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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 O PROGRESSO E O MEIO AMBIENTE..................................................... 4 3 GESTÃO AMBIENTAL ................................................................................ 7 4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ....................................................... 8 5 ISO 14001 ................................................................................................. 10 6 POR QUE ADOTAR O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? ................ 13 6.1 Como a ISO 14001 ajuda as empresas a gerenciar questões ambientais? 14 7 O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? ............................... 15 7.1 Gestão ambiental das empresas ........................................................ 17 8 EM QUE CONSISTE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .............. 18 9 AS CONDICIONANTES AMBIENTAIS E A IMPORTÂNCIA DA SUA GESTÃO TEMPESTIVA E ADEQUADA PELOS EMPREENDIMENTOS ................. 20 9.1 Da responsabilidade ambiental pelo descumprimento das condicionantes ....................................................................................................... 23 10 IMPACTO AMBIENTAL ......................................................................... 24 11 IMPACTOS AMBIENTAIS NO BRASIL ................................................. 28 11.1 A responsabilidade penal ambiental ............................................... 30 11.2 A responsabilidade civil ambiental .................................................. 30 11.3 Responsabilidade ambiental administrativa .................................... 31 12 POLUÍÇÃO HÍDRICA E QUESTÕES AMBIENTAIS DEVEM SER DISCUTIDAS E ENFRENTADAS .............................................................................. 33 13 RESPONSABILIDADE POLÍTICA E ECONÔMICA ............................... 34 14 OS PROBLEMAS AMBIENTAIS GERADOS PELO CONSUMISMO .... 35 15 A IMPORTÂNCIA DO GESTOR AMBIENTAL NOS DIAS ATUAIS ....... 38 2 16 GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ................................... 40 16.1 O sistema de gestão ambiental e a sustentabilidade ...................... 41 16.2 Ações ambientais do Sistema de Gestão ambiental ....................... 43 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 45 18 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 46 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 O PROGRESSO E O MEIO AMBIENTE Fonte: alvarodias.com.br A preservação do nosso planeta passa a ser considerada a única solução para a salvação da nossa espécie. O respeito ao meio ambiente é um dever de todos, cabendo aos governantes fiscalizar as indústrias poluidoras, reciclar o lixo, impedindo que seja lançado na natureza, cuidar para que o esgoto não fique a céu aberto ou indo parar em riachos e rios, comprometendo a saúde dos homens e animais que consomem a água, cada vez mais poluída. (CARVALHO, 2003) Economias intensas significam mais “progresso”, empregos, melhores salários e o conforto que o dinheiro pode comprar. Apesar de centenas de milhões de pessoas serem consideradas economicamente abaixo da linha de pobreza, outras centenas de milhões progrediram, nos últimos tempos. Tal progresso tem um alto custo ambiental, pois à medida que o consumo aumenta é preciso expandir a área dedicada à agricultura, construir novas indústrias, estradas e outros meios de comunicação. É impossível ter isso tudo sem interferir no meio ambiente em que vivemos. Podemos citar como exemplo a construção de cidades, que caracteriza a evolução da humanidade. O grande número de cidades não planejadas, acabam por destruir toda a vegetação existente anteriormente, dando lugar a casas e ruas e poluindo os cursos d’água, que são usados como esgoto. 5 Medidas corretivas podem diminuir estes problemas, mas é evidente que a própria existência de grandes cidades tem um grande impacto ambiental, que às vezes se agrava de tal forma que põe em risco a própria saúde e o conforto dos que nelas vivem. De modo geral, os problemas ecológicos são mais evidentes nas grandes cidades, pois além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros graves problemas, como por exemplo: Acúmulo de lixo e de esgotos. Grande parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com frequência esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixe) e tornam-se imundos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos. Poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e propaganda comercial). Com o passar dos anos provoca neuroses na população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva. Poluição visual, ocasionada pelo grande número de cartazes publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural, etc. Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e recreação, etc.). Em decorrência de falta de áreas verdes agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas através da fotossíntese, contribuem para a renovação do oxigênio no ar. Além disso tal carência limita as oportunidades de lazer da população. Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações, modificações provocadas pela ação humana. Nas grandes aglomerações urbanas normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar podem ser justificadas pelo simples fato do asfaltamento nas ruas e avenidas, as imensas massas de concreto, a carência de áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera (que provoca o efeito estufa), o grande consumo de energia devido à queima de 6 gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc., nas fábricas, residências e veículos são responsáveis pelo aumento de temperatura do ar. Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à grande quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o que compacta o soloe aumenta sua impermeabilização. Todos esses fatores que provocam um aumento das médias térmicas nas metrópoles somados aos edifícios que barram ou dificultam a penetração dos ventos e à canalização das águas, conduzem à formação de uma ilha de calor nos grandes centros urbanos. De fato, uma grande cidade funciona quase como uma “ilha” térmica em relação às suas vizinhanças, onde as temperaturas são normalmente menores. Essa “ilha de calor” atinge o seu pico, o seu grau máximo, no centro da cidade. A grande concentração de poluentes na atmosfera provoca também uma diminuição da irradiação solar que chega até a superfície. Esse fato, juntamente com a fraca intensidade dos ventos em certos períodos, dá origem às inversões térmicas. O fenômeno da inversão térmica comum, por exemplo, em São Paulo, sobretudo no inverno, consiste no seguinte: o ar situado próximo à superfície, que em condições normais é mais quente que o ar situado bem acima da superfície, torna-se mais frio que o das camadas atmosféricas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele impede que o ar quente, localizado acima dele, desça. Assim, não se formam correntes de ar ascendentes na atmosfera. Os resíduos poluidores vão então se concentrando próximo da superfície, agravando os efeitos da poluição, tal como irritação nos olhos, nariz e garganta dos moradores desse local. As inversões térmicas são também provocadas pela penetração de uma frente fria, que sempre vem por baixo da frente quente. A frente pode ficar algum tempo estagnada no local, num equilíbrio momentâneo que pode durar horas ou até dias. 7 3 GESTÃO AMBIENTAL Fonte: eadlaureate.com.br A Gestão Ambiental está diretamente relacionada à Responsabilidade Social, não se pode implantar um Programa de Gestão Ambiental sem que este aborde as questões sociais, a empresa deverá “olhar” o seu entorno, pois é responsável por possíveis impactos a comunidade. Pode-se em uma empresa ao implantar o Plano de Gestão contemplar ações sociais, como por exemplo, a Educação Ambiental, por este instrumento espera-se uma mudança de comportamento dos funcionários da empresa, da alta administração e de pessoas que fazem parte da comunidade. Quando a empresa oferece risco devido a suas atividades; junto ao Plano de Gestão, faz-se também necessário um Plano de avaliação e ação de possíveis riscos. Em um programa de Gestão Ambiental são considerados os processos de Gerenciamento de Resíduos, Gerenciamento da água, da energia e a qualidade do ar interna ao processo. A responsabilidade da empresa vai além de suas fronteiras físicas pois deve ser compartilhada com os fornecedores de matéria prima ou equipamentos, todas as atividades devem ser realizadas com apoio de entidades públicas. 8 Para que a empresa consiga manter sua Política Ambiental se faz necessário o conhecimento das leis, a legislação aplicada pelo município, estado e federal; quando os produtos são importados o conhecimento de leis internacionais também são necessários; para agir de modo preventivo de modo a não ter gastos com a remediação de risco a adoção de políticas mais restritivas é uma estratégia contudo a Gestão Ambiental é de Responsabilidade Social, pois a proteção do Meio Ambiente normalmente realizada com o intuito econômico é um erro e deve-se buscar o benefício comum da preservação da VIDA em seu sentido maior, a VIDA não só da fauna e flora, mas a Vida HUMANA é necessária então uma Gestão Socioambiental. (Apud MARTINS L. A. M. 2018). 4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Fonte: unichristus.edu.br Um bom gerenciamento ambiental significa plena conformidade regulatória e sistemas de gerenciamento ambiental continuamente aprimorados, que reflitam os melhores padrões de desempenho do mercado. A visão atual das organizações com relação ao meio ambiente insere-se no processo de mudanças que vem ocorrendo na sociedade nas últimas décadas, que faz a empresa ser vista como uma instituição sociopolítica com claras responsabilidades sociais que excedem a produção de bens e serviços. Neste contexto, a responsabilidade social implica em um sentido de obrigação para com a sociedade de diversas formas, entre as quais, a proteção ambiental. 9 A preocupação da sociedade com a qualidade do ambiente e com a utilização sustentável dos recursos naturais tem refletido na elaboração de leis ambientais cada vez mais restritivas à emissão de poluentes, disposição de resíduos sólidos e líquidos, emissão de ruídos e a exploração de recursos naturais. Além disso, a existência de um mercado em crescente processo de conscientização ecológica, no qual mecanismos como selos verdes e normas, como a série ISO 14000, passam a constituir atributos desejáveis, tanto para a aceitação e compra de produtos e serviços, quanto para a construção de uma imagem ambientalmente positiva junto à sociedade. É neste cenário de mudanças que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) vem para indicar as ações corporativas em busca do equilíbrio do homem, da indústria e do meio ambiente. O SGA pode ser definido como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Todas as oportunidades e melhorias nos processos do negócio também devem ser buscadas pelo SGA, a fim de reduzir os impactos de suas atividades produtivas no meio. A norma ISO 14001, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a responsável por regulamentar o sistema, estabelecendo os requisitos de implementação e operação. Este modelo sustentável de gerenciamento está fundamentado em cinco princípios, que devem ser obedecidos pelas empresas: • Conhecer o que deve ser realizado, assegurando o comprometimento com o SGA e definindo a política ambiental; • Elaborar um plano de ação voltado ao atendimento dos requisitos da política ambiental; • Assegurar as condições para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais e implementar as ferramentas de sustentação necessárias; • Realizar avaliações quali-quantitativas periódicas de conformidade ambiental da empresa; • Revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os objetivos e metas e as ações implementadas para assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa. 10 5 ISO 14001 . Fonte: consultoriaiso.org É uma norma internacional que define sobre como colocar um sistema de gestão ambiental eficaz em vigor. Ela é projetada para ajudar as empresas a adequar responsabilidades ambientais aos seus processos internos. Ainda, torna possível prover o crescimento da empresa, por meio da redução do impacto ambiental. Esta norma é baseada no ciclo PDCA do inglês “plan-do-check-act” – planejar, fazer, checar e agir, e utiliza terminologia e linguagem de gestão conhecida, apresentando uma série de benefícios para a organização. A Norma ISO 14001, especifica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental e permite a uma organização desenvolver uma estrutura para a proteção do meio ambiente e rápida resposta às mudanças das condições ambientais. A norma leva em conta aspectos ambientais influenciados pela organização e outros passíveis de serem controlados por ela. A sua utilização é um meio de garantir às empresas uma administração eficaz e eficiente dos assuntos ambientais. A ISO 14001 se propõe fornecer, para organizações de todos os tipos e tamanhos, elementos para um SGA efetivo, que podem ser integrados com outros sistemas gerenciais para auxiliá-los a atingir objetivos ambientais e financeiros. Esta norma é aplicável a qualquer organização que deseja: 11 • Implementar e manter um sistema de gestão ambiental; • Assegurar-se da efetiva conformidade aos itens estabelecidos em sua política ambiental; • Demonstrar a terceiros tal conformidade;• Buscar uma certificação de seu SGA por uma organização independente; • Elaborar uma declaração pública de conformidade à Norma. • Planejar: definição da política ambiental, impactos ambientais e metas ambientais; • Executar: implementação do SGA e documentação, treinamento; • Verificar: auditorias ambientais e avaliação de desempenho ambiental e • Agir: ações de melhoria contínua. Os dados para a certificação ISO 14001 são obtidos em auditoria externa, mas a norma pode ser utilizada para autoavaliação, para avaliação por clientes ou por organizações externas, sem necessariamente certificar a empresa-alvo da avaliação. Internamente, de acordo com a norma, a empresa deve realizar auditorias do SGA em intervalos planejados, verificando se ele é mantido corretamente. Estas auditorias devem ser sistemáticas e independentes. Após toda a implementação, é executada uma auditoria externa por um organismo certificador independente credenciado pela ISO, o qual atestará que a empresa cumpre todos os requisitos determinados pela norma, então a organização receberá o selo de certificação na ISO 14001. (Apud ARRUDA L.G. 2018) todas as normas ISO passam por revisões periódicas para incorporar mudanças. Até os dias atuais, a norma ISO 14001 teve três versões publicadas, sendo: 1996 - Primeira versão da norma, com o objetivo de definir critérios para implantação do Sistema de Gestão Ambiental e gerenciamento dos impactos ambientais das atividades das organizações; 2004 - Revisão e atualização de conceitos e definições. O grande destaque dessa versão é o conceito de desempenho ambiental. 2015 - A nova versão da ISO 14001, publicada em setembro de 2015, tem como destaques: o alinhamento da Gestão Ambiental à estratégia da empresa, a gestão de riscos e a busca pela maior compatibilidade com as demais normas ISO. Os prazos para migração são: 23 de setembro de 2018 para a ISO 9001:2008 15 de setembro de 2018 para a ISO 14001:2004. 12 Após a data que vigorará as novas versões, se a empresa não tiver atualizado, o certificado original perderá a validade, deixando de ser uma empresa certificada. A norma ISO 14001, devido a sua grande popularidade e aplicabilidade, foi submetida a um processo detalhado de revisão e aprimoramento. Abaixo, serão pontuadas as novidades da nova versão: A norma foi adequada à nova padronização de normas de Sistema de Gestão, facilitando sua análise e implantação. Sendo resultado da aplicação do “Anexo SL”, que nada mais é que a estrutura das normas de gestão. Então a estrutura ficou: 1) Escopo 2) Referências normativas 3) Termos e definições 4) Contexto da organização 5) Liderança 6) Planejamento 7) Suporte 8) Operação 9) Avaliação do Desempenho 10) Melhoria • Partes interessadas: a própria organização deve determinar quem são as partes interessada, podendo ser: clientes, comunidades, fornecedores, órgãos reguladores, investidores, empregados. • Riscos e oportunidades: a própria organização irá determinar seus aspectos ambientais significativos e seus riscos e oportunidades. • Ciclo de vida: a organização deverá identificar os aspectos e impactos ambientais associados com a perspectiva do ciclo de vida. Este requisito torna a avaliação dos aspectos e impactos mais abrangente que a atual e resultará num sistema de gestão ambiental mais robusto. • Controle da cadeia de valor: essa é mais uma atualização da norma que deixa o Sistema de Gestão mais robusto. A própria organização deverá considerar os processos da cadeia de valor relacionados aos aspectos ambientais significativos e riscos e oportunidades organizacionais. 13 • Desenvolvimento sustentado: a organização deverá ter o compromisso com o desenvolvimento sustentável. • Indicadores: a organização deverá definir os indicadores ambientais para avaliar e demonstrar o seu atendimento. E deverá monitorar o progresso em relação aos aspectos ambientais da organização. • Melhoria: esse termo foi substituído do termo melhoria contínua. O foco é na melhoria do desempenho ambiental. • Informação documentada: foi substituído dos termos “documento” e “registro”. • Alta Direção: deverá ter um envolvimento maior, necessitando entender os aspectos e impactos ambientais e os considerando na gestão da organização. 6 POR QUE ADOTAR O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? A proposta do SGA, traz inúmeros benefícios, como a redução de riscos de acidentes ecológicos e a melhoria significativa na administração dos recursos energéticos, materiais e humanos, o que tem um impacto positivo direto nos gastos. O fortalecimento da imagem da empresa junto à comunidade, assim como aos fornecedores, stakeholders, clientes e autoridades também entra na lista das vantagens de se seguir um modelo verde de gerenciamento. Vale ressaltar que a tendência da procura por produtos e serviços oriundos de empresas ecologicamente conscientes e socialmente responsáveis, que já é comum na Europa, está se fortalecendo de forma impressionante no Brasil. Outro ponto positivo é a possibilidade de conquistar financiamentos governamentais e bancários, assim como programas de investimento, que aumenta consideravelmente com o bom histórico ambiental das empresas. Qualquer empresa pode implementar o SGA. Na etapa inicial do processo, é feito um mapeamento de todas as atividades da empresa e suas necessidades. Logo em seguida, a empresa interessada deve passar pelas seguintes etapas: 1- Definição e comunicação do projeto, bem como a geração de um documento detalhando as bases; 2- Revisão ambiental inicial para planejamento do SGA; 3- Implementação; 4- Auditoria e certificação. 14 As empresas podem divulgar seus resultados em seus relatórios anuais financeiros ou de sustentabilidade, bem como em seus endereços na Internet. Também é possível consultar listas de empresas certificadas na página do INMETRO, mas nem todas as empresas certificadas já constam desta base de dados. (Apud CARVALHO F. 2018). 6.1 Como a ISO 14001 ajuda as empresas a gerenciar questões ambientais? Cada vez mais, as organizações têm trabalhado para conseguir gerenciar as questões ambientais de maneira mais efetiva, simples e barata, uma vez que toda esta adaptação gera custos. Ano após ano, o mercado e os governos têm exercido maior pressão sobre as empresas para que elas melhorem a sua relação com o meio ambiente. Algumas empresas desenvolveram metodologias próprias para gerenciar suas questões ambientais, outras acabaram não dando muita importância ao tema, o que não é recomendável, uma vez que este tipo de comportamento eleva o risco de infrações e consequentes multas e outras sanções. Mas de forma geral, empresas que começam a se preocupar com questões ambientais buscam um profissional que possa orientá-las sobre qual caminho seguir. É neste processo que será apresentado a ela o conceito de sistema de gestão ambiental, suas normas, práticas e quais os resultados pretendidos pelo gerenciamento sistemático da relação da empresa com o meio ambiente. No princípio da era industrial, nos séculos XVIII e XIX, não havia muita preocupação com o meio ambiente. Afinal, a sociedade acabara de conhecer a produção em massa e não existia outro método disponível, a não ser a queima em larga escala de combustíveis fósseis e o desmatamento de grandes áreas para manter o ritmo das fábricas. No século XX, percebeu-se que a natureza não tinha uma capacidade de regeneração tão grande quanto a necessidade de extração de recursos. Iniciou-se então um processo de “limpeza” das operações industriais, otimizando o consumo de recursos naturais e já se pensando na ideia de recomposição e sustentabilidade. Mas foi no fim do século XX, mais precisamente nos anos 80 e 90 que os níveis de riqueza permitiram que exigências ambientais pudessem ser feitas e que surgisse15 uma categoria de consumidores que se preocupasse com o meio ambiente na hora de selecionar seus produtos. Desde então, o nível de exigências, tanto dos consumidores, quanto dos governos só tem crescido, de forma que o gerenciamento das questões ambientais é, não só fundamental para o licenciamento da empresa, quanto também para seu sucesso estratégico. Praticar uma administração de recursos naturais neste nível, só é possível através de um sistema de gestão ambiental. 7 O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? Fonte: engrenarconsultoria.com.br Um sistema de gestão ambiental é uma estrutura organizacional que permite à empresa controlar e avaliar os impactos no ambiente de suas atividades, produtos e serviços. Com um SGA, o gerenciamento das questões ambientais é feito de forma padronizada, utilizando indicadores, processos e monitoramento de resultados. Assim como há processos para as áreas de produção, finanças, logística e etc., também há para o gerenciamento ambiental. O sistema de gestão ambiental serve às organizações de todos os tipos e tamanhos. Ele é adaptável à cada contexto e natureza operacional. Ao invés de tratar http://www.engrenarconsultoria.com.br/ 16 isoladamente itens como poluição do ar, uso racional da água, energia elétrica e etc. o sistema permitirá que tudo seja gerenciado em conjunto, de maneira integrada e documentada. Além do mais, o SGA trará o ferramental necessário para que a empresa atue preventivamente em relação à gestão de resíduos, contaminação do solo, adaptação às mudanças climáticas e uso eficiente de recursos naturais. Principais aspectos do sistema de gestão ambiental O gerenciamento de questões ambientais através de um sistema é feito através de alguns pontos principais sendo eles: • Política ambiental: A forma como a empresa define estrategicamente as questões ambientais em seu negócio. Da política ambiental serão derivadas as ações práticas do SGA. • Procedimentos ambientais: Dizem respeito à forma correta de se executar processos, é como será, na prática, a relação da empresa com o meio ambiente. • Gestão de requisitos legais: Toda a legislação ambiental que se aplica à empresa, seja ela municipal, estadual ou federal. • Engajamento dos funcionários: Informação e conscientização de toda a equipe sobre a forma como a empresa trata as questões ambientais e sobre o método correto de se executar as operações. Os benefícios de se ter um sistema de gestão ambiental Uma vez que o SGA foi implementado, o gerenciamento das questões ambientais na empresa será muito mais simples e automatizado, uma vez que os processos foram desenhados para obedecer a um padrão. A conformidade aos requisitos legais estará garantida, evitando que a empresa sofra com sanções por descumprimento à legislação. Haverá também um incremento na vantagem competitiva da empresa, por se tratar de uma companhia certificada e 17 exposta ao mercado como ambientalmente responsável, o que pode melhorar os resultados financeiros. Há que se destacar também a vantagem econômica de se gerenciar corretamente as questões ambientais, pois o uso racional de recursos como água e energia geram produzem resultados positivos no resultado da companhia. Além do mais, o SGA auxiliará na melhoria do desempenho ambiental dos fornecedores, ajudando a evitar responsabilização por ações de terceiros. Nos últimos tempos houve um crescimento muito expressivo da preocupação das empresas com as questões ambientais. As novas exigências dos consumidores têm feito com que a gestão ambiental das empresas se desenvolva a ponto de entregar processos mais limpos e sustentáveis. Como o mundo mudou muito, cada vez mais a sociedade e o mercado têm exigido das organizações uma postura ambientalmente correta. No artigo de hoje, vamos tratar um pouco sobre a gestão ambiental das empresas, seus principais aspectos e sua aplicabilidade para os pequenos e médios negócios. 7.1 Gestão ambiental das empresas O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas é um processo de administração que tem destaque na sustentabilidade, ou seja, resolver as questões de caráter ambiental ou prevenir possíveis consequências negativas aos processos produtivos das empresas. A gestão de um negócio qualquer é o conjunto de processos que fazem com que a organização caminhe para o rumo pretendido por seus controladores, ou seja, um conjunto de processos interligados que produzirão algum tipo de produto ou serviço para um determinado público a um custo específico. A gestão ambiental não é diferente, ela é parte da gestão geral do negócio, porém se aplica na intermediação entre as atividades produtivas da empresa e seu impacto ambiental. A gestão ambiental procurará fazer com que os processos da organização tenham o menor impacto negativo possível no meio ambiente. Ela atuará de forma preventiva e corretiva para tornar o negócio sustentável do ponto de vista ambiental, ou seja, que utiliza recursos da natureza que poderão ser repostos posteriormente. 18 Além das empresas obterem melhores oportunidades de negócios ao adotar um SGA, outros benefícios podem ser destacados como: • Melhoria na imagem da empresa; • Redução de riscos e acidentes ambientais; • Melhoria na administração de recursos energéticos e materiais; • Redução de gastos desnecessários; • Cumprimento da legislação ambiental; • Competitividade internacional; • Possibilidade de obter melhores financiamentos. No Brasil, existem muitos órgãos de fiscalização ambiental e uma vasta legislação, que inclusive classifica muitas ações negativas das empresas como crimes ambientais. Contudo, não existe a obrigatoriedade de se manter um departamento exclusivo para gestão ambiental, ou seja, a empresa pode praticar a gestão de maneira direta ou indireta, a depender da decisão de sua diretoria. Indiretamente, a gestão ambiental acaba sendo obrigatória, pois, mesmo que a empresa não possua um departamento exclusivo para ela, sua prática acaba sendo distribuída a outros setores, uma vez que a legislação precisa ser respeitada ao longo do processo. 8 EM QUE CONSISTE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Um sistema de gestão ambiental é um conjunto de diretrizes padronizadas que serão implementadas e observadas em uma organização. Ele determina como deverá ser realizada a gestão de meio ambiente, quais indicadores a empresa precisará monitorar, a forma como cada processo afetará a natureza, dentre outras inúmeras ações. Sistemas de gestão são utilizados para padronizar um processo. Com o sistema de gestão ambiental SGA, não é diferente. Ele gera padrões operacionais para a organização. O SGA mais utilizado do mundo é o ISO 14001, que atualmente está na versão 2015, sendo conhecido no Brasil como ABNT NBR ISO 14001:2015. 19 É uma norma publicada pela ISO internacional e editada no Brasil pela ABNT, que garante a prática da gestão ambiental em alto nível, referenciada pelos mais modernos padrões internacionais. Muitas empresas exigem que seus fornecedores se certifiquem na ISO 14001, porque precisam comprovar que todas as etapas de sua cadeia produtiva são realizadas dentro de padrões ambientais reconhecidos e validados. Fonte: revistaconstrua.com.br Um sistema de gestão ambiental pode ser determinado pela própria organização e implementado em seus processos através de validação contínua pelo gestor. Contudo, o SGA baseado na ISO 14001:2015, em geral é aplicado com o auxílio de uma consultoria. A empresa de consultoria deverá fazer um diagnóstico do sistema da empresa e comparar os resultados observados com aqueles exigidos pela norma. Os resultados servirão para a elaboração de um plano de ação com as ações necessárias à adequação da empresa ao modelo de operação exigido pelo sistema ISO 14001.Após a execução de plano de ação, a empresa deverá ser auditada por um organismo certificador independente reconhecido pela ISO. Se estiver tudo correto, o certificado será emitido atestando que a empresa está em conformidade com o sistema de gestão ambiental ISO 14001. 20 A empresa que optar pela implementação de um sistema de gestão ambiental deverá ter dois custos básicos. Um se refere ao desembolso com consultoria para adequar os processos da empresa às exigências da norma. E o outro desembolso será relativo à auditoria externa realizada pelo organismo certificado contratado pela empresa. Os custos com consultoria dependem da complexidade dos processos da empresa. Logo, uma organização que possua vários processos, com muitas implicações, deverá consumir muito mais horas de consultoria que uma microempresa com poucos colaboradores. Muitas empresas utilizam o sistema de gestão ambiental como uma parte auxiliar de sua operação, a fim de impedir que a empresa destrua o meio ambiente. Algumas organizações estão fazendo da gestão ambiental a sua marca no mercado e se apoiam nesse método para ganhar um número cada vez maior de consumidores. Como exemplo, podemos citar a empresa Natura. Ela adotou como estratégia de marketing a adoção de matérias primas extraídas de forma sustentável. A falta de gestão ambiental pode ser muito perigosa para a empresa e para a sociedade ao redor. Suas consequências podem ser desde multas e perda de credibilidade junto à comunidade, até o sacrifício completo da operação da empresa. Um exemplo disso é o caso da mineradora Samarco, que por não observar a gestão ambiental e o risco ambiental na execução de suas obras, acabou provocando o maior desastre ambiental da história do país, gerando bilhões de dólares em prejuízos e fechando a operação da mineradora. A gestão ambiental não é mais parte auxiliar dos processos das empresas, mas está intimamente ligada à sua estratégia de gestão. (Apud ARRUDA G. L.). 9 AS CONDICIONANTES AMBIENTAIS E A IMPORTÂNCIA DA SUA GESTÃO TEMPESTIVA E ADEQUADA PELOS EMPREENDIMENTOS As condicionantes são cláusulas da licença ambiental pela qual o órgão licenciador “estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, visando à minimização ou até mesmo à compensação dos impactos ambientais causados pelos empreendimento e/ou atividades. 21 Durante séculos a fio, a humanidade exerce uma influência incisiva nos meios sustentadores da harmonia do planeta, caracterizando-se, com isso, como uma sociedade de risco. Nesse contexto, na tentativa de reverter o presente quadro de perigo e prevenir danos futuros ao meio ambiente, encontram-se leis que tratam da matéria e que estabelecem, dentre outros feitos, aspectos considerados de imperiosa observação nas análises relacionadas à implantação e operação dos empreendimentos produtivos Para controle, a Administração Pública possui mecanismos através dos quais autoriza e controla os interesses do Estado. Dentre os atos administrativos, destacamos a licença para o presente estudo. A Licença Ambiental corresponde ao instrumento administrativo que tem por objetivos técnicos a verificação da viabilidade de um empreendimento e o controle, a prevenção, o monitoramento, a mitigação e a compensação dos impactos ambientais ocasionados pela atividade efetiva ou potencialmente poluidora. O conceito de licenciamento ambiental pode ser encontrada na Resolução CONAMA 237/97 que trata do tema, como sendo o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Verifica-se, assim, ser a licença ambiental uma forma de controle da atividade econômica, tendo por finalidade primordial a proteção da qualidade ambiental, procurando evitar, diminuir/mitigar, controlar e/ou compensar os impactos decorrentes da implantação e operação do empreendimento. Boa parte do papel de prevenção e mitigação de impactos se dá através das condicionantes que, em suma, representam qualquer obrigação, medida, atividade ou diretriz, exigível como pressuposto de validade de uma licença, objetivando conformar, controlar e adequar um empreendimento aos desígnios legais de proteção, conservação, melhoria e uso sustentável dos recursos naturais. Diante à sua vinculação com a validade das licenças ambientais, apresentaremos no presente artigo os principais impactos, assim considerados, para a gestão ambiental das empresas. 22 Encontram-se regulamentadas no inciso II do art. 1º da resolução CONAMA 237/97 e devem guardar relação direta com os impactos ambientais da atividade ou empreendimento identificados nos estudos requeridos no processo de licenciamento ambiental, considerando os meios físico, biótico e socioeconômico, bem como ser proporcionais à magnitude desses impactos. As Condicionantes Ambientais consistem nos compromissos e garantias que o empreendedor deve assumir com base em seu projeto e nos programas e medidas mitigadoras previstos nos estudos ambientais; compromissos e garantias essas que, necessariamente, tanto por força dos limites e padrões previstos em normas e leis, quanto em função dos Objetivos e Metas que se busca para a mitigação dos impactos ambientais prognosticados. E continuam discorrendo que em função da especificidade das Condicionantes estabelecidas, e dos interesses que as trouxe ao processo, observa-se que em muitos casos estas Condicionantes passam a ser a principal base, e talvez a única, de verificação de conformidade ambiental do empreendimento na fiscalização ou na revisão das licenças ambientais, em detrimento da verificação do cumprimento dos planos e programas propostos ou mesmo das diversas recomendações contidas nas medidas mitigadoras propostas no estudo ambiental (EIA). A Cartilha de Licenciamento Ambiental (BRASIL, 2007), elaborada pelo Tribunal de Contas da União em conjunto com o IBAMA, ao discorrer sobre as condicionantes presentes nas licenças ambientais, assevera que se obtempera que as condicionantes são obrigações adicionais (e nem por isso menos importantes) e não substituem os requisitos que devem ser observados previamente à concessão da licença ambiental. Assim, não devem as condicionantes servir como procrastinadoras de exigências elementares e basilares que devem ser avaliadas e cumpridas antes mesmo da expedição da licença. Percebe-se, assim, que a finalidade precípua das condicionantes é garantir a adequada proteção ao meio ambiente em relação a uma atividade potencial ou efetivamente degradadora (prevenção, mitigação, controle e/ou compensação dos impactos), durante a instalação, operação e encerramento das atividades, nos prazos fixados pelo órgão ambiental. Além disso, as condicionantes devem ter nexo direto, imediato e proporcional com os impactos ambientais do empreendimento ou atividades licenciadas, sendo vedado seu uso para substituir políticas públicas, adotar critérios proibidos pelo direito 23 vigente ou internalizar questões que não dizem respeito aos impactos negativos decorrentes do empreendimento/atividade sujeita ao licenciamento. A portaria interministerial MMA/MJ/MINC/MS 60/15 preceitua, no art. 7º, § 12 e art. 16, § 2º, que as condicionantes enviadas pelos intervenientes devem guardar "relação direta com os impactos” adversos decorrentes da atividade ou do empreendimento identificados nos estudos ambientais e deverão “ser acompanhadas de justificativa técnica". Ademais,as condicionantes devem ser proporcionais, fazendo com que a carga que recaia sobre o proponente do projeto não seja descolada dos impactos adversos causados pelo empreendimento ou atividade que se pretenda licenciar. As condicionantes devem ser empregadas para gerenciar os impactos do empreendimento, não se podendo utilizar o licenciamento ambiental como mero balcão de troca, com compensações que não possuem relação de nexo e proporção com o impacto causado pelo empreendimento que se está licenciando. Assim sendo, constitui prerrogativa do órgão ambiental revê-las mediante análise técnica e jurídica do caso concreto. Desse modo, demonstrada a necessidade de revisão da obrigação para adequação, por perda de objeto ou um fato novo (alteração das condições ou contexto fático, novas tecnologias/alternativas, mudanças no projeto, alterações legislativas, etc), poderá o órgão ambiental de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, alterar o conteúdo das obrigações (condicionantes) previstas no âmbito do licenciamento ambiental. De igual modo, prorrogar o prazo para o adimplemento das obrigações quando pertinente. É de suma importância a tratativa acima, pois o descumprimento das condicionantes pode acarretar sanções diversas nas esferas administrativa, cível e até mesmo criminal, além de impactar de forma negativa quando da renovação da validade da licença em voga, conforme será tratado no próximo tópico. 9.1 Da responsabilidade ambiental pelo descumprimento das condicionantes A Constituição Federal de 1988, no §3º do art. 225, determina que aqueles que praticam atividades consideradas lesivas ao meio ambiente poderão sujeitar-se, de forma cumulativa, às sanções nas esferas penal, civil e administrativa. Assim sendo, passemos então a analisar a possibilidade de responsabilização penal, civil e administrativa das empresas pelo descumprimento de condicionantes 24 presentes nas Licenças ambientais e pelos danos ambientais porventura ocasionados pelo não atendimento dessas. 10 IMPACTO AMBIENTAL O crescimento de cidades sem que haja planejamento urbano adequado pode ser causador de vários impactos ambientais. Um dos principais é a retirada de áreas verdes para a construção de prédios, residências, fábricas e outros tipos de construção. Com pouca área verde, aumenta muito a poluição atmosférica, além de ser um fator determinante no aumento de enchentes e alagamentos em períodos de grande quantidade de chuvas. Impactos ambientais são as consequências das atividades humanas na natureza. A mineração e a agricultura, por exemplo, são atividades econômicas que alteram o meio ambiente. Os impactos ambientais afetam o planeta de várias formas e podem fazer estragos irreparáveis. Esses impactos podem ser locais, como a poluição urbana do ar e a poluição do ar em ambientes fechados. Os impactos também podem ser regionais, como a chuva ácida. Já os impactos globais são o efeito estufa, o desmatamento, a degradação costeira e marinha. Exemplos de impactos ambientais As principais atividades causadoras dos impactos ambientais no planeta são a mineração, a agricultura, a exploração florestal, a produção de energia, os transportes, as construções civis como estradas e cidades, além das indústrias básicas químicas e metalúrgicas. As agressões do ser humano ao meio ambiente ficaram mais intensas depois da Revolução Industrial. Isso aconteceu particularmente no século XX, por causa do grande aumento da população e do consumo nos países industrializados. Por isso, a maior parte dos impactos ambientais são causados pelo homem direta ou indiretamente. 25 Impactos ambientais causados pela mineração Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br A mineração é uma atividade de extração de minerais como o carvão, o petróleo e o gás natural. Esses minerais são encontrados em forma natural sólida, líquida ou gasosa. Os minerais são recursos esgotáveis, ou seja, eles não se renovam naturalmente e tendem a acabar quando há muita exploração. Depois de extraídas, as substâncias minerais são processadas com substâncias químicas, geralmente nocivas para a natureza. Isso é feito para que os minerais sejam utilizados na indústria. Parte dos minerais extraídos é estéril, não serve para a indústria. Então esse material é depositado em áreas vizinhas à mina. Assim, os principais impactos ambientais da mineração são a poluição da água, a poluição do ar, a poluição sonora, a subsidência do terreno (afundamento gradativo da superfície da terra), e rejeitos radioativos. A poluição da água, por exemplo, acontece na exploração do carvão. A água da chuva infiltra sobre os rejeitos da mineração e atinge os corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. Dessa forma, a água é contaminada com elementos tóxicos que a tornam imprópria para qualquer uso, além de contaminar a fauna e a flora aquática. O garimpo também provoca a contaminação dos recursos hídricos. Os principais impactos ambientais desta atividade são: desmatamentos e queimadas, 26 alteração da qualidade e do curso de canais de água, erosão do solo, fuga de animais silvestres, poluição química causada pelo mercúrio na biosfera e na atmosfera. A mineração de bens da construção civil, como areia, argila e brita, é feita próxima aos ambientes urbanos. Existe um alto índice de clandestinidade nessa atividade. E os impactos ambientais são grandes e descontrolados: degradação de ambientes de delicado equilíbrio ecológico (dunas e manguezais), alteração de canais naturais de rios e dos aspectos paisagísticos. Impactos ambientais causados pelas fontes de energia Os impactos ambientais causados pela obtenção de energia são discutidos mundialmente devido à gravidade da questão. Afinal, a maior parte do mundo é urbana e necessita de energia para funcionar. As termelétricas, por exemplo, produzem energia através da queima em caldeira de carvão. Esse calor produzido aquece a água que circula numa rede de tubos, criando vapor. É esse vapor que movimenta as pás das turbinas, ligadas a um gerador, e assim a energia elétrica é produzida. O vapor gerado é resfriado por um condensador e volta à rede de tubos, reiniciando o ciclo. Por isso, as termelétricas geralmente são instaladas próximas de leitos de rios ou mar, pois a água deles é utilizada para condensar o vapor. Esse processo eleva a temperatura da água dos rios e mares onde as termelétricas estão instaladas, pois a água utilizada é devolvida mais quente. Isso compromete a fauna e a flora da região, além de aumentar a temperatura média local. Além disso, as usinas termelétricas queimam combustíveis como o diesel e o carvão. Essa queima é fonte de gás carbônico e óxidos de nitrogênio, que aumentam o efeito estufa e geram chuvas ácidas. Impactos ambientais causados pela agricultura A agricultura é uma atividade indispensável para a existência e sobrevivência das pessoas. Afinal é dela que vem todo o alimento consumido no mundo, e também o alimento dos animais que são criados e abatidos para o consumo humano. Mas essa também é uma atividade que causa impactos ambientais. Para fazer uma plantação, é necessário ter um espaço de terra fértil. Então acontece a 27 substituição (desmatamento) de uma vegetação natural para o plantio de mudas agrícolas. Após essa substituição, ainda é preciso conter as plantas que naturalmente cresciam ali. Esta ação destrói o capital genético do planeta e altera o equilíbrio dos ecossistemas. Além disso, a agricultura moderna é mecanizada. Ou seja, utiliza equipamentos como tratores e outros maquinários agrícolas. E estas máquinas são movidas a combustíveis fósseis que poluem o ar. Outro problema é a utilização de insumos agrícolas. São os adubos químicos, corretores do solo, agrotóxicos e demais produtos químicos utilizadosna produção em massa. A água das chuvas e da irrigação leva esses produtos para os rios, causando a contaminação da água. Impactos ambientais causados pelo consumo e a pela geração de lixo Na sociedade atual, consumo está relacionado a poder. Ter é ser. As pessoas compram coisas das quais não precisam, apenas por status ou pela influência de propagandas. O consumo exagerado de bens materiais é responsável por boa parte dos impactos ambientais, como foi apresentado. Produtos industrializados são consumidos diariamente. Atualmente não dá para pensar em uma cidade sem pensar nos problemas causados pela alta quantidade de lixo gerado. É evidente a poluição visual, mau cheiro e contaminação do ambiente. Além disso, o lixo eletrônico gera a poluição do solo. Mas os principais impactos ambientais do lixo são decorrentes do descarte inadequado dos resíduos sólidos em fundos de vale, nas margens de rios e cursos de água. Essa prática gera contaminação da água, assoreamento (acúmulo de sedimentos na foz de um rio ou em um lago), enchentes e proliferação de animais transmissores de doenças como ratos, baratas, moscas, entre outros. 28 11 IMPACTOS AMBIENTAIS NO BRASIL No Brasil são realizadas diversas atividades causadoras de impactos ambientais. Uma delas é a urbanização e industrialização sem planejamento. A retirada de áreas verdes para abrir espaço para a construção de prédios, casas, fábricas etc., causa o aumento da poluição atmosférica. Além disso, é um fator determinante para a ocorrência de enchentes e alagamentos. O crescimento rápido e desgovernado das cidades gera graves consequências para os rios. Isso porque há uma grande quantidade de lixo e esgoto jogada nas águas pluviais. Cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, além da Região Metropolitana de São Paulo são áreas que sofrem com estes problemas, bem como outras grandes cidades brasileiras. (Apud BRITO R. 2018) A mineração é outra atividade causadora de impactos ambientais no Brasil, presente nos estados do Pará, Minas Gerais e Goiás. Além dos impactos como a contaminação das águas no pequeno garimpo, as empresas mineradoras removem áreas verdes, alterando a paisagem ambiental. A agropecuária é uma atividade muito importante para o Brasil. O país é o maior exportador de carne bovina do mundo. Mas para alimentar tantas cabeças de gado, grandes áreas verdes são desmatadas para o plantio de soja da ração dos bois, bem como para criar os animais. Essas atividades acontecem principalmente no cerrado, no pantanal e na floresta amazônica, prejudicando os ecossistemas dessas regiões. Além disso, o Brasil também realiza a extração de petróleo no litoral sudeste do país. O derramamento de petróleo provoca sérios danos ao meio ambiente, pois mata peixes em grande quantidade, além de aves marinhas e outros animais marinhos. 29 Fonte: vidaemebulicao.blogspot.com As principais consequências dos impactos ambientais são: • Alterações climáticas • Extinção de espécies e habitats • Aumento do nível do mar • Desaparecimento de rios • Poluição do ar • Diminuição da qualidade de vida Como minimizar e diminuir os impactos ambientais? Os impactos ambientais podem ser diminuídos através de ações individuais e coletivas, bem como por meio de leis e políticas ambientais. Algumas ações que podem ser feitas são: • Replantio de floresta em áreas desmatadas • Separação, descarte adequado e reciclagem do lixo • Economia de água • Utilização de transportes coletivos • Utilização de produtos biodegradáveis • Redução do consumo http://vidaemebulicao.blogspot.com/ 30 11.1 A responsabilidade penal ambiental A lei federal 9.605/98 constituiu importante marco no regramento de proteção do meio ambiente, ao estabelecer as diversas hipóteses de tipos penais para punição das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Consoante com o disposto no art. 2º da referida lei, responde por crime ambiental quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos incidindo nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade. E ainda deixa claro que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade sendo que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato (art. 3º). O ato de descumprir condicionantes impostas pelos órgãos ambientais a depender do tipo de obrigação descumprida e seus efeitos para o meio ambiente pode, eventualmente e a depender do caso concreto, ser tipificada no art. 54, 60 ou no art. 68 da Lei de Crimes Ambientais. Sem se pretender esgotar aqui as hipóteses e os possíveis enquadramentos de eventuais práticas na lei de crimes ambientais, que dependerão de análise da irregularidade cometida no caso concreto, apontamos os tipos mais comumente relacionados ou decorrentes do descumprimento de condicionantes. 11.2 A responsabilidade civil ambiental Para a responsabilização civil pelos fatos em tratativa, diante o disposto no § 1° do art. 14 da lei federal 6.938/81, deve-se verificar, primeiramente, a ocorrência efetiva de danos ao meio ambiente ocasionados pelo descumprimento das condicionantes e dos programas ambientais aprovados pelos órgãos ambientais. O elemento subjetivo – dolo ou culpa, foi expressamente excluído, estruturando-se, assim, a responsabilidade civil objetiva. Assim, aquele que exerce uma atividade geradora de riscos ao meio ambiente deve recuperar/indenizar os danos que dela originarem, independentemente de dolo ou culpa, haja vista o proveito econômico obtido pelo agente da atividade produtiva em questão. 31 Ademais, os tribunais e parcela significativa da doutrina especializada – especialmente o Superior Tribunal de Justiça ("STJ") - têm adotado o entendimento da teoria do risco integral e a inversão do ônus da prova, bem como o dever de reparação integral do dano, incluindo a reparação do ambiente cumulativamente com as indenizações decorrentes dos danos interinos, danos ambientais irreversíveis ou não reparados, danos morais coletivos, etc. E, ainda, a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica no caso de insuficiência de patrimônio para reparação do dano (art. 4º da lei federal 9.605/98). Com isso, estabelecida a relação de causalidade entre um dano identificado e a ação ou omissão de um agente, o infrator poderá ser responsabilizado na seara civil e condenado a reparar e/ou indenizar o dano ambiental identificado. 11.3 Responsabilidade ambiental administrativa A apuração da responsabilidade administrativa é atribuída aos órgãos públicos competentes para a matéria de meio ambiente. As penalidades estão previstas, em nível federal, na Lei de Crimes Ambientais a partir do art. 70 e no decreto 6.514/08. As penalidades administrativas previstas na legislação são, em síntese: (I) a advertência; (II) a multa e multa diária; (III) a não concessão, restrição ou suspensão de incentivos fiscais e de outros benefícios concedidos pelo Estado ou por empresa sob seu controle direto ou indireto, enquanto perdurar a infração, (IV) embargo de obra ou suspensão das atividades, (V) apreensão, destruição e demolição e (vi) revogação/cassação de licenças/autorizações. Para a imposição das penalidades, é necessário identificar o infrator, estabelecer o nexo de causalidade e verificar o dolo/culpa do infrator para a ocorrência do fato (responsabilidade subjetiva). No Estado de Minas Gerais, diferentemente dos demais estados federados, além da multa simples pelo ato de descumprimento de condicionante acresce-se ao valor da multa 30% a mais por condicionantedescumprimento e 0,5% por relatório ou atendimento considerado intempestivo. Com isso, como exposto no item acima, recomenda-se, além da revisão do mérito das condicionantes quando imprescindível à sua adequação, o atendimento tempestivo ou a sua justificativa junto o órgão ambiental quanto ao não cumprimento das condicionantes em tempo hábil. 32 Desde a década de 70, a legislação ambiental evolui aspirando à compatibilização da proteção ao meio ambiente e do desenvolvimento dos empreendimentos econômicos. A sociedade tem voltado os seus olhos para o setor produtivo e cobrado deste uma postura ambientalmente coerente com as políticas públicas e seus preceitos. As condicionantes ambientais são obrigações que se encontram previstas nas licenças e autorizações emitidas pelo poder público competente. Elementos de interesse público, as condicionantes devem guardar relação direta, imediata e proporcional com o impacto causado, não podendo substituir políticas públicas imputadas a certos órgãos estatais, atentar contra o ordenamento jurídico ou internalizar questões que não dizem respeito ao controle ambiental. Relevante ressaltar, nesse contexto, a prorrogação do prazo ou revisão do mérito das medidas, quando indispensável, haja vista ser o efetivo cumprimento das condicionantes imperioso a confirmar a validade da licença ambiental vinculada, a sua renovação e configura fator de potencial responsabilização do empreendedor pela omissão. (Apud MIRANDA S.M. 2018) Além disso, os empreendedores devem se atentar na elaboração dos estudos ambientais preliminares, em especial para os dados vinculados às alternativas locacionais do empreendimento, ao meio biótico, socioeconômico da comunidade atingida, sítios e monumentos arqueológicos, históricos, naturais e culturais, cavidades naturais, áreas remanescentes de quilombos, áreas indígenas e ruído. As análises dos impactos permitirão, além da viabilização do projeto, a definição de medidas mitigadoras e de compensação eficazes àqueles percebidos. Somado aos benefícios acima apontados, podem ainda ser relacionadas (i) a redução/eliminação de multas, passivos e acidentes; (II) melhoria da imagem da empresa junto à comunidade; (III) conhecimento da legislação aplicável ao empreendimento de modo sistematizado; (IV) determinação de uma diretriz única de gestão organizacional e, por fim, (V) o aumento da competitividade no mercado. Assim, resta claro que o gerenciamento dos aspectos e riscos ambientais minuciosamente estudados e tratados dos projetos de infraestrutura em qualquer realidade organizacional, não deve ser enxergado como algo periférico e sim, como instrumento estratégico e hábil à uma diferenciação competitiva nos mercados, além da redução de custos, meta tão almejada em momentos de instabilidade econômica. 33 12 POLUÍÇÃO HÍDRICA E QUESTÕES AMBIENTAIS DEVEM SER DISCUTIDAS E ENFRENTADAS Boa parte dos rios brasileiros está poluída, afetando peixes e outros animais e prejudicando famílias ribeirinhas que dependem da pesca. A poluição hídrica também favorece a transmissão de doenças, como a cólera, disenteria, verminoses e hepatites A e B, e pode comprometer ainda o abastecimento de água nas grandes cidades. Em geral, a poluição das águas está diretamente associada a outras questões ambientais, como o desmatamento, o descarte inadequado do lixo e a emissão de gases poluentes na atmosfera, que precisam ser discutidas e enfrentadas pelo poder público, empresas e cidadãos. “A água reflete as atividades humanas que são realizadas na bacia hidrográfica. A agricultura, a indústria, a maneira de trabalhar o solo, os hábitos da construção urbana, o destino do esgoto e do lixo, tudo isso se manifesta na água. O espelho d’água mostra nossa cara”, afirma o médico, ambientalista, idealizador do Projeto Manuelzão e professor aposentado da Faculdade de Medicina da UFMG, Apolo Heringer. “A situação dos rios brasileiros, tanto urbanos quanto no meio rural, a quantidade e as formas dos corpos d’água, se estão bem tratados, se estão cobertos de asfalto. Tudo isso indica a mentalidade humana na forma que o ser humano trata a natureza”. Para Heringer, a poluição tira o prazer de uma pessoa contemplar um rio, porque ninguém quer estar à beira de um rio poluído e malcheiroso. Essa poluição traz impactos negativos na questão estética e na saúde humana, o que, segundo ele, demonstra um nível de mentalidade incompatível com o que a natureza necessita. A má qualidade da água impede que ela seja utilizada sem o devido tratamento. No país, as fontes de água doce, em geral, recebem lixo sólido, agrotóxicos e outros produtos químicos, além do esgoto de residências, hospitais e até resíduos industriais. “O tratamento do esgoto não está sendo bem feito no Brasil. Nos poucos locais onde há tratamento, ele é insuficiente. Trata-se apenas uma parte e não de forma completa. Estamos produzindo esgoto e lixo que caem na água, tornando-a impossível de ser utilizada, tanto por seres humanos como pelas plantas e demais animais. Então, o impacto sistêmico na natureza é muito negativo, porque interfere na cadeia alimentar de todos os seres vivos”, alerta Apolo Heringer. (Apud VALADARES Warlen, 2018). A poluição dos rios e o desmatamento afetam, além da qualidade, a quantidade da água doce disponível nas bacias hidrográficas. “Quando chove em uma região sem vegetação, a água escorre com violência, produzindo erosão, assoreando os rios e 34 vai embora. A água não fica onde ela não tem como morar. A água mora nos ecossistemas, que são o solo e as plantas. A vegetação apoia a chuva, a água infiltra no solo fazendo as nascentes e rios terem água o ano inteiro”, explica o ambientalista. Heringer acrescenta que as atividades humanas rompem a lógica do ciclo hidrológico, o que abrange a chuva, solo, nascentes, rios, plantas e animais que ajudam a espalhar a flora através das sementes que ingerem. O ser humano ataca a base da vida na Terra ao interferir no ciclo de reprodução das plantas e animais, atitude que o entrevistado considera completamente irracional. De acordo com ele, essa relação problemática do homem com a água e o meio ambiente precisa ser debatida. “Destruir a natureza, se você depende dela para sobreviver, é uma atitude absolutamente inexplicável e negativa. O ser humano é considerado um animal racional, com acesso ao conhecimento, à ciência, e é o que mais prejudica a natureza. Os demais animais têm uma relação compatível com a vida, sustentável com a natureza. É uma questão muito profunda para a gente fazer uma reflexão”, pondera. Fonte:pensamentoverde.com.br 13 RESPONSABILIDADE POLÍTICA E ECONÔMICA Para preservar o meio ambiente e a vida no planeta, Apolo Heringer acredita ser fundamental, e até urgente, mudar o modelo econômico atual de produção e 35 consumo, baseado na extração de recursos minerais e agricultura predatória. “Precisamos também diminuir a pecuária, estimulando a mudança para uma dieta que tende a ser mais vegetariana, porque o consumo de proteína animal aumenta o preço dos alimentos, o desmatamento e traz consequências negativas à nossa saúde”, defende. O ambientalista completa que os grandes produtores rurais e industriais brasileiros não respeitam as leis vigentes no país, ao retirarem volumes importantes de água subterrânea e fluvial sem a devida compensação pública. Além disso, diversos projetos de lei em tramitação no Congresso flexibilizam a legislação ambiental, como destaca a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Maria Auxiliadora Drumond. Ela esclarece que essas novas leis, se aprovadas, tornam o processo de licenciamento ambiental de grandes empreendimentos menos rigoroso e favorece o uso de agrotóxicos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana, caso do Projeto de Lei 6.299/2002, conhecidopopularmente como “PL do Veneno”. Maria Drumond considera que iniciativas que promovem o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis em biomas brasileiros e ações educativas de longo prazo, direcionadas à população geral, indicam a melhor forma de administrar a questão ambiental. “Essas ações não devem estar isoladas do contexto social. Eu vejo a educação ambiental como a possibilidade de transformação da sociedade em todos os níveis, atuando na causa do problema, não pontualmente. Por exemplo, fazer brinquedo com garrafa pet pode ser educativo, mas será que temos que consumir pet mesmo? Ou devemos atuar nas raízes do problema, trabalhando na postura política, lidando com os interesses econômicos? Acho que esse processo educativo deve ser sistêmico”, argumenta. (Apud VALADARES Warlen, 2018). 14 OS PROBLEMAS AMBIENTAIS GERADOS PELO CONSUMISMO De um lado, estão as organizações com suas necessidades inadiáveis de maior participação em fatias de mercado, melhoria de imagem institucional e busca pelo lucro; do outro lado estão as pessoas que necessitam do trabalho fornecido pelas empresas para garantir seus salários e, com isso, sua própria sobrevivência. 36 Um dos primeiros indícios do dilema entre produção de bens e proteção dos recursos naturais surgiu no início da década de 1960, após a intensificação da produção e consumo de produtos e serviços. Em 1962 foi publicado o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) de Rachel Carson e que expunha os riscos em relação ao DDT, um tipo de inseticida. O livro teve grande repercussão na opinião pública e fez com que houvesse intensa inspeção de terras, mares, rios e ares por parte de muitos países, gerando preocupação das pessoas em relação aos danos causados ao meio ambiente e evidenciando a poluição como um dos grandes problemas ambientais do planeta (DIAS, 2011). Em 1968 foi criado o Clube de Roma com o objetivo de estudar o impacto global das interações dinâmicas entre a produção industrial, a população, o dano no meio ambiente, o consumo de alimentos e o uso de recursos naturais. Em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia, e que contou com representantes de 113 países, 250 organizações não governamentais e vários organismos da ONU (SEIFFERT, 2014, apud ALVES R. R. 2018). Apesar disso, de acordo com Portillo (2010), é somente a partir da década de 1970 que se inicia a internalização das questões ambientais nas organizações, motivado em muitos casos pela pressão de novas normas e exigências ambientais, ou pela pressão de movimentos ambientalistas, que utilizavam denúncias, manifestações e boicotes e, ainda, pelos próprios empresários que se mostravam mais conscientes em termos de meio ambiente e adotavam iniciativas nessa área. Em termos globais, a inserção definitiva das questões ambientais como limitante ao desenvolvimento ocorreu com a divulgação do relatório “Nosso futuro comum”, em 1987, pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e também com a realização da Conferência Mundial para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, em 1992, no Rio de Janeiro, na qual o conceito de desenvolvimento sustentável foi apresentado como uma das saídas para o impasse decorrente da necessidade de continuar o crescimento econômico e considerar a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais (DIAS, 2014, Apud ALVES R. R.,2018). De um lado, estão as organizações com suas necessidades inadiáveis de maior participação em fatias de mercado, melhoria de imagem institucional e busca pelo lucro; do outro lado estão as pessoas que necessitam do trabalho fornecido pelas empresas para garantir seus salários e, com isso, sua própria sobrevivência. Além disso, as pessoas precisam atender às suas necessidades, comprando os produtos 37 fabricados pelas empresas e pagando os impostos e recebendo em troca a infraestrutura e diversos serviços proporcionados pelos governos. Entre os dois agentes (empresas e pessoas) está o meio ambiente, que possui a função de proporcionar suporte à vida, fornecer matéria-prima para as empresas e assimilar resíduos gerados pelos processos produtivos e pelos consumidores. Algumas décadas atrás, obter matérias-primas do meio ambiente e utilizá-lo como depositário de resíduos não era problema. Julgava-se que os recursos naturais eram inesgotáveis. Hoje, verifica-se que as questões ambientais têm assumido papéis importantes nunca antes alcançados na história da humanidade. A problemática ambiental não se limita tão somente à falta de matérias-primas para as empresas ou acúmulo de resíduos sólidos urbanos, mas também à geração de diversos outros problemas. A alteração das condições naturais do planeta, graças às constantes intervenções humanas, causou profundos desequilíbrios no clima, provocando situações incomuns em diversas partes do globo terrestre. A solução para a problemática ambiental passa pela responsabilidade das empresas em buscar fontes de matérias-primas renováveis, fabricar produtos utilizando energias limpas e cujos resíduos possam ser assimilados pelo meio ambiente. Além disso, as empresas passam a agir com responsabilidade social e ambiental, contribuindo para o progresso da sociedade e para a proteção do meio ambiente. Torna-se competitivamente insustentável a existência de empresas que não operem buscando esses tipos de responsabilidades. A responsabilidade ambiental também passa pela educação e consciência das pessoas. Se as empresas poluem o meio ambiente com seus produtos tão necessários à vida moderna é porque existe o consumidor que os adquire. Exigir que as empresas tenham uma maior responsabilidade social e ambiental também é função dos consumidores, que, primeiramente, devem fazer a sua parte nesse processo. Destaca-se que um mediador entre as empresas e as pessoas na questão do consumo social e ambientalmente responsável é o governo. Por meio de leis e regulamentações, o Estado é capaz de interferir a favor de produtos mais “amigáveis” ao meio ambiente, que são conhecidos como produtos verdes. Contudo, esses instrumentos legais nem sempre são eficientes, restando ao consumidor desempenhar o seu papel, que é exigir o compromisso social e ambiental das empresas e, se for necessário, exercer também pressão sobre seus governos. 38 15 A IMPORTÂNCIA DO GESTOR AMBIENTAL NOS DIAS ATUAIS A preocupação com a questão ambiental vem se expandindo nas últimas décadas. Diante da necessidade de o ser humano organizar as suas atividades produtivas de forma a evitar ou minimizar os diversos impactos ambientais causados no meio ambiente, a gestão ambiental é uma ferramenta importante de planejamento, controle e gestão referente às questões ambientais e visa contribuir para o desenvolvimento econômico, desde que seja de forma sustentável. Neste contexto, a gestão ambiental tem ganhado destaque e uma dimensão estratégia das empresas, como forma de planejar o desenvolvimento, a implantação e manutenção de uma política ambiental para o desenvolvimento sustentável, se caracterizam como “conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações e procedimentos para proteger a integridade dos meios físicos e bióticos, bem como dos grupos sociais que deles dependem. Inclui também, o monitoramento e o controle de elementos essenciais à qualidade de vida, em geral, e à salubridade humana, em especial”. Nesse sentido, o gestor ambiental é o profissional com formação multidisciplinar e interdisciplinar, com uma visão holística que vai trabalhar diretamente com a gestão ambiental, elaborando projetos com o objetivo de alcançar resultados positivos em relação ao meio ambiente, bem como a redução dos impactos ambientais provocados pelas ações do homem, melhorando a qualidade de vida, para que todos se sintam bem em um ambiente menos poluído, alémde garantir o uso mais racional dos recursos naturais, preservando-os para as gerações vindouras e contribuindo para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. A profissão de gestor ambiental é nova no mercado, mas é uma área que está em expansão devido às exigências ambientais da atualidade, este profissional pode atuar em empresas e instituições públicas que pretendem incorporar o conceito de sustentabilidade. Diante do cenário vigente, da crescente globalização dos mercados, a gestão ambiental é um fator estratégico de competitividade para as organizações que pretendem se manter ativas, competitivas e com uma boa imagem. Sendo assim, o gestor ambiental tem o papel de encontrar alternativas de projetos e técnicas para a manutenção do equilíbrio ambiental, desta forma, é importante que este profissional desenvolva suas atividades de forma integrada com as novas tecnologias e em sintonia com seu conhecimento técnico o que resultará em uma gestão inovadora com 39 responsabilidade socioambiental, que leve em consideração a preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida. O gestor ambiental é o responsável por organizar, dirigir e controlar atividades relativas ao meio ambiente. Entre tais atividades, merecem destaque o planejamento, o gerenciamento e a execução de tarefas voltadas para o diagnóstico socioambiental, a avaliação de impactos, proposição de medidas mitigadoras (tanto preventivas como corretivas), a recuperação de áreas degradadas e monitoramento da qualidade ambiental visando à promoção do desenvolvimento sustentável, enfim, a adoção de medidas voltadas para a obtenção de efeitos positivos sobre o meio ambiente, seja reduzindo ou eliminando danos ou problemas de origem antrópica (atuação reativa), seja evitando seu aparecimento (atuação preventiva). O gestor ambiental tem grande responsabilidade e deve ser étnico para administrar os recursos naturais e propor técnicas científicas para minimizar os impactos ambientais provocados pelas ações humanas. Além de todas as características citadas, cabe destacar que todo gestor ambiental é também um educador ambiental, pois assume um papel importante para um novo modelo de desenvolvimento, promover a gestão racional e equilibrada dos recursos naturais. A atuação do gestor ambiental como educador ambiental é: “Agente multiplicador executando programas de treinamento e conscientização coletiva da importância da divulgação e adoção dos princípios de sustentabilidade através de diferentes instrumentos”. (Apud Pagés G. M. 2015). A atuação como educador ambiental pressupõe um processo de formação e informação, que requer a mudança de comportamentos, hábitos, de atitudes, consciência crítica e propor novas práticas referentes às questões ambientais, que levem as comunidades a buscarem formas de preservar o meio ambiente. Afinal, é importante que o gestor ambiental busque sempre refletir sobre sua própria prática de atuação, analisando se está surtindo efeitos na organização, na sociedade e em relação às pessoas envolvidas, o trabalho de conscientização de todos os envolvidos no processo é de suma importância para a obtenção de resultados positivos, sejam econômicos, sociais e ambientais. 40 16 GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE No último século o modo de produção no Brasil sofreu uma transição bastante rápida. O país passou de um exportador de produtos predominantemente agrícolas, a uma nação com um parque industrial muito forte. Paralelamente surgiram os problemas ambientais, porém menos marcados, em igual velocidade. Os diversos ramos industriais como petroquímicos, celulose, químico, automobilístico e autopeças, sofrem inspeções de sua infraestrutura ou de utilização do solo. Fonte: conexaoplaneta.com.br As multinacionais que apresentam rigor ambiental nos processos produtivos em seus países de origem, quando se instalam no Brasil estão buscando trazer condutas ambientalmente corretas no que concerne a emissão de gases tóxicos, resíduos líquidos ou sólidos, além do uso racional de recursos naturais. Desta forma, procurando controlar os níveis de poluição emitidos, as empresas passaram a adotar diversas medidas de tratamento de resíduos sólidos, líquidos e gasosos gerados no processo de produção, sendo que estes eram os únicos problemas ambientais que empresas consideravam ter, e a preservação do meio ambiente era vista como custo adicional ao processo produtivo. http://conexaoplaneta.com.br/ 41 16.1 O sistema de gestão ambiental e a sustentabilidade Não há mais como exportar poluição, via transferência de tecnologia poluidora, ou via produtos ecologicamente agressivos. As novas tendências de consumo em direção a produtos de menor impacto ambiental, embora ainda dirigida mercadologicamente, deve se firmar nos padrões de qualidade na cesta do consumidor. Dessa forma, a finitude dos recursos naturais começa a ser mais percebida e vigiada. É nesse sentido, e com tal percepção, que as empresas inauguram os anos noventa e adentram o século dois mil, gerindo o meio ambiente. O sistema de gestão ambiental é um instrumento com procedimentos semelhantes a qualquer nível gerencial de uma empresa moderna, como por exemplo, gestão financeira, ou de produção, marketing, ou recursos humanos. Sua particularidade é a importância conferida às questões ambientais da empresa, daí a denominação específica para a gestão que controla: uso racional de matérias-primas, insumos, energia, água, ar e também se preocupa com processos produtivos que cause menores danos à natureza, mediante a redução de sucatas, resíduos sólidos e líquidos, lixo e degradação ambiental em geral. Verificamos então, que o gerenciamento ambiental é uma das atividades mais importantes relacionadas com qualquer operação industrial. De modo geral, o gerenciamento ambiental está ligado aos sistemas organizacionais e programas que visam a questão práticas tais como: • Controlar e reduzir os impactos do meio ambiente, • Cumprir as leis e normas ambientais, • Desenvolver tecnologia apropriadas para eliminar resíduos ambientais, • Eliminar ou reduzir os riscos ao meio ambiente e ao homem, • Utilizar tecnologia limpa com objetivo de reduzir gastos de energia e materiais, • Melhorar o relacionamento com a comunidade e com o Governo, • Antecipar as questões ambientais que podem causar ao meio ambiente e/ou a saúde humana. O Sistema de Gestão Ambiental pode ser gerido pelos diversos Departamentos de uma Empresa, na pessoa do seu Gerente, constituído como Representante da Alta Administração para Assuntos Ambientais, que tem responsabilidades e poderes definidos em uma Matriz de Responsabilidades. (Apud FERREIRA E. G. 2017). 42 Aspectos e impactos ambientais significativos associados a produtos, serviços e atividades, são definidos e constituem-se na base do Sistema de Gestão Ambiental. Sobre estes estão estabelecidos, procedimentos documentados, e os controles pertinentes. Objetivos e metas ambientais são estabelecidos com base na significância dos aspectos e impactos ambientais, na disponibilidade de recursos e no alinhamento com a Política Ambiental da empresa e com os requisitos legais pertinentes. Programas Ambientais são estabelecidos para que sejam atingidos os objetivos e metas ambientais definidos e para cumprir integralmente a Política Ambiental. Monitoramentos e inspeções de equipamentos e instalações são efetuados, de acordo com procedimentos específicos, para permitir o controle e a avaliação contínua destes, assegurando, assim, manutenção do padrão de desempenho ambiental. Em intervalos de tempo, devidamente especificados, são realizadas Auditorias do Sistema de Gestão Ambiental para avaliar o nível de conformidade das práticas empregadas com os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental e da Política
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