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Prévia do material em texto

2012
Microbiologia
Prof.ª Mara Rúbia Lenzi
Prof. Júlio Roussenq Neto
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Profª. Mara Rúbia Lenzi
Prof. Júlio Roussenq Neto
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
579
L575m Lenzi, Mara Rúbia
 Microbiologia / Mara Rúbia Lenzi; Júlio Roussenq Neto. 
2. Ed. Indaial : Uniasselvi, 2012.
 
 211 p. : il
 
 ISBN 978-85-7830- 628-1
 1. Microbiologia.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
 
Impresso por:
III
apresentação
Prezado acadêmico!
Iniciaremos agora o estudo da Microbiologia. Trata-se de um mundo 
invisível e totalmente desconhecido da maioria das pessoas. Será, sem 
dúvida, uma grande aventura, pois esse mundo pequeno e tão cheio de 
mistérios precisa ser explorado para podermos entender a relação que ele 
tem com o mundo em que vivemos.
Vamos entender qual é o papel representado por esses seres tão 
diminutos. Ao estudá-los em seu mundo, iremos compreender a importância 
desses seres em nossas vidas. A existência deles está por toda a parte, no 
ar que respiramos, no alimento que comemos, no interior de nosso próprio 
corpo, nas montanhas, nos vulcões, no fundo do mar, nos mananciais, enfim, 
entramos em contato com inúmeros microrganismos diariamente. Vamos 
aprender também que alguns causam doenças e outros evitam e até curam 
doenças. Veremos que a maioria apresenta um papel fundamental nos 
processos que fornecem energia e, com isso, tornar a vida na Terra viável.
Com os diversos papéis exercidos pelos microrganismos no mundo, 
poderemos entender, então, por que a Microbiologia é uma disciplina de desafios 
e de descobertas importantes, que nos oferece muitas recompensas. Além de ser 
uma ciência fluente e de grande relevância, ela nos instiga, pois afeta a todos nós. 
Incontáveis são as áreas de atuação: da medicina à evolução, da agricultura à 
ecologia. Ela estará contribuindo tanto para o campo do conhecimento científico 
como para a solução dos inúmeros problemas da humanidade.
Vamos iniciar agora a nossa viagem ao mundo microscópico. 
Bons estudos!
 Prof.ª Mara Rúbia Lenzi
 Prof. Júlio Roussenq Neto
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS ................................................................. 1
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA ............................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 MICROBIOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA .................................................................................. 3
3 ORIGEM DA VIDA.............................................................................................................................. 5
3.1 MICROSCÓPIO ................................................................................................................................ 9
3.2 A DESCOBERTA DA CÉLULA ..................................................................................................... 12
3.3 CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS ..................... 14
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 27
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS ................................................... 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31
2 TAXONOMIA ........................................................................................................................................ 31
3 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................................. 36
3.1 BACTÉRIAS ...................................................................................................................................... 38
3.2 PROTOZOÁRIOS ............................................................................................................................ 40
3.3 ALGAS E FUNGOS ......................................................................................................................... 41
3.4 VÍRUS ................................................................................................................................................ 43
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS ................................................................. 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 CARACTERÍSTICAS DA CITOLOGIA BACTERIANA .............................................................. 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 68
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 70
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 71
UNIDADE 2 – METABOLISMO E GENÉTICA MICROBIANA ................................................... 83
TÓPICO 1 – CONCEITOS ESSENCIAIS DE METABOLISMO .................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85
2 METABOLISMO CELULAR E FONTES DE ENERGIA DOS MICRORGANISMOS ........... 85
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 99
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103
suMário
VIII
TÓPICO 2 – GENÉTICA MICROBIANA E VARIABILIDADE ..................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 MATERIAL GENÉTICO DE CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS .................105
3 DUPLICAÇÃO DO DNA OU ADN ................................................................................................107
4 GENE E A TRANSCRIÇÃO GÊNICA – RNA OU ARN .............................................................110
5 MUTAÇÃO ...........................................................................................................................................111
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................112
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................114
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115
TÓPICO 3 – BIOTECNOLOGIA ........................................................................................................117
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117
2 ENGENHARIA GENÉTICA – TRANSFERÊNCIA DE GENES ................................................117
3 APLICAÇÃO INDUSTRIAL DA MICROBIOLOGIA ................................................................120
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................122
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................125
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................127
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128
UNIDADE 3 – CONTROLE DOS MICRORGANISMOS E OS PRINCIPAIS GRUPOS .......131
TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO .............................................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133
2 AGENTES FÍSICOS E QUÍMICOS .................................................................................................133
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................142
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................144
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148
TÓPICO 2 – VÍRUS ...............................................................................................................................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 CARACTERÍSTICAS GERAIS ........................................................................................................151
2.1 REPLICAÇÃO ................................................................................................................................155
3 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS ...........................................................................................160
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................162
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................164
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................165
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EUCARIONTES
 E PARASITAS ..................................................................................................................169
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169
2 FUNGOS ...............................................................................................................................................169
3 ALGAS ..................................................................................................................................................180
4 PROTOZOÁRIOS ...............................................................................................................................184
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................191
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................193
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................194
IX
TÓPICO 4 – METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA ...........................197
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................197
2 AULAS PRÁTICAS ............................................................................................................................198
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................199
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................201
LEITURA COMPLEMENTAR 3 ..........................................................................................................203
3 JOGOS DIDÁTICOS .........................................................................................................................205
4 RECURSOS AUDIOVISUAIS ..........................................................................................................206
5 SAÍDAS DE CAMPO .........................................................................................................................208
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................209
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................210
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................211
X
1
UNIDADE 1
MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOSA partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer alguns fatos históricos que contribuíram para o reconhecimento 
da Microbiologia como ciência;
• conhecer os princípios básicos de funcionamento dos microscópios e com-
preender como a evolução desses aparelhos está relacionada ao progresso 
da Microbiologia;
• reconhecer os principais grupos de microrganismos;
• compreender como os seres microscópicos são classificados.
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no final 
de cada um deles, leituras complementares e atividades que irão contribuir 
para a compreensão dos conteúdos explorados.
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DOS MICRORGANISMOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Em sua imaginação, quando você pensa em Microbiologia, 
com certeza irá pensar em todos aqueles micróbios (microrganismos) que causam 
doenças ou em seres tão repulsivos que, de tão pequenos, são invisíveis a olho nu. 
Sua imaginação estará voltada também para aqueles indivíduos de roupas brancas, 
sentados à frente de microscópios, em seus laboratórios, pesquisando um mundo 
distante e pouco conhecido por você. É muito difícil para você, quando pensar em 
Microbiologia, fazer qualquer relação desses seres com a vida na Terra. Olhando ao 
seu redor, com certa atenção, você irá se deparar com um grande trabalho microbiano. 
A ação microbiana é intensa e de extrema importância para o ambiente e em todos os 
aspectos da vida humana. Seria impossível a vida na Terra sem a presença deles.
Existem certas bactérias que absorvem o nitrogênio do ar, ajudando, com 
isso, certos tipos de plantas a crescer. Juntamente com os fungos, degradam plantas 
mortas, resíduos de esgotos, restos alimentares e óleos de derramamento. Muitas 
bactérias são utilizadas nas indústrias de alimentos, na produção de drogas úteis ao 
homem (antibióticos) e ao ambiente. É bom lembrar que nem sempre são nocivas, ou 
seja, que provocam danos ao homem, apenas uma pequena porcentagem é patogênica 
(causa doenças). Boa parte delas, na verdade, irá melhorar a qualidade de vida na 
Terra através da reciclagem da matéria, dando sustentação a muitos processos vitais 
que todos os organismos realizam. Podemos dizer que a Terra é o que é hoje devido 
à ação dos microrganismos. É por isso que o estudo da Microbiologia é importante.
2 MICROBIOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA
A origem do termo microbiologia deriva de três palavras gregas: mikros: 
pequeno; bios: vida e logos: ciência. Sendo assim, podemos definir Microbiologia 
como o estudo da vida microscópica, ou seja, há a necessidade de estudá-la com 
o auxílio de um microscópio.
Grandes são os obstáculos que os cientistas enfrentam quando estudam a 
origem da vida na Terra. As transformações ocorridas na crosta terrestre fizeram 
com que fossem apagados todos os vestígios dos primeiros seres vivos. Para Pelczar, 
Chan e Krieg (1997a), as deduções feitas pelos cientistas com relação à origem dos 
microrganismos datam de quatro bilhões de anos atrás. Segundo os cientistas, eles 
teriam surgido de um material orgânico complexo em águas oceânicas ou de prováveis 
nuvens que circundavam nossa Terra primitiva. No mesmo raciocínio, Pelczar, Chan 
e Krieg (1997a) afirmam que, sendo esses os primeiros indícios de vida na Terra, os 
microrganismos são considerados os ancestrais de todas as outras formas de vida.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
4
UNI
Uma dúvida que sempre tivemos é se os micróbios são anteriores à fermentação 
ou resultado dela. Você já parou para pensar nisso? Vejamos, a seguir, o que Pelczar, Chan e 
Krieg (1997) descobriram.
Segundo Pelczar, Chan e Krieg (1997a), em um momento mais adiante, 
os estudiosos do assunto provam que os micróbios não são o resultado, mas 
sim a causa dos processos fermentativos da uva para produção do vinho. Outra 
descoberta muito importante foi a de que apenas um tipo específico de micróbio 
causaria uma doença específica. Para Pelczar, Chan e Krieg (1997a), todas essas 
informações trouxeram a compreensão e o reconhecimento da influência crítica 
dessas novas formas de vida sobre a saúde e o bem-estar do homem. Outro 
dado importante que os microbiologistas puderam aprender durante o início do 
século XX foi a de observar a capacidade que os micróbios possuem de realizar 
uma grande variedade de reações químicas, ou seja, de possuírem a capacidade 
de quebrar substâncias e a de sintetizar novos compostos. Após todas essas 
descobertas, cria-se a expressão diversidade bioquímica como uma forma de 
caracterizar microrganismos. Outra observação valiosa que os microbiologistas 
fizeram foi quanto às reações químicas realizadas pelos microrganismos. Essas 
reações assemelham-se àquelas que ocorrem em formas de vida superiores.
A partir de agora vamos estudar as principais teorias para explicar a origem da 
vida em nosso Planeta.
ATENCAO
Apesar dos microrganismos existirem há tanto tempo, a Microbiologia 
se apresenta como uma ciência extremamente jovem. Segundo Pelczar, Chan e 
Krieg (1997a), os pesquisadores observaram os microrganismos pela primeira vez 
há 300 anos. O detalhe interessante dessa descoberta é que essa informação não 
foi compreendida no início, pois somente 200 anos após essa descoberta é que a 
importância dos microrganismos foi reconhecida.
As várias tentativas científicas de se conseguir maiores conhecimentos a 
respeito dos microrganismos contribuíram de forma intensiva para o reconhecimento 
da Microbiologia como ciência. Na segunda metade do século XIX houve a 
comprovação, por parte dos cientistas, de que os microrganismos eram originados 
de pais iguais a eles próprios e não de causas sobrenaturais, como se acreditava na 
época, e muito menos de plantas e animais em putrefação (Teoria da Abiogênese).
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
5
3 ORIGEM DA VIDA
Tentar entender de onde surgiram os seres vivos sempre ocupou a mente 
da maioria das pessoas e, em razão disso, diversas explicações foram construídas ao 
longo da história da humanidade. Filósofos gregos tentaram explicar o surgimento da 
vida na Terra. Entre eles está Aristóteles que, há mais de 2000 anos, já se preocupava 
com o problema e lançou inúmeros postulados que iriam guiar por muito tempo as 
diversas áreas do conhecimento. Entre as várias ideias sobre a origem da vida, uma 
delas ganhou destaque: a do “princípio ativo” ou “princípio vital”.
IMPORTANT
E
Segundo Aristóteles, a existência de um “princípio ativo” era capaz de produzir 
matéria viva a partir de matéria bruta, desde que em condições favoráveis (UZUNIAN; PINSETA; 
SASSON, 1991). Em uma sequência de eventos, segundo Aristóteles, esse “princípio ativo” 
tinha o poder de se organizar de tal forma que acabariam por determinar o aparecimento de 
um ser vivo (“princípio vital”).
Essa teoria conhecida por abiogênese ou geração espontânea teve ampla 
aceitação até há pouco mais de um século. Muitos anos depois de Aristóteles, 
vários cientistas famosos ainda acreditavam na geração espontânea. 
Para citar um caso muito interessante, no século XVII, Jean Baptiste Van 
Helmont, médico belga, escreveu uma receita para produzir camundongos em 
21 dias a partir de uma camisa suja colocada em contato com germe de trigo. 
FONTE: Disponível em: <http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1225>. Acesso em: 
27 nov. 2010.
Não existia na época o conhecimento sobre métodos científicos. A geração 
espontânea para o pensamento dominante na época era algo tão evidente que não 
tinha de ser testado.
UNI
Para você ter uma ideia, muitos daquela época acreditavam que de cascas de 
árvores à beira de um lago originavam-se gansos ou que algumas árvores davam frutos que 
continham carneiros completamente formados dentro deles. Sapos e tartarugas surgiam a 
partir de fontes de água. Folhas de árvores que caíam sobre lagos originavam patos. Insetos 
em geral surgiamde fezes de animais ou de qualquer outro material em putrefação.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
6
Com o desenvolvimento do conhecimento, vamos encontrar o início de 
uma investigação científica moderna sobre o problema da origem da vida nos 
trabalhos de Francesco Redi (1626-1697), biólogo e médico de Florença (Itália), 
em meados do século XVII (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Através de 
seu trabalho, deu-se início à fase de contestações sobre a abiogênese. Ficou 
demonstrado, pelas experiências realizadas por Redi, que a vida só podia ser 
originada de vida pré-existente – a biogênese.
UNI
Vamos estudar agora como Redi tentou derrubar a Teoria da Abiogênese através 
de um experimento simples.
Em seu experimento, Redi colocou alguns pedaços de animais mortos em 
frascos de boca larga, vedando alguns deles com uma gaze bem fina e deixando 
outros abertos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Nos frascos não cobertos pela 
gaze, moscas entravam e saíam livremente onde mais tarde surgiam “vermes”. 
Nos frascos que estavam cobertos pela gaze, que impedia a entrada das moscas, 
não surgiu nenhum verme, mesmo depois de alguns dias (Figura 1).
IMPORTANT
E
Prezado acadêmico! Para enriquecer os seus estudos, no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem (AVA), no link material de apoio, estão disponíveis todas as imagens deste 
Livro Didático na versão colorida. Se acaso você não conseguir visualizar, peça ajuda ao(à) 
seu(sua) Professor(a)-Tutor(a) Externo(a) para que faça a apresentação dessas imagens em 
um dos Encontros Presenciais da disciplina.
FIGURA 1 – EXPERIMENTO DE REDI
FONTE: Disponível em: <: http://slideplayer.com.br/slide/387135/3/
images/6/Abiog%C3%AAnese+X+Biog%C3%AAnese.jpg>.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
7
No experimento de Redi, que contrariava a geração espontânea, pode-se 
observar nos frascos tampados com gaze que nenhuma larva aparece (PELCZAR; 
CHAN; KRIEG, 1997a). Nos frascos abertos, onde as moscas podem entrar e 
colocar seus ovos sobre a carne, aparecem as larvas na carne da qual se alimentam.
Poderíamos imaginar que, após esse experimento, a teoria da geração 
espontânea seria superada, porém ela ainda não estava derrotada. Para Black 
(2002), de nada adiantava demonstrar que as larvas não surgiam espontaneamente, 
pois havia muitos cientistas que ainda acreditavam na geração espontânea. Entre 
eles estava o clérigo inglês John Needhan (1713-1781) que, em 1745, montou 
alguns experimentos que reforçaram a ideia da origem da vida por abiogênese 
(PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Nesses experimentos, ele utilizou caldos 
nutritivos, como caldo de galinha, carne e alguns tipos de sucos de vegetais, bem 
como alguns outros tipos de líquidos que continham partículas alimentares. Esses 
caldos foram colocados dentro de frascos e, após terem sido fervidos durante 
alguns minutos para destruir os microrganismos, eram imediatamente vedados 
com rolha de cortiça. Passados alguns dias, os caldos apresentaram-se repletos de 
microrganismos. Needhan argumentou que a fervura eliminaria todos os seres 
existentes no caldo inicial e como os frascos estavam tampados não haveria como 
um ser vivo penetrar através das rolhas (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). A única 
explicação de Needhan para a presença de microrganismos nos frascos era que eles 
haviam surgido por geração espontânea (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a).
Um dos maiores opositores a Needhan era o clérigo e cientista italiano 
Lazzaro Spallanzani (1729-1799), um fervoroso defensor da biogênese (PELCZAR; 
CHAN; KRIEG, 1997a). Para demonstrar a sua descrença à abiogênese e ao método 
empregado por Needhan, Spallanzani resolveu refazer os experimentos de Needhan 
e tentar, com isso, provar a biogênese (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Em 1769, 
Spallanzani preparou alguns frascos com caldo nutritivo de carne e vegetal. Esses 
foram vedados e, após uma hora de fervura, foram postos de lado por alguns dias. Ao 
analisar o material, pôde constatar a ausência total de vida em todos eles. Com isso, 
pôde demonstrar que Needhan não tinha aquecido os frascos suficientemente para 
matar todos os microrganismos neles existentes. Fica evidente que, após os líquidos 
terem sido aquecidos por pouco tempo, poderia ainda haver certa quantidade de 
microrganismos vivos que se reproduziriam logo que os frascos esfriassem.
Needhan reagiu afirmando que, com a fervura do líquido em temperatura 
muito alta e por muito tempo, destruiria seu “princípio ativo” ou “princípio vital”, 
ou seja, o ar era simplesmente essencial à vida, como também para a geração 
espontânea dos microrganismos, e que teria sido excluído do experimento de 
Spallanzani (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Claro que não seriam apenas 
alguns trabalhos, mesmo tendo sido muito bem planejados, que destruiriam uma 
ideia sustentada já há alguns séculos. Muitos foram os cientistas que contestaram 
a abiogênese, porém sem muito sucesso. 
Em 1860, outro grande cientista, o químico e biólogo francês Louis Pasteur 
(1822-1895), através de uma análise longa e lógica sobre o problema da origem 
da vida, rejeita a teoria da geração espontânea, pois concluiu que o ar é uma 
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
8
fonte de microrganismos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). As substâncias não 
sofreriam alterações se estivessem protegidas do contato com os microrganismos 
presentes no ar, no solo, nos vidros e nas mãos. Repetiu várias vezes, sob várias 
circunstâncias, que soluções nutritivas bem como outros tipos de materiais não 
geravam organismos vivos depois de terem passado por um processo cuidadoso 
de esterilização. Em uma das mais célebres experiências – frascos de “pescoço de 
cisne” (Figura 2) –, Pasteur consegue uma vitória sobre a abiogênese.
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA SEQUÊNCIA DE ETAPAS DO CÉLEBRE 
EXPERIMENTO REALIZADO POR PASTEUR 
Caldo vertido
no frasco
Pó e micróbios
retidos
Pescoço do
balão curvado
com fogo
Frasco vertical.
Caldo permanece
sem micróbios
Caldo contaminado
com micróbios
Frasco inclinado
Caldo fervido
FONTE: Disponível em:<http://www.sobiologia.com.br/figuras/Corpo/Pasteur.
png>. Acesso em: 16 set. 2010.
A experiência consistia em diversos caldos nutritivos que eram colocados 
em frascos de vidro. Em alguns deles, aquecia-se o gargalo até que se tornassem 
maleáveis a ponto de poderem ser curvados, obtendo frascos com o formato de 
um pescoço de cisne. Em outras bancadas, ele mantinha os frascos com o gargalo 
curto e reto. Após esse procedimento, ele fervia durante alguns minutos os caldos 
nutritivos. Em alguns dias, podia-se notar que nos frascos de pescoço reto havia 
uma rápida contaminação do caldo nutritivo, porém não constatou a contaminação 
no caldo nutritivo nos frascos de pescoço de cisne, mesmo depois de alguns meses. 
Essas experiências refutaram definitivamente a teoria da geração espontânea.
Pasteur identificou os microrganismos causadores de doenças e também os 
que são utilizados na produção de vinho.
ATENCAO
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
9
3.1 MICROSCÓPIO
Para Pelczar, Chan e Krieg (1997a), nem sempre as grandes descobertas são 
feitas por cientistas profissionais, e sim, por cientistas amadores. A Microbiologia, como 
qualquer outra ciência, envolve um processo de interação de ideias e instrumentos. 
Novos instrumentos nos permitem melhores observações, que, por sua vez, servem 
de base para difundir um maior número de grandes ideias. O século XVII foi marcado 
pelo desenvolvimento de uma atitude diferente perante a pesquisa livre. Com essa 
nova atitude, inúmeros instrumentos foram aperfeiçoados, entre os quais as lentes, que 
irão, sem dúvida, contribuir para facilitar as investigações científicas.
UNI
Prezado acadêmico! Vamos conhecer agora como foi a construção do 
microscópio para a visualização dos microrganismos, pois na época, sabia-se que existiam, 
mas nunca tinham sido observados.
Passados alguns anos após as experiências de Francesco Redi, Antony van 
Leeuwenhoek (1632-1723), um dos fundadores daMicrobiologia, que viveu em Delft, 
Holanda, com pouca formação científica, porém muito familiarizado com o uso de 
lentes de aumento, aperfeiçoa o microscópio (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). 
Através das lentes desse instrumento, passa a examinar uma grande variedade de 
microrganismos, cuja existência era, até então, ignorada. É muito provável que 
tenha sido ele o primeiro a visualizar microrganismos individualmente.
Na próxima figura, visualizaremos o microscópio construído por Leeuwenhoek. 
O interessante é que para cada espécime tinha que construir um novo microscópio, deixando 
junto ao microscópio o espécime anterior estudado.
ATENCAO
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
10
FIGURA 3 – MICROSCÓPIO DE LEEUWENHOEK
suporte do
material material
biológico
parafuso de
regulagem
placa
de metal
placa
de metal
lente
FONTE: Disponível em: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala09/image09/09_
26_02.gif>. Acesso em: 16 set. 2010.
Era o ano de 1674 quando Leeuwenhoek apresentou a sua invenção (PELCZAR; 
CHAN; KRIEG, 1997a). O microscópio construído era simples e dotado de apenas uma 
lente de vidro, com capacidade de aumento dos objetos de 100 a 300 vezes. Para Black 
(2002, p. 46), “apesar de serem constituídos de uma única lente fina cuidadosamente 
assentada, eles tinham de fato lentes de aumento bastante poderosas”. A maior 
dificuldade nesses microscópios era a focalização dos espécimes. Ainda hoje pouco se 
sabe sobre os métodos de iluminação utilizados por Leeuwenhoek. Para Black (2002, p. 
46), “[...] é provável que ele tenha usado iluminação indireta, sendo a luz refletida pelo 
lado de fora dos espécimes, e não passando através deles”. Segundo Pelczar, Chan e 
Krieg (1997a), entre as várias observações feitas, sendo todas anotadas cuidadosamente 
por Leeuwenhoek, bem como as várias cartas que eram enviadas à Sociedade Real 
Inglesa, ele descreveu, numa dessas cartas enviadas, o que chamou de “pequeninos 
animálculos”, que hoje conhecemos como protozoários de vida livre. Em outra carta 
muito interessante, ele descreve, pela primeira vez, um grupo de microrganismos 
conhecidos hoje por nós como bactérias. É bom saber que essa visualização tinha 
poucos detalhes da estrutura das bactérias. Para uma melhor visualização, havia a 
necessidade do desenvolvimento de microscópios mais complexos.
Na figura a seguir, visualizaremos os desenhos feitos por Leeuwenhoek das suas 
observações vistas naquele microscópio rudimentar.
ATENCAO
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
11
FIGURA 4 – DESENHOS DE LEEUWENHOEK. BACTÉRIAS, ALGUMAS 
COM MOTILIDADE (C PARA D)
FONTE: Disponível em:<http://www.scielo.br/img/revistas/hcsm/v5n2/
v5n2a7f3.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
Todas essas descobertas trouxeram grandes estímulos para os cientistas 
da época. Entre eles está o físico Robert Hooke (1635-1703), encarregado pelos 
cientistas ingleses de compor um novo aparelho, bem mais poderoso do que o 
apresentado por Leeuwenhoek (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). O modelo 
desenvolvido por Hooke era o de um microscópio de duas lentes ajustadas a 
um tubo de metal, semelhante ao inventado por Zacharias Jansen, que, segundo 
alguns autores, seria dele a invenção do microscópio por volta de 1590. Para 
Pelczar, Chan e Krieg (1997a), Leeuewenhoek foi quem primeiro empregou 
um microscópio na investigação da natureza. O microscópio apresentado por 
Hooke ficou conhecido como microscópio composto (Figura 5), pelo fato de ser 
constituído por duas lentes, enquanto que o microscópio de Leeuwenhoek, que 
era constituído por uma única lente, é considerado um microscópio simples.
FIGURA 5 – MICROSCÓPIO COMPOSTO DE HOOKE
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_CXhfB_PPfWY/
SbregBpxGVI/AAAAAAAAADg/xuZIUDC02mE/s320/microscopio.
bmp>. Acesso em: 16 set. 2010.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
12
3.2 A DESCOBERTA DA CÉLULA
Robert Hooke fez a apresentação de seu microscópio à comunidade 
científica londrina em abril de 1663. Escolheu alguns materiais para essa 
demonstração, sendo que o que traria mais destaque seriam as fatias finas de 
cortiça. Ao observá-las no microscópio, reparou que eram constituídas por 
cavidades e as comparou aos quartos de um convento (Figura 6). Esses quartos 
eram como celas e, mais tarde, denominou-as células (sendo que em inglês seria 
cells – pequenas celas ou caixinhas). A derivação do termo “célula” vem do latim 
cellula, que nada mais é que o diminutivo de cella, cujo significado é “um pequeno 
compartimento”. Hoje temos o conhecimento que esses minúsculos espaços 
vazios eram ocupados anteriormente por células vivas. Na verdade, o que foi 
observado por Hooke eram as paredes celulares, cuja função é a de separar as 
células de uma planta. Com a morte da planta, essas paredes não se decompõem 
como o resto.
NOTA
A parede celular só é encontrada em células vegetais. Você estudou na Unidade 
2, Tópico 1, do Livro Didático de Citologia, as características e funções da parede celular. Na 
figura a seguir, você verá apenas a parede celular das células de cortiça.
FIGURA 6 – CORTIÇA OBSERVADA POR HOOKE
FONTE: Disponível em: <https://img.haikudeck.com/mg/z1nRn6AlZQ
_1444878487396.jpg>.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
13
NOTA
A cortiça utilizada para a fabricação das rolhas é a camada formada como um 
envoltório suberoso no tronco da árvore. Esse envoltório, que ganha grossura a cada ano, é retirado 
após 9-12 ou 15 anos, quando possui uma largura de aproximadamente 30 mm. Essa casca é secada 
e cortada em pedaços de aproximadamente 40-50 mm, conforme o comprimento da futura rolha. 
FONTE: Disponível em: <http://www.enologia.org.br/conteudo.asp?id_artigo=186&id_categoria=4&sT]
ipo=artigo&sSecao=curiosidades&sSubSecao=&bSubMenu=1&sParamMenu=>. Acesso em: 19 set. 2010.
Dando prosseguimento aos seus estudos na área de microscopia, Hooke 
obteve um vasto material microscópico, a ponto de poder lançar um livro voltado 
à área. Boa parte dos pesquisadores da época, além, é claro, do próprio Hooke, 
passaram a observar as partes vivas de plantas e notaram a existência de células 
muito semelhantes às da cortiça. A única diferença que foi observada pelos 
cientistas era que o espaço interno das células vivas era preenchido por uma 
substância gelatinosa. Inúmeras pesquisas foram realizadas e as observações 
feitas não ficavam somente nas células vegetais, eram observadas também 
células animais. Com isso, o termo célula passou a denominar o conteúdo dessas 
caixinhas microscópicas que formam o corpo das plantas e dos animais.
Passaram-se dois séculos desde as primeiras observações feitas por 
Hooke até a descoberta de que todos os seres vivos são constituídos por células, 
a chamada Teoria celular.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Você reparou que muitos assuntos tratados neste Caderno já 
foram estudados na disciplina de Citologia? Pois bem, é importante relembrar alguns tópicos 
para darmos continuidade aos estudos.
Em 1839, dois cientistas alemães, Mathias Shleiden (1804-1881) e Theodor 
Schwann (1810-1882), após discutirem as suas ideias sobre a organização dos 
seres vivos, chegaram à conclusão de que “todos os seres vivos são compostos 
de células” (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Essa conclusão aconteceu porque 
os dois cientistas, que trabalhavam em diferentes campos de pesquisa (Shleiden 
dedicava-se à fisiologia das plantas e Schwann à anatomia dos animais), 
compararam as suas observações e não tiveram dúvidas: todas as estruturas 
minúsculas que apareciam nas folhas, nos caules e nas flores das plantas, bem 
como no fígado, ossos e na pele dos animais, enfim, em todos os organismos 
vivos estudados, eram a mesma unidade minúscula que constituía a vida.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
14
IMPORTANT
E
Essas células tinham a aparência de minúsculos aglomerados com um material 
semitransparente, que era delimitado por uma membrana e todas elas com uma estrutura central.
Algumas décadas mais tarde, outra hipótese foi apresentada com as 
observaçõesfeitas pelo cientista alemão Rudolpho Virchow (1821-1902). Ele 
demonstrou que as células do corpo não surgiam da matéria inanimada por 
geração espontânea, ou seja, cada célula nascia de outra célula que havia se 
reproduzido. A existência de uma célula só era possível porque já havia existido 
outra, a célula-mãe, que lhe dera origem. Assim, cada animal é gerado por outro 
animal ou uma planta por outra planta. Em 1855, Virchow, com uma célebre 
frase em latim, fez uma síntese de seu pensamento: “Omnis cellula ex cellula”, cujo 
significado é “toda célula se origina de outra célula”. (FERREIRA, 2003).
Através das observações microscópicas das divisões celulares, toda a ideia 
de que as células podiam ter a sua origem de forma espontânea foi perdendo 
credibilidade por completo. Várias observações e novas descobertas foram sendo 
feitas na área celular. Uma delas se deu em 1878, quando o alemão Walther 
Flemming (1843-1905) colocou um ponto final na ideia do surgimento espontâneo 
de células. Ele descreveu, de forma detalhada, o processo de divisão de uma 
célula em duas, processo que ele denominou mitose.
NOTA
Caro Acadêmico! No Livro Didático de Citologia, Unidade 3, Tópico 1, você 
estudou os processos de divisão celular conhecidos por mitose e meiose. Vale a pena voltar 
naqueles estudos e relembrar esses processos.
3.3 CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E 
EUCARIÓTICAS
Segundo Black (2002, p. 68), “todas as células vivas podem ser classificadas 
como procarióticas, das palavras gregas pro (antes) e karyon (núcleo), ou 
eucarióticas, de eu (verdadeiro) e karyon (núcleo)”. Podemos dizer então que 
células procarióticas (os organismos que as possuem recebem o nome de seres 
procariontes) (Figura 7) são as que não possuem núcleo e nenhuma estrutura 
contida em membrana; e as células eucarióticas (os organismos que as possuem 
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
15
FIGURA 7 – CÉLULA PROCARIÓTICA DE BACTÉRIA
FONTE: Disponível em: <http://www.cynara.com.br/citologia/img/
procariotica.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
fímbrias
membrana plasmática
flagelo
DNA em nucleóide
camada externa
parede celularcamada de
peptidoglucano
cápsula
recebem o nome de seres eucariontes) (Figura 8) são as que possuem núcleo, bem 
como todas as outras estruturas membranosas, tais como: retículo endoplasmático 
liso e rugoso, complexo golgiense, lisossomos, mitocôndrias etc.
FIGURA 8 – CÉLULA EUCARIÓTICA ANIMAL
Cromatina
NúcleoMembrana
nuclear
Retículo
Endoplásmatico (RE)
RE Rugoso RE Liso
Centrossoma
Peroxissoma
Microvilosidade
Citosqueleto
Microfilamentos
Filamentos intermédios
Membrana plasmática
Membrana plasmática
Ribossoma
Complexo de Golgi
Mitocôndria
LisossomaMicrotúbulos
Flagelo
Nucléolo
FONTE: Disponível em: <http://esmmbg.no.sapo.pt/celulanimal3.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
16
No grupo dos seres procariontes estão as bactérias, que são seres unicelulares 
e que iremos estudar com mais profundidade. Já o representante dos grupos dos 
eucariontes são todos os vegetais, animais, fungos e protistas (Amoebas, Paramecium etc.). 
Podemos dizer que tanto as células procarióticas como as eucarióticas são semelhantes 
em vários aspectos e que compartilham, assim, de algumas características. Entre elas, 
está a presença da membrana plasmática, cuja função é a de isolar a célula do ambiente 
externo, bem como controlar a passagem de substâncias. A outra característica é a 
presença do citoplasma, que é constituído por um líquido gelatinoso também chamado 
de citosol, além de outras substâncias altamente necessárias às funções vitais (processos 
metabólicos) da célula. Por último, as células apresentam material genético (DNA), 
que codificam informações genéticas, ou seja, essas informações estão inscritas em 
código que controlam todo o funcionamento das células.
No que se refere à organização celular, as células procarióticas são extremamente 
simples, chegando a ser comparadas aos primeiros organismos vivos que habitaram a 
Terra há mais de três bilhões de anos. Existem muitas contradições quanto à classificação 
das bactérias, o que é muito normal na pesquisa científica. São os organismos mais 
abundantes do planeta, tanto em número como em espécies. Os tamanhos das células 
procarióticas estão entre os menores organismos, a maioria deles medindo de 0,2 a 2,0 
μm de diâmetro, sendo que o seu comprimento vai de 2 a 8 μm.
NOTA
Um micrômetro ou mícron, cujo símbolo é μm, é uma unidade do Sistema 
Internacional de Unidades de comprimento. Está definido como um milionésimo de metro 
(ou 1 × 10-6 m). Equivale à milésima parte do milímetro. A letra μ é a décima segunda letra do 
alfabeto grego. Para dimensões ainda menores, utiliza-se o nanômetro (nm) que corresponde 
a um milésimo do micrômetro (10-3cm, ou 10-6mm, ou 10-9m). O ângstrom (A) utilizado por 
físicos e químicos é 10 vezes menor que o nanômetro.
Com relação ao seu tamanho, as células bacterianas apresentam três 
formas básicas: forma esférica (cocos), bastonete (bacilos) e forma espiralada 
(espirilos) (Figura 9).
FIGURA 9 – FORMAS MAIS COMUNS DE BACTÉRIAS
Cocos Bacilos Espirilos
FONTE: Disponível em: <http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/
trabalhos_pos2003/const_microorg/bact.gif>. Acesso em: 16 set. 2010.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
17
Entretanto, podem ocorrer muitas variações. Segundo Black (2002, p. 70), 
“algumas bactérias, chamadas cocobacilos, são pequenos bastonetes com tamanho 
intermediário entre cocos e bacilos. As bactérias espirais têm uma variedade de formas 
curvas. Uma bactéria em forma de vírgula é chamada vibrião”. Outras bactérias com 
um formato em espiral são chamadas de espiroquetas. As formas bacterianas são 
muito variáveis, mesmo pertencendo à mesma categoria. Essas variações acontecem 
tanto na forma como no tamanho. Geralmente, quando há abundância de nutrientes 
no meio, as divisões celulares acontecem de forma muito rápida, fazendo com que 
o tamanho das bactérias seja maior do que aquelas que estão em meios com pouco 
nutriente. Existem algumas espécies de bactérias que apresentam flagelos bacterianos, 
que são filamentos longos da superfície celular, cuja função é gerar movimento à 
bactéria. Esse movimento acontece graças a uma estrutura semelhante a um “motor” 
microscópico situado na parede e na membrana plasmática.
Ao observarmos por meio de um microscópio as células bacterianas, 
iremos notá-las agrupadas com certa frequência, ou seja, ligadas umas às outras. 
Para Pelczar, Chan e Krieg (1997a), as células bacterianas com formatos espiralados 
aparecem como células únicas, sendo que muitas outras espécies de bactérias têm 
um arranjo e padrões característicos de crescimento. Isso pode ser utilizado para 
a identificação, pois cada um desses arranjos é típico para uma espécie particular.
Um exemplo citado por Pelczar, Chan e Krieg (1997a) é a divisão do coco 
(Figura 10) dentro de um plano e que irá formar um diplococo, ou seja, duas células 
ligadas. Isso é interessante, pois caracteriza as espécies, bem como o seu agente 
etiológico (aquele que causa uma determinada moléstia). A divisão em planos pode 
produzir células aos pares, bem como em cadeias, arranjo chamado de estreptococos. 
Quando a célula se divide em dois planos, ela produz uma tétrade, que nada mais é 
do que quatro células dispostas em forma de um quadrado. Outro arranjo é a sarcina, 
que é produzida através da divisão em três planos, o que resulta em pacotes cúbicos 
de oito células. Outra forma muito interessante é quando ocorre uma divisão em três 
planos, porém em um plano irregular. O resultado é um agrupamento em forma de 
cachos de uva. Pelczar, Chan e Krieg (1997a) lembram que muito raramente todas as 
células de uma determinada espécie estão arranjadas exatamente no mesmo padrão. 
Para o estudo das bactérias, o que se deve levar em conta, ainda segundo os autores, 
o mais importante, sem dúvida, é o arranjo predominante.
FIGURA10 – COCOS
Forma esférica: 
Coco
Divisão ao longo do mesmo plano, 
formando cadeias curtas
Divisão ao longo 
de dois planos 
diferentes:
Tétrades
Divisão ao longo de 3 planos
2 cocos:
Diplococos
4-20 cocos juntos:
Estreptococos
Regulamente:
Sarcinas
Irregularmente:
Estafilococos
FONTE: Disponível em: <http://html.rincondelvago.com/bacterias_6.html>. Acesso em: 16 set. 2010.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
18
Bem diferente dos cocos são os bacilos (Figura 11). Eles se dividem em 
apenas um plano, formando arranjos em uma grande variedade de padrões 
característicos, porém com algumas exceções. Eles podem produzir células 
unidas pelas extremidades ou simplesmente lado a lado.
FIGURA 11 – BACILOS
Forma de bastonete:
Bacilos
Dois bacilos juntos:
Diplobacilos
Cadeias de Bacilos:
Estreptobacilos
Emparelhados, Bacilos todo a
lado ou em figuras X, V ou Y
FONTE: Disponível em: < http://html.rincondelvago.com/bacterias_6.html>. Acesso em: 16 set. 2010.
As células bacterianas em forma de espirais (Figura 12) geralmente não 
estão agrupadas.
FIGURA 12 – ESPIRILOS
Formal espiral rígida: Espirilo Se a espiral é flexível e ondulada: Espiroqueta
FONTE: Disponível em: <http://html.rincondelvago.com/bacterias_6.html>. Acesso em: 16 set. 2010.
Para Pelczar, Chan e Krieg (1997, p. 103), “[...] o tamanho, a forma e o 
arranjo das bactérias constituem sua morfologia grosseira, sua aparência ‘externa’. 
Mas uma observação interna das estruturas celulares individuais dá-nos uma 
ideia de como uma bactéria funciona no seu ambiente”.
Técnicas microscópicas revelaram a existência na célula bacteriana de 
uma diversidade estrutural (interna e externa) que funciona de forma conjunta. 
Estruturalmente, a célula bacteriana está composta da seguinte forma:
Membrana celular (membrana plasmática), geralmente envolvida pela 
parede celular e por uma camada externa adicional. É bom lembrar que a membrana 
celular é comum a todas as células e é por isso que a estrutura das membranas celulares 
bacterianas é a mesma que as de outras células. Tem como principal função regular a 
entrada e a saída de materiais da célula bacteriana. Pode exercer outras funções como a 
síntese de alguns componentes da parede celular, secreção de enzimas e possuir áreas 
com apêndices – os flagelos – cuja ação dessas áreas irá induzir o movimento flagelar. 
A parede celular bacteriana é composta por um polímero chamado peptidoglicano, 
sendo que, às vezes, ela está envolvida por uma camada exterior (essa membrana 
externa está ligada por uma camada contínua lipoproteica – proteína + lipídio).
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
19
NOTA
Peptidoglicano, conhecido como mureína, é um polímero formado por açúcares 
e aminoácidos que forma uma camada do lado de fora da membrana plasmática da bactéria.
O citosol, um líquido viscoso e semitransparente, é composto por milhares 
de tipos de proteínas, além de aminoácidos, bases nitrogenadas, vitaminas, glicídios, 
lipídios e por 80% de água. Boa parte do metabolismo (reações químicas) ocorre no 
citoplasma. Quanto ao citoplasma dos eucariontes, Black (2002) afirma que existe 
uma diferença em relação ao citoplasma das células procarióticas. Segundo ele, as 
células procarióticas não realizam a ciclose – movimento de circulação promovido 
pelo citoplasma. Vamos encontrar também milhares de ribossomos (menores em 
relação aos das células eucarióticas), cuja função é a de sintetizar proteínas. 
Sabemos que uma das principais diferenças entre uma célula procariótica 
e uma célula eucariótica é a ausência de uma membrana nuclear na célula 
procariótica. O que as bactérias possuem, na realidade, é uma região nuclear 
chamada de nucleoide, uma área do citoplasma que corresponde ao núcleo 
das células eucarióticas, porém desprovida de uma membrana. Essa região 
é constituída principalmente por DNA e por algum RNA, com proteínas 
associadas. O DNA está arranjado em um longo cromossomo (cromossomo 
bacteriano), dando-lhe um formato circular. A célula procariótica pode conter 
ainda pequenas moléculas de DNA circular – plasmídios (Figura 13), que têm 
informações genéticas que suplementam as informações no cromossomo.
FIGURA 13 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE UMA CÉLULA BACTERIANA – PLASMÍDIO
FONTE: Disponível em: <http://www.vestibulandoweb.com.br/biologia/monera-q11.
jpg>. Acesso em: 18 set. 2010.
Flagelo
Nucleóide Plasmídeos
Parede celular
Membrana plasmática
Citoplasma
MesossomoRibossomos Cápsula
Fímbrias
DNA associado
ao mesossomo
Enzimas relacionadas
com a respiração,
ligadas à face
interna da membrana
plasmática
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
20
IMPORTANT
E
Os plasmídios são muito utilizados na biotecnologia como vetores de clonagem. 
“O sucesso da transgenia depende de que a inserção de um gene clonado em um embrião 
hospedeiro integre-se e se replique nas sucessivas divisões celulares e passe a ser reconhecido 
e regulado pelas células hospedeiras”. (GAIESKY, 2001, p. 28).
ESTUDOS FU
TUROS
Caro acadêmico! Biotecnologia e suas aplicações serão detalhadamente 
estudadas na Unidade 2, Tópico 3, deste Livro Didático.
Constituídos de ácido ribonucleico e proteínas, os ribossomos são 
extremamente abundantes nas células procarióticas. Esses ribossomos são 
diferentes quando comparamos com os das células eucarióticas. Os ribossomos 
das células procarióticas são menores e apresentam proteínas diferentes em sua 
constituição. A função dos ribossomos é a de sintetizar as proteínas necessárias 
para a célula. Sua forma é quase esférica.
Existem outros sistemas de membranas internas que são, muitas vezes, 
citados como cromatóforos e encontrados nas bactérias fotossintetizantes e 
nas cianobactérias. Esses sistemas de membranas dos cromatóforos possuem 
sua origem nas membranas celulares. A função desses cromatóforos, para essas 
bactérias, é a de capturar energia luminosa, pois esses sistemas possuem, em seu 
interior, pigmentos para fotossíntese. No citoplasma das bactérias, vamos encontrar 
ainda uma diversidade de corpúsculos chamados de inclusões. Alguns desses 
são chamados de grânulos e outros de vesículas. Os grânulos não são limitados 
por membranas e possuem conteúdos variados. Esses conteúdos são densos e 
compactados e não se dissolvem no citoplasma. Não são todas as bactérias que 
apresentam vesículas, que são estruturas especializadas envoltas por membrana.
Os microrganismos procarióticos (bactérias) formam, quando o meio não 
lhes é favorável para a sua sobrevivência, geralmente pelo esgotamento de algum 
nutriente ou pela alteração de temperatura, perda de água para o meio, esporos ou 
endósporos (Figura14) e cistos. Essas formas são denominadas latência (latentes), 
na qual estão metabolicamente inativos, ou seja, não estão crescendo. Quando o 
meio ambiente estiver em condições propícias, eles se tornam metabolicamente 
ativos, podendo germinar (crescer e se multiplicar). O endósporo, segundo Black 
(2002), é formado dentro das células e com uma quantidade muito pequena de 
água, possui uma resistência grande ao calor, às soluções ácidas e alcalinas, à 
desidratação, bem como a certos desinfetantes e até mesmo às radiações.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
21
FIGURA 14 – ENDÓSPORO
FONTE: Disponível em: <http://curlygirl.no.sapo.pt/imagens/
endosporo.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
O álcool que compramos em supermercados é muito concentrado (92,8%) para 
realizar desinfecções. Por ele volatilizar muito rápido, não dá tempo para que ele penetre na 
parede celular dos microrganismos, dando tempo para eles modificarem sua parede celular e 
se tornarem resistentes. Para isso, recomenda-se diluir o álcool em água para que demore mais 
a volatilizar, dando tempo para penetrar na parede celular dos microrganismos, matando-os.a
ATENCAO
DICAS
Podemos transformar o álcool comprado em supermercados em um excelente 
desinfetante. Para produzirmos 1 litro de álcool 70%, que é o ideal para a eliminação dos 
microrganismos, basta retirar 250 mlde álcool do frasco e completá-lo com água. Pronto, 
você já pode começar a sua limpeza!
Externamente, muitas bactérias (cerca de metade delas) apresentam estruturas 
móveis, os flagelos. A função principal dos flagelos é a locomoção das bactérias. 
Essa locomoção, muitas vezes, se dá por um processo não aleatório chamado de 
quimiotaxia (movimento que as bactérias fazem em direção a favor ou em direção 
contrária a substâncias em seu meio). Os flagelos são apêndices longos, delgados e 
helicoidais de composição proteica (subunidades de proteínas chamadas flagelina), 
que estão ligados à parede e às membranas celulares. Eles são estruturalmente 
diferentes dos flagelos eucarióticos. As bactérias podem apresentar apenas um, dois 
ou mais flagelos. De acordo com o número de flagelos, elas recebem denominações 
diferentes (Figura 15). Bactérias com apenas um flagelo polar em uma extremidade 
ou polo – monotríquias; com dois flagelos, um em cada extremidade – anfitríquias; 
com dois ou mais flagelos em uma ou ambas as extremidades – lofotríquias; bactérias 
com flagelos em toda a superfície são denominadas peritríquias.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
22
FIGURA 15 – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE FLAGELOS. 
A – MONOTRÍQUIA. B – LOFOTRÍQUIA. C – ANFITRÍQUIA. D – 
PERITRÍQUIA
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/0/08/Flagella.png>. Acesso em: 16 set. 2010.
Como vimos anteriormente, as bactérias apresentam apêndices 
locomotores, porém algumas, em especial as Gram-negativas, possuem outros 
tipos de apêndices - os pili (pelos) (Figura 16), que não estão relacionados com 
o movimento. Tais estruturas são prolongamentos ocos, pequenos e bem mais 
numerosos que os flagelos, cuja função é a de fixar as bactérias às superfícies. 
É constituído por subunidades (pillus) de uma proteína denominada pilina. 
Segundo Black (2002, p.82), “as bactérias podem ter dois tipos de pili: (1) pili de 
conjugação, longos, ou pili F, também chamados pili sexuais e (2) pili de ligação, 
curtos, ou fímbrias”.
FIGURA16 – MICROGRAFIA ELETRÔNICA ONDE APARECE O PILI E O FLAGELO
FONTE: Disponível em: <http://recursos.cnice.mec.es/biosfera/alumno/2bachil
lerato/micro/imagenes/flagelopili.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
23
De uma forma geral, as células eucarióticas são bem maiores e com uma 
grande complexidade em relação às células procarióticas. Boa parte das células 
eucarióticas possui um diâmetro maior que 10 μm, sendo que algumas podem 
atingir diâmetros ainda maiores. Outra particularidade das células eucarióticas 
é a sua grande variedade de estruturas altamente diferenciadas. Para Carneiro 
e Junqueira (2000), uma das grandes características das células eucarióticas está 
na sua riqueza de membranas, que formam compartimentos que separam os 
diversos processos metabólicos. Tudo isso graças às diferenças enzimáticas entre 
as membranas dos vários compartimentos, bem como ao direcionamento das 
moléculas absorvidas. Essas e tantas outras características conferem às células 
eucarióticas um aumento na eficiência e, além disso, promovem uma separação 
das atividades, que permite um aumento no seu tamanho, sem qualquer prejuízo 
de suas funções.
Na Unidade 2 do Livro Didático de Citologia, você estudou as organelas que 
compõem a célula e suas funções. Vale a pena relembrar para darmos continuidade aos 
nossos estudos.
ATENCAO
As células eucarióticas são as unidades estruturais básicas de todos os 
organismos dos reinos Protista (protozoários), Fungi (fungos), Plantae (Vegetais) 
e Animallia (Animais). Vale lembrar que os protozoários, fungos microscópicos 
e as algas microscópicas estão incluídos como seres eucariontes e, por isso, são 
estudados em Microbiologia.
Caro acadêmico! Na leitura que segue encontram-se algumas palavras que são 
usadas na linguagem de Portugal. Procuramos ser fiéis às fontes consultadas.
ATENCAO
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
24
EVOLUÇÃO DOS PROCARIONTES EM EUCARIONTES
Actualmente, a 
maioria dos biólogos considera 
que todos os seres vivos 
conhecidos na Terra podem 
ser divididos em dois grandes 
grupos: os seres procariontes 
e os seres eucariontes. O 
principal critério de distinção 
entre estes grupos é a sua 
organização celular.
Ao longo de vários 
milhões de anos, os seres 
procariontes habitaram 
ambientes aquáticos e foram-
se diversificando. Alguns 
desses seres unicelulares 
desenvolveram um processo 
metabólico que conduzia à 
libertação de oxigênio – a fotossíntese. 
O surgimento do oxigênio na atmosfera teve um grande impacto na vida 
dos procariontes. Desta forma, muitos grupos de procariontes foram extintos, 
envenenados pelo oxigênio. Contudo, alguns conseguiram sobreviver em 
ambientes que permaneciam anaeróbios. 
Entre os sobreviventes, houve um grupo, que à semelhança das actuais 
mitocôndrias, era capaz de aproveitar este gás para oxidar os compostos orgânicos, 
obtendo assim uma grande quantidade de energia. 
Alguns grupos de procariontes evoluíram e aumentaram a sua complexidade, 
tendo, muito provavelmente, estado na origem dos organismos eucariontes.
Fundamentalmente, existem duas hipóteses que tentam explicar a origem 
dos seres eucariontes a partir dos procariontes: 
Hipótese Autogênica, os seres eucariontes são o resultado de uma evolução 
gradual dos seres procariontes. Numa fase inicial, as células desenvolveram 
sistemas endomembranares resultantes de invaginações da membrana plasmática.
Algumas dessas invaginações armazenavam o DNA, formando um núcleo. 
Outras membranas evoluíram no sentido de produzir organelas semelhantes ao 
retículo endoplasmático. 
LEITURA COMPLEMENTAR
procarionte
procarionte
fotossintéticos
de vida livre
procariontes
aeróbicos de vida
livre
procarionte simbiótico
procariontes simbióticos
núcleo
núcleo
bactéria torna-se mitocôndria
Célula animal Célula vegetal
mitocôndria mitocôndria
bactéria torna-se cloroplasto
cloroplasto
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA
25
Posteriormente, algumas porções do material genético abandonaram o 
núcleo e evoluíram sozinhas no interior de estruturas membranares. Desta forma, 
formaram-se organelas como as mitocôndrias e os cloroplastos.
A B C D
Hipótese Endossimbiótica: Esta hipótese defende que os seres eucariontes 
terão resultado da evolução conjunta de vários organismos procariontes, os quais 
foram estabelecendo associações simbióticas entre si. O termo endossimbiótica resulta 
do facto de algumas células viverem no interior de outras, numa relação de simbiose. 
Embora este modelo admita que os sistemas endomembranares e o núcleo 
tenham resultado de invaginações da membrana plasmática, as mitocôndrias 
e os cloroplastos seriam organismos autônomos. Nessa altura, algumas células 
de maiores dimensões (células hospedeiras) terão capturado células menores, 
como as ancestrais das mitocôndrias e dos cloroplastos. Alguns destes ancestrais 
conseguiam sobreviver no interior da célula procariótica de maiores dimensões, 
estabelecendo-se relações de simbiose.
A íntima cooperação entre estas células conduziu ao estabelecimento 
de uma relação simbiótica estável e permanente. A evolução conjunta destes 
organismos terá levado ao surgimento das células eucarióticas constituídas por 
várias organelas, algumas das quais foram, em tempos, organismos autônomos.
Assim, as primeiras relações endossimbióticas terão sido estabelecidas com 
os ancestrais das mitocôndrias. Os ancestrais das mitocôndrias seriam organismos 
que tinham desenvolvido a capacidade de produzir energia, de forma muito 
rentável, utilizando o oxigênio no processo de degradação de compostos orgânicos.
Modelo endossimbiótico
Procarionte heterotrófico aeróbico Procarionte fotossintético
Mitocôndria
Cloroplasto
Mitocôndria
Célula hospedeira ancestral Célula eucariótica fotossintética
FONTE: Disponível em: <https://biomania.com.br/artigo/unicelularidade-e-pluricelularidade> 
Acesso em: 22 mar. 2018.
UNIDADE1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
26
Por outro lado, outro grupo de procariontes, semelhante às actuais 
cianobactérias, tinha desenvolvido a capacidade de produzir compostos 
orgânicos utilizando a energia luminosa. A associação das células procarióticas 
de maiores dimensões com estes seres, ancestrais dos cloroplastos, conferia-lhe 
vantagens evidentes.
Mas nem todas as células eucarióticas possuem cloroplastos. Este facto é 
explicado, segundo a Hipótese Endossimbiótica, pelo estabelecimento de relações 
simbióticas de forma sequencial. Isto é, as primeiras relações endossimbióticas 
terão sido estabelecidas com os ancestrais das mitocôndrias e, só posteriormente, 
algumas dessas células terão estabelecido relações de simbiose com os ancestrais 
dos cloroplastos.
FONTE: Disponível em:<http://bio-portefolio.blogspot.com/2008/12/evoluo-dos-procariontes-
em-eucariontes.html>. Acesso: em 18 set. 2010.
27
Neste tópico você estudou que:
• Os microrganismos fazem parte do nosso meio ambiente, sendo então, muito 
importantes para a saúde e para as nossas atividades.
• Estudar os microrganismos nos dá uma visão dos processos vitais em 
praticamente todas as formas de vida.
• Durante as últimas décadas, os microrganismos surgiram como parte principal 
das ciências biológicas, devido à sua relativa simplicidade na realização de 
experimentos.
• Os microrganismos emergiram como uma nova fonte de produtos e processos 
para o benefício do homem.
• Para que a microbiologia pudesse progredir, várias teorias tiveram que ser 
refutadas, entre elas a da geração espontânea (abiogênese).
• Redi e Spallanzani (biogenistas) demonstraram que os organismos não cresciam 
da matéria morta.
• A derrubada da geração espontânea (abiogênese) se deu por intermédio de 
Pasteur, com seus frascos com “pescoço de cisne”.
• Leeuwenhoek desenvolveu o microscópio, que tornou possível a visualização 
do mundo microscópico.
• Robert Hooke, com o seu microscópio composto, visualiza fatias finas de 
cortiça, com pequenos compartimentos - celas - que denominou células. 
• As células procarióticas, bem como as eucarióticas, possuem membranas que 
definem as fronteiras da célula viva. Ambas com informações genéticas que 
estão armazenadas no DNA.
• Células procarióticas diferenciam-se das eucarióticas por não possuírem núcleo 
definido e muito menos organelas.
• Os seres procariontes (bactérias) são os menores organismos vivos.
• As bactérias podem apresentar forma de cocos, bacilos, espirilos, 
espiroquetas, incluindo arranjos aos pares, tétrades em forma de cacho de 
uvas e em cadeias longas.
RESUMO DO TÓPICO 1
28
• As células bacterianas possuem uma membrana celular, citoplasma, ribossomos, 
região nuclear, bem como estruturas externas.
• Células eucarióticas são bem maiores e muito mais complexas do que as células 
procarióticas, sendo as unidades básicas tanto de seres microscópicos como dos 
macroscópicos (Protista, Fungi, Plantae e Animallia).
29
AUTOATIVIDADE
1 Qual pesquisador demonstrou, pela primeira vez, que os 
seres vermiformes presentes na carne podre se originavam 
de ovos depositados por moscas?
2 O desfecho da controvérsia relativa à origem dos seres vivos 
(teoria da biogênese x teoria da abiogênese) deve-se:
a) ( ) A Abbey Lazzaro Spallanzani, que realizou experimentos 
e mostrou que,aquecendo prolongadamente substâncias orgânicas 
acondicionadas em recipientes fechados e providos de válvula de 
escape, não ocorria o desenvolvimento de microrganismos.
b) ( ) Aos experimentos de Louis Pasteur com os seus balões do tipo “pescoço 
de cisne”.
c) ( ) À descoberta da “força vital”, por John T. Needhan.
d) ( ) Aos experimentos de Francesco Redi, que mostraram que, ao se 
colocar pedaços de carne pura em frascos, deixando alguns abertos 
e outros fechados com gaze, observa-se a presença de larvas, ovos e 
moscas após alguns dias, somente nos frascos abertos.
e) ( ) À descoberta do microscópio.
FONTE: Disponível em: <http://www.cnsg-pi.com.br/simulado/provas/ano1_3_3_07.pdf>. 
Acesso em: 27 nov. 2010. 
3 Relacione os itens, utilizando o seguinte código:
I- Antony van Leeuwenhoek.
II- Robert Hooke.
III- Theodor Schwann.
( ) Quem foi um dos formuladores da Teoria Celular?
( ) Quem introduziu o termo célula na Biologia?
( ) A quem se atribuiu a descoberta do mundo microscópico?
30
4 A chamada “estrutura procariótica”, apresentada pelas 
bactérias, indica-nos que esses seres vivos são:
a) ( ) Destituídos de membrana plasmática.
b) ( ) Formadores de minúsculos esporos.
c) ( ) Dotados de organelas membranosas.
d) ( ) Constituídos por parasitas obrigatórios.
e) ( ) Desprovidos de membrana nuclear.
FONTE: Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/4034329/Biologia-PPT-Maxi-Reino-
Monera>. Acesso em: 27 nov. 2010. 
6 Pela leitura que você fez do texto “Evolução dos Procariontes 
em Eucariontes”, pôde-se notar que é uma proposta pela 
qual as células eucarióticas têm evoluído. Retorne ao texto 
e procure destacar as diferenças entre as duas hipóteses 
apresentadas no texto.
7 Microbiologia é:
a) ( ) A ciência que estuda os seres vivos e as leis gerais que os 
governam.
b) ( ) A denominação comum a organismos microscópicos.
c) ( ) A associação entre raízes de uma planta.
d) ( ) O ramo da Biologia que estuda os microrganismos, incluindo eucariontes 
unicelulares e procariontes, como as bactérias, protozoários, fungos e 
vírus.
8 A respeito dos microrganismos, classifique as seguintes 
sentenças em V (verdadeiras) ou F (falsas):
( ) São muito pequenos, visualizados somente com o auxílio de 
um microscópio.
( ) Muitos são utilizados em benefício da natureza e do homem. 
( ) São seres que podem viver isolados ou em colônias.
( ) Todos são inofensivos ao homem.
( ) Eles podem se reproduzir por divisão mitótica.
5 O que são endósporos bacterianos?
31
TÓPICO 2
PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que há uma enorme diversidade de formas de organismos 
vivos. Essas formas de vida possuem uma dinâmica muito grande e estão sujeitas 
a contínuas alterações evolutivas, resultado de sucessivas mutações e seleção 
natural nos ambientes em constante transformação. De todos os organismos 
biológicos que conhecemos, os microrganismos estão entre os mais antigos. 
Consequentemente, eles tiveram muito mais tempo de evolução. Neste tópico, 
iremos conhecer os principais grupos de microrganismos, bem como as suas 
sistematizações e taxonomia.
2 TAXONOMIA
Podemos dizer que a Microbiologia se encarrega de estudar os organismos 
microscópicos. Esses organismos possuem em comum somente o tamanho, porém 
muitos são unicelulares, sendo que alguns possuem a capacidade de viverem 
associados, formando colônias ou estruturas pluricelulares, como as algas e os 
fungos. Antes de a genética molecular possuir todo o desenvolvimento que possui 
hoje, os organismos eram classificados segundo os seus caracteres morfológicos, a 
sua fisiologia e também pelo seu comportamento. Dessa forma, podiam-se obter 
informações sobre o grau de evolução do organismo que se queria classificar. Com 
isso, houve classificações do tipo filogenético, que analisavam as relações evolutivas 
dos organismos vivos. Ocorreram muitas falhas de classificação nos estudos dos 
seres unicelulares e, com o desenvolvimento de novas técnicas de classificações, 
as antigas foram sendo substituídas. Para Roitman, Travassos e Azevedo (1991, 
p. 107), “[...] a ciência que tem como objetivo tentar ordenar o caos aparente da 
diversidade biológica é a taxonomia”. Segundo os mesmos autores, é muito 
comum a utilização da palavra sistemática como um sinônimo de taxonomia, 
porém ela está mais voltada para a parte de classificação e pode também significar 
a ordenação de outras entidades fora do âmbito da taxonomia. Para Black (2002, p. 
208), “[...] a taxonomia é a ciência da classificação. Ela fornece uma base ordenada 
para a denominação dos organismos em uma categoria,ou táxon”.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
32
UNI
Caro acadêmico! É importante saber a diferença entre Taxonomia e Sistemática. 
Pois bem, Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação dos seres vivos e 
da nomenclatura dos grupos formados. Sistemática inclui a taxonomia e a biologia evolutiva. 
É uma ciência que utiliza todos os conhecimentos dos seres vivos para entender as suas 
relações de parentesco e sua história evolutiva, desenvolvendo, assim, um sistema de 
classificação.
Com a publicação do livro Systema Naturae (Sistema Natural) pelo 
sueco Karl von Lineu, em 1735, durante muitos anos só se tinha o conhecimento 
de dois reinos na sistemática: o vegetal e o animal. Em 1866, o evolucionista 
alemão Ernst Haeckel propôs um terceiro reino: Protistas, constituído 
por microrganismos. Mais tarde, Haeckel observou que alguns desses 
microrganismos não possuíam núcleo e acabou denominando-os Monera. Na 
década de 60, as bactérias foram reconhecidas por Herbert F. Copeland como 
pertencentes ao reino Monera, independente dos Protistas. Os Fungos foram 
os últimos organismos a receberem um reino e coube a Robert H. Whittaker 
o mérito de criá-lo. Em 1969, resolveu-se aceitar a proposta de Copeland e 
se propôs uma classificação geral dos seres vivos que continha cinco reinos: 
Monera (bactérias), Protistas (protozoários), Fungi (fungos), Animallia 
(animais) e Plantae (vegetais). Passados alguns anos, já na década de 80, 
Lynn Margulis e Karlene Schwartz reconhecem os cinco reinos propostos por 
Whittaker, mas resolvem estudar mais a fundo o reino Protista, para melhor 
caracterizá-lo com propostas de fazer algumas modificações. A proposta era 
a de conservar o número de reinos e incluir as algas dentro do antigo grupo 
Protista. Este novo reino foi denominado Protoctista. Boa parte da literatura 
científica ainda utiliza a denominação Protista. Portanto, a nova classificação 
de cinco reinos consiste em Procariota (Moneras – bactérias), Protoctista ou 
Protista (algas, protozoários etc.), Fungi (liquens e fungos), Animallia (animais 
vertebrados e invertebrados) e Plantae (musgos (briófitas), samambaias 
(pteridófitas), coníferas (gimnospermas) e plantas com flor (angiospermas)).
FONTE: Disponível em: <http://www.scrib.com/doc/35499457/A-DIVERSIDADE-BIOLOGICA>. 
Acesso em: 27 nov. 2010.
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
33
FIGURA 17 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS EM REINOS PROPOSTA POR LINEU EM 1735 
E HAECKEL EM 1866
FONTE: Disponível em: <http://maisbiogeologia.blogspot.com/2009/01/sistemtica-dos-seres-
vivos.html>. Acesso em: 25 set. 2010.
FIGURA 18 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS EM REINOS PROPOSTA POR COPELAND EM 
1960 E WHITTAKER EM 1969
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Dois reinos - Aristóteles a Lineu
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Três reinos - Haeckel
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Quatro reinos - Copeland Cinco reinos - Whittaker
FONTE: Disponível em: <http://maisbiogeologia.blogspot.com/2009/01/sistemtica-dos-seres-
vivos.html>. Acesso em: 25 set. 2010.
UNIDADE 1 | MICROBIOLOGIA – FUNDAMENTOS
34
IMPORTANT
E
Encontramos diferentes modos de escrever o nome desse notável cientista: 
• Carl von Linné
• Karl von Lineu
• Carolus Linnaeus
Mas, para este Caderno, adotamos a segunda maneira, a mais popular, Karl von Lineu.
Atualmente existem duas formas de classificação que seguem propostas 
diferentes: a classificação de Lynn Margulis (Quadro 1) e a classificação de Woese 
(Figura 19).
QUADRO 1– SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE MARGULIS
Domínios ou Super-reinos Reinos Sub-reinos
Prokarya (Procariontes) Monera (Bactéria) Archea (Arqueobactérias)Eubacteria (Eubactérias)
Eukarya (Eucariontes)
Protoctista (Protista)
Fungi (Fungos)
Plantae (Plantas)
Animallia (Animais)
FONTE: Disponível em: <http://portfbio-chinita.webnode.com/products/sistematica-dos-seres-
vivos/>. Acesso em: 25 set. 2010.
Portanto, os microrganismos estariam colocados entre os três reinos: 
Moneras (bactérias), Protoctistas (protozoários e algas microscópicas) e Fungi 
(os fungos microscópicos). Até fins da década de 70, o Reino era considerado a 
categoria sistemática que mais incluía. Porém, o sequenciamento de moléculas 
universais – RNAr – levou Carl Woese e colaboradores à construção de uma árvore 
filogenética única, na qual há uma diferenciação de três linhagens evolutivas 
principais (Figura 19).
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS
35
FIGURA 19 – ESTRUTURA FILOGENÉTICA MAIS PROFUNDA DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA OBTIDA 
POR WOESE A PARTIR DO SEQUENCIAMENTO DO RNAR
FONTE: Disponível em: <https://eltamiz.com/elcedazo/wp-content/uploads/2013/05/Arbol-
filogenetico.png> Acesso em: 22 mar. 2018.
Na Figura 19, podemos observar três grupos monofiléticos bem distintos, 
que correspondem aos domínios Bacteria, Archaea e Eucarya. A proposta de 
Woese foi agrupar em uma nova categoria, denominada domínio, cada uma das 
linhagens ou grupos monofiléticos, denominando-os: Archaea (evolutivamente 
seriam os microrganismos mais antigos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 1997a). Estão 
incluídos aqui os organismos Procarióticos com capacidade de sobreviverem em 
condições muito extremas, tais como, viver em locais de altas temperaturas ou 
em ambientes altamente salinos), Bacteria (evolutivamente estão incluídas aqui 
as bactérias mais modernas que do domínio anterior), e Eucarya (aqui estão 
incluídos todos os seres formados por células eucarióticas). Essa troca ressalta 
muito bem as diferenças que até então estavam escondidas entre organismos 
procariontes. Para Pelczar, Chan e Krieg (1997a, p. 59), “Woese propôs que 
arqueobactérias, eubactérias e eucariotos representam os três reinos primários da 
vida, um conceito que está ganhando adeptos entre os cientistas”. Não importa 
qual seja o sistema de classificação adotado, o que importa é ter conhecimento das 
principais categorias de organismos vivos e das suas características, que levam a 
sua inserção em um ou outro reino. 
A classificação nada mais é do que um arranjo ordenado dos organismos 
com caracteres semelhantes para separar daqueles com caracteres diferentes em 
grupos chamados de taxa - singular de táxon.
Aquifex
Thermotoga

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