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1 SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 2 UNIDADE 2 – BIBLIOLOGIA/TEOLOGIA BÍBLICA ............................................. 4 2.1 BREVE HISTÓRIA E DIVISÃO DA BÍBLIA ............................................................... 6 2.2 AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA ............................................................................... 9 2.3 ESCRITURAS IMPRESSAS ................................................................................ 11 2.4 DIFERENÇAS ENTRE AS EDIÇÕES BÍBLICAS CATÓLICA E PROTESTANTE – A QUESTÃO DOS 7 LIVROS ....................................................................................... 12 UNIDADE 3 – A COMUNICAÇÃO DE DEUS ...................................................... 15 3.1 AUTORIDADE ................................................................................................ 15 3.2 REVELAÇÃO .................................................................................................. 17 3.3 INSPIRAÇÃO .................................................................................................. 18 3.4 ILUMINAÇÃO .................................................................................................. 20 UNIDADE 4 – CRISTOLOGIA E MARIOLOGIA .................................................. 22 4.1 O ESTUDO SOBRE JESUS CRISTO ................................................................... 22 4.2 MARIOLOGIA – A MÃE DE JESUS ..................................................................... 23 UNIDADE 5 – HAMARTIOLOGIA – O ESTUDO DO PECADO .......................... 27 5.1 ORIGENS ...................................................................................................... 28 5.2 CONSEQUÊNCIAS .......................................................................................... 31 UNIDADE 6 – SOTERIOLOGIA – O ESTUDO DA SALVAÇÃO ......................... 33 UNIDADE 7 – O ESTUDO DOS ANJOS E DOS DEMÔNIOS ............................. 35 7.1 OS ANJOS ..................................................................................................... 35 7.2 OS DEMÔNIOS ............................................................................................... 39 7.3 A ATUAÇÃO DE SATANÁS ............................................................................... 42 UNIDADE 8 – ESCATOLOGIA: O FIM DOS TEMPOS ....................................... 50 8.1 TERMOS ESSENCIAIS DO NOVO TESTAMENTO EM RELAÇÃO AO SEGUNDO ADVENTO DE CRISTO .......................................................................................................... 52 UNIDADE 9 – O ESTUDO DO ESPÍRITO SANTO .............................................. 55 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 58 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Já sabemos que a palavra teologia deriva dos termos gregos theos, que significa “Deus” e logos, que significa “palavra”, “discurso”, “tratado” ou “estudo” e assim definimos Teologia como “a ciência do estudo de Deus”. No entanto, o seu campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas também às suas obras, de forma que ela tem sido chamada de “o estudo de Deus e de sua relação para com o Universo”. Sistematizar, por sua vez, é reduzir diversos elementos a um sistema ou agrupar em um corpo de doutrina. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um sistema, uma ordenação, um método. Quando se aplica o adjetivo a essa disciplina da enciclopédia teológica não se quer dizer que outras disciplinas (como a exegese ou a teologia bíblica) não seguem qualquer sistema, mas que é a Teologia Sistemática que procura oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, apresentada na Bíblia, como um todo, como um sistema unificado (BERKHOF, 1990). A Teologia Sistemática está interessada em relatar os materiais tanto bíblicos quanto perspectivas históricas para o tempo moderno. É a organização dos fatos teológicos, na forma de um sistema racional; tendo como fontes: a revelação e a filosofia e várias outras ciências como a antropologia e a etnografia. De maneira simples e bem resumida, podemos dizer que a Teologia Sistemática se subdivide em três ramos de estudo: Deus, o Homem e os Sacramentos. Por isso, ela engloba as doutrinas, os dogmas, formulando uma descrição de maneira ordenada e racional os assuntos acima. Poderíamos dizer que é uma maneira didática de tratar as “coisas de Deus”. A Teologia Sistemática é: menos narrativa, menos história, menos orgânica, todos os termos-chave da nossa era pós-moderna. É o estudo das coisas de Deus de uma maneira sistemática e ordenada, no qual não apenas consideramos o que esse e aquele texto dizem, mas consideramos tudo o que a Palavra diz sobre a revelação, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Deus é, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Jesus é, e depois tudo o que ele fez por nós. Depois, a teologia sistemática prossegue para considerar a Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 doutrina do homem, do pecado, da santificação, dos sacramentos, da igreja e do fim dos tempos. Teologia sistemática é uma maneira de olhar para a revelação de Deus que fortemente afirma a coerência e consistência de tudo o que Deus revela. É uma tentativa de colocar todos os textos em seu contexto último (SPROUL, 1998). Se na Bíblia encontramos suporte para conhecer as coisas de Deus, então é por aí que iniciaremos nosso caminhar, utilizando a Teologia Sistemática que correlaciona os dados da revelação bíblica como um todo, para exibir sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 UNIDADE 2 – BIBLIOLOGIA/TEOLOGIA BÍBLICA A Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos de revelação especial, pois engloba o registro de muitos aspectos dessa revelação. Embora Deus, indiscutivelmente, tenha dado outras visões, sonhos e mensagens proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito delas. Além disso, tudoo que sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na Bíblia, mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse tenha sido registrado nas Escrituras (Jo 21:25). Mas a Bíblia não é simplesmente o registro dessas outras revelações de Deus; também contém verdades adicionais não reveladas. Por exemplo, por meio dos profetas, ou mesmo durante a vida terrena de Cristo. Portanto, a Bíblia é, ao mesmo tempo, registro de aspectos da revelação especial e a própria revelação (RYRIE, 2004). A revelação, na Bíblia, não é somente inclusiva, ainda que parcial; é também verdadeira (Jo 17:17), progressiva (Hb 1:1) e possui um propósito (2 Tm 3:15-17). Existem duas maneiras de perceber a credibilidade da revelação bíblica. Os fideístas insistem que as Escrituras e a revelação que ela contém autenticam a si mesmas, sendo, portanto, autopística. Para eles, a fé antecede a razão. A infalibilidade da Bíblia deve (e pode) ser pressuposta, porque as Escrituras dizem que ela é inspirada, e o Espírito confirma isso. Os empiristas, por outro lado, reforçam a credibilidade intrínseca da revelação da Bíblia como sendo digna de crença, ou seja, é axiopística. A alegação bíblica de autoridade não é, por si mesma, uma prova de autoridade; por outro lado, existem evidências factuais e históricas que estabelecem as credenciais da Bíblia e que validam a veracidade da sua mensagem. Para Ryrie, os dois pontos de vista revelam a verdade, portanto, os dos podem ser usados. O estudo dos conhecimentos da Bíblia chama-se Bibliologia, sendo fundamental a todo cristão, sendo que numa dimensão mais profunda pode-se usar o termo erudito Isagoge, ou seja, conduzir para dentro. Segundo propostas de Myatt e Ferreira (2002), a Bíblia: • é a fonte maior da Teologia Sistemática; • é sempre a autoridade final; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 • deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as escolhas que existem. Enfim, as ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, entre outras, devem ser usadas para chegarmos às conclusões certas. O teólogo sistemático depende do fruto do trabalho dos especialistas do Antigo e do Novo Testamento (MYATT; FERREIRA, 2002). A Bíblia em si, recebe outros nomes como Palavra de Deus, Sagrada Escritura, Lei, Lei e os Profetas, Livro Sagrado, Sagradas Letras, Divina Revelação, entre outros. No entendimento de Berkhof (1990, p. 12), o Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas sim fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido, a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. A Bíblia testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção. O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”, João 7.17. É este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente quando diz, “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor”, Oséias 6.3. O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão: “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem, pela loucura da pregação”, 1 Coríntios 1.20, 21. 2.1 Breve história e divisão da Bíblia A Bíblia está dividida em dois testamentos, o Antigo e o Novo, sendo 66 livros no total: 39 no Antigo e 27 no Novo Testamento. São 1.189 capítulos, 31.173 versículos, 773.692 palavras. A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos, sendo obra de cerca de 40 autores, de humildes a agricultores, pescadores e reis. Ao contrário do que muitos pensam, o livro mais antigo é Jô e não Gênesis e acredita-se que tenha sido escrito por Moisés quando estava no deserto. Claro que não poderíamos deixar de citar que a Bíblia é o livro mais vendido e lido no mundo, composto por doutrinas, poemas, provérbios, cânticos, histórias, revelações, profecias, comentários, narrativas e outras formas literárias Estudos de Berkhof (1990); Geisler (2002); Lima, Arcanjo e Nascimento (2011) e vários outros pesquisadores, afirmam que os originais grego, hebraico e aramaico foram os idiomas utilizados para escrever os originais das Escrituras Sagradas. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Apenas alguns poucos textos foram escritos em aramaico. O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais utilizada na época. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas sim cópias de cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os livros originais, como foram escritos pelos seus autores, se perderam. As edições do Antigo Testamento hebraico e do Novo Testamento grego se baseiam nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram encontradas graças às descobertas arqueológicas. Para a tradução do Antigo Testamento, a Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) usa a Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo Testamento é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Essas são as melhoresedições dos textos hebraicos e gregos que existem hoje, disponíveis para tradutores (LIMA, ARCANJO, NASCIMENTO, 2011; HOLANDA, 2014). Sobre o Antigo Testamento em Hebraico, sabemos que muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Estes registros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas e muitas vezes e passados de geração em geração. Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por ‘A Lei, Os Profetas e As Escrituras’. Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C. • A Lei continha os primeiros cinco livros da nossa Bíblia. • Os Profetas, incluíam Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. • As Escrituras reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, embora a Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 texto era escrito em hebraico – da direita para a esquerda – e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico. Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do Antigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o Século II a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto (LIMA, ARCANJO E NASCIMENTO, 2011; AZEVEDO, 2009). Sobre o Novo Testamento em grego, os seus primeiros manuscritos que chegaram até nós são algumas das cartas do Apóstolo Paulo destinadas a pequenos grupos de pessoas de diversos povoados que acreditavam no Evangelho por ele pregado. A formação desses grupos marca o início da igreja cristã. As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas com todo o cuidado. Não tardou para que esses manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. Dessa forma, começaram a ser largamente copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação. A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos que, na medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados. Outras cartas, exortações, sermões e manuscritos cristãos similares também começaram a circular. O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de papiro escrito no início do Século II d.C. Nele estão contidas algumas palavras de João 18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 e 38. Nos últimos cem anos, descobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento (LIMA, ARCANJO E NASCIMENTO, 2011; sbb.org.br). Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze Apóstolos). Durante muitos anos, embora os evangelhos Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados. Entretanto, gradualmente, o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. Segundo Miler e Huber (2006), no Século IV d.C. foi estabelecido entre os concílios das igrejas um acordo comum e o Novo Testamento foi constituído. Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela ocasião – o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois inestimáveis manuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo temos aproximadamente vinte manuscritos do Novo Testamento escritos nos primeiros cinco séculos. Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Império Romano no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébio de Cesaréia (263 - 340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador encomendou 50 cópias para as igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia. 2.2 As traduções da Bíblia Além da Bíblia ser o livro mais lido, também é o mais traduzido e distribuído do mundo e desde as suas origens, foi considerada sagrada e de grande importância. A necessidade de difundir seus ensinamentos através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas e dialetos. Hoje, é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.000 línguas diferentes. Segundo Miler e Huber (2006), Vallim (2008) e outros pesquisadores, estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico. Denominada Septuaginta (ou Tradução dos Setenta), esta primeira tradução foi realizada por 70 sábios e contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica; pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus. Nascimento (2012) corrige a fala da SBB ao afirmar que os sete livros são chamados “apócrifos” pelos inimigosde Cristo que os excluíram de seu particular cânon judaico feito só no final do primeiro século. Deram-lhes o nome de “apócrifos” para desclassificá-los, e os protestantes aceitaram isso e se acomunaram aos escarnecedores de Jesus. Para ele, “apócrifos” sempre significou: [escritos de assunto sagrado não incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas.] (Dicionário Enciclopédia Encarta 99). Mas sem querer alongar essas discussões, temos que outras traduções começaram a ser realizadas por cristãos novos nas línguas copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim – a mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente. Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras. Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, escrita na língua de pessoas comuns Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 (“vulgus”). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa. Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo. Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós. Aos poucos, as traduções de passagens e de livros inteiros foram surgindo (SBB, 2010). Ainda voltando às discussões dos livros apócrifos, vale aprofundar e comparar os escritos da Sociedade Bíblica do Brasil e em leituras de Norman Geisler. Há autores que afirmam que a SBB tem muitas tendências ecumênicas, sem maiores compromissos com os protestantes. Vale conferir! 2.3 Escrituras impressas Quando Johannes Gutemberg iniciou no ofício da tipografia na Alemanha, em meados do Século 15, o primeiro livro de grande porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas a mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 – alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão; e em outras seis línguas até meados do século 16 – espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês. Finalmente as Escrituras realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 grego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos. Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foi Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez, estudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origem relativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis (SBB; 2010; LIMA; ARCANJO; NASCIMENTO, 2011). 2.4 Diferenças entre as edições bíblicas católica e protestante – a questão dos 7 livros Uma primeira diferença fácil de se perceber entre as edições católica e protestante está no número de livros. O Padre Paulo Ricardo (2012) explica que de fato, o Novo Testamento contém 27 livros tanto na Bíblia católica quanto na protestante: ele se inicia no Evangelho de Mateus e termina no Apocalipse. O número de livros do Antigo Testamento, porém, é destoante. O cânon (lista) católico contém 46 livros e o protestante, 39. Neste, estão ausentes os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além disso, faltam alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel. Por que faltam estes trechos sagrados na Bíblia dos protestantes? A Igreja Católica, além das Sagradas Escrituras e da Tradição, está embasada também no Magistério. Este garante que o Evangelho transmitido e a fé professada são os mesmos ensinados por Cristo ao longo do tempo. Inicialmente, ele foi formado por pessoas escolhidas pelo próprio Jesus, os Apóstolos, cujos sucessores são, hoje, os responsáveis por confirmarem os irmãos e garantirem a guarda do depósito da fé. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 No século XVI, os protestantes afastaram-se do Magistério, renegando-o. Sob a alegação de que a Igreja Católica havia se corrompido, empreenderam um grande esforço arqueológico para recuperar a chamada Igreja “primitiva”. Nesse movimento, descobriram que o povo judeu possuía uma lista diferente de livros sagrados, com 39 livros – ou seja, 7 livros a menos que o cânon católico. Daí para concluírem que a Igreja Católica acrescentou os outros livros foi questão de tempo. Os sete livros adicionais recebem o nome de deuterocanônicos. A palavra “deuteros” vem do grego δευτεροσ e significa “segundo”. Eles são assim chamados pois, apesar de já constarem no cânon no Concílio de Cartago, no século IV, só foram oficializados pelo Concílio de Trento, no século XVI. Em verdade, eles já se encontravam na versão grega da Bíblia, chamada Septuaginta, só não faziam parte do texto hebraico. A partir disto, no século XIX, os protestantes decidiram abolir definitivamente os sete livros de seu cânon. O Antigo Testamento foi compilado inicialmente em hebraico. O livro era formado por três partes: 1. A Torá que continha os cinco primeiros livros, também chamados de pentateuco. 2. O Neviim que continha os Profetas. 3. O Kethuvim que continha os Escritos. A diferença entre a Tanakh (Bíblia hebraica) e o Antigo Testamento adotado pela Igreja Católica estava no livro que continha os “Escritos”.Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização desses livros. Primeiramente foram canonizados os livros da Torá, posteriormente os dos Profetas e, somente muito tempo depois, os dos Escritos. Na época de Jesus, o cânon da Bíblia judaica ainda não estava fechado. Portanto, os judeus, contemporâneos de Jesus, ainda debatiam sobre quais eram os livros sagrados. Por exemplo, os saduceus só criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam os Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois achavam que a inspiração dos Escritos ainda não estava concluída. Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: “ide pelo mundo e evangelizai”. Ora, o mundo daquela época falava o grego, que era o equivalente ao inglês de Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 hoje. Assim, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em grego. Mas como se dava isto, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos passaram a utilizar uma tradução da Bíblia do hebraico para o grego denominada Septuaginta, que havia sido elaborada em Alexandria antes de Cristo. Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é conhecida, estão contidos aqueles sete livros. Ora, qualquer biblista sério é capaz de perceber que em diversas citações do Antigo Testamento encontradas no Novo, a tradução utilizada é a da Septuaginta. Este era o livro utilizado pelos Apóstolos e foi este, portanto, que a Igreja Católica adotou. É verdade que houve um conflito entre os cristãos e os judeus, pois estes perceberam que os Apóstolos estavam pregando o Evangelho de forma diferente e, por isso, expulsaram-nos das sinagogas. Esse fato também motivou os judeus a fecharem o cânon dos livros sagrados: eles decidiram pela exclusão definitiva daqueles sete livros que constavam na Septuaginta. Isto, porém, só aconteceu no final do século I, ou seja, um século após a vinda de Jesus. Dessa forma, os protestantes, ao aceitarem o cânon da bíblia judaica, estão desprezando a autoridade dada pelo próprio Jesus aos apóstolos e aceitando a definição dos rabinos judeus mesmo depois de Cristo. Muito se poderia argumentar ainda nesse sentido, contudo, para os católicos basta saber que quem define o cânon das Escrituras é a Igreja. É importante lembrar também que foi esta mesma Igreja quem definiu os outros 27 livros do Novo Testamento, sobre os quais não há discussão. Portanto, uma pergunta que não pode deixar de ser feita é: por que os protestantes aceitam a autoridade da Igreja Católica que definiu os 27 livros do Novo Testamento e não aceitam a autoridade dessa mesma Igreja quanto aos 46 livros do Antigo Testamento? Até o terceiro século o cânon do Novo Testamento não estava ainda definido. Isso é histórico. Havia muitas listas, muitas discussões acerca de quais livros deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras. Não há argumento que justifique a postura arbitrária dos protestantes de aderir aos judeus em detrimento da fé da Igreja (AZEVEDO JUNIOR, 2012). Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 UNIDADE 3 – A COMUNICAÇÃO DE DEUS A Bíblia é realmente fonte de revelação e inspiração e a despeito de ataques e questionamentos que sofre por parte de alguns, ela resiste ao longo dos séculos, transformando vidas e lançando desafios aos menos crédulos. E como diz o Pastor Stencel (2008), para todo aquele que almeja compreender o modo pelo qual Deus se comunica conosco, é de vital importância examinar os conceitos de revelação, inspiração e iluminação profética. A maneira de entendermos este processo irá influenciar nossa concepção quanto à pessoa de Deus, a maneira de nos relacionarmos com Ele e a forma de manifestarmos e praticarmos nossa fé. Então vejamos esses conceitos tomando por base ensinamentos de Geisler (1990), Ryrie (2004), Berkhof (1990, 2008) e outros estudiosos a começar pela autoridade de Deus. 3.1 Autoridade A autoridade é o princípio fundamental no estudo da teologia. Presume-se que todos os que atuam dentro do conceito mais amplo de teologia “cristã” reconhecem a autoridade de Deus como norma suprema para a verdade. No entanto, a maneira como a autoridade de Deus é entendida e expressa varia consideravelmente no meio “cristão”. Vejamos a autoridade na Teologia Conservadora, a qual é objetiva e externa ao homem. No catolicismo romano, a autoridade final recai sobre a própria Igreja. Para estabelecer a verdade, a Bíblia deve ser usada, mas precisa ser interpretada pela Igreja. Além disso, as tradições da Igreja são, juntamente com a Bíblia, fonte da revelação divina. Os concílios ecumênicos e os papas, de tempos em tempos, fazem pronunciamentos considerados infalíveis e, portanto, deixando aos membros da igreja a obrigação de cumpri-los. A Igreja Ortodoxa é similar, pois também coloca sua autoridade na tradição, na própria Igreja e, também, na Bíblia. Apesar de os evangélicos rejeitarem a tradição como fonte de autoridade, deveriam reconhecer que a autoridade do catolicismo não recai sobre homem, como ensina o Liberalismo. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 Se pensarmos no protestantismo, que é conservador, muitas vezes chegam a negar que a Bíblia é sua única base de autoridade. Segundo Ryrie (2004), na prática, algumas tradições e denominações dão a seus credos uma autoridade equiparada à da Bíblia. Os credos podem fornecer declarações úteis a respeito da verdade, mas jamais podem ser juízes autorizados da verdade. As declarações dos credos sempre devem ser consideradas falíveis, com possibilidade de precisar de revisão periódica e constantemente submissas à autoridade bíblica. Igualmente, na prática, alguns grupos atribuem à tradição e a seus ritos autoridade equiparada à da Bíblia. A Igreja recebeu um mandamento divino para estabelecer diretrizes a seus membros (Hb 13:7-17), mas também são falíveis, precisam de revisão periódica e sempre devem estar submissas à autoridade bíblica. Também na prática, alguns conservadores fazem da experiência religiosa sua autoridade. As experiências sadias são fruto da fidelidade à autoridade bíblica, mas todas as experiências devem ser guiadas, governadas e controladas pela Bíblia. Tornar uma experiência normativa e fonte de autoridade é cometer o mesmo erro do liberalismo, substituindo um critério objetivo pelo existencialismo subjetivo. Berkhof (2008) também afirma e prova que a soberania de Deus recebe forte ênfase na Escritura. Ele é apresentado como o Criador, e Sua vontade como a causa de todas as coisas. Em virtude de Sua obra criadora, o céu, a terra e tudo o que eles contêm Lhe pertencem. Ele está revestido de autoridade absoluta sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra. Ele sustenta todas as coisas com a Sua onipotência, e determina os fins que elas estão destinadas a cumprir. Ele governa como Rei no sentido mais absoluto da palavra, e todas as coisas dependem dele e Lhe são subservientes. As provas bíblicas da soberaniade Deus são abundantes, mas aqui o autor se limita a referir apenas algumas das passagens mais significativas: Gn 14.19; Ex 18.11; Dt 10.14, 17; 1 Cr 29.11, 12; 2 Cr 20.6; Ne 9.6; Sl 22.28; 47.2, 3, 7, 8; Sl 50.10-12; 95.3-5; 115.3; 135.5, 6; 145.11-13; Jr 27.5; Lc 1.53; At 17.24-26; Ap 19.6. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 3.2 Revelação Historicamente, as duas maneiras por meio das quais Deus tomou a iniciativa de revelar a si mesmo foram chamadas de “revelação geral” e de “revelação especial”. A revelação geral inclui tudo o que Deus revelou no mundo à nossa volta, inclusive o homem, ao passo que a revelação especial inclui as várias maneiras que ele usou para comunicar sua mensagem, compilada na Bíblia. A revelação geral algumas vezes é chamada de “teologia natural” e a revelação especial é chamada de “teologia revelada”. Mas, claro, o que é revelado pela natureza também foi revelado na teologia. Alguns autores usam o termo “pré-queda” para designar a revelação geral e “pós-queda” ou “sotérica” para a revelação especial. Contudo, tanto a revelação geral quanto a especial provêm de Deus e são a respeito de Deus (RYRIE, 2004). Enquanto a revelação geral apresenta evidências da existência de Deus, a revelação especial, por outro lado, geralmente pressupõe a existência de Deus. A revelação envolve a ação divina que comunica a verdade (o conhecimento da parte de Deus). Compreendemos por revelação o ato divino pelo qual Deus Se descobre a Si mesmo, Se desvenda e Se comunica com o profeta, dando-lhe o conhecimento de Deus e da Sua vontade que ele, o profeta, não poderia ter conseguido por si mesmo e nem de qualquer outra maneira (DEDEREN, 1979). Esse conhecimento expressa a vontade de Deus sobre certos aspectos que Ele almeja tornar conhecidos aos Seus filhos (STENCEL, 2008). A revelação geral é exatamente o que indica: geral. Ela é geral em sua abrangência; ou seja, afeta todas as pessoas (Mt 5:45; At 14:17). É geral no aspecto geográfico; ou seja, encobre todo o planeta (SI 19:2). Ela é geral em sua metodologia; ou seja, utiliza meios universais, como o calor do Sol (vv. 4-6), e a consciência humana (Rm 2:14,15). Assim, essa revelação afetaria todas as pessoas, independentemente de onde estejam e/ou da época em que tenham vivido. Pode trazer luz e verdade a todos, mas, se rejeitada, trará condenação. A revelação especial necessariamente não é dada a todas as pessoas. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 Como formas de se dar a revelação especial teríamos as sortes, os sonhos, as visões, as teofanias, os anjos, os profetas, os eventos, o próprio Jesus Cristo e a bíblia. Na verdade, a Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos de revelação especial, pois engloba o registro de muitos aspectos dessa revelação. Embora Deus, indiscutivelmente, tenha dado outras visões, sonhos e mensagens proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito delas. Além disso, tudo o que sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na Bíblia, mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse tenha sido registrado nas Escrituras (Jo 21:25). Mas a Bíblia não é simplesmente o registro dessas outras revelações de Deus; também contém verdades adicionais não reveladas. Por exemplo, por meio dos profetas, ou mesmo durante a vida terrena de Cristo. Portanto, a Bíblia é, ao mesmo tempo, registro de aspectos da revelação especial e a própria revelação. A revelação, na Bíblia, não é somente inclusiva, ainda que parcial; é também verdadeira (Jo 17:17), progressiva (Hb 1:1) e possui um propósito (2Tm 3:15-17) (RYRIE, 2004). 3.3 Inspiração Embora aqueles que defendem diferentes pontos de vista teológicos estejam dispostos a dizer que a Bíblia é inspirada, não existe uma uniformidade no tocante ao significado de inspiração. Alguns se concentram na ação dos autores; outros olham somente para os escritos, enquanto um terceiro grupo enfoca os leitores. Alguns relacionam isso à mensagem geral da Bíblia, outros, aos pensamentos, e também há quem o ligue às palavras. Há os que incluem a inerrância, ainda que muitos outros não o façam. Essas diferenças fazem com que seja necessário precisão ao declarar a doutrina bíblica. Até poucos anos atrás, tudo o que se precisava dizer para expressar convicção de que a Bíblia é plenamente inspirada era: “Acredito que a Bíblia é a Palavra de Deus”. Para contrariar o ensino de que nem todas as partes da Bíblia eram inspiradas, era preciso dizer: “Acredito que a Bíblia é a Palavra verbalmente inspirada por Deus”. Posteriormente, porque algumas pessoas não Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 queriam reconhecer a inspiração total da Bíblia, era necessário dizer: “Acredito que a Bíblia é Palavra de Deus infalível, inerrante, verbal e plenamente inspirada”. Mas, então, os termos “infalível” e “inerrante” começaram a ser limitados apenas a questões de fé, em vez de englobar também os registros bíblicos (inclusive os fatos históricos, genealogias, relatos da criação, entre outros), por isso tornou-se necessário acrescentar o conceito de “inerrância ilimitada”. Toda adição às declarações básicas surgiu por causa de um ensino errôneo (RYRIE, 2004, p. 75). Segundo Stencel (2008), a inspiração refere-se ao processo pelo qual Deus capacita alguém a ser Seu porta-voz (mensageiro). Ao receber a revelação divina, o profeta é dotado por Deus para comunicar a mensagem de forma fiel e verdadeira. O apóstolo Pedro atesta: “Porque nunca, jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). Uma definição correta deve, claro, ser estabelecida com base nos dados das Escrituras sobre a questão. Uma definição simples seria esta: Deus orientou homens para que escrevessem sua mensagem na Bíblia. Uma definição mais complexa seria: Deus supervisionou os autores humanos da Bíblia para que compusessem e registrassem, sem erros, sua mensagem à humanidade utilizando as palavras de seus escritos originais. Ryrie (2004) pondera que devemos observar cuidadosamente algumas das palavras-chave dessa definição. a) O verbo “supervisionar” indica os diversos tipos de relacionamento que Deus tinha com os autores e a variedade de material. Sua supervisão, algumas vezes, foi bastante direta, outras menos, mas sempre incluiu a preservação dos autores para que escrevessem com precisão. b) O verbo “compor” demonstra que os autores não foram instrumentos passivos para quem ele ditou o material; eram escritores ativos. c) “Sem erros” expressa a alegação da própria Bíblia de que é a verdade (Jo 17:17). d) Inspiração é um predicado exclusivo dos escritos originais, não de cópias ou de traduções, por mais precisas que elas sejam. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais.Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 Certo é que Deus inspirou a escrita da Bíblia; os homens a escreveram e nós a possuímos (RYRIE, 2004, p. 80). Rodriguez (2005 apud SPENCEL, 2008) destaca três teorias de inspiração que têm sido defendidas pelos estudiosos das Escrituras Sagradas na atualidade. a) Inspiração verbal: a ênfase está nas palavras e não no autor. Compreende que o processo de comunicação do conteúdo da mensagem é de responsabilidade exclusiva de Deus, ou seja, não há participação humana. Todas as palavras e detalhes são pré-selecionados por Deus e a única função do profeta é usar a sua pena (caneta) e escrever. A partir desta ideia é que surgiu a expressão “a pena inspirada”. É notório lembrar que o profeta é o porta-voz de Deus, não a Sua forma de expressar. b) Inspiração do pensamento: ao contrário da inspiração verbal, a ênfase aqui está no autor e não nas palavras. A inspiração atinge a mente do autor, e o Espírito Santo assegura que a mensagem seja corretamente comunicada. Esse modelo entende que não é a pena (caneta) do profeta que é inspirada, mas sim, seu pensamento. c) Inspiração mecânica/ditado: o Espírito Santo dita cada palavra para o profeta sem considerar sua formação sociocultural e educacional. Como exemplo de Igreja que adota a inspiração do pensamento como a teoria padrão para explicar o processo de comunicação entre Deus e o homem, temos a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujo modelo compreende a união harmônica do divino com o humano, ou seja, a mente e a vontade divina são combinadas com a mente e a vontade humana. Tal fenômeno representa uma ação sobrenatural. Ao formular ou escolher palavras e expressões para representar os pensamentos recebidos de Deus, o profeta exercita o intelecto e a escolha humana em cooperação com a mente e a vontade divina (STENCEL, 2008). 3.4 Iluminação Segundo Stencel (2008), a iluminação é o poder do Espírito Santo que tem por objetivo auxiliar os seres humanos a compreender o conteúdo da Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 revelação divina. O mesmo Espírito que fala por meio dos profetas fala àqueles que ouvem ou leem a mensagem do profeta. Dessa forma, o divino Espírito habilita o cristão a entender e aplicar a mensagem à sua experiência. Enquanto os processos de revelação e inspiração envolvem a atuação dos autores, a iluminação envolve o leitor. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 UNIDADE 4 – CRISTOLOGIA E MARIOLOGIA 4.1 O estudo sobre Jesus Cristo Etimologicamente “Cristologia” vem do grego Christós = Cristo e logia = estudo, doutrina, ou seja, é a parte da Teologia que estuda a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Podemos distinguir duas partes na Cristologia: a que estuda a Pessoa de Cristo e a que estuda a obra salvífica de Cristo (MORAES, 2015). Segundo Berkhof (2008), há uma relação muito estreita entre a doutrina do homem e a de Cristo. A primeira trata do homem, criado à imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se transformou em pecador. Ela mostra o homem como uma criatura de Deus altamente privilegiada, trazendo ainda alguns traços da sua glória original, mas, todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira liberdade e justiça originais. Significa que a doutrina dirige a atenção não apenas, nem primeiramente, à condição do homem como criatura, mas, sim, à sua pecaminosidade. Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, distância resultante da queda do homem e que, nem o homem nem os anjos podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva de Deus em Cristo construindo uma ponte sobre o abismo e eliminando a distância. A doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em Sua bendita comunhão. A antropologia (que será tratada em outro momento do curso) já dirige a atenção à provisão da graça de Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida de bem-aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Cristo e por meio de Cristo. E, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança deve vir necessariamente em seguida. Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, para tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 Outra estreita relação há entre Cristologia (como doutrina acerca da Pessoa de Cristo) e a Soteriologia (como doutrina acerca da redenção). A metodologia cristológica pode ser “ascendente e descendente”. Cristologia ascendente (ou seja de “baixo para cima”), aquela que parte do aspecto humano de Jesus. Segundo Moraes (2015), o ponto de partida da reflexão é o ser humano histórico Jesus, que aos pouco se vai revelando como Deus. Alguns textos podem servir de base à Cristologia ascendente (ou “de baixo para cima”); por exemplo, Fl 2, 6-11, Cristologia descendente (“de cima para baixo”) é aquela que parte da Divindade de Jesus, a segunda Pessoa da SS. Trindade. O ponto de partida da reflexão é o Filho eterno de Deus, na Trindade e a sua encarnação. Jo 1,1.14, fundamenta a Cristologia descendente. Ambas têm apoio no Novo Testamento. Nenhuma das duas pode ser considerada isoladamente. As duas abordagens “alta, descendente” e “baixa, ascendente” se encontram, se completam como duas fases do processo de entendimento de Cristo. A complementaridade entre as duas precisa sempre ser mantida. É necessário fazer a síntese das duas modalidades de Cristologia e nenhuma das duas pode ser cultivada parcialmente, de modo exclusivista. Ambas se juntam, vêm ao encontro uma da outra. Deve-se evidenciar a complementaridade das duas abordagens para uma adequada metodologia cristológica. 4.2 Mariologia – a mãe de Jesus Em 1988, Documentos da Congregação para a Educação Católica, voltaram-se para estudos sobre a Virgem Maria na formação intelectual e espiritual propondo/afirmando que a história do dogma e da teologia testemunham a fé e a atenção incessante da Igreja em relação à Virgem Maria e à sua missão na história da salvação. Tal atenção, manifesta-se já em alguns escritos do novo testamento e em não poucas páginas dos autores da idade subapostólica. Os primeiros símbolos da fé e, sucessivamente, as fórmulas dogmáticas dos Concílios de Constantinopla (a. 381), de Éfeso (a. 431) e de Calcedónia(a. 451) testemunham o progressivo aprofundamento do mistério de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e paralelamente a progressiva descoberta do papel de Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 Maria no mistério da Encarnação; uma descoberta que conduziu à definição dogmática da maternidade divina e virginal de Maria. A atenção da Igreja em relação à Maria de Nazaré continuou em todos os séculos, com muitas declarações. Recordamos apenas as mais recentes, sem com isto querer minimizar o florescimento que a reflexão mariológica conheceu noutras épocas históricas. A importância do capítulo VIII da Lumen gentium consiste no valor da sua síntese doutrinal e na impostação do tratado da doutrina referente à bem- aventurada Virgem, enquadrada no âmbito do mistério de Cristo e da Igreja. Desde modo o Concílio: • vinculou-se à tradição patrística, que privilegia a história de salvação como contexto próprio de todos os tratados teológicos; • pôs em evidência que a Mãe do Senhor não é figura marginal no âmbito da fé e no panorama da teologia pois ela, mediante a sua íntima participação na história da salvação, reúne em si em certa maneira e reflete os dados máximos da fé; • compendiou numa visão unitária diferentes posições sobre o modo de tratar o tema mariológico. Segundo a doutrina do Concílio, a própria relação de Maria com Deus Pai é determinada na perspectiva de Cristo. Com efeito Deus, “quando veio a plenitude dos tempos, mandou o seu Filho nascido duma mulher ... para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gal. 4, 4-5). Maria, portanto, que por condição era a “Serva do Senhor” (cf. Lc. 1, 38.48), tendo acolhido “no coração e no corpo o Verbo de Deus e levado a Vida ao mundo, torna-se por graça Mãe de Deus”. Em vista desta singular missão, Deus Pai preservou-a do pecado original, encheu-a da abundância dos dons celestes e, nos seus sapientes desígnios, “quis ... que a aceitação da mãe predestinada precedesse a Encarnação”. O Concílio, ilustrando a participação da Virgem na história da salvação, expôs sobretudo as relações múltiplas que existem entre Maria e Cristo. Vejamos algumas delas: • como fruto mais excelente da redenção, tendo sido redimida dum modo tão sublime em vista dos méritos de seu Filho; por isso, os Padres da Igreja, a Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 Liturgia e o Magistério não hesitaram em chamar a Virgem filha do seu Filho na ordem da graça; • de mãe que, acolhendo com fé o anúncio do Anjo, concebeu no seu seio virginal, pela ação do Espírito e sem intervenção de homem, o Filho de Deus segundo a natureza humana; deu à luz, alimentou-o, guardou-o e educou-o; • de serva fiel, que se consagrou totalmente a si mesma ... à pessoa e à obra do seu Filho, subordinada a Ele e com Ele; • de associada ao Redentor – com o conceber Cristo, gerá-Lo, nutri-Lo, apresentá-Lo ao Pai no templo, sofrer com o seu Filho morrendo na cruz, ela colaborou dum modo muito especial na obra do Salvador, com a obediência, a fé, a esperança e a caridade ardente; • de discípula que, durante a pregação de Cristo, recolheu as palavras, com as quais o Filho, exaltando o Reino acima das relações e dos vínculos da carne e do sangue, proclamou bem-aventurados os que ouvem e guardam a palavra de Deus (cf. Mc. 3, 35; Lc. 11, 27-28), como ela fielmente fazia (cf. Lc. 2, 19 e 51). Na perspectiva da Igreja, a Maria de Nazaré também guarda sua importância, em vista de Cristo e desde toda a eternidade Deus quis e predestinou a Virgem. Ela é, portanto: • reconhecida como membro supereminente e singularíssimo da Igreja por causa dos dons da graça de que é adornada e pelo lugar que ocupa no Corpo Místico; • é mãe da Igreja, pois que ela é Mãe d’Aquele, que, desde o primeiro instante da encarnação no seu seio virginal, uniu a si como Cabeça o seu Corpo Místico que é a Igreja; • pela sua condição de virgem, esposa e mãe é figura da Igreja, a qual é também virgem pela integridade da fé, esposa pela sua união com Cristo, mãe pela geração de inumeráveis filhos; • pelas suas virtudes é modelo da Igreja, que nela se inspira no exercício da fé, da esperança, da caridade e na atividade apostólica. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 O estudo da Mariologia tende, como sua meta última, à aquisição duma sólida espiritualidade mariana, aspecto essencial da espiritualidade cristã. No seu caminho para a obtenção da plena maturidade de Cristo (cf. Ef. 4, 13), o discípulo do Senhor, consciente da missão que Deus confiou à Virgem na história da salvação e na vida da Igreja, assume-a como “mãe e mestra de vida espiritual”: com ela e como ela, à luz da Encarnação e da Páscoa, imprima à própria existência uma orientação decisiva para Deus por Cristo no Espírito, para viver na Igreja a proposta radical da Boa Nova e, em particular, o mandamento do amor (cf. Jo. 15, 12). Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 UNIDADE 5 – HAMARTIOLOGIA – O ESTUDO DO PECADO Hamartiologia por definição é o estudo do pecado, visto que etimologicamente encontramos no Velho Testamento as seguintes palavras com sentido de pecado: • hatah – significa basicamente errar, tornar-se culpado; • heth – erro, malogro; • awon – iniquidade; • pesha – transgressão, infração. Nos profetas do Antigo Testamento, o pecado é muito mais que uma violação de regras, mas significa o rompimento de um relacionamento pessoal com Deus. Isso pode ser observado em Is.59.2: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. Assim, no Velho Testamento é claro que pecado é visto como uma transgressão direta à Lei de Deus, evidenciado por um erro moral que torna culpado diante de Deus (BERTI, 2009). No Novo Testamento, Berti ressalta as seguintes palavras: • hamartano: não acertar o alvo, atingir alvo errado; • hamartia: transgressão, pecado. Normalmente visto como atos específicos; Especialmente na literatura paulina, o pecado é observado como uma força em si, que opera no homem e o mantém cativo. Por vezes, o pecado é personificado, como em Rm.7.20: “Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim”. Segue-se que no Novo Testamento podemos perceber que o pecado é não acertar o alvo correto. Ou seja, não é um ato passivo, mas uma intenção determinada em não se conformar com a Lei preestabelecida. Assim, após observar o uso das palavras, uma definição de pecado pode ser assim esboçada: Tudo aquilo que não redunda em, ou contribui para, a Glória deDeus. É um mal orientado contra Deus, que envolve ato, natureza e culpa (cf. 1Jo.3.4). Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 Ryrie (2004) também comenta que o conceito bíblico de pecado vem de um estudo das palavras usadas nos dois Testamentos para falar do pecado. Os termos são numerosos quando comparados com as palavras usadas para “graça” na Bíblia. Somente três palavras são necessárias para expressar graça (chen e chesed no AT e charis no NT). Em contraste, existem pelo menos oito palavras básicas para falar de pecado no Antigo Testamento e uma dúzia no Novo. Juntas, apresentam os conceitos básicos envolvidos nessa doutrina. Berkhof (2008) pondera que o problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens. Os filósofos foram constrangidos a encarar o problema e a procurar uma resposta quanto à origem de todo mal, e particularmente do mal moral, que há no mundo. A alguns, pareceu uma parte de tal modo integrante da vida, que buscaram a solução na constituição natural das coisas. Outros, porém, estão convictos que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre escolha do homem, quer na existência atual quer numa existência anterior. Estes acham-se bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus. 5.1 Origens Na Escritura, o mal moral existente no mundo transparece claramente como pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus. Nela o homem sempre aparece como transgressor por natureza, e surge naturalmente a questão: Como adquiriu ele essa natureza? O que revela a Bíblia sobre esse ponto? Berkhof tenta nos responder. Vejamos: a) Não se pode considerar Deus como o seu autor. O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 Essa ideia é claramente excluída pela Escritura. “Longe de Deus o praticar ele, a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça”, Jó 34.10. Ele é o santo Deus, Is 6.3, e absolutamente não há falta de retidão nele, Dt 32.4; Sl 92.16. Ele não pode ser tentado pelo mal, e Ele próprio não tenta a ninguém, Tg 1.13. Quando criou o homem, criou-o bom e à Sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, Dt 25.16; Sl 5.4; 11.5; Zc 8.17; Lc 16.15, e em Cristo fez provisão para libertar do pecado o homem. À luz disso tudo, seria blasfemo falar de Deus como o autor do pecado. E por essa razão, todos os conceitos deterministas que representam o pecado como uma necessidade inerente à própria natureza das coisas devem ser rejeitados. Por implicação, eles fazem de Deus o autor do pecado e são contrários, não somente à Escritura, mas também à voz da consciência, que atesta a responsabilidade do homem. b) O pecado originou-se no mundo angélico. A Bíblia nos ensina que, na tentativa de investigar a origem do pecado, devemos retornar à queda do homem, na descrição de Gn 3 e fixar atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, Gn 1.31. Mas ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus. A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em Jó 8.44 Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio (kat’arches), e em 1 Jo 3.8 diz João que o diabo peca desde o princípio. A opinião é a de que a expressão kai’arches significa desde o começo da história do homem. Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo”, 1 Tm 3.6, podemos concluir que, com toda a probabilidade, foi o pecado do orgulho, de desejar ser como Deus em poder e autoridade. E esta ideia parece achar corroboração em Jd 6, no qual se diz que os que caíram “não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio”. Não estavam contentes com a sua parte, com o governo e poder que lhes fora confiado. Se o desejo de serem semelhantes a Deus foi a tentação peculiar que sofreram, isto explica por que tentaram o homem nesse ponto particular. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 c) A origem do pecado na raça humana. Com respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Mas a coisa não parou aí, pois com esse primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que, dada a solidariedade da raça humana, teria efeito, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. Como resultado da Queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos pósteros. Dessa fonte não santa o pecado flui numa corrente impura passando para todas as gerações de homens, corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó, “Quem da imundícia poderá tirar cousa pura? Ninguém”, Jó 14.4. Mas ainda isso não é tudo. Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes; e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte. É primariamente nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que Paulo ensina em Rm 5.12: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. As últimas palavras só podem significar que pecaram em Adão, e isso de modo que se tornaram sujeitos ao castigo e à morte. Não se trata do pecado considerado meramente como corrupção, mas como culpa que leva consigo o castigo. Deus adjudica a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma: “pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela Todos os direitosreservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos”, Rm 5.18,19. 5.2 Consequências Dentre as consequências do Pecado, Ryrie (2004), cita: a) Afeta nosso destino: O pecado faz as pessoas se perderem (Mt 18:11; Lc 15:4,8,24). Se não for perdoado, fará com que pereçam (Jo 3:16). Ele leva as pessoas ao julgamento (Lc 12:20). B. Afeta nossa vontade: O Senhor deixou claro que os fariseus eram escravos dos desejos do diabo (Jo 8:44). Quando anunciou sua missão na sinagoga em Nazaré, Jesus explicou que havia vindo para libertar os cativos (Lc 4:18). Aparentemente, essa é uma referência aos que estavam cativos espiritualmente, pois o Senhor não libertou os que estavam literalmente nas prisões. (Poderia ter feito isso com João Batista.) C. Afeta nosso corpo: Claro que nem toda doença é resultado de pecado (Jo 9:3), mas algumas evidentemente o são. O Senhor indica isso no caso do homem curado no tanque de Betesda (Jo 5:14). Veja também Mateus 8:17. D. Afeta os outros: Os pecados dos escribas afetavam as viúvas e outros que seguiam suas tradições (Lc 20:46,47). Fica claro que o pecado do filho pródigo afetou seu pai (Lc 15:20). Além disso, todos os pecados que o Senhor mencionou no sermão do monte têm efeito sobre os outros. Ninguém pode pecar totalmente isolado. Guarde... Pecado é a falta de conformidade com a lei de Deus, em estado, disposição ou conduta. Para indicar isso, a Bíblia usa vários termos, tais como: a) Pecado (Sl 51.2; Rm 6.2). b) Desobediência (Hb 2.2). Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 c) Transgressão (Sl 51.1; Hb 2.2). d) Iniquidade (Sl 51.2; Mt 7.23). e) Mal, maldade, malignidade (Pv 17.11; Rm 1.29). f) Perversidade (Pv 6.14; At 3.26). g) Rebelião, rebeldia (1Sm 15.23; Jr 14.7). h) Engano (Sf 1.9; 2;Is 2.10). i) Injustiça (Jr 22.13; Rm 1.18). j) Erro, falta (Sl 19.12; Rm 1.27); k) Impiedade (Pv 8.7; Rm 1.18); l) Concupiscência (Is 57.5; 1Jo 2.16); m) Depravidade, depravação (Ez 16.27,43,58). O diabo quer que pequemos, afirmando que não estamos crescendo na presença de Deus ou estamos falhando. Verdadeiro crescimento contra o pecado é cooperar como Espírito Santo batalhando. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 UNIDADE 6 – SOTERIOLOGIA – O ESTUDO DA SALVAÇÃO Soteriologia é a união entre dois termos gregos “Soteria” que significa Salvação e “Logia” que significa Estudo. Portanto, Soteriologia é o Estudo da Salvação. Como afirma Xavier (2010), é fundamental que tenhamos convicção da nossa salvação. A Bíblia garante que podemos ter convicção da vida eterna. Sem esta convicção é impossível viver a vida cristã. Ao fazer o estudo, é possível e bom examinar como está a sua convicção à luz da Palavra de Deus. Há diversas ideias a respeito da salvação. Vamos mencionar algumas das mais importantes e apontar a que está mais de acordo com a ideia apresentada por Jesus Cristo. A Salvação e o Passado: Atos 17:30 - mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam. Suponhamos que uma pessoa que não saiba nadar esteja prestes a afogar-se; mas, felizmente alguém o salva. A salvação nada tem a ver com o passado da pessoa salva. A Salvação e o Futuro: Imaginemos agora, um condenado a morte, porém perdoado por alguém cheio de bondade e amor. Este perdão garante ao condenado o livramento do castigo merecido. Esta salvação visou o livramento do castigo futuro (XAVIER, 2010). A Salvação de Jesus: Lc. 9:24 - porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; porém qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Suponhamos que temos um único grão de arroz no mundo em nossas mãos. Para salvar esta semente o que temos que fazer? A melhor maneira de salvá-lo é plantando-o, pois se colhera centenas deles. A verdadeira ideia da salvação é aquela que contempla mais aquilo para o que somos salvos do que aquilo de que fomos salvos. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 A salvação ensinada por Jesus acentua mais o céu com toda a sua glória do que o inferno com todo o seu horror. Não somos salvos para escaparmos da morte, mas para gozarmos a vida eterna (XAVIER, 2010). As Escrituras nos mostram que o pecado pode ser dividido em duas classes, a saber: • pecado por comissão – é um ato que não atende uma condição imposta, em outras palavras, é fazer o que Deus proíbe; • pecado por omissão – ato ou efeito de omitir, deixar de fazer, ou seja, é deixar de fazer o que Deus manda. Vale guardar... O fato de estudarmos a salvação presume que ela existe (João 3:19). Se ela existe há uma necessidade que faz ela existir. Por ter uma doutrina da salvação é presumida a existência de iniquidade, que é a quebra de uma lei (I João 3:4; 5:17, “o pecado é iniquidade.”), e a existência de um que deu a lei, quem é Deus (João 15:22,24, “Se Eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado...”). Tudo o que é pecado e tudo que o pecado causa é desfeito pela salvação. A salvação é uma libertação. A salvação é libertação da culpa e impiedade do pecado juntamente das suas consequências eternas de rebelão contra o governo do Deus Todo-Poderoso. Sem a libertação que a salvação efetua, o pecador seria excluído eternamente da presença de Deus e para sempre exposto à Sua ira (João 3:36). O importante é entendemos que a salvação é necessária e é uma libertação aos olhos cristãos. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 UNIDADE 7 – O ESTUDO DOS ANJOS E DOS DEMÔNIOS 7.1 Os anjos Os anjos são Personalidade, o que significa “ter existência pessoal”. Queremos dizer com isso que os anjos possuem uma existência pessoal e a qualidade ou estado de ser pessoas. Normalmente, considera-se que as facetas essenciais à personalidade envolvem inteligência, emoções e vontade (RYRIE, 2004). Os anjos, portanto, qualificam-se como personalidades porque possuem esses aspectos de inteligência, emoções e vontade própria. Isso vale tanto para os anjos bons quanto para os maus. Tanto os anjos bons quanto Satanás e os demônios possuem inteligência (Mt 8:29; 2 Co 11:3; 1 Pe 1:12). Além disso, os anjos bons, Satanás
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