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3 1. GESTÃO DE PESSOAS – ESTRATÉGIAS E INTEGRAÇÃO ORGANIZACIONAL Qualquer gestor pode ser um gestor de pessoas, mas somente um tem os meios necessários para se tornar um bom gestor de pessoas. É o titular (ou a titular) da área de pessoas. Mas, para se tornar um excelente gestor terá de agir estrategicamente. Sempre! (ARAUJO, 2006) O ´capo del personale`; ´personal chief´; ou ´chefe de pessoal` do início do século XIX tinha em comum, tanto na Itália quanto nos Estados Unidos e no Brasil, as mesmas características que o definiram por muitos anos: um sujeito inflexível, seguidor das leis e dono de uma frieza incalculável na hora de demitir alguém. Dessa forma, ser enviado ao departamento pessoal foi por muitos anos sinônimo de estar sendo chamado para receber o bilhete azul. Por muitos anos, os funcionários tiveram esse sentimento, e, talvez, em muitas empresas ainda hoje persista. No Brasil, com certeza. ( MARRAS – 2000) Com base nessa visão de Marras, as empresas de grande porte que ao longo do período, trabalharam no investimento para pesquisas e estudos acadêmicos, o que se resultou em mudanças produtivas das organizações e ainda estudos observados no campo da psicologia organizacional, sociologia no trabalho e comportamento do homem, para que possibilitassem mudanças e uma melhor atuação profissional e empresarial. As três etapas importantes servem como uma base histórica para o melhor entendimento entre as eras e períodos, quanto a: estrutura organizacional; cultura organizacional predominante; ambiente organizacional; modos de lidar com as pessoas; e administração de pessoas. Segue abaixo definições apresentada na figura 1 (CHIAVENATO - 2004, 40): 4 Figura 1: Dentro destas definições das organizações, podemos caminhar para a visão global da Administração, seja no setor privado ou público, nas organizações sem fins lucrativos e também para a vida dos profissionais. Cabe uma compreensão estratégica das melhores ações e iniciativas em prol do direcionamento de recursos para o alcance dos objetivos a curto, médio e longo prazo. Uma administração de excelência pode transformar a história das empresas, tornando-as competitivas e lucrativas frente ao mundo globalizado. A Administração é o campo de atividades profissionais que afeta todas as áreas e setores, bem como o dia-a-dia de todas as profissões e atividades existentes, uma vez que Estrutura organizacional predominante Cultura organizacional predominante Ambiente organizacional Mista, matricial, com ênfase na departamentalização por produtos e serviços ou unidades estratégicas de negócios Transição. Foco no presente e no atual. Ênfase na adaptação ao ambiente. Valorização da renovação e da revitalização PPeerrííooddooss:: EErraa ddaa iinndduussttrriiaalliizzaaççããoo cclláássssiiccaa Fluida, ágil e flexível, totalmente descentralizada. Ênfase nas redes de equipes multifuncionais Teoria Y. Foco no futuro e no destino. Ênfase na mudança e na inovação. Valor ao conhecimento e criatividade Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças 11990000 -- 11995500 Burocracia, funcional, piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos 11995500 -- 11999900 AAppóóss 11999900 Modos de lidar com as pessoas Administração de pessoas Administração de Recursos Humanos GESTÃO DE PESSOAS Teoria X, ênfase no passado, nas tradições e nos valores conservadores. Estático, previsível, e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais. Pessoas como fatores de produtos inertes e estático. Ênfase nas regras e controles Relações industriais Intensificação e aceleração das mudanças ambientais Pessoas como recursos organizacionais que devem ser administrados. Ênfase nos objetivos Pessoas como seres humanos proativos e inteligentes que devem ser impulsionados. Ênfase na liberdade e no comprometimento para motivar as pessoas EErraa ddaa iinnffoorrmmaaççããoo EErraass:: EErraa ddaa iinndduussttrriiaalliizzaaççããoo nneeoocclláássssiiccaa EErraa ddaa iinndduussttrriiaalliizzaaççããoo cclláássssiiccaa Figura 1 - As três etapas das organizações no decorrer do século XX (CHIAVENATO – 2004, 40) 5 todas elas devem ser administradas, em especial a gestão de pessoas que atua em todas as áreas da empresa. Segundo Drucker (1975, p. 673) que sugere: A pergunta a ser feita não é “O que é alta administração?”, mas sim “Quais são as coisas específicas a serem feitas nessa empresa que são de crucial importância para o sucesso e sobrevivência da empresa e que podem ser feitas somente pela administração de alto nível? Quais são as coisas específicas que podem ser feitas somente por gente que vê a empresa como um todo; que pode avaliar as necessidades atuais da empresa em relação às necessidades futuras; e que pode tomar decisões finais eficazes?” Os administradores de hoje devem estar preparados e aptos ao se confrontarem com os desafios que os predecessores da Administração jamais poderiam supor que surgiriam e que teriam que enfrentar. Esses desafios incluem uma crescente competição global, acirrada pelo desenvolvimento de novas tecnologias, uma demanda por qualidade e valor agregado, bem como uma pressão diária da necessidade de mudança. Segundo CHIAVENATO (1983, p.545): Assim, diferentes ambientes requerem diferentes relações organizacionais para uma eficácia ótima. Torna-se necessário um modelo apropriado para cada situação dada. Por outro lado, diferentes tecnologias conduzem a diferentes desenhos organizacionais. Variações no ambiente ou na tecnologia conduzem a variações na estrutura organizacional. Esta adaptação por parte dos administradores deve ocorrer através do conhecimento, atualização constante, uma grande e eficiente rede de relacionamento, saber lidar com pessoas, capacidade de aceitar as mudanças, ser flexíveis, proativos e centrados na qualidade de tudo o que fazem. E para um melhor entendimento, segue quadro que identifica as principais teorias administrativas e seus principais enfoques: 6 Figura 2 - As principais teorias administrativas e seus principais enfoques. Ênfase Teorias Administrativas Principais Enfoques Nas TAREFAS Administração Científica Racionalização do trabalho no nível operacional Teoria Clássica Teoria Neoclássica Organização formal. Princípios gerais da Administração. Funções do administrador. Teoria da Burocracia Organização formal burocrática. Racionalidade organizacional. Na ESTRUTURA Teoria Estruturalista Múltipla abordagem: - Organização formal e informal; - Análise intraorganizacional e interorganizacional. Teoria das Relações Humanas Organização informal. Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. Teoria do Comportamento Organizacional Estilos de Administração. Teoria das decisões. Integração dos objetivos organizacionais e individuais. Nas PESSOAS Teoria do Desenvolvimento Organizacional Mudança organizacional planejada. Abordagem de sistema aberto. Teoria Estruturalista Análise intra-organizacional e análise ambiental. Abordagem de sistema aberto. No AMBIENTE Teoria da Contingência Análise ambiental (imperativo ambiental). Abordagem de sistema aberto. Na TECNOLOGIA Teoria da Contingência Administração da tecnologia (imperativo tecnológico). No CLIENTE Modelo da GQT Foco no cliente, melhoria contínua, trabalho em equipe, ênfase na prevenção. Fonte: (CHIAVENATTO, 1983, p.7). Essa teoria, conforme apresentada na figura, tem grandes contribuições nos dias de hoje, levando em consideração fortementeo equilíbrio das ênfases para atingir o desenvolvimento organizacional. 7 1.1 A IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Desde que a Administração foi considerada como ciência, foram explanadas várias definições, que podem ser encontradas nos livros de administração, através dos anos, mas existem algumas palavras-chave na definição do conceito de administração, são elas: objetivos, decisões e recursos. Segundo CHIAVENATTO (1983, p.6): A palavra Administração vem do latim ad (direção para, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), e significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra Administração sofreu uma radical transformação no seu significado original. A tarefa atual da Administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional (...), a fim de alcançar tais objetivos de maneira mais adequada à situação. Ou seja, o ato de administrar nada mais é do que a maneira de guiar a organização para atingir seus objetivos, empregando de maneira adequada os recursos existentes, de acordo com as situações que se apresentam na rotina diária a ser administrada. Ao longo do último século surgiram inúmeras correntes sobre Administração, todas com diferentes abordagens sobre o tema. É a respeito dessas abordagens que passaremos a discorrer, a fim de termos uma visão ampla e crítica do que seja Administração. De forma que fortaleça o histórico da administração na visão da Gestão de Pessoas. Como: • Objetivos: Onde está, onde quer estar amanhã (curto prazo), daqui a algum tempo (médio prazo) e no futuro (longo prazo); • Decisões: Capacidade de resolver, ato que determinará os rumos de um fato ou resultado final, opção por dada estratégia em detrimento às diversas outras disponíveis; • Recursos: Ter condições para, meios que se podem dispor, bens materiais, posses, riquezas, aptidões naturais. Administração é o processo de tomar e colocar em prática as decisões sobre objetivos e utilização de recursos. Uma estratégia para a visão da Gestão de Pessoas que é de fundamental importância, são os níveis estratégicos da Administração que podem ser classificados como: a) Estratégico – que corresponde à alta administração, pois determinam os objetivos de médio e longo prazo, bem como a direção da organização como um todo; 8 b) Tático – que corresponde à média administração, pois coordena e decide quais produtos ou serviços serão produzidos, que corresponde à supervisão, pois coordena a execução das tarefas de todo o pessoal operacional; c) Operacional – os trabalhadores de linha de frente que não têm posição gerencial. Esses se reportam aos que estão no nível tático e estratégico e são responsáveis pela execução das tarefas básicas. Ainda nas estratégias para a gestão de pessoas, se entende um conceito das habilidades na administração o que a integra e contribui para uma visão ampla da administração empresarial. Como as Habilidades Administrativas: Figura 3: Níveis Administrativos Habilidades necessárias a) Habilidades Conceituais – são as relacionadas à capacidade de ver a empresa de maneira total - visão holística, consiste ainda na capacidade de compreender as complexidades da organização, de modo global e amplo, com todas as suas inter- relações, e promover a integração e sinergia dos participantes da organização. b) Habilidades Técnicas – são aquelas relacionadas ao desempenho das funções ou trabalhos especializados dentro da organização; consistem no conhecimento, métodos técnicos, e equipamentos para a realização de tarefas específicas. Deve sempre estar preparado para multiplicar a forma de execução das tarefas, através do conhecimento e domínio das técnicas; ALTA ADMINISTRAÇÃO MÉDIA ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO OPERACIONAL CONCEITUAIS HUMANAS TTÉÉCCNNIICCAASS 9 c) Habilidades Humanas – são aquelas ligadas ao relacionamento interpessoal, com a flexibilidade, com a capacidade de resolução de conflitos, com o tratamento com pessoas, consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, compreendendo suas atitudes e motivações, exercendo a liderança. Dessa forma, podemos concluir que nem todos os níveis administrativos devem ter de forma igualitária as habilidades técnicas e conceituais, mas já a habilidade humana deve estar presente, com igual teor de importância a todos os níveis administrativos. O que apresenta e demonstra uma forte demanda para a gestão de Pessoas. EFICIÊNCIA E EFICÁCIADA ORGANIZAÇÃO PARA A GESTÃO DE PESSOAS Os profissionais da atualidade têm um desafio constante no dia-a-dia profissional. Além da expectativa de que esteja sempre atualizado, que sejam flexíveis, que saibam tomar decisões em prol dos objetivos e que aloquem os recursos de forma inteligente, eles deverão sempre ser eficientes e eficazes. Maximiano (2006) comenta sobre o tema de eficácia e ressalta que não só uma, mas duas são as palavras a serem usadas para indicar que uma organização tem desempenho de acordo com as expectativas dos usuários e das pessoas que mobilizaram os recursos: eficiência e eficácia. • EFICIÊNCIA: Está relacionado com a ação, aquilo que é feito. É operar de modo que os recursos sejam mais adequadamente utilizados. • EFICÁCIA: É o resultado em si. Significa fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo. Elementos diferenciais entre eficiência e eficácia: EFICIÊNCIA EFICÁCIA Ênfase nos meios Ênfase nos resultados Realização de tarefas Consecução dos objetivos Resolução de Problemas Acerto na solução proposta Treinamento de Funcionários Operações realizadas corretamente. Dessa forma, podemos afirmar que: “Não basta ser eficiente é necessário ser eficaz” e um desafio para gestão de pessoas, complementando estes dois “Es” manter a efetividade ou seja ser constante nos resultados, objetivos e soluções corretas. 10 2. MODERNA GESTÃO DE PESSOAS A Gestão de Recursos Humanos é uma das áreas que mais têm sofrido mudanças e transformações nesses últimos anos, que provocou nova orientação do foco de ação para as pessoas nas diversas atribuições de recursos humanos nas empresas, devido a alguns acontecimentos que podemos citar: (CHIAVENATO, 2000) • A Globalização e o foco nos negócios empresariais; • O Desenvolvimento tecnológico e a necessidade do conhecimento atualizado e diversificado; • O forte impacto das mudanças que ocorrem de forma muito rápida e intensa; • O intenso movimento pela qualidade e a busca da alta produtividade. Desta forma podemos constatar uma verdade nos dias de hoje: O grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas, está nas pessoas que nelas trabalham e que por conseqüência, a administram. São as pessoas que produzem, vendem, servem aos clientes, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam, têm idéias e iniciativas, utilizam as tecnologias e dirigem o negócio da empresa, entre tantas outras atribuições que somente os seres humanos estão aptos a executar. (CHIAVENATO, 1999) Assim sendo, podemos afirmar que: As organizações são conjuntos de pessoas, dessa forma, sem as pessoas não existem as organizações. Nesse contexto, de acordo com a visão de Chiavenato, passamos por um histórico considerável para o entendimento da moderna gestão de pessoas, como: • Relações industriais, burocratizada que vem desde o fim da revolução industrial década de 1950; • Administração de recursos humanos, mais dinâmica que prevaleceu até 1990; • Administração de pessoas, uma visão de ser humano nas empresas, forte no iníciode 2000; • Administração com as pessoas , tocar a organização junto com os colaboradores e parceiros, atual nos dias de hoje; • Gestão de pessoas, o mais alto impacto para os dias de hoje. 11 E de acordo com o autor David Ulrich, um dos gurus de Recursos humanos, a visão das mudanças em recursos humanos se entende nos recursos humanos estratégicos, novas perspectivas para os profissionais de “RH” do operacional ao estratégico atrelado aos negócios empresariais visando a resultados constantes. De forma que o mais importante hoje para a Gestão de Pessoas é criar um novo papel e uma nova apresentação que tenha o foco nos resultados e não as atividades tradicionais de “RH”, como “Administração de pessoal” (departamento pessoal), contratação de pessoal e remuneração. O “RH” não deveria ser definido pelo que faz, mas sim pelo que deve apresentar, como. (ULRICH, 2000) • Resultados que enriquecem o valor da empresa para clientes, investidores e colaboradores; • Excelência organizacional através das pessoas; • Parcerias com os gestores para execução de estratégias do planejamento apresentado em salas de reuniões para o mercado de trabalho; • Especialista na organização e execução do trabalho, apresentando eficiência, eficácia e efetividade administrativa que garanta redução de custos e a produtividade; • Defensor dos colaboradores, representando de forma comprometida preocupação com os gestores, aumentando a capacidade competências dos colaboradores e gestores visando apresentar resultados eficazes constantemente; • Ser agente de mudanças contínuas, transformando e moldando os processos e uma cultura, que todos juntos, faça parte de fato do desenvolvimento organizacional. Com base nas mudanças significativas entre o termo “RH” e Gestão de Pessoas nas empresas, são diversificados entendimentos, que até o nome da área de Recursos Humanos tem sido mudado em muitas organizações, têm sido substituídas por: 12 Figura 4: Configuração da área de Gestão de Pessoas Diferentes nomes para representar o novo espaço e configuração da área de Gestão de Pessoas, que com todas as mudanças ocorridas passou a ser mais abrangente e a indicar as mais novas posturas de “RH”. 2.1 CONCEITO DA GESTÃO DE PESSOAS A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada empresa, a estrutura organizacional adotada, às características do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes. (Chiavenato, 1999). Nesse contexto, se entendem alguns paradoxos que se vivencia no meio empresarial. Talvez você como profissional já tenha se deparado com esta famosa frase: “A teoria não se aplica à prática”, GESTÃO DO CAPITAL HUMANO ADM. DO CAPITAL INTELECTUAL GESTÃO DE TALENTOS HUMANOS GESTÃO DE PARCEIROS GESTÃO DE PESSOAS 13 caso não haja um olhar clínico de desafio para uma análise e avaliação da cultura, negócio, processos, investimento, tecnologia, qualidade empresarial, pessoas, clientes, na busca de atrelar os objetivos, missão e valores das empresas, assim faz valer a frase. E porque não enfrentar estes desafios e mudar já esta frase “A teoria se aplica à prática e gera resultados empresariais”. Gestão de Pessoas é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, a saber: (CHIAVENATO, 1999) a) Agregar pessoas: recrutamento e seleção de pessoas; b) Aplicar pessoas: desenhos de cargos, avaliação de desempenho; c) Recompensar pessoas: remuneração, benefícios e serviços; d) Desenvolver pessoas: treinamento, mudanças, comunicação; e) Manter pessoas: Disciplina, higiene e segurança e qualidade de vida, relações com sindicatos; f) Monitorar pessoas: banco de dados, sistemas de informações gerenciais. Essas políticas e práticas foram denominadas como os seis processos da Gestão de Pessoas. De acordo com Fisher e Fleury (1989), o conceito da gestão de pessoas, pode ser descrita como Conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho. 2.2 AS PESSOAS COMO PARCEIRAS DA ORGANIZAÇÃO Nos tempos atuais, as organizações estão ampliando a sua visão e atuação estratégica. Todo o processo produtivo só se realiza com a participação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso. “Acontece que o parceiro mais íntimo da organização é o colaborador, pois ele é que está dentro dela e que lhe dá vida e dinamismo.” (CHIAVENATO, 2004, P. 7) 14 Parceiros da Organização Contribuem com Esperam Retornos de Acionistas e Investidores Capital de Risco, investimentos. Lucros e dividendos, valor agregado. Empregados Trabalho, Esforço, Conhecimentos e Habilidades. Salários, Benefícios, Retribuições e Satisfações. Fornecedores Matérias-prima, serviços, insumos básicos, tecnologias. Lucros e novos negócios Clientes e Consumidores Compras e Aquisição dos Bens e Serviços Qualidade, Preço, Satisfação, Valor Agregado. Figura 5 - Os parceiros da organização (CHIAVENATO, 2004, P. 7) Essa visão das pessoas como parceiras da organização, contribuiu muito para a visão estratégica de gestão de pessoas na atuação de melhores resultados e satisfatório no investimento empresarial. 2.3 AS PESSOAS COMO RECURSOS OU PARCEIROS DA ORGANIZAÇÃO As Pessoas como Recursos precisam ser administradas, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, já que passam nesse caso a ser consideradas sujeitos passivos da ação organizacional, parte do patrimônio físico na contabilidade da organização. As Pessoas como Parceiros são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, Competências e, sobretudo, o mais importante à inteligência, que proporciona decisões racionais e dá significado e rumo aos objetivos globais da organização. 15 Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros Empregados Isolados nos cargos. Colaboradores agrupados em Equipes. Horário rigidamente estabelecido. Metas negociadas e compartilhadas. Preocupação com normas e regras. Preocupação com resultados Subordinação ao chefe Atendimento e Satisfação do Cliente Fidelidade à Organização Vinculação à missão e ã visão Dependência da Chefia Interdependência entre colegas e equipes Alienação em relação à organização Participação e comprometimento Ênfase na especialização Ênfase na ética e na responsabilidade Executoras de tarefas Fornecedores de atividades Ênfase nas destrezas manuais Ênfase no Conhecimento Mão-de-Obra Inteligência e Talento Figura 6 – Pessoas como Recursos e Parceiros (CHIAVENATO, 2004, P. 8) Então o parceiro da organização que deve ser privilegiado está dentro do entendimento das parcerias que entende o negócio da empresa e que domina o grupo de interesses que atuam interna e externamente na organização, utilizando gestão do conhecimento, ética na responsabilidade, equipes, metas negociadas e compartilhadas, resultados com inteligências e talentos. 2.4 A GESTÃO DE PESSOAS E OS SEUS DESAFIOS Na era da informação surgem as equipes de gestão com pessoas. Essas equipes substituem os departamentos de recursos humanos e de gestão de pessoas. As tarefas operacionais e burocráticas são transferidas para terceiros através de terceirização, enquanto as atividades táticas são delegadas aos gerentes delinha em toda organização, os quais passam a ser os gestores de pessoas. As equipes de “RH” proporcionam consultoria interna para que a área possa assumir atividades estratégicas de orientação global visando ao futuro e ao destino da organização e seus membros. (CHIAVENATO, 1999, P. 34) Com base nesSe contexto, podemos definir o quanto a gestão de pessoas tornou-se importante nas empresas, de forma que a nova atuação da Gestão de Pessoas terá como responsabilidades o desenvolvimento de políticas de “RH” estratégicas e atuação direta com todos os gestores de pessoas nos processos estratégicos como: 16 • Contratação e demissão de novos profissionais e cuidar de pessoas; • Aprimoramento com os gestores para atingir resultados em equipe; • Atuar como consultores internos; • Identificação de necessidades de mudanças; • Pessoas como parceiras. Assim o papel da nova Gestão de Pessoas ganha um espaço empresarial que agrega valor ao negócio e compartilha o conhecimento para o planejamento estratégico da organização através de atuações estratégicas: • Descentralização rumo aos gerentes e suas equipes; • Focalização global e estratégica no negócio; • Decisões e ações do gerente e sua equipe de trabalho; • Consultoria interna; • Descentralização e compartilhamento; • Como os gerentes e suas equipes podem escolher, treinar, liderar, motivar, avaliar e recompensar os seus participantes; • Criar a melhor empresa e a melhor qualidade de trabalho. Então, o mundo dos negócios ficou completamente diferente, exigente, dinâmico, mutável e incerto. E as pessoas sentem o impacto dessa influência e necessitam de um apoio e suporte por parte dos seus Líderes e Gerentes. E eles requerem, por seu lado, o apoio e suporte de “RH”. (CHIAVENATO, 2004, P. 42) Essa dinâmica empresarial de mudanças constantes nos leva a uma viagem mais certa e jamais utilizada nos paradigmas do passado, que é manter uma engrenagem no funcionamento estrutural da empresa, onde contribui ainda mais para um sentido de grandes parcerias internas e que o foco é atingir resultados operacionais e estratégicos atrelados ao negócio, desde o planejamento estratégico na organização. Com base na visão de Ulrich (1997) e Chiavenato (2004), apresentam-se os papéis de RH na construção de uma organização dinâmica e competitiva: a) Administração de estratégias de recursos humanos: Como RH pode ajudar a impulsionar a estratégia organizacional. b) Administração da infra-estrutura da empresa: como RH pode oferecer uma base de serviços à organização para ajudá-la a ser eficiente e eficaz. 17 c) Administração da contri buição dos funcionários: como RH pode ajudar no envolvimento e comprometimento dos funcionários, transformando-os em agentes empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização. d) Administração da transformação e da mudança: como RH pode ajudar na criação de uma organização criativa, renovadora e inovadora. Para a atuação destes quatro papéis exigem um novo posicionamento e uma nova mentalidade dos profissionais de RH, visando a atuar conforme figura abaixo: Contudo essa definição é o maior desafio de Gestão de Pessoas, para que realmente o RH se apresente adequadamente na realidade empresarial. PPaappeell ddee RRHH RReessuullttaaddoo CCaarraacctteerrííssttiiccaa pprriinncciippaall AAttiivviiddaaddee Administração de estratégias de RH Administração da infra-estrutura da empresa Administração da contribuição dos funcionários Administração da transformação e da mudança Execução da Estratégia Construção Da infra-estrutura eficiente Aumento do envolvimento e capacidade dos funcionários Criação de uma organização renovada Parceiro Estratégico para Ajudar a alcançar objetivo organizacionais Especialista administrativo para reduzir custos e aumentar valor Defensor dos funcionários para treinar e incentivar as pessoas Agente de mudança e inovação para melhorar a capacidade de mudar Ajuste das estratégias de RH à estratégia empresarial: diagnóstico organizacional para detectar forças e fraquezas da organização Reengenharia dos processos da organização: serviço em comum para a melhoria contínua Ouvir e responder aos funcionários: prover recursos aos funcionários para incentivar contribuições Gerir a transformação e a mudança: assegurar capacidade para mudança e identificação e solução de problemas Figura 7 - Definição de papéis de RH (CHIAVENATO – 2004, 47) 18 3 Gerenciamento das Mudanças “Quando tomamos a direção de nossos sonhos, encontramos o sucesso nos momentos mais inesperados.” Henry David Thoreau Na passagem para o século XXI, mudanças de grande intensidade, em todos os tipos de ambientes, competitivo, tecnológico, econômico, social, provocaram o surgimento de novos conceitos e novas técnicas para administrar as organizações. Faremos uma comparação entre as tradições e as inovações impostas por essas mudanças de paradigmas. Novos PARADIGMAS: De que se trata? Paradigmas são modelos ou padrões, que servem como marcos de referência, para explicar e ajudar as pessoas a lidar com situações. Os paradigmas mudam constantemente. As mudanças variam em termos de velocidade, permanência e magnitude. A Revolução Industrial, por exemplo, representou uma mudança de grande magnitude, em tempo relativamente curto, que moldou inúmeras características da sociedade atual. Formas de produção e consumo, urbanização, divisão das pessoas em classes, profissões e muitos outros aspectos da sociedade fazem parte do paradigma criado pela Revolução Industrial. A Revolução Industrial pode ser resumida em poucas tendências de grande magnitude, cujo vetor principal foi à invenção das máquinas que complementaram e substituíram o trabalho humano. No início do século XXI, a Revolução Industrial continua evoluindo, fazendo a sociedade humana ingressar na marcha para a Revolução Digital, que começou em meados do século XX e representou a complementação e substituição de certas atividades intelectuais por computadores. As passagens para a era pós-industrial e a Revolução Digital provocaram a mudança de muitas concepções tradicionais: 19 Resumo do contraste entre as duas situações: CARACTERÍSTICAS TRADICIONAIS CARACTERÍSTICAS NO SÉCULO XXI Revolução Industrial: substituição e potencialização do trabalho humano por meio de máquinas. Revolução Digital: substituição e potencialização das funções humanas de decisão, comunicação e processamento de informações por computadores. Classe operária numerosa, em conflito com uma classe de patrões e gerentes. Trabalhadores em serviços, profissionais liberais e trabalhadores do conhecimento mais numerosos que os operários clássicos. Trabalhador especializado; operador de máquinas qualificado apenas para a realização de uma pequena parte da tarefa total. Grupo de trabalhadores autogeridos e polivalentes. Em certos casos, o trabalho na linha de produção requer educação universitária. Empregos e carreiras estáveis. Desemprego, empregabilidade, terceirização, economia informal, administração empreendedora. Figura 8 – Características tradicionais e do século XXI 3.1 NOVOS PARADIGMAS Não faz muito tempo, os funcionários eram pagos para obedecer e os chefes para ter idéias. No mundo globalizado e competitivo o sistema de trabalho mudou. Hoje as fábricas operam em células de produção e os escritórios estão divididos por processos. Nesse esquema, não cabe mais um chefe. Cada funcionário é dono de seu pedaço e precisa cuidar dele da melhor forma possível. Ao lado deles está o líder, aquele que pode até ganhar mais por causa do cargo, mas queestá ali para facilitar a vida de todos, inclusive da organização. Os líderes precisam demonstrar confiança em seu pessoal, afinal o que importa é que a empresa produza produtos ou serviços com qualidade e no tempo certo; dessa forma, ao buscar um líder a empresa não pode olhar apenas as qualidades profissionais desse 20 candidato; é necessário saber se esse líder conhece seus limites e saber trabalhar com pessoas, administrando-os em forma de grupo e não individualmente. O problema é que a maioria das empresas não tem líderes. Elas têm meros chefes. 3.2 MUDANÇA DE PARADIGMAS NA GESTÃO DE PESSOAS Uma mudança importante ocorreu no papel dos chefes. No paradigma tradicional, não há administração sem chefes. Dessa forma, as organizações que cresceram durante o século XX tornaram-se cheias de chefes especializados, organizados em hierarquias complexas. O Downsizing, diminuição de tamanho, tornou-se uma das palavras de ordem no mundo das organizações já em meados dos anos 80. Em busca de maior eficiência na utilização de seus recursos e redução de custos, as organizações achataram a hierarquia, simplificaram seus processos de trabalho, promoveram o aumento da produtividade e diminuíram seus quadros de chefes. Além disso, surgiram novas idéias a respeito do papel dos gerentes, que podem ser resumidas na crítica de Peter Drucker (1995, p. XIV): “Você precisa aprender a gerenciar em situações nas quais não tem autoridade de comando, nas quais você não é nem controlado nem está controlando. Esta é a mudança fundamental”. A mudança na estrutura organizacional e no papel dos gerentes é um dos novos paradigmas mais importantes da gestão de pessoas. Embora os gerentes continuem desempenhando os papéis de autoridade e responsabilidade pelas decisões, o processo administrativo pode e deve ser distribuído em toda a estrutura. Assim, os colaboradores operacionais assumem responsabilidades gerenciais (em equipes autogeridas, por exemplo). De acordo com o novo paradigma, todos administram e os chefes são coordenadores ou Líderes do processo. 21 Contraste entre o Modelo Tradicional de Gerência e as Concepções mais Modernas: MODELO DE ADMINIST RAÇÃO CENTRALIZADO NO CHEFE: NOVAS IDÉIAS DA GEST ÃO DE PESSOAS: O gerente é o personagem principal do processo administrativo. Somente os gerentes administram. Todos são gerentes. A Administração do grupo de trabalho pertence ao próprio grupo. Gerentes são chefes de subordinados que obedecem. Gerentes coordenam o processo decisório e fornecem as condições para a realização das tarefas dos grupos. Administração e gerentes são sinônimos. (Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar). Administração está sempre no trabalho de pessoas e grupos que tomam decisões e assumem responsabilidades, com ou sem gerentes. Figura 9 – Contraste entre os modelos: centralizado no chefe e GP Diante das mudanças de Paradigmas, uma das forças mais inovadoras são os processos de agregar e manter as pessoas trabalhando em condições ambientais e psicológicas favoráveis e principalmente saudáveis. Com base no entendimento da Gestão de Pessoas, a organização ideal é aquela que está apta para captar e aplicar de forma adequada seus recursos humanos, como também mantê- los satisfeito por um longo período. Esse trabalho da manutenção das pessoas exige cuidados especiais, entre os quais se sobressaem os estilos de gerência e as relações com os colaboradores. Todos os processos visam a proporcionar um ambiente físico, psicológico e social de trabalho agradável e seguro, bem como assegurar as relações sindicais amigáveis e cooperativas, pois são importantes elementos na definição da permanência das pessoas na organização e, mais do que isso, na sua motivação para o trabalho e para o alcance dos objetivos organizacionais. 22 4. ESTILO DE GERÊNCIA E LIDERANÇA As organizações são desenhadas e administradas de acordo com as teorias que prevalecem, utilizando vários princípios e pressupostos que delineiam as maneiras pelas quais as organizações e seus recursos são geridos. Dois consultores americanos, Blake e Mouton (1976), desenvolveram uma tecnologia de mudança organizacional planejada. Deram o nome de grade gerencial (managerial grid), pelo fato de que todo executivo está sempre voltado para dois assuntos: a produção e as pessoas. A grade gerencial é um gráfico de duas entradas, isto é, composta de dois eixos: (CHIAVENATO, 2000) • O eixo horizontal que representa a preocupação com a produção: é uma série contínua de nove pontos, na qual o grau 9 significa elevadíssima preocupação com a produção, enquanto o grau 1 representa uma baixa preocupação com a produção; • O eixo vertical representa a preocupação com as pessoas. Também é uma série contínua de nove pontos, onde 9 é um grau elevado e 1 um grau baixo de preocupação com as pessoas. Segue quadro com as demonstrações do Grid Gerencial: 23 Figura 10 – Grid Gerencial: BLAKE, Robert R., MOUTON, Jane S. A estruturação de uma empresa dinâmica através do desenvolvimento organizacional do tipo grid. São Paulo: Edgard Blücher, 1976, p. 10. O grid gerencial representa essas duas preocupações: com as pessoas e com a produção. Conforme os pontos apresentados no quadro fica claro o entendimento das cinco gerencias, assim até mesmo nos dias de hoje as identificamos nas empres De acordo com Vergara (1999, 77): Empresas reuniam o corpo gerencial e “subordinados” em hotéis para, sob forte treinamento, transformarem gerentes em Líderes 9.9. Sei de um caso em que, depois de submetido a tal treinamento, um gerente de grande empresa Petrolífera mandou retirar, literalmente, a porta de sua sala. Afinal, era agora um Líder que gerenciava de portas abertas. Detalhe: continuava o mesmo autocrático de sempre. E para uma atuação mais atual, com base no quadro cabe a utilização da gerencia 9.9, que de fato procura um equilíbrio entre a preocupação tanto com a produção quanto com as pessoas, mas que seja de real atuação empresarial e não como relatou Vergara. Dessa forma, Estilo 1.9 Preocupação com as pessoas e total despreocupação Com a produção Estilo 9.9 Preocupação com as pessoas e com com a produção. Excelência Estilo 9.1 Preocupação Com a produção e despreocupação Com as pessoas Estilo 1.1 Pouca preocupação com as pessoas e pouca preocupação Com a produção 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Baixa Alta Baixa AltaPreocupação com a produção Preocupação com as pessoas Estilo 5.5 Mediocridade. Alguma preocupação com a produção e com as pessoas 24 é imprescindível após o entendimento do grid gerencial, conhecer algumas teorias que balizam e orientam o enquadramento das pessoas dentro das organizações. Como a Teoria X, Y de McGregor(1960) e Z de (OUCHI), obras que são marcantes na nossa história, foi um dos autores mais influentes na área das relações humanas. Douglas McGregor nasceu em Detroit e licenciou-se no City College. Doutorou-se em Harvard, onde lecionou Psicologia Social, e foi professor de Psicologia. Teoria X, Y: Douglas McGregor 4.1 LIDERANÇA - TEORIA X Um trabalhador visto por um gerente de visão X parte do pressuposto de que o trabalhador é preguiçoso e que necessita de motivação, pois seu entendimento referente ao trabalho é como um mal necessário e somente por obrigação para ganhar dinheiro. Não gosta de trabalho e o faz somente quando é compelido. (MARRAS , p. 2000) O homem é visto como um indivíduo carente, onde limita o crescimento dos funcionários e não se importa com a valorizaçãoe realização pessoal. Assim, a motivação é desnecessária, sendo o que prevalece é o uso de sua visão dentro dos conceitos com a maior autoridade para garantir a direção e controle dos funcionários. Representação do ser humano com características da Teoria X 25 A Teoria X - Concepção tradicional de direção e controle. Com base na liderança da teoria X, os seres humanos com características X, devem observar as seguintes características: a) Precisa ser controlado, dirigido, coagido e punido, para que produza no trabalho; b) Indivíduos carentes, que se esforçam para satisfazer a hierarquia de necessidades básicas, sem sonhos ou realizações algumas; d) Não tem condições de assumir responsabilidades; e) A participação destes funcionários é sempre influenciada através da manipulação por recompensas básicas e imediatas; f) A liderança deve assumir uma postura autocrática. 4.2 LIDERANÇA – TEORIA Y Esta segunda teoria baseia-se no pressuposto de que as pessoas querem e necessitam trabalhar. A integração é à base dessa teoria, pois parte do pressuposto da integração, que assegura e valida a autoridade. Sugere ainda que indivíduo com características Y tenham autocontrole quando às necessidades da empresa estiverem em cheque. Porém essa integração e sinergia entre os interesses pessoais e organizacionais, não tendem a ser uma tarefa fácil. Segundo Chiavenato (1983, p. 377): (...), a Teoria Y é geralmente aplicada nas empresas através de um estilo de direção baseado em uma série de medidas inovadoras e humanistas, dentre as quais salienta as seguintes: - Descentralização das decisões e delegação de responsabilidades (...); - Ampliação do cargo para maior significação do trabalho (...); - Participação nas decisões mais altas e administração consultiva (...); - Auto-avaliação do desempenho (...). 26 Representação do ser humano com características da Teoria Y A Teoria Y – Integração entre objetivos individuais e organizacionais. A liderança organizacional dos seres humanos com características Y deve observar algumas características: a) Os Seres Humanos Y vêem o esforço físico e mental no trabalho de forma tão natural quanto o de querer descansar; b) Com incentivo procuram se autocorrigir, para atingirem os objetivos que se propõem alcançar; c) Têm um compromisso com o objetivo, dependem das recompensas que se esperam receber com sua execução; d) O Ser Humano Y não só aprende a aceitar as responsabilidades, como passa a procurá-las; e) A participação desses é uma forma de valorizar suas potencialidades intelectuais; f) O Líder deve assumir um estilo mais participativo. 27 4.2.1 Liderança - Teoria Z William Ouchi relata: “Até agora os gerentes americanos têm considerado o que a tecnologia faz para aumentar a produtividade. O que a teoria Z enfatiza é que, ao invés disso, haja um redirecionamento da atenção para as relações humanas no mundo empresarial.” (HAMPTON – 1990, p. 68) Baseando-se em alguns aspectos da mesma herança intelectual que compartilham as idéias de Mayo sobre o local de trabalho ( especialmente as idéias do socialista Francês Emile Durkheim), como um antídoto potencial para os isolados e alienados aspectos psicológicos das pessoas nas modernas sociedades ocidentais. William Ouchi, professor da UCLA, propôs que os gerentes americanos aprendessem a criar alguma qualidade na mesma linha do “clã industrial”, o que vem a ser mais comum nas organizações japonesas. Eles chamam esse conjunto de idéias de Teoria Z, deliberadamente implicando que ela iniciou onde a teoria Y de McGregor parou. A figura a seguir é um fluxograma que tenta retratar os pressupostos e conexões lógicas que produzem a Teoria Z de OUCHI. (HAMPTON, 1990) 28 Figura 11 - Fluxograma representativo da teoria Z (HAMPTON, 1990, p. 69) Imperativo Cultural Decisão Gerencial Filosofia Corporativa Criando o clã industrial Incentivos Empregados antigos, Hierarquia achatada etc. Incentivos Tempo de vida útil etc. Intimidade Envolvimento Cooperação Solidez Confiança Grupos de trabalho Satisfação do empregado e senso de autonomia Produtividade aumentada 29 MOTIVAÇÃO – TEORIA DE MASLOW ABRAHAM MASLOW (1908-1970): Para Maslow existe uma hierarquia natural entre a natureza das necessidades; nenhuma delas é absoluta: quando uma delas é preenchida, a preocupação com a sua satisfação desaparece. Inventou o conceito de pirâmide das necessidades, segundo o qual, uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas básicas da alimentação ao desejo de um ambiente seguro e estruturado, as necessidades mais elevadas de auto-estima e realização pessoal podem ser preenchidas. Conceitos Introduzidos: Hierarquia das necessidades. ABRAHAM MASLOW Segundo Maslow, as pessoas procuram satisfazer suas necessidades, e tão logo uma é satisfeita, outra toma seu lugar, assim como que subindo numa escada, ou seja, as pessoas têm o dom de criar novas necessidades na medida em que as anteriores são atendidas. Essa hierarquia de necessidades pode ser visualizada como uma pirâmide. Figura 12 - Representação Gráfica da Hierarquia das Necessidades – Maslow (1975) 30 a) Necessidades Fisiológicas : constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Nesse nível, estão as necessidades de alimentação (fome sede), de sono e repouso (cansaço), de abrigo (frio ou calor), o desejo sexual e etc. b) Necessidades de Segurança : constituem o segundo nível das necessidades humanas. São as necessidades de segurança ou de estabilidade, a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Surgem no comportamento quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. c) Necessidades Sociais: surgem no comportamento, quando as necessidades mais baixas (fisiológica e segurança) encontram-se relativamente satisfeitas. Dentre as necessidades sociais estão à necessidade de associação de participação e de aceitação por parte dos companheiros, por troca de amizades, de afeto e amor. d) Necessidade de Estima : são as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração. Incluem ainda o desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, dependência e autonomia. e) Necessidade de Auto-realização: são as necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. Estão relacionadas com a realização do próprio potencial e do auto-desenvolvimento contínuo. Essa tendência se expressa através do impulso que uma pessoa tem para tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. Hersey e Blanchard (1986, p. 33) apresentam sua percepção a respeito das situações motivadoras cotidianas, reforçando que, os objetivos das pessoas se voltam para sua consecução, apresentam ainda uma comparação entre as teorias de Maslow e de Herzberg que veremos a seguir: […] Maslow é útil para a identificação das necessidades ou motivos, e Herzberg fornece idéias sobre as metas e incentivos que satisfazem a essas necessidades. Assim, numa situação motivadora, se soubermos quais são as necessidades de alta intensidade (Maslow) dos indivíduos que desejamos influenciar, deveremos ser capazes de determinar os objetivos (Herzberg) que devem ser colocados no ambiente para motivar tais indivíduos. Ao mesmo tempo, quando sabemos que objetivos essas pessoa queremsatisfazer, também sabemos quais são as suas necessidades de alta intensidade. Isso é possível porque se verificou que o dinheiro e os benefícios tendem a satisfazer às necessidades nos níveis: fisiológico e de segurança; as relações interpessoais e a supervisão são exemplos de fatores de higiene que tendem a atender às 31 necessidades sociais; maior responsabilidade, trabalho desafiante, crescimento e desenvolvimento são motivadores que tendem a satisfazer às necessidades de estima e auto-realização… Nesse contexto, nem todas as pessoas se realizam conforme o topo da pirâmide de necessidades. Algumas chegam se preocupam em se auto-realizar; outras nas necessidades de estima; algumas ainda nas sociais, quando uma grande maioria se preocupa com as necessidades de segurança e fisiológicas, ainda assim nem sempre conseguem uma satisfação adequadamente. 4.4 MOTIVAÇÃO – TEORIA DE HERZBERG Para Herzberg, as pessoas têm necessidades de Ter e de Ser. As necessidades de Ter, quando presentes, não motivam as pessoas, em compensação se estiverem ausentes, as deixam desmotivadas. Já as necessidades de Ser são as que quando presentes realmente motivam as pessoas e quando ausentes, simplesmente não as motivam. As necessidades de ter são como uma obrigação organizacional, sobre as quais os gerentes pouco podem atuar. Frederick Herzberg (psicólogo e consultor americano, professor de Administração da Universidade da Utah) formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Para ele, existem dois fatores que orientam o comportamento das pessoas: • Fatores higiênicos ou fatores extrínsecos: Pois se localizam no ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu trabalho. Como essas condições são administrativas e decididas pela empresa, os fatores higiênicos estão fora do controle das pessoas. Os principais fatores higiênicos são: salário, benefícios sociais, tipo de chefia ou supervisão que as pessoas recebem de seus superiores, condições físicas e ambientais de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, clima de relacionamento entre a empresa e os funcionários, regulamentos internos, dentre outros. Tradicionalmente apenas os fatores higiênicos eram utilizados na motivação dos empregados: o trabalho era considerado uma atividade desagradável e, para fazer com que as pessoas trabalhassem mais, tornava-se necessário o apelo para prêmios e incentivos salariais, supervisão, políticas empresariais abertas e estimuladoras, isto é, incentivos situados externamente ao indivíduo em troca do seu trabalho. 32 As pesquisas de Herzberg revelaram que quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação dos empregados, mas não conseguem manter a motivação por muito tempo. Quando os fatores higiênicos são precários, eles provocam a insatisfação dos empregados. Por causa dessa influência mais voltada para a insatisfação, Herzberg chama-os de fatores higiênicos, pois são essencialmente profiláticos: eles apenas evitam a insatisfação, mas não provocam a satisfação. • Fatores motivacionais ou fatores intrínsecos: Pois estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e auto-realização, e dependem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho. Com isso, perdiam o significado psicológico para o indivíduo que os executa e criavam um efeito de "desmotivação", provocando apatia, desinteresse e falta de sentido psicológico. O efeito dos fatores motivacionais sobre as pessoas é profundo e estável. Quando os fatores motivacionais são ótimos, eles provocam a satisfação nas pessoas. Porém, quando são precários, eles evitam a satisfação. Por estarem relacionados com a satisfação dos indivíduos, Herzberg também os chama de fatores satisfacientes: • Delegação de responsabilidade; • Liberdade de decidir como executar o trabalho; • Promoção; • Uso pleno das habilidades pessoais; • Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles; • Simplificação do cargo (pelo próprio ocupante); • Ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). Em essência, a teoria dos fatores afirma que: • Satisfação no cargo é função do conteúdo ou atividades desafiadoras e estimulantes do cargo: são os chamados fatores motivadores. • Insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas e do contexto geral do cargo: são os chamados fatores higiênicos. 33 Herzberg chegou à conclusão de que os fatores responsáveis pela satisfação profissional são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional: "o oposto de satisfação profissional não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional; e, da mesma maneira, o oposto de insatisfação profissional seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação". Na prática, a abordagem de Herzberg enfatiza aqueles fatores que, tradicionalmente, são negligenciados e desprezados pelas organizações em favor dos fatores insatisfacientes, nas tentativas para elevar o desempenho e a satisfação do pessoal. Até certo ponto, as conclusões de Herzberg coincidem com a teoria de Maslow de que os níveis mais baixos de necessidades humanas têm relativamente pequeno efeito motivacional quando o padrão de vida é elevado. As abordagens de Maslow e de Herzberg apresentam alguns pontos de concordância que permitem uma configuração mais ampla e rica a respeito da motivação do comportamento humano. Não obstante, apresentam também importantes diferenças. Figura 13 – As diferenças entre as teorias de Herzberg e Maslow Maslow Herzberg Auto-Realização • O trabalho em si • Responsabilidade • Progresso • Crescimento Auto-Estima • Realização • Reconhecimento • Status Segurança • Políticas Administrativas e • Empresariais • Segurança no cargo Fisiológicas • Condições físicas do Trabalho • Salário • Vida pessoal 34 Para proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõem o "enriquecimento de tarefas" ou "enriquecimento do cargo": consiste em substituir as tarefas simples e elementares do cargo por tarefas mais complexas para acompanhar o crescimento individual de cada empregado, oferecendo-lhe condições de desafio e de satisfação profissional no cargo. O enriquecimento de tarefas depende do desenvolvimento de cada indivíduo e deve adequar-se às suas características individuais em mudanças. O enriquecimento de tarefas mais pode ser vertical (eliminação de tarefas mais simples acréscimo de tarefas mais complexas) ou horizontal (eliminação de tarefas relacionadas com certas atividades e acréscimo de outras tarefas diferentes, mas no mesmo nível de dificuldade). O enriquecimento de cargos adiciona ou desloca para cima ou para lados, envolvendo atribuições mais elevadas ou laterais e complementares. O enriquecimento de tarefas provoca efeitos desejáveis, como aumento da motivação, aumento da produtividade, redução do absenteísmo (faltas e atrasos ao serviço) e redução da rotatividade do pessoal (demissões de empregados). Contudo, pode gerar efeitos indesejáveis, como o aumento de ansiedade em face de tarefas novas e diferentes quando não são bem-sucedidas nas primeiras experiências, aumento do conflito entre as expectativas pessoais e os resultados do trabalho nas novas tarefas enriquecidas, sentimentos de exploração quando a empresa não acompanha o enriquecimento de tarefas com o enriquecimento da remuneração, redução das relações interpessoais devido à maior concentração nas tarefasenriquecidas. 35 Figura 14: Representação Gráfica das Teorias da Motivação – Maslow e Herzberg 4.5 REMUNERAÇÃOX MOTIVAÇÃO Todo colaborador trabalha esperando ser remunerado. Como parceiro da organização, cada funcionário está interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço pessoal, com os seus conhecimentos e habilidades, desde que receba uma retribuição adequada. As empresas sempre atuam no sentido do ganha x ganha, onde o seu interesse em investir nas recompensas para os colaboradores de forma que receba em troca contribuições/produtividade ao alcance dos seus objetivos. Uma das questões mais polêmicas referentes a salário é quando o funcionário entende como um fator de motivação. A U T O -R E A L IZ A Ç Ã O U s a r o p o te n c ia l c ria tiv o e m tra b a lh o s e s itu a ç õ e s d e s a fia d o ra s . A U T O -E S T IM A S e r re c o n h e c id o e re s p e ita d o p e lo o q u e c o n s e g u iu n a v id a . A S S O C IA Ç Ã O F a ze r p a rte d e u m g ru p o e p rin c ip a lm e n te s e r a c e ito p o r e le . S E G U R A N Ç A S e g u ra n ç a n o e m p re g o , a s s is tê n c ia m é d ic a , s e g u ro d e v id a , B Á S IC A S F is io ló g ic a s : c o m id a , a b rig o , re m u n e ra ç ã o , s e xo ... T E R S E R 36 Dessa forma, surge o conceito de remuneração total: Figura 15 – Remuneração total Figura 16 - Os tipos de Recompensas: A soma das recompensas diretas e indiretas constitui a Remuneração. Dessa forma, a remuneração abrange tudo quanto o colaborador alcança em conseqüência do trabalho que realiza em uma organização. Já as recompensas não financeiras oferecidas pelas Remuneração Total Remuneração Básica Incentivos Salariais Benefícios Salário Mensal ou Salário por hora Bônus Participação nos Resultados etc. Seguro de Vida Seguro Saúde Refeições etc. Recompensas Financeiras Recompensas Diretas Recompensas Indiretas Recompensas Não Financeiras Não Financeiras Salário Direto Prêmios Comissões Férias Gratificações Gorjetas Horas Extras 13º Salário Adicionais Decorrências financeiras dos benefícios concedidos Oportunidades de desenvolvimento Reconhecimento e Auto- Estima Segurança no emprego Qualidade de Vida no trabalho Orgulho da empresa e do trabalho Promoções Liberdade e autonomia no trabalho 37 organizações afetam a satisfação das pessoas com o sistema de remuneração; dessa forma, podemos afirmar que não é somente a remuneração que motiva os colaboradores na empresa. No caso das organizações, nada melhor como exemplo, do que observarmos como fica claro comprovar esse tipo de motivação, quando o funcionário atua em uma função que lhe permite auto-realização proporcionando, dessa forma, a elevação de sua auto-estima. Quando isso acontece, a sua eficiência é comprovada e produz resultados os quais superam a expectativa da empresa. Ninguém motiva ninguém. A competência gerencial está em criar condições e influenciá-las para os colaboradores estarem motivados. Para que seja possível um ambiente motivador, pessoas integradas e prudutivas nas organizações, é imprescindível um plano com critérios adequados de Gestão de Pessoas. 38 5. GESTÃO DE PESSOAS – AGREGAR PESSOAS Os processos de agregar pessoas constituem o ingresso delas na organização, são as portas de entrada que são abertas apenas para os candidatos capazes de ajustar suas características e competências pessoais às características predominantes na organização. O processo seletivo nada mais é do que a busca de adequação entre aquilo que a organização pretende e aquilo que as pessoas oferecem. Mas não são apenas as organizações que selecionam. As pessoas também escolhem as organizações onde pretendem trabalhar. (CHIAVENATO, 2004, p. 98) Os processos de agregar pessoas se apresentam de maneiras diversas em ferramentas e instrumentos de seleção de pessoas nas empresas. Algumas das empresas ainda utilizam processos tradicionais e ultrapassados, enquanto outras lançam processos com ferramentas avançadas e de últimas tecnologias para selecionar e trazer pessoas para seu quadro de colaboradores e que estejam adequadas para o perfil desejado pela empresa. Na abordagem tradicional predomina o enfoque operacional e burocrático: o recrutamento e seleção de pessoas obedecem a um conjunto de rotinas e procedimentos executados de maneira seqüencial. A Ação é microorientada, pois a cada cargo vago, dispara o processo que é totalmente orientado para o seu preenchimento. (CHIAVENATO, 2004, p. 98) Observa uma ênfase na eficiência e eficácia no planejamento e execução correta dos procedimentos de recrutamento e seleção, que está concentrado exclusivamente na gestão de pessoas em recursos humanos. E que nos dias de hoje conta com a participação efetiva dos gerentes (gestores de áreas) no processo de agregar pessoas. Nesse contexto, na abordagem moderna predomina o enfoque estratégico: o processo de agregar pessoas é um meio de servir às necessidades organizacionais para um longo prazo. A ação é macroorientada, pois transcende cada cargo e envolve a organização pelo fato de buscar a melhoria contínua do capital intelectual. Assim se dá uma busca constante de mudanças através de criatividade e inovação dos profissionais que visam a introduzir na organização novos valores humanos, de forma, a gerar resultados eficazes, através do processo de agregar pessoas, com novas habilidades e capacidades, permitindo a organização de cumprir sua missão e alcançar os seus objetivos globais em um mundo de transformação. 39 Frente a tantos desafios, todo o processo de agregar pessoas é de responsabilidade de linha e os gerentes e suas equipes absorvem totalmente o processo com a ajuda da consultoria interna e assessoria do órgão de RH, que exerce seu papel de staff. Os gerentes de linha e suas equipes assumem todo o processo de agregar pessoas. (CHIAVENATO, 2004, p. 99) 5.1 AGREGAR PESSOAS X MERCADO DE TRABALHO Mercado significa o espaço de transações, contexto de trocas e intercâmbios entre aquele que oferecem um produto ou serviço e aquele que procuram um produto ou serviço. O mecanismo de oferta e procura e a característica principal de todo mercado. O mercado de trabalho (MT) é composto pelas ofertas de oportunidades de trabalho oferecidas pelas diversas organizações. (CHIAVENATO, 2004, p. 102) Mercado de trabalho - MT, por um lado à oferta: abundância de oportunidades de emprego, por outro lado à procura: escassez de oportunidade de emprego. A convivência entre o MT e as regras da legislação trabalhista nem sempre é pacífica, uma vez que os impostos elevados acabam por inibir o MT na oferta de vagas. A legislação trabalhista é criticada por ser urna força impeditiva da geração de emprego pelo fato de sobrecarregar demasiadamente os custos das empresas. O MT é dinâmico e sofre contínuas mudanças. As características estruturais e conjunturais do MT influenciam as práticas de RH das empresas, que devem estar sempre atentas às necessidades e oportunidades do MT: a) O impacto do MT sobre as práticas de RH: • Quanto à oferta: investimentos em recrutamento para atrair candidatos; critérios de seleção mais flexível e menos rigorosos; investimento em treinamento para compensar a inadequação de candidatos; ofertas salariais estimulantes para atrair candidatos; investimentos e benefícios sociais para atrair candidatos e reter funcionários; ênfase no recrutamento interno, como meio de fixar os funcionáriosatuais e dinamizar os planos de carreiras. • Quanto à procura: baixos investimentos em recrutamento devido à oferta de candidatos; critérios de seleção mais rígidos e rigorosos para aproveitar a abundância de candidatos; poucos investimentos em treinamento para aproveitar 40 candidatos já treinados; ofertar salariais mais baixas para aproveitar a competição entre candidatos; poucos investimentos em benefícios sociais; ênfase no recrutamento externo. O MT é condicionado por inúmeros fatores como: [...] o crescimento econômico, a natureza e qualidade dos postos de trabalho, a produtividade e a inserção no mercado internacional. O primeiro está relacionado com a escala do emprego (crescimento do emprego), enquanto os demais fatores, com a intensidade do emprego (qualidade e produtividade do emprego). Em uma economia aberta, quanto maior a intensidade, maior tende a ser a escala de transações. Na era industrial, a composição do emprego era estável e permanente. (CHIAVENATO, 2004, p.103) Em relação à era da informação, a mobilidade dos colaboradores demonstrou números que cresceram com a migração do emprego da indústria para o setor de serviços, do assalariamento legal para o ilegal, do emprego industrial metropolitano para o não- metropolitano, sem falar no aumento do trabalho autônomo. Em paralelo, cresceu a exigência de qualificação dos trabalhadores em todos os setores. Em síntese, aumentou a mobilidade espacial, setorial, ocupacional e contratual. Essa mobilidade tende a depreciar rapidamente as habilidades específicas dos trabalhadores, o que significa que mesmo os trabalhadores mais bem formados precisam de reciclagem permanente. Contudo, muda a visão do emprego, tornando o trabalho mais exigente e com maior velocidade nos processos de transição dos trabalhadores para a nova situação. “Por isso os esforços de formação e requalificação profissional tornam-se fundamentais.” (CHIAVENATO, 2008, p. 106) Com base nesse contexto, reflete e se entende uma forte mudança no Mercado de Trabalho no Mundo: a) Redução do nível de emprego industrial • Produção industrial maior e com menos pessoas, através de novas tecnologias e processos. • Oferta de emprego em expansão no setor de serviços. • Migração do emprego industrial para o emprego terciário. b) Gradativa sofisticação do emprego • Trabalho industrial cada vez mais mental e cada vez menos braçal. 41 • Aporte da tecnologia da informação na indústria. • Maior automatização e robotização dos processas industriais. c) Conhecimento como o recurso mais importante • Capital financeiro é importante, mas ainda mais importante é o conhecimento de como aplicá-lo e rentabilizá-lo. • Conhecimento é novidade, é inovação, é criatividade, é a mola mestra da mudança. d) Tendência à globalização: • Globalização da economia e criação de uma aldeia global. • Globalização do mercado de trabalho, cada vez mais mundial e cada vez menos local. Assim, cabe a seguinte pergunta: Qual é o Futuro do Emprego? A revolução tecnológica jogará milhares de desempregados nas ruas? O setor de serviços jamais será capaz de absorver todos aqueles que perderam seus empregos na indústria? Estamos trocando empregos bons por outros instáveis e mal pagos? (CHIAVENATO – 2008, 107) O que se diz é o mesmo que se falava na época da Revolução Industrial, época em que se inventou a máquina a vapor, houve ganhos de produtividade na mecanização da agricultura, transferindo os trabalhadores para a indústria. Mesmo que a taxa bruta de desemprego fique constante, sempre haverá um movimento intenso de criação e de destruição de empregos na economia. Há muito pânico e pouca informação a respeito do assunto. Os ciclos econômicos são fatores determinantes na criação e destruição de empregos. A globalização, a falta de inovação e adaptação às mudanças, por parte das empresas são fatores que podem vir a destruir os empregos. A IBM, há algum tempo, dominava o mercado de mainframes, mas, em razão de uma série de deficiências culturais e organizacionais, mostrou-se incapaz mover-se com rapidez para o mercado de microcomputadores. Por isso, ela foi ultrapassada pela concorrência, havendo uma grande destruição de empregos na IBM. Mas por outro lado, nas suas concorrentes, houve uma brutal criação de 42 postos de trabalho, uma vez que estas foram mais ágeis. Mas temos que analisar que as taxas de desemprego tendem a ser maiores onde a educação é pior. O problema educacional é um dos principais responsáveis pela concentração de renda. Um efeito da revolução tecnológica é o fato de haver maior demanda por pessoas mais qualificadas e menor necessidade de empregos tradicionais. Isso mostra que as taxas de emprego são maiores onde os níveis educacionais são menores. Sem dúvida alguma, a educação melhora a empregabilidade. 5.2 NOVO PERFIL DO EMPREGO E MERCADO DE RH Ao longo da Revolução Industrial, o Mercado de Trabalho substituiu as fazendas pelas fábricas. Agora, na revolução da informação, o MT está se deslocando rapidamente do setor industrial para a economia de serviços. A indústria está oferecendo menos emprego, embora esteja produzindo cada vez mais graças à modernização, tecnologia, melhoria de processos e aumento da produtividade das pessoas. A modernização das fábricas busca produtos melhores e mais baratos, ampliando o mercado interno de consumo e ocupando uma fatia maior no mercado externo ou global. A modernização industrial provoca uma migração de empregos, e não a extinção de empregos, a modernização é re-acelerada pela globalização que está inventando empregos novos com a mesma velocidade com que elimina empregos. Historicamente, a inovação tecnológica e a melhoria da produtividade sempre estiveram associadas à expansão do emprego, e não à sua redução, como se costuma pensar, pois a modernização enobrece o trabalho humano, melhora a qualidade de produtos e serviços, reduz o custo relativo da produção e amplia o mercado, a produção e o emprego. As novas tecnologias não são responsáveis, em si mesmas, pelo desemprego. Elas só se tornam destrutivas quando o regime contratual do trabalho se torna inflexível. A legislação trabalhista constitui o elemento rígido que impede a flexibilidade do emprego. Todos devem buscar o futuro na educação, que se torna cada vez mais importante. O novo trabalhador deve ser polivalente, ter conhecimento e habilidade de atuação diversificada e atitudes de resultados empresariais. Não bastará ter formação. É preciso ter boa formação. Quem for capaz de resolver problemas terá emprego garantido. O desemprego em nosso país está sendo provocado menos pelo avanço tecnológico e muito 43 mais pelo atraso educacional. Quando se fala em competitividade global, o desafio é também da escola e não apenas da empresa. E o Mercado de Recursos Humanos- MRH? Se o mercado de trabalho se refere às oportunidades de emprego e vagas existentes nas empresas, o mercado de recursos humanos(MRH) é o reverso da medalha. Ele se refere ao conjunto de candidatos ao emprego. O MRH e o de candidatos se referem ao contingente de pessoas que estão dispostas a trabalhar ou que estão trabalhando, mas dispostas a buscar um outro emprego. O MRH é constituído de profissionais que oferecem habilidades, conhecimentos, habilidades e aptidão. 5.3 CONCEITO DE RECRUTAMENTO DE PESSOAS O recrutamento corresponde ao processo pelo qual a organização atrai candidatos no MRH para abastecer seu processo seletivo. O recrutamento funciona como um processo de comunicação: a organização divulga e oferece oportunidades de trabalho ao MRH. (CHIAVENATO, 2008 p. 114) Recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmentequalificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunidades de emprego que pretende preencher. O recrutamento faz parte do processo de agregar pessoas à organização. O MT é composto pelas ofertas de oportunidades de trabalho oferecidas pelas organizações e é influenciado por vários fatores, podendo apresentar situações que variam da oferta à procura de emprego. O MT influencia o comportamento das organizações e das pessoas. Nesse contexto, o recrutamento é o conjunto de atividades desenhadas para atrair um conjunto de candidatos qualificados para uma organização. O recrutamento pode ser interno ou externo. Seja ele qual for o mais importante será a apresentação do Currículo Vitae ou cadastro interno ou pelo site. O currículo vitae (CV) funciona como o cartão de visitas dos candidatos, sendo ele fundamental no intuito de realçar as vivências, as características pessoais, as atividades e as competências de forma clara objetiva e concisa. Quando da elaboração do CV, o mais importante é o bom senso. A tendência é abandonar o modelo tradicional (mais extenso) e optar por um documento mais curto, com uma ou duas páginas, conforme modelo de CV: 44 Figura 16 – Modelo de CV Nome................. Brasileira, Solteira, ... anos RRuuaa.......................................................... --SSPP Fones ................ E-Mail .................... Objetivo: ................ Qualificação Profissional Desenvolver uma história da sua experiência profissional focando o seu objetivo desejado ............................. (Palavras importantes para fazer uma ligação no contexto: Vivência, Experiência, Atuação, Participação, realização, desenvolvimento, elaboração, projetos, programas....) Formação Acadêmica Cursando 2º ano de Graduação em ....... Universidade................. - SP Histórico Profissional - Empresa.................. Cargo.......... - mês/ano - ............... ..................... - ................... .................... Cursos ................. .................... 45 Nesse contexto, vamos definir recrutamento interno e externo, de forma que torne possível identificar suas principais diferenças: Recrutamento Interno Recrutamento Externo Os cargos vagos são preenchidos por funcionários que são selecionados e promovidos dentro da organização. Os cargos vagos são preenchidos por candidatos externos que são selecionados e ingressam na organização. Os candidatos são recrutador internamente dentro dos quadros da própria empresa. Os candidatos são recrutados externamente no mercado de recursos humanos. Os candidatos já são conhecidos pela organização, passaram por testes de seleção, passaram por programa de treinamento e foram avaliados quanto ao seu desempenho. Os candidatos são desconhecidos pela organização e precisam ser testados e avaliados pelo processo seletivo. As oportunidades de emprego melhor são oferecidas aos próprios funcionários, que podem subir a postos melhores e desenvolver sua carreira profissional dentro da organização. As oportunidades de emprego são oferecidas ao mercado, cujos candidatos podem disputá- las. Figura 17 – Recrutamento interno e externo (CHIAVENATO, 2008, p. 118) Referente aos meios de recrutamento de pessoas, seguem técnicas para recrutar pessoas: • No recrutamento interno, as técnicas utilizadas são: murais internos, intranet, jornais ou revistas internas. • No recrutamento externo, às técnicas utilizadas são: anúncios em jornais e revistas, consultorias de recrutamento, contatos com escolas, universidades, cartazes ou anúncios em locais visíveis, banco de dados de candidatos, apresentação de candidatos por indicação de funcionários e internet. 46 5.4 CONCEITO DE SELEÇÃO DE PESSOAL A seleção de pessoal é o processo de agregar e selecionar pessoas de forma que se possam escolher os melhores candidatos para a organização. Seleção é ainda um processo de comparação e decisão na escolha, classificação de candidatos. A base da seleção de pessoas é a colheita de informações sobre o cargo, através da descrição e análise do cargo. Técnica de colheita de informações sobre o candidato, como: Entrevista, prova de conhecimento ou de capacidade, testes psicológicos, testes de personalidade, técnica de simulação e dinâmica de grupo. “O processo seletivo funciona como uma seqüência de etapas com várias alternativas. A avaliação dos resultados da seleção é importante para determinar seu custo operacional e benefícios oferecidos.” (CHIAVENATO, 2008, p.165) As atividades de recrutamento e seleção de pessoal têm como base um funcionamento prático, tais como: • Gerar e d esenvolver requisições de co laboradores – abrir e desenvolver requisições de pessoal, desenvolver uma descrição do cargo, acompanhar os resultados da web interna e externa, atualizar a requisição, notificar e prepor o gestor da área, administrar os dados da requisição de vagas; • Localizar e recruta r candidatos – definir as técnicas de recrutamento, desenvolver as atividades de recrutamento e administrar os agentes de recrutamento; • Triar e selecionar can didatos – identificar e aplicar as ferramentas de seleção, entrevistar candidatos, testar candidatos, selecionar e dispensar candidatos; • Testar e avaliar cand idatos – completar as informações sobre os candidatos, conduzir as verificações sobre os candidatos, recomendar/não recomendar candidatos; • Gerenciar as admissõ es – escolher os candidatos finalistas, fazer ofertas de trabalho, admitir o candidato escolhido. • Encaminhar os candidatos – inscrever o registro do novo colaborador, encaminhar os dados do novo colaborador, arquivar e reter dados dos candidatos não escolhidos. 47 Nesse contexto, hoje no mercado de trabalho existe uma diversidade de modelos das atividades de seleção, algumas empresas desenvolvem um processo que possa atender suas expectativas na busca de profissionais qualificados para o seu negócio. Podemos destacar algumas modalidades como: Procedimentos múltiplos de seleção; Seleção por competências; Talentos humanos; Outros que de fato estejam de acordo com a cultura organizacional da empresa. 48 6. GESTÃO DE PESSOAS – POCESSO DE APLICAR PESSOAS Os processos de aplicar pessoas envolvem a integração e orientação das pessoas, modelagem de cargos e avaliação de desempenho. A orientação das pessoas é o primeiro passo para sua adequada aplicação dentro dos cargos da organização e envolve o entendimento e ajustamento da cultura organizacional. Onde cada empresa tem sua própria cultura corporativa. Que se entende como um conjunto de hábitos, suas crenças, identidade estabelecida pelas normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. No entanto, alguns aspectos da cultura são formais e abertos, enquanto outros são informais e ocultos. (CHIAVENATO, 2008) Assim, é importante que as empresas desenvolvam sua missão, visão, os objetivos adequado a sua cultura, pois em alguns casos de empresas observa-se um paradoxo quanto à distância entre o planejamento estratégico e as ações dos colaboradores não estão atrelados com sua cultura. Em muitos casos de empresa, é comum se trabalhar constantemente o clima organizacional para tingir resultados e ainda programas de socialização, como: assuntos organizacionais, benefícios oferecidos, relacionamento e deveres do novo participante e programas de integração. 6.1 MODELAGEM DE CARGOS A estrutura
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