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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA MERCÚRIO: IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE E O MEIO AMBIENTE Maria Amélia Albergaria Estrela (1); Daniela Buosi Rohlfs (2) (1) Autora. Doutora em Química - Universidade de Brasília – UnB; mariaameliaestrela@gmail.com (2) Orientadora. Mestre em Ciências Florestais - Universidade de Brasília – UnB; Engenheira Florestal - Universidade de Brasília – UnB. Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde; daniela.buosi@gmail.com RESUMO Mercúrio existe no ambiente como resultado do processo natural e de atividades humanas. É o único metal que é líquido em condições normais de temperatura e pressão. Ele evapora facilmente e pode permanecer na atmosfera por até um ano. Quando liberado no ar, ele é transportado e depositado globalmente. O mercúrio é altamente tóxico, especialmente quando metabolizado em metilmercúrio. Pode ser fatal se inalado e prejudicial se absorvido através da pele. Este estudo trata de uma revisão bibliográfica sobre as fontes de mercúrio no ambiente, os mecanismos de dispersão e acumulação, os principais usos deste metal e, principalmente, as medidas preventivas no sentido de atenuar a exposição da população. Os dados da literatura revelam o potencial tóxico do mercúrio, tanto para o ambiente quanto para a saúde humana. Palavras-chaves: mercúrio, saúde humana, meio ambiente. ABSTRACT Mercury exists in the environment as the result of natural process and human activities. It is the only metal that is liquid at standard conditions for temperature and pressure. It readily vaporize and may stay in the atmosphere for up to a year. When released into the air, it is transported and deposited globally. Mercury is highly toxic, especially when metabolized into methyl mercury. It may be fatal if inhaled and harmful if absorbed through the skin. This study is a bibliographic review about the sources of mercury in the environment, mechanisms of dispersion and accumulation, the main uses of this metal, and especially preventive measures to mitigate the exposure of the population. Literature data reveal the potential toxic effects of Mercury for both the environment and on human health. Key-words: Mercury, health, environment. mailto:mariaameliaestrela@gmail.com mailto:daniela.buosi@gmail.com 1. INTRODUÇÃO O mercúrio ocorre naturalmente na crosta terrestre (LEE et al., 2009) nas formas orgânica e inorgânica, no estado sólido, dissolvido e na fase gasosa. Seu ciclo biogeoquímico, conseqüentemente, envolve processos que ocorrem no solo, na água e na atmosfera (TINÔCO et al., 2009). O mercúrio metálico volatiliza-se lentamente à temperatura ambiente (LEE et al., 2009) e seu vapor é estável na atmosfera, podendo ser transportado em escala global, afetando áreas remotas naturais longe de fontes pontuais de contaminação (LACERDA; MALM, 2008). Nas últimas décadas os níveis de mercúrio no ambiente global aumentaram consideravelmente como resultado da crescente poluição devido aos usos industriais, ocupacionais e medicinais. Entre os metais lançados no meio ambiente, o mercúrio é considerado o de maior potencial tóxico e o único que, comprovadamente, sofre biomagnificação ao longo da cadeia trófica, sofrendo ainda, organificação e atingindo sua forma mais tóxica (metilmercúrio) no sistema aquático (SIQUEIRA et al., 2005). O consumo de peixe contaminado é a principal via de exposição humana ao metilmercúrio (TRASANDE et al., 2010). A mineração em pequena escala ou artesanal, que utiliza a amálgama ouro-mercúrio para extrair ouro do minério, é uma fonte significativa de exposição para os trabalhadores e as populações vizinhas. Mineiros queimam o amálgama ouro-mercúrio para vaporizar o mercúrio e recuperar o ouro, assim, os mineiros e as populações locais podem ter alta exposição aos vapores de mercúrio. Além disso, os resíduos de mercúrio metálico são geralmente despejados próximos ou em cursos de água, podendo levar a elevadas concentrações de metilmercúrio em peixes desses corpos d'água. O consumo desses peixes contaminados por moradores da comunidade pode resultar em ingestão de níveis elevados de metilmercúrio (WHO, 2008). Os alvos primários de toxicidade de mercúrio e seus compostos são o sistema nervoso, rins e sistema cardiovascular. Outros sistemas que podem ser afetados incluem o respiratório, gastrointestinal, hematológico, imunológico e reprodutivo. Os sistemas de órgãos em desenvolvimento, como o sistema nervoso do feto, são mais sensíveis aos efeitos tóxicos do mercúrio (UNEP, 2010). Segundo Martiniano et al. (2008), a principal fonte poluidora de mercúrio é o garimpo. Outros estudos, no entanto, relacionam a presença de mercúrio em áreas sem influência direta do garimpo aos processos de erosão e lixiviação das partículas que contém o metal, favorecidos pelos desmatamentos, que promovem a exposição dos solos (BARBIERI; GARDON, 2009). Recentemente, iniciou-se uma discussão sobre a importância da contribuição de outras fontes emissoras de mercúrio na região amazônica além do garimpo, todas elas conseqüentes da ação antrópica (BRABO, 2010). Estudos sobre a presença de mercúrio na bacia Amazônica, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, evidenciaram a extensa contaminação por esse metal nas áreas de garimpo, além de questões relacionadas às vias de emissão, aos mecanismos de dispersão, à acumulação nos diversos compartimentos ambientais e aos efeitos à saúde da população exposta e não exposta. A questão relacionada à contaminação ambiental por mercúrio continua sendo assunto discutido em publicações científicas de circulação nacional e internacional. Diante disso, o presente trabalho tem o propósito de apresentar um levantamento do que vem sendo discutido em relação às fontes de mercúrio no ambiente, os mecanismos de dispersão e acumulação, os principais usos desse metal nos últimos 10 anos e, principalmente, as medidas de prevenção no sentido de atenuar a exposição da população. 2. METODOLOGIA Para a construção desta revisão bibliográfica foram selecionados livros, artigos científicos, relatórios da Organização Mundial da Saúde e legislações, tendo como descritor de busca: mercúrio. Utilizou-se a base de dados da Bireme, por meio dos serviços da Medline, Scielo e Lilacs. Também foram acessadas as bibliotecas virtuais das Universidades Federais de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. A revisão foi realizada com artigos publicados a partir do ano 2001 ao ano de 2011. 3. DISCUSSÃO O elemento químico mercúrio ocorre naturalmente no ambiente. Na forma elementar (ou metálica) é um líquido prateado, denso (13,534 g/cm 3 ) e inodoro a temperatura ambiente (AZEVEDO, 2003; BRABBO, 2008). O seu símbolo, Hg, é derivado do latim hidrargyrum. Está situado no grupo 5 da tabela periódica, juntamente com os elementos cádmio e zinco. É o único elemento, além dos gases nobres, cujo vapor é monoatômico em temperatura ambiente (AZEVEDO, 2003). O mercúrio metálico possui uma pressão de vapor relativamente baixa (8,5.10 3 mmHg a 25°C) e volatiliza-se lentamente a temperatura ambiente com ponto de ebulição abaixo de 65°C (LEE et al., 2009). Além de seu estado elementar (mercúrio metálico), ele pode existir em duas formas oxidadas: íon mercuroso, , e íon mercúrico, . As diferentes formas do mercúrio são designadas comumente por “espécies”, o que é conhecido pelo termo especiação (AZEVEDO, 2003). Esses íons formam vários compostos químicos orgânicos e inorgânicos (WHO, 2008). Os compostos inorgânicos de mercúrio podem ser encontrados na forma de cloretos, nitratos, fluoretos, iodetos, brometos, óxidos, sulfetos, hidretos, teluretos e selenitos (AZEVEDO, 2003). O mercúrio também forma uma importante classe de compostos chamados organomercuriais. Esses compostos caracterizam-sepela ligação do mercúrio a um ou dois átomos de carbono dando origem a moléculas do tipo RHgX e RHgR’ onde os grupos R e R’ representam radicais orgânicos (alquil, aril ou alcoxialquil) e X uma variedade de ânions dissociáveis (AZEVEDO, 2003). Os compostos organomercuriais são mais solúveis em água quando o ânion for um sulfato ou nitrato, pois se comportam como um sal. Já na forma de cloreto esses compostos apresentam maior lipossolubilidade (AZEVEDO, 2003; BRABBO, 2008). Esses compostos, por serem lipossolúveis, são muito bem absorvidos pelas membranas biológicas em geral, assim como pelos tratos digestivos de praticamente todas as cadeias alimentares. Esses processos facilitam a permanência e o transporte de mercúrio no meio aquático, assim como transferem a contaminação para ecossistemas bastante afastados da fonte de contaminação (LACERDA; MALM, 2008). O mercúrio pode ser encontrado na água, no solo e na atmosfera, no estado sólido, dissolvido e, também, na fase gasosa. Conseqüentemente, seu ciclo biogeoquímico envolve processos que ocorrem em todos esses meios (TINÔCO et al., 2010). À medida que circula entre a atmosfera, terra e água, o mercúrio sofre uma série de transformações químicas e físicas complexas, das quais várias não estão completamente esclarecidas (WHO, 2008). Ele pode ser liberado no ambiente através de uma série de processos naturais e antrópicos (LEE et al., 2009; FAO, 2011). A biogeoquímica do mercúrio é complexa: suas concentrações e fluxos não são somente altos, mas também muito variáveis e seu ciclo natural tem sido significativamente alterado por atividades antrópicas (WINDMÖLLER, 2007). É por meio dos ciclos biogeoquímicos que os elementos e os compostos químicos são transferidos entre os organismos e, globalmente, entre diferentes locais do planeta. O estudo e a compreensão dos ciclos podem ajudar a identificar potenciais impactos ambientais causados pela introdução de substâncias potencialmente perigosas nos diversos ecossistemas (ANVISA, 2010). O mercúrio está presente em diversas matérias-primas como carvão, petróleo, madeira e jazidas de minerais diversos, e pode ser liberado para o ar ou outros meios quando esses materiais são queimados, processados ou eliminados. Entre as atividades humanas, a queima de combustíveis fósseis é o mais importante em termos de volume e distribuição. Além disso, grandes quantidades de mercúrio que permanecem em rejeitos de mineração, aterros sanitários, sedimentos, e os estoques, constituem uma ameaça de futuras emissões (WHO, 2008). Ao longo do tempo geológico, foi distribuído por todo o ambiente por processos naturais como atividade vulcânica, incêndios, movimento de rios, lagos e córregos, ressurgência oceânica e processos biológicos (WHO, 2003). Desde o surgimento dos seres humanos, e mais fortemente a partir da Revolução Industrial, fontes antrópicas têm tido uma contribuição significativa para a distribuição do mercúrio e seus compostos no meio ambiente (WHO, 2003). Dentre as principais fontes antrópicas de mercúrio emitidas para a atmosfera encontram-se as indústrias químicas e eletro-eletrônico e a queima de combustíveis fósseis; esta última é a principal fonte antrópica de mercúrio para a atmosfera em nível global (LACERDA et al., 2007). No Brasil destacam-se como fontes de emissão de mercúrio para a atmosfera: garimpo de ouro, indústria de cloro-soda, indústria siderúrgica, queimadas, pirometalurgia, geração de energia por queima de combustíveis fósseis, entre outras, como as emissões de aterros sanitários, setor farmacêutico e de saúde, setor eletro-eletrônico e odontologia (LACERDA et al., 2007). Muito do mercúrio descartado no ambiente pelas atividades antrópicas está se incorporando aos ciclos geoquímicos e às cadeias tróficas, aumentando suas concentrações nos ecossistemas e passando a representar perigo aos vegetais, animais e ao homem (AZEVEDO, 2003). No Brasil, a questão da contaminação do meio ambiente é mais preocupante nas áreas de garimpo de ouro, atividade que representa uma das fontes emissoras de mercúrio antrópicas mais impactantes (TINÔCO et al., 2010). Os primeiros registros de garimpagem de ouro na Amazônia, segundo Sá (2006), são do século XVIII, tendo um aumento significativo na década de 70 do século passado devido ao valor recorde do preço do ouro no mercado internacional. A partir do final dos anos 70, as atividades de mineração contribuíram para elevadas emissões de mercúrio no ambiente (SANTOS et al., 2003). A amalgamação com mercúrio metálico era o processo utilizado na pré- concentração e extração do ouro. Como resultado, grandes quantidades de mercúrio foram lançadas nos principais rios e na atmosfera do ecossistema amazônico (LACERDA; MALM, 2008). Sabe-se que o garimpo não é a única fonte de poluição mercurial na Amazônia. Altos níveis de mercúrio são observados em peixes em locais a centenas de quilômetros distantes de garimpos e por isso, muitos autores têm investigado outras fontes de emissão e mobilização do mercúrio, tais como intemperismo, erosão dos solos, evaporação de mercúrio das águas, solos e plantas, deposição de mercúrio de mineração de prata e ouro no século passado em países vizinhos, atividades industriais, queima de florestas e combustíveis fósseis, além de outras fontes difusas (VEIGA, 2002). No ambiente, o mercúrio metálico pode se oxidar e se complexar com ácidos húmicos nos solos. A poluição do meio aquático pode estar associada à possibilidade de complexação do mercúrio inorgânico com compostos orgânicos dissolvidos, possibilitando a manutenção de concentração relativamente elevada nos corpos d’água e acesso preferencial à biota (TINÔCO et al., 2010). A principal via de bioacumulação de metilmercúrio é pela dieta. Sendo bioacumulado rapidamente e eliminado muito lentamente (meia vida de 70 a 84 dias), o metilmercúrio é biomagnificado na cadeia alimentar (VEIGA, 2002). Por esse motivo, os peixes carnívoros apresentam as maiores concentrações de metilmercúrio. O metilmercúrio é facilmente absorvido por peixes e outros animais aquáticos, o que leva à deposição dessa substância nos tecidos, acumulando-se ao longo do tempo e atingindo, na cadeia biológica, concentrações bem maiores do que as encontradas nas águas e nos sedimentos (TINÔCO et al., 2010). O consumo de peixe contaminado é a principal via de exposição humana ao metilmercúrio (TRASANDE et al., 2010). A presença de mercúrio no corpo humano pode ocasionar grandes danos à saúde. Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, esse elemento fica retido nos tecidos, causando lesões graves, principalmente aos rins, fígado, aparelho digestivo e sistema nervoso central (TINÔCO et al., 2010). Um caso clássico de intoxicação por mercúrio ocorreu por volta de 1953 na cidade de Minamata, no sudoeste do Japão, quando várias pessoas morreram em consequência direta da intoxicação por mercúrio. Minamata é uma região de pesca, e a maioria da população vivia dessa atividade, consumindo peixes regularmente. Com o passar do tempo, começaram a sentir sintomas como perda de visão, perda de coordenação motora e muscular. Mais tarde, descobriu-se que as deficiências eram causadas pela destruição dos tecidos do cérebro, em razão da contaminação por mercúrio. Até então, não se sabia de que maneira a contaminação havia ocorrido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Somente em 1959, cientistas atribuíram os sintomas aos peixes e frutos do mar consumidos contaminados por metilmercúrio. A Companhia Chisso, nos anos de 1932 a 1968, produziu acetaldeído, utilizando óxido de mercúrio como catalisador. Cerca de 400 toneladas de metilmercúrio era formado na reação e descarregado com os efluentes na baía de Minamata. Moradores e vizinhança de Minamata que viviam da pesca e consumiam extensivamente peixes e frutos do mar sofreram as piores consequênciasdesse desastre (VEIGA, 2002). Sá et al. (2006) analisaram os estudos existentes sobre contaminação por mercúrio na região amazônica e classificaram as populações estudadas. Segundo os autores, as populações expostas ao mercúrio são aquelas que vivem em áreas de garimpo onde a principal via de intoxicação é a ocupacional pela inalação de vapores de mercúrio. Essa população é composta principalmente por garimpeiros queimadores de amálgama e pelos residentes de casas situadas próximas dos locais de onde o ouro é queimado. Além disso, as casas de compra e venda de ouro, normalmente, estão situadas em cidades, levando o risco de contaminação pelo metal até os moradores urbanos (SANTOS et al., 2003). As populações sob influência do mercúrio são aquelas que vivem às margens dos rios próximos a grandes garimpos onde a principal via de incorporação do mercúrio é a alimentação. Populações residentes em áreas de risco vivem às margens de rios afluentes de outros rios que banham garimpos e a via de incorporação do mercúrio também é a alimentação. E as regiões controle são caracterizadas por populações culturalmente parecidas e com mesmo padrão de vida, sem, no entanto, possuírem contato com o mercúrio, nem por exposição ocupacional nem alimentar (SÁ et al., 2006). Certas medidas podem minimizar os efeitos da contaminação por mercúrio. Passos et al apud Sá et al. (2006), demonstraram que a ingestão de frutas pode ajudar a reduzir os efeitos da intoxicação por este metal. Outra medida é evitar o consumo de peixes carnívoros, privilegiando a alimentação a base de peixes herbívoros. Também priorizar o consumo de água de poço e cisternas evitando tomar água dos rios (SÁ et al., 2006). Pequenas medidas associadas ao esclarecimento dos mecanismos de ação do metal e o monitoramento das populações ribeirinhas são de extrema importância para a redução do efeito do mercúrio na saúde da população. Informações sobre o consumo de peixes é uma forma importante para controlar a exposição ao metilmercúrio, e essa preocupação deve fazer parte de programas de promoção da saúde para comunidades de subsistência. Segundo Dórea (2010), enquanto moradores urbanos, em sociedades ricas, podem escolher uma dieta alternativa nutritiva, comunidades tradicionais de subsistência são apanhadas em questões polêmicas, com mudanças de estilo de vida e consequências para a saúde. A proteína do peixe é bem digerida e tem um alto valor biológico; contém iodo, selênio e ácidos graxos poliinsaturados essenciais para o neurodesenvolvimento infantil. Por isso, o autor enfatiza a importância de distinção entre os efeitos adversos atribuídos ao metilmercúrio em peixes e os resultados positivos de desenvolvimento atribuídos ao consumo de peixes. O autor mostrou que as comunidades de subsistência da Amazônia estão ameaçadas mais por problemas de saúde relacionados com a nutrição (anemia) e doenças infecciosas (diarréia, malária, dengue, febre amarela) do que por déficits neuro-comportamentais atribuídos ao consumo de peixes contaminados por metilmercúrio. Fillion et al. apud Dórea (2010) mostraram que, apesar da exposição elevada ao mercúrio, ribeirinhos da Amazônia (13 aldeias), relataram a percepção de qualidade de vida e saúde, associadas principalmente com a ausência de doenças crônicas; e Muniz et al. relataram que a anemia e parasitas intestinais ainda são um problema de saúde pública para crianças da Amazônia (DÓREA, 2010). Segundo Lacerda e Malm (2008), após 1998, o garimpo de ouro decresceu ou mesmo desapareceu na maior parte das áreas garimpeiras; entretanto, concentrações elevadas de mercúrio continuam sendo medidas em peixes e na população humana consumidora, sugerindo uma extensa remobilização do mercúrio depositado nos ecossistemas da região. Segundo os autores, alguns trabalhos têm relatado a remobilização de mercúrio de solos submetidos a mudanças de uso, particularmente pela retirada da floresta por queimada e sua conversão para pastos e/ou atividades agrícolas. Portanto, a expansão do desmatamento para aumentar a área agropecuária poderia ser responsável pela manutenção das elevadas concentrações de mercúrio verificadas. A erosão e lixiviação do mercúrio presente nos solos e a sua reemissão para a atmosfera mantêm elevadas concentrações do metal no ecossistema amazônico, mesmo após a diminuição do garimpo de ouro. Outro fator que também favorece a mobilização do mercúrio, e possivelmente a produção de metilmercúrio na região, é a formação de grandes lagos para geração de energia hidroelétrica, resultando na inundação de extensas áreas florestadas (LACERDA; MALM, 2008). Segundo Azevedo (2003), o mercúrio apresenta duas características que o torna único como agente tóxico e contaminante para o ambiente. Sua volatilidade, por apresentar uma espécie química estável na atmosfera, o vapor de mercúrio pode ser transformado em escala global, afetando áreas remotas longe de fontes pontuais de contaminação; e a capacidade de sofrer transformações processadas por bactérias para compostos alquilmercuriais de cadeia curta, que são lipossolúveis e muito bem absorvidos pelas membranas biológicas de praticamente todas as cadeias alimentares (AZEVEDO, 2003; LACERDA; MALM, 2008). A complexação com compostos orgânicos dissolvidos possibilita a manutenção de concentração relativamente elevadas na coluna d’água e acesso preferencial à biota. Segundo Lacerda e Malm (2008), alguns ambientes e condições ambientais contribuem para aumentar os mecanismos de metilação e complexação orgânica do mercúrio levando a processos diferenciados de contaminação. A existência de uma elevada quantidade de plantas macrófitas nos corpos de água, o desmatamento para a agricultura, a criação de reservatórios de água para as hidroelétricas, a característica levemente ácida das águas e o transbordo dos rios em épocas de chuva contribuem para que os ambientes aquáticos tropicais sejam considerados um lugar propício para a existência de elevadas taxas de metilação, produzindo um aumento da disponibilidade do mercúrio para a biota aquática. Isso facilita a permanência e o transporte de mercúrio no meio aquático, transferindo a contaminação para ecossistemas afastados da fonte de contaminação (VERA et al., 2007). O mercúrio é usado principalmente como catalisador na produção eletrolítica do cloro e da soda cáustica na indústria cloro-álcali. A soda assim produzida pode ser contaminada e, com isso, contaminar certos alimentos preparados industrialmente como é o caso do ácido cítrico, benzoato de sódio e o xarope de alto teor de frutose (High Fructose Corn Syrup) utilizados como conservantes em diversos produtos alimentares (DUFAULT et al., 2009). O mercúrio também pode ser emitido a partir da produção de cimento originado do carvão e outros combustíveis utilizados e das matérias-primas como calcário e outros aditivos (AZEVEDO, 2003). A produção de metais não ferrosos é um processo industrial altamente complexo com configurações diferentes dependendo de quais metais são extraídos, das características do minério e que processo básico é usado. O teor de mercúrio no minério pode variar muito e na primeira etapa do processamento pirometalúrgico desses minérios algum mercúrio pode ser liberado com outros gases (AZEVEDO, 2003). O mercúrio é usado na produção de instrumentos ou aparelhos científicos precisos de pressão, medição, calibração, usados em laboratórios analíticos de pesquisa, termômetros, esfignomanômetros e barômetros, devido às propriedades desse metal de se expandir e se contrair em função da variação da temperatura e de sofrer compressão e transmiti-la a outro ponto (AZEVEDO, 2003). Na indústria elétrica, é usado em vários tipos de lâmpadas como as fluorescentes e as de descarga de alta densidade, tubos de raios-X, interruptores de corrente, instrumentos de controle industrial,termostatos automáticos, medidores, retificadores, baterias secas e domésticas, válvulas de rádio (GRIGOLETTO et al., 2008; AZEVEDO, 2003). Na preparação de amálgamas dentários é usado há mais de 150 anos. O mercúrio, segundo Campos e Steagall apud Grigoletto et al. (2008) tem influência nas propriedades do amálgama dentário e, por esse motivo, é um dos elementos essenciais para sua preparação. O amálgama contém, em média, 53% de mercúrio, e é preparado através da reação do mercúrio com uma liga de prata, cobre e estanho (na forma de pó). Destaca-se aqui o perigo que representa para a saúde dos profissionais e seus auxiliares, já que a contaminação pode ocorrer pelo contato direto com a pele ou pela inalação de seus vapores. Há também a exposição de pacientes por mercúrio: o metal derivado do amálgama dentário se espalha pelo corpo. As restaurações de amálgama são fontes potenciais de contaminação pelo mercúrio através de seus vapores liberados no ar e na cavidade oral e ainda por meio de absorção pela mucosa bucal (GRIGOLETTO et al., 2008). Ele é liberado como vapor, íons ou partículas finas e podem ser inalados ou ingeridos. Além disso, pode causar a liberação de mercúrio para a atmosfera pela cremação de cadáveres (WHO, 2007). Segundo Grigoletto et al., a contaminação ambiental por mercúrio proveniente dos serviços odontológicos é de 3 a 4 % comparados à industrial e à de combustíveis fósseis. O amálgama ainda é um material muito utilizado. Não há outro material com as mesmas propriedades como fácil manipulação, alta durabilidade e baixo custo, que seja compatível (CLARKSON et al., 2003). No Brasil, cerca de 16 toneladas de mercúrio são empregados, anualmente, em serviços odontológicos. Deve-se destacar a importância da conscientização da população e principalmente dos profissionais da saúde bucal sobre os danos à saúde humana e ao meio ambiente. É importante também promover trabalhos educativos sobre as formas adequadas de gerenciamento de resíduos. O Timerosal, cujo componente principal é o mercúrio, passou a ser adicionado às vacinas desde a década de 30 para proteger o produto contra contaminação bacteriana. É metabolizado pelo organismo para etilmercúrio e tiosalicilato. Embora a toxicidade do etilmercúrio ainda seja desconhecida, sua composição é muito parecida com a do metilmercúrio (AZEVEDO, 2003). O cloreto mercuroso, Hg2Cl2 (calomelano), já foi usado como fungicida na agricultura e, na medicina, como anti-sifilítico, diurético e purgativo. Em alguns países ainda é empregado em certos cremes como anti-séptico. O cloreto mercúrico é amplamente empregado como catalisador na indústria química. O mesmo já foi empregado como anti- séptico externo. O nitrato de mercúrio, Hg(NO3)2, é empregado, há mais de 400 anos, na fabricação de chapéus de feltro. Outros compostos inorgânicos de mercúrio são utilizados como corantes e na produção de tintas (AZEVEDO, 2003). Os derivados orgânicos, em pequena escala, foram, e ainda são utilizados na prática médica e agrícola. Assim, foram usados como diuréticos, anti-sépticos, germicidas, contraceptivos, praguicidas, herbicidas e antitraças. Também como conservantes em pinturas, ceras e pastas, antimofos em tintas, fungicidas em tecidos, papel, borracha e madeira (AZEVEDO, 2003). O armazenamento e o descarte inadequados dos resíduos que contenham mercúrio contribuem para a contaminação dos compartimentos ambientais possibilitando tanto uma exposição ocupacional quanto ambiental pelo mercúrio. Nos serviços de saúde, o mercúrio pode ser liberado no ambiente pela quebra ou dano a termômetros, esfigmomanômetros, dispositivos gastrintestinais, termostatos, interruptores e outros produtos médicos que o contém. O mercúrio pode estar presente também em vacinas, kits de diagnóstico, fixadores, conservantes e produtos químicos de laboratório. Além desses, um setor particular na área da saúde, o odontológico, se utiliza largamente de amálgamas de mercúrio para reparações dentárias. Todos esses usos do mercúrio no setor saúde citados, quando são descartados com resíduos, contribuem para a contaminação ambiental (ANVISA, 2010). O potencial prejuízo ambiental, toxicidade humana e custos para o descarte de mercúrio têm levado a uma crescente demanda por instrumentos não contendo mercúrio. Uma preocupação pela exposição de crianças ao mercúrio estimulou a Agência para Substâncias Tóxicas e Registros de Doenças (ATSDR) e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) a rever as fontes de exposição a este metal por crianças, descrever a localização e proporção de crianças afetadas e fazer recomendações de como prevenir essas exposições (LEE et al., 2009). Nesta análise excluíram-se a exposição a mercúrio em instalações de queima de carvão, amálgamas dentários, consumo de peixes, incineradores de lixo hospitalar ou vacinas contendo timerosal. As principais localidades de exposição consideradas pelos pesquisadores foram em casa, na escola e outras como indústrias não adequadas ou instalações médicas. A exposição a pequenos derramamentos de termômetros quebrados foram o cenário mais comum, todavia, segundo o autor, relatos de tais exposições estão diminuindo. A prevenção primária deve incluir educação em saúde e iniciativas de políticas: proporcionar locais devidamente apropriados de descarte de mercúrio pode reduzir potencialmente a probabilidade de que as crianças virão a estar em contato com o mercúrio armazenado. Desenvolver materiais educativos apropriados aos pais, às crianças e aos profissionais de saúde, sobre os riscos de exposição ao mercúrio e as formas de evitar a exposição são outras formas de prevenção. Aos pais, esclarecê-los quanto aos riscos associados com a utilização indevida, os danos e descarte adequado de dispositivos que contenham mercúrio e instruí-los em relação aos procedimentos de limpeza em casos de pequenos derramamentos de mercúrio. Para as crianças, as mensagens devem incluir as fontes de exposição ao mercúrio em casa e na escola, como identificá-lo, os riscos que pode trazer à saúde ao brincar com este metal e o que fazer se o mercúrio for encontrado. Aos profissionais de saúde, deve-se deixar clara a importância de eliminar a exposição para todos em risco, evidenciando os sinais, sintomas e efeitos sobre a exposição ao metal e os recursos disponíveis para obter informações. Os resíduos de mercúrio devem estar contemplados no Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde que deve obedecer a critérios técnicos que conduzam à minimização do risco à saúde pública e à promoção da qualidade ambiental (ANVISA, 2010). Nos serviços de saúde, o mercúrio pode ser encontrado em termômetros clínicos e de estufas, em esfigmomanômetros, em amálgamas odontológicos e nas lâmpadas fluorescentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04, os resíduos contendo mercúrio devem ser acondicionados em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação. Como recuperação geral, os materiais contaminados devem ser mantidos em recipientes bem fechados, armazenados em local fresco, seco e em área ventilada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). A coleta do resíduo de mercúrio resultante do preparo de amálgama odontológico deve ser em recipiente rígido e inquebrável dotado de boca larga e de material inerte; deve ser deixada uma lâmina de água sobre o resíduo acondicionado no coletor. Os vidros dos termômetros clínicos quebrados devem ser tratados como resíduos perfurocortantes do grupo E; e para o mercúrio devem-se observar as recomendações feitas para os resíduos de amálgamas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Em relação às lâmpadas fluorescentes, é recomendável que o armazenamento das mesmas a serem descartadas seja feito em local seco, preferencialmente nas caixas da embalagem original que protegem as lâmpadas contra eventuais choquesque possam provocar sua ruptura. As lâmpadas que se quebrarem acidentalmente deverão ser separadas das demais e acondicionadas em recipiente com tampa que possibilite vedação adequada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). O descarte inadequado de mercúrio e remobilização de fontes naturais coloca em risco e comprometem os recursos naturais e a qualidade de vida das populações. Os Resíduos de Serviços de Saúde se inserem dentro desta problemática e vêm assumindo grande importância nos últimos anos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) têm assumido papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o propósito de preservar a saúde e o meio ambiente. A resolução CONAMA nº 358/93 definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde em elaborar o Plano de Gerenciamento de seus resíduos visando à redução dos riscos sanitários e ambientais, à melhoria da qualidade de vida e da saúde das populações e ao desenvolvimento sustentável (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Essa resolução dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e a Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. O mercúrio é o único metal que reconhecidamente causou óbitos em humanos em razão de contaminação pela via ambiental, particularmente via ingestão de organismos aquáticos contaminados (LACERDA; MALM, 2008). A propriedade química mais importante que explica grande parte dos danos biológicos causados pelo mercúrio é a elevada afinidade que esse metal possui pelo grupo sulfidrila das proteínas, causando inativação enzimática e desestruturação protéica (GIOVANELLA; BENTO, 2011). Segundo De Souza e Barbosa (2000), os efeitos tóxicos causados pelo mercúrio metálico são produzidos após sua oxidação no organismo e devido a sua grande afinidade pelos grupos sulfidrilas das proteínas e, em menor grau, por grupos fosforilas, carboxílicos, amidas e aminas. Nas células, o mercúrio é um potente desnaturador protéico, interferindo nas funções metabólicas celulares. Ele causa também sérios danos à membrana celular ao interferir em suas funções e no transporte através da membrana, especialmente nos neurotransmissores cerebrais. Por outro lado, estudos citogenéticos já realizados em pessoas contaminadas por mercúrio, em níveis considerados toleráveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelaram aumento significativo de quebras cromatídicas, com a possível interferência nos mecanismos de reparo do DNA. Este efeito pode resultar em quebras cromossômicas e em morte celular, o que justificaria o quadro progressivo de deterioração mental nos indivíduos mais altamente contaminados. As principais formas de entrada de mercúrio nos seres humanos são por inalação dos vapores do metal e ingestão de peixes. O vapor inalado é absorvido pelos pulmões e transportado pelo sangue acumulando-se principalmente nos rins, podendo atravessar a barreira hemato-encefálica causando danos ao sistema nervoso central. Os sintomas são semelhantes aos da malária: febre, tosse, fadiga, tremores, distúrbios digestivos, e distúrbios nervosos (BASTOS; LACERDA, 2004). O metilmercúrio, lipossolúvel, atravessa muito facilmente as membranas celulares danificando principalmente o sistema nervoso central (BASTOS; LACERDA, 2004). O diagnóstico da intoxicação mercurial é dificultado pela semelhança dos sintomas desta intoxicação com outros sinais e sintomas, atribuídos a outras causas, principalmente a malária, endêmica nas regiões de garimpo. Outra dificuldade neste diagnóstico é a falta de condições para que os profissionais de saúde local possam estabelecer um diagnóstico diferencial para a intoxicação mercurial (exames clínicos, bioquímicos e toxicológicos), em relação a outras patologias da região (HACON; AZEVEDO, 2006). 4. CONCLUSÃO Pelo exposto neste trabalho foi constatado que a questão relacionada à contaminação ambiental por mercúrio continua sendo assunto discutido em publicações científicas. Pelos estudos levantados, o mercúrio continua sendo um grave componente de degradação ambiental especialmente na região Amazônica, cenário de intensa atividade garimpeira desde a década de 70 do século passado. No entanto, as altas concentrações de mercúrio encontradas no ecossistema amazônico são atribuídas não só à mineração de ouro, mas também à presença de solos com concentrações relativamente elevadas de mercúrio de origem natural, ao transporte atmosférico e à deposição de mercúrio de origem antrópica. As principais fontes de emissão de mercúrio para a atmosfera são o garimpo de ouro, indústria de cloro-soda, indústria siderúrgica e pirometalurgia, queimadas, queima de combustíveis fósseis, emissões de aterros sanitários, setor farmacêutico e de saúde, setor eletro-eletrônico e odontologia. Liberado para atmosfera, o mercúrio causa intoxicação da população por via alimentar ou respiratória. A presença de mercúrio no corpo humano pode ocasionar importantes danos à saúde. Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, esse elemento fica retido nos tecidos, causando lesões graves, principalmente aos rins, fígado, aparelho digestivo e sistema nervoso central. O descarte inadequado dos resíduos de mercúrio e a remobilização das fontes naturais colocam em risco e comprometem os recursos naturais e a qualidade de vida das populações. São necessários estudos para avaliar os riscos ao ambiente e à saúde humana, esclarecer dúvidas dos segmentos envolvidos e orientar as possíveis populações expostas. Em produtos e processos, o mercúrio deve ser substituído por outras substâncias ou ter sua utilização reduzida e monitorada. O mercúrio é um problema ambiental e um risco à saúde humana. Diante disso, vários países estão pondo em prática uma série de medidas de gerenciamento e, até mesmo, o banimento do mercúrio. A conscientização da população, por meio de campanhas educativas, é um ponto fundamental para a realização de políticas sociais, ambientais e de saúde. Os Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e outros órgãos do governo federal compõem um Grupo de Trabalho para Assuntos de Saúde e Meio-Ambiente no âmbito do Ministério das Relações Exteriores, que está encarregado de negociar junto ao Conselho Diretivo do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) um novo protocolo vinculante para o uso de mercúrio e seus subprodutos. Esse grupo participa dessa discussão apresentando sugestões, estabelecendo metas, propondo alternativas e, sobretudo, internalizando as principais discussões em pauta, de forma a oferecer subsídios para a decisão brasileira com embasamento técnico e político. A idéia, no âmbito do Comitê Internacional de Negociação (INC) é realizar uma ampla consulta aos países e à sociedade civil de forma a preparar para 2013 um documento que possibilite o encerramento da comercialização internacional do mercúrio e o controle de estoques por países que continuem a sua utilização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA. Gerenciamento dos Resíduos de Mercúrio nos Serviços de Saúde - Ministério do Meio Ambiente. Agência Nacional de Vigilância Sanitária– Brasília: MMA, 2010. 46 p. AZEVEDO, F.A.; Toxicologia do mercúrio. 1. Ed. São Carlos: RiMa, 2003. 292 p. BASTOS, W, R.; LACERDA, L. D. A contaminação por mercúrio na bacia do Rio Madeira: uma breve revisão, Geochim. Brasil., 18 (2) 99-114, 2004. BARBIERI, F.L.; GARDON, J. Hair mercury levels in Amazonian populations: spatial distribution and trends, International Journal of Health Geographics, 8 (71), 2009. BRABO, E.S. Geoquímica do mercúrio na bacia do Rio Tapajós: do natural ao antropogênico.1.ed. Ananindeua/PA: Editora IEC, 2010. 274 p. CLARKSON, T.W. et al., The toxicology of Mercury – current exposures and clinical manifestations, The New England Journal of Medicine, 349, 1731-1737, 2003. DUFAULT, R. et al., Mercury from chlor-alkali plants: measured concentrations in food product sugar, Environmental Health, 8 (2), 2009. DESOUZA, J. R.; BARBOSA, A. C. Contaminação por mercúrio e o caso da Amazônia, Quim. Nova na Escola, 12, novembro, 2000. DÓREA, J.G. Research into Mercury Exposure and Health Education in Subsistence Fish- Eating Communities of the Amazon Basin: Potential Effects on Public Health Policy. Int. J. Environ. Res. Public Health, 7, 3467-3477, 2010. FAO/WHO. Evaluation of certain contaminants in food: seventy-second report of the Joint Expert Committee on Food Additives. WHO technical report series, nº 959, 2011. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_959_eng.pdf. Acesso em 20 de março de 2011. GIOVANELLA, P.; BENTO, F. 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