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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Eletricidade Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • O que é Choque Elétrico; • Objetivo e Campo de Aplicação da Norma Regulamentadora (NR) 10; • Riscos em Instalações e Serviços com Eletricidade; • Segurança em Projetos; • Trabalhos Envolvendo Alta Tensão (AT); • Formação dos Profissionais em Eletricidade. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Conhecer informações básicas sobre as atividades de trabalho com eletricidade, visando às barreiras de segurança, obrigações legais, responsabilidades técnicas e ações que ga- rantam proteção e prevenção de ocorrências de incidentes e acidentes. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Eletricidade UNIDADE Eletricidade Contextualização Nos Acidentes de Trabalho (AT) graves e fatais, envolvendo as atividades com eletri- cidade é reconhecida a dependência social do uso da energia elétrica por tecnologias que operam mudanças na qualidade da vida humana, proporcionando – a tecnologia alimentada pela eletricidade – melhoria do bem-estar dos cidadãos. Contudo, tais benefícios não podem ser adquiridos sobre vidas ceifadas, uma vez que nos últimos oito anos ocorreram 2.411 casos de mortes em atividades próximas à rede elétrica, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cuja gravidade da situação demandou ações interinstitucionais diversas, caracterizando-se como um problema de saúde pública (BRASIL, 2019). O Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT, 2019) regis- trou, no período de 2012 a 2017, 8.156 acidentes de trabalho no setor formal, além de 707 mortes acidentárias causadas por choque elétrico. Um estudo realizado pela National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh), no período de 1982 a 1994, investigou 224 AT com eletrocussão que resulta- ram em 244 mortes de trabalhadores. Na análise identificaram cinco cenários que des- crevem os acidentes mais comuns: i) contato direto de um trabalhador com linha ener- gizada (28%); ii) contato direto de trabalhador com equipamentos energizados (21%); iii) contato de veículo com linha energizada (18%); iv) equipamentos incorretamente insta- lados ou danificados (17%); e v) contato com equipamento condutor energizado (16%) (NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH, 1998). No Brasil, um trabalhador eletricitário acidentado é entrevistado, onde afirma se sentir um dublê de eletricista, isto porque substitui o trabalhador do quadro próprio, mas em condições piores de trabalho e salário. Por isso, para dar início ao conteúdo desta Unidade é fundamental assistir ao documentário Dublê de eletricista, disponível em: https://youtu.be/PuCoggk8_l8 6 7 O que é Choque Elétrico O choque elétrico é a passagem de uma corrente elétrica através do corpo, utilizando- -o como um condutor. Essa passagem de cor- rente pode causar um susto, porém, poderá provocar também queimaduras, fibrilação cardíaca ou até mesmo a morte. Por isso, deve-se ter muito cuidado com tomadas, fios desencapados e até mesmo a rede elétrica de distribuição de energia, pois são elementos perigosos e com alto poder para eletrocutar uma pessoa. Um dos fatores – percurso – pode ser visto na Figura 2: Figura 2 Fonte: Adaptado de Getty Images Ademais, o choque pode gerar lesões térmicas e não térmicas no corpo, conforme mostrado a seguir: Quadro 1 Lesões térmicas Lesões não térmicas · Queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus nos músculos e na pele; · Aquecimento e dilatação dos vasos sanguíneos; · Aquecimento/carbonização de ossos e cartilagens; · Queima de terminações nervosas e sensoriais. · Danos celulares; · Espasmos musculares; · Contração descoordenada do coração – fibrilação; · Parada respiratória e cardíaca; · Ferimentos resultantes de quedas e perda do equilíbrio. Características da correte elétrica Tempo de exposição à passagem da correte Resistência elétrica do corpo humano Intensidade da corrente Percurso da correte elétrica Fatores determinantes da gravidade Figura 1 – Fatores que contribuem com a gravidade da lesão 7 UNIDADE Eletricidade Queimaduras Os fatores determinantes para a forma e gravidade da lesão por eletricidade são a amperagem, resistência do corpo no ponto de contato, o tipo e a magnitude no trajeto da corrente e a duração do contato (SERRA et al., 2011). Quando a corrente elétrica percorre os tecidos, transforma a energia elétrica em calor – o que é explicado pela Lei de Joule. Agora veremos algumas lesões oriundas das queimaduras em atividade de trabalho exposto à eletricidade: Quadro 2 – Tipos de queimaduras Queimadura Descrição Por contato Quando se toca uma superfície condutora energizada, as queimaduras podem ser locais e profundas, atingindo até a parte óssea; ou, por outro lado, muito peque- nas, deixando apenas uma diminuta “mancha branca na pele”. Por arco voltaico O arco elétrico caracteriza-se pelo fluxo de corrente elétrica através do ar e geral- mente é produzido quando da conexão e desconexão de dispositivos elétricos e em caso de curto-circuito, provocando queimaduras de segundo ou terceiro grau. Por vapor metálico e metal derretido Na fusão de um elo fusível ou condutor, há emissão de vapores e derramamento de metais derretidos – em alguns casos prata ou estanho –, podendo atingir as pessoas localizadas nas proximidades. As consequências do choque elétrico, o tratamento e a recuperação são difíceis, uma vez que podem influenciar as partes nervosas, musculares, dermatológicas e os órgãos internos – o processo de tratamento pode ser visto nas Figuras 3 e 4: Figura 3 – Queimaduras depois de acidente com choque elétrico Fonte: Serra et. al; 2011 Paciente, 26 anos de idade, com queimadura elétrica ocorrida em ambiente de trabalho informal. Presença de mão em garra evo- luindo para amputação Figura 4 – Tratamento de queimaduras decorrentes de choque elétrico Fonte: Serra et. al; 2011 Desbridamento das lesões em pa- ciente com queimadura elétrica nas primeiras 24h no centro de tratamento de queimados. Presen- ça de fasciotomia em membro su- perior direito 8 9 Objetivo e Campo de Aplicação da Norma Regulamentadora (NR) 10 A NR 10 estabelece as condições e os requisitos mínimos, objetivando a implemen- tação de medidas de controle e sistemas preventivos, de modo a garantir a segurança e saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Dito de outra forma, a redação dessa NR estende o conceito de garantia emseguran- ça e saúde a todos os trabalhadores envolvidos, assegurando-lhes o direito à segurança e saúde quando houver intervenções, ações físicas do profissional com interferência direta ou indireta em serviços ou instalações elétricas (BRASIL, 2016). A NR contempla as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades (BRASIL, 2016). Instalação Elétrica: é um conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico. Riscos em Instalações e Serviços com Eletricidade Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas pre- ventivas de controle do risco elétrico e de outros perigos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e saúde no trabalho (BRASIL, 2016). Entendemos que intervenções são as ações que implicam em interferência nas ins- talações elétricas, neste caso, representadas pelas tarefas de trabalho necessárias ao desenvolvimento dos serviços, nas quais torna-se obrigatória a adoção ou aplicação de medidas preventivas de controle do risco elétrico – choque elétrico, arcos elétricos, flash, queimaduras etc. – e de outros riscos adicionais, o que inclui todos os demais gru- pos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que direta ou indiretamente possam afetar a segurança e saúde do trabalhador na atividade envolvida (BRASIL, 2016). É fundamental para a equipe de segurança averiguar as ações que visem e garantam o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), seguindo a norma técnica – Norma Brasileira (NBR) 5419:2015. 9 UNIDADE Eletricidade A seguir temos os sete riscos elétricos mais comuns no local de trabalho: • Linhas aéreas de energia: possuem altas tensões, podendo causar grandes quei- maduras e eletrocussão aos trabalhadores. Lembre-se de manter uma distância mínima de segurança das linhas aéreas de energia e dos equipamentos próximos; • Ferramentas e equipamentos danificados: a exposição a ferramentas e equi- pamentos elétricos danificados pode ser excessivamente perigosa. Não conserte nada, a menos que você esteja qualificado(a) para isso; • Fiação inadequada e circuitos sobrecarregados: a utilização de fios com tama- nho inadequado para a corrente pode causar superaquecimento e incêndios; • Equipamentos elétricos expostos: exemplos incluem iluminação temporária, uni- dades de distribuição de energia abertas e equipamentos de isolamento destacados nos cabos elétricos; • Aterramento inadequado: o aterramento adequado pode eliminar a tensão inde- sejada e reduzir o risco de eletrocussão; • Isolamento danificado: trata-se do isolamento defeituoso ou inadequado; • Condições úmidas: nunca opere equipamentos elétricos em locais úmidos. A água aumenta significativamente o risco de eletrocussão, especialmente se o equipamen- to tiver o seu isolamento danificado. Assista ao vídeo do Napo sobre acidentes com a corrente elétrica. Disponível em: https://youtu.be/2N7fOYZYx2g Medidas de Controle Medidas de controle são ações estratégicas de prevenção e que devem ser adotadas pelas equipes de segurança, destinadas a eliminar ou reduzir os riscos/perigos, ou man- ter sob controle as incertezas e os eventos indesejáveis (BRASIL, 2016). Considerando que o risco na atividade de choque elétrico é alto, mesmo que em baixa tensão – porque pode levar um trabalhador a óbito –, em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico de forma a garantir a segurança e saúde no trabalho. Comumente as empresas têm instruções de trabalho na qualidade, produção, segu- rança e no meio ambiente, cuidando para que as medidas sistêmicas de controle sempre se integrem às demais iniciativas de cada organização, no âmbito da preservação da segurança, saúde e do meio ambiente do trabalho. Nesse sentido, vejamos algumas medidas de segurança que devem ser adotadas por determinação da NR 10 (BRASIL, 2016): 10 11 Quadro 3 – Medidas de segurança estabelecidas pela NR 10 Medidas de segurança Descrição Técnicas de análise de risco Avaliar todas as etapas e os elementos de uma determinada atividade, identificar partes visíveis das sequências de operações; neste levantamento deve-se identifi- car os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e corrigir pro- blemas operacionais e implementar a maneira mais segura para a execução de cada etapa do trabalho com segurança. Procedimentos e instruções técnicas Conjunto de medidas administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacio-nadas à NR 10, contendo a descrição das medidas existentes de controle. Auditorias e inspeções Ações voltadas ao monitoramento, visando inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; análise dos equi- pamentos de proteção coletiva e individual e do ferramental; relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações e cronogramas de adequações. Regra Avaliar a documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação e autorização dos trabalhadores e treinamentos realizados. Avaliação Avaliar e monitorar os resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva; idem às certificações dos equipa- mentos e materiais elétricos em áreas classificadas. Plano de emergência As ações de emergência que envolvam as instalações ou os serviços com eletrici- dade devem constar trabalhadores autorizados e aptos à execução do resgate e da prestação dos primeiros socorros, além do manuseio e da operação de equipamen- tos de prevenção e combate a incêndio. Documentação obrigatória As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 da NR 10. Empresas que realizam trabalhos em sistema elétrico de potência ou em suas proximidades devem constituir prontuário de instalações elétricas, então elaborado por profissional legalmente habilitado; esse documento deve permanecer organizado e mantido atualizado à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e nos serviços em eletricidade; deve constar também a descrição dos procedimentos para emergências e as certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual. Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) Os EPC são estratégias e medidas que devem ser propos- tas pela equipe de segurança abrangendo o coletivo dos tra- balhadores expostos à mesma condição, de forma a eliminar ou reduzir, por meio de barreiras de segurança, diminuindo, assim, as incertezas e os eventos indesejáveis, visando sempre a proteção e saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros. Os EPC são definidos como dispositivo, sistema, ou meio – fixo ou móvel – de abran- gência coletiva. As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétri- ca e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. Nos serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva. 11 UNIDADE Eletricidade Existem também várias barreiras de segurança que podem ser utilizadas como me- didas de proteção coletiva, tais como isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação e bloqueio do religa- mento automático. A equipe de segurança deve se atentar à utilização sistemática do aterramento das instala- ções elétricascomo medida de prevenção. Quadro 4 – Barreiras coletivas de segurança estabelecidas pela NR 10 Tipo de barreira Descrição Aterramento elétrico É uma ligação elétrica efetiva, confiável e adequada à terra, entendida como a mas- sa condutora com potencial elétrico, convencionadamente igual a zero. Em algumas situações de trabalho é obrigatória a adoção de aterramento elétrico temporário. Isolação das partes vivas Processo que consiste na interposição ou separação das partes energizadas me-diante a aplicação de materiais eletricamente isolantes. Barreiras Dispositivo que impede todo e qualquer contato com as partes vivas. As barreiras não devem ser removíveis sem o uso de chaves, ferramentas ou, alternativamente, sem que as partes protegidas sejam previamente desligadas. Invólucro Dispositivo ou componente envoltório de separação das partes energizadas com o ambiente, destinado a impedir qualquer contato com partes internas energizadas – quadros, caixas, gabinetes, painéis etc. Obstáculo Elemento que impede o contato acidental, mas não o contato por ação deliberada – correntes, fitas, cordões, cones etc. Sinalização É um procedimento de segurança que promove a identificação – indicação, infor- mação, avisos etc. –, as orientações – instruções de bloqueios, de direção etc. – e advertências – proibição, impedimentos – nos ambientes de trabalho. Seccionamento automático de alimentação Princípio de proteção contra os choques por contatos indiretos, que consiste em provocar o seccionamento de um circuito de forma automática pela ação de um dispositivo de proteção – disjuntores, fusíveis etc. Bloqueio do religamento automático Bloqueia os circuitos do Sistema Elétrico de Potência (SEP), impedindo, assim, o reli-gamento automático de um circuito da rede elétrica na ocorrência de irregularidade. Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Nos trabalhos em instalações elétricas o uso dos equipamentos de proteção individu- al é importante, específico e adequado às atividades desenvolvidas, conforme a NR 6. Os EPI para eletricista são: capacete de segurança específico para atividade elétrica; botina de segurança – desde que não ofereça risco ao eletricista –; luvas de segurança; luvas isolantes, de borracha; mangas isolantes, de borracha; cinto de segurança; protetor facial contra arco elétrico; entre outras opções que a equipe avaliará a necessidade. Atente-se ao uso das luvas, uma vez que podem furar e, assim, permitir fuga de energia, atingindo-lhe. Começa com a preocupação com as vestimentas de trabalho, uma vez que não po- dem oferecer risco ao profissional; por isso devem ser adequadas às atividades, contem- plando a condutibilidade, inflamabilidade e as influências eletromagnéticas. 12 13 Para as atividades de eletricista é proibido o uso de adornos, dado que oferecem con- siderável risco aos trabalhadores – decorrente do aumento de exposição na utilização desses materiais, devendo ser monitorados e avaliados pela equipe de segurança. Ademais, deve-se considerar os seguintes itens: • Vestimenta de trabalho: entendida como um equipamento oferecido aos traba- lhadores contra os diversos riscos elétricos e, especialmente, para protegê-los de seus efeitos; • Condutibilidades: no projeto e na construção das vestimentas e de seus acessórios não devem possuir elementos condutivos, a fim de proteger contra os riscos de contato; • Inflamabilidade: o projeto e a construção das vestimentas e de seus acessórios devem proteger contra os efeitos térmicos dos arcos voltaicos e de cada flash, pois pode haver ignição nas roupas; • Influências eletromagnéticas: o projeto e a construção das vestimentas e de seus acessórios devem proteger contra os efeitos provocados por campos eletromagné- ticos com intensidade que tenha potencial de risco – em certas circunstâncias as roupas podem se tornar condutivas. Cabe ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco oferecido por determinada atividade, conforme estabelece a NR 6, desde que se tenha uma análise criteriosa e ade- quada de risco. Segurança em Projetos Trata-se da fase mais importante da segurança, uma vez que corresponde ao momen- to de desenvolver projetos mais seguros de instalações elétricas. É obrigatório que o responsável técnico dos projetos especifique dispositivos de des- ligamento de circuitos que possuam recursos para o impedimento de reenergização, além de garantir a sinalização de advertência com indicação da condição operativa. A descrição do projeto elétrico deve: • Prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que per- mita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito; • Considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e à localização de seus componentes e às influências externas; • Identificar os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como comunicação, sinalização, controle e tração elétrica; • Definir a configuração do esquema de aterramento; 13 UNIDADE Eletricidade • Sempre que for tecnicamente viável e necessário, projetar dispositivos de seccio- namento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado; • Ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas aprovadas pela empresa, mantendo todos atualizados; • Assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequa- da e posição de trabalho segura. O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, além de ser assinado por profissional legalmente habilitado; acompanhado ainda de um memorial des- critivo contendo os itens de segurança, tal como descrito no item 10.3.9 da NR 10. Segurança na Construção, Montagem, Operação e Manutenção As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, am- pliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e saúde dos traba- lhadores e usuários; sempre supervisionadas por profissional autorizado e utilizando as normas técnicas pertinentes para cada ação em desenvolvimento. Considerando que as atividades com eletricidade são variadas, tais como instalações de rede de transmissão, distribuição, geração, além de instalações elétricas prediais, comerciais e industriais – todas com as suas características –, uma vez que estão sujeitas a outros riscos presentes, tais como trabalho em altura, espaço confinado, campos elé- tricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora. Assim, para executar as atividades de construção, montagem, operação e manuten- ção em locais diferentes, deve-se utilizar medidas de segurança específica ao uso dos equipamentos, dispositivos e das ferramentas elétricas compatíveis. Segurança em Instalações Elétricas Desenergizadas É essencial se atentar às atividades com eletricidade, no ciclo de trabalho, uma vez que a equipe de segurança deve preservar as diversas integridades nos seguintes está- gios: preparação para a atividade, no início, na execução, finalização e no restabele- cimento. Por isso, somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho mediante os procedimentos apropriados, devendo ser obedecida esta sequência: • Seccionamento; • Impedimento de reenergização; • Constatação da ausência de tensão; 14 15 • Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos; • Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada; • Instalação da sinalização de impedimento de reenergização. Figura 5 – Equipamentos disponíveis Fonte: Acervo do Conteudista Assista aos passos para o trabalhoseguro – desligar, bloquear, sinalizar, testar, aterrar e proteger – no vídeo disponível em: https://youtu.be/6wuhDF4KGzo Considerando os estágios da tarefa, a equipe de segurança deve pensar em como garantir que a desenergização fique mantida até a autorização para reenergização, de- vendo ser reenergizada conforme a seguinte sequência: • Retirada das ferramentas, dos utensílios e equipamentos; • Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização; • Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais; • Remoção da sinalização de impedimento de reenergização; • Destravamento – se houver – e religação dos dispositivos de seccionamento. A comunicação para a reenergização é fundamental a fim de garantir a segurança dos tra- balhadores, tornando-se essencial verificar se existe outras equipes nas proximidades e se os meios de comunicação são seguros. Segurança em Instalações Elétricas Energizadas As atividades com as linhas energizadas, com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada, ou superior a 120 Volts em corrente contínua (ASSOCIAÇÃO BRA- SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004), devem ser executadas por profissionais 15 UNIDADE Eletricidade h abilitados, qualificados, capacitados e com autorização dos trabalhadores para a ativi- dade, conforme estabelece o item 10.8 da NR 10. Nas atividades que exigem o ingresso na zona controlada, as equipes de segurança devem garantir procedimentos específicos, respeitando as distâncias de segurança (BRASIL, 2016). Já nas execuções das atividades em serviços em instalações energizadas, devem con- tar com procedimentos que garantam o direito de recusa em tarefas que coloquem os trabalhadores em perigo; por isso, o responsável pela execução do serviço deve sus- pender as atividades quando identificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível. Para o desenvolvimento de inovações tecnológicas as equipes de produção, qualidade, se- gurança e meio ambiente devem garantir que previamente seja elaborada a análise de risco. Trabalhos Envolvendo Alta Tensão (AT) Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta ten- são (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003) e que exerçam as suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, con- forme Anexo II da NR 10, devem receber treinamento específico em segurança no SEP e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas (BRASIL, 2016). Os serviços em instalações elétricas energizadas em alta tensão, bem como aqueles execu- tados no SEP não podem ser realizados individualmente. Figura 6 – Colocação de equipamento de proteção coletiva em linhas energizadas Fonte: Acervo do Conteudista 16 17 Veja a atividade em linha energizada no vídeo disponível em: https://youtu.be/Zs1QlPpvdtQ Para garantir a segurança em instalações elétricas energizadas em alta tensão deve-se seguir as ações de barreiras de segurança, conforme descrito a seguir: Quadro 5 Tipo de barreira Descrição Ordem de serviço As instalações elétricas energizadas em alta tensão, bem como aquelas que intera-jam com o SEP, devem ter ordem de serviço. Avaliação prévia Estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança em eletricida- de aplicáveis ao serviço. Procedimentos específicos Os serviços em instalações elétricas energizadas em alta tensão somente po- dem ser realizados quando houver elementos detalhados e assinados por pro- fissional autorizado. Bloqueio dos dispositivos de religamento automático A intervenção em instalações elétricas energizadas em alta tensão dentro dos li- mites estabelecidos como zona de risco e com a adoção de barreiras de segurança. Sinalização Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados; por sua vez, as sinalizações devem seguir a NR 26, a qual utilizada para a identificação de circuitos elétricos, travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos, restrições e impedimentos de acesso, delimitações de áreas tais como de circulação, de vias públicas, de veículos e movimentação de cargas, impedimento de energização e identificação de equipamento ou circuito impedido. Testes elétricos ou ensaios de laboratório Os equipamentos, as ferramentas e os dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a periódicos testes elétricos ou ensaios de laboratório. Direito de recusa Trabalhadores devem interromper as suas tarefas quando constatarem evidências de riscos graves e iminentes à própria segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato ao seu superior hierárquico, quem diligenciará as medidas cabíveis. Aparelho de comunicação Deve ser fornecido ao trabalhador que executa atividades em instalações elétricas energizadas em alta tensão, equipamento que permita a comunicação permanen- te com os demais membros da equipe, ou com o centro de operações. Veja um arco elétrico em: https://youtu.be/VrY_k_pdlCs Formação dos Profissionais em Eletricidade A formação profissional para as atividades de grandes riscos, tal como o trabalho com eletricidade, diferencia-se na frequência e gravidade dos riscos, devendo contar com profissionais habilitados, qualificados, capacitados e com autorização para a exe- cução do trabalho. 17 UNIDADE Eletricidade Quadro 6 Formação Descrição Qualificado Trabalhador que comprova a conclusão de curso específico na área elétrica, reco-nhecido pelo sistema oficial de ensino. Habilitado É assim considerado o profissional formado e com registro no competente conse-lho de classe. Capacitado Aquele que recebe capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado é autorizado, de modo que sempre que trabalhe deverá estar sob a res- ponsabilidade de profissional habilitado e autorizado. Autorização para a execução do trabalho Todos os trabalhadores que executam atividades com eletricidade devem ser au- torizados, considerando sempre o grau de dificuldade e risco de cada atividade. A empresa deve estabelecer um sistema de identificação que permita sinalizar a autorização de cada trabalhador. As equipes de segurança devem garantir que os eletricistas estejam autorizados à intervenção em instalações elétricas, tendo recebido treinamento específico sobre os ris- cos nas atividades a serem desenvolvidas com a energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas. Nesse sentido, é importante ficar atento(a) aos treinamentos bienais de reciclagem, ou em razão de troca de função, ou ainda mudança de empresa, retorno de afasta- mento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses ou modificações significativas nas instalações elétricas, ou troca de métodos, processos e organização do trabalho. Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em con- formidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico. Proteção Contra Incêndio e Explosão Um dos riscos presentes nas atividades que envolvem energia elétrica corresponde aos incêndios e às explosões, por isso devem ser dotados de proteção contra incêndio e explosão (BRASIL, 2011). Nas atividades com eletricidade que envolvem ambientes com atmosferas potencial- mente explosivas, a equipe de segurança deve garantir que os materiais, as peças, os dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricasestejam em conformidade com o sistema brasileiro de certificação. Quando a equipe de segurança avaliar os processos é importante identificar os equi- pamentos suscetíveis a gerar ou acumular eletricidade estática; como medida de segu- rança deve dispor de proteção específica e dispositivo de descarga elétrica. 18 19 Já na análise de risco deve classificar as instalações elétricas sujeitas a risco acentuado de incêndio ou ex- plosões; como barreiras de segurança devem ser dota- dos de dispositivos tais como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorren- tes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras con- dições anormais de operação – é importante verificar se tais espaços não são confinados. Procedimentos de Trabalho O procedimento de trabalho é considerado uma barreira de segurança simbólica; de modo que para desenvolvê-lo, a equipe de segurança precisará garantir que os serviços em instalações elétricas sejam planejados. Para isso ocorrer, deve ser elaborado um procedimento com objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e res- ponsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais – sempre detalhando cada tarefa no formato de passo a passo, devendo ainda ser assinado por profissional capacitado. Na escrita do procedimento e nos treinamentos, a equipe de segurança para as ati- vidades com eletricidade deve garantir informações que contenham avaliação prévia, estudo das atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança ao serviço. Responsabilidades A equipe de segurança que possui a responsabilidade técnica deve orientar o contratan- te a manter os trabalhadores informados acerca dos riscos em que estarão expostos, assim como instruir quanto às barreiras e aos procedimentos de segurança a serem adotados. Finalmente, as responsabilidades dos trabalhadores são as seguintes: zelar pela pró- pria segurança e saúde, assim como as de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho; responsabilizar-se junto à empresa pelo cumpri- mento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos in- ternos de segurança e saúde; comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco tanto para a sua segurança e saúde, quanto às de outras pessoas. Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas com risco de incêndio e explosão somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada. 19 UNIDADE Eletricidade Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Eletricitários https://youtu.be/fdigdml-UdY Segurança em Instalações Elétricas FUNDACENTRO. https://youtu.be/-BPTlu8lGe8 Cbic – Segurança no Trabalho: Choque Elétrico Sinduscon-DF. https://youtu.be/y4PPvCXCDfg Napo in... Shocking situations https://youtu.be/2N7fOYZYx2g Leitura Acidentes de trabalho e os religadores automáticos no setor elétrico: para além das causas imediatas SILVA, A. J. N. da et al. Acidentes de trabalho e os religadores automáticos no se- tor elétrico: para além das causas imediatas. Cadernos de Saúde Pública, v. 34, p. e00007517, 2018. http://bit.ly/2JI2HTE 20 21 Referências ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de trabalho (Mapa). Piracicaba, SP: Cerest, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410 – instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2004. ________. NBR 14039 – instalações elétricas de média tensão, de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro, 2003. BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Indicadores de segurança do trabalho e das instalações. 2019. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ IndicadoresSegurancaTrabalho/pesquisaGeral.cfm>. Acesso em: 19 jun. 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10 – segurança em instalações e serviços em eletricidade. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.trabalho.gov. br/images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2019. ________. NR 23 – proteção contra incêndios. Brasília, DF, 2011. NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. Worker deaths by electrocution – a summary of Niosh surveillance and investigative findings. Whashington, DC, USA, 1998. OBSERVATÓRIO DIGITAL DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO. Observatório. 2019. Disponível em: <https://observatoriosst.mpt.mp.br>. Acesso em: 19 jun. 2019. SERRA. M. C. et al. Análise de pacientes internados por queimadura elétrica. Revista Brasileira de Queimaduras, n. 5, 2011. 21
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