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Jeremias - Estudo Comentado

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Jeremias 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A474 
 
 Alves, Silvio Dutra 
 Jeremias./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 
 2015. 
 343p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Profecia. 
 4. Justificação. 5. Redenção. 6. Jesus. I. Título. 
 
 CDD 230.224 
 
3 
 Sumário 
 
Jeremias 1..................................................... 5 
Jeremias 2..................................................... 20 
Jeremias 3..................................................... 33 
Jeremias 4..................................................... 40 
Jeremias 5..................................................... 48 
Jeremias 6..................................................... 55 
Jeremias 7..................................................... 63 
Jeremias 8..................................................... 69 
Jeremias 9..................................................... 77 
Jeremias 10................................................... 85 
Jeremias 11................................................... 91 
Jeremias 12................................................... 96 
Jeremias 13................................................... 101 
Jeremias 14................................................... 108 
Jeremias 15................................................... 117 
Jeremias 16................................................... 124 
Jeremias 17................................................... 129 
Jeremias 18................................................... 136 
Jeremias 19................................................... 141 
Jeremias 20................................................... 146 
Jeremias 21................................................... 152 
Jeremias 22................................................... 157 
Jeremias 23................................................... 162 
Jeremias 24................................................... 171 
Jeremias 25................................................... 175 
Jeremias 26................................................... 183 
Jeremias 27................................................... 188 
Jeremias 28................................................... 193 
Jeremias 29................................................... 197 
Jeremias 30................................................... 203 
Jeremias 31................................................... 208 
Jeremias 32................................................... 225 
Jeremias 33................................................... 236 
Jeremias 34................................................... 242 
4 
Jeremias 35................................................... 247 
Jeremias 36................................................... 251 
Jeremias 37................................................... 258 
Jeremias 38................................................... 262 
Jeremias 39................................................... 269 
Jeremias 40................................................... 273 
Jeremias 41................................................... 276 
Jeremias 42................................................... 280 
Jeremias 43................................................... 284 
Jeremias 44................................................... 287 
Jeremias 45................................................... 293 
Jeremias 46................................................... 295 
Jeremias 47................................................... 300 
Jeremias 48................................................... 304 
Jeremias 49................................................... 311 
Jeremias 50................................................... 319 
Jeremias 51................................................... 327 
Jeremias 52................................................... 339 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Jeremias 1 
 
A Boca de Deus nos Profetas 
 
O pai de Jeremias era sacerdote, e como este 
era um cargo vitalício passado de pai para filho, 
na descendência de Arão, então Jeremias 
também estava sendo preparado para o 
sacerdócio quando lhe veio a palavra do Senhor, 
dando-lhe como profeta às nações. 
O próprio nome Jeremias era um nome 
profético, porque significa “chamado pelo 
Senhor” ou “a quem o Senhor designou”, ou 
ainda, “levantado pelo Senhor”, tal como foi 
profetizado acerca de Jesus como o Profeta que 
seria levantado do meio de Israel (Dt 18.15,18). 
Ninguém se faz profeta, pastor, evangelista, 
missionário, a não ser por um chamado, por 
uma designação, por um levantamento 
realizados pelo Senhor. 
O profeta, pastor, evangelista ou missionário 
receberá também mensagens da parte do 
Senhor para que sejam pregadas e ensinadas às 
pessoas às quais forem enviados por Ele. Tal 
como sucedeu com Jeremias, como se afirma no 
verso 9: 
“Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na 
boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as 
minhas palavras na tua boca.” 
Estas palavras que foram colocadas na boca de 
Jeremias, seriam as revelações que lhes seriam 
dadas da parte de Deus, especialmente os juízos 
contra o pecado de Judá e das nações. 
6 
O motivo desta chamada e desta ação divina em 
relação a Jeremias, foi também declarado pelo 
Senhor ao profeta, quando lhe disse que velava 
sobre a sua Palavra para a cumprir. 
O Senhor havia afirmado na Lei de Moisés que 
traria juízos sobre Israel e sobre as nações, no 
período da dispensação da Antiga Aliança, caso 
andassem desviados dos seus caminhos, e 
agora, tal como a vara de amendoeira era uma 
planta temporã, que florescia sem falta, antes 
das demais árvores, o juízo do Senhor também 
estava amadurecido e seria cumprido tal como 
Ele havia prometido. 
Este juízo contra Judá viria como um vapor 
fervente que sai de uma panela e que vinha 
desde a direção do Norte, porque seria de lá, de 
Babilônia, que viria a ruína de Judá, porque 
seriam levados para o cativeiro pelos babilônios 
e teriam suas cidades e o templo destruídos por 
eles. 
Jeremias conhecia a Palavra do Senhor, porque 
vivia numa cidade de sacerdotes (Anatote), e 
bem conhecia as ameaças de juízos da Lei contra 
a infidelidade de Israel, mas não contava que 
fosse exatamente ele um dos instrumentos 
chamados pelo Senhor para protestar 
diretamente contra as nações o cumprimento 
de todas aquelas ameaças previstas na Lei, e se 
sentiu pequeno demais para a grandeza e 
importância da tarefa que teria que realizar. 
 
Jeremias começou o seu ministério no décimo 
segundo ano do reinado de Josias, o qual 
começou a reinar cerca de 638 a. C., quando era 
7 
ainda menino, com apenas oito anos de idade, 
tendo reinado durante 31 anos. 
Então, Jeremias começou seu ministério por 
volta de 626 a. C., ou seja, treze anos após Josias 
ter começado a reinar. 
Como seu ministério se estendeu até Judá ter 
sido levado para o cativeiro em 586 a. C. e se 
prolongando ainda por um pequeno tempo 
depois disto, então temos um tempo superior a 
40 anos para a sua duração total. 
Foi somente no décimo oitavo ano do seu 
reinado que o rei Josias começou a empreender 
suas reformas religiosas em Judá, depois de ter 
sido achado o original do livro da Lei no templo 
(II Reis 22.3, 10). 
Nesta ocasião, Jeremias se encontrava no sexto 
ano do seu ministério, mas ainda não tinha sido 
feito notório ao rei, porque em vez de mandar 
consultá-lo acerca das ameaças contidas no 
livro da Lei, o rei mandou que fosse consultada 
a profetiza Hulda (II Reis 22.13,14). 
Nesta altura do nosso comentário nós 
lembramos das palavras proferidas pelo profeta 
Samuel ao rei Saul, quando este desobedecendo 
à ordem doSenhor poupou o rei Agague dos 
amalequitas, e os animais do seu rebanho sob o 
pretexto de que pretendia oferecê-los como 
sacrifício a Deus: 
“Tem porventura o Senhor tanto prazer em 
holocaustos e sacrifícios quanto em que se 
obedeça à sua Palavra?” (I Sm 15.22 a). 
Realmente este é o único modo de se servir e 
agradar ao Senhor, a saber, honrar e cumprir a 
sua Palavra. 
8 
Foi isto que o rei Josias se dispôs a fazer quando 
o livro da lei foi achado no templo pelo sacerdote 
Hilquias. 
Por que havia tantos altares espalhados em 
todas as nações, como também em Israel e Judá? 
Por que eram oferecidos tantos sacrifícios e 
tanto incenso era queimado nestes altares? 
Não era porque eles queriam alcançar o favor 
dos seus deuses? 
Sim, não há dúvida. Eram dias de muitas 
guerras, muitas enfermidades e poucos 
recursos médicos, e não eram raras as mortes 
por simples infecções. 
Então tudo isto chamava a necessidade da 
proteção de um ser superior, de uma divindade 
à qual se pudesse recorrer, não somente na hora 
da necessidade, mas em todo o tempo para se 
prevenir do mal. 
Mas, por que os israelitas faziam isto sabendo 
que o Senhor o havia proibido expressamente 
na Lei de Moisés e mostrava o seu desagrado 
pelas palavras dos profetas e de todos os juízos 
que trazia sobre eles? 
Simplesmente porque lhes era mais cômodo 
seguir os costumes das nações pagãs e 
continuarem fazendo a própria vontade 
pecaminosa e supersticiosa deles do que se 
submeterem aos mandamentos e à vontade do 
Senhor. 
Este é basicamente o problema com a maioria 
da humanidade até os dias de hoje, porque não 
consegue entender que não é possível ter as 
bênçãos de Deus e agradar-Lhe quando não se 
9 
vive para obedecer a sua Palavra, tal como o 
profeta Samuel havia dito ao rei Saul. 
Nós podemos assim entender porque não há 
qualquer eficácia diante do Senhor no simples 
fato de alguém entrar num templo e se 
submeter aos ritos religiosos que ali se 
praticam, quando não se tem este caminhar na 
sua presença, por um desejo de se cumprir os 
seus mandamentos, sabendo que não é o mero 
rito religioso que lhe agrada, senão a verdadeira 
obediência da sua Palavra. 
Isto não mudou na dispensação da graça, 
porque tanto no Antigo, quanto no Novo 
Testamento, se aprende sobre a vontade 
imutável de um Deus imutável quanto à 
obediência que é devida à sua Palavra. 
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas 
palavras e as põe em prática, será comparado a 
um homem prudente, que edificou a casa sobre 
a rocha.” (Mt 7.24). 
“E assim por causa da vossa tradição 
invalidastes a palavra de Deus.”Mt 15.6). 
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras 
não passarão.” (Mc 13.31). 
“Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e 
meus irmãos são estes que ouvem a palavra de 
Deus e a observam.” (Lc 8.21). 
“Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os 
que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lc 
11.28). 
“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: 
Se vós permanecerdes na minha palavra, 
verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo 
8.31). 
10 
“Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por 
isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.” 
(Jo 8.47). 
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas 
palavras, já tem quem o julgue; a palavra que 
tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo 
12.48). 
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, 
guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e 
viremos a ele, e faremos nele morada.” (Jo 14.23). 
“Se vós permanecerdes em mim, e as minhas 
palavras permanecerem em vós, pedi o que 
quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7). 
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a 
verdade.” (Jo 17.17). 
 “E sede cumpridores da palavra e não somente 
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tg 
1.22). 
“mas qualquer que guarda a sua palavra, nele 
realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. 
“Aquele que tem os meus mandamentos e os 
guarda, esse é o que me ama; e aquele que me 
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me 
manifestarei a ele.” (Jo 14.21). 
Quando lemos todos estes textos bíblicos 
sacados do Novo Testamento sobre a 
necessidade de se guardar a Palavra de Deus, é 
que nós podemos entender melhor de que 
espírito estava imbuído o rei Josias. 
Ele queria agradar ao Senhor completamente, e 
percebeu que havia somente um modo de fazê-
lo: por uma estrita obediência aos seus 
mandamentos. 
11 
Por um desejo intenso de guardá-los em todas as 
suas minúcias, sabendo que eles expressam a 
vontade do Deus Altíssimo para todos os seus 
filhos. 
Não faz justiça à piedade de Josias pensar que ele 
se dispôs a guardar a Palavra de Deus somente 
porque temeu os juízos que estavam proferidos 
na Lei de Moisés sobre o pecado que Deus traria 
sobre os judeus, por terem transgredido os seus 
mandamentos, e em razão das ameaças dos 
castigos previstos na Lei. 
Obviamente que tais juízos encheram de temor 
o seu coração mas foi por um genuíno amor à 
vontade do Senhor revelada na sua Palavra que 
ele se dispôs completamente a praticá-la. 
Por que então teria o Senhor determinado o 
cativeiro de Judá, mesmo nos dias em que Josias 
empreendia suas reformas religiosas, e de estar 
se agradando tanto da vida deste rei piedoso? 
Nós achamos a resposta para esta pergunta em 
II Reis 23, no qual podemos ver quantas 
abominações havia em Judá quando o rei Josias 
começou a destruí-las; e ao mesmo tempo, o 
quanto os judeus estavam negligenciando as 
ordenanças da Lei de Moisés, como por 
exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa; 
da qual se diz no verso 22, que não vinha sendo 
celebrada desde os dias dos Juízes. 
O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as 
transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par 
dos juízos que trouxe sobre eles por causa destas 
transgressões, demonstra quão grandes são 
realmente a sua misericórdia e longanimidade, 
pois não estamos falando de dias, mas de 
12 
séculos, porque desde Moisés até Josias, nós 
temos cerca de 800 anos. 
Deve ser considerado que a par de que eles 
seriam levados para o cativeiro, e até mesmo de 
terem ficado sem profetas durante os 400 anos 
do período interbíblico, e ainda, depois de terem 
sido espalhados pelo mundo após 70 d. C., Deus 
não havia rejeitado definitivamente os judeus, 
conforme é afirmado pelo apóstolo Paulo no 11º 
capítulo da epístola aos Romanos (v. 1 a 6); e nos 
versículos 11 e 12 deste mesmo capítulo, ele 
expõe que o motivo de os israelitas terem 
tropeçado já havia sido previsto por Deus de 
maneira a poder se voltar também para os 
gentios, mas não deixando a Israel de lado, 
porque foi este povo que Ele havia plantado para 
trazer através dele a salvação a todo o mundo. 
Como poderia então o Senhor rejeitar 
definitivamente a quem havia formado e 
elegido para tão grande vocação de ser bênção 
para o mundo? 
E sem qualquer outra consideração somente o 
fato de termos recebido através deles as 
Escrituras já justifica a importância desta nação 
para Deus. 
Por isso, a salvação em Cristo sempre 
permanecerá aberta para eles, e até mesmo com 
prioridade, conforme o próprio Deus 
estabeleceu no princípio da pregação do 
evangelho, porque o mundo tem uma dívida 
para com os judeus, e não admira portanto que 
esta porta para a salvação esteja aberta para eles 
para serem enxertados de novo na oliveira santa 
e na videira verdadeira que é o Senhor Jesus 
13 
(Rom 11.23), da qual, na verdade, eles nunca 
teriam sido cortados se permanecessem na 
fidelidade que é devida ao Senhor. 
Então, nós só podemos entender que o brasume 
da sua ira demonstrado contra os judeus nos 
dias de Josias, mesmo em meio às reformas que 
aquele rei estava empreendendo tinha a ver 
com a visitação dos pecados deles para serem 
purificados da sua idolatria, como efetivamente 
foram depois de terem sido levados cativos para 
Babilônia, porque os que retornaram de 
Babilônia para Jerusalém 70 anos depois do 
cativeiro, podemser chamados de fato de 
judeus novos, porque demonstravam agora um 
grande apreço pela Palavra do Senhor e haviam 
sido curados definitivamente do pecado da 
idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes 
e dos Reis de Israel. 
De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26 
e 27 de II Reis 23, que o Senhor, apesar de toda a 
fidelidade de Josias, não se demoveu do ardor da 
sua grande ira, com que ardia contra Judá, e que 
o levara a decidir por expulsá-los da terra, tanto 
como fizera ao reino de Israel, não significava 
que não estivesse se agradando das coisas que 
Josias e muitos do povo estavam fazendo para 
obedecer a sua Palavra, mas que não seria isto 
que suspenderia os juízos previstos na Lei, 
quanto a serem expulsos da terra, porque na sua 
presciência o Senhor sabia que sempre 
continuariam idolatrando, e somente seriam 
convencidos de que foi a idolatria deles a causa 
do seu desagrado e juízos, quando fossem 
conduzidos para o cativeiro, onde aprenderiam 
14 
definitivamente que é uma vida reta com Deus 
que livra do mal, e não altares, templos etc, 
porque Ele permitiria que o próprio templo de 
Jerusalém fosse totalmente destruído e 
saqueado pelos babilônios. 
Foi por isso que antes de fazê-lo Ele lhos 
anunciou pelos profetas, dizendo que não 
somente rejeitaria ao seu povo como ao seu 
próprio templo que ele mandara edificar nos 
dias de Salomão, e para este propósito Jeremias 
havia sido também levantado por Deus. 
Ele havia sido separado (santificado – v. 5) por 
Deus para o ofício profético desde antes de ter 
sido formado no ventre, ou seja, desde antes da 
fundação do mundo, conforme seu conselho 
eterno. 
A incapacidade que Jeremias sentiu para o 
exercício da função para a qual estava sendo 
designado, confirmava que de fato aquele era 
um trabalho para ser feito pelo próprio poder de 
Deus através dele, de maneira que ao dizer que 
não sabia falar porque era um menino (v. 6), não 
foi duramente repreendido pelo Senhor, mas 
apenas advertido para que não dissesse que era 
um menino, porque deveria ir a todos aos quais 
fosse enviado por Ele, e lhes dizer tudo quanto 
Lhe ordenasse para ser dito (v. 7), e que não 
deveria temer a face do homem, porque seria 
com ele para livrá-lo deles (v. 8). 
Jeremias foi capacitado e ungido por Deus para 
o ministério, quando o Senhor estendeu a sua 
mão e lhe tocou a boca dizendo que estava 
colocando as suas palavras na sua boca (v. 9). E 
lhe instruiu quanto à autoridade que lhe estava 
15 
conferindo para arrancar e derrubar nações, 
porque seria por sua boca, que o Senhor 
profetizaria sobre a queda de Judá, de Babilônia 
e de outros reinos, bem como acerca daqueles 
que passariam a exercer domínio na terra. 
Não somente isto, ele também receberia 
autoridade para profetizar o que seria destruído 
e arruinado nas nações, como consequência dos 
juízos de Deus, bem como proferiria promessas 
consoladoras quanto ao que haveria de ser 
restaurado e plantado pelo Senhor no futuro, 
especialmente a restauração de Judá, depois de 
cumpridos os setenta anos determinados para o 
seu cativeiro, conforme foi revelado a Jeremias 
(v. 10). 
Não foi um ancião que Deus chamou para 
protestar contra o pecado das nações, e 
especialmente de Judá, mas um jovem, porque 
os últimos quarenta anos de existência do reino 
de Judá, antes do cativeiro, deveriam ser 
acompanhados pelo profeta. Ele envelheceria 
durante a realização do seu ministério sendo 
um sinal de Deus que o juízo seria amadurecido 
também até o ponto de ser cumprido sobre toda 
a nação pecadora. 
Jeremias não deveria portanto temer ser 
menosprezado por sua juventude porque o 
poder do Senhor seria com ele, revelando a Judá 
que jovens tais como Jeremias e o próprio rei 
Josias, podiam e deviam viver uma vida 
consagrada a Ele, coisa que estava sendo 
rejeitada pela grande maioria dos judeus, 
quando isto era um dever de todos eles, na 
condição de povo da aliança. 
16 
De tal maneira Jeremias foi fiel no cumprimento 
da missão de falar as palavras que Deus 
colocasse em sua boca, que tudo o que recebera 
da parte dele se encontra registrado na Bíblia 
como Escritura eterna. 
A Palavra de Deus continuava sendo produzida 
nesta época, e seria fechada no Antigo 
Testamento somente com o profeta Malaquias. 
É importante trazer isto em lembrança, para 
sabermos que o caráter da chamada de Jeremias 
era algo diferente da chamada comum de 
pastores e outros ministros do evangelho, 
porque somente a eles (profetas) e aos apóstolos 
de Cristo, foi dada a honra de receberem as 
revelações de Deus que são imutáveis, e que 
foram registradas por escrito para a instrução 
do seu povo na verdade, vindo a ser 
reconhecidas como a sua Palavra autorizada e 
canônica, para todas as gerações, Palavra esta 
que temos a incumbência de pregar, ensinar e 
defender, porque é questão fechada que a 
ninguém mais Deus estará revelando qualquer 
nova verdade que já não se encontre registrada 
na Bíblia. 
Uma vez comissionado o profeta, Deus lhe deu 
instruções quanto ao posicionamento que 
deveria ter dali por diante. 
Ele deveria ser achado cingido e firmemente de 
pé, para lhes dizer tudo quanto lhe ordenasse, e 
que não ficasse espantado diante deles, porque 
senão ele próprio seria espantado por Deus 
diante deles, ou seja, não Lhe daria a graça e 
autoridade necessárias para o desempenho da 
sua função, de maneira que viria então a ser 
17 
menosprezado e envergonhado diante daqueles 
contra os quais pronunciaria os juízos de Deus 
(v. 17). 
Todavia, não deveria temer porque o Senhor 
havia feito dele uma cidade fortificada com 
colunas de ferro e muros de bronze, capaz de 
suportar os ataques que lhes viessem de todas as 
partes da terra, e especialmente dos reis de 
Judá, seus príncipes, sacerdotes, bem como de 
todo o povo, que não andasse debaixo do temor 
do Senhor e que se voltasse contra Jeremias com 
fúria, para pelejar contra ele. 
Contudo o Senhor lhe fez a promessa que eles 
lutariam contra ele e o perseguiriam mas não 
poderiam prevalecer, porque o Senhor estaria 
com ele para livrá-lo (v. 19). 
O mesmo que Deus fez com Jeremias fez com 
Paulo, e com todos os servos que tem chamado 
para pregarem o evangelho e protestarem 
contra os pecados dos homens e das nações, 
para que se arrependam e se convertam a Jesus 
Cristo. 
 
“1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um 
dos sacerdotes que estavam em Anatote, na 
terra de Benjamim; 
2 ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de 
Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo 
terceiro ano do seu reinado; 
3 e lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho 
de Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo 
de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que 
Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto 
mês. 
18 
4 Ora veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 
5 Antes que eu te formasse no ventre te conheci, 
e antes que saísses da madre te santifiquei; e às 
nações te dei por profeta. 
6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não 
sei falar; porque sou um menino. 
7 Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou 
um menino; porque a todos a quem eu te enviar, 
irás; e tudo quanto te mandar dirás. 
8 Não temas diante deles; pois eu seu contigo 
para te livrar, diz o Senhor. 
9 Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na 
boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as 
minhas palavras na tua boca. 
10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e 
sobre os reinos, para arrancares e derribares, 
para destruíres e arruinares; e também para 
edificares e plantares. 
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 
Que é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma 
vara de amendoeira. 
12 Então me disse o Senhor: Viste bem; porque 
eu velo sobre a minha palavra para a cumprir. 
13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, 
dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma 
panela a ferver, que se apresenta da banda do 
norte.14 Ao que me disse o Senhor: Do norte se 
estenderá o mal sobre todos os habitantes da 
terra. 
15 Pois estou convocando todas as famílias dos 
reinos do norte, diz o Senhor; e, vindo, porá cada 
um o seu trono à entrada das portas de 
19 
Jerusalém, e contra todos os seus muros em 
redor e contra todas as cidades de Judá. 
16 E pronunciarei contra eles os meus juízos, por 
causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a 
mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, 
e adoraram as obras das suas mãos. 
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e 
dize-lhes tudo quanto eu te ordenar; não te 
espantes diante deles, para que eu não te 
infunda espanto diante deles. 
18 Eis que hoje te ponho como cidade fortificada, 
e como coluna de ferro e muros de bronze 
contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra 
os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e 
contra o povo da terra. 
19 E eles pelejarão contra ti, mas não 
prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o 
Senhor, para te livrar.”. (Jeremias 1.1-19) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
Jeremias 2 
 
As Batalhas do Amor 
 
Se não tivermos diante de nossos olhos o 
propósito principal para o qual Deus criou o 
homem, que é o de adorá-lo, de estar em 
comunhão com Ele, em amor, e em plena 
alegria, e santidade, jamais poderemos 
entender o teor das palavras de repreensão 
dirigidas ao povo de Judá, no segundo capítulo 
de Jeremias, que mais parecem um lamento do 
que uma repreensão. 
Não poderemos também entender esta 
mensagem se nos falta a devida santidade de 
vida, e espiritualidade, porque as coisas aqui 
tratadas são espirituais e não carnais, 
sobrenaturais e não naturais. 
A expressão da alegria espiritual que se vê na 
face de Deus quando está em comunhão com o 
seu povo, quando este anda em seus caminhos, 
não pode ser vista a não ser por uma experiência 
real e pessoal disto, senão veremos ao Senhor 
como um Deus carrancudo e impaciente com 
nossas fraquezas, quando isto não é verdade e 
não corresponde ao seu caráter. 
Deus é bom, puro, alegre, amável, gentil, 
amoroso, mas não pode, por causa da sua 
perfeita justiça, ser conivente com o erro 
deliberado, com o espírito de rebeldia que 
endurece o coração do homem e que o leva a 
viver por escolha, debaixo da escravidão do 
pecado. 
21 
Deus quer manifestar sua alegria, seu amor, sua 
misericórdia e bondade, mas como poderá fazê-
lo para com aqueles que lutam contra Ele e 
contra sua vontade, como inimigos ferrenhos? 
Podemos dizer que Deus criou o homem para se 
alegrarem mutuamente. Mas que alegria pode 
ter um pai com um filho rebelde? Este é o ponto, 
para que possamos entender não apenas as 
repreensões do segundo capítulo de Jeremias, 
bem como as que permeiam toda a Bíblia. 
Então é basicamente a tristeza de Deus por 
causa dos pecados do seu povo, que impediam a 
comunhão com eles, o que encontramos em 
Jeremias 2. 
Por isso somos exortados na Igreja de Cristo a 
também não entristecermos o Espírito Santo 
com os nossos pecados, porque é o pecado que 
quebra a nossa comunhão com Deus, e por 
conseguinte, a possibilidade de nos alegrarmos 
nele, e Ele em nós. 
“mas as vossas iniquidades fazem separação 
entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados 
esconderam o seu rosto de vós, de modo que não 
vos ouça.” (Is 59.2) 
Quanto os judeus haviam desprezado ao Senhor 
com as suas idolatrias e injustiças! 
Quanto haviam desprezado a aliança que havia 
feito com eles! 
Ele lhes havia dado esta grande honra, e no 
entanto, eles a haviam desprezado totalmente. 
Deus tem proposto uma aliança com os homens 
de todas as nações, por meio do sangue de 
Cristo, mas a grande maioria da humanidade 
tem desprezado este sangue precioso, e tão 
22 
maravilhosa aliança, que livra da morte eterna 
para a vida eterna; das trevas para a luz; da 
escravidão para a liberdade. 
Deveríamos aprender então, desta primeira 
mensagem que foi dada por Deus para ser 
proclamada aos judeus, para não incorrermos 
nos mesmos erros deles, e consequentemente, 
cairmos no desagrado de Deus, em vez de 
agradá-lo. 
Primeiro, devemos evitar a ingratidão por todo o 
amor que o Senhor tem por nós, e por todos os 
livramentos que nos tem dado, tal como fizera 
com Israel no passado, e os judeus dos dias de 
Jeremias haviam esquecido de trazer isto em 
lembrança (v. Jer 2.2; 3). 
Em segundo lugar, o Senhor jamais fará 
qualquer injustiça, especialmente no tocante ao 
seu povo. Então porque deixamos Aquele que é 
perfeitamente justo, para seguirmos nossos 
caminhos e pensamentos de vaidade? (v. 5) 
Além disso, por que não buscamos o Senhor 
todos os dias de nossas vidas, lembrando os seus 
poderosos feitos relativos à sua Igreja, tal como 
havia feito com Israel no passado? (v. 6) 
Como podemos esquecer que ainda que 
tenhamos que trabalhar, semeando, juntando 
em celeiros, comendo o pão com o suor do rosto, 
no entanto, não é o Senhor que faz brotar o pão 
da terra? 
Como podemos dar as costas para um Deus 
provedor que garante a nossa subsistência? 
Usaremos a terra que ele nos tem dado por 
herança, para praticarmos nela abominações, 
contaminando-a com os nossos pecados? (v. 7) 
23 
Nos dias de Jeremias, até mesmo os sacerdotes 
haviam deixado de buscar ao Senhor, e apesar 
de terem o encargo de ensinarem a sua Palavra, 
não O conheciam, de modo que os governantes 
não eram justos e prevaricavam contra o 
Senhor, e falsos profetas profetizaram por Baal, 
e falando de coisas que não são de qualquer 
proveito (v. 8). 
Portanto, o Senhor tinha uma contenda com 
eles, e até mesmo com as gerações que se 
levantariam depois deles, porque Ele, o Senhor, 
não muda (v. 9). 
Nenhuma nação pagã da terra havia renegado 
os seus falsos deuses e continuavam adorando 
fielmente as obras das suas próprias mãos, 
contudo, Israel havia abandonado o único Deus 
verdadeiro, que havia entrado em aliança 
somente com eles, e não com qualquer outra 
nação da terra (v. 10,11). 
Como eles não poderiam ficar espantados com 
o horror desta realidade, por causa do 
endurecimento no pecado, então o Senhor 
apelou para os céus, onde há somente verdade, 
e seres santos, para que ficassem horrorizados e 
desolados com tal impiedade dos judeus, 
porque não somente haviam abandonado o 
Senhor, o manancial da vida eterna, como 
estavam tentando fazer valer a sua própria 
forma de adoração de Deus, baseada nas 
idolatrias e abominações que eles praticavam, e 
que haviam adotado no lugar da Palavra do 
Senhor (v. 12,13). 
Israel fora libertado do Egito para não mais ser 
servo, no entanto, haviam escolhido 
24 
permanecer debaixo de escravidão, tal como os 
crentes gálatas nos dias de Paulo (Gál 5.1). 
Então os de Judá, deveriam aprender com os 
juízos que vieram sobre Israel (Reino do Norte), 
cujas terras se encontravam desoladas nos dias 
de Jeremias, por que haviam sido levados para o 
cativeiro pelos assírios desde 722 a. C., ou seja, 
cerca de 100 anos antes de Jeremias ter 
começado o seu ministério (v. 14-16). 
Como Judá havia abandonado ao Senhor, tanto 
como havia feito Israel, então seriam também 
alvo do mesmo tipo de juízo que eles haviam 
sofrido, porque seriam castigados por causa da 
sua malícia, e repreendidos por causa das suas 
apostasias, de modo que pudessem entender 
quão duro e amargo é o povo de Deus lhe voltar 
as costas, porque Ele não deixará de castigá-lo, 
assim como um pai faz com o seu filho. 
Eles veriam quão amargo é não ter o temor de 
Deus diante de si, porque quando se perde o 
temor do Senhor, automaticamente se deixa de 
andar nos seus caminhos, porque Ele passa a ser 
tido por nada, por aqueles que se deixam 
enredar pelo pecado. 
Judá, de há muito, havia quebrado o jugo da 
obediência devida ao Senhor, e tudo o que o 
ligava a Ele, decidindo voluntariamente não 
servi-lo mais, para poder se entregar às suas 
práticas idolátricas (v. 20). 
Como puderam fazer uma talcoisa, uma vez que 
haviam sido plantados pelo próprio Senhor, de 
uma semente inteiramente fiel, ou seja, dos 
seus patriarcas, que eram homens de fé, e em 
vez de permanecerem na sua vocação, 
25 
acabaram se tornando numa planta degenerada 
(v. 21). 
Judá não poderia purificar a si mesma, e ainda 
que o tentasse, a mancha da iniquidade deles 
permaneceria diante de Deus (v. 22). 
Somente a justiça do Senhor, quando nos é 
concedida por graça e misericórdia, pode nos 
purificar de nossas impurezas (v. 22). 
Se tal era a grandeza do pecado de Judá, como 
podiam continuar afirmando que não estavam 
contaminados, e mentindo que não haviam 
andado após Baal? 
No entanto, nada escapa aos olhos do Senhor, e 
ele conhecia todos os lugares escondidos do 
vales onde fizeram suas ofertas aos demônios, 
pensando que não sendo vistos pelos homens, 
não estavam sendo vistos pelo Deus onisciente, 
que tudo sabe e vê (v. 23). 
Judá não vivia pelo espírito, mas pelos instintos 
naturais, de modo que sempre estaria pronta 
para o pecado, e para toda adoração de natureza 
carnal (v. 24). Qualquer tentação que lhes viesse 
não poderia ser, portanto, vencida por eles. 
Judá estava correndo para os seus amantes 
espirituais (ídolos e falsos deuses) mas é 
lembrada que deveria evitar a que viesse a andar 
descalço e com sede, porque quando fosse 
levado para o cativeiro por causa dos seus 
pecados, já não correria mais com os pés 
calçados para os seus ídolos, e saciada em sua 
sede, porque seriam conduzidos para uma terra 
estranha com os pés descalços e teriam sede na 
longa caminhada que teriam que fazer à pé, para 
a terra do cativeiro (v. 25). 
26 
Eles seriam surpreendidos, como alguém que 
tem a sua casa arrombada inesperadamente por 
um ladrão. Assim ficariam os reis, os príncipes, 
os sacerdotes e os profetas de Judá que estavam 
idolatrando e chamando ao pau e à pedra de seu 
pai. 
Quando o juízo lhes sobreviesse e se 
encontrando em angústia se voltariam para o 
Senhor lhe pedindo que os livrasse, mas teriam 
como resposta da parte dele que fossem buscar 
tal auxílio nos deuses que vinham adorando (v. 
26-28). 
Ninguém poderia livrar Judá dos juízos 
pronunciados pelo Senhor, nem mesmo as 
nações com as quais tentariam entrar em 
aliança para serem livrados de Babilônia, como 
por exemplo a Assíria e o Egito. 
Eles haviam desprezado as correções do Senhor, 
e lhe haviam abandonado por inumeráveis dias, 
de modo que nada poderia lhes livrar da 
sentença do cativeiro, nem mesmo as reformas 
que o rei Josias estava empreendendo no país. 
Deus conhece o coração, e sabia que eles 
estavam somente se sujeitando externamente 
às ordenanças do citado rei. 
Eles estavam se arrependendo 
superficialmente, mas não de coração, 
conforme podemos ver em todo o livro do 
profeta Jeremias, que ultrapassou em muitos 
anos o período de reinado de Josias. 
Judá se proclamava um povo livre, e portanto 
não queria se submeter aos mandamentos de 
Deus. Isto nos faz lembrar muito aqueles na 
Igreja que a pretexto de estarem debaixo da 
27 
graça, são, no entanto, livres para continuarem 
pecando. 
Até mesmo as vestes de muitos em Judá 
estavam manchadas pelo sangue de crianças 
inocentes, que haviam sido oferecidas como 
sacrifício à divindade moabita, chamada 
Moloque, e apesar disso ainda se diziam 
inocentes, e que não haveria nenhuma ira de 
qualquer juízo de Deus sobre eles. 
Todavia o Senhor entraria em juízo com eles, 
exatamente porque estavam afirmando que não 
haviam pecado (v. 34, 35). Quando o homem se 
endurece e considera que não necessita de 
arrependimento, como poderá ser perdoado 
por Deus? 
 
UMA BREVE REFLEXÃO PARA ENTENDER AS 
CONTENDAS DE DEUS COM O HOMEM 
PECADOR 
 
Não se trata de uma batalha física. Não é uma 
guerra ao molde humano, com canhões e 
mísseis. 
Se fosse algo de ordem de mera conquista de 
territórios, ou de se submeter uma nação ao 
jugo da servidão, Deus poderia fazê-lo com um 
simples sopro de sua boca. 
Se quisesse destruir toda a humanidade de 
sobre a face da terra, poderia fazê-lo num único 
instante. 
Mas nunca foi este o seu objetivo na contenda 
que tem com a humanidade pecaminosa. 
Sua guerra é de cunho moral e de santidade. 
28 
Sua vitória está em conduzir o homem decaído 
no pecado, à sua própria santidade. 
As batalhas desta guerra são empreendidas para 
submeter o mal e estabelecer o bem, não no 
exterior, mas no coração de cada pessoa. 
As armas são espirituais: oração, louvor, 
pregação da verdade. 
O campo de batalha é o coração humano. 
O motivo da guerra é o amor de Deus pela 
humanidade criada por Ele, para viver no amor, 
na justiça e na verdade. 
 
“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 
2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, 
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a 
favor de ti, da devoção da tua mocidade, do teu 
amor quando noiva, de como me seguiste no 
deserto, numa terra não semeada. 
3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias 
da sua novidade; todos os que o devoravam eram 
tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o 
Senhor. 
4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e 
todas as famílias da casa de Israel; 
5 assim diz o Senhor: Que injustiça acharam em 
mim vossos pais, para se afastarem de mim, 
indo após a vaidade, e tornando-se levianos? 
6 Eles não perguntaram: Onde está o Senhor, 
que nos fez subir da terra do Egito? que nos 
enviou através do deserto, por uma terra de 
ermos e de covas, por uma terra de sequidão e 
densas trevas, por uma terra em que ninguém 
transitava, nem morava? 
29 
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para 
comerdes o seu fruto e o seu bem; mas quando 
nela entrastes, contaminastes a minha terra, e 
da minha herança fizestes uma abominação. 
8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o 
Senhor? E os que tratavam da lei não me 
conheceram, e os governadores prevaricaram 
contra mim, e os profetas profetizaram por Baal, 
e andaram após o que é de nenhum proveito. 
9 Portanto ainda contenderei convosco, diz o 
Senhor; e até com os filhos de vossos filhos 
contenderei. 
10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede; enviai a 
Quedar, e atentai bem; vede se jamais sucedeu 
coisa semelhante. 
11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses, 
que contudo não são deuses? Mas o meu povo 
trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum 
proveito. 
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! 
ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. 
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim 
me deixaram, o manancial de águas vivas, e 
cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que 
não retêm as águas. 
14 Acaso é Israel um servo? É ele um escravo 
nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa? 
15 Os leões novos rugiram sobre ele, e 
levantaram a sua voz; e fizeram da terra dele 
uma desolação; as suas cidades se queimaram, e 
ninguém habita nelas. 
16 Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te 
quebraram o alto da cabeça. 
30 
17 Porventura não trouxeste isso sobre ti 
mesmo, deixando o Senhor teu Deus no tempo 
em que ele te guiava pelo caminho? 
18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do 
Egito, para beberes as águas do Nilo? e que te 
importa a ti o caminho da Assíria, para beberes 
as águas do Eufrates? 
19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias 
te repreenderão; sabe, pois, e vê, que má e 
amarga coisa é o teres deixado o Senhor teu 
Deus, e o não haver em ti o temor de mim, diz o 
Senhor Deus dos exércitos. 
20 Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste 
as tuas ataduras, e disseste: Não servirei: Pois 
em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore 
frondosa te deitaste, fazendo-te prostituta. 
21 Todavia eu mesmo te plantei como vide 
excelente, uma semente inteiramente fiel; 
como, pois, te tornaste para mim uma planta 
degenerada, de vida estranha? 
22 Pelo que, ainda que te laves com salitre, e 
uses muito sabão, a mancha da tua iniquidade 
está diante de mim,diz o Senhor Deus. 
23 Como dizes logo: Não estou contaminada 
nem andei após Baal? Vê o teu caminho no vale, 
conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, 
que anda torcendo os seus caminhos; 
24 asna selvagem acostumada ao deserto e que 
no ardor do cio sorve o vento; quem lhe pode 
impedir o desejo? Dos que a buscarem, nenhum 
precisa cansar-se; pois no mês dela, achá-la-ão. 
25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua 
garganta tenha sede. Mas tu dizes: Não há 
31 
esperança; porque tenho amado os estranhos, e 
após eles andarei. 
26 Como fica confundido o ladrão quando o 
apanham, assim se confundem os da casa de 
Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os 
seus sacerdotes, e os seus profetas, 
27 que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu 
me geraste. Porque me viraram as costas, e não 
o rosto; mas no tempo da sua angústia dir-me-
ão: Levanta-te, e livra-nos. 
28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste 
para ti? Que se levantem eles, se te podem livrar 
no tempo da tua tribulação; porque os teus 
deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas 
cidades. 
29 Por que disputais comigo? Todos vós 
transgredistes contra mim diz o Senhor. 
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não 
aceitaram a correção; a vossa espada devorou os 
vossos profetas como um leão destruidor. 
31 Oh! Que geração! Considerai vós a palavra do 
Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel 
um deserto? ou uma terra de espessa 
escuridão? Por que pois diz o meu povo: somos 
livres; jamais tornaremos a ti? 
32 Porventura esquece-se a virgem dos seus 
enfeites, ou a esposa do seu cinto? todavia o meu 
povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias. 
33 Como ornamentas o teu caminho, para 
buscares o amor! de sorte que até às malignas 
ensinaste os teus caminhos. 
34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o 
sangue dos pobres inocentes; e não foi no lugar 
32 
do arrombamento que os achaste; mas apesar 
de todas estas coisas, 
35 ainda dizes: Eu sou inocente; certamente a 
sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em 
juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei. 
36 Por que te desvias tanto, mudando o teu 
caminho? Também pelo Egito serás 
envergonhada, como já foste envergonhada 
pela Assíria. 
37 Também daquele sairás com as mãos sobre a 
tua cabeça; porque o Senhor rejeitou aqueles 
em quem confiaste, e não prosperarás com 
eles.”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
Jeremias 3 
 
Volta Para Mim Esposa Infiel 
 
O terceiro capítulo de Jeremias revela quão 
compassivo, longânimo, misericordioso e 
perdoador é o Senhor. 
Apesar de toda a grande maldade de Judá, 
conforme descrita por Ele próprio no capítulo 
anterior, nós o vemos no segundo capítulo 
estendendo sua mão, não para castigar, mas 
para chamar, para convidar Judá ao 
arrependimento. 
Ele o faz, não em base de desconsideração para 
com o pecado, porque protesta que estava 
estendendo as mãos para uma nação infiel que 
estava se prostituindo. 
Era como um marido traído se dispondo a 
perdoar uma esposa infiel. 
Somente pelo apelo deste capítulo se vê quão 
endurecido estava o povo de Judá, porque seria 
impossível, recusar a um tal convite. 
Com isto nós vemos quão excessivamente 
maligno é o pecado, quanto a nos impedir de 
receber a graça e o perdão de Deus. 
Não é exatamente isto o que ocorre com a 
pessoas que recusam a graça do evangelho que 
lhes está sendo oferecida em Cristo Jesus? 
É a mesma base quanto ao convite para a 
aproximação, porque não são pessoas justas que 
Deus está chamando, mas pecadores que têm 
transgredido os seus mandamentos e vontade. 
34 
Pessoas que têm uma natureza que é inimiga de 
Deus e dos seus santos e justos mandamentos. 
Pessoas que têm deliberadamente voltado as 
suas costas para Ele, apesar de lhes estar 
oferecendo gratuitamente um perdão infinito, 
que lhe custou um preço terrível e infinito: a 
morte de seu Filho Jesus Cristo na cruz, 
carregando sobre Si os nossos pecados. 
O rei Josias estava empreendendo as suas 
reformas religiosas em Judá, e o Senhor 
interpôs com esta mensagem de Jeremias, para 
que os judeus se voltassem realmente de 
coração para Ele, e não apenas externamente, 
em cumprimento de ritos religiosos, e por 
destruírem os ídolos de madeira e de pedra que 
haviam feito para si. 
Além disso, não basta destruir os ídolos no 
coração, porque é necessário adorar ao Senhor 
em espírito e em verdade. 
O rei Josias não podia saber o que ia na verdade 
no coração do povo, mas o Senhor conhece 
perfeitamente a corrupção do coração, e por 
isso disse para ilustrar tal dureza no pecado, o 
fato de Judá não ter aprendido com os juízos que 
haviam sido trazidos por Ele sobre Israel; ao 
contrário, se entregaram às mesmas práticas 
idolátricas deles, e agora estavam fingindo nos 
dias de Josias, ter deixado a idolatria, que na 
verdade continuava em seus corações (v. 10). 
Eles fingiram que estavam voltando para o 
Senhor, e portanto, não o estavam fazendo de 
todo o coração. 
Se o rei não podia ver isto, no entanto, era 
perfeitamente conhecido por Deus. 
35 
O pecado de Judá era maior do que o de Israel, 
porque não tiveram a oportunidade de 
aprenderem com qualquer juízo de cativeiro 
que Deus tivesse trazido sobre Judá, porque 
foram para o cativeiro antes deles (Jer 3.11). 
Então, o Senhor se voltou em misericórdias 
também para os próprios israelitas que tinham 
sido levados em cativeiro pelos assírios, lhes 
rogando que voltassem para Ele, não 
necessariamente que saíssem da terra do 
cativeiro, onde estavam obrigados a se 
encontrar, mas que o fizessem em espírito, de 
coração, que Ele os receberia (v. 11-13), e no 
tempo próprio, o Senhor, libertaria os que se 
arrependessem e os traria a Sião, quando esta 
fosse restaurada depois do cativeiro babilônico, 
e ali lhes daria pastores segundo o seu coração, 
que lhes apascentariam com conhecimento e 
com inteligência das coisas divinas (v. 15). 
Esta profecia relativa aos pastores devotados ao 
Senhor se aplica mais especificamente ao 
tempo do evangelho, porque se diz no verso 
seguinte (Jer 3.16) que não haveria mais 
necessidade de se cultuar a Deus com uma arca 
da aliança, que representava a sua presença no 
meio do seu povo, tal como sucedia nos dias do 
Antigo Testamento, e nem haveria necessidade 
de que se construísse outra, porque isto não 
seria necessário nem ordenado por Ele. 
Os adoradores do Senhor no Novo Pacto não o 
fariam tendo a arca da aliança em seus 
pensamentos, senão ao próprio Cristo, a quem 
representava em figura aquela arca. 
36 
No reino do Messias, o seu trono estará 
em Jerusalém, e Ele regerá sobre as nações, de 
maneira que o povo do Senhor não andará mais 
disperso e segundo o propósito maligno dos 
seus corações, porque terão sido purificados de 
todo pecado, e serão aperfeiçoados por Deus, 
para que estejam para sempre com Ele, em 
completa santidade de vida (v. 17). 
O remanescente fiel de Judá juntamente com o 
de Israel estarão juntos nestes dias de glória do 
reino do Messias (v. 18). 
Assim, seria cumprido o propósito eterno de 
Deus para o seu povo, de ser a mais formosa 
terra e herança desejável entre as nações, sendo 
reconhecido como Pai do seu povo, e dele jamais 
se desviarão (v. 19). Veja que estas palavras 
tinham o propósito de fixar a esperança no 
coração dos israelitas, mesmo em cativeiro, 
para que não deixassem morrer a esperança 
messiânica, porque Deus tem feito boas e fiéis 
promessas para Israel, que se cumprirão no 
Messias. 
O propósito eterno de Deus em relação a eles 
não pode ser frustrado, e portanto, por maiores 
que sejam as suas apostasias, o Senhor sempre 
terá um remanescente fiel entre eles, porque a 
sua promessa, a sua Palavra, não podem falhar. 
Por causa disso, Deus estava chamando a 
mulher infiel para com o seu marido, que havia 
sido o seu povo, para que voltasse para Ele, emarrependimento, com confissão de pecados, de 
maneira que pudessem participar desta gloriosa 
vocação que Ele havia planejado para os 
israelitas. 
37 
“1 Eles dizem: Se um homem despedir sua 
mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a 
outro homem, porventura tornará ele mais para 
ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu 
te maculaste com muitos amantes; mas ainda 
assim, torna para mim, diz o Senhor. 
2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e 
vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? 
Nos caminhos te assentavas, esperando-os, 
como o árabe no deserto. Manchaste a terra 
com as tuas devassidões e com a tua malícia. 
3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e 
não houve chuva tardia; contudo tens a fronte 
de uma prostituta, e não queres ter vergonha. 
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, 
tu és o guia da minha mocidade; 
5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-
se-á continuamente? Eis que assim tens dito; 
porém tens feito todo o mal que pudeste. 
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: 
Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel, 
como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda 
árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se? 
7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, 
voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso a 
sua aleivosa irmã Judá. 
8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter 
cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e 
lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa 
Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também 
ela mesma se prostituiu. 
9 E pela leviandade da sua prostituição 
contaminou a terra, porque adulterou com a 
pedra e com o pau. 
38 
10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa 
irmã Judá não voltou para mim de todo o seu 
coração, mas fingidamente, diz o Senhor. 
11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-
se mais justa do que a aleivosa Judá. 
12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a 
banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz 
o Senhor. E não farei cair a minha ira sobre ti; 
porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não 
conservarei para sempre a minha ira. 
13 Somente reconhece a tua iniquidade: que 
contra o Senhor teu Deus transgrediste, e 
estendeste os teus favores para os estranhos 
debaixo de toda árvore frondosa, e não deste 
ouvidos à minha voz, diz o Senhor. 
14 Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque 
eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a 
um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos 
levarei a Sião; 
15 e vos darei pastores segundo o meu coração, 
os quais vos apascentarão com conhecimento e 
com inteligência. 
16 E quando vos tiverdes multiplicado e 
frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor, 
nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; 
nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se 
lembrarão; nem a visitarão; nem se fará outra. 
17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono 
do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, 
em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais 
andarão obstinadamente segundo o propósito 
do seu coração maligno. 
39 
18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a 
casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, 
para a terra que dei em herança a vossos pais. 
19 Pensei como te poria entre os filhos, e te daria 
a terra desejável, a mais formosa herança das 
nações. Também pensei que me chamarias meu 
Pai, e que de mim não te desviarias. 
20 Deveras, como a mulher se aparta 
aleivosamente do seu marido, assim 
aleivosamente te houveste comigo, ó casa de 
Israel, diz o Senhor. 
21 Nos lugares altos se ouve uma voz, o pranto e 
as súplicas dos filhos de Israel; porque 
perverteram o seu caminho, e se esqueceram do 
Senhor seu Deus. 
22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa 
infidelidade. Responderam eles: Eis-nos aqui, 
vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus. 
23 Certamente em vão se confia nos outeiros e 
nas orgias nas montanhas; deveras no Senhor 
nosso Deus está a salvação de Israel. 
24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o 
trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade 
os seus rebanhos e os seus gados os seus filhos e 
as suas filhas. 
25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-
nos a nossa confusão, porque temos pecado 
contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, 
desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não 
demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.”. 
(Jeremias 3.1-25) 
 
 
 
40 
Jeremias 4 
 
O Leão Alado Assassino 
 
A bênção de todas as nações gentias dependia 
da obediência de Israel, para que se trouxesse 
por meio deles o Messias ao mundo, através do 
qual os gentios seriam alcançados, e se 
gloriariam nele. 
Por isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o 
apelo do Senhor dirigido aos judeus para que se 
voltassem para Ele, tirando todas as suas 
abominações de diante dele, e não andando 
mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1). 
Para que pudessem cumprir o propósito de Deus 
a ser realizado no mundo inteiro a partir deles, 
os israelitas deveriam lavrar num coração novo, 
e não semearem a Palavra de Deus nele, entre os 
espinhos dos cuidados do mundo, do fascínio 
das riquezas, e de todos os pecados e interesses 
mundanos (Jer 4.3). 
Além disso, mais do que circuncidarem seus 
prepúcios, deveriam circuncidar os seus 
corações, ou seja, mortificar as paixões da 
carne, despojar-se do velho homem, e assim 
seriam considerados de fato, circuncidados 
para o Senhor; ou seja, este seria o sinal de 
pertencerem verdadeiramente a Ele, de 
estarem aliançados, conforme a promessa que 
havia feito a Abraão. 
Somente agindo de tal forma, não 
experimentariam o fogo do brasume da 
indignação do Senhor vindo sobre eles, por 
41 
causa da maldades das suas obras, tal como 
havia irrompido anteriormente contra a casa de 
Israel (Reino do Norte – v. 4), depois de esperar 
por séculos seguidos, que se arrependessem. 
Isto deveria ser anunciado em toda a terra de 
Judá, especialmente em Jerusalém, sua capital, 
onde se encontrava o templo e a maior parte dos 
principais sacerdotes e anciãos de Israel. 
Eles deveriam gritar em voz alta dizendo que se 
ajuntassem para entrarem nas cidades 
fortificadas, ou seja, nas cidades de refúgio, para 
acharem proteção contra a invasão iminente de 
Babilônia, que em poucos anos os alcançaria. 
O símbolo de Babilônia era um leão alado, e por 
isso se diz no verso 7 que um leão já havia partido 
do seu bosque, que era um destruidor de nações 
(porque Babilônia subjugaria muitas nações 
além de Judá), e que faria com que suas cidades 
ficassem assoladas e desabitadas. 
O profeta convocou portanto o povo de Judá a se 
vestir de saco, lamentar e uivar, porque o ardor 
da ira de Deus não tinha se desviado deles, por 
causa dos seus pecados, dos quais não haviam se 
arrependido (v. 8). 
No dia em que Babilônia viesse sobre Judá o 
coração do rei e dos príncipes desfaleceria, os 
sacerdotes ficariam pasmos, porque não criam 
que Deus permitiria a destruição do seu templo, 
e por isso confiavam que estariam para sempre 
seguros em Jerusalém, independentemente do 
modo como vivessem. 
E além disso é dito que os profetas ficariam 
maravilhados, ou seja, eles não entenderiam 
como lhes sobreviera tamanha ruína, quando 
42 
pensavam que a mensagem de paz que 
pregavam em nome do Senhor era verdadeira 
(v. 9). 
Jeremias estava no início do seu ministério 
quando proferiu as palavras do verso 10 do 
quarto capítulo. 
Ele não conhecia ainda muito bem os juízos do 
Senhor, que se misturam às suas misericórdias, 
mas somente em face do arrependimento. 
Então suas promessas de paz não eram 
enganosas, conforme havia pensado o profeta, 
primeiro que não eram destinadas a todos os 
israelitas, senão somente aos que se 
arrependessem, conforme havia dito 
anteriormente pelo próprio profeta, e também 
que o juízo estava penetrando como uma espada 
na alma dos judeus, não propriamente por seu 
desejo, mas pelas próprias iniquidadesdeles e 
endurecimento no pecado. 
O vento forte abrasador que viria sobre os 
judeus, não seria para remover a palha da 
vaidade do meio do povo (cirandar), nem para 
limpá-los de seus pecados, mas seria um vento 
de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos 
babilônios, que viriam para produzir destruição 
de muitos ímpios do seu povo. 
Para estes não havia de fato nenhuma promessa 
de paz, ou de futura restauração, senão de 
destruição por causa das suas iniquidades, das 
quais não queriam se desviar (v. 18). 
Então, em face deste juízo pronunciado direta e 
claramente por Deus, o profeta convoca 
Jerusalém a lavar o seu coração da maldade, 
43 
deixando os seus maus pensamentos, para que 
pudesse ser salva (v. 14). 
Porque a calamidade que viria sobre eles era 
certa, e estava sendo proclamada desde Dã, que 
era a extremidade norte de Israel, até os montes 
de Efraim, a saber, o território da tribo principal 
do Reino do Norte, que já não mais existia, por 
causa do cativeiro assírio. Ou seja, até mesmo 
fora dos termos de Judá estava sendo 
proclamada a ruína que viria sobre os judeus. 
Todavia este juízo seria proclamado a todas as 
nações antes que sucedesse, para que todos 
soubessem que isto viera da parte do Senhor, 
por causa da iniquidade deles (v. 16). Para que se 
soubesse que o povo do Senhor havia se 
rebelado contra Ele (v. 17). 
O coração do profeta estava acelerado e aflito, e 
era grande a angústia da sua alma, porque ficara 
alarmado com tais declarações, e não poderia 
ficar calado, porque ouvira o som de alerta da 
trombeta de Deus, e já podia ouvir o alarido da 
guerra que se aproximava (v. 19). 
O profeta via somente destruição sobre 
destruição sendo apregoada e via toda a terra 
assolada, bem como as suas moradas, 
repentinamente (v. 20). 
Ele indagava em seu espírito até quando veria o 
estandarte de guerra levantado, e o toque de 
alerta da trombeta de Deus? 
Então conclui que realmente Judá era um povo 
insensato que não conhecia a Deus, porque 
eram filhos ignorantes e que não entendiam os 
caminhos do Senhor. Eles eram sábios apenas 
44 
para praticarem o mal, e não sabiam fazer o bem 
(v. 22). 
O profeta viu somente desolação na terra, como 
ela era no princípio, sem forma e vazia, e o 
mesmo ele viu em relação aos céus que não 
tinham luz. 
Até todos os montes e colinas estavam 
tremendo e estremecendo diante dos juízos de 
Deus. 
A terra estava vazia, sem que houvesse nela 
qualquer pessoa, como também não havia aves 
no céu. 
O pecado de Judá havia atingido toda a criação. 
A criação estava gemendo e sofrendo por causa 
do pecado do povo de Deus, e da ira que seria 
manifestada sobre eles. 
De modo que as terras férteis se transformaram 
em desertos, e todas as cidades estavam 
derrubadas diante do Senhor, por causa do furor 
da sua ira (v. 26). 
Então o Senhor pronunciou a sentença dos 
versos 27 a 29, onde afirmou que a sua sentença 
já havia sido lavrada e que não voltaria atrás, no 
entanto não consumiria a terra de todo. 
Diante da sentença final do Senhor, o profeta 
indaga o que Judá faria agora, chamando-a de 
assolada. 
Eles seriam desamparados por todas as nações 
com as quais buscassem se aliançar para fugir 
da destruição de Babilônia, que fora sentenciada 
sobre eles, mas por mais que tentassem lhes 
agradar, de nada adiantaria, porque o profeta 
havia ouvido uma voz, como a de uma mulher 
que está em trabalhos de parto, angustiada para 
45 
dar à luz o seu primogênito, e esta era a voz de 
Judá ofegante, porque a dor que sentia era como 
a de parto, mas não geraria nenhum filho, 
porque esta seria a dor que sentiria em sua alma 
por causa dos assassinos que dariam contra ela. 
 
 
“1 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares 
para mim e tirares as tuas abominações de 
diante de mim, e não andares mais vagueando; 
2 e se jurares: Como vive o Senhor, na verdade, 
na justiça e na retidão; então nele se bendirão as 
nações, e nele se gloriarão. 
3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá 
e a Jerusalém: Lavrai o vosso terreno 
alqueivado, e não semeeis entre espinhos. 
4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios 
do vosso coração, ó homens de Judá e 
habitadores de Jerusalém, para que a minha 
indignação não venha a sair como fogo, e arda 
de modo que ninguém o possa apagar, por causa 
da maldade das vossas obras. 
5 Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e 
dizei: Tocai a trombeta na terra; gritai em alta 
voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas 
cidades fortificadas. 
6 Arvorai um estandarte no caminho para Sião; 
buscai refúgio, não demoreis; porque eu trago 
do norte um mal, sim, uma grande destruição. 
7 Subiu um leão da sua ramada, um destruidor 
de nações; ele já partiu, saiu do seu lugar para 
fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as 
tuas cidades sejam assoladas, e ninguém habite 
nelas. 
46 
8 Por isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, 
porque o ardor da ira do Senhor não se desviou 
de nós. 
9 Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o 
coração do rei e o coração dos príncipes; os 
sacerdotes pasmarão, e os profetas se 
maravilharão. 
10 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! 
verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este 
povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; 
entretanto a espada penetra-lhe até a alma. 
11 Naquele tempo se dirá a este povo e a 
Jerusalém: Um vento abrasador, vindo dos altos 
escalvados no deserto, aproxima-se da filha do 
meu povo, não para cirandar, nem para alimpar, 
12 mas um vento forte demais para isto virá da 
minha parte; agora também pronunciarei eu 
juízos contra eles. 
13 Eis que vem subindo como nuvens, como o 
redemoinho são os seus carros; os seus cavalos 
são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois 
estamos arruinados! 
14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém, 
para que sejas salva; até quando permanecerão 
em ti os teus maus pensamentos? 
15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e 
proclama a calamidade desde o monte de 
Efraim. 
16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra 
Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota; 
eles levantam a voz contra as cidades de Judá. 
 
47 
17 Como guardas de campo estão contra ela ao 
redor; porquanto ela se rebelou contra mim, diz 
o Senhor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
Jeremias 5 
 
O Escassear da Justiça Abrevia o Juízo 
 
A geração de Judá dos dias do profeta Jeremias 
havia se tornado como a geração de ímpios que 
foi destruída nos dias de Noé, ou então como a 
geração de incrédulos que tombou no deserto 
nos dias de Moisés, com a agravante, de que eles 
tinham diante de si, séculos de testemunhos dos 
poderosos feitos do Senhor, e dos juízos que Ele 
havia trazido sobre o seu povo no passado, 
especialmente no período dos Juízes. 
Todavia, não se arrependeram e se fizeram 
piores do que eles. 
Daí o rigor das repreensões e das sentenças de 
juízos que receberam da parte de Deus. 
Eles faziam jus a tudo o que o Senhor disse deles 
no final do quinto capítulo de Jeremias (v. 25 a 
31). 
O que foi resumido pelo Senhor em poucas 
palavras no início do capítulo, bem expressa que 
tais atos de iniquidade eram a consequência de 
não se achar nas ruas de Jerusalém uma só 
pessoa que praticasse a justiça e buscasse a 
verdade, e mesmo aqueles que diziam viver para 
o Senhor com juramento, faziam isto com lábios 
falsos. Eram falsos religiosos e não pessoas 
justas que O amassem de fato (Jer 5.1,2). 
Deus lhes havia ferido com os seus castigos, mas 
eles não emendaram os seus caminhos, porque 
estavam insensíveis para os seus juízos; e 
mesmo quando eram consumidos se 
49 
recusavam a receber a correção, e tendo 
endurecido as suas faces se recusavam a voltar 
para o Senhor. 
É aqui que devemos entender que não basta 
pregar aos homens que Jesus é o Salvador, que a 
sua graça está disponível para todos os que 
crerem nele, eque é pela graça, mediante a fé 
nele que somos salvos. 
Porque não faz sentido Deus declarar que uma 
pessoa é justa pela graça por causa da sua fé 
(justificação) quando esta pessoa continua na 
prática dos seus antigos pecados e não se volta 
para o Senhor para uma verdadeira santificação 
da sua vida. 
Por isso, Ele não somente justifica quando a 
pessoa crê de fato, Ele também regenera, isto é, 
Ele faz com que tal pessoa nasça de novo do 
Espírito, e além disso, o mesmo Espírito haverá 
de impulsionar o crente à perseverança, porque 
é pela evidência da santificação, que se pode ter 
a certeza da salvação. 
Veja o caso de Judá que dizia pertencer ao 
Senhor, que eram descendentes de Abraão, que 
tinham o templo, e a Lei de Deus e a aliança com 
Ele. 
No entanto, o que encontramos sendo proferido 
pelo próprio Deus contra eles no livro de 
Jeremias? 
São meras afirmações dos lábios, como eles 
faziam, que podem ser falsas, que podem 
garantir a salvação de uma pessoa? 
Certamente não. 
Deus requer vida transformada e santificada. 
Testemunho de uma nova vida. 
50 
Por isso nos justifica pela graça, mediante a fé, 
com base na obra que Cristo fez em nosso favor. 
Para que possamos viver de modo digno dele, e 
conforme a sua vontade. 
Por isso, lemos em Jeremias 5.4 que os olhos de 
Deus atentam para a verdade, e que Ele nos 
corrige com o fim de nos voltarmos para Ele. 
Tanto os pequenos quanto os grandes do povo 
de Judá se encontravam na mesma condição de 
falta de conhecimento dos caminhos do Senhor, 
e entregues ao pecado (Jer 5.4,5). 
Então, eles haviam sido colocados no cerco do 
Senhor para serem destruídos, porque eram 
muitas as suas transgressões, e haviam 
multiplicado sobremaneira as suas apostasias, e 
caso tentassem fugir de Judá seriam destruídos 
pelos animais selvagens (Jer 5.6). 
Eles não mostravam sinais de arrependimento e 
assim não poderiam ser perdoados, porque a 
condição básica para o perdão é o 
arrependimento (mudança de mente e de vida). 
Eles não somente se entregaram à prática da 
idolatria, como à do adultério, e não poderiam 
portanto, deixar de receber o justo castigo do 
Senhor, por causa das suas práticas (v. 7 a 9). 
O Senhor os castigaria porque se recusavam a 
reconhecê-lo como o Deus deles, e afirmavam 
descaradamente que não lhes sobreviria 
qualquer juízo da parte dele, quer sob a forma de 
fome ou de guerra contra as nações inimigas de 
Judá. 
Como eles haviam desprezado ao Senhor e à sua 
Palavra, dando ouvidos a falsos profetas, então 
Deus faria com que a sua Palavra fosse como 
51 
fogo na boca de Jeremias, e eles como lenha, 
para serem consumidos por ela. 
Então foram declaradas as assolações que os 
babilônios fariam na terra de Judá. 
Todavia, o Senhor manteria um remanescente 
no meio do seu povo (v. 18). 
Contudo, os que fossem para o cativeiro, e que 
não fossem mortos em Judá, saberiam que 
foram enviados a servir um povo estrangeiro 
numa terra que não lhes pertencia, porque 
haviam servido a deuses estranhos na sua 
própria terra (v. 19). 
Este juízo deveria ser proclamado não somente 
em Judá, mas ao remanescente de Israel, que 
havia permanecido no que sobrou do Reino do 
Norte. 
Mais uma vez Deus chamou Judá de povo 
insensato, porque não tinha o seu temor, porque 
sem temer o Senhor é impossível chegar a ter a 
verdadeira sabedoria, que é o real 
conhecimento pessoal de Deus, porque Ele a 
concede somente aos que O temem (v. 21-24). 
 
“1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, 
e informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver 
se podeis achar um homem, se há alguém que 
pratique a justiça, que busque a verdade; e eu 
lhe perdoarei a ela. 
2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo 
falsamente juram. 
3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos 
para a verdade? feriste-os, porém não lhes doeu; 
consumiste-os, porém recusaram receber a 
52 
correção; endureceram as suas faces mais do 
que uma rocha; recusaram-se a voltar. 
4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; 
são insensatos, pois não sabem o caminho do 
Senhor, nem a justiça do seu Deus. 
5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque 
eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça do 
seu Deus; mas aqueles de comum acordo 
quebraram o jugo, e romperam as ataduras. 
6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo 
dos desertos os destruirá; um leopardo vigia 
contra as suas cidades; todo aquele que delas 
sair será despedaçado; porque são muitas as 
suas transgressões, e multiplicadas as suas 
apostasias. 
7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me 
abandonaram a mim, e juraram pelos que não 
são deuses; quando eu os tinha fartado, 
adulteraram, e em casa de meretrizes se 
ajuntaram em bandos. 
8 Como cavalos bem nutridos, andavam 
rinchando cada um à mulher do seu próximo. 
9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas 
coisas? diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de 
uma nação como esta? 
10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, 
porém, uma destruição final; tirai os seus 
ramos; porque não são do Senhor. 
11 Porque aleivosissimamente se houveram 
contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz 
o Senhor. 
12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele; 
nenhum mal nos sobrevirá; nem veremos 
espada nem fome. 
53 
13 E até os profetas se farão como vento, e a 
palavra não está com eles; assim se lhes fará. 
14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos 
exércitos: Porquanto proferis tal palavra, eis que 
converterei em fogo as minhas palavras na tua 
boca, e este povo em lenha, de modo que o fogo 
o consumirá. 
15 Eis que trago sobre vós uma nação de longe, ó 
casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação forte, 
uma nação antiga, uma nação cuja língua 
ignoras, e não entenderás o que ela falar. 
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; 
todos eles são valentes. 
17 E comerão a tua sega e o teu pão, que teus 
filhos e tuas filhas haviam de comer; comerão os 
teus rebanhos e o teu gado; comerão a tua vide e 
a tua figueira; as tuas cidades fortificadas, em 
que confias, abatê-las-ão à espada. 
18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, 
não farei de vós uma destruição final. 
19 E quando disserdes: Por que nos fez o Senhor 
nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: 
Como vós me deixastes, e servistes deuses 
estranhos na vossa terra, assim servireis 
estrangeiros, em terra que não é vossa. 
20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o 
em Judá, dizendo: 
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem 
entendimento, que tendes olhos e não vedes, 
que tendes ouvidos e não ouvis: 
22 Não me temeis a mim? diz o Senhor; não 
tremeis diante de mim, que pus a areia por 
limite ao mar, por ordenança eterna, que ele 
não pode passar? Ainda que se levantem as suas 
54 
ondas, não podem prevalecer; ainda que 
bramem, não a podem traspassar. 
23 Mas este povo é de coração obstinado e 
rebelde; rebelaram-se e foram-se. 
24 E não dizem no seu coração: Temamos agora 
ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a 
temporã como a tardia, a seu tempo, e nos 
conserva as semanas determinadas da sega. 
25 As vossas iniquidades desviaram estas coisas, 
e os vossos pecados apartaram de vós o bem. 
26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; 
andam espiando, como espreitam os 
passarinheiros. Armam laços, apanham os 
homens. 
27 Qual gaiola cheia de pássaros, assim as suas 
casas estão cheias de dolo; por isso se 
engrandeceram, e enriqueceram. 
28 Engordaram-se, estão nédios; também 
excedem o limite da maldade; não julgam com 
justiça a causa dos órfãos, para que prospere, 
nem defendem o direito dos necessitados. 
29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa 
destas coisas? diz o senhor; ou não hei de vingar-
me de uma nação como esta? 
30 Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na 
terra: 
31 os profetas profetizam falsamente, e os 
sacerdotes dominam por intermédio deles; e o 
meu povo assim o deseja. Mas que fareis no fim 
disso?”.(Jeremias 5.1-31) 
 
 
 
 
55 
Jeremias 6 
 
Não Ajuntou na Verdade se Espalhou na 
Mentira 
 
O nono capítulo de Jeremias descreve a que 
nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos 
dias de Jeremias. 
Deus havia formado Israel para ser um povo 
pelo qual pudesse ser conhecido por todas as 
nações da terra, pelo que vissem neles. 
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo: 
tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida 
dos cristãos. 
Como haviam perdido totalmente a finalidade 
para a qual haviam sido formados, então o 
Senhor passaria a peneira no meio deles e 
pouparia somente aqueles poucos que eram 
grãos e não palha. Até estes seriam provados 
pelo fogo, para serem purificados, para que 
pudessem vir a dar um real testemunho de 
santidade. 
Quando Deus é abandonado pelo seu povo, tal 
como se deu com os judeus, o resultado disto 
será o que lemos nos primeiros versículos de 
Jeremias 9, onde o Senhor ordena que ninguém 
confiasse no próprio irmão, porque o que 
prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a 
falsidade. 
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e 
com a mesma língua que lisonjeavam 
produziam feridas terríveis na reputação destas 
mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8). 
56 
Para quem não anda no Espírito, isto pode 
parecer exagerado, mas é a mais pura realidade, 
para aqueles que têm discernimento espiritual 
para perceberem tal estado de corrupção, 
quando até mesmo cristãos deixam de andar no 
temor de Deus. 
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por 
causa de tais pecados, que o profeta gostaria que 
a sua cabeça se tornasse em águas, para que 
seus olhos derramassem lágrimas 
continuamente como uma fonte, por causa do 
pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das 
muitas mortes que o Senhor produziria no meio 
deles, quando consumasse os seus juízos 
através dos babilônios (Jer 9.1). 
Todavia, a par de tais sentimentos da mais 
profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de 
Israel, não por causa dos juízos que lhes 
sobreviriam, mas em razão do modo como eles 
viviam, apesar de serem o povo do Senhor. Eram 
um bando de adúlteros e de aleivosos (Jer 9.2). 
Eles não tinham um conhecimento pessoal do 
Senhor, porque viviam para fortalecer as suas 
línguas, não para a verdade, mas para a mentira 
(v. 3). 
Por amarem o engano se recusavam a conhecer 
ao Senhor. 
Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao 
Senhor porque Ele é a verdade. 
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, 
para remover do seu povo a grande quantidade 
de escória que eram muitos deles, e reservaria 
para si somente aqueles que fossem achados 
fiéis (v. 7). 
57 
Deus disse que não poderia deixar sem castigo 
um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de 
Israel, porque havia sido traído por eles (v. 9). 
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de 
Judá como já executada, porque dali a poucos 
anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia 
pronunciado contra eles pelos seus profetas, e 
não apenas através de Jeremias. 
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São 
meros professores de teologia? Não. Eles têm o 
encargo de torná-lo conhecido, bem como a sua 
vontade, conforme revelada na sua Palavra. 
Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, 
mas como se corromperam na sua função, e 
amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus 
levantou os profetas para falar diretamente ao 
povo através deles, quanto aos seus juízos. 
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não 
haveria necessidade de profetas para 
repreendê-los e exortá-los. 
Os judeus em vez de servirem ao Senhor, 
voltaram-se para os baalins, porque não 
conheciam os juízos terríveis da sua Palavra 
contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), 
ou então, os conhecendo, consideravam que 
eram ameaças mortas de uma letra morta. 
A propósito, muitos pensam que não haverá 
juízo final, e gracejam acerca da volta do Senhor 
Jesus como Juiz (II Pedro 3.3-10). 
Todavia, o Senhor revelaria aos judeus que a sua 
Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as 
ameaças previstas na Lei, especialmente a do 
cativeiro, e a morte pela espada das nações 
inimigas. 
58 
Então, conheceriam o temor que lhe é devido e 
à sua Palavra, pelo preço altíssimo que teriam 
que pagar como nação, de modo que tal temor 
fosse achado nas gerações seguintes, quando 
retornassem do cativeiro em Babilônia, 
passados os setenta anos determinados, que 
pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer. 
Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até 
mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos, 
porque não haveria nem tempo, nem condições 
para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal 
que até mesmo na morte foram desonrados por 
Deus. 
As nações saberiam que Deus é santo, e nada 
tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo 
seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por 
nada, e os entregara à destruição. 
Por isso, ninguém deveria se gloriar em Judá na 
sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas 
suas riquezas, porque nada disto lhes poderia 
livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar 
uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23). 
O único motivo que temos para nos gloriar é o 
próprio Deus, e o conhecimento que temos dele 
e da sua vontade, especialmente quanto a 
sabermos que ele faz benevolência, juízo e 
justiça na terra, coisas estas que são todo o seu 
agrado, e que, pelo conhecimento e prática das 
mesmas, somos livrados dos seus juízos . 
Então, quem quiser agradar a Deus deve imitá-
lo na prática da misericórdia, do juízo e da 
justiça. 
59 
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, 
que Deus julga toda a carne, e não por se ser 
circuncidado ou não no prepúcio. 
Judá pensava que era diferente das demais 
nações por causa da circuncisão. 
Mas o Senhor está dizendo que diante dele não 
há nenhum justo, a não ser aqueles que são 
circuncidados de coração, ou seja aqueles que 
são justificados pela graça, mediante a fé, e que 
andam na prática da justiça, que é segundo a 
santificação (v. 25, 26). 
 
“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em 
águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, 
para que eu chorasse de dia e de noite os mortos 
da filha do meu povo! 
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma 
estalagem de viandantes, para poder deixar o 
meu povo, e me apartar dele! porque todos eles 
são adúlteros, um bando de aleivosos. 
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, 
para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não 
para a verdade; porque avançam de malícia em 
malícia, e a mim me não conhecem, diz o 
Senhor. 
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de 
irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não 
faz mais do que enganar, e todo próximo anda 
caluniando. 
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala 
a verdade; ensinaram a sua língua a falar a 
mentira; andam se cansando em praticar a 
iniquidade. 
60 
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo 
engano recusam-se a conhecer-me, diz o 
Senhor. 
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis 
que eu os fundirei e os provarei; pois, de que 
outra maneira poderia proceder com a filha do 
meu povo? 
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala 
engano; com a sua boca fala cada um de paz com 
o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas. 
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o 
Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal 
como esta? 
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas 
pastagens do deserto lamentação; porque já 
estão queimadas, de modo que ninguém passa 
por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as 
aves dos céus até os animais, fugiram e se foram. 
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, 
morada de chacais, e das cidades de Judá farei 
uma desolação, de sorte que fiquem sem 
habitantes. 
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a 
quem falou a boca do Senhor, para que o possa 
anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se 
queimou como um deserto,

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