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4 2. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL 2.1 Definição Ao longo do tempo a complexidade das construções aumentou demasiadamente, sendo assim as estruturas referentes a estas construções necessitam utilizar diferentes tipos de peças estruturais, para que adequadamente combinadas possam formar um conjunto resistente. Sendo assim a concepção estrutural de um edifício baseia-se em estabelecer um arranjo adequado dos vários elementos estruturais do edifício (figura 1), tendo como objetivo assegurar que o mesmo possa suprir as finalidades para o qual foi projetado. Fonte: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1008/Downloads/Concep_Estrut_2007.pdf De acordo com Alva (2007), um arranjo estrutural adequado consiste em atender, simultaneamente, os aspectos de segurança, economia (custo), durabilidade e os relativos ao projeto arquitetônico (estética e funcionalidade). Em particular, a estrutura deve garantir a segurança contra os Estados Limites, nos quais a construção deixa de cumprir suas finalidades. Para se conceber uma estrutura deve-se pensar primeiramente em qual será a finalidade da edificação e se atentar as condições impostas pela parte arquitetônica. Logo, o projeto arquitetônico representa a base para a elaboração do projeto 5 estrutural, sendo a partir deste poder-se antecipar o posicionamento dos elementos, respeitando a distribuição de diferentes ambientes em diversos pavimentos. Sendo também que a estrutura deve apresentar coerência com relação as características do solo no qual ela irá se apoiar. 2.2 Passos para conceber uma estrutura A elaboração de um projeto estrutural deve ser sempre feita de modo adequado, independentemente se for de pequeno, médio ou grande porte. Sendo o engenheiro de estruturas responsável por esta parte, precisando dispor assim de um vasto acervo de informação para um estudo preliminar antes de iniciar seu trabalho. A partir deste estudo pode-se determinar uma lista com as principais informações para se conceber um projeto estrutural. 2.2.1 Dados Iniciais A concepção estrutural deve se fundamentar principalmente pela finalidade da edificação e atender, quando possível, as condições dadas pela parte arquitetônica. Primeiramente se faz necessário que o engenheiro estrutural tenha em mãos o projeto arquitetônico da obra, tendo-se como preferência que o projeto seja de estudo preliminar ou o projeto básico que ainda não tenha sido aprovado pela prefeitura, sendo que deste modo é possível fazer um pré-lançamento da estrutura e fazer assim pequenas alterações na arquitetura que impactam na solução estrutural, sendo tanto no quesito desempenho quanto em economia. Sendo que quanto mais oportunidade de se poder alterar a arquitetura, melhor será um projeto estrutural. O projeto estrutural deve estar em concordância com os demais projetos, tais como: de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som, televisão, ar condicionado, computador e outros, permitindo assim a compatibilidade e qualidade de todos os sistemas. Devendo-se levar em consideração que a maioria das construções possuem mais de um pavimento, podendo ser constituídas pelos seguintes pavimentos: subsolo, térreo, tipo, cobertura e casa de máquinas, além dos reservatórios inferiores e superiores. Sendo assim, pode-se existir o pavimento-tipo, que é quando mais de um pavimento se repete, geralmente feito em edifícios, logo inicia-se a concepção pela 6 estruturação desse pavimento. Caso não haja pavimentos repetidos, deve-se começar a parte da estruturação dos andares superiores, seguindo na direção dos inferiores. Sendo que a definição da forma estrutural parte da localização dos pilares e segue com o posicionamento das vigas e das lajes, nessa ordem. 2.2.2 Sistemas Estruturais Atualmente possuímos inúmeros tipos de sistemas estruturais utilizados. Porém as lajes maciças são as mais usuais em edifícios, pela facilidade de poder ser moldada tanto no local ou ser pré-fabricada, sendo que em grandes vãos o mais indicado seria a aplicação de protenção para a melhoria do desempenho da estrutura. As lajes sem vigas também seria outra alternativa, elas são apoiadas diretamente sobre os pilares, que são denominadas lajes-cogumelo, e lajes planas ou lisas, respectivamente. Para escolher um sistema estrutural depende-se de fatores técnicos e econômicos, sendo eles: disponibilidade de materiais, capacidade do meio técnico para desenvolver o projeto e para executar a obra, mão-de-obra e equipamentos necessários para a execução. Sendo que nos casos de edifícios residenciais e comerciais, a escolha do tipo de estrutura é feita a partir de fatores econômicos, pois as condições técnicas para projeto e construção são de conhecimento da Engenharia de Estruturas e de Construção. 2.2.3 Caminho das Ações A concepção estrutural de um edifício deve ser feita de um jeito que ele seja capaz de resistir não só às ações verticais, mas também às ações horizontais que consequentemente possam provocar efeitos significativos ao longo da vida útil da construção. Sendo que ações verticais são constituídas pelo peso próprio dos elementos estruturais, pesos de revestimentos e de paredes, além de algumas ações permanentes, ações variáveis decorrentes da utilização, e outras ações específicas. Logo, as ações horizontais, são basicamente a ação do vento e do empuxo em subsolos. O caminho relacionado as ações verticais possuem início nas lajes de cobertura, que conseguem suportam seus pesos próprios e outras ações permanentes e variáveis de uso, incluindo então peso de paredes que se apoiem 7 diretamente sobre elas. Sendo assim, as lajes transmitem as ações verticais para as vigas, através das reações de apoio. Depois das lajes temos as vigas, que suportam tanto as ações provenientes das lajes quando seu peso próprio e peso de paredes, como também ações de outros elementos que podem se apoiar nela, tendo como exemplo as reações de apoio de outras vigas. Geralmente as vigas trabalham à flexão e ao cisalhamento, transmitindo assim as ações para os elementos que estão na vertical, como pilares e paredes estruturais. Logo após as vigas temos os pilares e as paredes estruturais que recebem as reações das vigas que se apoiam nelas, sendo que em conjunto com o peso próprio desses elementos verticais, são transmitidas para os andares inferiores e no final para o solo, por meio dos respectivos elementos da fundação. Com isso temos que as ações horizontais também devem ser igualmente absorvidas pela estrutura e transferidas para o solo. Sendo o caso do vento, tendo o percurso dessas ações o início nas paredes externas do edifício, onde ele atua. Esta ação é resistida por elementos verticais de grande rigidez, tais como pórticos, paredes estruturais e núcleos, que formam a estrutura de contraventamento. Os pilares de menor rigidez não contribuem muito na resistência a estas ações laterais e costumam ser ignorados quando se faz a análise da estabilidade global da estrutura. 2.2.4 Posição dos Pilares Ao se iniciar a localização dos pilares recomenda-se que se inicie pelos cantos das paredes e depois pelas áreas que sejam mais comuns a todos os pavimentos, que serão os locais que irão dispor de mais cargas, como área de elevadores e de escadas, e também onde se localizam as coberturas, as casas de máquinas e o reservatório superior. Após isso posicionam-se os pilares de extremidades e os internos, sempre procurando embuti-los nas paredes e respeitando o projeto arquitetônico. Sendo sempre que possível, é de extrema importância dispor os pilares alinhados, com o objetivo de formar pórticos com as vigas. Quando formados, os pórticos contribuem significativamente na estabilidade global do edifício. Os pilares são usualmente dispostos de modo que possam resultar distancias entre seus eixos de 4 m a 6 m. Sendoque distancias muito grandes entre pilares causam vigas com dimensões incompatíveis e trazem custos mais elevados à 8 construção, pois maiores seções transversais de pilares acarretam maiores taxas de armadura e maior dificuldade nas montagens da armação e das formas. Contudo, pilares que ficam muito próximos produzem interferência nos elementos de fundação e consumo elevado de mão-de-obra, afetando assim os custos de modo desfavorável. Tendo em vista que se deve adotar sempre que possível o valor de 19cm no mínimo para a menor dimensão do pilar e sempre escolher a direção da maior dimensão garantindo a adequada rigidez à estrutura, em ambas direções. Sendo que quando se tem pavimento-tipo deve-se posicionar os pilares de modo a verificar suas interferências nos demais pavimentos da edificação. Quando se possui a impossibilidade de fazer a compatibilização da distribuição dos pilares entre os diversos pavimentos, pode ser que haja a necessidade de um pavimento de transição. Sendo que nesta situação a prumada do pilar é alterada, empregando-se uma viga de transição, que tem por objetivo receber a carga do pilar superior e a transferir para o pilar inferior, sendo assim a sua nova posição. 2.2.5 Posições de Vigas e Lajes O posicionamento das vigas e lajes são o próximo passo da estruturação nos pavimentos. Temos que as vigas, além de ligarem os pilares formando pórticos, podem também ser necessárias para dividir um painel de laje com grandes dimensões ou para suportar uma parede divisória evitando que ela se apoie diretamente sobre a laje. Por questões estéticas é comum adotar larguras de vigas em função da largura das alvenarias para que se tenha mais facilidades no acabamento e um melhor aproveitamento dos espaços. Sendo assim as alturas das vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaços livres para aberturas de portas e de janelas. As disposições das vigas devem levar em consideração principalmente o valor mais econômico para o menor vão das lajes, sendo para lajes maciças da ordem de 3,5 m a 5,0 m. Logo o posicionamento das lajes fica definido pelo arranjo das vigas. 2.2.6 Desenhos Preliminares de Formas Após obter-se o arranjo dos elementos estruturais, seja possível fazer os esboços de formas de todos os pavimentos, inclusive cobertura e caixa d’água, com as dimensões baseadas no projeto arquitetônico. 9 Segundo Libânio M. Pinheiro, Cassiane D. Muzardo, Sandro P. Santos (2003), as larguras das vigas são adotadas para atender condições de arquitetura ou construtivas. Sempre que possível, devem estar embutidas na alvenaria e permitir a passagem de tubulações. O cobrimento mínimo das faces das vigas em relação às das paredes acabadas variam de 1,5cm a 2,5cm, em geral. Costuma-se adotar para as vigas no máximo três pares de dimensões diferentes para as seções transversais. O ideal é que todas elas tenham a mesma altura, para simplificar o cimbramento. Sendo que em edifícios residenciais, é conveniente que as alturas das vigas não ultrapassem 60cm, para não interferir nos vãos de portas e de janelas. Com isso, tem-se que a numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares) deve ser feita da esquerda para a direita e de cima para baixo. A numeração das lajes de inicia como: L1, L2, L3 etc., sendo que seus números devem ser colocados próximos do centro delas. Em seguida são numeradas as vigas como: V1, V2, V3 etc, sendo seus números colocados no meio do primeiro tramo. Logo, no final são colocados os números dos pilares como: P1, P2, P3 etc., posicionados embaixo deles, na forma estrutural. Concluindo, finalmente após a concepção estrutural obtém-se o anteprojeto de todos os pavimentos, incluindo a cobertura e a caixa d’água, podendo assim prosseguir com o pré-dimensionamento de lajes, vigas e pilares. 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVA, Gerson. Concepção estrutural de edifícios em concreto armado. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2007. Giongo, Samuel. Projeto estrutural de edifícios. São Carlos: Escola de engenharia de São Carlos, 2007. KOERICH, Rodrigo. Quais informações preciso para começar um projeto estrutural? 2016. Disponível em: <https://maisengenharia.altoqi.com.br/estrutural/quais-informacoes-preciso-dispor- para-comecar-um-projeto-estrutural//>. Acesso em 01/09/2020. Libânio M. Pinheiro, Cassiane D. Muzardo, Sandro P. Santos. ESTRUTURAS DE CONCRETO – CAPÍTULO 4. 2003. São Paulo: USP – Departamento de Engenharia de Estruturas.