Buscar

teologia sistemática II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 2 
UNIDADE 2 – BIBLIOLOGIA/TEOLOGIA BÍBLICA ............................................. 4 
2.1 BREVE HISTÓRIA E DIVISÃO DA BÍBLIA ............................................................... 6 
2.2 AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA ............................................................................... 9 
2.3 ESCRITURAS IMPRESSAS ................................................................................ 11 
2.4 DIFERENÇAS ENTRE AS EDIÇÕES BÍBLICAS CATÓLICA E PROTESTANTE – A 
QUESTÃO DOS 7 LIVROS ....................................................................................... 12 
UNIDADE 3 – A COMUNICAÇÃO DE DEUS ...................................................... 15 
3.1 AUTORIDADE ................................................................................................ 15 
3.2 REVELAÇÃO .................................................................................................. 17 
3.3 INSPIRAÇÃO .................................................................................................. 18 
3.4 ILUMINAÇÃO .................................................................................................. 20 
UNIDADE 4 – CRISTOLOGIA E MARIOLOGIA .................................................. 22 
4.1 O ESTUDO SOBRE JESUS CRISTO ................................................................... 22 
4.2 MARIOLOGIA – A MÃE DE JESUS ..................................................................... 23 
UNIDADE 5 – HAMARTIOLOGIA – O ESTUDO DO PECADO .......................... 27 
5.1 ORIGENS ...................................................................................................... 28 
5.2 CONSEQUÊNCIAS .......................................................................................... 31 
UNIDADE 6 – SOTERIOLOGIA – O ESTUDO DA SALVAÇÃO ......................... 33 
UNIDADE 7 – O ESTUDO DOS ANJOS E DOS DEMÔNIOS ............................. 35 
7.1 OS ANJOS ..................................................................................................... 35 
7.2 OS DEMÔNIOS ............................................................................................... 39 
7.3 A ATUAÇÃO DE SATANÁS ............................................................................... 42 
UNIDADE 8 – ESCATOLOGIA: O FIM DOS TEMPOS ....................................... 50 
8.1 TERMOS ESSENCIAIS DO NOVO TESTAMENTO EM RELAÇÃO AO SEGUNDO ADVENTO 
DE CRISTO .......................................................................................................... 52 
UNIDADE 9 – O ESTUDO DO ESPÍRITO SANTO .............................................. 55 
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 58 
 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Já sabemos que a palavra teologia deriva dos termos gregos theos, que 
significa “Deus” e logos, que significa “palavra”, “discurso”, “tratado” ou “estudo” e 
assim definimos Teologia como “a ciência do estudo de Deus”. No entanto, o seu 
campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas também às suas obras, 
de forma que ela tem sido chamada de “o estudo de Deus e de sua relação para 
com o Universo”. 
Sistematizar, por sua vez, é reduzir diversos elementos a um sistema ou 
agrupar em um corpo de doutrina. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um 
sistema, uma ordenação, um método. Quando se aplica o adjetivo a essa 
disciplina da enciclopédia teológica não se quer dizer que outras disciplinas (como 
a exegese ou a teologia bíblica) não seguem qualquer sistema, mas que é a 
Teologia Sistemática que procura oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, 
apresentada na Bíblia, como um todo, como um sistema unificado (BERKHOF, 
1990). 
A Teologia Sistemática está interessada em relatar os materiais tanto 
bíblicos quanto perspectivas históricas para o tempo moderno. É a organização 
dos fatos teológicos, na forma de um sistema racional; tendo como fontes: a 
revelação e a filosofia e várias outras ciências como a antropologia e a etnografia. 
De maneira simples e bem resumida, podemos dizer que a Teologia 
Sistemática se subdivide em três ramos de estudo: Deus, o Homem e os 
Sacramentos. Por isso, ela engloba as doutrinas, os dogmas, formulando uma 
descrição de maneira ordenada e racional os assuntos acima. 
Poderíamos dizer que é uma maneira didática de tratar as “coisas de 
Deus”. 
A Teologia Sistemática é: menos narrativa, menos história, menos 
orgânica, todos os termos-chave da nossa era pós-moderna. É o estudo das 
coisas de Deus de uma maneira sistemática e ordenada, no qual não apenas 
consideramos o que esse e aquele texto dizem, mas consideramos tudo o que a 
Palavra diz sobre a revelação, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem 
Deus é, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Jesus é, e depois tudo o 
que ele fez por nós. Depois, a teologia sistemática prossegue para considerar a 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
doutrina do homem, do pecado, da santificação, dos sacramentos, da igreja e do 
fim dos tempos. Teologia sistemática é uma maneira de olhar para a revelação de 
Deus que fortemente afirma a coerência e consistência de tudo o que Deus 
revela. É uma tentativa de colocar todos os textos em seu contexto último 
(SPROUL, 1998). 
Se na Bíblia encontramos suporte para conhecer as coisas de Deus, 
então é por aí que iniciaremos nosso caminhar, utilizando a Teologia Sistemática 
que correlaciona os dados da revelação bíblica como um todo, para exibir 
sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha 
como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, 
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os 
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação 
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não 
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático 
da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo 
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo 
dos estudos. 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
UNIDADE 2 – BIBLIOLOGIA/TEOLOGIA BÍBLICA 
 
A Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos de revelação 
especial, pois engloba o registro de muitos aspectos dessa revelação. Embora 
Deus, indiscutivelmente, tenha dado outras visões, sonhos e mensagens 
proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito delas. 
Além disso, tudoo que sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na Bíblia, 
mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse tenha sido registrado 
nas Escrituras (Jo 21:25). Mas a Bíblia não é simplesmente o registro dessas 
outras revelações de Deus; também contém verdades adicionais não reveladas. 
Por exemplo, por meio dos profetas, ou mesmo durante a vida terrena de Cristo. 
Portanto, a Bíblia é, ao mesmo tempo, registro de aspectos da revelação especial 
e a própria revelação (RYRIE, 2004). 
A revelação, na Bíblia, não é somente inclusiva, ainda que parcial; é 
também verdadeira (Jo 17:17), progressiva (Hb 1:1) e possui um propósito (2 Tm 
3:15-17). 
Existem duas maneiras de perceber a credibilidade da revelação bíblica. 
Os fideístas insistem que as Escrituras e a revelação que ela contém autenticam 
a si mesmas, sendo, portanto, autopística. Para eles, a fé antecede a razão. A 
infalibilidade da Bíblia deve (e pode) ser pressuposta, porque as Escrituras dizem 
que ela é inspirada, e o Espírito confirma isso. Os empiristas, por outro lado, 
reforçam a credibilidade intrínseca da revelação da Bíblia como sendo digna de 
crença, ou seja, é axiopística. A alegação bíblica de autoridade não é, por si 
mesma, uma prova de autoridade; por outro lado, existem evidências factuais e 
históricas que estabelecem as credenciais da Bíblia e que validam a veracidade 
da sua mensagem. Para Ryrie, os dois pontos de vista revelam a verdade, 
portanto, os dos podem ser usados. 
O estudo dos conhecimentos da Bíblia chama-se Bibliologia, sendo 
fundamental a todo cristão, sendo que numa dimensão mais profunda pode-se 
usar o termo erudito Isagoge, ou seja, conduzir para dentro. 
Segundo propostas de Myatt e Ferreira (2002), a Bíblia: 
• é a fonte maior da Teologia Sistemática; 
• é sempre a autoridade final; 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
• deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as 
escolhas que existem. 
Enfim, as ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, entre outras, 
devem ser usadas para chegarmos às conclusões certas. O teólogo sistemático 
depende do fruto do trabalho dos especialistas do Antigo e do Novo Testamento 
(MYATT; FERREIRA, 2002). 
A Bíblia em si, recebe outros nomes como Palavra de Deus, Sagrada 
Escritura, Lei, Lei e os Profetas, Livro Sagrado, Sagradas Letras, Divina 
Revelação, entre outros. 
No entendimento de Berkhof (1990, p. 12), o Cristão aceita a verdade da 
existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas sim fé baseada 
em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de 
Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A prova 
bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e 
muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido, a Bíblia não prova 
a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o 
que lemos em Hebreus 11:6 “... é necessário que aquele que se aproxima de 
Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. 
A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No 
princípio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o 
Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas 
criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. 
A Bíblia testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com 
o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso 
propósito de redenção. O preparo para esta obra, especialmente na escolha e 
direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho 
Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com 
grande clareza nas páginas do Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as 
páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta 
revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna 
uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
6
aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu 
conteúdo. 
Disse Jesus, “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a 
respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”, João 7.17. 
É este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, 
que Oséias tem em mente quando diz, “Conheçamos, e prossigamos em 
conhecer ao Senhor”, Oséias 6.3. O incrédulo não tem nenhuma real 
compreensão da palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nesta 
conexão: “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? 
Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na 
sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve 
a Deus salvar os que creem, pela loucura da pregação”, 1 Coríntios 1.20, 21. 
 
2.1 Breve história e divisão da Bíblia 
A Bíblia está dividida em dois testamentos, o Antigo e o Novo, sendo 66 
livros no total: 39 no Antigo e 27 no Novo Testamento. São 1.189 capítulos, 
31.173 versículos, 773.692 palavras. 
A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos, 
sendo obra de cerca de 40 autores, de humildes a agricultores, pescadores e reis. 
Ao contrário do que muitos pensam, o livro mais antigo é Jô e não 
Gênesis e acredita-se que tenha sido escrito por Moisés quando estava no 
deserto. 
Claro que não poderíamos deixar de citar que a Bíblia é o livro mais 
vendido e lido no mundo, composto por doutrinas, poemas, provérbios, cânticos, 
histórias, revelações, profecias, comentários, narrativas e outras formas literárias 
Estudos de Berkhof (1990); Geisler (2002); Lima, Arcanjo e Nascimento 
(2011) e vários outros pesquisadores, afirmam que os originais grego, hebraico e 
aramaico foram os idiomas utilizados para escrever os originais das Escrituras 
Sagradas. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Apenas alguns poucos 
textos foram escritos em aramaico. O Novo Testamento foi escrito originalmente 
em grego, que era a língua mais utilizada na época. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
7
Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução 
confiável das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de 
manuscrito da Bíblia, mas sim cópias de cópias de cópias. Todos os autógrafos, 
isto é, os livros originais, como foram escritos pelos seus autores, se perderam. 
As edições do Antigo Testamento hebraico e do Novo Testamento grego se 
baseiam nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram 
encontradas graças às descobertas arqueológicas. Para a tradução do Antigo 
Testamento, a Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) usa a 
Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo 
Testamento é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades 
Bíblicas Unidas. Essas são as melhoresedições dos textos hebraicos e gregos 
que existem hoje, disponíveis para tradutores (LIMA, ARCANJO, NASCIMENTO, 
2011; HOLANDA, 2014). 
Sobre o Antigo Testamento em Hebraico, sabemos que muitos séculos 
antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu 
mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Estes 
registros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram 
copiados muitas e muitas vezes e passados de geração em geração. Com o 
passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas 
por ‘A Lei, Os Profetas e As Escrituras’. Esses três grandes conjuntos de livros, 
em especial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio Judaico de 
Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C. 
• A Lei continha os primeiros cinco livros da nossa Bíblia. 
• Os Profetas, incluíam Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas 
Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. 
• As Escrituras reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de 
Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, 
Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. 
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos 
confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. 
Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, 
embora a Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
8
texto era escrito em hebraico – da direita para a esquerda – e, apenas alguns 
capítulos, em dialeto aramaico. 
Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais 
remoto trecho do Antigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito 
durante o Século II a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus 
na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros 
documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto (LIMA, ARCANJO E 
NASCIMENTO, 2011; AZEVEDO, 2009). 
Sobre o Novo Testamento em grego, os seus primeiros manuscritos que 
chegaram até nós são algumas das cartas do Apóstolo Paulo destinadas a 
pequenos grupos de pessoas de diversos povoados que acreditavam no 
Evangelho por ele pregado. A formação desses grupos marca o início da igreja 
cristã. 
As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas com todo o cuidado. 
Não tardou para que esses manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. 
Dessa forma, começaram a ser largamente copiados e as cartas de Paulo 
passaram a ter grande circulação. A necessidade de ensinar novos convertidos e 
o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos 
ensinamentos de Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos que, na medida em 
que as igrejas cresciam e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados. 
Outras cartas, exortações, sermões e manuscritos cristãos similares também 
começaram a circular. 
O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um 
pequeno pedaço de papiro escrito no início do Século II d.C. Nele estão contidas 
algumas palavras de João 18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 
e 38. Nos últimos cem anos, descobriu-se uma quantidade considerável de 
papiros contendo o Novo Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento 
(LIMA, ARCANJO E NASCIMENTO, 2011; sbb.org.br). 
Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia 
outros que circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de 
Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou 
Ensinamento dos Doze Apóstolos). Durante muitos anos, embora os evangelhos 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
9
e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma 
tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente 
autorizados. Entretanto, gradualmente, o julgamento das igrejas, orientado pelo 
Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras que constituíam um relato mais 
fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. 
Segundo Miler e Huber (2006), no Século IV d.C. foi estabelecido entre os 
concílios das igrejas um acordo comum e o Novo Testamento foi constituído. Os 
dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela 
ocasião – o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois 
inestimáveis manuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo 
temos aproximadamente vinte manuscritos do Novo Testamento escritos nos 
primeiros cinco séculos. 
Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião 
oficial no Império Romano no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e 
mais ampla por boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o 
grande historiador Eusébio de Cesaréia (263 - 340) tenha conseguido demonstrar 
ao imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, 
porque o imperador encomendou 50 cópias para as igrejas de Constantinopla. 
Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo 
Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia. 
 
2.2 As traduções da Bíblia 
Além da Bíblia ser o livro mais lido, também é o mais traduzido e 
distribuído do mundo e desde as suas origens, foi considerada sagrada e de 
grande importância. 
A necessidade de difundir seus ensinamentos através dos tempos e entre 
os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados 
idiomas e dialetos. Hoje, é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, 
em mais de 2.000 línguas diferentes. 
Segundo Miler e Huber (2006), Vallim (2008) e outros pesquisadores, 
estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de 
Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
10
o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os 
judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em 
hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não 
falavam mais o hebraico. Denominada Septuaginta (ou Tradução dos Setenta), 
esta primeira tradução foi realizada por 70 sábios e contém sete livros que não 
fazem parte da coleção hebraica; pois não estavam incluídos quando o cânon (ou 
lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final 
do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles 
são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas 
Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em 
sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento 
fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na 
propagação dos ensinamentos de Deus. 
Nascimento (2012) corrige a fala da SBB ao afirmar que os sete livros são 
chamados “apócrifos” pelos inimigosde Cristo que os excluíram de seu particular 
cânon judaico feito só no final do primeiro século. Deram-lhes o nome de 
“apócrifos” para desclassificá-los, e os protestantes aceitaram isso e se 
acomunaram aos escarnecedores de Jesus. Para ele, “apócrifos” sempre 
significou: [escritos de assunto sagrado não incluídos pela Igreja no Cânon das 
Escrituras autênticas e divinamente inspiradas.] (Dicionário Enciclopédia Encarta 
99). 
Mas sem querer alongar essas discussões, temos que outras traduções 
começaram a ser realizadas por cristãos novos nas línguas copta (Egito), etíope 
(Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim – a mais importante de todas as 
línguas pela sua ampla utilização no Ocidente. Por haver tantas versões parciais 
e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande 
exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras. Com o objetivo 
de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à 
Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e 
examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se 
conhecida como “Vulgata”, ou seja, escrita na língua de pessoas comuns 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
11
(“vulgus”). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial 
do cristianismo ocidental. 
Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, 
alcançando até o Norte da Europa. Na Europa, os cristãos entraram em conflito 
com os invasores godos e hunos, que destruíram uma grande parte da civilização 
romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência 
causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, 
especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo. Não se sabe quando e 
como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho 
para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos 
exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. 
Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do 
Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava 
ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas 
traduções chegou até nós. Aos poucos, as traduções de passagens e de livros 
inteiros foram surgindo (SBB, 2010). 
Ainda voltando às discussões dos livros apócrifos, vale aprofundar e 
comparar os escritos da Sociedade Bíblica do Brasil e em leituras de Norman 
Geisler. Há autores que afirmam que a SBB tem muitas tendências ecumênicas, 
sem maiores compromissos com os protestantes. Vale conferir! 
 
2.3 Escrituras impressas 
Quando Johannes Gutemberg iniciou no ofício da tipografia na Alemanha, 
em meados do Século 15, o primeiro livro de grande porte produzido por sua 
prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas a mão passaram a 
competir com os mais belos manuscritos. 
Esta nova arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 
1500 – alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão; e em outras seis 
línguas até meados do século 16 – espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, 
húngaro, islandês, polonês e finlandês. Finalmente as Escrituras realmente 
podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam 
vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
12
grego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à 
Europa ocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes 
ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos. Uma pessoa de grande destaque 
durante este novo período de estudo e aprendizado foi Erasmo de Roterdã. Ele 
passou alguns anos atuando como professor na Universidade de Cambridge, 
Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com 
seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez, estudiosos 
da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, 
embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origem 
relativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis (SBB; 
2010; LIMA; ARCANJO; NASCIMENTO, 2011). 
 
2.4 Diferenças entre as edições bíblicas católica e protestante – a questão 
dos 7 livros 
Uma primeira diferença fácil de se perceber entre as edições católica e 
protestante está no número de livros. 
O Padre Paulo Ricardo (2012) explica que de fato, o Novo Testamento 
contém 27 livros tanto na Bíblia católica quanto na protestante: ele se inicia no 
Evangelho de Mateus e termina no Apocalipse. O número de livros do Antigo 
Testamento, porém, é destoante. 
O cânon (lista) católico contém 46 livros e o protestante, 39. Neste, estão 
ausentes os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou 
Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além disso, faltam alguns fragmentos dos 
livros de Ester e de Daniel. 
Por que faltam estes trechos sagrados na Bíblia dos protestantes? A 
Igreja Católica, além das Sagradas Escrituras e da Tradição, está embasada 
também no Magistério. Este garante que o Evangelho transmitido e a fé 
professada são os mesmos ensinados por Cristo ao longo do tempo. Inicialmente, 
ele foi formado por pessoas escolhidas pelo próprio Jesus, os Apóstolos, cujos 
sucessores são, hoje, os responsáveis por confirmarem os irmãos e garantirem a 
guarda do depósito da fé. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
13
No século XVI, os protestantes afastaram-se do Magistério, renegando-o. 
Sob a alegação de que a Igreja Católica havia se corrompido, empreenderam um 
grande esforço arqueológico para recuperar a chamada Igreja “primitiva”. Nesse 
movimento, descobriram que o povo judeu possuía uma lista diferente de livros 
sagrados, com 39 livros – ou seja, 7 livros a menos que o cânon católico. Daí para 
concluírem que a Igreja Católica acrescentou os outros livros foi questão de 
tempo. 
Os sete livros adicionais recebem o nome de deuterocanônicos. A palavra 
“deuteros” vem do grego δευτεροσ e significa “segundo”. Eles são assim 
chamados pois, apesar de já constarem no cânon no Concílio de Cartago, no 
século IV, só foram oficializados pelo Concílio de Trento, no século XVI. Em 
verdade, eles já se encontravam na versão grega da Bíblia, chamada 
Septuaginta, só não faziam parte do texto hebraico. A partir disto, no século XIX, 
os protestantes decidiram abolir definitivamente os sete livros de seu cânon. 
O Antigo Testamento foi compilado inicialmente em hebraico. O livro era 
formado por três partes: 
1. A Torá que continha os cinco primeiros livros, também chamados de 
pentateuco. 
2. O Neviim que continha os Profetas. 
3. O Kethuvim que continha os Escritos. A diferença entre a Tanakh 
(Bíblia hebraica) e o Antigo Testamento adotado pela Igreja Católica estava no 
livro que continha os “Escritos”.Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização desses 
livros. Primeiramente foram canonizados os livros da Torá, posteriormente os dos 
Profetas e, somente muito tempo depois, os dos Escritos. Na época de Jesus, o 
cânon da Bíblia judaica ainda não estava fechado. Portanto, os judeus, 
contemporâneos de Jesus, ainda debatiam sobre quais eram os livros sagrados. 
Por exemplo, os saduceus só criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam 
os Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois achavam que a inspiração 
dos Escritos ainda não estava concluída. 
Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: “ide pelo mundo e evangelizai”. 
Ora, o mundo daquela época falava o grego, que era o equivalente ao inglês de 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
14
hoje. Assim, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em grego. Mas como 
se dava isto, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos passaram a utilizar 
uma tradução da Bíblia do hebraico para o grego denominada Septuaginta, que 
havia sido elaborada em Alexandria antes de Cristo. 
Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é conhecida, estão 
contidos aqueles sete livros. Ora, qualquer biblista sério é capaz de perceber que 
em diversas citações do Antigo Testamento encontradas no Novo, a tradução 
utilizada é a da Septuaginta. Este era o livro utilizado pelos Apóstolos e foi este, 
portanto, que a Igreja Católica adotou. 
É verdade que houve um conflito entre os cristãos e os judeus, pois estes 
perceberam que os Apóstolos estavam pregando o Evangelho de forma diferente 
e, por isso, expulsaram-nos das sinagogas. Esse fato também motivou os judeus 
a fecharem o cânon dos livros sagrados: eles decidiram pela exclusão definitiva 
daqueles sete livros que constavam na Septuaginta. 
Isto, porém, só aconteceu no final do século I, ou seja, um século após a 
vinda de Jesus. Dessa forma, os protestantes, ao aceitarem o cânon da bíblia 
judaica, estão desprezando a autoridade dada pelo próprio Jesus aos apóstolos e 
aceitando a definição dos rabinos judeus mesmo depois de Cristo. 
Muito se poderia argumentar ainda nesse sentido, contudo, para os 
católicos basta saber que quem define o cânon das Escrituras é a Igreja. É 
importante lembrar também que foi esta mesma Igreja quem definiu os outros 27 
livros do Novo Testamento, sobre os quais não há discussão. Portanto, uma 
pergunta que não pode deixar de ser feita é: por que os protestantes aceitam a 
autoridade da Igreja Católica que definiu os 27 livros do Novo Testamento e não 
aceitam a autoridade dessa mesma Igreja quanto aos 46 livros do Antigo 
Testamento? 
Até o terceiro século o cânon do Novo Testamento não estava ainda 
definido. Isso é histórico. Havia muitas listas, muitas discussões acerca de quais 
livros deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras. Não há argumento que 
justifique a postura arbitrária dos protestantes de aderir aos judeus em detrimento 
da fé da Igreja (AZEVEDO JUNIOR, 2012). 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
15
UNIDADE 3 – A COMUNICAÇÃO DE DEUS 
 
A Bíblia é realmente fonte de revelação e inspiração e a despeito de 
ataques e questionamentos que sofre por parte de alguns, ela resiste ao longo 
dos séculos, transformando vidas e lançando desafios aos menos crédulos. 
E como diz o Pastor Stencel (2008), para todo aquele que almeja 
compreender o modo pelo qual Deus se comunica conosco, é de vital importância 
examinar os conceitos de revelação, inspiração e iluminação profética. A maneira 
de entendermos este processo irá influenciar nossa concepção quanto à pessoa 
de Deus, a maneira de nos relacionarmos com Ele e a forma de manifestarmos e 
praticarmos nossa fé. 
Então vejamos esses conceitos tomando por base ensinamentos de 
Geisler (1990), Ryrie (2004), Berkhof (1990, 2008) e outros estudiosos a começar 
pela autoridade de Deus. 
 
3.1 Autoridade 
A autoridade é o princípio fundamental no estudo da teologia. Presume-se 
que todos os que atuam dentro do conceito mais amplo de teologia “cristã” 
reconhecem a autoridade de Deus como norma suprema para a verdade. No 
entanto, a maneira como a autoridade de Deus é entendida e expressa varia 
consideravelmente no meio “cristão”. 
Vejamos a autoridade na Teologia Conservadora, a qual é objetiva e 
externa ao homem. 
No catolicismo romano, a autoridade final recai sobre a própria Igreja. 
Para estabelecer a verdade, a Bíblia deve ser usada, mas precisa ser interpretada 
pela Igreja. Além disso, as tradições da Igreja são, juntamente com a Bíblia, fonte 
da revelação divina. Os concílios ecumênicos e os papas, de tempos em tempos, 
fazem pronunciamentos considerados infalíveis e, portanto, deixando aos 
membros da igreja a obrigação de cumpri-los. 
A Igreja Ortodoxa é similar, pois também coloca sua autoridade na 
tradição, na própria Igreja e, também, na Bíblia. Apesar de os evangélicos 
rejeitarem a tradição como fonte de autoridade, deveriam reconhecer que a 
autoridade do catolicismo não recai sobre homem, como ensina o Liberalismo. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
16
Se pensarmos no protestantismo, que é conservador, muitas vezes 
chegam a negar que a Bíblia é sua única base de autoridade. 
Segundo Ryrie (2004), na prática, algumas tradições e denominações dão 
a seus credos uma autoridade equiparada à da Bíblia. Os credos podem fornecer 
declarações úteis a respeito da verdade, mas jamais podem ser juízes 
autorizados da verdade. As declarações dos credos sempre devem ser 
consideradas falíveis, com possibilidade de precisar de revisão periódica e 
constantemente submissas à autoridade bíblica. 
Igualmente, na prática, alguns grupos atribuem à tradição e a seus ritos 
autoridade equiparada à da Bíblia. A Igreja recebeu um mandamento divino para 
estabelecer diretrizes a seus membros (Hb 13:7-17), mas também são falíveis, 
precisam de revisão periódica e sempre devem estar submissas à autoridade 
bíblica. 
Também na prática, alguns conservadores fazem da experiência religiosa 
sua autoridade. As experiências sadias são fruto da fidelidade à autoridade 
bíblica, mas todas as experiências devem ser guiadas, governadas e controladas 
pela Bíblia. Tornar uma experiência normativa e fonte de autoridade é cometer o 
mesmo erro do liberalismo, substituindo um critério objetivo pelo existencialismo 
subjetivo. 
Berkhof (2008) também afirma e prova que a soberania de Deus recebe 
forte ênfase na Escritura. Ele é apresentado como o Criador, e Sua vontade como 
a causa de todas as coisas. Em virtude de Sua obra criadora, o céu, a terra e tudo 
o que eles contêm Lhe pertencem. Ele está revestido de autoridade absoluta 
sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra. Ele sustenta todas as 
coisas com a Sua onipotência, e determina os fins que elas estão destinadas a 
cumprir. Ele governa como Rei no sentido mais absoluto da palavra, e todas as 
coisas dependem dele e Lhe são subservientes. As provas bíblicas da soberaniade Deus são abundantes, mas aqui o autor se limita a referir apenas algumas das 
passagens mais significativas: Gn 14.19; Ex 18.11; Dt 10.14, 17; 1 Cr 29.11, 12; 2 
Cr 20.6; Ne 9.6; Sl 22.28; 47.2, 3, 7, 8; Sl 50.10-12; 95.3-5; 115.3; 135.5, 6; 
145.11-13; Jr 27.5; Lc 1.53; At 17.24-26; Ap 19.6. 
 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
17
3.2 Revelação 
Historicamente, as duas maneiras por meio das quais Deus tomou a 
iniciativa de revelar a si mesmo foram chamadas de “revelação geral” e de 
“revelação especial”. A revelação geral inclui tudo o que Deus revelou no mundo à 
nossa volta, inclusive o homem, ao passo que a revelação especial inclui as 
várias maneiras que ele usou para comunicar sua mensagem, compilada na 
Bíblia. 
A revelação geral algumas vezes é chamada de “teologia natural” e a 
revelação especial é chamada de “teologia revelada”. Mas, claro, o que é 
revelado pela natureza também foi revelado na teologia. Alguns autores usam o 
termo “pré-queda” para designar a revelação geral e “pós-queda” ou “sotérica” 
para a revelação especial. Contudo, tanto a revelação geral quanto a especial 
provêm de Deus e são a respeito de Deus (RYRIE, 2004). 
Enquanto a revelação geral apresenta evidências da existência de Deus, 
a revelação especial, por outro lado, geralmente pressupõe a existência de Deus. 
A revelação envolve a ação divina que comunica a verdade (o conhecimento da 
parte de Deus). 
 
Compreendemos por revelação o ato divino pelo qual Deus Se descobre 
a Si mesmo, Se desvenda e Se comunica com o profeta, dando-lhe o 
conhecimento de Deus e da Sua vontade que ele, o profeta, não poderia 
ter conseguido por si mesmo e nem de qualquer outra maneira 
(DEDEREN, 1979). 
 
Esse conhecimento expressa a vontade de Deus sobre certos aspectos 
que Ele almeja tornar conhecidos aos Seus filhos (STENCEL, 2008). 
A revelação geral é exatamente o que indica: geral. Ela é geral em sua 
abrangência; ou seja, afeta todas as pessoas (Mt 5:45; At 14:17). É geral no 
aspecto geográfico; ou seja, encobre todo o planeta (SI 19:2). Ela é geral em sua 
metodologia; ou seja, utiliza meios universais, como o calor do Sol (vv. 4-6), e a 
consciência humana (Rm 2:14,15). Assim, essa revelação afetaria todas as 
pessoas, independentemente de onde estejam e/ou da época em que tenham 
vivido. Pode trazer luz e verdade a todos, mas, se rejeitada, trará condenação. 
A revelação especial necessariamente não é dada a todas as pessoas. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
18
Como formas de se dar a revelação especial teríamos as sortes, os 
sonhos, as visões, as teofanias, os anjos, os profetas, os eventos, o próprio Jesus 
Cristo e a bíblia. 
Na verdade, a Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos 
de revelação especial, pois engloba o registro de muitos aspectos dessa 
revelação. Embora Deus, indiscutivelmente, tenha dado outras visões, sonhos e 
mensagens proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito 
delas. Além disso, tudo o que sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na 
Bíblia, mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse tenha sido 
registrado nas Escrituras (Jo 21:25). Mas a Bíblia não é simplesmente o registro 
dessas outras revelações de Deus; também contém verdades adicionais não 
reveladas. Por exemplo, por meio dos profetas, ou mesmo durante a vida terrena 
de Cristo. Portanto, a Bíblia é, ao mesmo tempo, registro de aspectos da 
revelação especial e a própria revelação. 
A revelação, na Bíblia, não é somente inclusiva, ainda que parcial; é 
também verdadeira (Jo 17:17), progressiva (Hb 1:1) e possui um propósito (2Tm 
3:15-17) (RYRIE, 2004). 
 
3.3 Inspiração 
Embora aqueles que defendem diferentes pontos de vista teológicos 
estejam dispostos a dizer que a Bíblia é inspirada, não existe uma uniformidade 
no tocante ao significado de inspiração. Alguns se concentram na ação dos 
autores; outros olham somente para os escritos, enquanto um terceiro grupo 
enfoca os leitores. Alguns relacionam isso à mensagem geral da Bíblia, outros, 
aos pensamentos, e também há quem o ligue às palavras. Há os que incluem a 
inerrância, ainda que muitos outros não o façam. 
Essas diferenças fazem com que seja necessário precisão ao declarar a 
doutrina bíblica. Até poucos anos atrás, tudo o que se precisava dizer para 
expressar convicção de que a Bíblia é plenamente inspirada era: “Acredito que a 
Bíblia é a Palavra de Deus”. Para contrariar o ensino de que nem todas as partes 
da Bíblia eram inspiradas, era preciso dizer: “Acredito que a Bíblia é a Palavra 
verbalmente inspirada por Deus”. Posteriormente, porque algumas pessoas não 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
19
queriam reconhecer a inspiração total da Bíblia, era necessário dizer: “Acredito 
que a Bíblia é Palavra de Deus infalível, inerrante, verbal e plenamente inspirada”. 
Mas, então, os termos “infalível” e “inerrante” começaram a ser limitados apenas a 
questões de fé, em vez de englobar também os registros bíblicos (inclusive os 
fatos históricos, genealogias, relatos da criação, entre outros), por isso tornou-se 
necessário acrescentar o conceito de “inerrância ilimitada”. Toda adição às 
declarações básicas surgiu por causa de um ensino errôneo (RYRIE, 2004, p. 75). 
Segundo Stencel (2008), a inspiração refere-se ao processo pelo qual 
Deus capacita alguém a ser Seu porta-voz (mensageiro). Ao receber a revelação 
divina, o profeta é dotado por Deus para comunicar a mensagem de forma fiel e 
verdadeira. O apóstolo Pedro atesta: “Porque nunca, jamais qualquer profecia foi 
dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, 
movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). 
Uma definição correta deve, claro, ser estabelecida com base nos dados 
das Escrituras sobre a questão. Uma definição simples seria esta: Deus orientou 
homens para que escrevessem sua mensagem na Bíblia. 
Uma definição mais complexa seria: Deus supervisionou os autores 
humanos da Bíblia para que compusessem e registrassem, sem erros, sua 
mensagem à humanidade utilizando as palavras de seus escritos originais. 
Ryrie (2004) pondera que devemos observar cuidadosamente algumas 
das palavras-chave dessa definição. 
a) O verbo “supervisionar” indica os diversos tipos de relacionamento que 
Deus tinha com os autores e a variedade de material. Sua supervisão, algumas 
vezes, foi bastante direta, outras menos, mas sempre incluiu a preservação dos 
autores para que escrevessem com precisão. 
b) O verbo “compor” demonstra que os autores não foram instrumentos 
passivos para quem ele ditou o material; eram escritores ativos. 
c) “Sem erros” expressa a alegação da própria Bíblia de que é a verdade 
(Jo 17:17). 
d) Inspiração é um predicado exclusivo dos escritos originais, não de 
cópias ou de traduções, por mais precisas que elas sejam. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais.Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
20
Certo é que Deus inspirou a escrita da Bíblia; os homens a escreveram e 
nós a possuímos (RYRIE, 2004, p. 80). 
Rodriguez (2005 apud SPENCEL, 2008) destaca três teorias de 
inspiração que têm sido defendidas pelos estudiosos das Escrituras Sagradas na 
atualidade. 
a) Inspiração verbal: a ênfase está nas palavras e não no autor. 
Compreende que o processo de comunicação do conteúdo da mensagem é de 
responsabilidade exclusiva de Deus, ou seja, não há participação humana. Todas 
as palavras e detalhes são pré-selecionados por Deus e a única função do profeta 
é usar a sua pena (caneta) e escrever. A partir desta ideia é que surgiu a 
expressão “a pena inspirada”. É notório lembrar que o profeta é o porta-voz de 
Deus, não a Sua forma de expressar. 
b) Inspiração do pensamento: ao contrário da inspiração verbal, a ênfase 
aqui está no autor e não nas palavras. A inspiração atinge a mente do autor, e o 
Espírito Santo assegura que a mensagem seja corretamente comunicada. Esse 
modelo entende que não é a pena (caneta) do profeta que é inspirada, mas sim, 
seu pensamento. 
c) Inspiração mecânica/ditado: o Espírito Santo dita cada palavra para o 
profeta sem considerar sua formação sociocultural e educacional. 
Como exemplo de Igreja que adota a inspiração do pensamento como a 
teoria padrão para explicar o processo de comunicação entre Deus e o homem, 
temos a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujo modelo compreende a união 
harmônica do divino com o humano, ou seja, a mente e a vontade divina são 
combinadas com a mente e a vontade humana. Tal fenômeno representa uma 
ação sobrenatural. Ao formular ou escolher palavras e expressões para 
representar os pensamentos recebidos de Deus, o profeta exercita o intelecto e a 
escolha humana em cooperação com a mente e a vontade divina (STENCEL, 
2008). 
 
3.4 Iluminação 
Segundo Stencel (2008), a iluminação é o poder do Espírito Santo que 
tem por objetivo auxiliar os seres humanos a compreender o conteúdo da 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
21
revelação divina. O mesmo Espírito que fala por meio dos profetas fala àqueles 
que ouvem ou leem a mensagem do profeta. Dessa forma, o divino Espírito 
habilita o cristão a entender e aplicar a mensagem à sua experiência. Enquanto 
os processos de revelação e inspiração envolvem a atuação dos autores, a 
iluminação envolve o leitor. 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
22
UNIDADE 4 – CRISTOLOGIA E MARIOLOGIA 
 
4.1 O estudo sobre Jesus Cristo 
Etimologicamente “Cristologia” vem do grego Christós = Cristo e logia = 
estudo, doutrina, ou seja, é a parte da Teologia que estuda a pessoa e a obra de 
Jesus Cristo. 
Podemos distinguir duas partes na Cristologia: a que estuda a Pessoa de 
Cristo e a que estuda a obra salvífica de Cristo (MORAES, 2015). 
Segundo Berkhof (2008), há uma relação muito estreita entre a doutrina 
do homem e a de Cristo. A primeira trata do homem, criado à imagem de Deus e 
dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária 
transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se 
transformou em pecador. Ela mostra o homem como uma criatura de Deus 
altamente privilegiada, trazendo ainda alguns traços da sua glória original, mas, 
todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira 
liberdade e justiça originais. Significa que a doutrina dirige a atenção não apenas, 
nem primeiramente, à condição do homem como criatura, mas, sim, à sua 
pecaminosidade. Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, 
distância resultante da queda do homem e que, nem o homem nem os anjos 
podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A 
cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva 
de Deus em Cristo construindo uma ponte sobre o abismo e eliminando a 
distância. 
A doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras 
entre Deus e o homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para 
restabelecer o homem em Sua bendita comunhão. A antropologia (que será 
tratada em outro momento do curso) já dirige a atenção à provisão da graça de 
Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida de 
bem-aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Cristo e 
por meio de Cristo. E, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança 
deve vir necessariamente em seguida. Cristo, tipificado e prenunciado no Velho 
Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, para 
tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
23
Outra estreita relação há entre Cristologia (como doutrina acerca da 
Pessoa de Cristo) e a Soteriologia (como doutrina acerca da redenção). 
A metodologia cristológica pode ser “ascendente e descendente”. 
Cristologia ascendente (ou seja de “baixo para cima”), aquela que parte do 
aspecto humano de Jesus. 
Segundo Moraes (2015), o ponto de partida da reflexão é o ser humano 
histórico Jesus, que aos pouco se vai revelando como Deus. Alguns textos podem 
servir de base à Cristologia ascendente (ou “de baixo para cima”); por exemplo, Fl 
2, 6-11, Cristologia descendente (“de cima para baixo”) é aquela que parte da 
Divindade de Jesus, a segunda Pessoa da SS. Trindade. O ponto de partida da 
reflexão é o Filho eterno de Deus, na Trindade e a sua encarnação. Jo 1,1.14, 
fundamenta a Cristologia descendente. Ambas têm apoio no Novo Testamento. 
Nenhuma das duas pode ser considerada isoladamente. As duas 
abordagens “alta, descendente” e “baixa, ascendente” se encontram, se 
completam como duas fases do processo de entendimento de Cristo. A 
complementaridade entre as duas precisa sempre ser mantida. É necessário fazer 
a síntese das duas modalidades de Cristologia e nenhuma das duas pode ser 
cultivada parcialmente, de modo exclusivista. Ambas se juntam, vêm ao encontro 
uma da outra. Deve-se evidenciar a complementaridade das duas abordagens 
para uma adequada metodologia cristológica. 
 
4.2 Mariologia – a mãe de Jesus 
Em 1988, Documentos da Congregação para a Educação Católica, 
voltaram-se para estudos sobre a Virgem Maria na formação intelectual e 
espiritual propondo/afirmando que a história do dogma e da teologia testemunham 
a fé e a atenção incessante da Igreja em relação à Virgem Maria e à sua missão 
na história da salvação. Tal atenção, manifesta-se já em alguns escritos do novo 
testamento e em não poucas páginas dos autores da idade subapostólica. Os 
primeiros símbolos da fé e, sucessivamente, as fórmulas dogmáticas dos 
Concílios de Constantinopla (a. 381), de Éfeso (a. 431) e de Calcedónia(a. 451) 
testemunham o progressivo aprofundamento do mistério de Cristo, verdadeiro 
Deus e verdadeiro homem, e paralelamente a progressiva descoberta do papel de 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
24
Maria no mistério da Encarnação; uma descoberta que conduziu à definição 
dogmática da maternidade divina e virginal de Maria. 
A atenção da Igreja em relação à Maria de Nazaré continuou em todos os 
séculos, com muitas declarações. Recordamos apenas as mais recentes, sem 
com isto querer minimizar o florescimento que a reflexão mariológica conheceu 
noutras épocas históricas. 
A importância do capítulo VIII da Lumen gentium consiste no valor da sua 
síntese doutrinal e na impostação do tratado da doutrina referente à bem-
aventurada Virgem, enquadrada no âmbito do mistério de Cristo e da Igreja. 
Desde modo o Concílio: 
• vinculou-se à tradição patrística, que privilegia a história de salvação como 
contexto próprio de todos os tratados teológicos; 
• pôs em evidência que a Mãe do Senhor não é figura marginal no âmbito da 
fé e no panorama da teologia pois ela, mediante a sua íntima participação 
na história da salvação, reúne em si em certa maneira e reflete os dados 
máximos da fé; 
• compendiou numa visão unitária diferentes posições sobre o modo de 
tratar o tema mariológico. 
Segundo a doutrina do Concílio, a própria relação de Maria com Deus Pai 
é determinada na perspectiva de Cristo. Com efeito Deus, “quando veio a 
plenitude dos tempos, mandou o seu Filho nascido duma mulher ... para que 
recebêssemos a adoção de filhos” (Gal. 4, 4-5). Maria, portanto, que por condição 
era a “Serva do Senhor” (cf. Lc. 1, 38.48), tendo acolhido “no coração e no corpo 
o Verbo de Deus e levado a Vida ao mundo, torna-se por graça Mãe de Deus”. 
Em vista desta singular missão, Deus Pai preservou-a do pecado original, 
encheu-a da abundância dos dons celestes e, nos seus sapientes desígnios, “quis 
... que a aceitação da mãe predestinada precedesse a Encarnação”. 
O Concílio, ilustrando a participação da Virgem na história da salvação, 
expôs sobretudo as relações múltiplas que existem entre Maria e Cristo. Vejamos 
algumas delas: 
• como fruto mais excelente da redenção, tendo sido redimida dum modo tão 
sublime em vista dos méritos de seu Filho; por isso, os Padres da Igreja, a 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
25
Liturgia e o Magistério não hesitaram em chamar a Virgem filha do seu 
Filho na ordem da graça; 
• de mãe que, acolhendo com fé o anúncio do Anjo, concebeu no seu seio 
virginal, pela ação do Espírito e sem intervenção de homem, o Filho de 
Deus segundo a natureza humana; deu à luz, alimentou-o, guardou-o e 
educou-o; 
• de serva fiel, que se consagrou totalmente a si mesma ... à pessoa e à 
obra do seu Filho, subordinada a Ele e com Ele; 
• de associada ao Redentor – com o conceber Cristo, gerá-Lo, nutri-Lo, 
apresentá-Lo ao Pai no templo, sofrer com o seu Filho morrendo na cruz, 
ela colaborou dum modo muito especial na obra do Salvador, com a 
obediência, a fé, a esperança e a caridade ardente; 
• de discípula que, durante a pregação de Cristo, recolheu as palavras, com 
as quais o Filho, exaltando o Reino acima das relações e dos vínculos da 
carne e do sangue, proclamou bem-aventurados os que ouvem e guardam 
a palavra de Deus (cf. Mc. 3, 35; Lc. 11, 27-28), como ela fielmente fazia 
(cf. Lc. 2, 19 e 51). 
Na perspectiva da Igreja, a Maria de Nazaré também guarda sua 
importância, em vista de Cristo e desde toda a eternidade Deus quis e 
predestinou a Virgem. 
Ela é, portanto: 
• reconhecida como membro supereminente e singularíssimo da Igreja por 
causa dos dons da graça de que é adornada e pelo lugar que ocupa no 
Corpo Místico; 
• é mãe da Igreja, pois que ela é Mãe d’Aquele, que, desde o primeiro 
instante da encarnação no seu seio virginal, uniu a si como Cabeça o seu 
Corpo Místico que é a Igreja; 
• pela sua condição de virgem, esposa e mãe é figura da Igreja, a qual é 
também virgem pela integridade da fé, esposa pela sua união com Cristo, 
mãe pela geração de inumeráveis filhos; 
• pelas suas virtudes é modelo da Igreja, que nela se inspira no exercício da 
fé, da esperança, da caridade e na atividade apostólica. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
26
O estudo da Mariologia tende, como sua meta última, à aquisição duma 
sólida espiritualidade mariana, aspecto essencial da espiritualidade cristã. No seu 
caminho para a obtenção da plena maturidade de Cristo (cf. Ef. 4, 13), o discípulo 
do Senhor, consciente da missão que Deus confiou à Virgem na história da 
salvação e na vida da Igreja, assume-a como “mãe e mestra de vida 
espiritual”: com ela e como ela, à luz da Encarnação e da Páscoa, imprima à 
própria existência uma orientação decisiva para Deus por Cristo no Espírito, para 
viver na Igreja a proposta radical da Boa Nova e, em particular, o mandamento do 
amor (cf. Jo. 15, 12). 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
27
UNIDADE 5 – HAMARTIOLOGIA – O ESTUDO DO 
PECADO 
 
Hamartiologia por definição é o estudo do pecado, visto que 
etimologicamente encontramos no Velho Testamento as seguintes palavras com 
sentido de pecado: 
• hatah – significa basicamente errar, tornar-se culpado; 
• heth – erro, malogro; 
• awon – iniquidade; 
• pesha – transgressão, infração. 
Nos profetas do Antigo Testamento, o pecado é muito mais que uma 
violação de regras, mas significa o rompimento de um relacionamento pessoal 
com Deus. Isso pode ser observado em Is.59.2: “Mas as vossas iniquidades 
fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu 
rosto de vós, para que vos não ouça”. 
Assim, no Velho Testamento é claro que pecado é visto como uma 
transgressão direta à Lei de Deus, evidenciado por um erro moral que torna 
culpado diante de Deus (BERTI, 2009). 
No Novo Testamento, Berti ressalta as seguintes palavras: 
• hamartano: não acertar o alvo, atingir alvo errado; 
• hamartia: transgressão, pecado. Normalmente visto como atos específicos; 
Especialmente na literatura paulina, o pecado é observado como uma 
força em si, que opera no homem e o mantém cativo. Por vezes, o pecado é 
personificado, como em Rm.7.20: “Mas, se eu faço o que não quero, já não sou 
eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim”. 
Segue-se que no Novo Testamento podemos perceber que o pecado é 
não acertar o alvo correto. Ou seja, não é um ato passivo, mas uma intenção 
determinada em não se conformar com a Lei preestabelecida. Assim, após 
observar o uso das palavras, uma definição de pecado pode ser assim esboçada: 
Tudo aquilo que não redunda em, ou contribui para, a Glória deDeus. É um mal 
orientado contra Deus, que envolve ato, natureza e culpa (cf. 1Jo.3.4). 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
28
Ryrie (2004) também comenta que o conceito bíblico de pecado vem de 
um estudo das palavras usadas nos dois Testamentos para falar do pecado. Os 
termos são numerosos quando comparados com as palavras usadas para “graça” 
na Bíblia. Somente três palavras são necessárias para expressar graça (chen e 
chesed no AT e charis no NT). Em contraste, existem pelo menos oito palavras 
básicas para falar de pecado no Antigo Testamento e uma dúzia no Novo. Juntas, 
apresentam os conceitos básicos envolvidos nessa doutrina. 
Berkhof (2008) pondera que o problema do mal que há no mundo sempre 
foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da teologia. É um 
problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do 
mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as 
manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os 
homens. 
Os filósofos foram constrangidos a encarar o problema e a procurar uma 
resposta quanto à origem de todo mal, e particularmente do mal moral, que há no 
mundo. A alguns, pareceu uma parte de tal modo integrante da vida, que 
buscaram a solução na constituição natural das coisas. Outros, porém, estão 
convictos que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre 
escolha do homem, quer na existência atual quer numa existência anterior. Estes 
acham-se bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus. 
 
5.1 Origens 
Na Escritura, o mal moral existente no mundo transparece claramente 
como pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus. Nela o homem sempre 
aparece como transgressor por natureza, e surge naturalmente a questão: Como 
adquiriu ele essa natureza? O que revela a Bíblia sobre esse ponto? 
Berkhof tenta nos responder. Vejamos: 
a) Não se pode considerar Deus como o seu autor. O decreto eterno de 
Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se 
pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de 
ser Ele o seu autor responsável. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
29
Essa ideia é claramente excluída pela Escritura. “Longe de Deus o 
praticar ele, a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça”, Jó 34.10. 
Ele é o santo Deus, Is 6.3, e absolutamente não há falta de retidão nele, Dt 32.4; 
Sl 92.16. Ele não pode ser tentado pelo mal, e Ele próprio não tenta a ninguém, 
Tg 1.13. Quando criou o homem, criou-o bom e à Sua imagem. Ele positivamente 
odeia o pecado, Dt 25.16; Sl 5.4; 11.5; Zc 8.17; Lc 16.15, e em Cristo fez provisão 
para libertar do pecado o homem. À luz disso tudo, seria blasfemo falar de Deus 
como o autor do pecado. E por essa razão, todos os conceitos deterministas que 
representam o pecado como uma necessidade inerente à própria natureza das 
coisas devem ser rejeitados. Por implicação, eles fazem de Deus o autor do 
pecado e são contrários, não somente à Escritura, mas também à voz da 
consciência, que atesta a responsabilidade do homem. 
b) O pecado originou-se no mundo angélico. A Bíblia nos ensina que, na 
tentativa de investigar a origem do pecado, devemos retornar à queda do homem, 
na descrição de Gn 3 e fixar atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. 
Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram 
das mãos do seu Criador, Gn 1.31. Mas ocorreu uma queda no mundo angélico, 
queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus. A ocasião exata dessa 
queda não é indicada, mas em Jó 8.44 Jesus fala do diabo como assassino desde 
o princípio (kat’arches), e em 1 Jo 3.8 diz João que o diabo peca desde o 
princípio. A opinião é a de que a expressão kai’arches significa desde o começo 
da história do homem. Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda 
dos anjos. 
Da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado 
bispo, “para não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do 
diabo”, 1 Tm 3.6, podemos concluir que, com toda a probabilidade, foi o pecado 
do orgulho, de desejar ser como Deus em poder e autoridade. E esta ideia parece 
achar corroboração em Jd 6, no qual se diz que os que caíram “não guardaram o 
seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio”. Não estavam 
contentes com a sua parte, com o governo e poder que lhes fora confiado. Se o 
desejo de serem semelhantes a Deus foi a tentação peculiar que sofreram, isto 
explica por que tentaram o homem nesse ponto particular. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
30
c) A origem do pecado na raça humana. Com respeito à origem do 
pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início com a 
transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente 
voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a 
sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se 
semelhante a Deus. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, 
comendo do fruto proibido. Mas a coisa não parou aí, pois com esse primeiro 
pecado, Adão passou a ser escravo do pecado. Esse pecado trouxe consigo 
corrupção permanente, corrupção que, dada a solidariedade da raça humana, 
teria efeito, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus 
descendentes. 
Como resultado da Queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza 
depravada aos pósteros. Dessa fonte não santa o pecado flui numa corrente 
impura passando para todas as gerações de homens, corrompendo tudo e todos 
com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão 
pertinente a pergunta de Jó, “Quem da imundícia poderá tirar cousa pura? 
Ninguém”, Jó 14.4. Mas ainda isso não é tudo. Adão pecou não somente como o 
pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus 
descendentes; e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo 
que todos são passíveis de punição e morte. 
É primariamente nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de 
todos. É o que Paulo ensina em Rm 5.12: “Portanto, assim como por um só 
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a 
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. As últimas palavras só 
podem significar que pecaram em Adão, e isso de modo que se tornaram sujeitos 
ao castigo e à morte. Não se trata do pecado considerado meramente como 
corrupção, mas como culpa que leva consigo o castigo. Deus adjudica a todos os 
homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como adjudica 
a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer 
dizer, quando afirma: “pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre 
todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a 
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela 
 
Todos os direitosreservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
31
desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também 
por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos”, Rm 5.18,19. 
 
5.2 Consequências 
Dentre as consequências do Pecado, Ryrie (2004), cita: 
a) Afeta nosso destino: 
O pecado faz as pessoas se perderem (Mt 18:11; Lc 15:4,8,24). Se não 
for perdoado, fará com que pereçam (Jo 3:16). Ele leva as pessoas ao julgamento 
(Lc 12:20). 
B. Afeta nossa vontade: 
O Senhor deixou claro que os fariseus eram escravos dos desejos do 
diabo (Jo 8:44). Quando anunciou sua missão na sinagoga em Nazaré, Jesus 
explicou que havia vindo para libertar os cativos (Lc 4:18). Aparentemente, essa é 
uma referência aos que estavam cativos espiritualmente, pois o Senhor não 
libertou os que estavam literalmente nas prisões. (Poderia ter feito isso com João 
Batista.) 
C. Afeta nosso corpo: 
Claro que nem toda doença é resultado de pecado (Jo 9:3), mas algumas 
evidentemente o são. O Senhor indica isso no caso do homem curado no tanque 
de Betesda (Jo 5:14). Veja também Mateus 8:17. 
D. Afeta os outros: 
Os pecados dos escribas afetavam as viúvas e outros que seguiam suas 
tradições (Lc 20:46,47). Fica claro que o pecado do filho pródigo afetou seu pai 
(Lc 15:20). Além disso, todos os pecados que o Senhor mencionou no sermão do 
monte têm efeito sobre os outros. Ninguém pode pecar totalmente isolado. 
 
Guarde... 
Pecado é a falta de conformidade com a lei de Deus, em estado, 
disposição ou conduta. 
Para indicar isso, a Bíblia usa vários termos, tais como: 
a) Pecado (Sl 51.2; Rm 6.2). 
b) Desobediência (Hb 2.2). 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
32
c) Transgressão (Sl 51.1; Hb 2.2). 
d) Iniquidade (Sl 51.2; Mt 7.23). 
e) Mal, maldade, malignidade (Pv 17.11; Rm 1.29). 
f) Perversidade (Pv 6.14; At 3.26). 
g) Rebelião, rebeldia (1Sm 15.23; Jr 14.7). 
h) Engano (Sf 1.9; 2;Is 2.10). 
i) Injustiça (Jr 22.13; Rm 1.18). 
j) Erro, falta (Sl 19.12; Rm 1.27); 
k) Impiedade (Pv 8.7; Rm 1.18); 
l) Concupiscência (Is 57.5; 1Jo 2.16); 
m) Depravidade, depravação (Ez 16.27,43,58). 
O diabo quer que pequemos, afirmando que não estamos crescendo na 
presença de Deus ou estamos falhando. Verdadeiro crescimento contra o pecado 
é cooperar como Espírito Santo batalhando. 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
33
UNIDADE 6 – SOTERIOLOGIA – O ESTUDO DA 
SALVAÇÃO 
 
Soteriologia é a união entre dois termos gregos “Soteria” que significa 
Salvação e “Logia” que significa Estudo. Portanto, Soteriologia é o Estudo da 
Salvação. 
Como afirma Xavier (2010), é fundamental que tenhamos convicção da 
nossa salvação. A Bíblia garante que podemos ter convicção da vida eterna. Sem 
esta convicção é impossível viver a vida cristã. Ao fazer o estudo, é possível e 
bom examinar como está a sua convicção à luz da Palavra de Deus. 
Há diversas ideias a respeito da salvação. Vamos mencionar algumas das 
mais importantes e apontar a que está mais de acordo com a ideia apresentada 
por Jesus Cristo. 
A Salvação e o Passado: 
Atos 17:30 - mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, 
manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam. 
Suponhamos que uma pessoa que não saiba nadar esteja prestes a afogar-se; 
mas, felizmente alguém o salva. A salvação nada tem a ver com o passado da 
pessoa salva. 
A Salvação e o Futuro: 
Imaginemos agora, um condenado a morte, porém perdoado por alguém 
cheio de bondade e amor. Este perdão garante ao condenado o livramento do 
castigo merecido. Esta salvação visou o livramento do castigo futuro (XAVIER, 
2010). 
A Salvação de Jesus: 
Lc. 9:24 - porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; porém 
qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Suponhamos que 
temos um único grão de arroz no mundo em nossas mãos. Para salvar esta 
semente o que temos que fazer? A melhor maneira de salvá-lo é plantando-o, 
pois se colhera centenas deles. 
A verdadeira ideia da salvação é aquela que contempla mais aquilo para 
o que somos salvos do que aquilo de que fomos salvos. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
34
A salvação ensinada por Jesus acentua mais o céu com toda a sua glória 
do que o inferno com todo o seu horror. Não somos salvos para escaparmos da 
morte, mas para gozarmos a vida eterna (XAVIER, 2010). 
As Escrituras nos mostram que o pecado pode ser dividido em duas 
classes, a saber: 
• pecado por comissão – é um ato que não atende uma condição imposta, 
em outras palavras, é fazer o que Deus proíbe; 
• pecado por omissão – ato ou efeito de omitir, deixar de fazer, ou seja, é 
deixar de fazer o que Deus manda. 
 
Vale guardar... 
O fato de estudarmos a salvação presume que ela existe (João 3:19). Se 
ela existe há uma necessidade que faz ela existir. Por ter uma doutrina da 
salvação é presumida a existência de iniquidade, que é a quebra de uma lei (I 
João 3:4; 5:17, “o pecado é iniquidade.”), e a existência de um que deu a lei, 
quem é Deus (João 15:22,24, “Se Eu não viera, nem lhes houvera falado, não 
teriam pecado...”). Tudo o que é pecado e tudo que o pecado causa é desfeito 
pela salvação. 
A salvação é uma libertação. A salvação é libertação da culpa e 
impiedade do pecado juntamente das suas consequências eternas de rebelão 
contra o governo do Deus Todo-Poderoso. Sem a libertação que a salvação 
efetua, o pecador seria excluído eternamente da presença de Deus e para 
sempre exposto à Sua ira (João 3:36). 
O importante é entendemos que a salvação é necessária e é uma 
libertação aos olhos cristãos. 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
35
UNIDADE 7 – O ESTUDO DOS ANJOS E DOS DEMÔNIOS 
 
7.1 Os anjos 
Os anjos são Personalidade, o que significa “ter existência pessoal”. 
Queremos dizer com isso que os anjos possuem uma existência pessoal e a 
qualidade ou estado de ser pessoas. Normalmente, considera-se que as facetas 
essenciais à personalidade envolvem inteligência, emoções e vontade (RYRIE, 
2004). 
Os anjos, portanto, qualificam-se como personalidades porque possuem 
esses aspectos de inteligência, emoções e vontade própria. Isso vale tanto para 
os anjos bons quanto para os maus. Tanto os anjos bons quanto Satanás e os 
demônios possuem inteligência (Mt 8:29; 2 Co 11:3; 1 Pe 1:12). Além disso, os 
anjos bons, Satanás

Continue navegando