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Livro-Texto - Unidade I - Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social - Unip

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Luciana Helena Mariano Lopes
Colaboradoras: Profa. Glaucia Aquino
Profa. Amarilis Tudella Nanias 
Profa. Daniela Emilena Santiago
Fundamentos Históricos, 
Teóricos e Metodológicos 
do Serviço Social
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Professora conteudista: Luciana Helena Mariano Lopes
Luciana Helena Mariano Lopes é nascida em Sorocaba, assistente social graduada pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo no ano de 2006. Atuante e com ampla experiência na área de serviço social, com ênfase 
em política social e políticas públicas – assistência social, na qual atua desde sua formação. É pós-graduada em 
direitos sociais e competências profissionais pela Universidade de Brasília. Atualmente é professora assistente 
na Universidade Paulista – UNIP Sorocaba no curso de Serviço Social, onde leciona as disciplinas de Avaliação 
do Trabalho Profissional e Serviço Social e Políticas Públicas. Para mais, consultar a plataforma Lattes: <http://
lattes.cnpq.br/7880171849200009>. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L864 Lopes, Luciana Helena Mariano Lopes
Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço 
Social. / Luciana Helena Mariano Lopes. São Paulo: Editora Sol, 2011.
108 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos 
e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-011/11, 
ISSN 1517-9230.
1.História do serviço social 2.Assistente social 3.Questão social 
I.Título
CDU 361.01
U500.90 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Leandro Freitas
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Sumário
Fundamentos Históricos Teóricos e 
Metodológicos do Serviço Social
Unidade I
1 O ASSISTENCIALISMO .......................................................................................................................................9
1.1 Conceito ......................................................................................................................................................9
1.2 As primeiras formas de assistencialismo no Brasil ..................................................................11
1.3 Formas de assistencialismo .............................................................................................................. 12
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ........................................................................................................................ 14
2.1 As fases da Revolução Industrial ................................................................................................... 17
2.2 O processo de modernização pós Revolução Industrial ....................................................... 17
2.3 O advento do capitalismo ................................................................................................................. 18
2.4 Capitalismo monopolista e o serviço social .............................................................................. 21
2.5 A divisão social do trabalho: introdução ao pensamento de Karl Marx ........................ 21
2.6 As relações sociais e o serviço social dentro do sistema capitalista ............................... 24
3 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL: AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL - UMA BREVE 
ANÁLISE HISTÓRICA ........................................................................................................................................... 28
3.1 O surgimento do serviço social no Brasil.................................................................................... 31
4 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL ........................................................ 36
4.1 A influência norte-americana: o funcionalismo e o 
serviço social de caso, grupo e comunidade .................................................................................... 40
Unidade II
5 O SERVIÇO SOCIAL A PARTIR DA DÉCADA DE 1930 ......................................................................... 47
5.1 O serviço social na década de 1940: os congressos de serviço social 
e sua influência no perfil profissional ................................................................................................. 50
5.2 O serviço social a partir dos anos 1950: rumo a uma renovação crítica ...................... 54
5.3 A década de 1960 e sua influência no serviço social brasileiro ........................................ 56
6 TRAÇOS DO PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL .................................................... 61
6.1 Araxá: a afirmação da perspectiva modernizadora ................................................................ 64
6.2 Teresópolis: a cristalização da perspectiva modernizadora ................................................ 66
6.3 O método de Belo Horizonte: intenção de ruptura ............................................................... 68
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Unidade III
7 A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ....................................................................................................... 74
7.1 O movimento de reconceituação do serviço social ................................................................ 76
8 O SERVIÇO SOCIAL PÓS ANOS 1980: VIVÊNCIAS DA RENOVAÇÃO CRÍTICA ........................... 81
8.1 O serviço social e os anos 1990: consolidação da renovação crítica .............................. 86
8.2 O serviço social na cena contemporânea ................................................................................... 90
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APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
O objetivo destelivro-texto é oferecer ao aluno material de apoio para o acompanhamento da 
disciplina Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos. Esta matéria será a sua primeira 
aproximação com o curso escolhido e pretende estabelecer parâmetros para a compreensão da profissão 
no seu contexto sócio histórico.
A disciplina pretende proporcionar a apreensão crítica em relação ao surgimento da 
profissão de serviço social a partir do contexto decorrente da reprodução das relações sociais 
- perspectiva capital e trabalho, em particular a partir da Revolução Industrial. Objetiva-se 
explicitar, no que se refere à herança do serviço social, as práticas assistencialistas advindas da 
influência europeia e norte-americana, num contexto marcado pelas lutas de classes, ditadura 
na América Latina, tendo seu momento de reconceituação e renovação a partir do acirramento 
do conflito entre as classes.
O serviço social, sob a influência das ciências sociais, reconceitua-se e através de uma reflexão 
teórica que revê seus paradigmas e parte para a regulamentação da profissão, definindo seus espaços 
na sociedade contemporânea.
Iniciamos revendo a questão do assistencialismo no Brasil, suas práticas e formas de organização, 
sua influência nas políticas públicas e como estas, através da distribuição de renda desigual, contribuem 
para a manutenção da acumulação capitalista – o capital na mão de poucos.
INTRODUÇÃO
Qual a função de Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos? Pois é, esta deve ser a grande 
pergunta que paira neste primeiro contato com o curso de Serviço Social. 
Fundamentos são premissas, embasamentos para uma compreensão, para uma ação. São históricos, 
pois a profissão de serviço social é parte integrante de um processo histórico, fruto de determinantes 
que permearam a história. São Teóricos porque dizem respeito aos primórdios do embasamento teórico 
para a ação do assistente social. São metodológicos, pois se referem a métodos, a uma metodologia 
de ação, à prática de serviço social. Enfim, os fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do 
serviço social têm por objetivo esclarecer a origem do serviço social, origem essa localizada dentro da 
sociedade em expansão nos anos 30 do século XX, com o advento e desenvolvimento do capitalismo, 
marcada pela divisão entre as classes sociais e, por consequência, pelas lutas de uma classe – a classe 
trabalhadora – por sua sobrevivência e defesa de seus direitos de cidadania. 
As condições que propiciaram esse emergir do serviço social, sua profissionalização, remetem à 
crescente intervenção do Estado nos processos de regulação e reprodução social, por meio das políticas 
sociais públicas que buscavam dar novas respostas a problemas antigos – as expressões da questão 
social. Foi o contexto de enfrentamento da questão social pelo Estado e empresariado, com o apoio da 
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Igreja Católica, que conduziu à institucionalização e legitimação do serviço social profissional, porém 
sob uma visão da situação de pobreza como ameaça à ordem ou caso de polícia. 
As primeiras iniciativas de organização da profissão vinculam-se ao protagonismo de grupos 
sociais majoritariamente femininos, participantes do movimento católico leigo e responsáveis 
pela ação social da Igreja Católica junto aos segmentos mais vulnerabilizados e empobrecidos da 
classe operária, especialmente crianças e mulheres. 
A Igreja Católica teve importância singular na configuração da identidade que marca a gênese do serviço 
social no Brasil, sendo responsável pelo seu ideário, pelo inicial e incipiente campo de ação, pelas agências de 
formação dos primeiros assistentes sociais. As primeiras escolas de serviço social do país, fundadas em São Paulo 
e Rio de Janeiro, respectivamente em 1936 e 1937, organizaram-se sob forte influência europeia, especialmente 
franco-belga, países nos quais foram formadas as pioneiras do serviço social. As bases da formação, inspiradas 
na doutrina social católica (tomismo) e na tradição positivista, assentavam-se em uma ótica psicologizante e 
de individualização dos problemas sociais, que tendia a buscar as especificidades da questão social na esfera 
ético-moral, reforçando o substrato liberal de que o destino pessoal é de responsabilidade do próprio indivíduo. 
Serão introduzidas as primeiras expressões sociais de desigualdade que necessitavam de respostas 
junto à população. Tais ações visavam sanar as mazelas sociais, pois a pobreza, em seus primórdios, era 
vista como uma disfunção social, um caso de polícia que necessitava de ações emergenciais mesmo que 
desprofissionalizadas. 
O assistencialismo surgiu desde os primórdios da sociedade, nos primeiros agrupamentos sociais, como 
uma forma de resposta às expressões da pobreza, ao desemprego, à questão da criança e de outros segmentos.
A pobreza ocorre no mundo todo e, em especial, em nossa realidade brasileira, pois a própria 
colonização brasileira já expressava a desigualdade social e a necessidade de ações assistencialistas; 
a riqueza era privada e para poucos e se fazia necessário executar ações assistenciais para abarcar os 
empregados dos senhores de terra. Com a evolução de nossa sociedade, essa prática não só mudou como 
era efetuada de modos e maneiras diferentes, por meio de ações assistenciais da Igreja, instituições 
sociais, ações caritativas.
Em seguida, abordaremos a Revolução Industrial e seus impactos na sociedade contemporânea. A 
Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, aonde veio modificar 
os modos e meios de industrialização.
O trabalho deixava de ser manual e rudimentar passando a ser técnico e mecânico. A revolução foi 
dividida em três fases distintas. 
Contemplaremos, ainda, o advento do capitalismo como modo de organização societária e sua 
influência no serviço social. Nesse sistema, as relações se dão entre duas classes distintas: os que 
possuem os meios de produção e aqueles que necessitam vender sua força de trabalho. Introduz-se o 
pensamento de Karl Marx, cujas ideias e ideais expressam que as relações entre estas classes distintas 
produzem muito mais que riqueza e mercadorias: produz desigualdades sociais.
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL
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1 O ASSISTENCIALISMO
1.1 Conceito
O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de assistência, podendo 
muitas vezes esses ser confundidos ou mesclados.
O assistencialismo teve seu início em torno de 3000 a.C., quando era praticado no mundo antigo 
pelas confrarias, em especial as “Confrarias do Deserto”.
Em algumas de suas expressões, o assistencialismo é agregado a uma dimensão espiritual.
O assistencialismo é visto como uma técnica voluntária e espontânea de doação, ajuda ou favor às 
populações menos favorecidas, uma ação filantrópica, na qual se procura proporcionar uma vinculação 
dos assistidos aos que realizaram tal benfeitoria sob o sentimento de gratidão, vínculo e tutela. Ao ser 
desenvolvido pelo Estado, suas ações visam à retribuição por parte dos assistidos, perdendo a intenção 
de ser um direito, devendo ser retribuído eleitoralmente.
O assistencialismo parte de uma concepção do senso comum, sem profissionalização, para o qual as 
ações tidas como de “assistência” não são compreendidas ou entendidas como um direito social e um 
dever do Estado, mas sim comouma prática paternalista e burocrática, reduzindo os serviços e ações 
prestadas a repasses e concessões apenas. Essa ação não é percebida muitas vezes pelos indivíduos, 
pois eles se veem como um objeto de determinada ação e não mais como seres sociais, dotados de 
capacidades e valores.
As ações assistenciais expressam, portanto, uma forma de acessar um determinado bem, expressão 
da benesse, através da doação intencional, que estabelece uma relação que apresenta duas pessoas 
ou partes distintas: um doador e um receptor. Essa relação, mesmo que permeada de boas intenções, 
acarreta a dependência, pois a relação de apadrinhamento pressupõe uma dívida, um devedor que 
mesmo em longo prazo deverá pagar sua dívida.
Em síntese, nas práticas assistenciais, a necessidade se constitui em um objeto de ajuda, em uma 
dificuldade a ser eliminada, num problema a ser resolvido, sem finalidade.
Esse conceito busca justificar a criação de serviços e instituições, pois se verifica na ajuda a melhor 
forma de realizar certa benfeitoria. Tem-se como instituições criadas durante esse período as casas de 
apoio, asilos, albergues, orfanatos; criadas como forma de eliminar algumas demandas sociais por meio 
de ações do Estado ou mesmo dos serviços ou instituições privadas, sem apresentarem o caráter de 
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dever ou de inclusão, apenas como forma e meio de apaziguar situações que demonstravam alguma 
disfunção a ordem social vigente. 
Desses assistidos esperava-se a submissão e dependência, a sua não articulação ou organização, era 
pretendida apenas sua dominação e subordinação.
Alguns filósofos da antiguidade, tais como Aristóteles, Platão, Sêneca e Cícero, refletiram sobre as 
ações assistencialistas e, através de seus estudos verificaram a necessidade de propor uma racionalização 
a essas ações
São Tomás de Aquino (1224-1274) organizou a doutrina cristã, situando a caridade como um de 
seus pilares.
No século XVII, São Vicente de Paulo, na França, trouxe de volta o modelo de confraria para o 
assistencialismo. 
Com a Revolução Francesa, a base da assistência foi deslocada, sendo posicionada como um direito 
do cidadão e um dever de todos de prestá-la.
Os teóricos clássicos (séculos XVII e XVIII) acreditavam que os homens são movidos por paixões que 
provocam desejos materiais que poderiam possibilitar conflitos entre eles. Consideravam que o poder 
não nascia do homem e sim de Deus e, portanto, a vontade divina deveria ser a base de todos os direitos. 
Nessa concepção, surge a necessidade do Estado controlar e atender ao bem comum.
Os clássicos consideravam que o homem vive em competição pela honra e pela dignidade, está em 
constante processo de comparação e sempre se julga mais capaz de exercer o poder público do que os 
que estão no poder. Essas concepções geram conflitos que podem ameaçar a paz
Da Idade Média até o século XIX, a assistência era encarada como forma de controlar a pobreza 
e de ratificar a sujeição. A assistência aqui é o assistencialismo, pois ainda havia um confusão 
entre estes conceitos.
 Lembrete
Assistência: política pública.
Assistencialismo: caridade, doação.
Essa busca de acesso aos bens de consumo coloca o indivíduo em constante conflito entre o espaço 
que ocupa na sociedade e o que deseja alcançar, provocando uma busca por acumulação de bens. Tal 
comportamento pode ter por consequência imediata o aumento da violência, a complacência com a 
guerra e a morte.
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL
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O sistema capitalista implica convivência constante com a distribuição de renda desigual e a moral 
judaico-cristã de caridade e distribuição de bens. Essa contradição é abrandada pela representação 
coletiva de que, se o indivíduo se esforçar, terá condições de acumular bens e melhorar sua condição 
social, implicando uma busca constante de bens materiais, que acirra o espírito competitivo, necessário 
à manutenção do sistema.
Nesse contexto, o assistencialismo surge como uma possibilidade de abrandar conflitos, uma vez 
que desperta o sentimento de gratidão. A relação de benemerência vincula o assistido ao benemérito, 
seja ele público ou privado, abrandando assim os conflitos, uma vez que o indivíduo passa a perceber o 
explorador como benfeitor. Tal prática dificulta a percepção das políticas de assistência como um direito 
do cidadão e um dever do Estado.
1.2 As primeiras formas de assistencialismo no Brasil
A história do assistencialismo no Brasil se confunde com a própria organização 
do estado brasileiro, ao nos reportamos com a primeira organização 
geográfica, as capitanias hereditárias, verificamos que, conforme um decreto 
de Dom João III, o rei de Portugal estabeleceu que o Brasil fosse dividido 
em quinze grandes áreas geográficas que seriam administradas por doze 
famílias portuguesas e que estas terras continuariam a pertencer a Portugal. 
Além disso, essas famílias teriam direitos, amplos poderes e poucos deveres, 
e, em contrapartida, o rei teria a garantia da colonização sem precisar fazer 
investimentos, já que sua maior preocupação era com o comércio nas Índias. 
Através deste processo, garantir-se-ia a submissão à coroa portuguesa 
(COSTA; MELO, 1997).
Por outro lado, a população nativa brasileira jamais teria direito a qualquer terra. Os senhores 
feudais, que eram donos absolutos da terra e de tudo que ela produzisse, ofereciam favores aos 
trabalhadores das terras, o que era considerado como caridade e não como uma forma de trabalho.
O assistencialismo continua durante o período da escravidão, quando os senhores tinham poder absoluto 
sobre os escravos, sendo estes sua propriedade privada. Utilizava-se de meios como a prática religiosa 
obrigatória, por meio da qual os escravos frequentavam as capelas e eram obrigados a servir a fé religiosa 
católica. Tal atitude era apresentada como uma forma de justificar o direito às torturas e aos maus-tratos. Os 
escravos eram obrigados a se adequar à realidade de seus senhores, apropriando-se de sua cultura, hábitos, 
crença e religião. Apesar de não serem remunerados por suas atividades, os escravos muitas vezes recebiam 
presentes, que eram importantes para preservação da imagem de bondade dos patrões.
O processo não foi diferente nas relações de produção agrícola, em que imigrantes e nativos eram 
explorados, não recebiam salários dignos e tinham vinculação de consumo na própria fazenda. Para manter 
esta situação, os detentores do poder pagavam o salário, que mal dava para os empregados manterem-se, 
forneciam crédito como uma forma de preocupação e assistência, além de relações de apadrinhamento 
que causavam dependência e falsa sensação de aceitação do empregado no seio da família do patrão. 
Essas situações e esses pequenos presentes serviam para abrandar conflitos e revoltas trabalhistas.
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As práticas assistencialistas, mesmo com a evolução do contexto histórico brasileiro, continuaram.
Já no início do processo de industrialização, exatamente no governo de Getúlio Vargas, manobras 
assistencialistas permeavam a administração,vista a ampliação da classe trabalhadora devido a essa 
mesma industrialização. Nesse período, foram criadas as legislações trabalhistas, pois se verificou que 
não se poderia atenuar os conflitos sociais apenas pela a força. Criou-se desse modo, um pacto, pacto 
de natureza populista, com uma mentalidade de direito. O direito , nesse caso, era expresso através da 
doação de bens e benefícios, a fim de evitar a revolta dos trabalhadores.
Esse pacto consistia na oferta gratuita de direitos trabalhistas em troca da passividade dos 
trabalhadores enquanto classe, impedindo a luta por direitos, abafando suas lutas, além de passar 
a imagem de Getúlio como um presidente comprometido com o povo. Porém, esse pacto, mesmo 
na forma de uma política ou legislação, não rompia com o caráter assistencialista impresso nessas 
ações, pois elas nada mais eram do que uma forma de atenuar os conflitos entre as classes sociais.
Acredita-se que uma das mais expressivas formas de assistencialismo expressas no Brasil se deu 
a partir da criação, em 1942, da Legião Brasileira de Assistência – LBA, no governo Vargas, sob a 
influencia de Darcy Vargas e com uma roupagem do primeiro damismo, sendo o primeiro damismo a 
institucionalização do assistencialismo na figura da mulher do governante.
Tal ação assistencialista perdura até os dias atuais, porem com uma nova feição. Tem-se em todo 
Brasil os “Fundos de Solidariedade” que nada mais são do que uma LBA sob uma nova roupagem. Os 
Fundos proporcionam, até os dias de hoje – mesmo com todo o evoluir das políticas sociais publicas –, 
o assistencialismo nu e cru. Muitas instituições políticas e partidárias se utilizam desse como forma de 
arrebanhar votos, voltando às velhas práticas.
Com esse breve relato histórico, percebemos que o assistencialismo no Brasil sempre foi utilizado 
como forma de abafar os conflitos entre explorados e exploradores, servindo para mascarar situações 
precárias de trabalho e acúmulo de capital nas mãos de poucos.
Questão para reflexão: 
Na sua concepção, quanto às ações efetivas nos dias atuais, você acredita que as atividades 
desenvolvidas ainda são de caráter assistencialista ou já têm um cunho mais assistencial sob a ótica do 
direito e da cidadania?
1.3 Formas de assistencialismo
Historicamente, as primeiras formas de assistencialismo observadas eram estabelecidas pelas igrejas, 
como um dever moral, fundamentadas sob a ótica da ajuda e da solidariedade.
A Igreja Católica foi à instituição religiosa que mais se destacou nas ações assistencialistas. 
Ao assumir esse papel, desenvolvia práticas humanistas e voluntárias a fim de abafar possíveis 
conflitos sociais. Tais práticas podem ser notadas em diferentes contextos, como no caso dos 
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asilos, internatos e orfanatos para crianças e jovens, hospitais, ou em equipamentos de segregação 
social, como os hospícios, leprosários ou os dispensários de tuberculose.
Marca com forma ou expressão do assistencialismo a filantropia. A filantropia é entendida como 
uma prática humanitária na qual se realiza a doação – material ou em espécie – como forma de 
desenvolvimento de um trabalho social. Ela é encarada como uma forma de desenvolver e promover 
uma mudança social sem a intervenção do Estado.
São expressões ainda do assistencialismo, a solidariedade, a caridade, o apadrinhamento, a 
benemerência, como também, o primeiro damismo, por meio de ações das primeiras-damas em fundos 
sociais de solidariedade. 
Expressa-se também como forma de assistencialismo, a assistência dispensada por algumas 
instituições e organizações, desprofissionalizadas e com caráter apenas caritativo.
Podem-se exemplificar algumas ações assistencialistas em nosso cotidiano, como a doação de roupas 
e brinquedos através de campanhas; doação de sopa para pessoas em situação de rua; apadrinhamento 
de crianças e idosos em períodos específicos; entre outras.
Observam-se hoje diferentes grupos assistencialistas distribuindo alimentos nas ruas, garantindo a 
subsistência dos indivíduos nas vias públicas, sem se aliarem à cobrança de políticas de inserção desses 
indivíduos nas ações em atividade nos municípios e nos estados; ou, ainda, programas governamentais 
de transferência de renda que não conseguem prever, a médio ou longo prazo, capacitações para o 
trabalho, ou expectativa de inserção em programas de geração de emprego, perpetuando programas de 
distribuição de cestas básicas, roupas etc.
Verifica-se que tais ações, que permearam e ainda permeiam a sociedade brasileira, confundem-se, 
muitas vezes, com as políticas sociais e as políticas públicas, com a assistência social, que é um direito e 
um dever do Estado, visto que muitas das vezes, tais ações ainda são enxergadas com um caráter de não 
direito. Essas práticas dificultam, ainda, a implantação e implementação de políticas públicas, a inclusão 
social, o protagonismo dos sujeitos sociais e o resgate de cidadania dos segmentos vulnerabilizados, pois 
são enxergadas apenas como uma prática em si e não como uma política de acesso aos mínimos sociais.
 Lembrete
Assistencialismo: prática voluntarista, de caridade e solidariedade. Já 
assistência social é um direito e um dever do Estado.
Questão para reflexão:
Qual a sua opinião sobre o assistencialismo?
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2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Figura 1 – Workmen Leaving Platt’s Works, Oldham 20th August 1900. 
A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, com a transição da 
manufatura e cultura artesanal para a mecanização dos sistemas de produção, encerrando a transição entre 
feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil 
sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
Esse período passou a ser considerado a Idade Moderna, definida como a busca de alternativas para 
melhorar a produção de mercadorias. O crescimento populacional incentivou a burguesia detentora do 
capital, na época, a buscar maior produção a menores custos.
Salienta-se que este século possuía várias particularidades. Foi um século marcado pelo grande 
avanço tecnológico nos meios de transportes, com a invenção da locomotiva e dos trens a vapor; o 
advento das máquinas. Com as máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou-se o 
modo de produzir, substituindo o homem nas suas funcionalidades.
Não foram só os avanços tecnológicos que marcaram esse século, mas sim os reflexos que esses 
avanços proporcionavam à sociedade. A baixa nos custos das mercadorias acelerava o ritmo de produção, 
fazia crescer, na mesma escala, o desemprego e a insatisfação.
O trabalhador passou a ser considerado também como máquina, passível de regulagem e ajustes.
Ao se substituir as ferramentas por máquinas, substituindo o ser humano e sua energia pela energia 
gerada por uma máquina, configurou-se a Revolução Industrial, processo esse que veio a revolucionar a 
história através da evolução que ele imprimiu – revolução e evolução tecnológica. 
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As primeiras expressões do desenvolvimento da produção industrial tiveram início na Idade Média, 
com o desenvolvimento da manufatura, através de atividades de cunho doméstico e artesanal.
A manufatura, mencionando-a dentro desse contexto, era resultante do processo de ampliação 
da produção e do consumo de determinadas mercadorias, pela qual o pequeno produtor, nesse caso 
o artesão, a fim ampliar e aumentar a produção, introduziu-se nos modos de produção industrial 
realizando, domesticamente, uma parte da produção. Logo após esse fato, vendo que eram insuficientes 
essas relações de partilha, surgiram as primeiras fábricas. 
 Saiba mais
Para conhecer ainda mais assistam o filme 
Tempos Modernos. Dir. de Charles Spencer Chaplin, 87 minutos, 1936.
Com o surgimento dessas, uma nova relação se introduzia, a relação de trabalho e de assalariamento. 
A produtividade aumentava em longa escala, sendo fruto dessa divisão, chamada de divisão social 
e técnica do trabalho, que delimitava papeis, aumentava a produção e reduzia a participação do 
trabalhador em todas as etapas da confecção da mercadoria.
No período de maquinofatura – trabalho realizado já por máquinas – o trabalhador passou a ser 
regido pelo tempo e funcionamento da máquina, quando a gerência de seu próprio corpo era realizada 
por alguém fora dele. É nessa “coisificação” e “desumanização” do trabalho que a Revolução Industrial 
se consolidava. 
A particularidade da Revolução Industrial ocorre exatamente na Inglaterra porque, nesse período, 
ela vivia uma situação privilegiada, pois possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, 
fonte de energia para movimentar máquinas, como também grandes reservas de minério de ferro, 
principal matéria-prima utilizada nesse período. Era privilegiada, também, no contingente de mão 
de obra disponível, motivada pelo processo do êxodo rural para os centros urbanos, o que ampliou o 
mercado consumidor inglês.
A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes das outras nações, pois contava com 
particularidades que a favoreciam. O grande acúmulo de capital, de mão de obra e matéria-prima 
vinham a privilegiar sua ascensão enquanto nação industrializada e evoluída tecnologicamente.
Outro fator relevante era o modelo de Estado, pois a Inglaterra convivia, desde 1688, com a Revolução 
Gloriosa, um modelo de estado liberal. Essa particularidade fazia com que a Inglaterra vivenciasse esse 
modelo estatal um século antes da Revolução Francesa.
A Revolução Industrial poderia também ser chamada de Revolução fabril, pois uma de suas 
características era a concentração dos trabalhadores em fábricas. Essa característica produzia uma 
separação, que se pode dizer uma separação entre classes sociais, aspecto esse particular ao trabalho 
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em si – o trabalho, desde essa época, é caracterizado como elemento de fundação para as relações, 
separando o capital dos meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima) do trabalho. 
A Revolução alcançava patamares que iam além do chão da fábrica. A evolução gerada por esta 
proporcionava o desenvolvimento. 
Mesmo com o desenvolvimento das cidades, a vida dos que vivenciavam essa realidade não acompanhava 
o ritmo das engrenagens das máquinas. A situação para os camponeses e artesãos era difícil, vivenciando 
uma realidade que não evoluía, só involuia. A partir das ideias advindas da Revolução Francesa, as classes 
dominantes procuraram “apaziguar” os ânimos, pois verificavam que outro tipo de revolução poderia surgir 
e acabar com seus sonhos dourados e enriquecedores. Para tal, criou-se a Lei Speenhamland, que garantia 
subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar pela ausência do trabalho.
 Lembrete
A Lei Speenhamland, ou Lei dos Pobres simplesmente, foi implantada na 
Grã Bretanha, na qual eram garantidos, através de ações de proteção social, 
mínimos sociais por parte do Estado.
Em consequência desse aumento da produção, cresceu a concorrência que ameaçava o capital. 
Para tanto, foi encontrada uma solução: a formação de cartéis e associações, que originou o 
capitalismo monopolista.
Surgiram, nesse contexto, as grandes corporações, que objetivavam o agrupamento do capital e 
garantiam sua expansão com muito mais impacto. A administração passa dos capitalistas individuais 
para setores administrativos que são responsabilizados pela circulação do capital, da força de trabalho 
e sua mercantilização.
A necessidade de aumentar o consumo para fazer girar a produção trouxe a proposta de 
expandir o mercado para dentro da vida familiar, que até então se autogeria em suas necessidades 
de alimentação e vestuário. O capitalismo começou a industrializar alimentos e vestuários, o que 
levou à dependência toda a vida social. Para tanto, desprezou a capacidade de produzir os alimentos 
e objetos necessários para a vida cotidiana (cultura de subsistência) no contexto doméstico, e 
supervalorizou a capacidade de consumir os produtos oferecidos no mercado.
As fábricas do início da Revolução Industrial eram insalubres e priorizavam a produção, sem considerar 
a necessidade de preservação das condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora. Os salários 
eram baixos e ocorria a contratação de mão de obra infantil e feminina, com jornadas que chegavam a 
dezoito horas diárias. Funcionavam em ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos.
Os trabalhadores, incluindo mulheres e crianças, eram sujeitados a castigos físicos, não possuíam 
direitos trabalhistas ou qualquer outro benefício. Por outro lado, a situação de desemprego gerava uma 
condição de extrema precariedade, levando o trabalhador a aceitar as péssimas condições de trabalho.
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Mesmo com um sistema que gerava a dependência pelo medo da perda do trabalho, ocorreram 
muitas manifestações de denúncia e revolta para que fossem suscitadas mudanças nas condições de 
trabalho. Uma das mais expressivas manifestações ocorridas nesta época foi o Ludismo, uma forma de 
manifestação e expressão por parte dos trabalhadores que consistia na quebra de máquinas. Os ludistas 
invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos como forma de protesto e revolta pela situação em 
que viviam. 
Também foram consequências do processo de Revolução Industrial a poluição ambiental e sonora, o 
êxodo rural, além do desemprego, que ainda é um problema nos dias atuais. 
Questão para reflexão:
Com o advento da máquina, ocorreu uma desumanização do ser, ou seja, o trabalho que se apresenta 
como categoria fundante do ser social representa agora sua alienação. Nos dias atuais, você ainda 
verifica essa desumanização nas expressões e formas de trabalho?
2.1 As fases da Revolução Industrial
A Revolução Industrial, mesmo sendo um movimento único, tomou em seu evoluir rumos 
diferenciados que podem dividi-la em fases. 
A primeira fase da Revolução Industrial aconteceu entre os anos de 1760 a 1850. Nesses anos a 
Inglaterra, primeira a aderir a esse novo modelo produtivo, liderava todo o processo de industrialização. 
As particularidades expressas pelo seu desenvolvimento técnico-científico foram significativas, pois ela 
foi terreno das primeiras máquinas confeccionadasem ferro e que utilizavam o vapor como força motriz. 
Já a segunda fase se iniciava logo na década de 1850, marcada pela aceleração do processo de 
industrialização, uso de novas tecnologias e matérias primas, descoberta de novas fontes de energia, 
entre outros. 
A terceira fase da Revolução industrial ocorreu logo após a Segunda Grande guerra, quando a 
economia internacional começava a passar por profundas transformações. Essa nova fase apresenta 
processos tecnológicos decorrentes de uma integração física entre ciência e produção, também chamada 
de revolução tecnocientífica.
2.2 O processo de modernização pós Revolução Industrial
O processo de modernização ocorrido pós Revolução industrial acelerava o ritmo da produção industrial. 
Marcaram esse contexto o boom de inovações tecnológicas, a evolução no processo de transformação 
da matéria-prima, uso de máquinas mais evoluídas e automáticas, com menor uso da força humana.
A evolução nem sempre gera uma apropriação completa por parte de todos os partícipes desse 
processo. Com a aceleração do processo evolutivo dos modos de produção, pensava-se em modos de se 
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obter mais lucro e gastar menos. Para tal, um reordenamento geral foi elaborado e estabelecido, no qual 
os trabalhadores passavam por um processo de especialização de sua mão de obra, pela qual só tinham 
responsabilidade e domínio sob uma única parte do processo industrial, não tendo mais ciência do valor 
da riqueza por eles produzida. Isso gerava lucro.
O trabalhador passava agora a ser assalariado, vendendo sua força de trabalho; porém seu salário nem 
sempre condizia com o que ele produzia. Essa mudança só pôde ser concretizada pelo modelo de sociedade 
– dividida em classes distintas – e pelo controle que essas tinham do processo de produção da economia.
Com essa divisão de tarefas e papeis, o controle e acesso à matéria-prima eram monopolizados, o 
que favorecia a burguesia. 
Durante o século XX, outros pensamentos permearam o sistema capitalista. As ideias do 
industriário Henry Ford e do engenheiro Frederick Winslow Taylor vieram a somar à “evolução” 
industrial. Com uma metodologia que otimizava o tempo e tinha como premissa a eficiência do 
processo produtivo, agilizava-se as respostas que essas teriam para o mercado e consequentemente, 
o lucro seria maior. 
Diz-se que vivenciamos atualmente uma quarta Revolução industrial. 
Em diferentes países, o processo de modernidade não parou; a cada dia o avanço tecnológico 
substitui a necessidade de mão de obra trabalhadora e exige um nível de especialização dessa mão de 
obra nem sempre disponível para atender as demandas.
Nessa nova relação de trabalho, a mão de obra excedente vê-se obrigada a buscar novas vias para 
subsistir, subalternizando as condições de produção e de trabalho. 
A família perde a capacidade de suprir suas necessidades mínimas e básicas de subsistir, sofrendo um 
enfraquecimento, demandando uma atuação do Estado, que tem uma função reguladora das relações sociais.
O Estado, a serviço do capitalismo, cria equipamentos sociais e regulatórios que enquadram e 
fragmentam as relações sociais. Seus aparatos servem, também, como modo de alienação e submissão.
Na expansão do capitalismo, novas necessidades e novos serviços surgem para responder às demandas 
da vida capitalista, e a cada necessidade um serviço é oferecido, num processo de mercantilização de 
todas as ações da vida dos indivíduos.
2.3 O advento do capitalismo
O sistema capitalista surgiu e concretizou-se como sistema econômico durante o século XVI, com as 
práticas industriais e mercantis no continente europeu.
Como modo de produção, o capitalismo passou a se assentar em relações sociais de produção 
capitalista, marcadas fundamentalmente pela compra e venda da força de trabalho. 
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Esse sistema relaciona-se com a produção. A produção é uma atividade social na qual 
se estabelece a cooperação entre os homens, porém essa relação depende do nível dos meios 
de produção. Ela ainda reproduz a condição de existência humana através de meios materiais: 
produção social = relação social.
O capital é o determinante de todo processo de vida e suas relações. Ele pode ser expresso por 
mercadorias e dinheiro. O capital, portanto, se expressa sob a forma de mercadorias: meios de produção 
e meios de vida necessários para a reprodução da força de trabalho.
Entende-se por mercadoria um objeto útil, que tem uma utilidade dentro do processo reprodutivo, 
com valor de uso, com uma grandeza social. É sabido que nem toda mercadoria é capital.
O capital é propriedade do capitalista, como também o trabalho – força de trabalho vendida ao 
empregador pela classe trabalhadora. O capitalista monopoliza os meios de produção e de subsistência.
Toda relação existente no capitalismo supõe uma condição de assalariamento. A condição de 
assalariamento é intimamente ligada à venda da força de trabalho do proletariado. Esta é trocada por 
valores, mesmo estes sendo diferentes do que os trabalhadores realmente deveriam receber – aí que 
está a criação do antagonismo e da desigualdade, pois nessa relação é extraída a mais-valia, que não é 
apropriada por aqueles que estão do outro lado da esteira.
A história do capitalismo é a história das classes sociais, o elemento definidor do capitalismo, seu 
traço distintivo é a posse, de maneira privada, dos meios de produção por uma só classe e a exploração 
da força de trabalho daqueles que não a detém.
 Lembrete
A sociedade capitalista é a expressão histórica do desenvolvimento 
social e, portanto, necessária à expansão das forças produtivas do trabalho.
Considerando seu processo de desenvolvimento, pode-se dividir o capitalismo em três fases: 
capitalismo comercial, industrial e financeiro.
A primeira fase do desenvolvimento do capitalismo em muitas literaturas é confundida com a 
Revolução Industrial. Essa fase é caracterizada pelo grande desenvolvimento tecnológico que veio a 
fomentar a evolução da indústria.- mecanização, divisão do trabalho, especialização da mão de obra.
A I Guerra Mundial influenciou fortemente o sistema capitalista. O mercado internacional se 
restringiu, a moeda ficava defasada, entre outras alterações. 
É no berço da estruturação do capitalismo, após a Segunda Guerra Mundial - 1945, que surge o 
serviço social, vinculado às políticas sociais estatais, como o agente de implementação dessas políticas.
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Importante ressaltar que as políticas sociais, embora em sua maioria representem conquistas das 
classes trabalhadoras, passaram a serem instrumentos de intervenção estatal a serviço do projeto 
hegemônico do capital, garantindo a manutenção do sistema vigente e abrandando conflitos entre o 
capital e o trabalho.
Nesse contexto, surge a primeira contradição do trabalho técnico do assistente social: a necessidade 
de reprodução do sistema, garantindo os interesses do capital em contraponto à luta dos trabalhadores 
pela conquista e defesa de direitos. Tal contradição coloca ao profissionala necessidade de uma opção 
política, inserida nas contradições entre as classes e na disputa por interesses.
 Saiba mais
Para se aprofundar sobre o capitalismo não deixem de assistir:
Capitalismo: Uma História de Amor. Dir. Michael Moore, 120 minutos, 
2009.
Evolução do sistema capitalista
1. Capitalismo – crescimento econômico de 1945-73;
2. Produção: fordista/taylorista – produção em massa;
3. Reprodução: keynesianismo – sistema de regulação social;
4. Distribuição: cadeia de lucro;
5. Consumo: consumo em massa.
Pós-73 – Crise do capitalismo (crise estrutural)
1. Superprodução;
2. Hiperinflação;
3. Crise do petróleo;
4. Queda da taxa de lucro.
Fases do capitalismo:
• Capitalismo mercantilista: colonialismo, constituição de um Estado-nação, que controlava e 
promovia o acesso aos direitos civis. Sua ideologia era liberal.
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• Capitalismo liberal ou concorrencial (final do século XVIII): esse foi resultado da Revolução 
Industrial e teve duas subfases: uma que se iniciou em 1848 como o advento da máquina a 
vapor e outra de se iniciou a partir de 1873. As ligações comerciais entre os subsistemas centrais 
e periféricos – puramente econômicas e não monopolistas. Consolidação Estado-nação e dos 
direitos políticos. O liberalismo é tido como visão de mundo e coloca o Estado à margem das 
atividades econômicas.
• Capitalismo organizado: final do século XIX.
• Capitalismo desorganizado: final da década de 1960.
Questão para reflexão:
O que vem a ser o sistema capitalista? No Brasil, você observa a presença desse modelo econômico?
2.4 Capitalismo monopolista e o serviço social
O sistema capitalista apresenta-se em sua fase monopolista, expressa-se através de massivos 
investimentos da região central até sua periferia. Denomina-se, também, como neocapitalismo ou 
simplesmente neocolonialismo.
Sua maior característica se mostra através das relações de dominação e dependência.
Seu ápice ocorreu no pós Segunda Guerra Mundial, com o avanço da constituição do Estado-nação 
nos subsistemas periféricos.
A ideologia que imperava era de pós-liberalismo.
O capitalismo se dividiu em duas subfases:
a. Clássica: com o esgotamento da expansão advinda da primeira revolução tecnológica.
b. Capitalismo tardio: terceira revolução tecnológica (1940-45). Teve uma crescente automação e regulação 
eletrônica da produção, como também uma internacionalização e centralização do capital. Advém um 
espírito individualista e a competição sem limites que dá lugar à fé na ciência e na técnica.
O serviço social entra nessas nuances do desenvolvimento econômico, como parte acessória do 
sistema capitalista.
2.5 A divisão social do trabalho: introdução ao pensamento de Karl Marx
O marxismo se baseia no materialismo e no socialismo científico, constituindo, ao mesmo tempo, 
uma teoria geral e o programa dos movimentos operários, tendo suas bases de ação nestes movimentos, 
porque eles unem a teoria à prática.
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Karl Marx com sua teoria – muitos chamam de método de Marx – desvenda as leis do desenvolvimento 
do capitalismo, revelando que para cada época ou contexto histórico, um modelo de produção é 
vivenciado e, por consequência, um sistema de poder é estabelecido. Para ele, as relações existentes no 
sistema capitalista de produção estabeleciam relações de poder tais, que pela apropriação dos meios e 
modo de produção eram vivenciadas relações entre classes antagônicas. 
Figura 2 – Karl Marx, 1875.
Marx pauta sua teoria nas relações oriundas do trabalho, estabelecendo este como motor das demais 
relações sociais. Identifica também as relações de produção que iniciam e introduzem as relações sociais.
A relação fundamental do capitalismo tinha por base o assalariamento. Através desta relação, 
um contrato era firmado entre o empregador e o trabalhador, contrato esse com objetivos 
distintos. Era estabelecido que o trabalhador vendesse sua força de trabalho ao empregador e em 
troca desta era-lhe pago um salário. Essa era sua mercadoria dentro desta relação de mercado
O capitalista pagaria aos trabalhadores um salário em troca do seu trabalho. O trabalho era 
desenvolvido, porém o valor pago por esse não condizia com as horas que eram disponibilizadas ao 
empregador, ou seja, dentro dessa relação de compra e venda, o capitalista retirava maior proveito e 
ainda lucrava com este trabalho excedente e não pago.
Para Marx, o trabalho humano é único que o diferencia das demais espécies, segundo sua ação com 
a natureza. Todo trabalho operado pelo homem tem uma intencionalidade previamente elaborada, ou 
seja, ele elabora um processo de trabalho, com o uso consciente e racional da natureza e a compreensão 
dessa intencionalidade processual.
O trabalho envolve um ato criativo que vai além da atividade instintiva. Além de transformar o objeto 
que está sendo elaborado, ele também se transforma numa busca por aperfeiçoamento. Cria novas 
possibilidades de ação, possibilitando uma socialização desse conhecimento apreendido para outros 
indivíduos, que poderão reproduzir o trabalho ou propor novas formas de executá-lo, independentemente 
de o terem criado.
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Essa força de trabalho, segundo Marx, como base na relação capitalista de produção, é vendida 
para um empregador que possui os meios de produção. Tal relação implica três fatores anteriores: a 
separação da força de trabalho dos meios de produção, o desejo dos trabalhadores de vender sua força 
de trabalho e do empregador de utilizar esse trabalho, acumulando capital.
Segundo o marxismo, o capitalismo encerra a contradição fundamental entre o caráter social da 
produção e o caráter privado da apropriação, que forma a base para o antagonismo de classes. 
Entende-se por caráter social da produção, a divisão técnica do trabalho, na qual há a organização 
do trabalhador no interior da fábrica e a delimitação de tarefas e funções. A atuação imposta aos 
trabalhadores imprime uma atuação solidária e coordenada. Mesmo se falando de um caráter social da 
produção, o produto do trabalho não se revela com um produto social, pois a propriedade é privada do 
capitalista e nem sempre a mercadoria é uma mercadoria social e com valor de uso ou valor de troca. O 
produto do trabalho social, portanto, se incorpora a essa propriedade privada. 
Marx descreve o valor de uso e o valor de troca no modo produtivo como quando um objeto, útil a 
alguém, passa a possuir um valor de uso, uma utilidade dentro desse contexto relacional, pois o que se 
vê é que essa utilidade que o torna valorativa ao uso.
O processo de organização das comunidades implica uma base de divisão do trabalho elaborado por 
diferentes indivíduos. Os processos de trabalho para a criação dos produtos eram responsabilidade de 
cada indivíduo da comunidade, e muitas habilidades eram desenvolvidas por todos para a manutenção 
da vida, ou seja, para a reprodução social do trabalho.
O capitalismo se apropria do trabalho e dáa ele um valor de troca; todavia, essa troca demonstra que 
o capitalista, detentor dos meios de produção, o organiza, enquanto a realização desse trabalho decorre 
do conhecimento do trabalhador. A diferença entre o custo real da mercadoria (matéria-prima e custo 
da força de trabalho) e o custo ofertado no mercado, que permite a acumulação de capital pelo detentor 
dos meios de produção, é denominado por Marx como mais-valia.
Esse valor advém do tempo trabalhado e refere-se ao momento em que o 
trabalhador tem seu valor de uso enquanto força de trabalho utilizada por 
mais tempo do que o necessário para a sua reprodução social. (...)
Num primeiro momento, essa mais-valia limitava-se à extensão da jornada 
de trabalho, ao que se chama de mais-valia absoluta. Com o avanço 
tecnológico e a possibilidade de produzir mais em tempo menor, esse valor 
excedente apropriado pelo capitalista refere-se à mais-valia relativa (MARX; 
ENGELS, 1952). 
A divisão social do trabalho imposta pelo capitalismo inicia-se com os sistemas de cooperativas 
pelos quais os trabalhadores são aglomerados e as vantagens da utilização em massa da força de 
trabalho são visíveis.
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As pequenas oficinas são substituídas por grandes salões, onde todos trabalham, revelando que a 
associação entre os homens os torna mais produtivos, propiciando um aumento ainda maior de acúmulo 
de capital. 
A centralização do trabalho em um único local possibilitou uma melhor observação de seu processo, 
essencial para o controle do trabalho por parte do capitalista. Surgem novas demandas para esse 
controle, como serviços de supervisão, entre outros, para manutenção da ordem na produção, utilizando 
coerção, violência e castigo no interior das fábricas. Essas medidas ainda teriam de ser ampliadas para 
dar conta do processo de industrialização que estava em curso.
A divisão social do trabalho efetiva-se pela distribuição das tarefas entre os diversos trabalhadores, para 
que esses, especializados em um dado fazer, sejam mais rápidos e, com isso, aumentem a produtividade 
sem ter a compreensão de todo o processo de trabalho, mecanizando as ações e impedindo o processo 
de criatividade. Cabe ao trabalhador saber apenas o necessário para cumprir suas tarefas.
O capitalismo substitui o saber em troca de uma automação da mão de obra fragmentada, criada de 
acordo com as necessidades do capital.
Esse processo deu origem à Revolução Industrial, que utilizou as máquinas para tornar mais barato o 
custo de produção dos bens e possibilitou a diminuição da jornada de trabalho e o aumento ainda maior 
da produção, sem o correspondente aumento de salário, propiciando assim um aumento do acúmulo de 
capital pelos detentores dos meios de produção.
Segundo Marx, o sistema capitalista não garante meios de subsistência a todos os membros da sociedade. 
Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores desempregados, que 
ele chamou de exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, as 
reivindicações operárias.
Questão para reflexão:
Segundo sua apreensão quanto ao texto, você acredita ter a divisão do trabalho um caráter social?
2.6 As relações sociais e o serviço social dentro do sistema capitalista
O serviço social como profissão inserida na divisão social do trabalho tem algumas singularidades 
no seu “fazer profissional”.
O estudo da profissão de serviço social procura seu significado dentro da sociedade capitalista, ou 
seja, através de sua compreensão. A reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do 
processo social, a reprodução de determinado modo de vida, ou seja, o modo de como são produzidas e 
reproduzidas as relações sociais na sociedade.
O trabalho apresenta-se como base da vida social, ou seja, é por ele e através dele que o homem se 
relaciona consigo mesmo e com o meio, utilizando de sua racionalidade para apropriar-se dos recursos 
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naturais. O homem é impulsionado por necessidades básicas e vitais na manutenção de suas existenciais, 
dessas necessidades surgem outras, formando um conjunto de relações sociais, fazendo-o um ser social e 
histórico dentro desse processo. Assim, o homem realiza sua práxis, atividade na qual ele transforma a si 
e o meio, ação na matéria, criando uma nova realidade humanizada, cuja forma privilegiada é o trabalho.
 Lembrete
A práxis relaciona-se a uma atividade prática de transformação. Esse 
conceito surgiu de modo aprimorado por Karl Marx. Para Marx, a práxis é 
uma atividade humana, prática e crítica que nasce na relação do homem 
com a natureza.
Segundo Marx, o primeiro ato histórico pelo qual podemos distinguir os homens dos demais animais 
não é o de pensar, mas o de começar a produzir os seus meios de vida. 
No processo de trabalho, os homens criam determinadas relações entre eles, relações essas 
chamadas de relações de produção, pelas quais desenvolvem suas capacidades produtivas através da 
força desempenhada por seu trabalho, constituindo o modo de produção. Esse nível de produção é que 
constitui os diferentes tipos de classes sociais.
São as relações de produção que determinam a divisão das classes sociais, segundo suas condições 
materiais: os que detêm os meios de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho.
Para Marx, é por meio do trabalho, atividade intencional e racional, com finalidade, que o 
homem transforma a natureza a fim de obter a realização de suas satisfações. Nessa relação há uma 
mútua transformação, pois ao apropriar-se do recurso natural, o homem transforma a natureza e a 
si mesmo. É essa ação intencional e racional que diferencia os homens dos animais, como também 
a consciência e a religião.
Através do trabalho, também através das relações sociais que se iniciam os modos de vida social, 
as ideias, as concepções de mundo, criam-se novas necessidades, os valores, uma vez que mesmo 
com a produção de objetos inanimados por esses homens, seus instrumentos de trabalho, seus 
modos de vida, proporcionam que eles também produzam novas capacidades e qualidades humanas, 
humanizando e criando novas necessidades.
A teoria social de Marx inaugura uma ontologia social e coloca as bases para a compreensão da 
totalidade histórica da ordem burguesa.
A ontologia do ser social tem um vínculo com a realidade histórica, buscando reproduzir a dinâmica feita 
pela história segundo seu conhecimento, não desprezando a totalidade em nenhuma de suas dimensões.
Revelou-se que não é possível um conhecimento teórico neutro, uma ciência neutra. Associou-se a 
perspectiva de classe às teorias a fim de entender a realidade para depois revolucioná-la.
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Marx não separa a teoria do método, ou a teoria e a realidade, elaborando uma analise intelectual e 
teórica do conteúdo revolucionário.
O método dialético de Marx é revolucionário, entender e criticar o modo de produção capitalista e os 
antagonismos existentes, visando à sua superação. Sua dialética reconhece a negatividade do processohistórico e sua totalidade, fazendo uma analise econômica e política da relação entre capital e trabalho 
dentro do modo de produção capitalista.
A crítica que a teoria social de Marx estabelece é ontológica, pois desvenda o processo de 
desumanização do ser social dentro da ordem burguesa, dentro da categoria fundante que é o trabalho 
e seu processo histórico nesta realidade social.
O método de Marx fundamenta-se na perspectiva de totalidade, suas dimensões constitutivas e 
o processo de reprodução histórica, busca entender as mudanças dentro do processo, os fenômenos 
da sociedade capitalista e suas funções, apreender a legalidade da ordem burguesa e as formulações 
teóricas, expressando o movimento da própria realidade sócio histórica.
 Lembrete
O contexto que se insere esta perspectiva apresentava como mudanças 
socioculturais são:
Economia: Revolução Industrial.
Política: rompimento com o absolutismo e consolidação do estado moderno.
Ideologia e cultura: ideais Iluministas.
Modernidade: Revolução Industrial e Revolução Francesa.
O serviço social na Europa e nos Estados Unidos aparece vinculado à expansão do capitalismo 
monopolista como forma de garantir a reprodução desse sistema e das relações sociais que davam suporte 
ao trabalho alienado. O Estado passou a incorporar o trabalho do assistente social na implementação de 
políticas sociais que objetivavam atenuar os conflitos entre o capital e o trabalho, e combater a ameaça 
das ideias comunistas entre as classes subalternas.
Tal contexto sociopolítico de centralização e intervenção estatal na condução de políticas econômicas 
e sociais evidencia as expressões da questão social como matéria-prima do serviço social, sua base e 
primeira linha de ação, justificando sua relevância na constituição de seu espaço profissional dentro da 
divisão social e técnica do trabalho. 
O serviço social, inscrito na divisão social e técnica do trabalho, dentro do processo de reprodução 
das relações sociais, aparece como uma alternativa auxiliar do Estado através de serviços sociais. É uma 
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expressão do trabalho coletivo através das relações antagônicas geradas pelo capital. Nesta perspectiva, 
o serviço social apresenta-se como mediador dos serviços sociais estabelecidos pelo Estado, partícipe do 
processo de reprodução das relações sociais, partícipe desse processo social. 
As maiores áreas de atuação do serviço social nessa gênese se pronunciavam pela prestação 
dos serviços sociais, na garantia mínima de sobrevivência, como complementação salarial, salário 
indireto aos trabalhadores; subsidiando sua reprodução física, intelectual e espiritual, como também 
de sua família. É a garantia do aumento da produtividade e da subordinação do trabalhador, pela 
manutenção do exército industrial de reserva – EIR, a competitividade, institucionalizando a pobreza 
e mantendo a “paz social”.
Os serviços sociais são expressão dos direitos sociais do cidadão, embora sejam ministrados e 
ofertados por intermédio das relações de trabalho ou na cessão de seu trabalho. Esses são expressão da 
divisão riqueza socialmente produzida – ou parte dela – sob a forma de rendimentos.
Em resumo, é um direito do trabalhador, reconhecido pelo próprio capital, que se torna um meio de 
reforço do paternalismo do Estado e da retomada do coronelismo.
Com o crescimento das demandas por bens e serviço dirigidas ao Estado pela classe trabalhadora, 
abriu-se um novo mercado de trabalho no campo das políticas sociais, onde o assistente social atuaria 
como executor de programas sociais.
Nesta unidade, será apresentado, no que se refere à gênese do serviço social, um contexto mais geral 
e mundial. 
O serviço social – contexto geral – surgiu sob forte influência norte-americana do modelo de 
caso, grupo e comunidade, sob a influência do pensamento de Mary Elly Richmond. Já no Brasil, sua 
implantação se dá no decorrer de um processo histórico iniciado a partir dos anos de 1920-30. 
O surgimento das primeiras manifestações da institucionalização do serviço social pela Igreja se deu 
com a criação do Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo – CEAS, em 1932, com o incentivo e 
controle da Igreja Católica. Destacam-se como as instituições mais importantes para o surgimento do 
serviço social além do CEAS: a Legião Brasileira de Assistência (1942), o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial (1942) e o Serviço Social da Indústria (1946). 
Apresentou-se uma emergência da profissionalização do serviço social por meio da intervenção do 
Estado, mobilizado pela Igreja Católica. 
Correntes filosóficas também se puseram a influenciar o serviço social: tomismo, neotomismo, 
positivismo, conservadorismo, marxismo, funcionalismo americano, marcaram uma evolução das 
protoformas profissionais. 
O contexto histórico brasileiro também influenciou a profissionalização, assunto esse iniciado nesta 
unidade a fim de introduzir sua concretização nas próximas unidades. 
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3 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL: AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL - UMA BREVE 
ANÁLISE HISTÓRICA
Figura 3 – Símbolo da profissão de serviço social
O serviço social surgiu decorrente da divisão social e técnica do trabalho, afirmando-se como uma 
profissão dentro da sociedade, dotada de uma dimensão teórico-metodológica e técnico-operativa, 
indissociada das ordens éticas e políticas. Ele surgiu enquanto profissão no contexto do desenvolvimento 
capitalista e do agravamento da questão social. Porém, para localizá-lo, faz-se necessário compreender 
esse contexto histórico de sua institucionalização, como também as influências teóricas que permearam 
sua gênese. 
O serviço social iniciou seu embasamento teórico com a influência norte-americana do modelo de 
caso, grupo e comunidade, sob a influência do pensamento de Mary Ellen Richmond.
Nesse principio, a ação profissional, sob a ótica do ideário de Richmond, inscreve uma metodologia 
pautada numa análise médica das expressões da questão social, na qual essas expressões eram 
passiveis de diagnóstico e tratamento como uma “doença”. Essa análise era verificada com um método 
genérico, enfatizando o sistema cliente e a situação social problema e estabelecia uma relação entre a 
individualidade e o meio social.
Sua primeira influencia foi dos ideários de Florence Nightingale, no ano de 1851 na Inglaterra, 
percussora da profissão de enfermagem, onde ela estabelecia como objetivo de seus primeiros cursos 
o preparo de visitadoras domiciliares, pelo qual concebia a tarefa assistencial como reintegradora e 
reformadora do caráter.
O primeiro “Curso de Formação de Visitadores Sociais Voluntários“, realizado pela Sociedade de 
Organização da Caridade da Inglaterra, ocorreu em Londres, em 1893.
Na América do Norte, as discussões sobre a formação profissional dos trabalhadores da assistência 
ocorreram na Conferência de Caridade e Correção em Toronto no ano de 1897. Nela, Mary Richmond, 
que participava da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore, propôs a criação de uma escola 
para o ensino de Filantropia Aplicada.
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Ao pronunciar-se em uma palestra, Richmond assinalou a necessidade de se criar uma escola para a 
formação de assistentes sociais.
Mary Richmond introduziu um método no qual se realiza o estudo ou levantamento de dados 
sobre a situação, diagnosticando o problema social, avaliado logo em seguida e, por fim, estabelecendo 
um tratamento. Visualizava o inquérito como um instrumento de fundamental importância para a 
realização do diagnóstico social e, posteriormente, do tratamento, pois acreditava que só através do 
ensino especializado poder-se-ia obter a necessária qualificação para realizá-lo. Essa metodologia é 
denominada como “Metodologia do Caso Social Individual”.
 Lembrete
Metodologia do Caso Social Individual: conjunto de métodos que 
desenvolvem a personalidade, através de um diagnóstico social, que, 
ao ser sistematizado, proporciona o reajustando conscientemente e 
individualmente o homem ao seu meio.
Richmond define uma personalidade social, através da ação de evidência social, como ponto 
de partida para a construção das bases teóricas da prática profissional. Define, também, uma nova 
concepção para o ser social, sendo este produto das relações intrínsecas entre a personalidade e o meio, 
podendo explicar o caso social como um fenômeno de totalidade.
Ela teve a primeira iniciativa em institucionalizar a prática do serviço social, pois verificou que as ações 
caritativas não eram mais suficientes para atender às reivindicações da classe operária e de outros setores da 
população. Identificou tais ações como formas de intervenção desumanizadora da instituição e da população.
 Lembrete
A primeira intenção de “virada” do assistencialismo para assistência.
Assim, no ano de 1897, ela propôs a fundação de uma escola de filantropia aplicada, transmitindo 
caráter profissional aos serviços sociais até então executados.
Em 1898, a New York Charity Organization Society levaria o ideário inicial de Mary Richmond.
A primeira escola de serviço social foi fundada em Amsterdã, no ano de 1899, o Instituto de Treinamento 
em Serviço Social, com um curso de apenas dois anos, composto de matérias como conhecimentos 
sociológicos gerais, problemas socioeconômicos, legislação e treinamento prático supervisionado em 
diferentes campos do serviço social.
Já em 1904, o curso mantido pela New York Charity Organization Society adquire a forma de curso 
de apenas um ano de duração, ministrado pela Escola de Filantropia de Nova York, a primeira escola de 
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serviço social dos Estados Unidos. Posteriormente, essa escola se tornaria a Escola de Serviço Social da 
Universidade de Columbia.
Na América do Norte, segundo Silva, o serviço social, especialmente o de caso, deve a Mary Richmond 
seu conteúdo lógico e coerência interna. Lá se sustenta a prática na necessidade de se individualizar a 
assistência tanto no diagnóstico como no tratamento, abrangendo o estudo de caso, seu diagnóstico 
e tratamento, com uma prática sistemática e técnica. Tal prática se orientava pela concepção de uma 
sociedade estruturada, que necessita apenas de reformas e ajustes, nas quais a ação profissional era 
individualista, com o predomínio da autoajuda, reflexo do processo político americano, a ascensão do 
sistema capitalista.
Em 1917, Richmond tentou racionalizar essa assistência, dando-lhe uma visão “terapêutica”, que 
considera a questão social como uma doença que necessita de diagnostico e de tratamento a partir do 
indivíduo.
No ano de 1918, a Escola de Filantropia passou a se denominar “Escola de Serviço Social” e Mary 
Richmond ocupou a cadeira de docente em Serviço Social de Casos. 
O serviço social como profissão moderna começou a ser sistematizado com a contribuição de 
Richmond a partir do voluntariado assistencialista, por meio de sua teorização do diagnóstico social 
das situações-problema. É fruto de dois fatores: a situação da sociedade segundo seu contexto 
(industrialização e ascensão da classe proletária) e o desafio de oferecer respostas. 
Desde essa primeira sistematização elaborada por ela, o serviço social reflete uma perspectiva genérica 
de intervenção, tendo em vista a mudança social, por meio da qual deu-se aos assistentes sociais o 
desafio de trabalhar para uma comunidade à qual faltavam recursos sociais, utilizando argumentos 
oferecidos pelos casos.
Já em 1922, a prática do assistente social, suas teorias, seus objetivos, convergiam pra uma ideia 
central: o desenvolvimento da personalidade. Entendia-se, nesse contexto, que o caso social nada mais 
era do que processo de desenvolvimento da personalidade através de ajustamentos conscientemente 
efetuados de indivíduo a indivíduo, do homem para com o seu meio social.
No diagnóstico social estabelecido nessa época, deveria haver uma descrição das dificuldades, uma 
lista dos fatores causais que se relacionassem com as dificuldades, uma enumeração dos elementos 
disponíveis e dos riscos que devem ser reconhecidos com o tratamento.
O serviço social na América Latina sofreu forte influência europeia e norte-americana. A primeira 
escola de serviço social na América Latina surgiu no Chile no ano de 1925, criada pelo Dr Alejandro Del Río.
A primeira escola de serviço social na Europa foi criada em Amsterdã, Holanda, no ano de 1899. Alice 
Salomon iniciou em Berlim cursos para agentes sociais que acabaram por dar origem à primeira escola 
alemã em 1908.
Em 1908, fundou-se na Inglaterra a primeira escola de serviço social.
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Em Paris, uma escola de serviço social foi criada no ano de 1911, de orientação católica e outra de 
orientação protestante, em 1913.
Serviço social de casos: segundo Mary Richmond é um tratamento prolongado e intensivo, que 
ao mesmo tempo permite o exame crítico de nossos métodos e exige que seja praticado por pessoas 
competentes. É um conjunto de métodos que desenvolvem a personalidade, reajustando conscientemente 
e individualmente o homem a seu meio social. Sua linguagem é permeada por termos médicos visto que 
sua influência teórica bebia nas teorias da enfermagem.
3.1 O surgimento do serviço social no Brasil
A implantação do serviço social deu-se no decorrer de um processo histórico iniciado a partir dos 
anos de 1920-30.
No Brasil, a economia, que desde a segunda metade do século XIX até os anos 1930 se caracterizava 
por um modelo agroexportador, passa a adotar, na Era Vargas, um modelo industrial, de substituição 
de importação, modelo urbano-industrial. A mudança do sistema agrário-comercial para o industrial 
produziu profundas alterações sociais, principalmente com a mudança do estilo de vida rural para um 
urbano-industrial, levando à crescente urbanização, fenômeno esse que só faz agravar problemas e 
conflitos sociais, solicitando ações das instâncias majoritárias. 
É um período de crescimento da classe trabalhadora, como também de sua condição de classe 
explorada e de sua mobilização e organização, através da intensificação das lutas por melhores condições 
de vida e de trabalho. Todavia, tais lutas são encaradas pela classe dominante como ameaça a seus 
interesses e como desorganização social e moral.
É, portanto,

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