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Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Técnicas Anestésicas em Odontologia Como reduzir a dor da punção da agulha: 1 – Usa agulhas pontiagudas e afiadas, evitando repetidas punções com a mesma agulha (perde o poder de corte e fica mais doloroso (máx 3 punções) 2 – Utilizando anestesia tópica antes da punção (secar a mucosa, aplicar o anestésico tópico no local da punção por pelo menos 1 minuto – promove anestesia de 2 – 3 mm mais externos da membrana mucosa) Tópica Consiste na aplicação de um anestésico no local aonde será feita a punção, para reduzir o desconforto do paciente durante a punção. Deve ser aplicado antes de cada anestesia pois auxilia no silêncio operatório, que visa evitar qualquer tipo de dor ao paciente e, consequentemente, reduz os níveis de estresse/medo. Procedimento: - secagem da mucosa na área em que será feita a punção, para remover o excesso de saliva, utilizando uma haste do cotonete. - com a outra haste do cotonete pegar uma quantidade mínima de anestésico, pois são mais concentrados, e aplicar no local de punção por pelo menos 60 segundos (acima disso não demonstra eficácia, paciente sente a mesma dor) Resultados de pesquisas: Todos os tipos de anestésicos tópicos disponíveis atualmente são eficazes, pois quando se aplica um placebo o paciente relata maior dor. A concentração dos anestésicos tópicos clinicamente disponíveis é de 10%, quanto menos concentrado maior a dor relatada. Infiltrativa Anestesia de pequenas terminações nervosas livres na área de intervenção. Paraperiosteal: - anestesia de 1 ou 2 dentes que permite a realização de procedimentos de exodontia, restaurações, endodontia, etc - para ser eficaz é necessário que a solução anestésica se difunda do local de injeção até o ápice dos dentes, ou seja, precisa se difundir através do osso alveolar, por isso, é sempre realizada por vestibular (pois a cortical do palato é menos compacta e a mucosa é muito aderida; acomoda pouco volume anestésico) - é indicada para a região de maxila pois a cortical óssea é mais fina e a porção medular é maior, o que facilita a difusão do anestésico. Na mandíbula não é indicada pois a cortical óssea é muito espessa, exceto em crianças ou na região anterior de jovens. Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Ponto de punção: na dobra entre a mucosa gengival e a mucosa labial - usar agulha curta e a ponta da agulha deve estar na altura do ápice dos dentes (canhão da agulha perto da oclusão/incisal do dente), com angulação de aproximadamente 45° em relação ao longo eixo do dente com o bisel voltado para o dente. - injetar a solução (1,8ml) durante aproximadamente 2 minutos (1ml por minuto), para provocar distensão lenta do tecido e reduzir o desconforto - após a injeção avaliar os sintomas (relatos do paciente, sem significado clinico) e os sinais (investigados pelo operador) como tocar na mucosa vestibular e fazer percussão Intraligamentar: - injeção da solução dentro do ligamento periodontal, é uma técnica de anestesia complementar. - utiliza quantidade mínimas de anestésico, pois este vai direto para o ápice dos dentes, mas em dentes multiradiculados a técnica precisa ser feita em cada uma das raízes, por isso é pouco indicada para a maxila (3 raízes) Vantagens: - baixo volume de anestésico - permite anestesiar apenas 1 dente na mandíbula, independentemente da idade do paciente. Desvantagens: - uma injeção para cada raiz - técnica difícil - risco de lesão severa do ligamento periodontal - desconforto pós-anestesia. Submucosa: Solução anestésica é depositada no tecido mole da zona de intervenção. Intra-óssea: - injeção da solução anestésica local no osso interproximal entre dois dentes. - uma agulha ou broca realiza a perfuração através do osso e libera o anestésico local. - pode produzir a anestesia de um ou de múltiplos dentes em um quadrante, o que dependerá do local e do volume de anestésico injetado. - apesar da perfuração no osso, é considerada uma técnica atraumatica e com pouquíssimas complicações pós- operatórias. - ausência de anestesia em lábios e língua Técnicas de bloqueio Bloqueio do Nervo infraorbitário / N. alveolar superior anterior - o n. alveolar superior anterior é um ramo descendente do n. infraorbitário, que vai até os alvéolos superiores na região dos dentes anteriores superiores - para anestesiar o nervo infraorbitário injetamos o anestésico bem próximo ao forame infraorbitário, desse modo, a anestesia também bloqueia o n. alveolar superior anterior Referencias anatômicas - pupila - incisura infraorbitária - depressão infraorbitária (sentida logo abaixo da incisura) - forame infraorbitário - dentes pré-molares superiores (mesma linha vertical do forame infraorbitário) Técnica intrabucal - utilizar agulha longa ou curta, dependendo da anatomia do paciente Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - palpar a incisura infraorbitária com o dedo indicador e com o polegar da mesma mão pinçar e afastar o lábio superior - traçar uma linha reta imaginária entre as pupilas, o forame infraorbitário e os pré molares Ponto de punção: paralela as raízes dos pré-molares superiores (cuidado para não angular a agulha e raspar no periósteo) - avançar suavemente até tocar o osso, relaxar a mão afastando levemente do osso, realizar a aspiração e aplicar por 1 minuto - massagear a área externa da face para ajudar na difusão do anestésico para dentro do forame - injeção de ½ a 2/3 do tubete Nervos anestesiados - infraorbitário (palpebral inferior, nasal lateral e labial superior) - alveolar superior anterior e médio (presente em 28% dos casos) Áreas anestesiadas - tecido mole da pálpebra inferior, lateral do nariz, lábio superior e região nasogeniana - dentes incisivos, caninos e pré-molares (em 28% dos casos os pré-molares são inervados pelo n. alveolar superior anterior médio, nesse caso não anestesia e é preciso infiltrar anestésico nessa região), tábua óssea vestibular e tecidos moles Sintomas formigamento e adormecimento do lábio superior, pálpebra inferior e asa do nariz do lado envolvido (paciente pode relatar dificuldade respiratória, porém é apenas devido a sensação, devemos orientar ao paciente previamente) Bloqueio do nervo alveolar superior médio - presente em 28% dos pacientes, responsável pela inervação dos pré-molares superiores e da raiz MV do 1º molar superior - nesse caso é melhor realizar a técnica infiltrativa na região de pré-molares Bloqueio do nervo alveolar superior posterior - é um ramo descendente do nervo maxilar Referencias anatômicas - fundo do vestíbulo na região do 2º molar superior - processo zigomático da maxila Técnica intrabucal - usar agulha longa ou curta, depende da anatomia do paciente Ponto de punção: concavidade do processo zigomático da maxila, na região de ápice do 2º molar superior - a agulha deve atingir a região pós túber, para isso devemos realizar a dupla inclinação da agulha, utilizando duas trajetórias de inserção 1ª – inserção de metade da agulha para superior e posterior em 45º com o plano oclusal (se continuar nesse sentido atinge o plexo pterigoideo) 2ª – posicionamento final em 45º com a seringa para a lateral, inserindo em direção ao centro do paciente * nunca inserir mais que 2/3 da agulha no tecido Nervos anestesiados - alveolar superior posterior Áreas anestesiadas - molares superiores (com exceção da raiz MV do 1º molar superior) - processo alveolar do lado vestibular dos molares superiores - periósteo, tecido conjuntivo e membrana do seio maxilar Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Bloqueio do nervo nasopalatino Referência anatômica - papila incisiva - incisivos centrais Técnica intrabucal - agulha curta Ponto de punção: na lateral da papila incisiva, não há necessidade de entrar com a agulha dentro doforame, isso torna a técnica ainda mais dolorida - avançar até tocar em osso e recuar levemente - injetar 1/8 a ¼ de tubete, até a isquemia do tecido Nervos anestesiados - nasopalatino Áreas anestesiadas: - porção anterior do palato duro e tecidos moles até caninos Bloqueio do nervo palatino maior (anterior) Referências anatômicas - palato duro - 2º e 3º molares - gengiva marginal palatina dos 2º e 3º molares - linha média do palato - linha imaginária acerca de 1 cm a partir da gengiva marginal palatina, em direção a linha média do palato (rafe palatina mediana) Atenção! Devido a proximidade anatomia é necessário cuidado para não atingir o forame palatino menor (posterior), que está localizado no palato mole. Se injetarmos nessa região o paciente tem a sensação se sufocamento. Técnica intrabucal - agulha curta Ponto de punção: região entre 2º e 3º molares, a 1 cm da gengiva marginal palatina, em direção à linha média do palato - injeção de 1/8 a ¼ da solução Nervo anestesiado - palatino maior Área anestesiada - porção posterior do palato duro até a área do 1º pré-molar do lado injetado Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Bloqueio do nervo alveolar inferior e lingual O n. alveolar inferior é ramo do nervo mandibular, ele penetra no canal mandibular e corre na parte interna da mandíbula até emitir seus ramos terminais, o n. incisivo, que inerva os dentes anteriores inferiores, e o n. mentoniano, que inerva a região mentoniana. O n. lingual inerva os 2/3 anteriores da língua, ele está localizado mais para anterior e medial em relação ao n. alveolar inferior, porém em 90% das vezes são bloqueados juntos Referências anatômicas - borda anterior do ramo mandibular - chanfradura coronoide - linha oblíqua - ligamento pterigo-mandibular (dobra de mucosa que vai do trígono retro-molar em direção ao processo pterigoide) - depressão pterigo-mandibular Técnica intrabucal - agulha longa SEMPRE, penetrando de 2/3 a ¾ Atenção: se inserir muito profundo a agulha pode anestesiar o n. facial, próximo a glândula parótida, gerando uma paralisia facial temporária; se inserir pouco a agulha pode anestesiar apenas o n. lingual, e a anestesia não será efetiva - trajetória de inserção da agulha deve ser contralateral, apoiada em pré-molares do lado oposto de onde se quer anestesiar Ponto de punção: em direção ao sulco, que se encontra lateralmente à prega pterigo-mandibular, 1 cm acima do plano oclusal dos dentes inferiores - tocar no ramo mandibular e recuar levemente - injetar 1 tubete inteiro - injeção lenta (1 ml/min) - latência: pode demorar até 5 minutos Nervos anestesiados - alveolar inferior - lingual (na maioria dos casos) - incisivo - mentual Áreas anestesiadas - todos os dentes do hemiarco anestesiado - corpo da mandíbula, parte inferior do ramo da mandíbula - gengiva vestibular anterior ao forame mentual - 2/3 anteriores da língua e assoalho da cavidade oral Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - perda da sensibilidade gustativa - periósteo e tecidos moles linguais Bloqueio do nervo bucal Referências anatômicas - linha obliqua externa - trigono retro-molar Técnica intrabucal - agulha curta (penetra de 2 a 3mm) Ponto de punção: na lateral vestibular do trígono retro-molar - até tocar o osso e manter em posição - injetar ¼ de tubete Nervo anestesiado - bucal Áreas anestesiadas - gengiva e periósteo vestibular dos molares inferiores - parte da mucosa bucal Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Bloqueio do nervo mentoniano e nervo incisivo O n. mentual é ramo terminal do n. alveolar inferior, ele emerge do forame mentual, e inerva apenas tecidos moles da região anterior ao forame O n. incisivo é ramo terminal do n. alveolar inferior, ele permanece na parte interna da mandíbula, a frente do forame mentual, sendo responsável pela inervação dos dentes inferiores anteriores Referências anatômicas - forame mentual - pré-molares inferiores - posição anterior ao ápice do 2º pré-molar Técnica intrabucal - agulha curta Ponto de punção – n. Mentual: abaixo dos ápices dos pré-molares, em trajetória de ANTERIOR para POSTERIOR * Ponto de punção – n. Incisivo: abaixo dos ápices dos pré-molares, em trajetória de POSTERIOR para ANTERIOR * * o forame mentual tem uma abertura para posterior, por isso, como o n. mentual emerge do forame conseguimos sua anestesia nesse sentido. Porém se a intenção for bloquear o n. incisivo, que continua na porção interna da mandíbula, devemos mudar a trajetória de inserção para POSTERIOR para ANTERIOR. - injetar ½ tubete Nervos anestesiados: - n. mentual (para a técnica de bloqueio do mentual) - n. mentual e n. incisivo (para a técnica do bloqueio do incisivo) Bloqueio Gow-Gates É uma técnica efetiva, porém não muito utilizada pois o paciente necessita de abertura bucal máxima, tem a necessidade de penetração mais profunda nos tecidos moles e, com isso, o risco aumentado de atingir vasos mais calibrosos (artéria maxilar) Referências anatômicas - borda anterior do ramo da mandíbula - tendão do musculo temporal - intertrago do ouvido - comissura labial Nervos anestesiados - alveolar inferior - lingual - bucal - auriculo-temporal - milo-hioideo - incisivo - mentual Técnica - paciente em abertura bucal máxima - agulha longa - trajetória de inserção: na direção da comissura labial contralateral em direção ao trago do ouvido, até tocar o osso (condilo mandibular) - inserção de 25 a 27mm - latência: 5 a 7 minutos Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Áreas anestesiadas - todos os dentes mandibulares - tecidos moles do hemiarco anestesiado, exceto a gengiva da região vestibular dos molares inferiores (quando não pega o bucal) - 2/3 anteriores a língua e assoalho da cavidade oral - corpo da mandíbula, parte inferior do ramo mandibular - pele sobre o zigoma, parte posterior da bochecha e regiões temporais do ouvido externo Bloqueio de Vazirani-Akinosi É um meio de bloqueio do n. alveolar inferior e lingual com a boca fechada, é muito utilizado para pacientes com triismo Ponto de punção: mucosa intraoral, em fundo de vestíbulo, acima dos dentes superiores. - agulha deve entrar rente à margem lingual/interna do ramo mandibular, acima da lingula, e com o bisel voltado para o osso - inserir 25mm da agulha, nessa técnica não há o toque em osso, pois a agulha fica rente a face interna do ramo da mandíbula - é uma técnica mais difícil de aplicar, exige experiencia do operador
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