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EAPB 11- Reumatologia. Artrite Reumatoide HIPÓTESE DIAGNÓSTICA: O fator emocional desencadeia o surgimento de artrite reumatoide. LACUNAS: - diagnóstico diferencial de artrite reumatoide - fisiopatologia de artrite reumatoide - manifestações clínicas artrite reumatoide - exames de diagnóstico - etiologia e fatores de risco artrite reumatóide - tratamento artrite reumatoide e complicações do corticoide a longo prazo - história natural da doença. - histologia e anatomia da articulacoes - diferenca morfologia das artrites - infeccoes oportunistas OBJETIVOS: 1) REVISAR ANATOMIA E HISTOLOGIA DAS ARTICULAÇÕES 2) DIFERENCIAR OS PRINCIPAIS TIPOS DE ARTRITE (CLÍNICA/MORFOLOGIA). 3) IDENTIFICAR OS FATORES DE RISCO E EXPLICAR A ETIOLOGIA DA ARTRITE REUMATOIDE 4) DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA ARTRITE REUMATOIDE 5) INVESTIGAR AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ARTRITE REUMATOIDE. 6) ESTUDAR AS POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA ARTRITE REUMATOIDE 7) PESQUISAR OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA ARTRITE REUMATOIDE 8) LISTAR OS EXAMES DIAGNÓSTICO PARA ARTRITE REUMATOIDE E IDENTIFICAR SUAS ALTERAÇÕES. ( PROCURAR EXAME COMPLEMENTAR) 9) CONHECER O TRATAMENTO PARA ARTRITE REUMATOIDE. ELABORAR UMA CONDUTA TERAPÊUTICA PARA O CASO 10) IDENTIFICAR O PRINCIPAL IMPACTO DO CORTICÓIDE NO PACIENTE E CONHECER AS INFECÇÕES OPORTUNISTAS EM IMUNOSSUPRIMIDOS referencia: clinica medica, patologia, reumato, harrinson, artigo, researcher app, imunologia resposta imune inata e adaptativa, infectologia. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SOBOTTA: Sobotta J. Atlas de Anatomia Humana. 21 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro.12 .ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Patologia ROBBINS 9 ED 782-790. MANUAL DO RESIDENTE EM CLINICA MEDICA HARRINSON, MEDICINA INTERNA VOL 2 Overview of Infections in the Immunocompromised Host LESIA K. DROPULIC1 and HOWARD M. LEDERMAN2 1 The National Institutes of Health, National Institute of Allergy and Infectious Diseases, Division of Intramural Research, Bethesda, MD 20892; 2 Departments of Pediatrics, Medicine, and Pathology, The Johns Hopkins University School of Medicine, Baltimore, MD 21287 SOCIEDADE AMERICANA DE MICROBIOLOGIA https://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=540 1)REVISAR ANATOMIA E HISTOLOGIA DAS ARTICULAÇÕES ANATOMIA: ● Artrologia Conceito: É a união entre duas ou mais estruturas rígidas (ossos, cartilagem e dente) que pode ou não apresentar movimento. Classificação: Embora apresentem consideráveis variações entre elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum que permitem classificá-las em três grandes grupos: Fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza do elemento que se interpõe às peças que se articulam. ❖ Articulações fibrosas (Sinartroses) - Imóveis São as articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se articulam é o tecido conjuntivo fibroso e são ditas fibrosas, e a grande maioria delas se apresenta no crânio. É evidente que a mobilidade nestas articulações é praticamente ausente, embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Há três tipos de articulações fibrosas: Sindesmoses, gonfoses e suturas. 1) Sindesmoses: São as membranas interósseas presentes no: - Antebraço (membrana interóssea do antebraço ou sindesmose radiulnar) e; - Na perna (membrana interóssea da perna ou sindesmose tibiofibular). 2) Gonfoses: Articulações fibrosas entre os alvéolos dentais da maxila e mandíbula com os dentes. 3) Suturas: São encontradas entre os ossos do crânio. A maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em contato é variável, reconhecendo-se: - Suturas planas = união linear retilínea ou aproximadamente retilínea, ex: internasal e interpalatina; - Suturas escamosas = união em bisel (Corte enviesado na aresta de uma peça. O mesmo que chanfradura = marca na pele provocada por corte de faca ou de navalha; cicatriz), ex: temporo-parietal; - Suturas serreadas ou serrátil = união em linha “denteada”, ex: inter-parietal ; - Suturas esquindilese = Também chamada de cunha e sulco por assim se apresentarem às superfícies ósseas, ex: esfenóide e vômer. OBS: No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a quantidade de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a grande separação entre os ossos e uma maior mobilidade. É isto que permite, no momento do parto, uma redução bastante apreciável do volume da cabeça fetal pelo “cavalgamento“, digamos assim, dos ossos do crânio. Esta redução de volume facilita a expulsão do feto para o meio exterior. Se observar atentamente um crânio de feto em vista superior, um outro fato pode ser notado: em alguns pontos a separação entre os ossos é maior pela presença de maior quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Estes são pontos fracos na estrutura do crânio, denominados fontanelas ou fontículos e vulgarmente chamados “moleiras“. Desaparecem quando se completa a ossificação dos ossos do crânio. Com o passar do tempo, os ossos da cabeça vão crescendo até que se encostam e “colam” uns nos outros, fechando a fontanela quando a criança tem cerca de 1 ano e meio de idade. Embora já tenha sido descrita anteriormente, seria interessante lembrar que na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinartrose), fazendo com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a elasticidade do crânio. ❖ Articulações Cartilagíneas (Anfiartroses) - Com movimentos limitados Neste grupo de articulações o tecido que se interpõe é uma cartilagem. Tipos de articulações cartilagíneas: Sincondroses e sínfises. Em ambas a mobilidade é reduzida. 1) Sincondroses: Quando se trata de cartilagem hialina, temos as sincondroses, conhecidas também como articulações temporárias que desaparecem depois do crescimento. Ex: articulação esfenoccipital ou esfenobasilar, manubrioesternal e epífise de crescimento. 2) Sínfises: As articulações que contém fibrocartilagem são mais fortes e geralmente localizadas em locais de impacto, servem também como “amortecedores”; são as chamadas sínfises. Exemplo de sínfise encontramos na união, no plano mediano, entre as porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também as articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem — o disco intervertebral. ❖ Articulações sinoviais (Diartroses) - Com movimentos amplos A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e isto é impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja conjuntivo fibroso ou cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações, o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado sinóvia, ou sinovial. Deste modo, os meios de união entre as peças esqueléticas articuladas não se prendem nas superfícies de articulação, como ocorre nas articulações fibrosas e cartilaginosas. Nas articulações sinoviais o principal meio de união é representado pela cápsula articular, espécie de manguito que envolve a articulação prendendo-se nos ossos que se articulam. O corte frontal (esquemático) de uma articulação sinovial mostra a presença de uma cavidade articular. Possuem ampla mobilidade, e o elemento que se interpõeàs estruturas ósseas é o líquido sinovial. A cavidade articular é o espaço virtual onde se encontra o liquido sinovial, responsável pela lubrificação que reduz o atrito entre as estruturas, permitindo o deslizamento com o menor desgaste possível. Classificação funcional das articulações sinoviais Quanto à movimentação, podem ser: - Mono-axial; - Bi-axial; - Tri-axial. ● Mono-axial Realizam movimentos em torno de apenas um eixo. Ex: articulação do cotovelo. 1) Gínglimo ou Articulação em Dobradiça: São articulações mantidas por fortes ligamentos colaterais. 2) Trocoide ou Articulação em Pivô: Possuem movimentos exclusivos de rotação. A articulação é formada por um processo em forma de pivô rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô. ● Bi-axial Realizam movimentos em torno de dois eixos. Ex: articulação do punho. 1) Articulação Condilar: Possuem uma superfície articular ovoide ou condilar interligada a uma cavidade elíptica de modo a permitir os movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e circundução. 2) Articulação Selar: São articulações com faces ósseas côncavas ou convexas. ● Tri-axial Realizam movimentos em torno de três eixos. Ex: articulação do ombro. 1) Articulação Esferoide ou Enartrose: É um tipo de articulação na qual o osso distal é capaz de movimentar-se em 3 eixos ou 6 movimentos. Flexão, extensão, abdução, adução, rotação e circundução. HISTOLOGIA: Exitem 3 tipos de cartilagem: Hialina, elastica e fibrosa. HIALINA: Encontrada na parede da fossa nasal, traqueia e bronquios, proximidade ventral das costelas e recobrindo superficies articulares dos ossos longos ( com grande mobilidade ). Ele tambem recobre o primeiro esqueleto do embriao, que posteriormente sera substituido por tecido osseo. ● Matriz cartilaginosa: formada de colageno tipo II associada a acido hialuronico e a outros glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteinas. Normalmente o colageno esta na forma de fibrilas. Possui glicoproteina condrectina que se liga ao condrocito e colageno II. cartilagem hialina geral matriz-> ● Condroblasto: Todas as cartilagens hialinas com excessao das articulares, sao envolvidas por uma camada de tecido conjuntivo denso chamado de pericondrio. É composto de colageno tipo 1. É funcionalmente um CONDROBLASTO, pois dao origem aos condrocitos. ● Condrocitos: Fica na periferia da cartilagem hialina, sao alongados externamente e mais internamente sao arredondados, ficam em grupos de ate 8 celulas ( clones originados por um unico condroblasto ) São celulas secretoras de colagenos principalmente do tipo 2, proteoglicanos e glicoporteinas. Condroblastos e condrócitos Na periferia da cartilagem hialina observamos os condroblastos, são células jovens com alto poder de síntese, apresentam forma alongada e sintetizam os elementos da cartilagem. Mais profundamente, encontramos os condrócitos, são arredondados e aparecem em grupos de até oito células, chamados grupos isógenos, porque suas células são originadas de um único condrócito. Os condroblastos são células secretoras de colágeno, principalmente do tipo II, e da substância fundamental (proteoglicanas, glicosaminoglicanas e as glicoproteinas de adesão, como a condronectina. Os nutrientes trazidos pelo sangue atravessam o pericôndrio, penetram na matriz da cartilagem e vão ate os condrócitos mais profundos. Isto ocorre por difusão através da água de solvatação e o bombeamento promovido pelas forças de compressão e descompressão exercidas sobre a cartilagem. A falta de capilares sangüineos limita a espessura máxima das cartilagens. O funcionamento dos condrócitos depende de um balanço hormonal adequado. ● Pericôndrio: Todas as cartilagens hialinas, exceto as cartilagens articulares, são envolvidas por uma camada de tecido conjuntivo, denso na sua maior parte, denominado pericôndrio. Além de ser uma fonte de novos condrócitos para o crescimento, o pericôndrio é responsável pela nutrição, oxigenação e eliminação dos refugos metabólicos da cartilagem, porque nele está localizado vasos sangüineos e linfáticos, inexistentes no tecido cartilaginoso. O pericôndrio é formado por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágeno tipo I na parte mais superficial- pericôndrio fibroso, porem gradativamente mais rico em células à medida que se aproxima da cartilagem- pericôndrio celular. As células do pericôndrio são semelhantes aos fibroblastos, porém às situadas mais próximas a cartilagem, podem se multiplicar por mitose caracterizando-se assim, como condroblasto. CARTILAGEM ELÁSTICA É encontrada na orelha externa e interna, epiglote, cartilagem cuneiforme da laringe. É constituída de fibrilas de colágeno tipo II, de fibras elásticas e de substância fundamental (proteoglicanas, glicosaminoglicanas e glicoproteínas de adesão- condronectina). As principais funções são: sustentação e flexibilidade. A cartilagem elástica apresenta pericôndrio e cresce principalmente por aposição. CARTILAGEM FIBROSA OU FIBROCARTILAGEM É encontrada nos discos intervertebrais, sínfise púbica, em tendões e ligamentos na inserção de músculos. Essa cartilagem está sempre associada com tecido conjuntivo denso, apresenta acidofilia por conter grande quantidade de fibras colágenas tipo I, e apresenta pouca matriz extracelular. As numerosas fibras de colágeno constituem feixes, que seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um arranjo paralelo ao longo do condrócito em fileiras. Essa orientação é influenciada pelas forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Não existe pericôndrio, sua nutrição é feita pelo líquido sinovial. Apresenta a função de sustentação e resistência. DISCOS INTERVERTEBRAIS São estruturas fibrocartilaginosas localizadas entre os corpos das vértebras, promovendo união, alinhamento e certa mobilidade as vértebras vizinhas, como também absorve as forças de tração muscular, gravidade e carga, que de outro modo, tenderiam a esmagar uma vértebra contra a outra. Ele é constituído por uma porção periferica, chamada de anel fibroso e formada por fibrocartilagem e uma porção central, o núcleo pulposo formado por células arredondadas, dispersa no líquido composto por ácido hialurônico. 2)DIFERENCIAR OS PRINCIPAIS TIPOS DE ARTRITE (CLÍNICA/MORFOLOGIA) ● OSTEOARTRITE: A osteoartrite, ou doença articular degenerativa, é a doença articular mais comum. Ela é frequente, se não inevitável, parte do envelhecimento e importante causa da incapacidade física em pessoas com mais de 65 anos de idade. A característica fundamental da osteoartrite é a degeneração da cartilagem articular; alterações estruturais no tecido ósseo subjacente são provavelmente secundárias. Embora o termo osteoartrite implique uma doença inflamatória, a osteoartrite é principalmente uma doença degenerativa da cartilagem articular, na qual os condrócitos respondem a estresses biomecânicos e biológicos de uma maneira que resulta na fragmentação da matriz. Na maioria dos casos, a osteoartrite aparece de modo insidioso com a idade e sem causa iniciadora aparente (osteoartrite primária). Em tais casos, a doença usualmente é oligoarticular (isto é, afeta apenas poucas articulações), com as articulações das mãos, dos joelhos, dos quadris e da coluna vertebral mais comumente afetadas. Na circunstância incomum (menos de 5% dos casos) em que a osteoartrite ataca na juventude,há tipicamente alguma condição predisponente, como trauma prévio, deformidade do desenvolvimento ou doença sistêmica primária, como ocronose, hemocromatose ou obesidade marcante. Nesses contextos, a doença é chamada de osteoartrite secundária, e frequentemente envolve uma ou várias articulações predispostas. O sexo tem alguma influência; os joelhos e as mãos são mais comumente afetados em mulheres, enquanto os quadris são mais comumente afetados em homens. Estima-se que o custo econômico da osteoartrite nos Estados Unidos seja mais de $33 bilhões anualmente. Morfologia: As alterações iniciais na osteoartrite incluem alterações na composição e na estrutura da matriz. Os condrócitos têm capacidade limitada de proliferação, e alguns se dividem para formar pequenos clones de células que secretam matriz recém-sintetizada. Subsequentemente, a fibrilação e a formação de rachaduras na matriz em sentidos vertical e horizontal ocorrem à medida que as camadas superficiais da cartilagem são degradadas (Fig. 20-16, A). O exame macroscópico nesse estágio revela uma superfície da cartilagem articular de aspecto granular macio, condição conhecida como condromalacia. Finalmente, porções de espessura total da cartilagem são perdidas, e a placa de tecido ósseo subcondral é exposta e tornada lisa e polida através de fricção, dando-lhe a aparência de marfim polido (eburnação óssea; Fig. 20-16, B). O tecido ósseo subjacente se torna reforçado devido à atividade osteoblástica. Pequenas fraturas podem deslocar pedaços de cartilagem e do tecido ósseo subcondral para dentro da articulação, formando corpos soltos (artrófitos). Os espaços da fratura permitem que o líquido sinovial seja forçado para dentro das regiões subcondrais para formar cistos de parede fibrosa. Osteófitos (excrescências ósseas) em formato de cogumelo se desenvolvem nas margens da superfície articular. Na doença severa, um pannus sinovial fibroso cobre as porções periféricas da superfície articular Curso Clínico: A osteoartrite é uma doença insidiosa, afetando predominantemente pacientes a partir de seus 50-60 anos de idade. Os sintomas e sinais característicos incluem profunda dor exacerbada pelo uso, rigidez pela manhã, crepitação (sensação de ralar ou de estalo na articulação) e limitação no alcance do movimento. O impacto de osteófitos sobre forames espinais pode causar compressão em raízes nervosas, com dor radicular, espasmos musculares, atrofia muscular e deficiências neurológicas. Quadris, joelhos, vértebras lombares inferiores e vértebras cervicais, articulações interfalângicas proximais e distais dos dedos das mãos, primeiras articulações carpometacarpais e primeiras articulações tarsometatarsais dos pés são comumente envolvidas. Os nodos de Heberden nos dedos das mãos, que representam proeminentes osteófitos nas articulações interfalângicas distais, são característicos de mulheres. Além da inatividade completa, não há modo previsto para prevenir ou suspender a progressão de uma osteoartrite primária; ela pode se estabilizar por anos, mas geralmente é lentamente progressiva. Com o tempo, significativa deformidade articular pode ocorrer, mas, ao contrário da artrite reumatoide (discutida a seguir), não ocorre fusão. O tratamento usualmente é baseado nos sintomas, com a substituição da articulação em casos severos. ● ARTRITE REUMATOIDE JUVENIL A artrite reumatoide juvenil (ARJ) não é uma doença simples, mas um grupo de desordens multifatoriais com componentes ambientais e genéticos. Essas desordens são de etiologia desconhecida e classificadas de acordo com sua apresentação em oligoartrite, poliartrite e variantes sistêmicas (doença de Still). Grandes articulações frequentemente são afetadas, e os sintomas e sinais — como edema das articulações, calor, dor e perda de função — começam antes dos 16 anos de idade e persistem por mais de seis semanas. As manifestações inflamatórias extraarticulares, como uveíte, também podem estar presentes. Os fatores de risco comuns incluem suscetibilidade genética (como o HLA particular e variantes do gene PTPN22) e talvez infecção. Como na AR do adulto, a patogenia provavelmente envolve a ativação de células TH1 e TH17, as quais por sua vez ativam células B, macrófagos e fibroblastos para produzir anticorpos e uma variedade de citocinas que incluem TNF, IL-1 e IL-6, as quais finalmente resultam em lesão às estruturas articulares. ● ESPONDILOARTROPATIAS Soronegativas Aspectos clínicos, morfológicos e genéticos distinguem essas doenças da artrite reumatoide e de outros tipos de artrite. As espondiloartropatias são caracterizadas pelos seguintes aspectos: - Alterações patológicas que começam nas inserções dos ligamentos aos ossos, em vez de sê-lo na sinóvia - Envolvimento das articulações sacroilíacas, com ou sem artrite nas outras articulações periféricas - Ausência de fator reumatoide (daí a designação soronegativa) - Associação com HLA-B27. Esse grupo de doenças inclui várias entidades clínicas, das quais a espondilite anquilosante é o protótipo. Outras incluem síndrome de Reiter, artrite psoriática, espondilite associada a doenças intestinais inflamatórias e artropatias reativas após infecções (p. ex., com Yersinia, Shigella, Salmonella, Helicobacter ou Campylobacter). A sacroiliite é uma manifestação comum em todas essas doenças; elas são distinguidas uma da outra pelas articulações periféricas particulares envolvidas, como também com base nas manifestações extraesqueléticas associadas (p. ex., uretrite, conjuntivite e uveíte são características da síndrome de Reiter). Embora infecções desencadeantes e mecanismos imunológicos sejam considerados fundamentais para a ocorrência de espondiloartropatias soronegativas, sua patogenia permanece obscura. ● GOTA A gota afeta cerca de 1% da população e apresenta predileção pelos homens. É causada por quantidades excessivas de ácido úrico, o produto final do metabolismo de purinas, dentro dos tecidos e de líquidos corporais. Cristais de urato monossódico se precipitam a partir de líquidos corporais supersaturados e induzem uma reação inflamatória aguda. A gota é caracterizada por episódios recorrentes de artrite aguda, às vezes acompanhada pela formação de grandes agregados cristalinos, chamados de tofos, e pela deformidade articular permanente final. Embora elevado nível de ácido úrico seja um componente essencial da gota, nem todas as pessoas desenvolvem gota, e fatores genéticos e ambientais também contribuem para sua patogenia. Tradicionalmente, a gota é dividida em formas primária e secundária, responsável por cerca de 90% e 10% dos casos, respectivamente (Tabela 20-3). A gota primária designa casos nos quais a causa básica é desconhecida ou (menos comumente) nos quais a doença é devida a um defeito metabólico congênito que causa a hiperuricemia. Na gota secundária, a causa da hiperuricemia é conhecida, mas a gota não é necessariamente a doença clínica principal ou mesmo dominante. Figura 20-20 Nódulo reumatoide. Área serpiginosa de colágeno necrobiótico, circundado por histiócitos em paliçada. Morfologia As principais manifestações morfológicas da gota são artrite aguda, artrite tofácea crônica, tofos em vários locais e nefropatia gotosa. A artrite aguda é caracterizada por um denso infiltrado neutrofílico que permeia a sinóvia e o líquido sinovial. Longos e delicados cristais de urato monossódico, em formato de agulha, frequentemente são encontrados no citoplasma dos neutrófilos, além de pequenos agregados na sinóvia. A sinóvia está edematosa e congesta, e contém células inflamatórias mononucleares espalhadas. Quando o episódio de cristalização diminui e os cristais se ressolubilizam, o ataque sofre remissão. Artrite tofácea crônica se desenvolve a partir da precipitação repetitiva de cristais de urato durante ataques agudos. Os uratos podem se incrustar profundamente nas superfícies articulares e formardepósitos visíveis na sinóvia (Fig. 20-21, A). A sinóvia se torna hiperplásica, fibrótica e espessada pelas células inflamatórias, formando um pannus que destrói a cartilagem subjacente, levando a erosões ósseas justa-articulares. Em casos severos, uma anquilose fibrosa ou óssea se inicia, resultando em perda da função articular. Os tofos são patognomônicos para a gota. Eles são formados por grandes agregados de cristais de urato circundados por intensa reação inflamatória de linfócitos, macrófagos e células gigantes de corpo estranho, tentando englobar as massas de cristais (Fig. 20-21, B). Os tofos podem aparecer na cartilagem articular das articulações e nos ligamentos periarticulares, tendões e tecidos moles, incluindo lóbulos das orelhas, cartilagens nasais e a pele das pontas dos dedos das mãos. Os tofos superficiais podem levar a grandes ulcerações da pele sobrejacente. A nefropatia gotosa se refere a complicações renais associadas à deposição de uratos, formando de forma variável tofos medulares, precipitações intratubulares ou cristais de ácido úrico livres e cálculos renais. Complicações secundárias, como pielonefrite, podem ocorrer, especialmente quando há obstrução urinária. Características Clínicas A gota é mais comum em homens do que em mulheres; normalmente, ela não causa sintomas antes dos 30 anos de idade. Os fatores de risco para a doença incluem obesidade, ingesta excessiva de álcool, consumo de alimentos ricos em purinas, diabetes, síndrome metabólica e insuficiência renal. Polimorfismos em genes envolvidos no transporte e homeostase do urato, como URAT1 e GLUT9, também estão associados à hiperuricemia e à gota. Quatro estágios são classicamente reconhecidos: (1) hiperuricemia assintomática, (2) artrite gotosa aguda, (3) gota “intercrítica” e (4) gota tofácea crônica. A hiperuricemia assintomática aparece ao redor da puberdade em homens e após a menopausa em mulheres. Após um longo intervalo de anos, a artrite aguda aparece na forma de início súbito, dor articular excruciante associada a eritema localizado e calor; sintomas constitucionais são incomuns, exceto, possivelmente, febre moderada. A vasta maioria dos primeiros ataques é monoarticular; 50% ocorrem na primeira articulação metatarsofalângica (do dedão do pé) e 90% no dorso do pé, tornozelo, calcanhar ou punho. Caso não seja tratada, a artrite gotosa aguda pode durar horas a semanas, mas gradualmente se resolve completamente, e o paciente entra em um período intercrítico assintomático. Na ausência de terapia apropriada, os ataques recorrem a intervalos mais curtos e frequentemente se tornam poliarticulares. Finalmente, após uma década ou mais, os sintomas falham em se resolver completamente após cada ataque, e a doença progride para gota tofácea crônica. Nesse estágio, as radiografias mostram uma característica erosão óssea justa-articular causada pelos depósitos de cristais e pela perda do espaço articular. A progressão leva a uma severa doença incapacitante. As manifestações renais da gota podem aparecer como cólicas renais associadas à passagem de cascalho e cálculos, e podem evoluir para nefropatia gotosa crônica. Cerca de 20% das pessoas com gota crônica morrem de insuficiência renal. Numerosas drogas estão disponíveis para eliminar ou prevenir os ataques agudos de artrite e mobilizar depósitos tofáceos. Seu uso é importante porque muitos aspectos da gota estão relacionados à duração e severidade da hiperuricemia. Geralmente, a gota não encurta o tempo de vida sob o ponto de vista material, mas certamente pode prejudicar a qualidade de vida. ● ARTRITE INFECCIOSA Microrganismos de qualquer tipo podem se alojar nas articulações durante uma disseminação hematogênica. As estruturas articulares também podem se tornar infectadas através de inoculação direta ou por disseminação direta a partir de uma osteomielite ou um abscesso de tecido mole. A artrite infecciosa é grave, uma vez que pode causar rápida destruição da articulação e deformidades permanentes. Artrite Purulenta: As bactérias podem colonizar as articulações durante episódios de bacteriemia; a infecção das articulações com tais microrganismos quase resulta de maneira uniforme em artrite supurativa ou purulenta. Embora virtualmente qualquer bactéria possa ser a causadora, o Haemophilus influenzae predomina em crianças com menos de dois anos de idade, o S. aureus é o principal agente causador em crianças com mais idade e adultos, e o gonococo é prevalente em adolescentes mais velhos e adultos jovens. Pacientes com anemia falciforme estão propensos à infecção por Salmonella em qualquer idade. Ambos os sexos são afetados igualmente, exceto para a artrite por gonococos, a qual ocorre principalmente em mulheres sexualmente ativas. Nesse grupo, aquelas com deficiência de certas proteínas do complemento (C5, C6 e C7) são particularmente suscetíveis a infecções gonocócicas disseminadas e à artrite. A apresentação clássica é com início súbito de dor, vermelhidão e inchaço da(s) articulação(ões) afetada(s), com a limitação do movimento. Febre, leucocitose e taxa de sedimentação de eritrócitos elevada são comuns. Em infecções gonocócicas, o curso tende a ser mais subagudo. Em 90% dos casos de artrite supurativa não gonocócica, a infecção envolve apenas uma única articulação — usualmente o joelho, seguido em ordem pelo quadril, ombro, cotovelo, punho e articulações esternoclaviculares. A aspiração da articulação tipicamente produz um líquido purulento no qual o agente causador pode ser identificado. Artrite de Lyme: A doença de Lyme é causada pela infecção com o espiroqueta Borrelia burgdorferi, transmitida por carrapatos de cervos do complexo Ixodes ricinus; ela recebeu esse nome devido à cidade de Connecticut, onde a doença foi reconhecida pela primeira vez na década de 1970. Com mais de 20.000 casos relatados anualmente, é a principal doença transmitida por artrópodos nos Estados Unidos. Como em outra doença principal transmitida por espiroqueta, a sífilis, a doença de Lyme envolve múltiplos sistemas de órgãos e, em sua forma clássica, progride através de três estágios sucessivos. No estágio 1, as espiroquetas do gênero Borrelia se multiplicam no local da picada do carrapato e causam uma área expandida de vermelhidão, frequentemente com centro endurecido ou pálido. Essa lesão de pele, chamada de eritema crônico migrante, pode ser acompanhada por febre e linfadenopatia, mas usualmente desaparece no período de poucas semanas. No estágio 2, o estágio de disseminação inicial, os espiroquetas se espalham por via hematogênica e causam lesões cutâneas anulares secundárias, linfadenopatia, dor muscular e articular migratória, arritmias cardíacas e meningite, frequentemente com envolvimento de nervos cranianos. Anticorpos (usualmente IgM e IgG) contra antígenos de Borrelia, úteis sob o ponto de vista diagnóstico, aparecem no soro nesste estágio da doença. Alguns espiroquetas, entretanto, escapam das respostas por anticorpos e células T do hospedeiro através do próprio sequestro no sistema nervoso central ou no interior de células endoteliais. No estágio 3, o estágio de disseminação tardio, o qual ocorre 2-3 anos após a picada inicial, os organismos Borrelia da doença de Lyme causam artrite crônica, às vezes com lesão severa a grandes articulações, e encefalite que varia em severidade de leve a debilitante. A artrite de Lyme se desenvolve em aproximadamente 60-80% dos pacientes não tratados e é a característica dominante da doença tardia. A artrite pode ser causada por respostas imunológicas contra antígenos de Borrelia que fazem reação cruzada com proteínas nas articulações, mas os mecanismos exatos ainda não são compreendidos. A doença tende a ser migratória, com remissões e recaídas. Ela envolve principalmente grandes articulações, especialmente joelhos, ombros, cotovelos e tornozelos, em ordem descendente de frequência. O exame histológicorevela sinovite papilar crônica com hiperplasia de sinoviócitos, deposição de fibrina, infiltrados de células mononucleares e espessamento em casca de cebola das paredes arteriais; em casos severos, a morfologia se assemelha intimamente à da artrite reumatoide. Apenas 25% dos casos submetidos a colorações pela prata revelam dispersão dos organismos, e o diagnóstico formal da doença de Lyme pode depender do quadro clínico, incluindo história e/ou estudos sorológicos apropriados. A artrite crônica com a formação de pannus e deformidades permanentes se desenvolve em aproximadamente um em cada 10 pacientes. RESUMO Artrite - A osteoartrite (doença articular degenerativa) é, de longe, a doença articular mais comum; ela é essencialmente uma doença degenerativa da cartilagem articular, na qual a degradação da matriz cartilaginosa excede a síntese. A inflamação é secundária. A grande maioria dos casos ocorre sem causa precipitadora aparente, exceto o avançar da idade. A produção local de citocinas pró-inflamatórias e de outros mediadores (IL-1, TNF, óxido nítrico) pode contribuir para a progressão da degeneração articular. - A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune crônica que afeta principalmente as articulações, especialmente as articulações pequenas, mas pode afetar múltiplos tecidos. A AR é causada por uma resposta autoimune contra autoantígenos, como proteínas citrulinadas, a qual leva a reações por células T na articulação, com produção de citocinas que ativam fagócitos que lesam tecidos e estimulam a proliferação de células sinoviais (sinovite). A citocina TNF desempenha papel central, e antagonistas contra o TNF são de grande benefício clínico. Anticorpos também podem contribuir para a doença. - Gota e pseudogota. Os níveis circulantes aumentados de ácido úrico (gota) ou de pirofosfato de cálcio (pseudogota) podem levar à deposição de cristais no espaço articular. Os resultantes recrutamento e ativação de células inflamatórias levam à degradação da cartilagem, fibrose e artrite. - Tanto a infecção direta de um espaço articular (artrite purulenta) como respostas imunológicas a infecções sistêmicas por reações cruzadas (p. ex., em alguns casos da artrite de Lyme) podem levar à inflamação e à injúria das articulações. 3)IDENTIFICAR OS FATORES DE RISCO E EXPLICAR A ETIOLOGIA DA ARTRITE REUMATOIDE FATORES DE RISCO para artrite reumatoide Existem alguns fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença. Alguns não podem ser controlados, mas outros sim. Veja quais são os fatores de risco para artrite reumatoide: Fatores não controláveis ● Sexo – AR atinge duas vezes mais mulheres do que homens; ● Idade – a maioria dos pacientes tem entre 30 e 60 anos; ● Histórico familiar – ter parente de primeiro grau com AR aumenta o risco de desenvolver a doença em até 4,7%. Fatores controláveis ● Obesidade – pessoas obesas têm mais chance de desenvolver AR; ● Tabagismo – não só fumar aumenta o risco de desenvolver a doença, mas também inalar a fumaça do cigarro. E as duas coisas podem piorar os sintomas da doença. A etiopatogenia ainda continua incompletamente esclarecida: estão listados múltiplos fatores endógenos (resposta imune anormal) e exógenos (infecções, alimentação, tabagismo, poluição química, estresse) desencadeantes da doença em uma condição de suscetibilidade genética. ETIOLOGIA PEGAR HARRINSO AR é uma doença de caráter autoimune e sua etiologia ainda continua desconhecida (MARTINS & SANTOS, 2018). No entanto, alguns fatores estão sendo estudados e podem ser considerados (em conjunto ou isoladamente) como causas dessa doença (GOELDNER et al., 2011), são eles: fatores genéticos/hereditários, fatores ambientais/comportamentais, fatores hormonais e doenças autoimunes do intestino. ● Fatores genéticos/ hereditários: Estima-se que 60% dos casos de AR tenham influência hereditária. A herdabilidade da AR é objeto de estudos há anos e os trabalhos propõem que a incidência na agregação familiar, possa estar ligada não somente a aspectos genéticos, mais também ao sexo e a idade de início da doença no parente acometido. Isso porque a incidência de casos entre familiares de pacientes com a AR é relativamente comum. A predominância é maior entre parentes de primeiro grau com AR, podendo ter mais de 15% de chance de desenvolvimento e se manifestar desde criança. Estudos envolvendo gemelares, revelam que, em gêmeos monozigóticos, as taxas de concordância são de 15 a 30%, ou seja, as manifestações podem ser aumentadas em até 30 vezes. E, em gêmeos dizigóticos, as taxas de concordância chegam a 5%,ou seja, são aumentadas em até 6 vezes. O risco de irmãos de pacientes que já tenham a AR desenvolverem a doença é de 4%; 4,7%, para pais e filhos; e 1,9%, para familiares de segundo grau. Outro fator associado à genética do indivíduo, destaca-se a expressão de citocinas e moléculas pró-inflamátorias. Ao longo dos processos inflamatórios acontece uma vasta produção de mediadores químicos, as citocinas, que são responsáveis pela atração leucocitária para o local da inflamação e pela otimização do processo de resposta/defesa do organismo. Atualmente, mais de cem citocinas e outros mediadores já foram descritos como sendo diretamente associados ao desenvolvimento da AR. O antígeno que apresenta maior indício científico na relação com a AR é o HLA (Human leukocyte antigen), uma região do genoma humano que apresenta cerca de 37% de contribuição para o caráter genético desta doença. Há mais de 35 anos foi descoberta e publicada que a região do HLA, especialmente o alelo HLA-DR4, está associada a susceptibilidade à AR, porém o mecanismo correto que define a predisposição é desconhecido. Já sobre o alelo HLA-DRB1, que encontra-se no cromossomo 6 e codifica uma sequência de aminoácidos que origina uma molécula conhecida como epítopo compartilhado, em que serve de local de ligação para apresentação dos peptídeos artritogênicos para as células T CD4 envolvidas na resposta imunoinflamatória. Ainda de acordo com estes últimos autores, essa molécula pode estar relacionada àdiferenciação das células B em plasmócitos, levando a desenvolver anticorpos anti proteínas citrulinadas cíclicas (anti-CCP), aumentando a suscetibilidade às formas graves e manifestações extra-articulares da AR. Assim, a expressão do HLA-DRB1 e do epítopo compartilhado são os fatores de risco mais consideráveis descritos para a vulnerabilidade e progressão da doença. ● Fatores ambientais/ comportamentais: Os fatores ambientais ligados a etiologia da AR, engloba tanto exposições físicas a partir de distintos agentes ambientais, como associações com estilos de vida diferentes e condições socioeconômicas. Embora o tabagismo seja um provável fator de risco ambiental bem estabelecido para o desenvolvimento da artrite reumatóide, seus efeitos sobre a gravidade na artrite reumatoide ainda são controversos. Monteiro destaca que o uso de medicamentos, hormônios exógenos, tipo de alimentação, a ingestão de café, álcool e a exposição a determinadas substâncias podem não só desencadear, mas também acelerar a progressão da doença. Monteiro destaca que há muito interesse em estudos com possibilidades de que infecções podem estimular o desenvolvimento da AR, porém não existem comprovações para isso. Outros estudos, sugerem um agente infeccioso por meio de um mecanismo de mimetismo molecular e a possibilidade de agentes microbianos também como causador da doença. Neste sentido, Oliveira menciona que infecções periodônticas e a composição da flora intestinal podem ser determinantes para a doença.Vários outros fatores ambientais e comportamentais que podem estar presentes no desencadeamento são conhecidos, no entanto permanecem várias limitações para detectar essas contribuições, uma vez que os artigos que estudam estes fatores usam de abordagens epidemiológicas e abordam populações heterogêneas, bem como, usam diferentescritérios da avalição do dano articular, dificultando, assim, a correlação entre a associação de determinado fator e o dano articular em pacientes com AR. ● Fatores hormonais: Estudadas nas doenças autoimunes reumáticas, dentre elas a AR, as adipocinas produzidas com abundância pelos adipócitos, destacam-se a leptina e a adiponectina. Apesar dos resultados conflitantes em relação ao papel das adipocinas no desenvolvimento e atividade da AR, o autor destaca que o estudo da atuação desses mediadores nos mecanismos patogênicos das doenças reumáticas autoimunes pode trazer grande colaboração para a compreensão dessa doença. O aumento da leptina em seres humanos, está relacionado a diversas circunstâncias de inflamações crônicas, como: AR, hepatite não alcoólica, inflamação pulmonar crônica, nefrite, doenças inflamatórias do intestino, diabetes mellitus tipo 1, entre outras. Evidências mostram uma correlação direta no aumento da dosagem de leptina com a atividade da AR. Estudo realizado em 2003 mostrou um aumento significativo de leptina no sangue em quarenta pacientes com AR em comparação com controles saudáveis, correlacionando-os com a duração, atividade e alterações radiológicas. Em 2009, Seven e colaboradores encontraram correlação da atividade da AR com a dosagem de leptina sérica e o líquido sinovial, independentemente da idade e dos marcadores de inflamação. O aumento da adiponectina observado nos pacientes com AR tem apontado para uma atividade pro-inflamatória. Porém após o tratamento com anti-TNF-α em pacientes com a AR, o aumento da adiponectina, tem sugerido uma resposta anti-inflamatória. Todavia, ainda permanece em discussão o efeito da adiponectina na AR, se é pró-inflamatório ou anti-inflamatório. Laurberg e colaboradores (2009), fizeram um estudo, em que compararam o nível de adiponectina em pacientes com AR inicial sem DMARDs, a pacientes com AR crônica e indivíduos saudáveis; como resposta, obtiveram que a adiponectina foi expressivamente menor nos indivíduos saudáveis, em comparação aos pacientes com AR inicial ou AR crônica. Além destes dois hormônios, estudos clínicos e experimentais têm mostrado que a vitamina D é um fator relevante envolvido na patogênese de algumas doenças autoimunes, dentre elas, a AR. A vitamina D atua na regulação e diferenciação de células do sistema imunológico (tais como linfócitos e macrófagos), além de envolver-se na produção de citocinas in vivoe in vitro. Diversos estudos relacionaram os baixos níveis de vitamina D ao desenvolvimento de doenças autoimunes, tais como: a esclerose múltipla, a diabetes tipo I, a esclerose sistêmica, o lúpus eritematoso sistêmico e a AR (a menor ingestão de vitamina D está ligada a um maior risco de desenvolvimento de AR). O contrário também é abordado pela literatura: pacientes com doenças autoimunes pré-existentes têm uma maior tendência à deficiência de vitamina D –porque possuem menor capacidade física, se expõem menos ao sol, efeito colateral de medicamentos usados no tratamento. As células do sistema imunológico podem consumir grandes quantidades de vitamina D quando ocorre a inflamação crônica dos tecidos e, por isso, pode-se afirmar que o metabolismo ativo da vitamina D tem efeitos imunossupressores e imunorreguladores. A ligação do metabolismo da vitamina D na patologia da AR, fundamenta-se nas análises que propõem uma ação local para os metabólitos da vitamina D na modulação da inflamação articular, assim como também a membrana sinovial de pacientes com AR expressam o Receptor de Vitamina D. Se comparados a camundongos com uma atividade normal da vitamina D, camundongos com este receptor de vitamina D inativado apresentam uma condição mais agressiva de AR induzida por TNF ● Doenças inflamatórias intestinais: As doenças inflamatórias intestinais (DII) estão associadas a etiologia da AR como manifestações extra intestinais da Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU). A DC é caracterizada por uma inflamação transmural da mucosa, que acomete qualquer região do trato gastrointestinal, principalmente o intestino delgado distal (íleo), porém com potencial de atingir da boca até o ânus. Demonstra-se de forma descontínua, podendo encontrar partes lesionadas, intercaladas com áreas sem lesão, associadas as complicações, tais como fístula, estenoses e abcessos. A DC, pode ser considerada clinicamente como leve, moderada e severa, dependendo do número de crises recorrentes, tais como: diarreias, febre, fortes dores abdominais, perda de peso e até complicações sistêmicas. Apesar das mulheres terem tido a maior incidência para a DC, nos últimos dez anos, as taxas de DC foram mais elevadas em crianças pequenas do sexo masculino . A RCU é descrito por um acometimento superficial e contínuo da mucosa colônica, que afeta primeiramente o reto e pode atingir o cólon e íleo, estendendo-se na direção proximal. De acordo com a gravidade e extensão, a RCU pode ser classificada como leve, quando a inflamação é restrita ao reto ou retossigmoide (proctite ou proctossigmoidite); moderado, quando o cólon descendente está comprometido, assim como o reto (colite esquerda); grave, quando chega ao ceco (pancolite ou colite total). Um de seus principais sintomas é a diarreia sanguinolenta e as fortes dores abdominais. A RCU atinge mais homens do que mulheres e está associada a grupos socioeconômicos mais altos. Sua prevalência ainda é menor do que a DC quando se trata de pacientes com manifestações extra-articulares da AR. A artrite associada às DII foi relata pela primeira vez em 1929, por Bargen, mas, todavia, só a partir dos anos 50, foi considerada uma entidade diferente da AR, e sendo incluída no espectro de espondiloartropatias. A similaridade entre o acometimento articular em pacientes com DII com os pacientes de espondiloartrites, que demonstram envolvimento subclínico do intestino, apontam a propabilidade de inflamação intestinal terem um papel patogenético na artrite. Segundo Cançado e Ferrari (2015), cerca de 70% dos pacientes com espondiloartropatias têm manifestações no trato gastrointestinal e que aproximadamente 7% desenvolveram DII; por isso, a associação entre as DII e as articulações está sendo cada vez mais estudada. Mecanismos auto-imunes patogênicos idênticos são propostos para as DII e as espondiloartropatias, tais como: fatores genéticos ligados a manifestação anormal de antígenos, presença de autoanticorpos contra antígenos específicos distribuída pelo cólon e outros tecidos extra colônicos, além do aumento da permeabilidade intestinal. Consideram-se fatores comuns na relação entre as DII e as articulações: mutações dos genes NOD2 –que talvez representem o elo de ligação; e a associação com antígenos de histocompatibilidade presentes nas patogenias. O envolvimento com a proteína transmembrana CD163, expressa nos macrófagos, também tem sido estudada, pois a mesma está aumentada na DC, no líquido sinovial e na mucosa intestinal não inflamada de pacientes com espondiloartropatias. Estudos mostram uma incidência mais alta de artrite em pacientes com DC; e, em pacientes RCU, aqueles com proctite (inflamação de reto e ânus) tinham mais articulações afetadas do que aqueles com cólon-proctite (inflamação de cólon, reto e ânus). As manifestações articulares nas DII são separadas em artrite periférica ou axial. A artrite periférica enteropática, atinge cerca de 10 a 20% dos pacientes com DII e é dividida em pauciarticular (ou tipo I), aguda e auto-limitada, ocorrendo em períodos de exarcebação das DII e que não está ligada ao antígeno HLA-B27 (OLIVEIRA, 2011) e afeta menos de cinco articulações. Já a poliarticular (ou tipo II), com sintomas que podem durar meses ou até anos, com curso independente da DII, atinge mais de cinco articulações. A artrite axial, inclui a espondilite anquilosante primária e a sacroileíte. Normalmente ela é mais comum em pacientes com DC (5% a 22%) do que na RCU (2% a 6%). Nestegrupo é observada a existência de uma maior incidência do antígeno de histocompatibilidade HLA-B27, o que mostra uma predisposição genética dos pacientes para apresentar as manifestações já citadas (MOTA, 2007). Frequentemente, as manifestações articulares não se relacionam com a atividade da doença intestinal e os sintomas axiais geralmente precedem aos intestinais. EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO Incidência de 0,5-1%. Em mulheres, manifesta-se na 4ª ou na 5ª década de vida (3:1), enquanto os homens apresentam acometimento mais tardio (6ª a 8ª décadas de vida). Os fatores predisponentes incluem aspectos genéticos (HLA/epítopo compartilhado), hormonais e ambientais (tabagismo e infecções). O risco de desenvolvimento da doença com história familiar positiva pode aumentar 3-5 vezes. O risco genético é conferido principalmente pelos alelos do complexo maior de histocompatibilidade (MHC ou HLA). A associação maior se dá com os subgrupos de alelo DR4 e DR1, conforme a população estudada. A decodificação mostra que em pacientes com artrite reumatoide há uma repetição constante de nucleotídeos nas cadeias DR, o que levaria a maior suscetibilidade e gravidade da doença. Essa sequência que se repete é chamada de epítopo compartilhado. A maneira como a presença do epítopo compartilhado influi na suscetibilidade à artrite reumatoide pode ser explicada por diversas teorias: ■ os alelos de suscetibilidade poderiam ligar-se com facilidade a peptídeos artritogênicos derivados do próprio indivíduo ou de microrganismos; ■ os alelos poderiam levar à seleção de células T autorreativas no timo; ■ os alelos poderiam levar a número inadequado de células T regulatórias; ■ os alelos poderiam tornar-se alvo de autoimunidade por mimetismo molecular com patógenos implicados na artrite reumatoide, como Escherichia coli e vírus Epstein-Barr; ■ os alelos podem estar relacionados ao processo de geração de autoanticorpos, especialmente anticorpo antipeptídeo citrulinado (anti-CCP); ■ estrógeno pode ter influência, pois diminui a apoptose de células B, potencialmente permitindo a seleção de clones autorreativos. Os hormônios também influenciam o equilíbrio de citocinas e da população Th1/Th2; ■ durante a gestação, 75% das pacientes com artrite reumatoide apresentam remissão espontânea, com 90% apresentando recidiva da doença nos primeiros 6 meses após o parto. Nuliparidade é sugerida como fator de risco para a doença. O risco de uma 1ª crise aumenta nos primeiros 12 meses após a gestação; ■ fatores inerentes à imunidade do indivíduo também têm influência no desenvolvimento da artrite reumatoide. Há associação com outras doenças autoimunes como doença tireóidea e DM; ■ influência de infecções, p. ex., por vírus Epstein- -Barr, parvovírus B19, Proteus, citomegalovírus, retrovírus; ■ em estudos de caso-controle, a obesidade parece ser fator predisponente; ■ o tabagismo cada vez mais vem sendo encarado como fator de risco, estando relacionado ao processo de citrulinação proteica. 4)DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA ARTRITE REUMATOIDE. A AR é uma doença incapacitante, de caráter inflamatório crônico, com manifestações sistêmicas e articulares, afetando articulações diartrodiais de maneira progressiva, irreversível, destruindo cartilagem e osso adjacente. Na mediação dos processos imunológicos determinantes das manifestações inflamatórias articulares estão envolvidas células T, B, plasmócitos, macrófagos e células dentríticas, infiltradas na sinóvia reumatoide e com tendência à formação de agregados linfoides organizados de maneira semelhante aos centros germinativos. Trata-se de uma complexa rede interativa de vias da mediação imune implicadas na origem, desenvolvimento e manutenção dos processos inflamatórios da doença. AR também apresenta alterações extra-articulares, embora a artrite seja dominante no quadro da doença. três rotas de mediação imune, dissociadas da pletora das reações implicadas na patogênese da doença: ativação das células T; ativação das células B; hiperplasia sinovial, osteoclastogênese e angiogênese. A apoptose, pela importância do seu envolvimento em autoimunidade, será apresentada separadamente. Cabe lembrar que essas vias não se desenvolvem isoladamente, mas sim constituem uma malha de intercepções recíprocas entre seus componentes. Artrite Reumatoide A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória crônica sistêmica que afeta muitos tecidos, mas ataca principalmente as articulações. Ela causa sinovite proliferativa não purulenta que frequentemente progride para destruir a cartilagem articular e o tecido ósseo subjacente, com resultante artrite incapacitante. Quando um envolvimento extra-articular se desenvolve — p. ex., da pele, coração, vasos sanguíneos, músculos e pulmões —, a AR pode se assemelhar ao lúpus ou ao escleroderma. A AR é uma doença relativamente comum, com prevalência de aproximadamente 1%; é 3-5 vezes mais comum em mulheres do que em homens. O pico de incidência é na segunda à quarta década de vida, mas nenhuma idade está imune. PATOGENIA A AR é uma doença autoimune que envolve interações complexas, e ainda mal compreendidas, entre fatores de risco genéticos, o ambiente e o sistema imunológico. As alterações patológicas são causadas principalmente por inflamação mediada por citocinas, com as células T CD4+ sendo a principal fonte das citocinas. Muitos pacientes também produzem anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (PCCs), os quais podem contribuir para as lesões articulares. Os PCCs são derivados de proteínas nas quais resíduos de arginina são convertidos em resíduos de citrulina após a tradução. Na AR, anticorpos contra fibrinogênio, colágeno do tipo II, a-enolase e vimentina citrulinados são os mais importantes e podem formar imunocomplexos que se depositam nas articulações. Esses anticorpos representam um marcador diagnóstico para a doença e podem estar envolvidos na injúria tecidual. Como outras doenças autoimunes, a AR é uma doença na qual fatores genéticos e ambientais contribuem para a interrupção da tolerância a autoantígenos. ● Fatores genéticos: Estima-se que 50% do risco de desenvolvimento da AR estejam relacionados a fatores genéticos. A suscetibilidade à artrite reumatoide está ligada ao lócus HLA-DRBI. Estudos recentes de ligação e associação pangenômica revelaram grande número de genes não HLA nos quais polimorfismos estão associados à AR. Há forte associação com um polimorfismo no gene PTPN22, o qual codifica uma tirosina-fosfatase que é postulada como inibindo a ativação das células T. ● Fatores ambientais: Muitos agentes infecciosos candidatos — cujos antígenos podem ativar células T ou B — têm sido considerados, mas nenhum foi implicado de forma conclusiva. Conforme mencionado, em pelo menos 70% dos pacientes o sangue contém anticorpos anti-PCC, os quais podem ser produzidos durante a inflamação. Insultos inflamatórios e ambientais, como tabagismo e infecções, podem induzir a citrulinação de algumas proteínas do próprio corpo, criando novos epitopos que deflagram reações autoimunológicas. Foi feita a proposta de que a doença seja iniciada em pessoa geneticamente predisposta através da ativação de células T auxiliares CD4+ que respondem a algum agente artritogênico, possivelmente microbiano, ou a um autoantígeno, tal como os PCCs (Fig. 20-18). Células TH1 e TH17 CD4 + , linfócitos B ativados, plasmócitos e macrófagos, além de outras células inflamatórias, são encontrados na sinóvia inflamada e, em casos severos, folículos linfoides com centros germinativos bem formados podem estar presentes. Numerosas citocinas, incluindo IL-1, IL-8, TNF, IL-6, IL-17 e interferon g, foram detectadas no líquido sinovial. As citocinas produzidas pelas células T ativadas recrutam leucócitos e macrófagos, cujos produtos causam injúria tecidual, e também ativam células sinoviais residentes para produzir enzimasproteolíticas, como colagenases, que medeiam a destruição da cartilagem, de ligamentos e dos tendões das articulações. A atividade aumentada dos osteoclastos nas articulações contribui para a destruição óssea na artrite reumatoide; isso pode ser causado pela produção do ligante RANK, da família de citocinas do TNF, através de células T ativadas. Apesar da infinidade de citocinas produzidas na articulação durante a AR, o TNF parece desempenhar um papel fundamental. Isso é demonstrado através da notável efetividade de antagonistas do TNF em pacientes com a doença, mesmo naqueles que são resistentes a outras terapias. A partir de uma variedade de observações experimentais e clínicas, suspeita-se que os anticorpos também desempenhem um papel na doença. A contribuição de anti-PCCs foi previamente mencionada. Cerca de 80% dos pacientes apresentam autoanticorpos séricos do tipo imunoglobulina M (IgM) (e, menos frequentemente, IgA) que se ligam às porções Fc de sua própria IgG. Esses autoanticorpos são chamados de fator reumatoide. Eles podem formar imunocomplexos com a IgG própria que se deposita em articulações e em outros tecidos, levando à inflamação e à lesão tecidual. Entretanto, o papel do fator reumatoide na patogenia da articulação ou de lesões extra-articulares não foi estabelecido. Parece haver duas variantes da AR: uma caracterizada pela presença de anti-PCCs e do fator reumatoide, e outra na qual esses autoanticorpos estão ausentes. MORFOLOGIA: Um amplo espectro de alterações morfológicas é visto na AR; as mais severas ocorrem nas articulações. A AR tipicamente se manifesta como uma artrite simétrica, afetando principalmente as pequenas articulações das mãos e dos pés, tornozelos, joelhos, punhos, cotovelos e ombros. Mais frequentemente, as articulações interfalângicas proximais e metacarpofalângicas são afetadas, mas as articulações interfalângicas distais são poupadas. O envolvimento do esqueleto axial, quando ocorre, está limitado à região cervical superior da coluna vertebral; de modo similar, o envolvimento da articulação do quadril é extremamente incomum. Ao exame histológico, as articulações afetadas apresentam sinovite papilar crônica, caracterizada por (1) hiperplasia e proliferação de células sinoviais; (2) densos infiltrados perivasculares de células inflamatórias (formando frequentemente folículos linfoides) na sinóvia, compostos por células T CD4 +, plasmócitos e macrófagos; (3) vascularização aumentada devido à angiogênese; (4) neutrófilos e agregados e de fibrina em organização sobre a superfície sinovial e no espaço articular; e (5) atividade aumentada dos osteoclastos no tecido ósseo subjacente, levando à penetração sinovial e erosão óssea periarticular. A aparência clássica é a de um pannus, formado pela proliferação de células do revestimento sinovial misturadas a células inflamatórias, tecido de granulação e tecido conjuntivo fibroso; o crescimento excessivo desse tecido é tão exuberante que a membrana sinovial — normalmente delgada e lisa — é transformada em projeções viçosas, edematosas e de aspecto frondoso ou viloso. Com o envolvimento articular inflamatório maduro, um edema dos tecidos moles periarticulares normalmente se desenvolve, manifestado classicamente primeiro pelo inchaço fusiforme das articulações interfalângicas proximais. Com a progressão da doença, a cartilagem articular subjacente ao pannus é erodida e, com o tempo, virtualmente destruída. O tecido ósseo subarticular também pode ser atacado e erodido. Finalmente, o pannus preenche o espaço articular, e subsequentes fibrose e ossificação podem causar uma anquilose permanente. As características radiográficas mais marcantes são efusões articulares e osteopenia justa-articular com erosões e estreitamento do espaço articular, e perda da cartilagem articular. A destruição de tendões, ligamentos e cápsulas articulares produz as deformidades características, incluindo desvio radial do punho, desvio ulnar dos dedos das mãos e anormalidades de flexão-hiperextensão dos dedos das mãos (deformidade em pescoço de cisne, deformidade em botoeira). Nódulos subcutâneos reumatoides se desenvolvem em cerca de um quarto dos pacientes, ocorrendo ao longo da superfície extensora do antebraço ou de outras áreas sujeitas à pressão mecânica; raramente, eles podem se formar nos pulmões, baço, coração, aorta e outras vísceras. Os nódulos reumatoides são massas firmes e insensíveis, de formato oval ou arredondado, com cerca de 2 cm de diâmetro. Eles são caracterizados microscopicamente por um foco central de necrose fibrinoide circundado por uma paliçada de macrófagos, a qual por sua vez é delimitada por tecido de granulação e linfócitos. Pacientes com doença erosiva severa, nódulos reumatoides e altas titulações de fator reumatoide estão em risco de desenvolver síndromes vasculíticas: a vasculite necrosante aguda pode envolver pequenas ou grandes artérias. O envolvimento das serosas pode se manifestar com pleurite ou pericardite fibrinosa, ou ambas. O parênquima pulmonar pode estar alterado devido a uma progressiva fibrose intersticial. Alterações oculares, como uveíte e ceratoconjuntivite, podem estar proeminentes em alguns casos. 5)INVESTIGAR AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ARTRITE REUMATOIDE. Características Clínicas: Embora a AR seja basicamente uma artrite poliarticular simétrica, pode haver também sintomas constitucionais, como: - fraqueza - mal-estar - febre baixa. Muitas das manifestações sistêmicas resultam a partir dos mesmos mediadores que causam a inflamação articular (p. ex., IL-1, TNF). A artrite aparece primeiramente de forma insidiosa, com dor e rigidez das articulações, particularmente pela manhã. Conforme a doença avança, as articulações se tornam aumentadas, o movimento se torna limitado e, com o tempo, pode aparecer completa anquilose. O envolvimento vasculítico dos membros pode dar origem ao fenômeno de Raynaud e a úlceras crônicas das pernas. Tal envolvimento multissistêmico deve ser distinguido de lúpus, escleroderma, polimiosite, dermatomiosite e doença de Lyme, além de outras formas de artrite. Para a realização do correto diagnóstico, são úteis (1) achados radiográficos característicos; (2) líquido sinovial estéril e turvo, com viscosidade decrescente, formação pobre de coágulos de mucina e neutrófilos contendo inclusões; e (3) anti-PCCs e fator reumatoide (80% dos pacientes). O curso clínico da AR é altamente variável. Em uma minoria de pacientes, a doença pode estabilizar ou até mesmo regredir; na maioria dos pacientes, entretanto, ela segue um curso crônico, de natureza remitente-recorrente. Sob o ponto de vista histórico, a história natural da doença tem sido de destruição progressiva das articulações, levando à incapacidade após 10-15 anos. O prognóstico tem sido drasticamente melhorado através de avanços recentes na terapia, incluindo tratamento agressivo da AR precoce e a introdução de agentes biológicos altamente eficazes que antagonizam o TNF. A AR é uma importante causa de amiloidose reativa (Capítulo 4), a qual se desenvolve em 5-10% desses pacientes, particularmente naqueles com doença severa de longa data. Os sintomas mais comuns são os da artrite (dor, edema, calor e vermelhidão) em qualquer articulação do corpo sobretudo mãos e punhos. O comprometimento da coluna lombar e dorsal é raro mas a coluna cervical é frequentemente envolvida. As articulações inflamadas provocam rigidez matinal, fadiga e com a progressão da doença, há destruição da cartilagem articular e os pacientes podem desenvolver deformidades e incapacidade para realização de suas atividades tanto de vida diária como profissional. As deformidades mais comuns ocorrem em articulações periféricas como os dedos em pescoço de cisne, dedos em botoeira, desvio ulnar e hálux valgo (joanete). LIVRO DE CLINICA PARA RESIDENTES: QUADRO CLÍNICO Sua instalaçãoé insidiosa, com duração de semanas a meses. Frequentemente, observam-se sintomas sistêmicos como febre baixa, perda de peso e fadiga. Inicia-se, geralmente, em pequenas articulações, com dor, aumento de volume, rigidez prolongada e piora pela manhã. A mão é o local mais frequente, fato que está diretamente relacionado à grande incapacidade gerada pela doença. HISTÓRIA CLÍNICA ● Poliartrite de pequenas articulações, mas pode haver início monoarticular. ● Rigidez matinal prolongada. ● Edema e diminuição de força em membros. ● Fadiga, hiporexia, perda de peso. São fatores de pior prognóstico: fator reumatoide positivo e em altos títulos, baixo status socioeconômico e educacional, baixa capacidade funcional, sexo feminino, história familiar fortemente positiva, grande número de articulações acometidas, persistência de alta atividade de doença e presença de erosões nas RX precocemente na evolução da doença. Geralmente, as articulações interfalângicas distais são poupadas. Em casos mais avançados, há acometimento de articulações temporomandibulares. Quanto ao esqueleto axial, pode acometer as articulações cricoaritenoides, esternoclaviculares e a articulação C1-C2. O ligamento transverso do atlas circunda a porção posterior do odontoide, prevenindo a subluxação de C1 sobre C2. Tenossinovite nessa região pode diminuir o espaço disponível para a medula. Inflamação continuada pode levar a lassidão do ligamento transverso e erosão do odontoide, permitindo, assim, a projeção do anel da C1 para a frente na flexão cervical, com compressão medular. Pode haver também invaginação do odontoide através do forame magno. Se houver risco à medula, há indicação cirúrgica. Inicialmente, há rigidez do pescoço em razão da tenossinovite do ligamento transverso da C1, o qual estabiliza o processo odontoide de C2. Com a persistência da inflamação, pode ocorrer erosão do odontoide e/ou ruptura do ligamento transverso, levando a mielopatia cervical. É necessário exame neurológico minucioso, uma vez que C1-C2 não é uma articulação palpável. Por esse motivo, estão indicadas RX anuais da região cervical, que devem ser tiradas em posição anteroposterior e de perfil em posição neutra, flexão e extensão máximas. Manifestações extra-articulares Mau controle da doença é fator de risco. Ocorrem em 50% dos pacientes, sendo que os sintomas sistêmicos e a síndrome de Sjögren são as mais comuns: ● síndrome de Sjögren secundaria: ocorre em 35% dos pacientes com artrite reumatoide; Definida pela presenca ou de olhos secos ou de xerostomia ( boca seca ), em associacao a outra doenca do tecido conectivo. ● nódulos reumatoides: acometem 30-40% dos pacientes com artrite reumatoide, e com mais frequência nos soropositivos e alto nivel de atividade da doenca. Os nódulos são subcutâneos, firmes, indolores e ocorrem em superfícies extensoras e pontos de pressão, aderidos ao periosteo, aos tendoes e as bursas. Desenvolvem-se em locais com trauma repetido ou irritacao, como antebraço, sacro e tendao de aquiles. Quando surgem nos pulmões, podem cavitar e infectar. São causados por vasculite de pequenos vasos. O uso de metotrexato pode exacerbar o quadro de nódulos reumatoides, mesmo com controle adequado da doença; Podem acometer tambem pleura, pericardio e peritonio. ● vasculite de pequenos vasos: Vasculite reumatoide. Caracterizada por lesões digitais isquêmicas, vasculite leucocitoclástica e pioderma gangrenoso; ocorre em pacientes com doenca prolongada. Os sinais cutaneos variam e incluem petequias, purpura, infarto digitais, gangrena, livedo reticular e, em caso grave ulceracao dolorosa na extremidade inferior. ● doença arterial coronária: possui a maior taxa de morbimortalidade associada à doença. Ocorre um processo de aterosclerose acelerada, de etiologia multifatorial. Pode ser decorrente de inflamação crônica, sedentarismo ou uso de medicações; Fator de risco HAS, obesidade, hipercolesterolemia, DM e tabagismo ● Cardiacas: Local mais frequente é o pericardio, entretanto pericardite ocorre em 10% apenas. ---Miocardiopatia tambem é encontrada e advem da miocardite granulomatosa ou necrosante ou diafuncao diastolica. Pode ser subclinico e indetificado apenas no ecocardiograma ou RM cardiaca. Raramente o musculo cardiaco contera nodulos reumatoide ou estar infiltrado com amiloide. A insuficiencia mitral é a anormalidade valvular mais comum. ● pericardite: acomete até 50% dos pacientes; ● sintomas pulmonares: — pleurite: mais frequente em homens e a mais comum; a análise do líquido pleural mostra exsudato com glicose e pH baixos; pode produzir dor toracica pleuritica e dispneia, assim como atrito e derrame pleurais. Derrame pleural tem exsudato com contagem elevada de monocito e neutrofilos. — doença pulmonar intersticial; Anuncioda por sintomas de tosse seca e falta de ar progressiva. Esta associada ao tabagismo e com atividade da doenca mais avancada, TC consegue o diagnostico, e tem prognostico ruim. — bronquiolite obliterante e bronquiectasia: ocorre raramente; — nódulos pulmonares: geralmente periféricos, podem atingir até 6-8 cm podendo ser solitarios ou multiplos; — síndrome de Caplan: associação de artrite reumatoide com nódulos pulmonares e pneumoconiose; É rara de nodulose pulmonar, caracterizada pelo desenvolvimento de nodulos e pneumoconiose apos exposicao silica. ● sintomas oftalmológicos: — ceratoconjuntivite sicca: decorrente de síndrome de Sjögren secundária (Capítulo 147); — esclerite dolorosa: azulada, pode perfurar a órbita (scleromalacia perforans); ● sintomas neurológicos: encarceramento de nervos periféricos (p. ex., síndrome do túnel do carpo e do túnel do tarso), mononeurite múltipla (diferencial com neurite periférica pelo uso de leflunomida), mielopatia por subluxação de C1-C2; ● síndrome de Felty: tríade constituída por artrite reumatoide, esplenomegalia e neutropenia; ocorre em pacientes com fator reumatoide positivo;. Pode envolver hepatomegalia, trombocitopenia, linfadenopatia e febre. O tratamento deve ser o bom controle da artrite reumatoide. Associa-se com doença grave de longa duração ou uso de medicações. Há risco aumentado de infecções bacterianas; Ocorre nos estagios finais ● Hematologicas: O grau de anemia tem haver diretamente com o grau de inflamacao, correlacionando-se com os niveis sericos de proteina C reativa. ● sintomas renais: é raro haver alteração renal, mas eventualmente pode ocorrer nefrite membranosa, vasculite ou acometimento renal por amiloidose secundária. ● Hipoandrogenismo: Observou que pacientes com AR tem nivel mais baixo de testosterona, LH e DHEA. Exame clínico ■ Identificar proliferação sinovial: pannus palpável entre a pele e a cartilagem ou o osso, com consistência emborrachada. Pode ou não haver sinais flogísticos. Deve-se tentar palpar as articulações em suas faces anterior, posterior e laterolaterais. ■ Cistos sinoviais: podem aparecer próximo às articulações acometidas; na região poplítea, pode aparecer o cisto de Baker, capaz de gerar sintomas compressivos ou romper, gerando sintomas inflamatórios intensos, que podem ser confundidos com tromboflebite. ■ Nódulos reumatoides: descritos no item “Manifestações extra-articulares”. ■ Doença tardia: observam-se deformidades e limitação da amplitude de movimentos, como: — dedo em pescoço de cisne (hiperextensão interfalângica proximal e flexão das distais); — dedo em botoeira (flexão das interfalângicas proximais e hiperextensão das distais) – tanto pescoço de cisne quanto botoeira são inicialmente redutíveis, depois passam a contratura fixa; — subluxação das metacarpofalângicas com desvio ulnar; — atrofia da musculatura extrínseca; — desabamento do arco plantar medial; — síndrome do túnel do carpo e do túnel do tarso. ■ Rupturas tendíneas. 6)ESTUDAR AS POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA ARTRITE REUMATOIDE CURSO CLÍNICO: única coisa diferente que eu achei. A história naturalda AR é complexa e afetada por diversos fatores incluindo idade do aparecimento, gênero, genótipo, fenótipo (isto é, manifestações extra-articulares ou variantes da AR) e condições de comorbidade, que contribuem para uma doença verdadeiramente heterogênea. Não existe forma simples de prever o seu curso clínico. É im portante saber que aproximadamente 10% dos pacientes com artrite inflamatória, que se encaixam nos critérios de classificação da ACR para AR, irão passar por remissão espontânea em seis meses (particularm ente os pacientes soro-negativos). Entretanto, a grande m aioria dos pacientes irá apresentar um padrão de atividade da doença persistente e progressivo, que aumentará de intensidade ao longo do tempo. Uma m inoria de pacientes irá apresentar ataques explosivos intermitentes e recorrentes de artrite inflamatória perm eados por períodos de doença quiescente. Por fim, uma forma agressiva de AR pode ocorrer em uns poucos desafortunados com progressão inexorável de doença articular erosiva severa, embora esse curso altamente destrutivo seja menos comum na era de tratam entos da biologia moderna. Quando avaliada pelo Health Assessment Questionnaire (HAQ), a incapacidade piora gradualmente ao longo do tempo em face da atividade da doença mal controlada e da sua progressão. A incapacidade pode advir de um componente relacionado com a atividade da doença, que seja potencialmente reversível com terapia e de um com ponente relacionado com a lesão articular, devido aos efeitos cumulativos e amplamente irreversíveis da lesão cartilaginosa e óssea. No início da doença, a extensão da inflamação articular é o determinante primário da incapacidade, enquanto nos estágios mais tardios, o fator contribuinte dominante é a proporção da lesão articular. Estudos anteriores mostraram que mais da metade dos pacientes com AR são incapazes de trabalhar em 10 anos após o aparecimento da doença; entretanto, uma m aior empregabilidade e uma m enor abstinência do trabalho têm sido registradas recentem ente com o uso de terapias mais novas e com a intervenção precoce do tratamento. A taxa de mortalidade total da AR é duas vezes m aior do que a população geral, com a insuficiência cardíaca isquêm ica sendo a causa de m orte mais comum, seguida pela infecção. A expectativa de vida média é reduzida para uma média de 7 anos para os homens e 3 anos para as mulheres, quando comparada à observada nas populações controle. Os pacientes com maior risco para redução de sobrevivência são aqueles que apresentam envolvimento extra-articular sistêmico, baixa capacidade funcional, baixo status socioeconôm ico, baixa educação e uso crônico de prednisona. 7)PESQUISAR OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA ARTRITE REUMATOIDE ■ Síndromes virais: hepatites virais, HIV, rubéola, parvovírus B19 em adultos, vírus Epstein-Barr. ■ Artrite psoriásica, artrite reativa. ■ Gota tofácea e doença por depósito de pirofosfato de cálcio ■ Lúpus eritematoso sistêmico e outras doenças do tecido conjuntivo. ■ Polimialgia reumática. ■ Doença de Still do adulto. ■ Remitting seronegative symetric synovitis with pitting edema (RS3PE): forma de sinovite inflamatória que acomete pacientes com idade > 60 anos, especialmente homens. Tem início abrupto, com instalação em 24-48 horas. Os sintomas incluem edema bilateral, com Godet, de mãos e pés e porção distal dos membros. Acompanha-se de poliartrite simétrica com envolvimento de pequenas articulações das mãos, febre baixa e fadiga. Apresenta boa resposta a corticosteroides em doses baixas. O paciente que apresenta tal síndrome deve ser acompanhado, pois pode manifestar quadro de artrite inflamatória ou neoplasia maligna. ■ Síndromes paraneoplásicas. ■ Osteoartrite, especialmente a do tipo erosivo de mãos. ■ Sarcoidose, febre reumática etc. 8)LISTAR OS EXAMES DIAGNÓSTICO PARA ARTRITE REUMATOIDE E IDENTIFICAR SUAS ALTERAÇÕES. EXAMES: - Fator reumatoide - anticorpos contra filagrina/profilagrina - anticorpo contra peptideo citrulinado ciclico PCC - VHS - proteina C reativa - radiografia - ultrassom - TC - RM O diagnóstico da AR é feito por meio da associação de dados clínicos, laboratoriais e radiográficos. Estudos têm evidenciado a importância do tratamento precoce e adequado da AR. Em 2010, o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) em conjunto com a Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR) publicaram os novos critérios diagnósticos para AR, que são direcionados para o diagnóstico precoce da doença em pacientes que se apresentam com sintomatologia de curta duração. A população-alvo para esses novos critérios é formada de: (a) pacientes com ao menos uma articulação edema-ciada, caracterizada clinicamente como sinovite clínica, e (b) pacientes com sinovite que não pode ser explicada por outra doença, como lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite psoriática ou gota. Se persistirem dúvidas quanto à possibilidade desses diagnósticos, é necessária a consulta com reumatologista.Esses novos critérios têm como base um sistema de graduação de sintomas de acordo com a Tabela a seguir. Quando o resultado da soma dos itens de A a D é igual ou superior a seis, os achados correspondem à AR definida. Embora pacientes com somatório inferior a seis não sejam considerados com AR, os mesmos podem ser retestados e os critérios, completados de maneira cumulativa no decorrer do tempo(4). Exames de imagem sofisticados têm contribuído de forma significativa para o diagnóstico precoce da AR. Atualmente, a ressonância magnética (RM) é a técnica de imagem que traz mais benefícios ao diagnóstico da doença, pois evidencia precocemente alterações tanto de tecidos moles quanto de cartilagem e ossos. A determinação do FR é amplamente utilizada no diagnóstico da AR, porém os resultados devem ser criteriosamente ponderados diante da especificidade limitada do exame. Em contrapartida, os anticorpos anti-CCP possuem elevada especificidade e sensibilidade semelhante ao FR, o que torna a determinação do anti-CCP uma ferramenta de grande utilidade para o diagnóstico da AR. obs: Para o diagnóstico, utilizam-se os critérios diagnósticos do American College of Rheumatology e da European League Against Rheumatism publicados em 2010 e apresentados na Tabela 1. Segundo os critérios adotados, devem ser testados os indivíduos que apresentem edema/sinovite em pelo menos 1 articulação no momento da visita, não havendo outra situação clínica que explique melhor esse edema. Todos os pacientes com alterações radiográficas compatíveis com artrite reumatoide têm diagnóstico de artrite reumatoide. Todos os pacientes que já tinham hipótese de artrite reumatoide a partir de critérios anteriores e cuja história e dados prévios preencheram os critérios anteriormente apresentados em determinado momento continuam com diagnóstico de artrite reumatoide ACHADOS RADIOLÓGICOS O achado mais precoce é a osteopenia periarticular, mas é inespecífica. Os achados mais típicos são redução do espaço articular, principalmente em articulações metacarpofalângicas e interfalângicas proximais e erosões ósseas. Tais alterações podem estar presentes já nos primeiros 6-12 meses de evolução. Alterações tardias incluem subluxação e perda do alinhamento articular, com fusão dos ossos do carpo e desvio dos dedos decorrentes de alteração óssea, destruição da cartilagem e perda da integridade ligamentar. Na evolução, também podem começar a aparecer alterações degenerativas secundárias ao acometimento inflamatório crônico. Deve-se repetir RX de mãos, punhos, pés e antepés a cada 6-12 meses para se assegurar de que não há lesão estrutural, mesmo com aparente controle clínico. Existem escores estruturados para avaliar progressão radiológica, mas são mais utilizados em ensaios clínicos do que na prática clínica. RNM e USG são métodos mais sensíveis para detecção precoce de erosões. Com esses métodos, pode-se também visualizar, com acurácia maior que o exame
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