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Josué - Estudo Comentado

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Josué 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOV/2015 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Josué./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 
 2015. 
 233p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Conquista. 3. Canaã. 4. 
 6. Comentário Bíblico. I. Título. 
 
 CDD 230.222 
 
3 
 
 
 
 
 Sumário 
 
Josué 1.......................................................... 4 
Josué 2.......................................................... 21 
Josué 3.......................................................... 30 
Josué 4.......................................................... 38 
Josué 5.......................................................... 44 
Josué 6.......................................................... 61 
Josué 7.......................................................... 76 
Josué 8.......................................................... 86 
Josué 9.......................................................... 97 
Josué 10........................................................ 115 
Josué 11........................................................ 127 
Josué 12........................................................ 136 
Josué 13........................................................ 140 
Josué 14........................................................ 147 
Josué 15........................................................ 153 
Josué 16........................................................ 160 
Josué 17........................................................ 174 
Josué 18........................................................ 180 
Josué 19........................................................ 184 
Josué 20........................................................ 192 
Josué 21........................................................ 196 
Josué 22........................................................ 205 
Josué 23........................................................ 215 
Josué 24........................................................ 223 
 
 
 
 
 
4 
 
Josué 1 
 
Caso lêssemos a Bíblia a partir do livro de Josué, 
desconsiderando tudo o que está escrito nos 
cinco livros que o precedem, poderíamos 
pensar que todas as ações que se desenrolarão 
com os israelitas sob Josué, e a maneira como 
ele foi extraordinariamente capacitado por 
Deus para a tarefa que realizou, se deram 
exclusivamente em razão das promessas feitas a 
ele e também pelo motivo da sua determinação 
em obter bênçãos de Deus, para si, e para todo o 
povo de Israel. 
Não podemos esquecer que Abraão, Moisés e 
Josué, dentre outros, foram os personagens 
escolhidos pelo Senhor, para levar a cabo o 
plano de redenção da humanidade, que ele 
estabeleceu antes mesmo da criação de todas as 
coisas, e que passaria antes pela formação de 
uma nação (Israel), através da qual ele se 
revelaria ao mundo. 
Eles não eram, portanto, homens tentando fazer 
prevalecer a própria vontade e ministérios 
diante de Deus. 
Não estavam agindo por conta própria e de 
acordo com os seus próprios planos. 
Eles estavam debaixo do cumprimento de uma 
diretriz que o Senhor traçou nos seus conselhos 
eternos. 
Os israelitas deveriam conquistar e tomar posse 
de Canaã com Josué, porque isto fora 
determinado pelo Senhor, e revelado e 
5 
 
prometido a Abraão, cerca de seiscentos anos 
antes dos dias de Josué. 
Assim, este livro não começa com a história da 
vida de Josué (há muitas passagens que se 
referem a ele no Pentateuco), mas com o seu 
governo, dando seguimento ao cumprimento 
do desígnio de Deus, que havia começado desde 
os patriarcas. 
Por isso se destaca logo no primeiro versículo do 
livro, que Moisés era servo do Senhor, e que 
Josué era servidor de Moisés; indicando que 
Josué deveria dar sequência ao que Deus havia 
começado com Moisés, e indica-se também que 
tudo o que Moisés havia feito, foi realizado pelo 
mandado e pela vontade de Deus. 
Embora as palavras usadas neste primeiro 
versículo, para indicarem a condição de serviço 
de Moisés a Deus, e de Josué a Moisés, serem de 
raízes diferentes no hebraico (ebed, servo, para 
Moisés, em relação a Deus, e sharath, servidor, 
para Josué, em relação a Moisés) ambas indicam 
a condição de estar a serviço de alguém. 
De igual modo, os verdadeiros ministros do 
evangelho, que têm sido chamados por Deus 
para o ministério, não estão fazendo uma obra 
que é propriamente deles, mas estão cumprindo 
algo que ele havia determinado fazer antes dos 
tempos eternos. 
Eles foram chamados para cumprirem o 
ministério que o Senhor designou para cada um 
deles, antes mesmo que lhes tivesse formado no 
ventre, tal como se deu com Jeremias, com 
Paulo, João Batista, e todos os que são chamados 
6 
 
para serem os guias do rebanho do Senhor, em 
sua caminhada rumo à Canaã celestial. 
Um ministro autêntico deve ter sido, portanto, 
chamado a partir do céu. Ninguém que tenha 
sido feito líder pela mera vontade dos homens 
estará fazendo de fato o que se pode chamar de 
a obra de Deus, porque os que a conduzem 
devem ter sido chamados, obrigatoriamente, do 
alto, e cumprirem fielmente as ordens do 
grande General ao qual estão servindo. 
“Ora, ninguém toma para si esta honra, senão 
quando é chamado por Deus, como o foi Arão.” 
(Hb 5.4). 
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como 
profetas, e outros como evangelistas, e outros 
como pastores e mestres,” (Ef 4.11). 
“Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho 
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu 
bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que 
ele adquiriu com seu próprio sangue.” (At 
20.28). 
A propósito, cabe destacar que em razão da 
natureza terrena, sujeita ao pecado, e 
especialmente ao do orgulho, tem-se perdido de 
vista o verdadeiro significado da chamada ao 
ministério, que não é para dominar, senão para 
servir. 
O próprio Senhor Jesus Cristo deu o exemplo 
máximo de serviço a Deus e aos homens, tendo 
tomado a forma de um servo. E ele se colocou 
também debaixo da Lei de Moisés e a cumpriu 
como um servo completamente obediente a 
Deus. 
7 
 
Foi por conhecer perfeitamente esta realidade 
relativa ao Senhor e à sua Igreja, que o apóstolo 
Pedro disse o seguinte aos presbíteros da Igreja: 
“Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, 
que sou ancião com eles e testemunha dos 
sofrimentos de Cristo, e participante da glória 
que se há de revelar: Apascentai o rebanho de 
Deus, que está entre vós, não por força, mas 
espontaneamente segundo a vontade de Deus; 
nem por torpe ganância, mas de boa vontade; 
nem como dominadores sobre os que vos foram 
confiados, mas servindo de exemplo ao 
rebanho.” (I Pe 5.1-3). 
Assim, quando Deus falou com Josué para lhe 
dar instruções e palavras de encorajamento, 
para cumprir a missão de ser sucessor de 
Moisés, da qual havia sido encarregado antes 
mesmo da sua morte, Ele chamou Moisés de 
“meu servo” (v. 2), indicando assim a Josué que 
ele também estaria a seu serviço, tanto quanto 
estivera Moisés. 
Haveria uma tarefa grandiosa a ser cumprida, e 
Josué deveria se cuidar, e guardar-se 
principalmente do espírito de exaltação, 
permanecendo todo o tempo em humildade 
diante do Senhor, para poder conhecer e 
cumprir a sua vontade. 
Esta é uma tentação à qual estão sujeitos todos 
os que estão investidos de posição de 
autoridade, seja em seus próprios lares como 
cabeças de família, seja na Igreja, como oficiais 
e obreiros; pois não podemos esquecer o 
exemplo que nos foi deixado por Jesus e pelos 
8 
 
apóstolos, e tudo quanto o Senhor nos tem 
ordenado em sua Palavra, acerca deste assunto. 
“Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes 
disse: Sabeis que os governadores dos gentios os 
dominam, e os seusgrandes exercem 
autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; 
antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se 
grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que 
entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; 
assim como o Filho do homem não veio para ser 
servido, mas para servir, e para dar a sua vida em 
resgate de muitos.” (Mt 20.25-28). 
Este ensino de Jesus foi ensejado pelo pedido 
equivocado da mãe de Tiago e de João, que 
desejava que seus filhos ocupassem uma 
posição de mando e de destaque em relação aos 
demais apóstolos. 
O Senhor ensinou que há uma posição de 
autoridade em seu corpo que é determinada 
previamente por Deus Pai, mas que esta posição 
não é de dominação, mas de serviço em amor e 
humildade àqueles sobre os quais Deus nos 
tenha constituído como ministros. 
A propósito, a palavra para ministério, no 
original grego, na maior parte de suas 
ocorrências, vem de diakonia, que significa 
serviço (At 1.17; Rm 11.13; II Cor 6.3 etc). Assim, 
até mesmo o ministério de governo da Igreja, é 
um ministério de liderança com o caráter de 
serviço debaixo do governo de Deus, a quem 
todos os ministros terão que prestar contas da 
sua fidelidade. 
9 
 
“Obedecei a vossos guias, sendo-lhes 
submissos; porque velam por vossas almas 
como quem há de prestar contas delas; para que 
o façam com alegria e não gemendo, porque isso 
não vos seria útil.” (Hb 13.17) 
Josué foi dado por Deus como guia do povo de 
Israel, no lugar de Moisés, e os israelitas 
deveriam obedecê-lo em tudo, porque lhes 
estaria servindo, para fazerem não a sua própria 
vontade pessoal, mas a de Deus, a quem ele 
estava servindo, e a quem ele prestaria contas de 
todos os seus atos. 
É exatamente a colocação destas verdades da 
parte do Senhor a Josué que nós encontramos 
neste primeiro capítulo até o nono versículo. 
No final do livro de Deuteronômio nós vimos 
que o povo se encontrava acampado nas 
campinas de Moabe, na Transjordânia, e que 
Moisés morreu no monte Nebo, que ficava 
situado naquela região. 
E agora, talvez logo depois do luto de trinta dias 
que os israelitas guardaram pela sua morte, é 
ordenado pelo Senhor a Josué que atravessasse 
o rio Jordão (v. 2), e esta ordem, em si mesma, 
era um desafio à fé de Josué, porque não havia 
como atravessar o Jordão, pelo menos não 
naquela época, conforme se descreve em Js 3.15, 
quando eles atravessaram o rio: “e quando os 
que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os 
seus pés mergulharam na beira das águas 
(porque o Jordão transbordava todas as suas 
ribanceiras durante todos os dias da sega),”. 
10 
 
Não restava pois a Josué a alternativa de crer que 
Deus proveria para eles um modo de atravessar 
o rio, assim como havia feito nos dias de Moisés, 
para atravessarem o Mar Vermelho. 
Eles poderiam ter passado para o outro lado do 
Jordão, contornando o Mar Morto ao Sul, mas 
teriam que empreender uma grande viagem, e 
retornando para o local de onde haviam partido. 
Todavia, a ordem de Deus indicava que eles 
deveriam seguir adiante e vencer, com o seu 
auxílio, os obstáculos que estavam diante deles, 
de modo que isto serviria para fortalecer a sua fé 
no Senhor, especialmente quanto a que estaria 
com eles nas batalhas que teriam que 
empreender em Canaã. 
Nos versos 2 e 3 Deus fala a Josué da terra que 
deu aos filhos de Israel, e que lhes daria todo 
lugar que pisasse a planta dos pés deles. 
Deus dá porque é a ele que pertencem todas as 
coisas. 
Deus dá bens, saúde, alegria, paz, enfim, todas as 
coisas boas, sejam elas materiais ou espirituais. 
Ninguém entraria na posse de cousa alguma se 
não lhe fosse concedida ou permitida a posse 
por Deus. 
É neste sentido que ele disse ao primeiro casal 
que lhes estava dando o governo sobre todos os 
seres da terra que ele havia criado. 
É muito fácil esquecermos que até mesmo o ar 
que respiramos nos foi dado por Deus, assim 
como a capacidade de respiração, e deveríamos 
ser-lhes gratos por isto e por tudo o mais. 
11 
 
Os males que deixamos de receber porque ele 
nos concedeu livramento pela sua bondade e 
misericórdia, deveria ser motivo para uma 
permanente gratidão e adoração. 
O homem racionalista excluiu Deus daquilo que 
chama de mundo material e natural, na criação, 
como que se Deus não se ocupasse em cuidar e 
governar tudo aquilo que criou. 
Muitos destes vêm a se converter depois, e por 
isso o Senhor se ri do endurecimento deles, não 
por forma de escarnecimento, mas de 
compaixão por sua cegueira, endurecimento e 
ignorância, que perdurariam caso não tivesse 
misericórdia de se lhes revelar, pelo Espírito. 
Até mesmo sobre os pássaros do céu ele 
mantém permanente vigilância, não 
permitindo que nenhum deles caia sem a sua 
permissão. 
Até os cabelos das nossas cabeças estão 
contados, e Jesus disse isto para revelar o 
cuidado minucioso que Deus tem relativamente 
à sua criação. 
A posse de Canaã foi dada aos israelitas por 
promessa de Deus aos patriarcas, e assim, ele 
mesmo se empenharia em lhes dar o que havia 
prometido (v.2 a 6). 
É um grande erro tomar as promessas feitas 
nestes versículos a Josué como sendo aplicáveis 
particularmente a ele. 
Muito se tem pregado sobre estes versículos do 
primeiro capítulo de Josué como exemplo de 
uma vida particular bem-sucedida. 
12 
 
As pessoas são encorajadas a serem como Josué, 
simplesmente para obterem as mesmas 
bênçãos que ele recebeu, como por exemplo: 
“Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo 
dei, como eu disse a Moisés.” (v.3). 
Veja que aqui a promessa seria cumprida 
conforme foi dito a Moisés, isto é, a posse da 
terra de Canaã, nos limites que foram 
determinados por Deus, e que estão descritos no 
verso 4. 
Deus não lhes dera o mundo todo. 
Não temos, portanto, diante de nós, nenhuma 
promessa para alguém em particular, ou 
mesmo grupo de pessoas, que aleguem que pela 
fé em Deus, todo o lugar em que pisarem, passa 
a ser do domínio delas. 
Veja que a promessa do verso 3 é específica e se 
referia à ocupação de Canaã pelos israelitas. 
Aquilo que Deus tiver designado como nossa 
possessão é nosso de fato, por direito divino, 
mas veja bem: aquilo que Deus tiver designado, 
e não aquilo que nós tivermos simplesmente 
desejado. 
Isto se aplica inclusive a áreas de abrangência 
ministerial, pois até mesmo para os seus 
ministros, Deus tem delimitado as áreas de 
atuação dos respectivos ministérios. 
Paulo tinha um pleno conhecimento desta 
verdade e faz referência a ela em suas epístolas, 
como vemos por exemplo em Rm 15.20: “deste 
modo esforçando-me por anunciar o evangelho, 
não onde Cristo houvera sido nomeado, para 
não edificar sobre fundamento alheio;”. 
13 
 
Ainda, quando Deus está falando com Josué, 
quanto às promessas e encorajamentos que lhe 
fizera, nos versos 5 a 9, o que estava em vista não 
era, primariamente, o sucesso pessoal de Josué 
na vida, senão o que seria necessário para que 
fosse cumprida a sua vontade em relação ao que 
havia determinado fazer em Israel. 
Consequentemente, ninguém poderia resistir a 
Josué todos os dias da sua vida (v. 5a), porque o 
Senhor confirmaria a sua liderança, não 
somente entre os opositores que se levantassem 
dentre os próprios israelitas, como venceria 
através dele todas as nações inimigas em Canaã. 
Deus prometeu que nunca lhe deixaria e 
desampararia, tal como agira em relação a 
Moisés (v. 5b). E não podemos olhar para esta 
promessa fora do seu contexto de aplicação, 
porque isto seria uma condição necessária para 
que Josué pudesse cumprir a missão gigantesca 
da qual estava sendo incumbido por Deus. 
A parte dele seria, portanto, esforçar-se e ter 
bom ânimo em meio a todas as grandes 
dificuldades com que se depararia, porque o 
propósito de Deus não poderia ser frustrado de 
modo algum. 
Josué e todo o povo de Israel veriam a poderosa 
mão de Deus lutando a seu favor e realizando 
milagres tremendos para que pudessem entrarna posse da terra prometida, mas teriam que 
permanecer debaixo das ordens do Senhor, 
especialmente observando e cumprindo os seus 
mandamentos, que lhes havia dado através de 
Moisés (v. 6, 7, 9). 
14 
 
Daí ter sido ordenado a Josué que não deixasse 
de ensinar a Lei ao povo, e nem de meditar no 
livro da Lei dia e noite, para que tivesse o 
cuidado diligente de dirigir os israelitas 
seguindo estritamente tudo o que era ordenado 
a Israel na Palavra de Deus dada a Moisés. 
Então, não seria apenas Josué que seria bem-
sucedido nas suas realizações, mas toda a nação 
israelita, porque o sucesso de Josué seria 
medido pelo sucesso de Israel em cumprir o que 
foi ordenado pelo Senhor. 
Portanto, a promessa de ser bem-sucedido por 
onde quer que andasse (v. 7b), porque Deus seria 
com ele em sua caminhada (v. 9), era uma 
promessa cujo cumprimento estava associado à 
obediência da nação aos seus mandamentos, e 
ela se dirigia particularmente às muitas 
jornadas e campanhas de guerra que os 
israelitas teriam em Canaã, até conquistarem a 
terra por completo. 
Precisamos da presença de Deus não somente 
quando estamos começando o nosso trabalho, 
mas também quando este está progredindo, 
para ter uma ajuda ininterrupta. 
Muitos fracassam no ministério porque 
buscaram a ajuda de Deus somente para 
ingressarem nele, e não fizeram como Paulo, 
que sempre pedia oração à Igreja, e orava muito, 
para que nunca ficasse privado da presença 
poderosa e abençoadora do Senhor, que faz a 
sua obra através dos seus ministros. 
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Se ele 
vai conosco, quem poderá nos resistir? Se a obra 
15 
 
que fazemos não é propriamente nossa, mas 
dele, quem poderá impedi-la? 
Nos versos 1 a 9, lemos as palavras que foram 
ditas por Deus a Josué, e dos versos 10 a 15, as que 
foram ditas por Josué aos oficiais de Israel, e 
especialmente aos rubenitas, gaditas e 
manassitas, que haviam ocupado a 
Transjordânia nos dias de Moisés, e dos versos 
16 a 18 as palavras que os israelitas disseram a 
Josué. 
Vejamos então agora o que Josué disse aos 
israelitas depois de ter ouvido o Senhor ter lhe 
falado o que está contido nos versos 1 a 9. 
Josué falou aos oficiais do povo, isto é, aos seus 
supervisores, que haviam sido constituídos 
sobre eles desde os dias de Moisés. 
Deus sempre levantou e continuará levantando 
supervisores para a sua obra, especialmente 
para o encargo de guiar o seu povo (I Tim 3.1). 
Portanto, não é bíblica a ideia de que todos são 
livres na Igreja para fazerem o que seja da sua 
própria vontade, sem estarem em submissão a 
um governo eclesiástico formalmente 
constituído por Deus. 
Ainda que os oficiais sejam levantados, como já 
dissemos, para servirem à Igreja, e pelo 
reconhecimento da própria Igreja da sua 
chamada por Deus, elegendo-os e empossando-
os em seus cargos, no entanto, eles são servos 
num sentido elevado por causa da chamada 
divina. 
A excelência e suficiência dos oficiais não é 
propriamente deles, porque são vasos de barro, 
16 
 
mas, é, no entanto, uma excelência e suficiência 
elevadamente superior à do homem e 
proveniente da própria autoridade e poder do 
homem, porque ela tem a sua origem em Deus. 
Pastores são servos da Igreja e não empregados 
dos homens. 
Eles prestam um serviço em humildade, mas 
não para serem humilhados por aqueles aos 
quais estão servindo. 
Vejam isto no exemplo de Jesus. Ele diz que veio 
servir e não ser servido, e, no entanto, lembrou 
aos apóstolos que ele era o Mestre e Senhor 
deles. Isto não lhe impediu de lavar os pés deles, 
mas jamais tiveram a insensatez de que ele 
estava abaixo deles, pelo que lhes fizera. 
Deste modo, os oficiais estavam sujeitos a Josué 
(v. 10), assim como o povo estava sujeito aos 
oficiais e ao próprio Josué (v. 11). 
Por conseguinte, a palavra de Josué aos oficiais, 
quanto à ordem que recebera de Deus não foi: 
“consultai ao povo se eles desejam fazer o que 
Deus mandou”, mas, “ordenai ao povo” (v. 11) 
que se provessem de mantimentos porque 
dentro de três dias atravessariam o Jordão, para 
tomarem posse da terra que Deus lhes havia 
dado por herança. 
Nesta ocasião, os guerreiros rubenitas, gaditas e 
manassitas foram lembrados do seu dever de 
seguirem com as demais tribos para lutarem em 
Canaã, deixando na Transjordânia suas 
mulheres, filhos e gado, e até que Canaã fosse 
totalmente conquistada, não poderiam retornar 
para as suas casas (v. 12-15). 
17 
 
A tarefa de conduzir o povo de Deus é muito 
mais difícil e delicada do que a de dirigir 
qualquer empresa terrena, porque um 
empresário escolhe por processo seletivo as 
pessoas com as quais deseja trabalhar e pode 
dispensá-las segundo a sua própria 
conveniência; mas os ministros de Deus têm 
que trabalhar com as pessoas que lhes foram 
dadas por Deus, e terão que se empenharem 
muito para mantê-las firmes na fé e em unidade 
no meio do povo do Senhor. 
O que poderiam fazer os ministros quanto ao 
rebanho que está sob a respectiva supervisão, se 
não tivessem os oficiais que são também 
levantados por Deus para auxiliá-los no 
cumprimento do seu ministério? 
É preciso ter este reconhecimento, a saber, do 
quão valiosos são estes oficiais, para que o 
rebanho do Senhor possa ser apascentado de 
modo adequado, e a Igreja deve ser ensinada a 
honrá-los e a lhes obedecer, para que as 
promessas e bênçãos de Deus possam ser 
derramadas sobre todo o corpo de fiéis. 
Assim, por terem aprendido especialmente pelo 
exemplo do que sucedera há quarenta anos 
atrás com os seus pais, que pela sua 
incredulidade haviam morrido no deserto e 
deixaram de entrar em Canaã, porque o Senhor 
já não era com eles, esta nova geração de 
israelitas sabia muito bem que a bênção de Deus 
está condicionada à obediência à sua vontade e 
Palavra, e por isso, os oficiais de Israel deram 
como resposta às palavras de Josué, o seguinte: 
18 
 
“Então responderam a Josué, dizendo: Tudo 
quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer 
que nos enviares iremos. Como em tudo 
ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-
somente seja o Senhor teu Deus contigo, como 
foi com Moisés. Quem quer que se rebelar 
contra as tuas ordens, e não ouvir as tuas 
palavras em tudo quanto lhe mandares, será 
morto. Tão-somente esforça-te, e tem bom 
ânimo.” (v. 16 a 18). 
Veja que condicionaram a sua obediência 
irrestrita a Josué à comunhão de Josué com 
Deus, ou seja, na medida em que vissem que a 
liderança de Josué era em conformidade com a 
vontade do Senhor, obedeceriam tudo o que 
lhes fosse ordenado. 
De igual modo a liderança dos ministros na 
Igreja de Cristo é confirmada e atendida pelo 
próprio povo que dirigem, na medida que é 
observado que fazem um trabalho segundo a 
Palavra e vontade do Senhor. 
Jesus é o capitão da nossa salvação e nós temos 
que estar unidos a ele e fazer tudo o que nos tem 
ordenado em sua Palavra, e ir aonde quer que 
ele nos envie, pela sua vontade. 
 
“1 Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, 
falou o Senhor a Josué, filho de Num, servidor de 
Moisés, dizendo: 
2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois 
agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, 
para a terra que eu dou aos filhos de Israel. 
19 
 
3 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-
lo dei, como eu disse a Moisés. 
4 Desde o deserto e este Líbano, até o grande rio, 
o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o 
grande mar para o poente do sol, será o vosso 
termo. 
5 Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua 
vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; 
não te deixarei, nem te desampararei. 
6 Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás 
a este povo herdar a terra que jurei a seus pais 
lhes daria. 
7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom 
ânimo, cuidando de fazer conforme toda a lei 
que meu servo Moisés te ordenou; não te 
desvies dela, nem para a direita nem para a 
esquerda, a fimde que sejas bem sucedido por 
onde quer que andares. 
8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei, 
antes medita nele dia e noite, para que tenhas 
cuidado de fazer conforme tudo quanto nele 
está escrito; porque então farás prosperar o teu 
caminho, e serás bem sucedido. 
9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom 
ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; 
porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde 
quer que andares. 
10 Então Josué deu esta ordem aos oficiais do 
povo: 
11 Passai pelo meio do arraial, e ordenai ao povo, 
dizendo: Provede-vos de mantimentos, porque 
dentro de três dias haveis de atravessar este 
Jordão, a fim de que entreis para tomar posse da 
20 
 
terra que o Senhor vosso Deus vos dá para a 
possuirdes. 
12 E disse Josué aos rubenitas, aos gaditas, e à 
meia tribo de Manassés: 
13 Lembrai-vos da palavra que vos mandou 
Moisés, servo do Senhor, dizendo: O Senhor 
vosso Deus vos dá descanso, e vos dá esta terra. 
14 Vossas mulheres, vossos pequeninos e vosso 
gado fiquem na terra que Moisés vos deu desta 
banda do Jordão; porém vós, todos os homens 
valorosos, passareis armados adiante de vossos 
irmãos e os ajudareis; 
15 até que o Senhor tenha dado descanso: a 
vossos irmãos, assim como vo-lo deu a vós, e 
eles também tenham possuído a terra que o 
Senhor vosso Deus lhes dá; então tornareis para 
a terra da vossa herança, e a possuireis, terra 
que Moisés, servo do Senhor, vos deu além do 
Jordão, para o nascente do sol. 
16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo 
quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer 
que nos enviares iremos. 
17 Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te 
ouviremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu 
Deus contigo, como foi com Moisés. 
18 Quem quer que se rebelar contra as tuas 
ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo 
quanto lhe mandares, será morto. Tão-somente 
esforça-te, e tem bom ânimo.” (Js 1.1-18). 
 
 
 
21 
 
Josué 2 
 
Neste capítulo nós temos a narrativa dos 
espias que foram designados para trazer um 
relatório a Josué sobre a cidade de Jericó. É 
destacado o modo como Josué os enviou; como 
Raabe os recebeu e protegeu, e como relatou a 
eles o pânico que estava sobre os habitantes de 
Jericó, por causa de Israel; e o pedido que lhes 
fez para a sua segurança e de seus familiares. 
Consta também neste capítulo o retorno seguro 
dos espias e o relatório que fizeram a Josué das 
coisas que viram e ouviram. 
A fé nas promessas de Deus não deve substituir, 
mas encorajar nossa diligência no uso dos 
meios apropriados para a sua realização, assim 
como Noé se esforçou para construir a arca; 
como Isaque orou para que Rebeca 
engravidasse, e em tantos outros exemplos que 
encontramos na Bíblia. 
E aqui também nós vemos Josué enviando os 
espias a Jericó, certamente por inspiração 
divina, não propriamente para estabelecer o 
plano de guerra contra aquela cidade, pois este, 
como veremos adiante, foi-lhe dado pelo 
próprio Senhor, que lhe apareceu numa 
teofania como o capitão do exército de Deus. 
Os espias não foram enviados, portanto, para 
avaliar se valeria ou não a pena atacar a cidade, 
pois atacá-la já era uma questão decidida e 
determinada pelo próprio Deus, que ordenou 
22 
 
que atravessassem o Jordão, para iniciarem a 
conquista de Canaã. 
Os espias não estavam somente a serviço de 
Josué e de Israel, mas do próprio Deus, que 
tomou providências para guardá-los em sua 
missão, enviando-lhes à casa de Raabe, pois 
sabia que ela os preservaria com o risco da 
própria vida, por temê-lo, e saber que aqueles 
que se convertessem a Deus, estariam 
verdadeiramente abrigados do mal e em 
perfeita segurança. 
O envio daqueles espias faria com que, pela 
providência divina, Raabe e os seus fossem 
poupados da destruição total de Jericó. 
O Senhor é benigno e sabe livrar o justo no dia 
do juízo. E caso aqueles espias não tivessem ido 
a Jericó, como se saberia que havia uma mulher 
de fé entre todas aquelas pessoas ímpias? Mas 
Deus tudo sabe e vê, e não permitirá que o justo 
seja condenado juntamente com o ímpio, e esta 
foi uma das razões dos espias terem sido 
enviados a Jericó. 
Por que os espias foram ter justamente com 
uma ex-prostituta em Jericó? Certamente Deus 
os conduziu para lá para livrar esta mulher de fé 
e os seus, da destruição que traria sobre Jericó. 
Ele sabe livrar o piedoso da provação, e reservar 
para o castigo os injustos, do dia do juízo, como 
diz Pedro em II Pe 2.9. 
Ao fazer a afirmação do verso 9, dizendo que 
tinha certeza que Deus havia dado a terra de 
Canaã aos israelitas, onde Raabe alcançou esta 
23 
 
certeza senão na fé que lhe fora dada pelo 
Senhor? 
Raabe demonstrou o seu conhecimento pessoal 
do Senhor na confissão de fé que encontramos 
no verso 11: “o Senhor vosso Deus é Deus em 
cima no céu e embaixo na terra.”. 
E assim, o Espírito Santo, através do autor de 
Hebreus deu testemunho da fé salvífica que 
habitava em Raabe, pelo fato de ter acolhido e 
escondido os dois espias de Israel, que vieram 
ter com ela, pois com isso demonstrou que sabia 
e confiava, pela fé, que o Senhor haveria de 
cumprir cabalmente a promessa que fizera aos 
israelitas de lhes dar a terra de Canaã, e que isto 
seria feito, a par de todo o poderio militar das 
nações que habitavam naquela terra. 
Os olhos espirituais de Raabe foram abertos 
para que pudesse enxergar a mão poderosa do 
Senhor, nos milagres que realizara no Egito, e na 
destruição dos dois reis amorreus. 
Assim, a evidência da sua fé, conforme se 
destaca em Hb 11.31, que acolheu em paz os 
espias, não consistiu no ato isolado de 
simplesmente tê-los acolhido, mas em tudo o 
que se evidenciou da fé que nela havia, através 
daquela acolhida. 
Nós temos então aqui uma segunda razão para o 
envio dos espias a Jericó: a fé de Raabe e o 
testemunho que ela dera acerca do temor dos 
israelitas, que havia sobrevindo aos moradores 
de Canaã, em muito os encorajaria às batalhas 
que teriam que empreender. 
24 
 
As canas de linho que Raabe havia disposto em 
ordem no eirado, para que secassem e pudesse 
trabalhar com elas em tecelagem, bem 
evidenciam o caráter de uma mulher virtuosa, 
como a citada em Pv 31 (v. 13), que havia se 
convertido da sua prostituição, em face do 
conhecimento que tivera dos feitos de Deus, 
tendo o Senhor tido misericórdia e se 
manifestado a ela. 
Quando ainda mantinha os espias escondidos 
no eirado de sua casa, Raabe teve que usar do 
expediente de mentir àqueles que lhe foram 
enviados pelo rei de Jericó, para não colocar em 
risco a sua própria vida, dos de sua casa e dos 
espias (v. 4,5). 
Ela habilmente admitiu que os espias haviam de 
fato vindo a ela, pois se o tivesse negado, estaria 
contradizendo aqueles que os haviam visto em 
sua casa e que haviam notificado o fato ao rei 
(v.2), e isto ensejaria no mínimo uma 
confrontação dela com os seus delatores, que 
acabaria conduzindo a um avanço na 
investigação e a uma provável revista minuciosa 
da sua casa, que acabaria levando à descoberta 
dos espias. 
Mas ela foi bastante convincente ao dizer a 
verdade que eles tinham vindo ter com ela. E 
assim, também deram crédito à mentira de que 
os espias haviam ido embora sem que ela 
soubesse de onde eram e para onde haviam ido 
(v. 4,5). 
Como a sua casa ficava em cima do muro da 
cidade de Jericó, ela os fez descer por uma corda 
25 
 
para o lado de fora da cidade e lhes orientou que 
se escondessem no monte por três dias, até que 
os seus perseguidores desistissem de procurá-
los (v. 15,16, 22, 23). 
A fúria com que o rei de Jericó mandou 
empreender a caça aos espias israelitas 
demonstra o quanto eles não estavam dispostos 
a se renderem e nem a tratarem de negociações 
de paz, e por isso a única conclusão a que os 
israelitas poderiam chegar foi a citada no verso 
24 de que certamente o Senhor lhes havia dado 
toda aquela terra nas suas mãos, e não tinham 
nada que fazer senão tomarposse do que lhes 
fora dado por Deus. 
Nós vemos nisto uma estratégia de contra 
informação usada em guerras, que foi bem-
sucedida, da parte de Raabe, para confundir o 
inimigo, tal como haviam agido as duas 
parteiras, que se negaram a matar os recém-
nascidos israelitas do sexo masculino, a mando 
de faraó, porque temeram antes a Deus do que 
os homens, e que também enganaram faraó 
com a mentira delas. 
E o que se aprende disto? Que a mentira é 
aprovada por Deus? Que se deve fazer disso uma 
regra? De modo nenhum! Pois estamos diante 
de duas situações excepcionais em que o uso de 
informações que não correspondiam à 
realidade dos fatos impediu que os inimigos de 
Deus triunfassem em seus projetos malignos 
dirigidos contra o seu povo. 
Não se pode, portanto, a partir de situações 
excepcionais criar regras gerais contra a 
26 
 
verdade revelada de que convém a todo o crente 
dizer somente a verdade. Não se deve sequer 
pensar como regra em que exista algo como 
mentira “branca” ou que há fins que justifiquem 
meios falsos e enganosos. 
Davi se fingiu de louco para escapar do rei 
filisteu. Obadias escondeu profetas de Deus das 
vistas de Jesabel, estando a serviço dela em sua 
própria casa. 
O relato de Raabe de que todos em Jericó 
estavam apavorados por causa do que Deus 
fizera aos egípcios no Mar Vermelho e aos dois 
reis amorreus, Ogue e Seom, em muito animou 
os israelitas à batalha (v.24), quando os espias 
relataram tal informação a Josué. 
Deus é quem pode manter a alma em paz, ou em 
desassossego e terror (Dt 12.25). Por isso os de 
Jericó estavam aterrorizados. 
 
“1 De Sitim Josué, filho de Num, enviou 
secretamente dois homens como espias, 
dizendo-lhes: Ide reconhecer a terra, 
particularmente a Jericó. Foram pois, e 
entraram na casa duma prostituta, que se 
chamava Raabe, e pousaram ali. 
2 Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: 
Eis que esta noite vieram aqui uns homens dos 
filhos de Israel, para espiar a terra. 
3 Pelo que o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: 
Faze sair os homens que vieram a ti e entraram 
na tua casa, porque vieram espiar toda a terra. 
27 
 
4 Mas aquela mulher, tomando os dois homens, 
os escondeu, e disse: é verdade que os homens 
vieram a mim, porém eu não sabia donde eram; 
5 e aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, 
sendo já escuro, aqueles homens saíram. Não 
sei para onde foram; ide após eles depressa, 
porque os alcançareis. 
6 Ela, porém, os tinha feito subir ao eirado, e os 
tinha escondido entre as canas do linho que 
pusera em ordem sobre o eirado. 
7 Assim foram esses homens após eles pelo 
caminho do Jordão, até os vaus; e, logo que 
saíram, fechou-se a porta. 
8 E, antes que os espias se deitassem, ela subiu 
ao eirado a ter com eles, 
9 e disse-lhes: Bem sei que o Senhor vos deu esta 
terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que 
todos os moradores da terra se derretem diante 
de vós. 
10 Porque temos ouvido que o Senhor secou as 
águas do Mar Vermelho diante de vós, quando 
saístes do Egito, e também o que fizestes aos dois 
reis dos amorreus, Siom e Ogue, que estavam 
além de Jordão, os quais destruístes totalmente. 
11 Quando ouvimos isso, derreteram-se os 
nossos corações, e em ninguém mais há ânimo 
algum, por causa da vossa presença; porque o 
Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e 
embaixo na terra. 
12 Agora pois, peço-vos, jurai-me pelo Senhor 
que, como usei de bondade para convosco, vós 
também usareis de bondade para com a casa e 
meu pai; e dai-me um sinal seguro 
28 
 
13 de que conservareis em vida meu pai e minha 
mãe, como também meus irmãos e minhas 
irmãs, com todos os que lhes pertencem, e de 
que livrareis da morte as nossas vidas. 
14 Então eles lhe responderam: A nossa vida 
responderá pela vossa, se não denunciardes 
este nosso negócio; e, quando o Senhor nos 
entregar esta terra, usaremos para contigo de 
bondade e de fidelidade. 
15 Ela então os fez descer por uma corda pela 
janela, porquanto a sua casa estava sobre o muro 
da cidade, de sorte que morava sobre o muro; 
16 e disse-lhes: Ide-vos ao monte, para que não 
vos encontrem os perseguidores, e escondei-
vos lá três dias, até que eles voltem; depois 
podereis tomar o vosso caminho. 
17 Disseram-lhe os homens: Nós seremos 
inocentes no tocante a este juramento que nos 
fizeste jurar. 
18 Eis que, quando nós entrarmos na terra, 
atarás este cordão de fio de escarlata à janela 
pela qual nos fizeste descer; e recolherás em 
casa contigo teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda 
a família de teu pai. 
19 Qualquer que sair fora das portas da tua casa, 
o seu sangue cairá sobre a sua cabeça, e nós 
seremos inocentes; mas qualquer que estiver 
contigo em casa, o seu sangue cairá sobre a 
nossa cabeça se nele se puser mão. 
20 Se, porém, tu denunciares este nosso 
negócio, seremos desobrigados do juramento 
que nos fizeste jurar. 
29 
 
21 Ao que ela disse: Conforme as vossas palavras, 
assim seja. Então os despediu, e eles se foram; e 
ela atou o cordão de escarlata à janela. 
22 Foram-se, pois, e chegaram ao monte, onde 
ficaram três dias, até que voltaram os 
perseguidores; pois estes os buscaram por todo 
o caminho, porém, não os acharam. 
23 Então os dois homens, tornando a descer do 
monte, passaram o rio, chegaram a Josué, filho 
de Num, e lhe contaram tudo quanto lhes 
acontecera. 
24 E disseram a Josué: Certamente o Senhor nos 
tem entregue nas mãos toda esta terra, pois 
todos os moradores se derretem diante de nós.” 
(Js 2.1-24). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Josué 3 
 
Antes de atravessar o Jordão o povo de Israel 
estava acampado em Sitim (v. 1), e no verso 19 do 
capítulo seguinte (quarto) nós vemos que, 
depois de atravessarem o Jordão, os israelitas se 
acamparam em Gilgal, de onde partiriam para 
lutar contra Jericó. 
Quando eles saíram de Sitim e chegaram ao rio 
Jordão, não lhes foi dito como fariam para 
atravessar o rio, contudo nós vemos que depois 
de o Senhor ter falado com Josué, como vimos 
no início do primeiro capítulo, Josué deu ordens 
para que o povo se preparasse porque dentro de 
três dias atravessariam o Jordão (1.11). 
Esta caminhada em direção ao Jordão para que 
fosse atravessado no prazo de três dias seria 
uma caminhada de fé, porque conforme se 
descreve no verso 15, o rio transbordava em 
todas as suas ribanceiras naqueles dias. 
Esta vida está repleta de Jordões que devemos 
atravessar, representados nos problemas que 
temos que ultrapassar, mas não devemos ficar 
desanimados porque Deus nos ordena a ter 
ânimo nas aflições, porque ele mesmo será a 
nossa ajuda e proverá os meios necessários para 
que possamos prosseguir na nossa jornada, 
rumo à conquista definitiva da Canaã celestial. 
Tão somente devemos nos esforçar tal como 
Deus ordenou a Josué, o qual acordava de 
madrugada (3.1; 6.12; 7.16; 8.10) para estimular e 
31 
 
preparar o povo para cumprir as ordenanças do 
Senhor. 
Aqueles que têm grandes coisas para realizar 
devem acordar cedo. 
Não devem amar o sono, e devem imitar Josué, 
que dava um bom exemplo para os seus oficiais. 
Nesta ocasião específica, em vez de ir no meio 
das tribos, conforme se vê no livro de Números, 
a arca iria à sua frente, e foi determinado por 
Deus que houvesse uma distância de cerca de 
um quilômetro, entre os sacerdotes que a 
conduziriam, e o povo. 
A arca continha as tábuas com os dez 
mandamentos. 
As pessoas devem seguir a arca, de modo que 
onde estejam as ordenações de Deus nós 
devemos estar, e segui-las de forma temente e 
reverente. 
Nós devemos seguir os nossos ministros, que 
nos trazem a Palavra, assim como eles seguem a 
Cristo (Hb 13.7). 
Então havia esta figura para a Igreja no ato de a 
arca estar sendo conduzida pelos sacerdotes 
adiante do povo. 
Naquela dispensação da Antiga Aliança, com 
vistas a criar a devida reverência e temor no 
povo, se determinava que houvesse taldistância 
entre o povo e a arca, que simbolizava a 
presença de Deus, de modo que a familiaridade 
poderia criar desprezo. 
Por isso não poderiam se achegar ao símbolo da 
presença divina, naquela dispensação de 
sombras, condenação e terror, mas nós temos 
32 
 
agora na Nova Aliança livre acesso por meio de 
Cristo, e não precisamos, na condição de povo 
da Nova Aliança, ter uma tal recomendação de 
afastamento, porque jamais abusaríamos da 
santa presença do Senhor, porque o Espírito 
Santo tem sido derramado no coração de todos 
aqueles que estão aliançados com Cristo, de 
modo que o temor de Deus habita nos nossos 
corações. 
A presença do Senhor é digna de toda 
consideração, temor, reverência e respeito, e 
todos os verdadeiros crentes são instruídos 
acerca disto pelo Espírito Santo, que os 
regenerou, transformando-os em novas 
criaturas, mas naquela dispensação antiga, nem 
todos tinham o verdadeiro conhecimento de 
Deus, e então se fazia necessário se tomar 
providências como esta, para que o povo não 
ultrapassasse os limites, que não são permitidos 
a nenhum crente ultrapassar. 
Assim como nos dias de Moisés, que foi 
ordenado ao povo que se santificasse, para 
receber os dez mandamentos ao pé do monte 
Sinai, de igual modo, foi ordenado aos israelitas 
naquela ocasião, por Josué, para que se 
santificassem, porque o Senhor faria 
maravilhas no meio deles (v.5). 
Veja que preparação temos que fazer para 
receber as revelações e comunicações da glória 
e da graça de Deus, quando está a ponto de fazer 
maravilhas no meio de nós. 
Temos que nos separar de todos os demais 
cuidados e nos dedicar a honrá-lo, e nos 
33 
 
purificarmos de toda imundície da carne e do 
espírito. 
Deus declarou a Josué que começaria a 
engrandecê-lo perante os israelitas, para que o 
respeitassem e soubessem que assim como 
havia sido com Moisés também seria com ele 
(v.7). 
É Deus quem engrandece a quem quer, e 
quando quer, e sempre para um propósito 
necessário e proveitoso, assim como fizera com 
Josué, depois da morte de Moisés, fazendo com 
que as águas do Jordão fossem cortadas para que 
o povo passasse a pé enxuto. 
Isto demonstra o quão impróprio foi o pedido 
que a mãe de Tiago e João, havia feito a Jesus. 
Deus havia prometido a Josué que seria com ele 
(1.5), e isso o confortou, mas agora todo o Israel 
veria que o Senhor estava honrando Josué e 
confirmando a sua liderança sobre todo o povo, 
para que os israelitas honrassem a Josué por 
virem que Deus era com ele. 
De igual modo, os ministros piedosos devem ser 
altamente honrados e estimados, porque, 
quanto mais nós vemos que Deus é com eles, 
mais nós devemos honrá-los, porque com isto 
estaremos honrando o próprio Deus, que foi 
quem colocou tal honra neles. 
É a presença do Senhor entre o seu povo que faz 
toda a diferença e quem de fato o dirige. 
A Josué foi dito que seguiriam por um caminho 
pelo qual nunca haviam passado antes (v.4). 
Isto é uma grande verdade para todos os crentes 
neste mundo, porque devem esperar e estar 
34 
 
preparados para passarem por eventos 
incomuns, passar por situações que nunca 
haviam experimentado antes, mas ainda que 
andemos pelo vale da sombra da morte, desde 
que tenhamos a garantia da presença do Senhor 
conosco, não precisamos temer mal algum, 
porque nos dará a força necessária de um modo 
também que nunca tivemos antes, para fazer 
aquilo que for necessário. 
Sendo uma nação teocrática, na Antiga Aliança, 
os sacerdotes estavam debaixo da autoridade 
dos governantes de Israel, sendo estes Moisés, 
Josué, e depois deste os juízes, e posteriormente 
os reis. 
Mas era vedado a tais governantes realizarem as 
funções exclusivas dos sacerdotes, conforme 
prescritas na lei, mas deveriam cumprir as 
ordenações de Deus determinadas àqueles que 
tivessem sob o seu cuidado o governo de toda a 
nação. 
Aqui nós vemos Josué ordenando aos 
sacerdotes que levassem a arca até à beira do 
Jordão, conforme mandado que havia recebido 
do Senhor (v.8). 
Assim que os pés dos sacerdotes tocaram na 
margem do rio, o fluxo parou imediatamente, 
como que se uma represa invisível tivesse sido 
levantada impedindo as águas de prosseguirem 
o seu curso. 
E elas se amontoaram ao norte do rio até que os 
israelitas passassem, enquanto os sacerdotes 
permaneciam no meio do leito do rio com a 
arca, até que todos tivessem passado. 
35 
 
Este evento serviria para aumentar ainda mais o 
pavor dos habitantes de Jericó (5.1; 6.1), de modo 
que eles sitiaram a si mesmos naquela cidade 
fortificada, pensando que estariam bem 
protegidos pelos seus muros gigantescos. 
 
“1 Levantou-se, pois, Josué de madrugada e, 
partindo de Sitim ele e todos os filhos de Israel, 
vieram ao Jordão; e pousaram ali, antes de 
atravessá-lo. 
2 E sucedeu, ao fim de três dias, que os oficiais 
passaram pelo meio do arraial, 
3 e ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes 
a arca da pacto do Senhor vosso Deus sendo 
levada pelos levitas sacerdotes, partireis vós 
também do vosso lugar, e a seguireis 
4 (haja, contudo, entre vós e ela, uma distância 
de dois mil côvados, e não vos chegueis a ela), 
para que saibais o caminho pelo qual haveis de 
ir, porquanto por este caminho nunca dantes 
passastes. 
5 Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, 
porque amanhã o Senhor fará maravilhas no 
meio de vós. 
6 E falou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantai 
a arca do pacto, e passai adiante do povo. 
Levantaram, pois, a arca do pacto, e foram 
andando adiante do povo. 
7 Então disse o Senhor a Josué: Hoje começarei 
a engrandecer-te perante os olhos de todo o 
Israel, para que saibam que, assim como fui com 
Moisés, serei contigo. 
36 
 
8 Tu, pois, ordenarás aos sacerdotes que levam 
a arca do pacto, dizendo: Quando chegardes à 
beira das águas de Jordão, aí parareis. 
9 Disse então Josué aos filhos de Israel: 
Aproximai-vos, e ouvi as palavras do Senhor 
vosso Deus. 
10 E acrescentou: Nisto conhecereis que o Deus 
vivo está no meio de vós, e que certamente 
expulsará de diante de vós os cananeus, os 
heteus, os heveus, os perizeus, os girgaseus, os 
amorreus e os jebuseus. 
11 Eis que a arca do pacto do Senhor de toda a 
terra passará adiante de vós para o meio do 
Jordão. 
12 Tomai, pois, agora doze homens das tribos de 
Israel, de cada tribo um homem; 
13 porque assim que as plantas dos pés dos 
sacerdotes que levam a arca do Senhor, o 
Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do 
Jordão, estas serão cortadas, isto é, as águas que 
vêm de cima, e, amontoadas, pararão. 
14 Quando, pois, o povo partiu das suas tendas 
para atravessar o Jordão, levando os sacerdotes 
a arca do pacto adiante do povo, 
15 e quando os que levavam a arca chegaram ao 
Jordão, e os seus pés se mergulharam na beira 
das águas (porque o Jordão transbordava todas 
as suas ribanceiras durante todos os dias da 
sega), 
16 as águas que vinham de cima, parando, 
levantaram-se num montão, mui longe, à altura 
de Adã, cidade que está junto a Zaretã; e as que 
desciam ao mar da Arabá, que é o Mar Salgado, 
37 
 
foram de todo cortadas. Então o povo passou 
bem em frente de Jericó. 
17 Os sacerdotes que levavam a arca do pacto do 
Senhor pararam firmes em seco no meio do 
Jordão, e todo o Israel foi passando a pé enxuto, 
até que todo o povo acabou de passar o Jordão.” 
(Js 3.1-17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Josué 4 
 
Nós continuamos vendo neste capítulo Josué 
debaixo dos comandos de Deus, tal como 
estivera Moisés, porque o Senhor lhe ordenou 
que doze homens, um de cada tribo de Israel, 
carregassem doze pedras, para com elas erigir 
um memorial no lugar em que Israel 
acampasse, para que as gerações futuras 
tivessem sempre em memória que Deus havia 
aberto o Jordão para que o seu povo passasse a 
pé enxuto, e para o mesmo propósito também 
ordenou a Josué que fossem colocadas outras 
doze pedras no lugar ondeos sacerdotes haviam 
ficado parados com a arca no meio do Jordão. 
Cabe destacar que até mesmo o momento da 
saída da arca com os sacerdotes do meio do leito 
do rio foi ordenado pelo Senhor. 
Seria natural de se esperar que o fizessem por 
sua própria conta, assim que a última pessoa do 
povo passasse para o outro lado, mas não, eles 
tiveram que esperar a ordem de Deus quanto ao 
momento de fazê-lo, e foi somente depois que a 
ordem foi expedida que as águas do rio voltaram 
a correr no seu curso normal. 
Isto indica em figura, de modo muito claro, que 
devemos continuar esperando em Deus e lhe 
obedecendo, mesmo depois dele ter resolvido 
os nossos problemas. 
Especialmente os seus ministros que têm o 
santo encargo de pregarem a sua Palavra. 
39 
 
E cabe destacar ainda que a ordem expedida por 
Deus não foi dirigida diretamente aos 
sacerdotes, mas a Josué, que a transmitiu a eles. 
Isto demonstra que ainda que os sacerdotes 
compusessem um ministério designado e 
honrado por Deus, deveriam, no entanto, se 
submeter àquele que havia sido levantado para 
governar o povo, de modo que houvesse ordem 
na casa de Deus, pela estrita observância da 
cadeia de comando estabelecida pelo próprio 
Deus. 
De igual modo, todos os ministérios existentes 
na Igreja devem estar subordinados àqueles que 
os presidem em o nome do Senhor. 
E este memorial da misericórdia e do favor, 
cuidado e providência de Deus para com o seu 
povo eleito e aliançado com ele, ilustra de modo 
muito claro que apesar de os crentes da Igreja de 
Cristo serem ainda pecadores e imperfeitos, 
tanto quanto eram os israelitas, estão debaixo da 
mesma misericórdia e do mesmo favor, cuidado 
e providência, por causa da sua eleição e aliança 
com Deus, e não por qualquer mérito deles. 
Eles desfrutam de privilégios em relação a isto, 
não em razão da própria justiça, mas pela graça 
com que foram eleitos, antes da fundação do 
mundo, para serem filhos de Deus. 
Aquelas doze pedras eram muito mais do que 
um simples memorial dos grandes feitos do 
Senhor, pois testemunhavam a sua graça, 
misericórdia, e cuidado especial para com o seu 
povo, ainda que composto de pecadores. 
40 
 
Quanta ousadia de fé e constrangimento à 
gratidão, serviço, santidade e obediência a Deus 
não deveriam ser produzidos em todos os 
crentes, por estarem devidamente inteirados 
deste amor do Senhor por eles? 
Tal como fora afirmado pelo apóstolo Paulo: 
“Pois o amor de Cristo nos constrange, porque 
julgamos assim: se um morreu por todos, logo 
todos morreram;” (II Cor 5.14). 
Na referência a Moisés, no verso 10, que os 
sacerdotes pararam no meio do Jordão até que 
se cumpriu tudo o que o Senhor mandara Josué 
dizer ao povo, conforme tudo o que Moisés havia 
ordenado a Josué, certamente estas ordens de 
Moisés se referiam ao fato de o povo atender ao 
mandado de Deus em serem obedientes a Josué, 
para a conquista de Canaã, e não à retirada das 
pedras do Jordão, para levantar um memorial, 
pois Moisés já havia morrido, não muito tempo 
antes, pois como é afirmado que os discursos de 
Deuteronômio foram proferidos a partir do 
primeiro dia, do décimo primeiro mês do 
quadragésimo ano (Dt 1.3); a travessia do Jordão 
ocorreu no décimo dia do primeiro mês (v. 19), 
certamente do quadragésimo primeiro ano, 
cerca de 40 dias após Moisés ter iniciado os 
discursos de Deuteronômio, que foram as suas 
últimas palavras para Israel, da parte de Deus, 
antes da sua morte. 
Como Dt 34.8 nos dá conta que houve um luto de 
30 dias pela morte de Moisés, então nós vemos 
que tão logo acabou o luto, foram expedidas 
41 
 
ordens de Deus para que se iniciasse a conquista 
de Canaã. 
Para confirmar que de fato era uma referência 
ao cumprimento das ordens que haviam sido 
expedidas por Moisés antes da sua morte, nos é 
dito nos versos 12 e 13 que as duas tribos e meia 
(Rúben, Gade e Manassés), que haviam se 
apossado de territórios na Transjordânia, 
tinham marchado adiante das demais tribos, 
conforme havia sido ordenado por Moisés, de 
modo que somente retornassem às suas terras 
depois que lutassem em Canaã com as demais 
tribos. 
 
“1 Quando todo o povo acabara de passar o 
Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo: 
2 Tomai dentre o povo doze homens, de cada 
tribo um homem; 
3 e mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio 
do Jordão, do lugar em que estiveram parados os 
pés dos sacerdotes, doze pedras, levai-as 
convosco para a outra banda e depositai-as no 
lugar em que haveis de passar esta noite. 
4 Chamou, pois, Josué os doze homens que 
escolhera dos filhos de Israel, de cada tribo um 
homem; 
5 e disse-lhes: Passai adiante da arca do Senhor 
vosso Deus, ao meio do Jordão, e cada um 
levante uma pedra sobre o ombro, segundo o 
número das tribos dos filhos de Israel; 
6 para que isto seja por sinal entre vós; e quando 
vossos filhos no futuro perguntarem: Que 
significam estas pedras? 
42 
 
7 direis a eles que as águas do Jordão foram 
cortadas diante da arca do pacto de Senhor; 
quando ela passou pelo Jordão, as águas foram 
cortadas; e estas pedras serão para sempre por 
memorial aos filhos de Israel. 
8 Fizeram, pois, os filhos de Israel assim como 
Josué tinha ordenado, e levantaram doze pedras 
do meio do Jordão como o Senhor dissera a 
Josué, segundo o número das tribos dos filhos de 
Israel; e levaram-nas consigo ao lugar em que 
pousaram, e as depositaram ali. 
9 Amontoou Josué também doze pedras no meio 
do Jordão, no lugar em que pararam os pés dos 
sacerdotes que levavam a arca do pacto; e ali 
estão até o dia de hoje. 
10 Pois os sacerdotes que levavam a arca 
pararam no meio do Jordão, até que se cumpriu 
tudo quanto o Senhor mandara Josué dizer ao 
povo, conforme tudo o que Moisés tinha 
ordenado a Josué. E o povo apressou-se, e 
passou. 
11 Assim que todo o povo acabara de passar, 
então passaram a arca do Senhor e os 
sacerdotes, à vista do povo. 
12 E passaram os filhos de Rúben e os filhos de 
Gade, e a meia tribo de Manassés, armados, 
adiante dos filhos de Israel, como Moisés lhes 
tinha dito; 
13 uns quarenta mil homens em pé de guerra 
passaram diante do Senhor para a batalha, às 
planícies de Jericó. 
14 Naquele dia e Senhor engrandeceu a Josué 
aos olhos de todo o Israel; e temiam-no, como 
43 
 
haviam temido a Moisés, por todos os dias da 
sua vida. 
15 Depois falou o Senhor a Josué, dizendo: 
16 Dá ordem aos sacerdotes que levam a arca do 
testemunho, que subam do Jordão. 
17 Pelo que Josué deu ordem aos sacerdotes, 
dizendo: Subi do Jordão. 
18 E aconteceu que, quando os sacerdotes que 
levavam a arca do pacto do Senhor subiram do 
meio do Jordão, e as plantas dos seus pés se 
puseram em terra seca, as águas do Jordão 
voltaram ao seu lugar, e trasbordavam todas as 
suas ribanceiras, como dantes. 
19 O povo, pois, subiu do Jordão no dia dez do 
primeiro mês, e acampou-se em Gilgal, ao 
oriente de Jericó. 
20 E as doze pedras, que tinham tirado do Jordão, 
levantou-as Josué em Gilgal; 
21 e falou aos filhos de Israel, dizendo: Quando 
no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais: 
Que significam estas pedras? 
22 fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel 
passou a pé enxuto este Jordão. 
23 Porque o Senhor vosso Deus fez secar as 
águas do Jordão diante de vós, até que 
passásseis, assim como fizera ao Mar Vermelho, 
ao qual fez secar perante nós, até que 
passássemos; 
24 para que todos os povos da terra conheçam 
que a mão do Senhor é forte; a fim de que vós 
também temais ao Senhor vosso Deus para 
sempre.” (Js 4.1-24). 
 
44 
 
Josué 5 
 
Este capítulo relata basicamente a renovação do 
favor de Deus para os israelitas, com a retirada 
do opróbrio (anátema, infâmia, vergonha, 
desonra, ignomínia, mancha) que estava sobre o 
povo, em razão da incredulidade de trinta e oito 
anos atrás, em Cades Barneia. 
Deste modo, foi ordenado a Josué que todos os 
israelitas que tinham deixado de ser 
circuncidadosnaquele período de peregrinação 
no deserto, fossem agora circuncidados, 
quando entraram em Canaã, acampando-se no 
lugar que se chamou Gibeáte-Haaralote, que 
significa no hebraico “monte dos prepúcios”, e 
que passou a se chamar Gilgal exatamente em 
razão da remoção do opróbrio de sobre eles por 
parte do Senhor, pois Gilgal, no hebraico 
significa “lançar fora”, “rodar”, isto é, Deus fez 
com que a vergonha que estava sobre eles 
rodasse para bem longe. 
O ato da circuncisão ficou associado à remoção 
do opróbrio, de modo que temos aqui uma forte 
ilustração relativa ao que é necessário para ter 
comunhão e intimidade com Deus, a saber, a 
circuncisão do prepúcio do coração, que 
simboliza a mortificação da carne, isto é, do 
pecado. 
É uma operação dolorosa, mas necessária para 
que o opróbrio seja removido de sobre o povo de 
Deus, pois ele é inteiramente santo, e exige 
santidade daqueles que dele se aproximam. 
45 
 
Como ele próprio afirma em sua Palavra, 
sempre se santificará naqueles que se 
aproximarem dele: “Serei santificado naqueles 
que se chegarem a mim, e serei glorificado 
diante de todo o povo.” (Lev 10.3). 
Eles celebraram também a páscoa no dia 14 
daquele mesmo mês (primeiro – Abib), no 
quadragésimo primeiro ano depois da saída do 
Egito, apenas quatro dias após terem 
atravessado o Jordão. 
O cronograma, o relógio do povo de Deus, estão 
nas suas mãos, porque ao que tudo indica, foi ele 
mesmo quem determinou o tempo de todas as 
ações dos israelitas, com a determinação da 
morte de Moisés, numa data em que o luto de 
trinta dias que fizeram por ele não atrapalharia 
os planos divinos de fazer o povo entrar em 
Canaã com Josué, antes da data de celebração da 
páscoa no dia quatorze do primeiro mês, pois foi 
neste dia que eles haviam saído do Egito. 
É por isso que Jesus afirma que não devemos 
estar ansiosos com o futuro: “Não vos inquieteis, 
pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de 
amanhã cuidará de si mesmo.” (Mt 6.34), porque 
o nosso futuro está nas mãos de Deus, e não 
propriamente nas nossas mãos. 
É por isso também que Tiago nos exorta 
sabiamente a não fazer projetos presunçosos, 
sem levar em conta este governo de Deus: “E 
agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a 
tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos 
e ganharemos. No entanto, não sabeis o que 
sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um 
46 
 
vapor que aparece por um pouco, e logo se 
desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o 
Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou 
aquilo.” (Tg 4.13-15). 
O primeiro verso deste capítulo de Josué relata 
que os reis dos amorreus e dos cananeus 
ficaram com os seus corações derretidos e sem 
ânimo, quando souberam que o Senhor havia 
secado as águas do Jordão diante dos israelitas. 
Eles já estavam amedrontados com o temor que 
veio da parte de Deus sobre eles, conforme o 
relato de Raabe aos espias (2.9), e por este evento 
Deus trouxe um maior terror a eles. 
O Senhor havia feito esta promessa aos israelitas 
da primeira geração, quando haviam saído do 
Egito, conforme se vê em Êx 23.27: “Enviarei o 
meu terror adiante de ti, pondo em confusão 
todo povo em cujas terras entrares, e farei que 
todos os teus inimigos te voltem as costas.”, mas 
não se valeram do seu cumprimento em sua 
própria geração, por causa da sua 
incredulidade. 
E mais do que infundir terror sobre os nossos 
inimigos, Deus prepara uma mesa para nós, 
quando cremos nele, na presença dos nossos 
inimigos, pois ele não somente ordenou que 
fosse celebrada a páscoa naquele território 
estranho, como também ordenou que os 
israelitas fossem circuncidados, dando uma 
grande mostra do seu poder em livrar e 
proteger, pois, chegando isto ao conhecimento 
dos inimigos de Israel, eles possivelmente se 
aventurariam em atacar os israelitas, enquanto 
47 
 
estes estavam se curando das dores da 
circuncisão, assim como Simeão e Levi fizeram 
nos dias de Jacó contra os siquemitas. 
Todavia, ainda que o tentassem, o poder de Deus 
não permitiria que Israel fosse destruído pelos 
seus inimigos, porque a sua poderosa mão era 
com eles. 
Estes atos da renovação do favor de Deus, 
demonstrados na abertura do Jordão, na 
circuncisão, na celebração da páscoa, e na 
declaração da remoção do opróbrio, 
fortaleceram grandemente a fé e confiança dos 
israelitas nele. 
E eles necessitariam de firmeza de fé para a 
realização de todas as campanhas militares que 
teriam que empreender em Canaã, de modo que 
não sucedesse com eles o que havia ocorrido 
com os seus pais no passado, em razão da 
incredulidade. 
O opróbrio de todos os pecadores crentes, que 
virão a fazer parte do povo de Deus, de modo que 
possam entrar em Canaã, é removido deles por 
causa da sua fé em Jesus, e em razão da obra que 
Jesus fez em favor deles. 
A guerra que Deus tinha contra eles acabou 
porque a sua iniquidade foi perdoada, em razão 
da morte de Jesus (Is 40.2). 
Esta passagem de Isaías é uma ordem de Deus 
que se console o seu povo com estas palavras 
consoladoras de que o opróbrio que estava sobre 
eles foi inteiramente removido por Jesus na 
cruz. 
48 
 
Que coisa maravilhosa é saber e crer nesta boa 
nova com o coração! Mas todo aquele que 
permanece em sua incredulidade permanece 
com este opróbrio, que é resultante da ira de 
Deus contra o pecador que não lavou as suas 
vestes no sangue de Jesus, que é o único modo 
de ser justificado e reconciliado com ele, para 
viver numa união eterna, com e por meio de 
Cristo. 
Entretanto, é oportuno lembrarmos que assim 
como Josué protestou contra os israelitas, como 
veremos no último capítulo deste seu livro, que 
não poderiam servir ao Deus santo e verdadeiro 
caso não vivessem em santidade diante dele, de 
igual modo os crentes na Nova Aliança estão 
sujeitos à mesma regra espiritual do dever de 
não viverem na prática deliberada do pecado, 
para que possam ser objeto da consolação do 
Espírito Santo, que foi enviado por Cristo para o 
propósito de fortificar o seu povo, santificá-lo, 
auxiliá-lo no entendimento e prática das coisas 
de Deus, e tudo o mais que se refira à vida cristã. 
Sem a atuação do Espírito Santo não há 
nenhuma vida espiritual autêntica. 
Spurgeon se referiu a isto de modo sucinto no 
seu famoso sermão O Parácleto: “O Espírito de 
Deus nunca conforta um homem no seu pecado. 
Cristãos desobedientes não devem esperar 
consolação; pois o Espírito Santo primeiro 
santifica, e então consola.”. 
E ainda são suas palavras no mesmo sermão: 
“Tenha medo daquele conforto que não é 
49 
 
baseado na verdade. Odeie o conforto que não 
vem de Cristo.” 
Assim, há condições para que o povo de Deus 
seja alvo das bênçãos do Espírito Santo 
prometido, que habita no coração dos crentes. 
Ele é designado como outro parácleto em Jo 
14.16, 26, isto é, alguém que se coloca ao nosso 
lado para nos conduzir, ensinar, ajudar, 
fortificar, enfim, cumprir todo o propósito de 
Deus em relação a nós, mas isto se cumpre na 
santificação que Deus exige do seu povo. 
Por que o apóstolo Paulo chama a Nova Aliança 
de ministério do Espírito em II Cor 3.7? 
Certamente ele quis estabelecer um contraste 
entre o Antigo e o Novo Pacto, especialmente 
neste sentido particular. 
Porque se é certo que o Espírito atuava no Antigo 
Testamento sobre os israelitas, no entanto, ele 
não habitou em todos eles, como ocorre com 
todos os aliançados com Cristo na Nova Aliança, 
porque nem todos os israelitas, que eram 
considerados integrantes da aliança feita com 
Deus, por meio de promessa aos patriarcas, 
eram de fato pessoas de fé, e, portanto, não 
podiam ter o Espírito Santo em razão desta 
condição. 
Contudo, todos os crentes, na Nova Aliança, 
conhecem de fato a Deus, por terem esta 
habitação do Espírito, sendo todos participantes 
da mesma fé comum em Jesus Cristo. Por isso 
Paulo diz “ministério do Espírito” em II Cor 3.7. 
50 
 
É o Espírito Santo quem conduz todosos 
assuntos dos crentes e da Igreja, no que respeita 
aos interesses de Deus. 
Ele é um consolador amoroso, fiel e incansável, 
que nos conhece e que por nos amar e ser fiel a 
nós, nunca se cansa em nos ajudar e completar 
a boa obra que Deus começou em nós por meio 
por próprio Espírito, que nos regenerou em 
novas criaturas. 
Ele sempre faz os diagnósticos corretos em 
relação às necessidades de nossas almas, e nos 
ministra o medicamento adequado, 
capacitando-nos a viver de modo agradável a 
Deus e a fazer a sua vontade. 
Em Gên 1.2 nós vemos que O Espírito Santo 
pairava sobre as profundezas vazias, desérticas, 
sem utilidade, da terra, que se encontravam em 
trevas absolutas, aguardando os comandos pela 
Palavra do Pai para que ele, Espírito Santo, 
gerasse todas as coisas visíveis. Foi ele, portanto, 
o agente ativo da criação relatada nos primeiros 
capítulos de Gênesis. 
De igual modo, o Espírito habita nos crentes 
para o ato da nova criação em Cristo Jesus, 
transformando as profundezas do deserto vazio 
e inútil de suas almas num pomar espiritual no 
qual são produzidos preciosos frutos para Deus. 
Assim, a presença do Espírito Santo nos crentes 
não é ocasional e nem acidental, mas 
absolutamente essencial para entrarem no 
reino dos céus e serem transformados de glória 
em glória à imagem de Jesus. 
51 
 
Por isso ele é o outro grande Consolador 
enviado por Jesus, em cumprimento de uma 
promessa, já que Jesus é o primeiro Consolador 
da Igreja. 
O Espírito Santo é, portanto, a grande promessa 
da Nova Aliança feita a Abraão e aos profetas 
(Gál 3.14; Ez 11.19,20; 36.25-27; 37.14; 39.29; Is 4.2-
4). 
Os israelitas entristeciam constantemente o 
Espírito Santo (Is 63.10,11), que atuava entre eles. 
O Antigo Pacto, que era constantemente violado 
nas sucessivas gerações de Israel, demonstrou 
que de fato havia a necessidade de um Parácleto 
que estivesse não apenas conosco, mas 
habitando em nós, de modo a nos transformar e 
ajudar a viver o que nos é exigido por Deus (Ez 
36.27; 37.14; Ag 2.5; Jo 14.17). 
Por isso ele foi enviado, conforme Deus havia 
prometido em sua Palavra, especialmente 
através do ministério dos profetas, para habitar 
em todos os crentes do Novo Pacto (Is 44.3; Joel 
2.28, 29; Ez 39.29). 
E o Espírito Santo habitando nos crentes na 
Nova Aliança é um Consolador muito amoroso. 
Ele não consola somente por palavras, mas 
principalmente por ações, pois age com poder e 
graça transformando a nossa tristeza e dor em 
alegria e exultação. 
Ele conhece perfeitamente a nossa estrutura e 
age por um grande amor por nós, e por isso a sua 
consolação é sempre eficaz, pois não são as 
meras palavras de um profissional, de um 
52 
 
conselheiro humano, mas o próprio Deus 
habitando e operando em nós. 
Esta consolação do Espírito é um conforto que 
sempre está disponível. Os confortos do Espírito 
Santo não dependem de saúde, força, riqueza, 
posição, ou amizade; o Espírito Santo nos 
conforta pela verdade, e a verdade não muda. 
Esta consolação não significa necessariamente 
que sempre nos deixará alegres, mas que será o 
nosso amparo nos chamados períodos noturnos 
da nossa alma, em que somos abatidos pela 
correção da potente mão do Senhor, nos 
disciplinando, transformando e conduzindo ao 
arrependimento e ao crescimento espiritual. 
Ele nos conforta por Jesus, e ele é o "sim e 
amém"; então, nossos confortos podem ser 
plenos, quer quando estivermos desfrutando de 
plena saúde, quer quando doentes, quer quando 
em prosperidade financeira, quer quando a 
bolsa estiver vazia. 
Entretanto, sem o jugo de Jesus não é possível 
experimentar a consolação do Espírito Santo, 
que dá descanso à alma, como se lê em M 11.28-
30, e onde a conclusão do verso 30 aponta para a 
verdade de que sem o jugo e o fardo de Cristo, 
não se pode achar descanso para as nossas 
almas. 
Além disso, no verso 29, Cristo destaca o dever 
da atitude da mansidão e da humildade, para o 
mesmo propósito. 
É assim que os que estão cansados e oprimidos 
são aliviados (v. 28). 
53 
 
Assim como o jugo colocado sobre um animal, 
que trabalha em arar a terra, o mantém preso à 
tarefa que deve realizar, de igual modo, é a 
presença desta impulsão sobre a vontade e o 
nosso espírito em desejar servir a Cristo e a fazer 
a sua vontade, acima de qualquer outro 
interesse, que nos habilita a fazer de fato a obra 
de Deus. 
Caso falte o jugo, a tarefa de agradar a Deus não 
será cumprida. 
Em Mateus 11.30 Jesus ordena à Igreja que tome 
o seu jugo e fardo, e estas palavras são plenas de 
significado quanto ao mesmo dever que foi 
imposto aos israelitas de guardarem os 
mandamentos de Deus. 
A palavra “jugo”, no grego, é dzugós, que 
significa lei de obrigação, servidão, ou par de 
balanças que eram colocadas sobre os animais 
de carga. 
Nós encontramos esta mesma palavra grega em 
textos como Mt 11.29, At 15.10; II Cor 6.14, Gál 5.1, 
I Tim 6.1 e Apo 6.5. 
A palavra “fardo”, no grego, é fortíon, que 
significa tarefa, trabalho, dever, missão. Nós 
encontramos esta palavra grega também em Mt 
23.4, Lc 11.46 e Gál 6.5. 
O nosso trabalho e dever (fortíon) para com 
Deus somente poderão ser cumpridos se 
mantivermos o jugo (dzugós) de Jesus sobre nós, 
e este jugo consiste naquilo que pesa sobre nós 
e que nos mantém dentro dos limites de nossa 
obrigação e dever. 
54 
 
Há um dever imposto à Igreja de pregar o 
evangelho, fazer discípulos e ensinar-lhes a 
guardarem tudo o que Jesus ordenou (Mt 
28,19,20). 
Este é o jugo. Mas muitos não querem o jugo de 
Jesus, que consiste em guardar seus 
mandamentos, e procuram sacudi-lo do 
pescoço, para imporem à Igreja o seu próprio 
jugo, segundo o seu modo de pensar e de agir, 
contra as coisas que nos foram ordenadas pelo 
Senhor. 
Isto se aplica especialmente às formas de culto 
e de adoração, e ao nosso procedimento pessoal. 
O caminho estreito da salvação é o trilho no qual 
devemos caminhar, restringidos pelo jugo de 
Jesus, às coisas que são por ele ordenadas e 
aprovadas. 
Assim, nós podemos então entender porque 
havia tanta idolatria entre os israelitas e tantas 
dificuldades em viverem de modo agradável a 
Deus. 
Aquele pacto que Deus fizera com eles por meio 
de Moisés não era ainda o pacto do Espírito, que 
seria feito somente depois da morte e 
ressurreição de Jesus, com os israelitas de fé e 
todas as pessoas de fé das demais nações da 
terra. 
Mas, o Antigo Pacto, em muitos sentidos, 
segundo o propósito estabelecido por Deus, nos 
ajuda nesta nova dispensação a entender muitas 
coisas relacionadas à vontade de Deus, por meio 
de tudo o que ele nos revelou na antiga 
dispensação. 
55 
 
Especialmente, sobre o nosso dever de 
guardarmos os seus mandamentos com toda a 
diligência e seriedade, para que sejamos 
verdadeiramente prósperos em todos os 
sentidos que se possa considerar em relação à 
vontade de Deus. 
Depois de os israelitas terem celebrado a 
páscoa, e comerem do fruto da terra naquele 
mesmo ano, o maná cessou de cair (v.12). 
Enquanto eles precisaram do maná, a sabedoria 
e a bondade de Deus os proveu deste alimento 
sobrenatural, mas uma vez tendo cessado a 
necessidade porque poderiam agora produzir 
seus próprios alimentos nos territórios 
conquistados, a provisão do maná também 
cessou. 
Isto nos ensina a não esperar socorros 
extraordinários quando o que necessitamos 
pode ser obtido de modo ordinário. 
No final deste capítulo nós temos o relato 
maravilhoso, que nos dá conta que Josué estava 
no seu posto de general de Israel, quando o 
Senhor se fez conhecido a ele como o 
Generalíssimo de seu povo. 
O Senhor lhe apareceu como um varão de 
guerra, com uma espada desembainhada, e 
como Josué não discerniu de pronto a pessoa 
divina, que estava diante dele, perguntou de 
modo corajoso se ele havia vindo como amigo 
ou inimigo, pois que Josué em sua coragem e fé 
estaria disposto também a desembainhar a sua 
espada paratravar um combate com ele, mas 
quando seus olhos foram abertos, e seus 
56 
 
ouvidos espirituais entenderam quem era 
aquele que estava diante dele, especialmente 
quando o ouviu proferir que era o capitão do 
exército de Jeová, Josué lhe prestou honras e 
reverência devidas somente a Deus, prostrando 
seu rosto em terra e o adorou. 
E quando humildemente se dispôs a obedecer 
suas ordens, perguntando o que o seu Senhor 
tinha a dizer ao seu servo, foi-lhe ordenado que 
tirasse as sandálias dos pés porque o lugar em 
que estava era santo, e Josué assim fez (v. 13-15). 
É muito importante saber que esta aparição do 
Senhor como guerreiro e Generalíssimo tanto 
do exército celestial quando do de Israel teve 
por propósito encorajar e dar a Josué instruções 
específicas quanto ao que deveria ser feito para 
a conquista da cidade de Jericó, como veremos 
no capítulo seguinte a este. 
A palavra para príncipe, no verso 14, no 
hebraico, é sar, que significa o comandante em 
chefe, o capitão, o general, sendo que nas 
versões inglesas é traduzida por capitão, e assim 
temos “capitão do exército do Senhor”, em vez 
de “príncipe do exército do Senhor”. 
Sendo que a palavra traduzida por Senhor é 
vertida do hebraico YHWH, que significa Jeová, 
e que geralmente é traduzida por Senhor, 
porque os israelitas ao lerem a Bíblia não 
pronunciam o nome sagrado de Deus, e em seu 
lugar dizem Adonai, que no hebraico, significa 
Senhor. Assim, teríamos então: “capitão do 
exército de Jeová”. 
57 
 
É bem provável que o autor de Hebreus tenha 
retirado daqui a referência a Jesus como sendo 
o “capitão da salvação do seu povo” (Hb 2.10), 
que é também traduzido por “autor da salvação 
do seu povo”. 
Pois toda vez que Jesus se levanta com a espada 
afiada da sua língua, que é a sua Palavra, Ele o faz 
para salvar os filhos de Deus, assim como 
aparecera a Josué para revistar as tropas de 
Israel, animá-los e conduzi-los à vitória contra 
os seus inimigos. 
Jesus não é somente o autor de todo o sistema da 
nossa salvação (fé), como também o 
consumador dele (Hb 12.2), pois ele mantém o 
que iniciou e também o conclui. 
Ele não é um Salvador distante, mas sempre 
presente, e é por isso que deixou o Espírito Santo 
em seu lugar para conduzir o seu povo, quando 
subiu em glória aos céus, depois da sua morte e 
ressurreição. 
É nesta condição de príncipe e governante, de 
todo o povo de Deus, espalhado na face da terra, 
que a profecia de Is 55.4,5 se dirige a Jesus: “Eis 
que eu o dei como testemunha aos povos, como 
príncipe e governador dos povos. Eis que 
chamarás a uma nação que não conheces, e uma 
nação que nunca te conheceu a ti correrá, por 
amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; 
porque ele te glorificou.”. 
O Salmo 72.10,11 se refere a Jesus como o Rei dos 
reis da terra: “Inclinem-se diante dele os seus 
adversários, e os seus inimigos lambam o pó. 
Paguem-lhe tributo os reis de Társis e das ilhas; 
58 
 
os reis de Sabá e de Seba ofereçam-lhe dons. 
Todos os reis se prostrem perante ele; todas as 
nações o sirvam.”. 
E Apo 19.16 o afirma expressamente: “No manto, 
sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis 
e Senhor dos senhores.”. 
Assim, Josué reconheceu que estava debaixo do 
comando do Senhor, que lhe aparecera daquela 
forma, e tirando as sandálias de seus pés, o 
adorou. 
 
“1 Quando, pois, todos os reis dos amorreus que 
estavam ao oeste do Jordão, e todos os reis dos 
cananeus que estavam ao lado do mar, ouviram 
que o Senhor tinha secado as águas do Jordão de 
diante dos filhos de Israel, até que passassem, 
derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais 
ânimo neles, por causa dos filhos de Israel. 
2 Naquele tempo disse o Senhor a Josué: Faze 
facas de pederneira, e circuncida segunda vez 
aos filhos de Israel. 
3 Então Josué fez facas de pederneira, e 
circuncidou aos filhos de Israel em Gibeáte-
Haaralote. 
4 Esta é a razão por que Josué os circuncidou: 
todo o povo que tinha saído do Egito, os homens, 
todos os homens de guerra, já haviam morrido 
no deserto, pelo caminho, depois que saíram do 
Egito. 
5 Todos estes que saíram estavam 
circuncidados, mas nenhum dos que nasceram 
no deserto, pelo caminho, depois de terem saído 
do Egito, havia sido circuncidado. 
59 
 
6 Pois quarenta anos andaram os filhos de Israel 
pelo deserto, até se acabar toda a nação, isto é, 
todos os homens de guerra que saíram do Egito, 
e isso porque não obedeceram à voz do Senhor; 
aos quais o Senhor tinha jurado que não lhes 
havia de deixar ver a terra que, com juramento, 
prometera a seus pais nos daria, terra que mana 
leite e mel. 
7 Mas em lugar deles levantou seus filhos; a 
estes Josué circuncidou, porquanto estavam 
incircuncisos, porque não os haviam 
circuncidado pelo caminho. 
8 E depois que foram todos circuncidados, 
permaneceram no seu lugar no arraial, até que 
sararam. 
9 Disse então o Senhor a Josué: Hoje revolvi de 
sobre vós o opróbrio do Egito; pelo que se chama 
aquele lugar: Gilgal, até o dia de hoje. 
10 Estando, pois, os filhos de Israel acampados 
em Gilgal, celebraram a páscoa no dia catorze 
do mês, à tarde, nas planícies de Jericó. 
11 E, ao outro dia depois da páscoa, nesse mesmo 
dia, comeram, do produto da terra, pães ázimos 
e espigas tostadas. 
12 E no dia depois de terem comido do produto 
da terra, cessou o maná, e os filhos de Israel não 
o tiveram mais; porém nesse ano comeram dos 
produtos da terra de Canaã. 
13 Ora, estando Josué perto de Jericó, levantou 
os olhos, e olhou; e eis que estava em pé diante 
dele um homem que tinha na mão uma espada 
nua. Chegou-se Josué a ele, e perguntou-lhe: És 
tu por nós, ou pelos nossos adversários? 
60 
 
14 Respondeu ele: Não; mas venho agora como 
príncipe do exército do Senhor. Então Josué, 
prostrando-se com o rosto em terra, o adorou e 
perguntou-lhe: Que diz meu Senhor ao seu 
servo? 
15 Então respondeu o príncipe do exército do 
Senhor a Josué: Tira os sapatos dos pés, porque 
o lugar em que estás é santo. E Josué assim fez.” 
(Js 5.1-15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
Josué 6 
 
Este sexto capítulo bem demonstra que aqueles 
que não se ajuntam a Jesus pela fé, espalham-se 
como a poeira que é levada pelo vento. 
Pois o ímpio não prevalecerá no dia do juízo. 
E a vida de Raabe e de sua família foi levantada 
como um monumento à fé no meio daquela 
cidade pagã, que se recusava a dar glória a Deus 
e a se converter de seus pecados. 
A Antiga Aliança teve assim também este 
propósito de servir de figura e ilustração do 
grande juízo contra aqueles que se opõem ao 
Senhor, no dia da volta de Jesus. 
Ele certamente trará os juízos que são 
prometidos na Bíblia, porque já o fizera por 
diversas vezes no passado, e ordenou que tais 
juízos fossem registrados nas páginas do Velho 
Testamento para advertência de todas as 
gerações da humanidade, de modo que os 
homens se arrependam de seus pecados e 
consagrem suas vidas a Deus, por meio da fé em 
Jesus. 
Todos os habitantes de Jericó, com exceção de 
Raabe e seus familiares, foram mortos pelo juízo 
determinado de Deus, para servir de 
advertência àqueles que se opõem ao Senhor, 
quanto ao que lhes sucederá se continuarem 
deliberadamente na posição de rejeitarem a 
vida eterna, que lhes está sendo oferecida 
gratuitamente, por meio da simples fé em 
Cristo. 
62 
 
A missão de Jesus, até que ele volte, não é de 
condenação e destruição do mundo, mas de 
salvação. 
Todavia, foi necessário que, especialmente, por 
amor daqueles que viveriam em dias 
posteriores aos dos juízos que trouxe sobre o 
mundo, no Antigo Testamento, que revelasse de 
modo muito claro que ele está irado contra 
aqueles que vivem no pecado, porque é Deus 
santo e justo, e não pode inocentar o culpado, 
que não se arrepender, de modo que estes 
poderão ser apenas salvos por meio do perdão 
que Deus lhes concederá por causa da justiça

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