas papel gráfico; - A parte poderá manejar incidente de falsidade documental indícios, caso tenha dúvida da veracidade do documento; - Não é obrigatório incidente de falsidade; - A finalidade útil é tirar a prova falsa dos autos do processo. - O juiz poderá dar o peso das provas, em caso concretos o juiz poderá considerar uma testemunha mais relevante do que a prova documental; 5.1.2. ESPÉCIES DE DOCUMENTOS a) Originários: Documento com objetivo de provar, exemplo um contrato; b) Eventuais: Documento não foi produzido para produzir provas, porém poderá servir como prova, exemplo é um áudio enviado com a confissão do crime para o amigo. A característica essencial é a relevância jurídica do escrito, ou seja, independente se é originário ou eventual, mas sim a consequência da prova no ato jurídico. 29 Para que se possa provar contrafação poderá ser utilizado perícia, no qual irá analisar a parte material. 5.1.3. LEGITIMADOS - Os legitimados são os querelantes, a parte e o acusado. Pode-se nomear um procurador com poderes especiais, conforme o artigo 146 do C.P.P - Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais.. - A doutrina entende que o assistente da acusação pode arguir o incidente de falsidade documental, mesmo que não elencado no artigo 271 do C.P.P. Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. - O juiz poderá verificar a autenticidade do documento, conforme o artigo 147 do C.P.P Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 5.1.4. PROCEDIMENTO DO INCIDENTE Deve ser apresentado na forma escrita e endereçada ao juiz da causa. O juiz deverá autuar em apartado. 30 Recebido o incidente o juiz deve ouvir a parte contrária concedendo 48h para manifestação. Em seguida o juiz irá abrir prazo de 3 dias sucessivamente, para prova das alegações pelas partes (primeiro irá falar quem arguiu a falsidade e depois a parte contrária.). Conforme o artigo 145 do C.P.P Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova de suas alegações; III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias; IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com osério Público. Passando prazo de 3 dias, poderá ordenar as diligências necessárias; Após a produção das provas, o juiz deverá decidir se acolhe o pedido de falsidade e desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público, como disposto no artigo 145 do CPP inciso IV e também no artigo 40. Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. 31 5.1.5. RECURSOS Sobre a decisão de incidente de falsidade, caberá o RESE conforme o artigo 581 inciso XVIII do C.P.P Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: XVIII - que decidir o incidente de falsidade; O RESE não terá efeito, conforme o artigo Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. § 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. § 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. § 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor. 5.1.6. EFEITOS O incidente só produzirá efeitos no processo penal do qual deriva o incidente. a) Manter o documento, ou seja, improcedente; b) desentranhar do documento, quando considerar procedente. Para desentranhar exige-se a preclusão da decisão que reconheceu a falsidade 32 Aula 13/04 5.2 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (ART. 149 A 154, CPP) 5.2.1. INTRODUÇÃO Aplica-se quando há dúvida acerca da capacidade do acusado ou réu. É obrigatório, pois está relacionado aos princípios constitucionais (imputabilidade extingue a culpabilidade. Art. 26 -É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) - Ao tempo da ação ou omissão; - Entendimento do caráter ilícito da ação (cognitiva); - Autodeterminação (volitiva); - Ausência = Imputabilidade; - Prejuízo = Semi-imputabilidade 33 - Sanção penal para inputável e semi inputável aplica-se pena; - Sanção penal para semi imputável, ou inimputável aplica-se medida de segurança - Realiza-se a perícia retrospectiva para definir a imputabilidade, onde o responsável é o psiquiatra. 5.2.2. LEGITIMADOS - O juiz poderá ordenar incidente de ofício; - As partes poderão requerer (MP, defensor, curador, ascendente, descendente ou cônjuge do acusado, conforme o artigo 149 do C.P.P Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. § 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento. - Na fase pré-processual caberá também à autoridade policial (delegado de polícia) representar pela instauração do Incidente de insanidade mental. Para instauração precisa haver uma fundada a suspeita sobre a capacidade mental do acusado ou do réu, ou seja, precisa fazer sentido. 34 Se instaurado na fase de inquérito não haverá paralisação do IP, já na fase processual o juiz nomeará um curador para o acusado, ao determinar que seja submetido ao exame psiquiátrico, e neste caso o processo ficará suspenso até que haja deslinde do i do incidente de insanidade mental. Atenção ao artigo 149 parágrafo segundo do C.P.P, salvo quanto às diligências que devam ser produzidas com urgência. 5.2.3. PROCEDIMENTO DO INCIDENTE Se inicia com a instauração do incidente de insanidade mental, pelo juiz de ofício ou em razão da iniciativa das partes. O juiz determinará a instauração do incidente de insanidade mental por meio de portaria, e deverá nomear um curador para o réu ou acusado. Caso a instauração seja feito durante o curso da ação penal, o processo deverá ficar suspenso, exceto às diligências que devam ser produzidas com urgência. Não haverá suspensão ou interrupção do prazo prescricional, ou seja, continuará correndo normalmente. Em seguida, as partes poderão se manifestar para a apresentação dos quesitos ao perito, ou seja, as perguntas que foram dirigidas ao perito. Essas perguntas são enviadas para o juiz, no prazo estipulado pelo mesmo e o juiz irá enviar ao perito. Por outro lado, o perito terá o prazo de 45 dias para realizar o exame e apresentar o laudo, podendo ser prorrogado pelo juiz por decisão fundamentada, assim como disposto no artigo 150 do C.P.P. Já a nomeação do perito será de acordo com o artigo 159 do C.P.P Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 35 § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 36 O laudo pericial será acostadoao autos do incidente de insanidade mental, no qual será autuado em apartado. Esses autos também deverão ser, após, apensos aos autos da decisão principal. OBSERVAÇÃO: Por entendimento doutrinário majoritário, deverá ser a defesa intimada, quando a instauração do incidente de insanidade mental para apresentação de seus quesitos. A apresentação de quesitos será facultadas às partes (MP, querelante, Assistente da acusação, acusado e defensor). Poderá haver a indicação do assistente técnico. O juiz poderá concluir de forma diversa ao laudo do perito, ou seja, ele poderá não concordar. 5.2.4. RECURSO A decisão de instaurar o incidente de insanidade mental é irrecorrível, porém se entende que cabe mandado de segurança. Já sobre a decisão que rejeita o incidente de insanidade mental, também é irrecorrível, porém é possível o manejo de HC. Quando há manifesta ilegalidade dessa decisão entende-se cabível o mandado de segurança. O agente não poderá se recusar a se submeter a perícia para averiguação de sua sanidade mental. 37 5.2.5. INSANIDADE QUE SE MANIFESTA NO CURSO DA EXECUÇÃO DA PENA Se o juiz entender que se trata de um quadro provisório, ele irá determinar o acolhimento do indivíduo a um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, pelo tempo necessário, até que o mesmo se recupere. O tempo que o indivíduo estiver sobre a custódia do hospital, esse período deverá ser descontado na pena, caso atinja o total da pena, o mesmo deverá ser liberado. Caso o juiz entenda que o transtorno é definitivo, ele poderá converter a pena privativa de liberdade em medida de segurança, conforme o artigo 183 da LEP. Aula 20/04 QUESTÕES PARA ESTUDAR A1 Questão 1 ( FCC/2019/DPE-AM)Imparcialidade é sinônimo de alheabilidade, ou seja, a Agência Judicial não pode ter interesse pessoal em relação às partes, nem retirar proveito do processo. Juiz imparcial é aquele que não tem interesse, próprio ou de pessoa que lhe seja próxima, no julgamento. (CASARA, Rubens; MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do processo penal brasileiro: dogmática e crítica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. p 142). Buscando evitar a parcialidade do juiz, o Código de Processo Penal enumerou situações de suspeição do juiz, entre as quais: A) se tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito. 38 B) se tiver funcionado como juiz de outra instância , pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão. INCOMPATIBILIDADE C) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o segundo grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes. SUSPEIÇÃO - ART 254, É ATÉ 3º GRAU D) se ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. IMPEDIMENTO - ART 252 E) se tiver aconselhado qualquer das partes ou for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles. SUSPEIÇÃO Questão 2 (MPE-GO/2019) Sobre as questões e processos incidentes previstos no Código de Processo Penal, é incorreto afirmar: A) Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o Juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso por até 1 (um) ano. Expirado o prazo, sem que o Juiz cível tenha proferido decisão, o Juiz criminal fará prosseguir o processo. ESTADO CIVIL É OBRIGATÓRIA, FICARÁ SUSPENSO POR PRAZO INDETERMINADO (PREJUDICIAL OBRIGATÓRIA) B) Arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o Juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 3 (três) dias. ART 104 É TEXTO DE LEI C) A suspeição dos jurados deve ser arguida oralmente, decidindo de plano o presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada. EXCEÇÃO 106 CPP 39 D) Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono das coisas apreendidas, o Juiz remeterá as partes para o juiz cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea. ART 120 $4 . Questão 3 (FUNDEP/2019/MPE-MG/ADAPTADA ADAPTADA ADAPTADA) Acerca das questões e processos incidentes, assinale a alternativa correta: A) A decisão tomada no incidente de falsidade documental produz efeitos no âmbito processual penal, civil e na futura ação criminal que vier a ter por objeto a falsidade cometida. DESENTRANHAR OU MANTÉM, PRODUZ EFEITO NA AÇÃO PRINCIPAL, 148 DO CPP B) O recurso cabível contra a decisão judicial tomada no incidente de falsidade documental é o Recurso em Sentido Estrito. CABE RESE 581 XVIII CPP C) O incidente de falsidade, segundo a visão doutrinária prevalente, tem por fim a averiguação apenas da falsidade material do documento. MATERIAL OU IDEOLÓGICA D) Contra decisão proferida no incidente de falsidade cabe apelação. CABE RESE Questão 4(FUNDEP/2019/MG) Sobre as exceções, assinale a assertiva correta: A) Arguida exceção de suspeição cuja procedência seja reconhecida pela parte, poderá ser sustada a marcha do processo, caso em que suspenso ficará também o prazo prescricional. NÃO HÁ SUSPEIÇÃO DA PRESCRIÇÃO B) A suspeição, nas hipóteses em que admissível sua arguição, deverá sê-lo sempre por escrito. EXCEÇÃO DOS JURADOS ART 106 40 C) A arguição de suspeição do órgão do Ministério Público somente é admissível, no Processo Penal, nos casos em que sua atuação ocorra na condição de fiscal da lei. MP SEMPRE É FISCAL DA LEI D) Diversamente das hipóteses de impedimento, taxativas, as de suspeição são, na visão de parte da doutrina, exemplificativas. Questão 5 (CONSULPLAN/2019/TJ-MG) No curso da açãopenal pública, foi realizado, a pedido da defesa, incidente de verificação de sanidade mental, o qual concluiu pela inimputabilidade do denunciado, em virtude de doença mental. O respectivo laudo foi juntado aos autos e homologado pelo juízo. A partir deste momento processual, o que ocorre com o processo? A) Será extinto sem julgamento do mérito, com aplicação de medida de segurança. ART 151 NÃO HÁ EXTINÇÃO B) Será extinto com julgamento do mérito, mediante sentença de absolvição própria ou imprópria, aplicando-se medida de segurança. ART 151 NÃO HÁ EXTINÇÃO C) Terá curso regular até sentença final, onde, independentemente das provas colhidas durante a fase de instrução, o réu será absolvido impropriamente, já que inimputável. NÃO É INDEPENDENTEMENTE, COM BASE NO HISTÓRICO DO RÉU, OU SEJA, PRECISA DO CONJUNTO DE PROVA D) Terá curso regular até sentença final, onde, comprovadas autoria e materialidade delitivas e não havendo excludentes de ilicitude ou dirimentes de culpabilidade, salvo a inimputabilidade por doença mental, o réu será alvo de absolvição imprópria. Questão 6 (FCC/2019//MPE-MT) À luz do que disciplina o Código de Processo Penal sobre o incidente de falsidade. 41 A) a decisão irrecorrível não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. SÓ TEM EFEITOS NO PROCESSO ATUAL B) a decisão irrecorrível só fará coisa julgada nos autos da ação penal movida pelo Ministério Público para apurar a autoria da falsidade. NÃO APURA A AUTORIA DA FALSIDADE C) tendo em vista o princípio da imparcialidade, não é possível que o juiz, de ofício, proceda à verificação da falsidade. ART 147- O JUIZ PODE DE OFÍCIO D) não há previsão legal sobre a possibilidade de diligências no curso do incidente. E) é desnecessária a exigência de poderes especiais, na arguição de falsidade, feita por procurador constituído. Questão 7 ( Questão 7 (INSTITUTO AOCP/2019/PC-ES) À luz do Código de Processo Penal, assinale a alternativa que contemple a exceção cuja arguição precederá a qualquer outra. A) Coisa julgada. B) Suspeição. ART 95 C) Incompetência do juízo D) Litispendência. E) Ilegitimidade de parte. Questão 8 (CESPE/2019 /TJ-BA) A respeito de questões prejudiciais e processos incidentes, assinale a opção correta. 42 A) Subsistindo questão prejudicial sobre o estado civil do réu, o juiz criminal deverá continuar o trâmite processual e decidir a questão como preliminar de mérito por ocasião da prolação da sentença. NATUREZA OBRIGATÓRIA, PRECISA SUSPENDER O TRÂMITE B) As causas de suspeição do juiz serão arguidas em exceção própria, por petição assinada por advogado, independentemente de esse poder especial constar na procuração. ART 98, PODERES ESPECIAIS C) No caso de bem imóvel adquirido com o provento de crime, poderá ser determinado o sequestro do bem, ressalvada a hipótese de sua transferência a terceiro de boa-fé. D) O sequestro é medida cautelar de indisponibilidade de bens em que o exercício do contraditório poderá ser postergado para evitar a dissipação do patrimônio. E) O exame médico-legal realizado no incidente de insanidade mental é prova constituída em favor da defesa, podendo o juiz, de ofício, determinar a sua realização compulsória quando o réu recusar submeter-se a ele. INTERESSA A TODOS, E O RÉU/ACUSADO PRECISA REALIZAR, DE ACORDO COM A MEDIDA CORRETA Questão 9 (VUNESP/2018/TJ-SP) Sobre a questão prejudicial, é correto afirmar que: A) contra a decisão que reconhece a existência de questão prejudicial, suspendendo ou não o curso da ação penal, cabe recurso em sentido estrito. IRRECORRÍVEL B) a suspensão do processo em decorrência de questão prejudicial é de exclusiva discricionariedade do magistrado, em juízo de prelibação, não cabendo recurso em sentido estrito em caso de denegação. 43 C) o curso da ação penal ficará suspenso até a sentença transitar em julgado no juízo cível, sem prejuízo de produção das provas de natureza urgente, cabendo contra essa decisão recurso em sentido estrito. D) para a suspensão do curso da ação penal em decorrência de questão prejudicial, é imprescindível requerimento das partes, vedada decisão de ofício. Questão 10 ((VUNESP -2018 -PC-SP -Delegado de Polícia Delegado de Polícia Delegado de Polícia) Caio está sendo processado criminalmente pela prática de crime de furto e em sua resposta alega ser improcedente a acusação, uma vez que discute na seara cível, em ação por ele proposta, a ilegitimidade da posse da res pela suposta vítima. Considerando a situação retratada, assinale a alternativa correta. A) O juiz poderá suspender a ação penal a depender tão somente da prévia propositura da ação cível pelo acusado. ART 93 B) O juiz deverá suspender a ação penal até que se dirima no juízo cível a questão da legitimidade da posse. ART 93 PODERÁ C) O juiz criminal pode resolver, incidenter tantum, a questão da posse sem que seja necessária a suspensão da ação penal. D) A resolução da questão prejudicial pelo juiz criminal faz coisa julgada. E) Não há possibilidade de suspensão da ação penal. 44 APS Leitura e resenha do texto A FILOSOFIA DE AGAMBEN, O TERRORISMO DE BIN LADEN E O DIREITO PENAL DO INIMIGO: UM ESTUDO DE FRONTEIRAS ENTRE A PROTEÇÃO E A PUNIÇÃO de Fernando Antônio C. Alves de Souza e José Arlindo de Aguiar Filho in revistajusticaesistemacriminal.fae.edu/direito/article/download/17/15 Aula 27/04 5.2.5. INSANIDADE SUPERVENIENTE É a insanidade que surge após a prática do crime, mas no decorrer do processo. Se no momento do crime, o agente era imputável, mas, no decorrer do processo advém doença mental, o processo deverá ficar suspenso. Aguarda-se que o agente recobre a sua sanidade mental para que possa exercer a sua autodefesa (art. 152, caput, CPP). O processo não será extinto. Autoriza-se ao magistrado que ordene a produção das provas que repute urgentes. Essas diligências serão produzidasna presença do curador do agente, que deverá ser nomeado pelo magistrado, quando de sua determinação pela suspensão do processo. Assegura-se a possibilidade de reinquirir testemunhas que foram interrogadas durante a sua enfermidade (art. 152, § 2º, CPP). 45 A prescrição continuará correndo normalmente durante o período de suspensão da ação penal. Se houver risco à sociedade, é possível, segundo parte da doutrina, que o juiz determine a internação cautelar do acusado. Posicionamento contrário: Tavora, Alencar. Posicionamento favorável: Nucci. 6. PRISÕES 6.1 INTRODUÇÃO Título IX do CPP 6.2 CONCEITO É o cerceamento da liberdade de locomoção, é o encarceramento. As prisões poderão ser: de natureza penal, de natureza processual, de natureza civil e de natureza administrativa. Prisão Carcer ad poenam : é a prisão pena. Decorre de sentença penal condenatória transitada em julgado. Sua previsão está no CP e LEP. Prisão carcer ad custodiam : ocorre no decorrer da persecução penal (Inquérito Policial ou do Processo Pena). É medida excepcional, a regra é a liberdade (art. 5º, LVII, CF/88). Crítica à expressão “prisão provisória” (Vicente Grecco Filho): termo técnico mais adequado seria “prisão cautelar” ou “prisão processual (sendo o termo processual um tanto limitado). 46 Prisão de natureza civil: apenas existe em nosso ordenamento jurídico, atualmente, a prisão decorrente do inadimplemento de obrigações de natureza alimentar. A prisão do depositário infiel foi derrogada face ao disposto na Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Prisão de natureza administrativa : busca compelir alguém ao cumprimento de uma obrigação de direito público. Era a modalidade de prisão aplicada a policiais militares e membros do Corpo de Bombeiros Militar. Contudo, desde 26/12/2019, essa espécie de prisão foi abolida do nosso ordenamento jurídico. 6.3 PRISÃO CAUTELAR OU PRISÃO PROCESSUAL 6.3.1. MODALIDADES a) Prisão em flagrante; b) Prisão preventiva; c) Prisão temporária Não mais se tem a prisão decorrente de decisão de pronúncia e nem a prisão decorrente de sentença penal condenatória confirmada por decisão de órgão colegiado. 6.3.2. FORMALIDADES E EXECUÇÃO Mandado de prisão (art. 5º, LXI, CF/88): É documento que busca viabilizar a realização da prisão. De acordo com o artigo 285, do CPP, o mandado deve ser: - lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade competente; 47 - Designar a pessoa que será presa pelo nome, quando possível, ou pela alcunha ou por sinais físicos característicos; - Deverá ser feita a descrição, nesse caso, de forma clara e objetiva; - Deverá indicar o valor da fiança, nos caso em que a lei a autoriza. - Deverá ser dirigido ao responsável pela execução da prisão. - Deverá ser passado em duas vias. Uma será entregue ao preso, informado local, horário e data do crime (Nota Culpa). A outra via ficará com a autoridade, devidamente assinada pelo preso. Se o preso não quiser/não souber/ não puder, a formalidade poderá ser suprida por 2 testemunhas. - Deverá estar identificado no mandado de prisão, quando de seu cumprimento, o responsável (executor da ordem) pelo cumprimento da diligência. Ausência da versão física do documento não impedirá o cumprimento da diligência. A CNJ, Resolução 137, Revogada pela Resolução 251 de 2018 , no qual fala que os mandados devem ser registrados no banco do CNJ, para maior eficácia. Além disso, a prisão deverá ser imediatamente comunicada à autoridade judicial. Havendo dúvidas quanto à identidade do preso, poderá haver, ainda sim, a sua condução e a sua colocação em custódia até que a dúvida seja dirimida. 48 6.3.3. RESTRIÇÃO E INVIOLABILIDADE DOMICILIAR A realização da prisão não encontra obstáculos quanto ao horário de seu cumprimento (art. 283, § 2º, CPP). No entanto, existem restrições quanto à inviolabilidade de domicílio. O conceito de casa/domicílio está previsto no art. 150, § 4º do CP. Para os fins legais, domicílio é qualquer compartimento habitado. - Qualquer compartimento habitado; - Qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. De acordo com o art. 5º, XI, CF/88, não poderá haver penetração no domicílio de alguém sem o seu consentimento, salvo no caso de flagrante delito ou em caso de desastre, para prestar socorro. No período diurno, será possível violar o domicílio, para cumprimento de ordem judicial. Resumindo: Durante o dia: possível a entrada sem consentimento do proprietário da casa, desde que haja autorização judicial; Durante o dia e à noite: possível a entrada, sem consentimento, no caso de flagrante delito ou se houver autorização do dono da casa, nos demais casos. Durante o dia, convencionou-se o período compreendido entre 06h00 e 18h00, segundo o horário local. 49 Se houver a necessidade de prisão com ingresso domiciliar, o morador será intimado a entregar o preso. Caso ele se recuse e se fizer necessário o uso da força para ingresso no domicílio, deverá o executor convocará 2 testemunhas para entrar à força, arrombando a porta, se preciso for. Sendo noite, o executor, após a intimação do morador para entrega do preso e a sua negativa, deverá isolar o local, guardando todas as suas saídas e tornando a casa incomunicável (art. 293, CPP). “ Art. 293, parágrafo único, CPP: Não havendo lastro legal, por parte do morador, para a negativa ao cumprimento de ordem judicial, será ele levado à presença da autoridade para que se proceda contra ele como for de direito.” O Morador que oculta o preso pode responder por favorecimento pessoal (art. 348, CP). Se o executor não observar as formalidades para a prisão, estará sujeito a responder pelo crime de abuso de autoridade, como exemplo caso a autoridade policial invada a casa do preso as 5h30 da manhã, horário no qual não é permitido. É necessário que a autoridade especifique a localidade onde se dará o cumprimento da
Compartilhar