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Linguística aplicada ao ensino de língua portuguesa Aula 1: Linguística, linguagem e gramática Apresentação Nesta aula, vamos rever o conceito de Linguística e as diferentes concepções de linguagem. Além disso, vamos conceituar gramática prescritiva, gramática descritiva, gramática internalizada, além de distinguir outros tipos de gramáticas. Vamos começar a re�etir sobre mudanças que tenha percebido ou que gostaria de ter vivenciado durante as aulas de Língua Portuguesa às quais foi exposto ao longo de suas vidas. Sabemos que, em geral, usa-se um excesso de nomenclatura durante as aulas e que essa nomenclatura é inútil para o uso prático da língua. Assim, vamos conversar sobre as mudanças ocorridas no ensino de outras disciplinas e as mudanças ocorridas no ensino de Língua Portuguesa: enquanto outras disciplinas, por exemplo a Biologia, preocupam-se em contextualizar os conteúdos, muitas aulas de Língua Portuguesa apresentam conteúdos descontextualizados e sem signi�cado. Retomaremos o conceito de Linguística para que possamos começar a observar o papel dela na formação do professor de Língua Portuguesa. Vamos re�etir sobre determinados aspectos, como o mecanismo de aquisição da língua, as diferentes concepções de linguagem, os conceitos de língua e de gramática etc. Objetivos Rever as diferentes concepções de linguagem; Conceituar gramática prescritiva, gramática descritiva, gramática internalizada; Distinguir as diferentes gramáticas; Rever o conceito de Linguística; Compreender o papel da Linguística na formação do professor de Língua Portuguesa. Linguística é a ciência que estuda a linguagem humana. Depois de tantos períodos em contato com essa ciência, já sabemos que ela começou o�cialmente com Saussure e que evoluiu nas mãos de pesquisadores como Chomsky e Labov. Estudamos algumas de suas teorias e pudemos perceber o quanto a Linguística se aproximou do homem, da sua vida, do seu fazer. O que os estudos linguísticos podem fazer pelo ensino? Essa pergunta faz com que, dependendo da sua idade, surja outra: meus pais estudaram em uma época em que não havia essa tal de Linguística e ainda assim aprenderam muito bem. Por que nós precisamos do auxílio dessa ciência? Antigamente, os professores eram da ‘elite’ cultural e os alunos, da ‘elite’ social; os alunos aprendiam, apesar das evidentes falhas didáticas; aprendiam muito com professores altamente capazes por vocação e, sobretudo, pelas condições favoráveis, saúde, alimentação, farta possibilidade de leitura. Nos anos 1970- 1980, o crescimento da população escolar nas escolas públicas do estado de São Paulo foi da ordem de um milhão e meio de crianças. Esse crescimento foi um primeiro resultado da política educacional implantada no período que sucedeu a revolução de 64 em nosso país e que, ampliando o número de anos de escolaridade a um contingente da população pretendeu fazer passar a ideia de uma educação que se ‘democratizava’, porque fazia aumentar as chances de igualdade de condições. - Geraldi, Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 115. Com a democratização do ensino público, a escola recebe alunos oriundos de diversas classes sociais. Dessa forma, entram para a escola crianças cujas falas trazem traços das classes populares. Esse fato – que hoje nos parece normal – representou um enorme problema para os professores daquela época, acostumados somente a lidar com crianças que já traziam em suas falas o padrão culto da língua. Como resultado, a escola que tentava ser democrática sofreu com o processo de evasão. Revisitando os conceitos de linguística, linguagem e gramática Embora já tenhamos estudado o conceito de linguagem em diversas oportunidades, é importante darmos a ele um novo olhar. Luiz Carlos Travaglia, em Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus, apresenta-nos concepções muito interessantes acerca do que é linguagem e do que é gramática. Usando as estruturas presentes na fala do nosso menino que disse ‘Os pessoal já foi tudo pra casa?’, vamos pensar: o que seria um projeto bem- sucedido no que diz respeito à Língua Portuguesa? 1º. É preciso compreender de forma clara o que é língua e como um ser humano aprende. Aprender uma língua natural não depende de condições materiais. Vimos com a Teoria Gerativista de Chomsky que toda criança, se não tiver nenhuma patologia, aprenderá sua língua natural, ou seja, desenvolverá sua Gramática Internalizada. [...] saber gramática não depende, pois, em princípio de escolarização, ou de quaisquer processos de aprendizado sistemático, mas de ativação e amadurecimento progressivo (ou da construção progressiva), na própria atividade linguística, de hipóteses sobre o que seja a linguagem e de seus princípios e regras. TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon218/aula1.html Linguagem como expressão do pensamento Re�etindo sobre as respostas dessas três perguntas, vejamos diferentes concepções de linguagem e as diferentes concepções de gramática. Vamos agora responder algumas perguntas? Clique nos botões para ver as informações. Não. 1- A escola leva em conta a gramática internalizada que o aluno traz? Aprendemos através de práticas signi�cativas. 2- Como um ser humano aprende? Através de cópias, exercícios estruturais, preenchimento de espaços vazios. 3 - Como a escola tem lidado com as aulas de Língua Portuguesa? A linguagem se constrói no interior da mente e se uma pessoa não se expressa bem é porque não pensa. [...] o modo como o texto, que se usa em cada situação de interação comunicativa, está constituído não depende em nada de para quem se fala, em que situação se fala (onde, como, quando), para que se fala. TRAVAGLIA, 2001, p. 22 A língua é capaz de transmitir mensagens de um emissor a um receptor. Há um conjunto de regras compartilhadas por todos que permite a comunicação e essas regras são utilizadas para que a comunicação se estabeleça. Para essa concepção o falante tem em sua mente uma mensagem a transmitir a um ouvinte, ou seja, informações que quer que cheguem ao outro. Para isso ele a coloca em código (codi�cação) e a remete para o outro através de um canal (ondas sonoras ou luminosas). O outro recebe os sinais codi�cados e os transforma de novo em mensagem (informações). É a decodi�cação. TRAVAGLIA, p. 22-23 O indivíduo age sobre o outro ao se comunicar, pois o uso da linguagem é o espaço da interação. Essa visão nos lembra a visão da análise de discurso de linha francesa que traça uma relação entre sujeito – imagem - condição de produção - formação discursiva – formação ideológica. A linguagem é pois um lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio--histórico e ideológico. TRAVAGLIA, 2001, p. 23 Concepções de Gramática Quando consideramos a palavra gramática, devemos observá-la sob dois pontos de vista: o da concepção daquilo que é uma gramática e dos diversos tipos de gramáticas existentes. Vejamos, primeiro, as concepções de gramática. Gramática na escola O título dessa seção de nossa aula é uma referência ao livro de mesmo nome escrito por Maria Helena de Moura Neves, importante linguista da atualidade. Esse livro, publicado pela primeira vez em 1990, traz uma discussão ainda atual sobre o ensino de Língua Portuguesa nas escolas. No primeiro capítulo, intitulado Reconhecimento do terreno, a autora apresenta parte dos dados de uma pesquisa realizada com 170 professores e aponta, entre outros fatores para quê se ensina gramática e o que é ensinado nas aulas de Língua Portuguesa. Só com esse olhar inicial apresentado pela autora já podemos concluir que a concepção de gramática é a de regras de bom uso. Será que aquilo que foi apresentado em (O que é ensinado) realmente vai levaro aluno ao que ele quer em (para quê se ensina)? Ou seja, como exercícios de classi�cação e de análise sintática levarão alguém a se expressar corretamente e ser aceito? A partir desses questionamentos surgem outros: o que devemos fazer na escola? Ensinar Língua ou ensinar gramática? Lembram-se de Dionísio da Trácia? A partir dos clássicos gregos, Dionísio codi�ca a primeira gramática grega. O que podemos deduzir desse fato? Os gregos já escreviam muito antes de existir uma gramática grega sistematizada por Dionísio. Pode-se escrever bem sem dominar as nomenclaturas. Ao �nal dessa primeira aula, qual seria a sugestão? Seguir em nossas aulas a direção contrária das gramáticas: Internalizada – Descritiva – Normativa Clique nos botões para ver as informações. Portanto, exposição à variante padrão facilitaria a aprendizagem através de leitura, escrita, narrativa oral, debate, interpretação. 1) A criança internaliza a gramática por exposição aos dados Não fazer correção imediata e compreender que não se eliminam tais problemas por exercícios estruturais: eles desaparecem com a prática. Exemplo: Voltando à frase “Os pessoal já foi tudo pra casa”, vamos aplicar a gramática descritiva e discutir a adequação. Tem-se na escola as três gramáticas: 1) A produção do aluno re�ete o que ele sabe (Gramática Internalizada). 2) Comparar as formas sem preconceito (Gramática Descritiva). 3) Discutir aceitação e rejeição social (Gramática Normativa). 2) Como tratar o erro? javascript:void(0); http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon218/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon218/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon218/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon218/aula1.html Atividades 1. Saber gramática depende... a) ... de ativação e amadurecimento na própria atividade linguística. b) ... principalmente de escolarização, somada ao processo de aprendizado sistemático.Lorem ipsum dolor sit. ame, consectetur adipiscing elit. Aliquam at euismod nunc. Duis congue nisi ut vestibulum facilisis. Interdum et malesuada fames ac ante ipsum primis in faucibus. 2 – Relacione as três concepções de linguagem apresentadas por Luiz Carlos Travaglia aos trechos correspondentes: como expressão do pensamento 1 como instrumento de comunicação. 2 como forma ou processo de interação. 3 a) O indivíduo age sobre o outro ao se comunicar. b) ) Linguagem que se constrói no interior da mente. c) A língua é capaz de transmitir mensagens de um emissor a um receptor. 3 – Sobre a Gramática Descritiva, é correto a�rmar que: a) segundo essa visão gramatical são ignoradas as características próprias da língua oral. b) se baseia nos usos reais da língua. c) depende da ativação e amadurecimento na própria atividade linguística. Notas Revisitando os conceitos de linguística, linguagem e gramática Antes de continuar, leia um artigo sobre o papel da linguística na sala de aula. Link javascript:void(0); Para quê do ensino da gramática na vida do aluno: Ser aprovado em concursos e vencer na vida. Expressar-se corretamente e ser aceito na sociedade. Usar a língua-padrão/ norma culta e ser bem-sucedido na vida. O que é ensinado Exercícios mais comuns 31% - reconhecer classes de palavras; 15% - reconhecer funções sintáticas; 8% - reconhecer e classi�car funções sintáticas; 7% - reconhecer e subclassi�car classes de palavras; 3% - classi�car verbos quanto à transitividade. Em geral: em torno de 70% de exercícios são relativos à análise sintática. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências Próxima aula A sociolinguística no ensino de Língua Portuguesa; O português padrão e o português não padrão; O português brasileiro e o ensino. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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