Buscar

filosofia da educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade I: 
 
Unidade: FILOSOFIA DA 
EDUCAÇÃO 
 
 
 
1 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
Unidade: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
 
Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de 
uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita, 
degradada, mecânica, passiva e simplista a uma concepção unitária, 
coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada. 
Dermeval Saviani 
 
Este quadro ajudará a visualizar o conteúdo a ser estudado nesta Unidade. 
 
 
1. A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO1 
 
De acordo com o contexto da história da cultura ocidental, é fácil 
observar que educação e filosofia sempre estiveram quando não juntas, muito 
próximas. Pode-se constatar, com efeito, que, desde seu surgimento na Grécia 
clássica, a filosofia constituiu-se unida a uma intenção pedagógica, formativa 
do humano. Praticamente, todos os textos fundamentais da filosofia clássica 
implicam, na explicitação de seus conteúdos, uma preocupação com a 
educação. 
 
 
1
 Antônio Joaquim Severino em http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/717/640. 
 
Filosofia da 
Educação
O sujeito da 
educação
O agir os fins e 
os valores
A força e a 
fraqueza da 
consciência
O caráter sócio-
histórico da 
educação
Educação e 
ideologia
A contribuição 
da filosofia para 
a educação
Conceito de 
educação
 
 
2 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
A filosofia surge intrinsecamente ligada à educação, autorizando-nos a 
considerar, sem nenhuma figuração, que o filósofo clássico sempre foi um 
grande educador. Desde então, no desenvolvimento histórico-cultural da 
filosofia ocidental, essa relação foi se estreitando cada vez mais. A filosofia 
escolástica na Idade Média foi, literalmente, o suporte fundamental de um 
método pedagógico responsável pela formação cultural e religiosa das 
gerações européias que estavam constituindo a nova civilização que nascia 
sobre os escombros do Império Romano. 
Mais tarde, esse enviesamento da tradição filosófica na 
contemporaneidade é ainda parcial, restando válido para as outras tendências 
igualmente significativas da filosofia atual que os esforços de reflexão filosófica 
estão profunda e intimamente envolvidos com a tarefa educacional. 
 
2. O sujeito da educação 
 
Pode-se dizer que cabe à Filosofia da educação a construção de uma 
imagem do homem como sujeito fundamental da educação. É a filosofia da 
educação constituída como antropologia filosófica e como tentativa de 
integração dos conteúdos das ciências humanas, na busca de uma visão 
integrada do homem. 
Os homens envolvidos na esfera do educacional — sujeitos que se 
educam e que buscam educar — não podem ser reduzidos a modelos 
abstratamente concebidos de uma natureza humana, modelo universal 
idealizado. O projeto humano se dá nas coordenadas históricas, sendo obra 
dos sujeitos atuando socialmente, num processo em que sua encarnação se 
defronta, a cada instante, com uma exigência de superação. É só nesse 
processo que se pode conceber uma ressignificação da "essência humana", 
pois é nele também, na frustração desse processo, que o homem perde sua 
essencialidade.' 
A educação pode, pois, ser definida como esforço para se conferir ao 
social, no desdobramento do histórico, um sentido intencionalizado, como 
esforço para a instauração de um projeto de efetiva humanização, realizada 
pela consolidação das mediações da existência real dos homens. 
 
 
 
3 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
3. O caráter sócio-histórico da educação 
 
As ciências humanas investigam e buscam explicar mediante a 
aplicação de seu categorial teórico os diversos aspectos da fenomenalidade 
humana e, graças a isso, tornam-se aptas a concretizar as coordenadas 
histórico-sociais da existência real dos homens. Mas, em decorrência de sua 
própria metodologia, a visão teórica que elaboram é necessariamente 
aspectual. Justamente em função de sua menor rigidez metodológica, é que a 
filosofia pode elaborar hipóteses mais abrangentes, capazes de alcançarem 
uma visão integrada do ser humano, envolvendo, nessa compreensão, o 
conjunto desses aspectos, constituindo uma totalidade que não se resume na 
mera soma das partes, que se articulam, então, dialeticamente entre si e com o 
todo, sem perderem sua especificidade, formando, ao mesmo tempo, uma 
unidade. 
O ser humano, com base na cultura, constrói-se pela atividade (definida, 
nesse contexto, como trabalho). Tal atividade constitui toda interação de 
experiência homem-natureza e suas respectivas transformações, como a de 
objetos naturais em objetos sociais. (Duarte, 2005). 
 
O trabalho humano e social significa a transformação da natureza, 
uma vez iniciado, ele é irreversível e permanente. O homem 
transforma a natureza e se transforma (Brandão, 2005). 
 
 
Devido a sua qualidade social, o ser 
humano depende de outro sujeito para 
a realização do trabalho.
As ações que o compõem só adquirem 
sentido quando realizadas através das 
interações entre indivíduos. 
Logo, as ações são processos 
individuais, mas só se constituem no 
coletivo. 
 
 
4 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
As atividades (trabalho) são formas de interações do homem com o 
mundo, dirigidas por objetivos ou motivos intencionais. Acabam por modificar a 
estrutura psicológica do homem por meio da aprendizagem e da tomada de 
consciência frente à resolução de problemas, e, a partir daí, tem como 
consequência, a construção da sua personalidade. 
A consciência é formada com base em um processo de atividades 
externas por intermédio de relações sociais as quais, mediante processos de 
intrasubjetividade, acabam formando a subjetividade do indivíduo. Para 
Fichtner (2006), a consciência é literalmente criada e construída. Os homens 
se constroem mediante as suas atividades, a sua consciência, e de que 
maneira as formas de agir e perceber o mundo são internalizadas. 
No processo de alienação, o indivíduo não somente se distancia, como 
também nega ou ignora a sociedade da qual emerge. Constrói-se um abismo 
insuperável entre as ações individuais e os motivos sociais que representam a 
formação coletiva do trabalho, empobrecendo a atividade crítica. 
Desde sempre houve pessoas na sociedade com características mais 
individualistas e outras mais coletivas. A construção desses indivíduos e a 
tomada de consciência frente à resolução de problemas sociais é o que 
provoca sentido na existência humana, já que o ser humano foi e é constituído 
por suas ações que somente numa atividade com objetivo social acabam por 
provocar sentido à vida. 
O trabalho popular é baseado na troca de experiências, por intermédio 
de conhecimentos, saberes e sensibilidades, criando comunidades de 
aprendizagem. Na participação ocorre o empoderamento das pessoas pelo 
saber, dever e o poder sobre os problemas sociais na soma das interações 
humanas. 
É preciso assumir-se quanto um ser histórico e social, como um ser 
transformador e criador de uma nova realidade enquanto um ser 
crítico-reflexivo, que tem raiva das injustiças porque é capaz de amar 
(Freire, 1996). 
Na educação como prática histórica e político-social, a ação educativa 
só se torna compreensível e eficaz se os sujeitos nela envolvidos tiverem clara 
e segura a percepção de que ela se desenrola como uma prática político-
social. 
 
 
5 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
Toda prática educativa é um exercício de sociabilidade, quer aconteça na sala 
de aula, quer na administração do sistema de ensino. 
 
Na educação não estabelecemos apenas relações simétricas entre 
indivíduos,mas relações propriamente sociais, ou seja, relações 
humanas atravessadas por coeficientes de poder que hierarquizam 
os indivíduos que delas participam (SEVERINO, 1994:109). 
 
A explicação, descrição e análise dessas relações marcadas por esse 
caráter político são tarefas específicas das Ciências Sociais que fornecem à 
Filosofia da Educação e aos educadores subsídios para a compreensão mais 
abrangente da educação como um todo. 
Assim, nessa abordagem, há, atualmente, uma grande preocupação na 
construção do ser humano no sentido de mudá-lo a partir de sua constituição 
como ser pensante e reflexivo. O modelo de vida que corresponde às nossas 
ações cotidianas é a busca de sentido que somente pode ser encontrado pelo 
trabalho coletivo e o bem comum, sempre em busca da melhoria da qualidade 
de vida de todos e todas. 
 
4. O agir, os fins e os valores 
 
Considerando que a educação é fundamentalmente uma prática social, a 
filosofia vai ainda contribuir significativamente para sua efetivação mediante 
uma reflexão voltada para os fins que a norteiam. A questão diretriz dessa 
perspectiva é aquela dos fins da educação, a questão do para que educar. 
Não há dúvida, entretanto, que, também nesse sentido, a tradição 
filosófica no campo educacional, o mais das vezes, deixou-se levar pela 
tendência a estipular valores, fins e normas, fundando-os apressadamente 
numa determinação arbitrária de uma natureza ideal do indivíduo ou da 
sociedade. 
Foi o que ocorreu com a orientação metafísica da filosofia ocidental que 
fazia decorrer, quase que por um procedimento dedutivo, as normas do agir 
humano da essência do homem, concebida como um modelo ideal, delineado 
com base numa ontologia abstrata. Assim, os valores do agir humano 
 
 
6 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
fundariam-se na própria essência humana, concebida de modo ideal, abstrato e 
universal. 
A ética se tornava, então, uma ética essencialista, desvinculada de 
qualquer referência sócio-histórica. O agir deve, assim, seguir critérios éticos 
que se refeririam tão somente à essência ontológica dos homens. E a ética 
transformava-se num sistema de critérios e normas puramente deduzidos 
dessa essência.
1
 
Mas, por outro lado, ao tentar superar essa visão essencialista, a 
tradição científica ocidental vai ainda vincular o agir a valores agora 
relacionados apenas com a determinação natural do existir do homem. O 
homem é um prolongamento da natureza física, um organismo vivo, cuja 
perfeição maior não é, obviamente, a realização de uma essência, mas, sim, o 
desenvolvimento pleno de sua vida. 
O objetivo maior da vida, por sinal, é sempre viver mais e viver bem! E essa 
finalidade fundamental passa a ser o critério básico na delimitação de todos os 
valores que presidem o agir. Devem ser buscados aqueles objetivos que 
assegurem ao homem sua melhor vida natural. 
 
Como a ciência dá conta das condições naturais da existência humana, 
ao mesmo tempo em que domina e manipula o mundo, ela tende a fazer o 
mesmo com relação ao homem. Tende não só a conhecê-lo, mas a manipulá-
lo, a controlá-lo e a dominá-lo, transpondo para seu âmbito a técnica 
decorrente desses conhecimentos. A "naturalização” do homem acaba 
transformando-o num objeto facilmente manipulável e a prática humana 
considerada adequada, acaba sendo aquela dirigida por critérios puramente 
técnicos; e seja no plano individual, seja no plano social, essa ética naturalista 
apóia-se apenas nos valores de uma funcionalidade técnica. 
 Em consequência desses rumos que a reflexão filosófica tomou na tradição da 
cultura ocidental, a filosofia da educação não se afastou da mesma orientação. 
De um lado, tende a ver, como fim último da educação, a realização de uma 
perfeição dos indivíduos enquanto plena atualização de uma essência modelar; 
de outro, entendeu-se essa perfeição como plenitude de expansão e 
desenvolvimento de sua natureza biológica. Agora, a filosofia da educação 
 
 
7 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
busca desenvolver sua reflexão, levando em conta os fundamentos 
antropológicos da existência humana, tais como se manifestam em mediações 
histórico-sociais, dimensão que qualifica e especifica a condição humana. 
 
5. A força e a fraqueza da consciência 
 
A filosofia da educação tem ainda outra tarefa: a epistemológica. 
Cabendo-lhe instaurar uma discussão sobre questões envolvidas pelo 
processo de produção, de sistematização e de transmissão do conhecimento 
presentes no processo específico da educação. Também desse ponto de vista 
é significativa a contribuição da filosofia para a educação. 
Fundamentalmente, essa questão se coloca porque a educação também 
pressupõe mediações subjetivas, ou seja, ela pressupõe a intervenção da 
subjetividade de todos aqueles que se encontram envolvidos por ela. Em cada 
um dos momentos da atividade educativa, está, necessariamente presente, 
uma ineludível dimensão de subjetividade, que impregna, assim, o conjunto do 
processo como um todo. Dessa forma, tanto no plano de suas expressões 
teóricas, quanto naquele de suas realizações práticas, a educação envolve a 
própria subjetividade e suas produções, impondo ao educador uma atenção 
específica para tal situação. 
A atividade da consciência é, assim, a mediação necessária das atividades da 
educação. 
 
É por isso que a reflexão sobre a existência histórica e social dos 
homens como elaboração de uma antropologia filosófica fundante só se torna 
possível, na sua radicalidade, em decorrência da própria condição de ser o 
homem capaz de experimentar a vivência subjetiva da consciência. A questão 
do sentido de existir do homem e do mundo só se coloca graças a essa 
experiência. A grande dificuldade que surge é que tal experiência da 
consciência é também uma riquíssima experiência de ilusões. 
A consciência é o lugar privilegiado das ilusões, dos erros e do falseamento da 
realidade, ameaçando, constantemente, comprometer sua própria atividade. 
 
 
 
8 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
Diante de tal situação, cabe à filosofia da educação desenvolver uma 
reflexão propriamente epistemológica sobre a natureza dessa experiência na 
sua manifestação na área educacional. Cabe-lhe, tanto de uma perspectiva de 
totalidade, quanto da perspectiva da particularidade das várias ciências, 
descrever e debater a construção, pelo sujeito humano, do objeto "educação". 
É nesse momento que a filosofia da educação, por assim dizer, tem de 
se justificar, ao mesmo tempo em que rearticula os esforços da própria ciência, 
para também se justificar, avaliando e legitimando a atividade do conhecimento 
como processo tecido no texto/contexto da realidade histórico-social da 
humanidade. Com efeito, e coerentemente com o que já se viu acima, a análise 
do conhecimento não pode ser separada da análise dos demais componentes 
dessa realidade. 
No seu momento epistemológico, a filosofia da educação investe, pois, 
no esclarecimento das relações entre a produção do conhecimento e o 
processo da educação. É assim que muitas questões vão se colocando à 
necessária consideração por parte dos que se envolvem com a educação, 
também nesse plano da produção do saber, desde aquelas relacionadas com a 
natureza da própria subjetividade até aquelas que se encontram implicadas no 
mais modesto ato de ensino ou de aprendizagem, passando pela questão da 
possibilidade e da efetividade das ciências da educação. 
O campo educacional, do ponto de vista epistemológico, é 
extremamente complexo. Não é possível proceder com ele da mesma maneira 
que se procedeu no âmbito das demais ciências humanas. Para se aproximar 
do fenômeno educacional, foi preciso uma abordagem multidisciplinar, já que 
não se dispunha de um único acervo categorial para a construção/apreensãodesse objeto; além disso, a abordagem exigia ainda uma perspectiva trans-
disciplinar, na medida em que o conjunto categorial de cada disciplina lançava 
esse objeto para além de seus próprios limites, enganchando-o em outros 
conjuntos, indo além de uma mera soma de elementos: no final das contas, viu-
se ainda que se trata de um trabalho necessariamente interdisciplinar, as 
categorias de todos os conjuntos entrando numa relação recíproca para a 
constituição desse corpo epistêmico. 
 
 
 
9 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
O sentido essencial do processo da educação, a sua verdade completa, 
não decorre dos produtos de uma ciência isolada e nem dos produtos somados 
de várias ciências: ele só se constitui mediante o esforço de uma concorrência 
solidária e qualitativa de várias disciplinas. 
Essa malha de interdisciplinaridade na construção do sentido 
educacional é tecida fundamentalmente pela reflexão filosófica. A filosofia da 
educação não substitui os conteúdos significadores elaborados pelas ciências: 
ela, por assim dizer, os articula, instaurando uma comunidade construtiva de 
sentido, gerando uma atitude de abertura e de predisposição à 
intersubjetividade. 
Portanto, tanto no plano teórico, quanto no plano prático, referindo-se 
seja aos processos de conhecimento, seja aos critérios da ação, e seja ainda 
ao próprio modo de existir dos sujeitos envolvidos na educação, a filosofia está 
necessariamente presente, sendo mesmo indispensável. E, nesse primeiro 
momento, como contínua gestora da interdisciplinaridade. 
 
6. Conceito de educação 
 
Educação é um conceito genérico, amplo, que supõe o processo de 
desenvolvimento integral do homem, isto é, de sua capacidade física, 
intelectual e moral, visando não só à formação de habilidades, como também 
do caráter e da personalidade social. 
Entendemos por "educação" o processo por meio do qual indivíduos adquirem 
domínio e compreensão de certos conteúdos considerados valiosos. 
 
O ensino consiste na transmissão e conhecimentos, enquanto que a 
doutrinação é uma pseudo-educação que não respeita a liberdade do 
educando, impondo-lhe conhecimentos e valores. Nesse processo, todos são 
submetidos a uma só maneira de pensar e agir, destruindo-se o pensamento 
divergente e mantendo-se a tutela e a hierarquia. 
Quanto aos conceitos de educação e ensino, não há como separar 
nitidamente esses dois pólos que se completam. É a partir da consciência, da 
sua própria experiência e da experiência da humanidade que o homem tem 
condições de se formar como um ser moral e político (ARANHA, 1996:51). 
 
 
10 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
 7. Educação e ideologia 
 
A educação, como prática que lida com instrumentos simbólicos, 
também atua nas dimensões individual e coletiva, correndo um duplo risco de 
se envolver nesse processo ideologizador. Com efeito, é pela educação, 
mesmo quando informal, que o indivíduo se apropria dos conteúdos culturais 
de seu grupo. Ela desenvolve seu trabalho utilizando basicamente esses 
conceitos e valores presentes na cultura em que se processa. Por outro lado, 
para conservar sua ideologia, uma sociedade precisa reproduzi-la, e a 
educação é geralmente considerada como uma das mais adequadas 
mediações para assegurar essa reprodução. 
Não é sem razão que alguns teóricos contemporâneos que estudaram a 
educação em nossa sociedade chegaram à conclusão de que as instituições 
educacionais constituem perfeitos aparelhos ideológicos do Estado. É que os 
grupos dominantes de uma determinada sociedade, que a controlam através 
do Estado, interessados em conservar as coisas do jeito que estão, porque lhe 
são favoráveis, cuidam de garantir que as relações sociais vigentes sejam 
mantidas. 
Para tanto, precisam manter coesa a ideologia, reproduzindo-a de 
geração a geração. Na opinião desses teóricos, os grupos dominantes utilizam-
se da escola para reproduzir a ideologia, reproduzindo também as relações 
sociais (SEVERINO, 1994:115). 
 
8. Filosofia da educação 
 
À filosofia da educação deve, portanto, seguir uma teoria da educação 
que tenha como principal tarefa o exame dos princípios básicos, objetivos, 
valores etc., que prevalecem em nossa cultura e que norteiam, atualmente, a 
educação em nosso país, a reflexão crítica sobre eles e sobre a realidade 
social, econômica e cultural que envolve o processo educacional, e, se 
necessário for (e quase sempre o é), a proposta de novos princípios básicos, 
objetivos e valores para a nossa cultura e para a nossa educação. 
 
 
 
 
11 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
À teoria da educação compete, portanto, a tarefa normativa a que 
fizemos referência, e para se desincumbir dessa tarefa a teoria da educação 
deve recorrer não só à filosofia da educação, mas também à sociologia da 
educação, à psicologia da educação, à economia da educação, à medicina 
preventiva e social etc. - ou, para resumir, a qualquer ramo do saber que possa 
contribuir com alguma coisa, nunca se esquecendo de incluir uma boa dose de 
bom senso. 
Para muitos, o que acabamos de caracterizar como a tarefa da teoria da 
educação nada mais é do que a real tarefa da filosofia da educação. Não 
temos o menor interesse em discutir rótulos, pois a discussão seria meramente 
acadêmica. Quer nos parecer, porém, que a bem da clareza, seja 
recomendável e de bom alvitre estabelecer uma distinção entre a filosofia da 
educação e a teoria educacional, pelas seguintes razões: 
 
(a) A filosofia da educação, como aqui caracterizada, é uma atividade reflexiva 
de segunda ordem, que tem como objeto as reflexões de primeira ordem feitas 
sobre os vários aspectos do processo educacional; a teoria educacional é uma 
atividade reflexiva de primeira ordem, no nosso entender, que tem por objeto 
básico a realidade educacional e não reflexões que tenham sido feitas sobre 
esta realidade; estas reflexões servirão de subsídios ao teórico da educação 
para que este elabore suas próprias conclusões, mas ele tem, basicamente, 
que "debruçar-se sobre a realidade educacional", para entendê-la, explicá-la, 
criticá-la e propor sua reformulação. 
 
(b) Na medida em que a teoria educacional tem que se valer das contribuições 
das várias ciências que estudam a educação, ela extrapola os domínios da 
filosofia e, conseqüentemente, da filosofia da educação. A filosofia da 
educação, como aqui concebida, deveria ser vista, como observamos, como 
um preâmbulo à teoria educacional, cuja tarefa principal seria fornecer ao 
teórico da educação os instrumentos conceituais básicos para a sua teoria. 
 
(c) A teoria educacional, embora possa (e talvez deva) ser considerada 
científica, tem uma finalidade que vai além da mera explicação e interpretação 
da realidade educacional: ela procura orientar e guiar a prática educacional. É 
 
 
12 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
por isso que a teoria da educação, além de estudar e examinar a realidade 
educacional, tem a função de criticar esta realidade e de propor novas direções 
a seguir. A teoria da educação, para usar uma expressão que se torna comum, 
não tem como tarefa simplesmente constatar qual é a realidade educacional: 
ela vai além e contesta esta realidade, não em função de um espírito 
puramente negativista, mas em função de uma proposta de realidade diferente. 
E esta proposta envolve, inevitavelmente, valores diferentes. Portanto, a teoria 
educacional, em sua tarefa de orientar e guiar a prática educacional, envolve, 
necessariamente, um ingrediente de valores. 
 
Tendo sempre presente o questionamento sobre o que é a educação, a 
filosofia não permite que a pedagogia se torne dogmática nem que a educação 
se transforme em adestramento ou qualquer outro tipo de pseudo-educação.Concluindo, é necessário que a formação do pedagogo esteja voltada 
não só para o preparo técnico-científico, mas também para a politização e a 
fundamentação filosófica de sua atividade. 
 
 
 
 
 
13 
 
U
n
id
a
d
e
: 
F
IL
O
S
O
F
IA
 D
A
 E
D
U
C
A
Ç
Ã
O
 
 
Referências 
ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Aqui é onde eu moro, aqui nós vivemos: 
Escritos para conhecer, pensar e praticar o Município Educador Sustentável. 2. 
ed. Brasília : MMA, Programa Nacional de Educação Ambiental, 2005. 
DUARTE, Newton. O significado e o sentido. Revista viver: mente e 
cérebro. Lev Semenovich Vygotsky : Uma educação dialética. Coleção 
memória da Pedagogia. São Paulo, n. 2, p. 30-37, 2005. 
FICHTNER, Bernd. Contribuições de Vygotski na educação e na pesquisa. 
Apostila. 2006. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática 
educativa. São Paulo : Paz e Terra, 1996. 
FURTER, P. Educação e reflexão. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. 
MARQUES, M. O. Conhecimento e educação. Ijuí: Unijuí, 1988. 
MORAIS, R. de, org. Filosofia, educação e sociedade. Campinas: Papirus, 
1989. 
REZENDE, A. M , org. lniciação teórica e prática às ciências da educação. 
Rio de Janeiro: Vozes, 1979. 
SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 
1985. 
SEVERINO, A. J. Educação, ideologia e contra-ideologia. São Paulo: EPU, 
1986. 
_______ Educação e despersonalização na realidade social brasileira, ln: 
MORAIS, R. de, org. Construção social da enfermidade. São Paulo: Cortez & 
Moraes, 1978. p. 99-105. 
_______ Filosofia da Educação: Construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 
1994. 
SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa: 
Livros Horizontes, 972. 
http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/filed77-2.htm 
http://www.artigos.com/artigos/educacao/historia-da-educacao-310/artigo/ 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cruzeirodosul.edu.br 
Campus Liberdade 
Rua Galvão Bueno, 868 
01506-000 
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

Continue navegando