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Apostila TP501 - Ynoguti, 2011
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cruzada da entrada e da saída e o complexo conjugado da função de transferência do filtro. 9.5 Processos gaussianos Um processo gaussiano tem a propriedade de que toda coleção de valores de amos- tras é descrita pela fdp Gaussiana multidimensional. Isto é, uma coleção de amostras X(t1),X(t2), . . . ,X(tk), tem uma fdp conjunta descrita por um vetor µX = [µX(t1), µX(t2), . . . , µX(tk)] t e uma matriz C cujo i, j-ésimo elemento Ci,j = CX(ti, tj − ti) = RX(ti, tj − ti)− µX(ti)µX(tj) é a covariância entre X(ti) e X(tj). Usando o vetor x = [x1, . . . , xk]t, o vetor de valores médios µX , a matriz de covariância C e seu determinante |C|, podemos definir a fdp Gaussiana multidimensional. Processamento de Sinais Aleatórios 189 Definição 9.14. Processo Gaussiano: X(t) é um processo estocástico Gaussiano se a fdp conjunta de X(t1), . . . ,X(tk) tem densidade Gaussiana multidimensional fX(t1)···X(tk)(x1, . . . , xk) = 1 (2pi)k/2|C|1/2 e − 1 2 (x−µX) t C −1(x−µX) Embora esta expressão possa parecer bastante complicada, pode ser reduzida para expressões familiares em vários casos. Por exemplo, quando k = 1, a matriz C é simplesmente o escalar CX(t1, 0) = Var(X(t1)) = σ21., o vetor µX é o escalar E[X(t1)] = µ1 e a fdp conjunta pode ser simplificada para a densidade Gaussiana ordinária fX(t1)(x1) = 1√ 2piσ21 e − (x1−µ1) 2 2σ2 1 Similarmente, para k = 2, X(t1) e X(t2) apresentam distribuição Gaussiana bidi- mensional fX(t1)X(t2)(x1, x2) = exp [ − ( x1−µ1 σ1 )2 − 2ρ(x1−µ1)(x2−µ2) σ1σ2 + ( x2−µ2 σ2 )2 2(1−ρ2) ] 2piσ1σ2 √ 1− ρ2 onde X(t1) e X(t2) têm coeficiente de correlação ρ = CX(t1, t2 − t1)/(σ1σ2) e E[X(t1)] = µ1 E[X(t2)] = µ2 Var[X(t1)] = σ 2 1 Var[X(t2)] = σ 2 2 Um último caso importante para a fdp Gaussiana conjunta ocorre quando X(t1), . . . , X(tk) são mutuamente independentes. Neste caso, o elemento (i, j) da matriz de cova- riância C é dado por Cij = CX(ti, tj − ti) = { Var[X(ti)] i = j 0 caso contrário Isto é, a matriz C é uma matriz diagonal. Neste caso, C−1 é também diagonal, com o i-ésimo elemento da diagonal dado por C−1ii = 1/Var[X(ti)]. Usando µi e σ 2 i para denotar a média e a variância de X(ti), observamos que o vetor de valores médios é µX = [µ1, . . . , µk] t e que o expoente da distribuição Gaussiana conjunta é −1 2 (x− µX)tC−1(x− µX) = −1 2 ( (x1 − µ1)2 σ21 + · · ·+ (xk − µk) 2 σ2k ) Neste caso, a fdp conjunta torna-se fX(t1),··· ,X(tk)(x1, . . . , xk) = e−(x1−µ1) 2/(2σ21)√ 2piσ21 · · · e −(xk−µk) 2/(2σ2 k )√ 2piσ2k = fX(t1)(x1) · · · fX(tk)(xk) 190 Processamento de Sinais Aleatórios Um fato importante a ser observado da distribuição Gaussiana multidimensional geral é que a fdp é completamente especificada pelas médias µX(t1), . . . , µX(tk) e as covariâncias CX(ti, tj−ti). Ou seja, um processo estocástico Gaussiano é completamente especificado pelas estatísticas de primeira e segunda ordens (µX(t) e CX(t, τ)). Nosso interesse principal está nos processos Gaussianos estacionários no sentido amplo. Neste caso, E[X(ti)] = µX para cada ti e CX(ti, tj − ti) = RX(tj − ti) − µ2X . Isto é, quando o processo Gaussiano é estacionário no sentido amplo, sua distribuição é completamente especificada pela média µX e a função de autocorrelação RX(τ). Teorema 9.14. Se X(t) é um processo Gaussiano estacionário no sentido amplo, então X(t) é um processo Gaussiano estacionário no sentido estrito. Demonstração. Sejam µ e C o vetor média e a matriz de covariância do vetor aleatório [X(t1), . . . ,X(tk)] t. Sejam µ′ e C′ as mesmas quantidades para o vetor aleatório deslo- cado no tempo [X(t1 + T ), . . . ,X(tk + T )]t. Desde que X(t) é estacionário no sentido amplo, E[X(ti)] = E[X(ti + T )] = µX O elemento (i, j) de C é Cij = CX(ti, tj) = CX(tj − ti) = CX(tj + T − (ti + T )) = CX(ti + T, tj + T ) = C ′ij Então, µ = µ′ e C = C′, o que implica em fX(t1),··· ,X(tk)(x1, . . . , xk) = fX(t1+T ),··· ,X(tk+T )(x1, . . . , xk) Portanto X(t) é um processo estacionário no sentido estrito. A Definição 9.14 é bastante difícil de usar na prática. Uma definição equivalente de um processo Gaussiano refere-se a uma v.a. que é um funcional linear de um processo estocástico X(t). Especificamente, se integramos X(t) ponderada por uma função g(t) sobre um intervalo (0, T ), obtemos a v.a. Y = ∫ T 0 g(t)X(t) dt Teorema 9.15. X(t) é um processo estocástico Gaussiano se Y = ∫ T 0 g(t)X(t) dt é uma v.a. Gaussiana para todo g(t) tal que E[Y 2] <∞. Este teorema nos permite mostrar facilmente que a filtragem linear de um processo Gaussiano gera um outro processo Gaussiano. Processamento de Sinais Aleatórios 191 Teorema 9.16. Passando um processo X(t) estacionário Gaussiano através de um filtro linear h(t), gera-se na saída um processo estocástico Gaussiano Y (t) com média e função de autocorrelação dados pelo Teorema 9.1. Demonstração. A saída Y (t) é dada pela integral de convolução Y (t) = ∫ ∞ −∞ h(t− τ)X(τ) dτ Para mostrar que Y (t) é um processo Gaussiano, mostramos que um funcional linear de Y (t) é sempre Gaussiano pois é um funcional linear de X(t), isto é, ∫ T 0 Y (t)g(t) dt = ∫ T 0 ∫ ∞ −∞ h(t− τ)X(τ) dτ g(t) dt = ∫ ∞ −∞ X(τ) [∫ T 0 h(t− τ)g(t) dt ] dτ No lado direito temos um funcional linear de X(t) o qual é uma v.a. Gaussiana. Desta forma mostramos que um funcional linear de Y (t) é uma v.a. Gaussiana, o que implica que Y (t) é um processo estocástico Gaussiano. 9.6 Processo ruído branco gaussiano Em engenharia elétrica é comum o estudo de ruído: ruído térmico em resistores, ruído em sistemas de comunicações, etc. O ruído é uma forma de onda imprevisível que é normalmente modelado por um processo estocástico Gaussiano estacionário W (t). O ruído não tem componente DC, de modo que E[W (t1)] = µW = 0 Além disso, para enfatizar a natureza imprevisível do processo de ruído, assumimos que para qualquer coleção de instantes de tempo distintos t1, . . . , tk, W (t1), . . . ,W (tk) é um conjunto de v.a.’s independentes. Neste caso, o valor do ruído no instante t1 não diz nada sobre o valor do mesmo no instante tj, j 6= i. Uma consequência desta independência é que para τ 6= 0, RW (τ) = E[W (t)W (t+ τ)] = E[W (t)]E[W (t + τ)] = 0 Para completar nosso modelo de W (t), temos que encontrar RW (0). Para isto, vamos considerar a função densidade espectral de potência SW (f) da Definição 9.7 SW (f) = ∫ ∞ −∞ RW (τ)e −j2pifτdτ Com RW (τ) = 0 para τ 6= 0, SW (f) é uma constante para todo f . Ainda, a constante é igual a zero a menos que RW (τ) = δ(τ). Portanto, N0 é a potência por unidade de largura de banda do processo estocástico Gaussiano branco. Embora o processo ruído branco Gaussiano seja um modelo matemático bastante útil, ele não se conforma com nenhum sinal real. Note que a potência média do ruído é 192 Processamento de Sinais Aleatórios E[W 2(t)] = RW (0) = ∫ ∞ −∞ SW (f) df = ∫ ∞ −∞ N0 2 df =∞ Isto é, o ruído branco tem potência infinita, o que é fisicamente impossível. O modelo é útil quando se imagina que é um modelo de ruído na entrada de um sistema físico. Todo sinal de ruído Gaussiano observado na prática pode ser visto como um sinal de ruído branco Gaussiano filtrado. Passando um processo ruído branco através de um filtro h(t) geramos um processo de ruído Y (t) = ∫ t 0 h(t− τ)W (τ) dτ Ao contrário do processo branco W (t), o processo de ruído Y (t) tem potência média finita. Exemplo 9.6. Um processo Gaussiano branco com N0 = 10−15 W/Hz é inserido em um filtro linear invariante no tempo com resposta a impulso h(t) = { 2pi106e−2pi10 6t t ≥ 0 0 caso contrário Encontre as seguintes propriedades do processo de saída Y (t). (a) A função densidade espectral de potência SY (f).