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1 Samantha Lopes – ISEC 1 MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO DE SAÚDE, DOENÇA E CUIDADO ➔ Modelo mágico-religioso ou xamanístico: Concepção sobrenatural de saúde e de doença. Os povos concebiam as causas das doenças. como derivadas de causas naturais e sobrenaturais. A doença era compreendida como uma forma de controle e de punição divina. A religião era o ponto de partida para a compreensão do mundo e de como organizar o cuidado. Os líderes espirituais tinham funções e poderes de natureza ritualística. Exemplos: rapé, rezadeiras. ➔ Modelo Holístico: Noção de equilíbrio associada a ideia de “porção justa ou adequada” com a saúde e a doença . A saúde era compreendia como um equilíbrio de elementos e humores que compõem o organismo. humano. Um desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença. A causa do desequilíbrio estava associada ao ambiente físico como o clima, os astros. O cuidado deveria compreender o ajuste necessário para a obtenção do equilíbrio do corpo com o ambiente. Em uma última instância, o cuidado significa a busca pela saúde que, neste caso, está associada à busca do equilíbrio do corpo com os elementos externos e internos. ➔ Modelo de medicina científica ocidental (biomédico): Focou-se, cada vez mais, na explicação de doença e passou a tratar o corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento mecânico. A intervenção de cuidado é baseada numa visão reducionista e mecanicista, em que o médico especialista é o mecânico que tratará das partes do corpo-máquina (homem) defeituosa ou do ambiente. para o controle das possíveis causas de epidemias. ➔ Modelo Sistêmico: Concepção do processo saúde-doença como um processo sistêmico que parte do conceito de sistema. O sistema seria um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais. Essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de contribuição dos diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença. A estrutura geral de um problema de saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio dinâmico. Cada vez que um dos seus componentes sofre alteração, esta atinge e repercute as demais partes, num processo em que o sistema busca um novo equilíbrio. Sistema epidemiológico: conjunto formado por agente suscetível e pelo meio ambiente, domado de uma organização interna que regula as interações determinantes da produção da doença, juntamente com os fatores vinculados a cada um dos elementos do sistema. Essa definição aproxima-se da ideia de necessidade de um sistema de saúde complexo, que contemple um conjunto de ações e serviços de saúde capaz de identificar as interações dos determinantes da produção e de atuar de forma efetiva no tratamento destes. ➔ Modelo empírico-racional (hipocrático): Hipócrates rompeu a prática mística e sacerdotal. Ele estabeleceu a relação homem/meio com o desenvolvimento da Teoria dos Humores, a qual defendia que os elementos água, fogo, terra e ar estavam subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença. Utilizou o método indutivo, da observação, por meio de anotações sistemáticas (dos sintomas) e de um raciocínio clínico. Usou os métodos propedêuticos. A saúde é fruto do equilíbrio dos humores e a doença é resultante do desequilíbrio entre eles. O cuidado depende de uma compreensão desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio. Teoria miasmática -> teoria de que quando uma doença acomete várias pessoas simultaneamente, a sua origem só poderia estar no que fosse comum a todos: o ar. ➔ Modelo da história natural das doenças (modelo processual): Visa o acompanhamento do processo saúde- doença em sua regularidade, compreendendo as interrelações do agente causador da doença, do hospedeiro e do meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença. Essa forma de 2 Samantha Lopes – ISEC 1 sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos de prevenção e controle das doenças. Teoria da multicausalidade -> Levell e Clarck (1976) Construir um modelo de organização da intervenção humana sobre o processo de saúde- doença.: Promoção, prevenção; cura e reabilitação. Divide-se em dois momentos o desenvolvimento do processo saúde-doença: 1) Pré-patogênico: também considerado como período epidemiológico, diz respeito à interação entre os fatores e o agente, do hospedeiro e do meio ambiente., ou seja, existem condições para o aparecimento da doença. Esse momento permite ações de promoção da saúde e a proteção específica. 2) Patogênico: é o momento quando o homem interage com o estímulo externo, apresenta sinais e sintomas e submete-se a um tratamento. Envolve a prevenção secundária e terciária. Evitar ou retardar a progressão do curso da doença. Ao considerar a possibilidade de evitar a morte, são trazidas com este modelo diferentes possibilidades de prevenção e promoção da saúde, como interromper a transmissão, evitar o caso e promover a vida com qualidade. Três momentos do período de patogênese: 1) Doença precoce 2) Estágio avançado da doença 3) Período final da doença Níveis de prevenção segundo Leavell e Clarck (1976) 1) Prevenção primária: medidas de saúde que evitem o aparecimento da doença. Exemplos: cuidado com a higiene corporal, práticas de atividades físicas, fluoretação da água, saneamento básico, imunização de crianças, dentre outros. 2) Prevenção secundária: diagnóstico precoce das doenças para impedir complicações e/ou mortalidade. Nesse caso, a doença já está presente, muitas vezes de forma assintomática. Exemplos: dietas de controle da hipertensão arterial. 3) Prevenção Terciária: a doença já causou danos. Prevenção da incapacidade, seja por ações voltadas para a recuperação física, seja por medidas de caráter psicossocial. Exemplos: tratamento fisioterápico, terapia psicológica, reabilitação da função, tratamento de sequelas. Para alguns teóricos existem uma prevenção quaternária. (Des) caminhos da multicausalidade Esse modelo tornou-se hegemônico e permeia todos os conhecimentos das doenças nas populações até os dias aturais -> limites e críticas Por ignorar a categoria social do homem, satisfazendo-se com correlações biológico-ecológicas Grande ênfase na avaliação Ampliação do entendimento sobre saúde. ➔ Modelo unicausal da doença: Século XX – descoberta do microscópio. Criação de laboratórios de microbiologia e imunologia em vários países Reflexo dessa disseminação, os indicadores de mortalidade decrescem continuamente, fruto da diminuição de certas doenças. Baseado na existência de apenas uma causa (agente) para um agravo ou doença. Doença -> ausência de saúde. Saúde -> ausência de doença. Percepção de que nem toda doença tinha origem apenas no agente etiológico -> doenças não infecciosas, transição epidemiológica. (modificações da revolução industrial, de uma nova sociedade) Diversos fatores contribuem para o aparecimento da doença. 3 Samantha Lopes – ISEC 1 ➔ Determinação do processo saúde-doença: Processo dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas, psíquicas, socioculturais, econômicas, ambientais, dentre outras. Epidemiologia social -> necessário compreender o modo de vida das pessoas para explicar certas doenças. Condições de vida e de trabalho das pessoas influenciam em sua situação de saúde -> problemáticas que não podem ser resolvidas somente pelo médico ou que não são responsáveis apenas pelos profissionais de saúde,uma vez que esses fatores sociais podem ser os causadores da doença. ➔ Modelo da determinação social da doença: A saúde-doença é um processo resultante de diferentes modos de vida das pessoas em sociedade -> as desigualdades sociais influenciam no acesso da população aos serviços de saúde. ➔ Determinantes sociais de saúde: As doenças mais comuns são também determinadas por uma série de fatores socioeconômicos -> aumentam ou diminuem os riscos de contrair tal doença. São fatores que podem implicar uma série de riscos a saúde, em geral, estão além da possibilidade do controle por parte dos indivíduos. Exemplos: doenças cardiovasculares e diabetes O processo saúde-doença envolve não apenas ações de atenção a saúde. Intervenções nas condições socioeconômicas, ambientais e culturais por meio de políticas públicas voltados para uma distribuição mais equânime dos recursos socialmente produzidos.
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