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HISTORIA - HEXAG (Volume 3)

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3
CIÊNCIAS HUMANAS
e suas tecnologias
Eduardo Antônio Dimas e Tiago Rozante
C
HISTÓRIA
H
História para 
vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019 
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.
Autores
Eduardo Antônio Dimas
Tiago Rozante
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Claudio Guilherme da Silva Souza
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Projeto gráfico e capa
Raphael Campos Silva
Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)
Impressão e acabamento
Meta Solutions
ISBN: 978-85-9542-091-5
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o 
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição 
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre 
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2019
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
CARO ALUNO
O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos 
principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo 
enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019. 
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno 
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. 
Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos 
principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações 
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o 
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses 
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível 
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o 
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno. 
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões 
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos 
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de 
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química, 
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender 
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o 
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de 
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já 
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu 
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve 
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas 
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua 
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles 
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e 
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos 
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu 
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL
HISTÓRIA DO BRASIL
Aulas 19 e 20: Reforma e Contrarreforma 7
Aulas 21 e 22: Antigo Regime: absolutismo e mercantilismo 21
Aulas 23 e 24: Revoluções Inglesas do século XVII e Revolução Industrial 41
Aulas 25 e 26: Iluminismo e Independência dos Estados Unidos 59
Aulas 19 e 20: Regência(1831-1840) e Segundo Reinado: política interna (1840-1889) 81
Aulas 21 e 22: Segundo Reinado: política externa e economia 105
Aulas 23 e 24: Crise do império 131
Aulas 25 e 26: República da Espada 149
UNESP
Esse vestibular exige compreensão do contexto do surgimento e propagação das reformas religiosas, 
além do conteúdo intrínseco a cada vertente protestante. Os temas Absolutismo e Mercantilismo 
são muitas vezes cobrados, exigindo atenção especial do candidato. Já sobre a Revolução Industrial, 
é necessário focar-se nas transformações sociais e materiais por ela engendradas. Por fim, o tema do 
Iluminismo é cobrado por meio de textos, bem como a Independência dos EUA.
UNICAMP
As reformas religiosas são cobradas em termos do conteúdo de cada vertente: luteranismo, anglicanismo 
e calvinismo, principalmente. Esse vestibular exige capacidade de interpretação de texto e domínio das 
principais características do Absolutismo e do Mercantilismo. Já o tema da Revolução Industrial também 
é de caráter interpretativo, mas com enfoque nítido nas mudanças cotidianas originadas pelo advento 
da urbanização.
ENEM/UFMG/UFRJ
Aborda, por meio de textos, as principais transformações sociológicas e materiais oriundas da Revolução 
Industrial, exigindo do candidato a capacidade de interpretação textual aliada a conhecimentos prévios 
e um pouco aprofundados sobre o assunto.
UERJ
Esse vestibular utiliza muitos textos e imagens em seus enunciados. O tema da reforma religiosa cobra 
conhecimentos específicos às vertentes básicas do protestantismo. O Absolutismo e o Mercantilismo 
são cobrados por meio de textos, o que exige boa interpretação do candidato. As Revoluções Inglesa e 
Industrial exigem compreensão de suas causas econômicas e políticas. Por fim, o Iluminismo é abordado 
por meio de seus principais ideólogos.
FA
CU
LD
ADE DE MEDICINA
BOTUCATU
1963
Abordagem de ALTA IDADE MÉDIA, BAIXA IDADE MÉDIA 
e RENASCIMENTO nos principais vestibulares.
FUVEST
O tema das reformas religiosas se concentra em suas repercussões políticas e econômicas. Sobre o 
Absolutismo, o vestibular foca nas relações sociológicas que o sustentou, como os vínculos entre 
comerciantes, reis e nobres. Já a Revolução Industrial é um assunto extremamente recorrente, 
exigindo a compreensão das transformações materiais e sociológicas por ela engendradas. Por fim, 
o tema do Iluminismo é cobrado como um conjunto de ideias antimonárquicas, utilizando-se de 
fragmentos de autores clássicos do período nos enunciados. 
19 20
C
HISTÓRIA
H
Reforma e Contrarreforma
Competências
1, 2, 3, 4, 5 e 6
Habilidades 
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 14, 15, 
16, 17, 18, 19, 20, 22, 
23, 24, 25, 26, 27 e 28 
19 20
C
HISTÓRIA
H
Reforma e Contrarreforma
Competências
1, 2, 3, 4, 5 e 6
Habilidades 
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 14, 15, 
16, 17, 18, 19, 20, 22, 
23, 24, 25, 26, 27 e 28 
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de 
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca 
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do 
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. 
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e 
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
9
A crise dA igrejA MedievAl 
e A revolução espirituAl dA ÉpocA ModernA
O mundo passou por grandes 
transformações na transição da Ida-
de Média para a Idade Moderna, com 
especial destaque para a Europa, 
onde ocorreram o Renascimento Co-
mercial e Urbano, o desenvolvimento 
do capitalismo, o fortalecimento das 
monarquias nacionais e o Renasci-
mento Cultural. Estas transformações 
geraram modificações na visão de 
mundo dos homens e criaram uma 
realidade que se desconectava da 
Igreja Católica, alicerçada em bases 
medievais, as quais condenavam, por 
exemplo, o lucro e a usura, elementos 
fundamentais do capitalismo nascen-
te, gerando atritos com a burguesia. Havia problemas de relacionamento entre a Santa Sé e os reis absolutistas 
que não mais admitiam interferência em seus estados nacionais.O desenvolvimento do capitalismo e dos Estados Nacionais provocavam um natural enfraquecimento do 
poder da nobreza, que passou a cobiçar as terras da Igreja como alternativa de reforçar seu poder. O comportamen-
to de membros do clero passou a ser alvo de críticas contundentes com o objetivo de contestar a Igreja Católica, 
enfraquecendo-a e abrindo espaço para a quebra de sua hegemonia. 
Os humanistas do Renascimento criticavam o comportamento do clero, dentre os quais podemos destacar 
Erasmo de Roterdã, Dante Alighieri e Thomas Morus. No final do século XIV, ocorreram movimentos contestadores 
da Igreja Católica que sinalizaram para as transformações que viriam a ocorrer. As calamidades que assolaram o 
período provocaram novas demandas espirituais da população e refletiram o despreparo da Igreja para atendê-las. 
Os principais críticos da Igreja Romana foram o inglês John Wycliffe, ligado à Universidade de Oxford, e o boêmio 
John Huss, da Universidade de Praga. Ambos teóricos eruditos, denunciaram a riqueza do clero como violação 
dos preceitos cristãos e atacaram a base da autoridade eclesiástica ao argumentar que a Igreja não controlava o 
destino do indivíduo. Afirmavam que a salvação dependia não de se tomar parte nos rituais da Igreja ou receber 
seus sacramentos, mas de aceitar o dom da fé concedido por Deus. 
A reforma religiosa foi responsável pela quebra da unidade cristã ocidental e o fim da hegemonia da Igreja 
Católica na Europa, bem como pelo surgimento de novas igrejas integradas às novas realidades para a burguesia 
e os monarcas absolutistas.
Reforma: definição e fatores
Denomina-se Reforma o movimento de revolução espiritual da época moderna, uma profunda revisão reli-
giosa e política que, no século XVI, deu origem ao protestantismo. Nesse processo, uma parte dos Estados católicos 
europeus rompeu com a Igreja Católica. Numa visão geral, o protestantismo foi um movimento religioso e doutri-
nário que marcou a passagem do feudalismo para o capitalismo. 
“John Wycliffe entrega a tradução da Bíblia aos padres”. Quadro de William Frederick Yeames.
10
Uma das causas importantes da Reforma foi o 
chamado humanismo evangelista, crítico da Igreja da 
época e defensor de uma renovação para aproximá-la 
do cristianismo primitivo. Em 1509, Erasmo de Roter-
dã, em seu famoso livro Elogio da Loucura, traçou o 
retrato da Igreja daquele momento: uma religião de 
pompa, rica, cujos representantes ostentavam um luxo 
sem par; uma Igreja cheia de vícios, de abusos e ocio-
sidade. Havia um enorme abismo entre o que a Igreja 
pregava e o que fazia. Os membros da alta hierarquia 
do clero viviam luxuosamente, totalmente alheios ao 
povo. O voto de castidade era habitualmente esquecido, 
causando escândalo entre a população. Vendiam-se as 
relíquias sagradas (objetos supostamente tocados por 
Cristo, Maria ou santos) e cargos eclesiásticos, práticas 
conhecidas como simonia. 
“A venda de indulgências”. Pintura de Augsburg, c. 1530.
Mas o comércio de indulgências foi o abuso 
que promoveu maior reação. As indulgências eram do-
cumentos vendidos pela Igreja e assinados pelo papa, 
que absolviam o comprador de alguns pecados come-
tidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatório.
Outra importante razão que impulsionou o movimento 
reformista foi a formação das monarquias nacionais. Na 
época do feudalismo, a Europa se apresentava fragmen-
tada em inúmeros pequenos feudos, em que as relações 
com as regiões vizinhas eram pouco comuns. As pessoas 
de então não tinham uma consciência muito clara de na-
cionalidade, isto é, não se imaginavam habitantes de um 
país. Nos séculos XV e XVI formaram-se nações com um 
rei que exercia total autoridade sobre os limites do territó-
rio. As pessoas que aí habitavam falavam a mesma língua 
e tinham consciência de sua nacionalidade. A Igreja, por 
possuir terras e propriedades espalhadas por toda a Eu-
ropa, passou a ser considerada uma potência estrangeira. 
Lentamente começou a se formar uma reação contra as 
possessões eclesiásticas e a arrecadação de impostos ou 
taxas pelo clero, que os remetia para Roma. Essa situação 
motivou o declínio da autoridade papal, pois o rei e a na-
ção passaram a ser vistos como mais relevantes. 
A ascensão da burguesia é outra causa não 
menos importante da Reforma. A burguesia precisava 
mudar os dogmas da Igreja Católica que proibiam o lu-
cro e a usura. Ela precisava de uma nova religião, que 
justificasse seu amor pelo dinheiro e incentivasse novas 
atividades ligadas ao comércio. 
Na ideologia católica, a única forma de riqueza 
legítima era a terra. O dinheiro, o comércio e as ativi-
dades bancárias eram práticas pecaminosas, indignas 
de um cristão. Trabalhar para satisfazer as necessidades 
era justo, mas fazê-lo para lucrar, que é a essência do 
capital, era pecado. 
A doutrina protestante, criada pela Reforma, 
pregava exatamente o oposto destas ideias. A riqueza, 
materializada principalmente no dinheiro, era um dom 
de Deus. A doutrina estabelecida pela Reforma estava 
perfeitamente adequada aos anseios da nova classe 
burguesa, que se encontrava em fase de expansão. 
reforMA no sAcro iMpÉrio 
roMAno-gerMânico: 
o luterAnisMo
As origens da Reforma 
A reforma religiosa teve início no Sacro Impé-
rio Romano Germânico, em parte da atual Alemanha, 
sob a liderança de Martinho Lutero (1483-1546). 
Filho de camponeses, nascido na Saxônia, cursou fi-
losofia na Universidade de Erfurt, quando se tornou 
monge, ingressando na Ordem de Santo Agosti-
nho, em 1505. Em 1512 doutorou-se em teologia e 
passou a lecionar na Universidade de Wittenberg.
Lutero se incomodava com o comportamento de 
integrantes do clero e com o apego aos bens materiais 
por parte da Igreja. Discípulo de Santo Agostinho, cri-
ticava o comércio de indulgências, defendendo que a 
salvação seria alcançada pela fé, acreditando que 
as boas obras não eram capazes de afastar o homem do 
pecado. Suas ideias eram pregadas na Universidade de 
Wittenberg e entraram em rota de colisão com a Igreja. 
Em 1517, foi lançada na Europa, pelo Papa Leão 
X, uma campanha de venda de indulgências para arreca-
11
dar fundos para a construção da Basílica de São . Tal fato 
incomodou Lutero profundamente, que reagiu, publican-
do suas 95 teses – fixando-as na porta da Catedral de 
Wittenberg – contra a venda de indulgência, propondo 
alterações na doutrina religiosa, mas ainda sem manifes-
tar um rompimento absoluto com a Igreja. 
Estas foram enviadas posteriormente ao papa, 
provocando reações da Igreja. Inicialmente Lutero foi 
convocado a se retratar, sob pena de ser considerado 
herege. Por se negar a obedecer a referida retratação, 
Lutero foi excomungado através da Bula papal Exsurge 
Domini, que o mesmo queimou em praça pública, ratifi-
cando seu rompimento com a Igreja Católica. 
Em virtude de sua excomunhão, Lutero teve que 
ser julgado por um tribunal secular. Para proceder o jul-
gamento, foi convocada a Dieta de Worms, em 1521, 
pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico, Carlos V, católico devoto e aliado do papa. Quando solicitado 
a se retratar, Lutero respondeu: “Se eu não estiver convencido de erro pelo testemunho das Escrituras ou pela razão 
clara (...) não posso retratar-me, nem me retratarei, de coisa alguma, pois não é seguro nem honesto agir contra a 
própria consciência. Deus me ajude. Amém”. Pouco depois desse confronto com o imperador, Lutero escondeu-se 
para não ser preso. 
 
“Lutero na Dieta de Worms”. Pintura de Anton von Werner (1843-1915).
Neste período, Lutero não estava sozinho. Contava com grande apoio da nobreza alemã, interessada no 
enfraquecimento e nas terras da Igreja. Vale lembrar que à época, no Sacro Império Romano Germânico, existiam 
inúmeros pequenos principados, governados por uma nobreza interessada em diminuir a influência do imperador 
e do papa em seus territórios, submeter a Igreja e expropriar-lhe os bens. 
Refugiado sob a proteção doDuque Frederico da Saxônia, em Wartburg, Lutero traduziu a Bíblia do latim para o 
alemão, retirando algumas partes que a compunham.
Martinho Lutero
12
A revolta camponesa anabatista 
de Thomas Müntzer (1524-1525) 
A reforma luterana começou a atrair seguidores, 
oriundos das diversas classes sociais. Camponeses ana-
batistas miseráveis se uniram em torno de Thomas Münt-
zer exigindo as terras da Igreja, a supressão das obriga-
ções servis (em espécie ou trabalho) e a devolução das 
terras comunais. Lutero condenou veementemente estes 
camponeses, referindo-se a eles como perturbadores da 
ordem e que deveriam ser tratados como cães raivosos. 
Comprometido com os interesses da nobreza, Lutero deu 
total apoio ao massacre imposto aos pobres miseráveis 
que ousaram contestar sua situação deplorável. 
A Paz de Augsburgo (1555) 
Em 1529, na Dieta de Spira, o imperador Car-
los V proibiu a difusão da doutrina Luterana no Sacro 
Império Romano Germânico, o que provocou protestos 
entre seus seguidores que passaram a ser chamados de 
protestantes. Dali em diante, os conflitos se tornaram 
inevitáveis, especialmente quando os príncipes alemães 
criaram a Liga Militar de Smalkalde. 
As lutas só foram encerradas em 1555, com a 
Paz de Augsburgo, que estabeleceu que a escolha 
da religião em cada região do Sacro Império Romano 
Germânico caberia a seus respectivos príncipes (cujos 
régio ejus religio). Assim sendo, o norte do Sacro Impé-
rio tornou-se protestante, e o sul, católico. Com isso, a 
unidade da Igreja romana acabava de se romper. 
A doutrina luterana 
Na Confissão de Augsburgo, exposta por 
Melanchton – que fora monge junto com Lutero – em 
1530, encontram-se os fundamentos do luteranismo: 
 § a salvação não se alcança pelas obras, mas sim 
pela fé, pela confiança na misericórdia de Deus; 
 § o culto simples – somente salmos e leitura da 
Bíblia – em língua nacional; 
 § a manutenção de dois (batismo e eucaristia) dos 
sete sacramentos do catolicismo; 
 § durante a eucaristia acredita-se apenas na pre-
sença (consubstanciação) de Jesus no pão e no vi-
nho, e não na transformação (transubstanciação) 
do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cris-
to, como os católicos acreditam; 
 § o contato direto entre Deus e o fiel por meio 
das orações, sendo dispensável o clero como 
“intermediário”; 
 § o livre exame, ou seja, o direito de todo cristão in-
terpretar as palavras da Bíblia segundo sua própria 
consciência, equivalendo à emancipação da vonta-
de individual, no plano da ideologia religiosa. 
A ética religiosa luterana apresentava poucos 
atrativos para a burguesia, uma vez que condenava o 
dinheiro e o comércio, associando-os ao demônio. 
O luteranismo expandiu-se basicamente no Sa-
cro Império e nos países escandinavos (Suécia, Dina-
marca e Noruega), regiões essencialmente rurais, pouco 
desenvolvidas em termos comerciais. 
o cAlvinisMo 
A Reforma na Suíça 
A Suíça havia se tornado independente do Sa-
cro Império Romano Germânico em 1499, mas ainda 
apresentavam forte integração no início do século XVI. 
Assim, as teses luteranas foram rapidamente difundidas 
pelo país, com destaque para Ulrico Zuinglio (1489-
1531), que era seguidor de Lutero. Suas pregações 
atraíram seguidores que se envolveram em uma Guerra 
Civil (1529-1531) na qual o próprio Zuinglio foi morto. 
O conflito foi encerrado com a Paz de Kappel, que esta-
beleceu a liberdade religiosa no país. 
Calvino
13
Aproveitando-se da liberdade religiosa implantada na Suíça, o francês João Calvino – que havia sido per-
seguido na França por ser um seguidor da Reforma – lançou, em 1534, a obra Instituição da Religião Cristã, na 
qual suplicava ao rei suíço proteção aos protestantes franceses e expunha sua doutrina religiosa, embasada na ideia 
de predestinação. Assim como Lutero, Calvino condenou o celibato e a maioria dos sacramentos.
Suas ideias e pregações conquistavam cada vez mais adeptos, transformando Genebra, cidade na qual Cal-
vino conquistou prestígio e poder, regulando a vida das pessoas, através de um órgão chamado Consistório, que 
vigiava disciplina moral e normas de comportamento, que iam das vestimentas a hábitos que deviam ser seguidos.
O Consistório era tão rigoroso e rude como a Inquisição Católica, abolindo músicas, festas, bares e o jogo, 
além de promover execuções na fogueira, como a do médico Miguel de Servet, preso e queimado em Genebra por 
defender princípios considerados pecaminosos por Calvino. 
A doutrina calvinista 
A religião calvinista se baseou, fundamentalmente, no luteranismo: aboliu todos os sacramentos, menos o 
batismo e a eucaristia; defendeu que Cristo se encontra presente apenas espiritualmente na eucaristia; acabou com o 
culto dos santos e das imagens e permitiu o livre exame da Bíblia. O calvinismo, entretanto, radicalizou o luteranismo. 
Calvino, exatamente como Lutero, partia da salvação pela fé, e da desvalia de obras. O homem, segundo 
Calvino, era uma criatura miserável, corrompida e cheia de pecados, portanto, não merecedor da graça divina. 
Somente a fé poderia salvar-lhe a alma. Mas essa salvação, para Calvino, dependia somente da vontade divina. 
Esta era a ideia de predestinação. Deus de antemão, nos predestinou: a minoria é eleita à salvação, enquanto a 
maioria é condenada à eterna maldição.
14
Os princípios calvinistas agradaram aos segmen-
tos burgueses do país, pois favoreciam os interesses 
capitalistas, ao criar uma nova visão sobre trabalho e 
riqueza. Baseado na predestinação, o calvinismo justifi-
cava a riqueza , a usura, estimulava o trabalho – iden-
tificado como um dos sinais de salvação, e o lucro, na 
medida em que acúmulo de capitais era visto como 
cumprimento de um dever dado por Deus à burguesia. 
Além disto, criou modelos de comportamento para os 
trabalhadores, que deviam ser honestos, submissos e 
conformados, devendo cumprir da melhor e mais efi-
ciente forma a função que lhes foi dada por Deus. 
A doutrina calvinista foi a que melhor se ade-
quou aos princípios burgueses e capitalistas. Conside-
rada a teologia do capitalismo, foi a ética reformista 
que mais se expandiu, atingindo diversos países. Na 
França, seus fiéis ficaram conhecidos como huguenotes; 
na Inglaterra, como puritanos; na Escócia, como presbi-
terianos; e na Holanda como reformados. Países como 
a Dinamarca e a Holanda adotaram o calvinismo como 
religião oficial após a sua independência.
reforMA nA inglAterrA: 
o AnglicAnisMo 
A reforma religiosa na Inglaterra teve um caráter 
extremamente político. Conduzida pelo rei Henrique VIII, 
levou à formação de uma igreja nacional que serviu de 
instrumento de consolidação do absolutismo real no país. 
O poder econômico da Igreja Católica e sua in-
fluência na Inglaterra fugiam do controle o Estado. 
A Igreja acumulava riquezas através de tributos 
impostos à população e o clero ampliava cada vez mais 
seus domínios e suas rendas oriundas das vastas terras. 
Esta situação provocava um forte sentimento antipapal 
nos meios políticos do país. 
Em 1530, o rei inglês Henrique VIII solicitou a 
anulação de seu casamento com Catarina de Aragão 
ao Papa Clemente VII, pois desejava se casar com Ana 
Bolena, sob a justificativa de sua esposa não lhe dar um 
filho homem para herdar o trono. Diante da negação 
papal, o rei deu início a um processo de ruptura com a 
Igreja Católica na Inglaterra. Ignorando a decisão papal, 
Henrique VIII casou-se, em 1533, com Ana Bolena. O 
papa Clemente VII excomungou-o.
Rei Henrique VIII
Na verdade, o soberano inglês aproveitou as 
questões relacionadas a seu casamento para acabar 
com o poder da Igreja Católica na Inglaterra que, de 
certa forma, concorria com o poder do rei. O Parlamento 
aprovou o Ato de Supremacia, em 1534, colocan-
do a Igreja sob a autoridade do rei. Estava nascendo a 
Igreja Nacional Inglesa – a Igreja Anglicana, que tinha 
como chefe supremo o monarca inglês. Os bens da Igre-
ja Católicaforam confiscados, passando para as mãos 
da nobreza. Assim, os barões ingleses viram suas terras 
aumentadas a ponto de facilitar a expansão da criação 
de ovelhas, num momento em que a lã começava a ser 
procurada pelas manufaturas de tecidos. 
O sucessor de Henrique VIII foi seu filho Eduar-
do VI, que manteve a reforma no país, aproximando-se 
da doutrina Calvinista. Após sua morte prematura, em 
1553, foi sucedido pela irmã Maria Tudor, que casou 
com Felipe II, rei da Espanha e católico fervoroso, rea-
proximando o trono inglês da Santa Sé e perseguindo 
violentamente os protestantes e calvinistas. A rainha 
Maria Tudor morreu em 1558, sendo sucedida por Eli-
sabeth I, que era filha de Ana Bolena e Henrique VIII. 
A Igreja Romana considerava a rainha Elisabeth 
bastarda e fruto do pecado cometido pelo pai, o que 
levou ao rompimento definitivo, quando a nova rainha 
retomou a Reforma Anglicana, consolidando-a. Em 
1563, o Parlamento britânico aprovou a Confissão dos 
39 artigos, definindo o cânone Anglicano. Adotou-se a 
doutrina calvinista mantendo, porém, a hierarquia epis-
copal e a formalidade do catolicismo no culto. 
15
A reAção dA igrejA cAtólicA: 
A contrArreforMA1
A reforma religiosa foi responsável pela quebra 
da unidade cristã no Ocidente e levou à perda, por parte 
da Igreja Católica, do controle da doutrina religiosa cris-
tã, com o surgimento de novas igrejas, sob orientação 
doutrinária, especialmente luterana e calvinista. A Igreja 
também via reduzido seu espaço e seu poder político, 
além de perder importantes áreas territoriais e bens que 
foram confiscados em regiões reformadas.
A situação descrita anteriormente gerou a ne-
cessidade de uma reação por parte de Igreja Católica, 
no movimento chamado Contrarreforma. A expansão 
do protestantismo foi um grande estímulo para que a 
Igreja Católica fizesse uma análise profunda de suas 
doutrinas, estruturas e processos de formação, que a 
levaram a uma reestruturação da Santa Sé, fundamen-
tada no princípio de moralização do clero e da reorgani-
zação das estruturas eclesiásticas.
Index Librorum Prohibitorum
A Contrarreforma teve início em 1545, quando o 
Papa Paulo III convocou o Concílio de Trento. Inicial-
mente foram convidados a participar teólogos protes-
tantes e calvinistas, sem atuação marcante. O referido 
Concílio ocorreu e o clero católico teve a oportunidade 
de reavaliar a estrutura da Santa Sé, tomando algumas 
decisões importantes, que iriam nortear a sua atuação 
junto aos fiéis, entre as quais podemos destacar: 
1. O termo “Contrarreforma” está em desuso pois dá a ideia incorreta que 
a reforma católica só ocorreu por consequência da reforma protestante.
 § A reafirmação dos dogmas católicos, como o 
princípio da salvação pela fé e boas obras, funda-
mentado na epístola de São Tiago; a intercessão 
dos santos e da Virgem Maria; o celibato clerical; 
a infalibilidade do papa; a hierarquia eclesiástica 
e a infalibilidade do casamento; 
 § O combate à corrupção do clero, com a proibição 
da venda de indulgências e de cargos eclesiás-
ticos, além da obrigatoriedade dos clérigos fre-
quentarem seminários antes de sua ordenação; 
 § Reativação do Tribunal do Santo Ofício ou Santa In-
quisição, com o objetivo de julgar e punir as heresias; 
 § A criação do Index Librorum Prohibitorum, uma lista 
de livros cuja leitura estava proibida aos católicos, 
dentre eles alguma obras de autores renascentistas 
e de orientação religiosa protestante e calvinista. 
 § A busca de novos fiéis, através do estímulo à 
atuação de ordens religiosas, especialmente no 
recém-descoberto continente americano. 
No tocante à busca de novos fiéis, merece des-
taque a atuação da Companhia de Jesus ou Ordem 
dos Jesuítas, fundada em 1534 por Inácio de Loyola. A 
Ordem era caracterizada pela rígida disciplina e respeito 
pela hierarquia, lembrando uma organização militar, o 
que fez com que ficassem conhecidos como “soldados 
de Cristo”. Primorosos educadores, os jesuítas funda-
ram e organizaram escolas em diversas regiões, espe-
cialmente no continente americano onde sua atuação 
foi destacada, sobretudo na catequese dos nativos.
O padre jesuíta Antônio Vieira catequizando os índios.
ASSISTIR
INTERATIVIAA DADE
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Lutero
Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Joseph Fiennes) acredita ter 
recebido um chamado. Ele se junta ao monastério, mas logo fica atormentado 
com as práticas adotadas pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma 
igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que se 
redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses e desafia a Igreja 
Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam o que prega a Bíblia. 
Excomungado, Lutero foge e inicia sua batalha para mostrar que seus ideais 
estão corretos e que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.
Anne (Natalie Portman) e Mary (Scarlett Johansson) são irmãs que foram 
convencidas por seu pai e tio ambiciosos a aumentar o status da família 
tentando conquistar o coração de Henry Tudor (Eric Bana), o rei da Inglaterra. 
Elas são levadas à corte e logo Mary conquista o rei, dando-lhe um filho 
ilegítimo. Porém, isto não faz com que Anne desista de seu intento, buscando 
de todas as formas passar para trás tanto sua irmã quanto a rainha Catarina 
de Aragão (Ana Torrent).
Inglaterra, 1585. Elizabeth I (Cate Blanchett) está quase há três décadas no 
comando da Inglaterra, mas ainda precisa lidar com a possibilidade de traição 
em sua própria família. Simultaneamente, a Europa passa por uma fase de 
catolicismo fundamentalista, que tem como testa-de-ferro o rei Felipe II (Jordi 
Mollá), da Espanha. Apoiado pelo Vaticano e armado com a Inquisição, Felipe 
II planeja destronar a “herege” Elizabeth I, que é protestante, e restaurar o 
catolicismo na Inglaterra. Preparando-se para entrar em guerra, Elizabeth busca 
equilibrar as tarefas da realeza com uma inesperada vulneabilidade, causada por 
seu amor proibido com o aventureiro Sir Walter Raleigh (Clive Owen).
A outra
Elizabeth – A era de ouro
16
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Livros
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Livros
17
A Reforma Protestante - Coleção O Cotidiano da 
História - Luiz Maria Veiga 
Durante a Idade Média, os povos europeus cristãos 
reconheciam a Igreja Católica como a única autoridade 
espiritual existente. No entanto, o alto clero havia 
acumulado tanto poder que passou a se preocupar mais 
com as questões terrenas do que com as espirituais. Era 
comum encontrar religiosos envolvidos com nepotismo, 
corrupção, luxúria, o que deixava a Igreja cada vez mais desacreditada perante 
a população. Em 1517, no entanto, o Catolicismo sofreu um grande abalo. 
Naquele ano, o monge alemão Martinho Lutero criticou duramente essas práticas 
vergonhosas e desencadeou um processo de reforma religiosa que provocou 
um verdadeiro cisma na Igreja Católica. Estava nascendo o Protestantismo, 
uma religião que obrigou os católicos a mudarem sua postura para recuperar o 
prestígio junto a seus fiéis. Conteúdo histórico:
 § Panorama socioeconômico e político da Alemanha no século XVI; 
 § Relações entre religião, sociedade, política e economia alemãs; 
 § Lutero e o estopim da Reforma religiosa; 
 § Müntzer e a repressão às revoltas camponesas; 
 § Abalo na unidade e na autoridade da Igreja Católica; 
 § Limites da Reforma Luterana.
18
INTERDISCIPLINARIDADE
Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber discorre sobre a relevância da reforma protestante 
para a formação do capitalismo moderno, de modo que relaciona as doutrinas religiosas de crença protestante, para de-
monstrar o surgimento de um modus operandi de relações sociais, que favorece e caracteriza a produção de excedentes, 
gerando o acúmulo de capital.
Há de se dizer, então, que o mundo, outrora dominado pela religião católica, era também concebido a partir da 
cultura por ela promulgada. Isso quer dizer que o modo de vida pregado nocatolicismo, era propagado para além dos 
limites da Igreja, perpassando a vida dos sujeitos. Entretanto, o catolicismo condenava a usura e pregava a salvação das 
almas através da confissão, das indulgências e da presença aos cultos. Desta forma, o católico enxergava o trabalho como 
modo de sustentar-se, mas não via prescrição em também divertir-se, buscando modos de lazer nos quais empenhava seu 
dinheiro, e produzido apenas para seu usufruto. Menos temerário ao pecado que o protestante, e impregnado pela proibi-
ção da usura, o católico pensava que pedir perdão a seu Deus seria suficiente para elevar-se ao “reino dos céus”. Assim, 
seguindo esta cultura religiosa, a acumulação de bens não encontrou caminhos amplos, e permaneceu adormecida.
Contudo, com o advento do protestantismo, a doutrina – e, portanto, a cultura – católica modificou-se, e a salva-
ção passou a ser, para alguns, não mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, em que o trabalho 
era meio crucial para glorificar-se. Para o protestante, o trabalho enobrece o homem, o dignifica diante de Deus, pois é 
parte de uma rotina que dá às costas ao pecado. Durante o período em que trabalha, o indivíduo não encontra tempo de 
contrariar as regras divinas: não pratica excessos, não cede à luxúria, não se dá à preguiça: não há como fugir das finalida-
des celestiais. E, complementando toda a doutrina protestante, ainda é crucial pontuar que nesta religião não há espaço 
para sociabilidade mundana, pois todo o prazer que se põe a parte da subserviência a Deus, fora considerado errado e 
abominável. Assim, restava a quem acreditava nestas premissas, o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas 
na produção excediam as necessidades destes religiosos, gerando o lucro.
Portanto, quando se fala em uma concepção tradicional de trabalho, trata-se da concepção católica, que não acu-
mulava e pensava o trabalho como meio de garantir subsistência. Já a concepção que vê o trabalho como fim absoluto 
é a protestante, que enxerga no emprego de esforços produtivos a finalidade da própria existência humana, interligada 
com os propósitos providenciais de Deus.
Max Weber
19
Origem: Sacro Império 
Romano-Germânico 
(Alemanha)
Fundador: Martinho Lutero
◊ 1517 - “95 Teses de Lutero”
◊ 1529 - Proibição do 
luteranismo
◊ 1555 - Paz de Augsburgo
Doutrina
◊ Salvação pela fé
◊ Dois sacramentos: batismo 
e eucaristia
◊ Consubstanciação
◊ Livre interpretação da Bíblia
Local: norte da Alemanha
Origem: Suíça
Fundador: João Calvino 
(1534)
Doutrina: 
◊ Salvação por predestinação
◊ Valorização do trabalho e 
do lucro
◊ Consistório - código ético e 
moral rígido
Locais: 
◊ Suíça: calvinismo
◊ França: huguenotes
◊ Inglaterra: puritanos
◊ Escócia: presbiterianos
Origem - Inglaterra
Fundador - Henrique VIII
◊ 1534 - “Ato de Supremacia”
◊ Rompe com a Igreja Católica
◊ O rei se torna chefe da Igreja
◊ Confisco dos bens da Igreja
Doutrina
◊ Manutenção da hierarquia 
eclesiástica
◊ 7 sacramentos católicos
◊ Uso da língua inglesa 
em cultos
REFORMA E CONTRARREFORMA
LUTERANISMO CALVINISMO ANGLICANISMO
REFORMA1
◊ Reação da Igreja Católica à reforma
◊ Revisão da doutrinaCONTRARREFORMA2
Passagem da Idade Média para a Moderna
(transição do feudalismo para o capitalismo)
Quebra da unidade cristã na 
Europa ocidental
Quando Consequência
◊ Abusos e imoralidades do clero
◊ Venda de indulgências
◊ Simonia
◊ Surgimento do capitalismo
◊ Crítica católica aos juros e usura
◊ Formação das monarquias nacionais
◊ Crítica ao poder da Igreja nos territórios
Fatores
Concílio de Trento
◊ Reafirmação dos dogmas católicos
◊ Proibição da venda de indulgências e simonia
◊ Reativação da inquisição
◊ Index: livros proibidos
◊ “Companhia de Jesus” (1534) - expansão da fé católica
estruturA conceituAl
21 22
C
HISTÓRIA
H
Antigo Regime: 
absolutismo e mercantilismo
Competências
1, 2, 3, 4, 5 e 6
Habilidades 
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 
10, 11, 12, 13, 14, 15, 
16, 17, 18, 19, 20, 22, 
23, 24, 25, 26, 27 e 28 
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de 
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca 
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do 
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. 
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e 
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientaisem diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
23
O EstadO MOdErnO
Luís XIV e sua família, retratados como deuses romanos. Jean Nocret (1670). Nessa imagem é possível perceber o rei Luís XIV retratado como uma 
figura mitológica, como um deus mesmo. A centralização política de seu reinado, em que o rei era a encarnação do poder e do Estado, chegou ao ápice 
durante a Idade Moderna. A ele é atribuída a afirmação: “O Estado sou eu”. 
As origens do Estado Moderno 
Na Baixa Idade Média, paralelamente à crise do feudalismo e à decadência da nobreza senhorial, ocorreu 
o renascimento do comércio urbano e a formação da burguesia nos países do Ocidente europeu. As cidades, en-
tretanto, eram controladas pelos feudos; os burgueses, dominados pelos nobres; e o comércio à longa distância, 
prejudicado pela estreiteza dos mercados locais. O particularismo feudal e os privilégios da nobreza tornavam-se 
um entrave ao crescimento das cidades, à expansão dos negócios e ao enriquecimento da burguesia. Só a força e 
a autoridade de uma monarquia centralizada poderiam, suprimindo a independência dos feudos e submetendo a 
nobreza, promover a unificação territorial do país, impor a obediência à sua população e dar proteção à burguesia. 
No final da Idade Média, essa situação levou à formação de uma aliança entre a burguesia e a realeza, que, 
em vários países da Europa ocidental, substituiu a descentralização feudal pelo centralismo monárquico. 
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocorreu o processo de formação dos Estados Moder-
nos, em contraposição aos estados feudais, marcados pelo predomínio político do poder local e diretamente ligado 
à posse da terra. Os Estados modernos mantiveram as velhas estruturas feudais, como o predomínio político e 
social da nobreza e do clero, que obtiveram privilégios fiscais e jurídicos, associadas a novos elementos, como a 
centralização do poder político e práticas econômicas intervencionistas, que revelam o fortalecimento das monar-
quias nacionais. 
A montagem da estrutura burocrática dos Estados modernos exigia vultosas quantias financeiras, o que 
incentivava uma crescente necessidade de tributos diretamente arrecadados e administrados pelo governo central, 
que controlava as atividades comercias mediante práticas intervencionistas, fundamentais para impulsionar o desen-
volvimento da acumulação de capital por meio do comércio e das atividades artesanais.
24
As características do 
Estado Moderno 
Eram características do Estado Moderno: terri-
tório definido, moeda nacional, idioma comum, cen-
tralização política, organização da burocracia estatal 
e exército nacional. 
Exércitos nacionais da França e da Inglaterra em combate na batalha de 
Azincourt, no norte da França, durante a Guerra dos Cem Anos, em 25 de 
outubro de 1415.
A formação das monarquias nacionais surgiu de 
um processo gradual de acumulação de poderes nas 
mãos dos reis.. De início, os soberanos estabeleceram a 
delimitação do território, no qual exerceriam sua autori-
dade e influência. Os poderes locais da nobreza seriam 
submetidos à autoridade do monarca, que passou a im-
por tributos e regras nacionais. 
Outro instrumento de consolidação dos Estados 
modernos foi a imposição de um idioma nacional, que 
deveria ser usado nos limites do território, onde o mo-
narca mantinha sua autoridade, associado a origens, 
tradições e costumes comuns. 
Os monarcas impuseram moedas nacionais, 
fundamentais nas trocas comerciais e na arrecadação 
tributária. Para garantir a manutenção da autoridade 
real, foram constituídos os exércitos nacionais, que sim-
bolizavam o poder dos reis expresso no monopólio da 
força pelo Estado. Esses exércitos nacionais eram disci-
plinados, remunerados e diretamente controlados pelos 
reis, que os usavam para impor sua autoridade e garan-
tir o respeito às suas ordens em todo o país, além de 
garantir a defesa do território contra inimigos externos. 
O absOlutisMO
Definição e características
Uma das principais características do período 
de surgimento dos Estados modernos foi a centrali-
zação do poder e da autoridade política na figura do 
soberano. Chegou-se ao limite, inclusive, de associar 
tal poder a algum desígnio divino, isto é, por uma 
suposta linhagem sagrada. 
Por absolutismo entenda-se o poder ilimitado, 
incontestável e inquestionável. Os reis decretavam leis, 
impunham tributos, definiam questões de justiça e co-
mandavam os exércitos. Superiores em relação a todos 
os demais grupos sociais e gananciosos por mais e mais 
prestígio passaram a disputar espaço no Estado moder-
no com a nobreza e a burguesia.
O Estado absolutista alimentava-se deste confli-
to, fortalecia-se com as disputas e oferecia concessões 
aos dois lados: privilégios fiscais e jurídicos à nobreza e 
protecionismo econômico e política econômica ditada 
pelo Estado para a burguesia. 
Os teóricos do Absolutismo 
Teóricos e pensadores fundamentaram o poder 
absolutista, justificaram sua origem e o comportamento 
autoritário dos reis, bem e acima de tudo o poder ili-
mitado que exerciam. Os principais teóricos do absolu-
tismo foram Nicolau Maquiavel, Jacques Bossuet, Jean 
Bodin e Thomas Hobbes. 
 § Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu 
em Florença, cidade italiana e importante pal-
co do Renascimento Comercial. Sua obra mais 
destacada foi O Príncipe, dedicada ao gover-
nante de Florença, Lourenço de Médici. Nela, 
expressa sua concepção sobre o Estado Mo-
derno. Defende um Estado forte e soberano
cujos interesses sobrepunham-se aos valores 
morais. Ao soberano cabe que seja ao mesmo 
tempo “amado e temido”. O príncipe deve estar 
preparado para “fazer o bem, se possível, e o 
mal sempre que necessário” sem medir esforços 
para impor sua vontade. A prioridade do príncipe 
é manter seu poder, sem entrar no mérito dos 
25
meios para tal fim. A reiterada lógica básica do 
pensamento de Maquiavel sintetiza-se na frase: 
“os fins justificam os meios”. Maquiavel é consi-
derado o precursor da ciência política.
 § Jacques Bossuet (1627-1704) foi um bispo 
francês que viveu na corte e participou da edu-
cação do futuro rei Luís XIV. Estabeleceu uma 
teoria sobre o absolutismo na obra Política se-
gundo a Sagrada Escritura. À luz de princípios 
religiosos e bíblicos, justificou a escolha do rei 
como vontade direta de Deus assim como fez 
com Saul, personagem do Antigo Testamento. O 
poder do rei emana diretamente de Deus. Ser rei 
era um chamado dele. Contestar o poder do rei 
era desobedecer à vontade divina, portanto, era 
crime e pecado. Caso o rei fosse cruel ou incom-
petente, restava ao povo rezar; a maldade de um 
rei emana diretamente dos pecados do povo.
Nicolau Maquiavel
“O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-
-se que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe sem 
murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a 
sedição.” (Jacques Bossuet).
 § Jean Bodin (1530-1596) escreveu a obra Seis li-
vros da República. Renomado jurista, Bodin apre-
sentou a teoria da soberania: a “alma” perpétua e 
absoluta de um Estado. Por meio dela justifica-se 
e impõe-se a coesão política. O soberano estava 
acima de tudo, de qualquer forma de sujeição, in-
clusive da lei, criada e revogada por ele e aplicada 
a quem quer que fosse como bem lhe aprouvesse. 
Guardião da ordem pública, pode fazer tudo para 
preservá-la. A monarquia é o regime mais apro-
priado à natureza humana, defendia o jurista. 
Como a família tem um só chefe e o céu apenas 
um sol. Só um poder central pode dar harmonia 
ao corpo político de um país. 
 § Thomas Hobbes (1588-1679), autor da obra 
Leviatã – monstro mitológico todo poderoso que 
governava o caos.Esse é poder do rei absolutis-
ta, para garantir a ordem social e manter o con-
trole sobre a sociedade, constituida por homens 
maus, egoístas e mesquinhos.
O leviatã é um monstro bíblico. Na obra de Ho-
bbes é representado como um gigante coroado, cujo 
corpo é formado de pequenos indivíduos aglomerados. 
Sua imagem está acima do campo e das cidades. Nas 
mãos, uma espada e um báculo, símbolos dos poderes 
militar e religioso. Nas colunas de baixo, outros símbolos, 
um forte, uma catedral, uma coroa, uma mitra, armas e 
paramentos litúrgico, além das cenas de batalha e de um 
concílio, simbolizando que todo poder (secular e religio-
so) está nas mãos do soberano, único senhor absoluto. 
Nas sociedades primitivas sem Estado nem leis, 
os homens viviam em conflitos sociais, matando-se uns 
Capa da edição original de Leviatã (1651).
26
aos outros por motivos banais, conflitos esses que comprometiam a própria existência da humanidade, fenômeno 
que inspirou a célebre máxima do autor: “o homem é o lobo do próprio homem”. Num raro momento de lucidez 
e em face de um sentimento de preservação da espécie, as sociedades organizaram-se em forma de Estado e 
concederam-lhe poderes, a fim de que tivesse força suficiente para impor a ordem. Contra aquela situação de vio-
lência e anarquia, os homens firmaram um pacto – o “contrato social” –, renunciaram à liberdade e aos direitos em 
troca da segurança oferecida pelo Estado, que deve reinar soberana e absolutamente sobre seus súditos. Portanto, 
impõe-se que o Estado seja todo poderoso, um Leviatã, absolutista para que imponha a ordem social e preserve a 
própria humanidade. 
O absOlutisMO na França
Na França, o poder real estabeleceu-se lenta, mas progressivamente durante todo o século XVI. As guerras 
de religião que abalaram o país nos fins do século XVI retardaram o avanço do absolutismo. Na segunda metade 
do século XVII, no entanto, com Luís XIV, o absolutismo francês já se encontrava perfeitamente configurado. 
As guerras de religião 
Na segunda metade do século XVI, o calvinismo foi sendo introduzido na França e ganhando adeptos entre 
parte da nobreza e, principalmente, da burguesia. Nessa época, governava a França o débil monarca Francisco II, 
mas o poder era exercido de fato pelo duque de Guise, chefe da facção mais fanática dos católicos. Os huguenotes 
– calvinistas – eram violentamente reprimidos pelos Guise, que viam no calvinismo um inimigo do poder central. 
A tensão entre os dois grupos acabou se transformando em sangrentos conflitos durante o reinado de Carlos IX 
(1560-1574). 
Até que Carlos IX completasse a maioridade, a regência foi ocupada por sua mãe, Catarina de Médici, aliada 
dos católicos e resolvida a exterminar os huguenotes. Em 1572, na fatídica Noite de São Bartolomeu (24 de 
agosto), foram mortos cerca de 30 mil huguenotes.
“Massacre de São Bartolomeu” (1576), de François Dubois. 
27
A dinastia Bourbon 
O processo de consolidação do absolutismo na 
França tem início com o rei Henrique IV, primeiro gover-
nante da dinastia Bourbon, que substituía a dinastia Valois. 
No poder, Henrique IV promoveu a pacificação 
entre católicos e protestantes mediante o Edito de 
Nantes (1598), que concedia liberdade de culto e o di-
reito de admissão dos protestantes em cargos públicos. 
Segundo a tradição da monárquica francesa, so-
mente um católico poderia assumir o trono. Henrique de 
Navarra, que era protestante, só pôde ser coroado Hen-
rique IV depois de se converter ao catolicismo, oportu-
nidade em que supostamente teria dito a famosa frase: 
“Paris bem vale uma missa.”
Henrique IV 
No século XVII, o absolutismo consolidou–se 
sob a dinastia dos Bourbon, com Luís XIII. Durante seu 
governo, o absolutismo monárquico ganhou considerá-
vel impulso, graças à política de seu primeiro-ministro, 
o cardeal de Richelieu, que, para fortalecer o poder 
real, procurou controlar a nobreza e subordiná-la ao rei. 
Desenvolveu a administração pública mediante um efi-
caz aparato burocrático, para, através dela, facilitar ao 
rei a fiscalização das províncias.
No política exterior, o objetivo de Richelieu foi 
tornar a França a maior potência europeia e enfraquecer 
a Áustria, o que levou o país à luta, ao lado dos prín-
cipes protestantes alemães, contra a dinastia católica 
austríaca dos Habsburgos, na Guerra dos Trinta Anos 
(1618-1648). Fim da guerra, a França tornou-se a maior 
potência militar do continente europeu. 
Luís XVIII, com Richelieu ao fundo.
Luís XIV, o rei Sol
Com a morte de Luís XIII, em 1643, subiu ao trono 
Luís XIV, sob a regência da rainha-mãe Ana d’Áustria e do 
cardeal Mazzarino, que governou até 1661. Os aumentos 
dos impostos decretados pela regência revoltaram a bur-
guesia e a nobreza, que se uniram nas chamadas frondas. 
A morte de Mazzarino precipitou o governo de Luís XIV 
(1661-1715), que se caracterizaria o mais emblemático 
governo absolutista, o que levou ao extremo a ideia de 
completa identificação entre o soberano e o Estado.
Preparado desde a infância por Mazzarino para o 
exercício do poder real, Luís XIV sintetizou suas convições 
absolutistas na frase: L’État c’est moi (O Estado sou eu).
“Luís XIV” (1701), de Hyacinthe Rigaud.
28
Logo que assumiu o governo, afastou os ministros permanentes, esvaziou o Conselho – base do governo no 
período anterior – e acumulou as funções deles. Nas províncias foram confirmadas as intendências, ligadas direta-
mente ao poder central, que também exerciam sua autoridade em matéria de justiça, finanças e política, além de 
fiscalizar os oficiais detentores dos cargos públicos locais e supervisionar a arrecadação tributária. 
No plano social, Luís XIV promoveu a ascensão da burguesia, da qual recrutou alguns ministros, como Col-
bert, das finanças. Para controlar a nobreza atraiu-a para a corte e ofereceu-lhe luxo, festas e pensões. O Palácio 
de Versalhes, residência do rei, era cercado de 10 mil pessoas, entre cortesãos, soldados, lacaios etc.. Tornou-se 
símbolo do absolutismo francês, cujo grande ideólogo foi Jacques Bossuet.
Construído durante o reinado de Luís XIV, o “rei Sol”, o Palácio de Versalhes foi modelo e foi utilizado de residência real na Europa. 
No campo religioso, Luís XIV revogou e Edito de Nantes, em 1685, quando o protestantismo foi proibido. 
Cerca de 150 mil pessoas viram-se obrigadas a abandonar o país. Em seguida deu um golpe na Igreja Católica, 
submetendo-a à sua autoridade e obrigando o clero francês a pagar impostos ao rei. Essas medidas visavam rea-
firmar a autoridade real perante a população francesa. 
A economia e as finanças estavam a cargo do ministro Jean-Baptiste Colbert, membro ligado à burguesia, 
que governava junto ao monarca. Sua política mercantilista visava a autossuficiência do país com uma balança 
comercial favorável. Para isso, Colbert lançou mão da concessão do monopólio de certos produtos a alguns fabri-
cantes bem-sucedidos; da vigilância estrita sobre todas as corporações de ofício; e da criação de manufaturas, de 
propriedade da coroa, destinadas à produção e exportação de artigos de luxo, como cristais e tapeçarias. 
A política externa de Luís XIV teve como principal característica as sucessivas guerras contra outros países 
para preservar sua supremacia na Europa. Paralelamente aos gastos vultosos para a manutenção da corte, as fi-
nanças e a economia francesa foram arruinadas. Nos últimos anos do governo de Luís XIV e no reinado de Luís XV, 
a crise do absolutismo só fez piorar e assumir proporções catastróficas no governo de Luís XVI, quando, em 1798, 
o Antigo Regime foi destituído pela Revolução Francesa. 
29
O absOlutisMO na inglatErra
Na Inglaterra, a consolidação e o apogeu do abso-
lutismo ocorreram durante a dinastia Tudor (1485-1603), 
que ascendera ao poder no final da Guerra das Duas 
Rosas (1455-1485). Nessa guerra civil, as duas mais po-
derosas famílias da nobreza inglesa – a família Lancaster,representada por uma rosa vermelha, e a família York, por 
uma rosa branca – disputaram o poder. Os Lancaster, então 
no poder, representavam os interesses da velha nobreza 
feudal; e os York, a nova nobreza aliada à burguesia.
A dinastia Tudor
Terminada a guerra, Henrique Tudor, descenden-
te dos Lancaster, casou-se com Elizabeth, de York, unin-
do sob sua direção as duas famílias.
Quase todo o período inicial do governo dessa 
dinastia foi de relativa tranquilidade. A preocupação 
dominante durante o reinado de Henrique VII foi a 
reconstrução do reino. A autoridade do rei fortaleceu-
-se com certa facilidade, dada a fragilidade da nobreza 
e o apoio popular a um governo estável, depois de um 
período de trinta anos de guerra. 
Henrique VII
Essa autoridade, no entanto, sempre esbarra-
va no Parlamento, notadamente quando se tratava de 
questões financeiras. Para decretar novos impostos, o 
rei era obrigado a convocar o Parlamento, que tradicio-
nalmente poderia aceitar ou não suas propostas.
Morto Henrique VII, em 1509, o poder foi trans-
mitido ao seu filho Henrique VIII, cujos primeiros vinte 
anos de reinado foram marcados pela continuidade da 
obra do pai, de um paulatino aumento do poder real. 
Quando da Reforma Protestante, no entanto, a 
Inglaterra também foi envolvida e o processo de centra-
lização do poder real acelerou-se. Henrique VIII utilizou 
de questões pessoais relacionadas ao seu casamento 
para desencadear a Reforma anglicana, aumentar o 
poder real e fazer praticamente desaparecer o poder 
da Igreja Católica. Com o Ato de Supremacia, em 1534, 
a questão da religião no país passou a ser atribuição 
pessoal do rei, e os bens da Igreja Católica foram con-
fiscados, especialmente as terras dos mosteiros. 
Sob Henrique VIII, o Parlamento foi astutamente 
controlado. O monarca interferia nas eleições e lotava 
o legislativo com seus próprios apaniguados; adulava, 
lisonjeava ou amedrontava seus membros, conforme 
exigisse a situação, a fim de obter seu apoio. 
Em 1547 subiu ao poder Eduardo VI, filho de 
Henrique VIII com sua terceira esposa, Jane Seymour. 
Durante seu curto reinado (1547-1553), o poder na In-
glaterra esteve virtualmente nas mãos do Conselho Pri-
vado, órgão consultivo de confiança do rei e controlado 
pelo protestante duque de Somersert. 
Com a morte de Eduardo VI, em 1553, vítima 
de tuberculose aos 16 anos, subiu ao trono sua irmã, 
Maria Tudor (Maria I). Católica fanática, imprimiu ao 
governo uma nova orientação religiosa: revogou o Ato 
de Supremacia instituído por seu pai, Henrique VIII e 
promoveu intensa perseguição aos anglicanos e calvi-
nistas (puritanos), o que lhe rendeu o apelido de Maria 
“Sanguinária” (Bloody Mary). Seu reinado foi ponti-
lhado de assassinatos e execuções. Em 1554 casou-se 
com Filipe II, rei da Espanha, tradicional concorrente e 
rival da Inglaterra. Esse fato provocou em toda a Ingla-
terra movimentos de repulsa contra a Igreja Católica e 
contra a Espanha. Maria I morreu em 1558 e deu lugar 
à sua meia irmã, Elizabeth I, fruto do casamento de 
Henrique VIII com Ana Bolena.
30
Elizabeth I
Elizabeth I representou poderoso estímulo 
para o fortalecimento do poder real, quando o absolu-
tismo na Inglaterra alcançou seu apogeu. Seu reinado 
(1558-1603) é apontado como a Idade de Ouro da his-
tória inglesa. Uma das primeiras medidas de Elizabeth 
I foi reorganizar a religião na Inglaterra, tornando o 
anglicanismo a religião oficial. A política de persegui-
ções religiosas teve continuidade – embora em menor 
intensidade, agora voltada contra puritanos e católicos. 
Durante todo o reinado de Elizabeth I, o Parla-
mento mostrou-se dócil e submisso. A Câmara dos Lor-
des, ainda sob influência dos católicos, era o setor que 
poderia oferecer alguma resistência. Elizabeth I, com a 
habilidade política que lhe era peculiar, manobrou no 
sentido de promover uma lenta reforma nessa câma-
ra até dominá-la com membros fiéis ao anglicanismo e 
oriundos da nova nobreza.
Nesse período, a política econômica da Inglater-
ra foi ditada pelas teorias mercantilistas. Por volta de 
1570 desenvolveu-se a manufatura de tecidos de lã 
e ocorreu um incremento da exploração das minas de 
carvão. O comércio internacional desenvolveu-se inten-
samente, estimulando a construção naval. O avanço 
da pirataria, legitimada pelo Estado (os corsários), 
sobre o império colonial espanhol e português trouxe 
enormes lucros. A formação de companhias regulamen-
tadas, como a Companhia Inglesa das Índias Orientais, 
organizou a exploração comercial e principalmente o 
tráfico de escravos negros da costa da África para a 
América. Houve também a busca de colônias, objetivo 
que se concretizou com a fundação da primeira colônia 
inglesa na América do Norte, a Virgínia. 
Setores da nobreza passaram a produzir para 
vender no mercado, dando origem à nobreza progres-
sista, a gentry, cuja finalidade básica era ampliar as 
áreas de pastagem, o que a levou, com o apoio do go-
verno inglês, a cercar as terras comunais usadas pelos 
camponeses pobres que foram expulsos da terra, por 
causa do crescimento dos rebanhos de ovelhas. A agri-
cultura inglesa perdeu suas características de agricultu-
ra feudal – produção de subsistência – e transformou-
-se em agricultura capitalista com interesses ligados 
ao comércio. O resultado desse fenômeno, conhecido 
como “cercamentos” (enclosures) foi uma multidão 
de camponeses sem terra, famintos e miseráveis que se 
concentravam nas cidades inglesas. Criavam-se assim 
as condições favoráveis para o desenvolvimento do tra-
balho assalariado e das manufaturas.
Em 1601, pretendendo exercer mais controle so-
bre os pobres ingleses, Elizabeth I assinou a famosa “Lei 
dos Pobres” (Poor Law), que os obrigava a trabalhar em 
“oficinas de caridade”, que abasteciam de mão-de-obra 
barata todas as manufaturas inglesas. 
Durante o reinado de Elizabeth I houve a tentativa 
de invasão e domínio da Inglaterra pela chamada “Inven-
cível Armada” espanhola. Tomado de fúria em razão dos 
ataques ao comércio espanhol, por parte dos navios cor-
sários ingleses, e frustrado pelo fracasso de seus planos 
para trazer a Inglaterra de volta à fé católica, o rei Filipe 
II da Espanha enviou, em 1588, uma poderosa esquadra 
para destruir a esquadra da rainha Elizabeth I e invadir 
a Inglaterra. Mas o rei desconhecia as novas técnicas de 
guerra naval ou do robusto patriotismo dos ingleses. 
Uma combinação de perícia militar e de tempestades 
desastrosas (“Vento Protestante”) levou muitos de seus 
130 navios para o fundo do canal da Mancha. Os res-
tantes debandaram de volta à Espanha.
31
“Spanish Armada”, de James de Loutherbourg.
Em 1603, com a morte da rainha que não deixou herdeiros, iniciou-se o reinado da dinastia Stuart, caracte- 
rizado pela crise do absolutismo e pelas revoluções inglesas do século XVII.
O MErcantilisMO
Trata-se de uma política econômica dos Estados Modernos Europeus, política essa que acompanhou o perí-
odo de formação das monarquias nacionais e atingiu seu apogeu com a monarquia absolutista. 
Objetivos 
Práticas econômicas executadas pelo Estado nacional com o objetivo de auferir ganhos e promover o forta-
lecimento do Estado. No entanto, como contava com a burguesia para executar a política econômica, favorecia o 
enriquecimento e, paralelamente, o ganho de poder dessa nova classe social. 
A política econômica mercantilista foi a expressão da busca de poder e riqueza pelo Estado nacional. No 
início da Idade Moderna, os Estados europeus viviam em lutas pelo domínio do comércio mundial e das colônias. 
Os Estados nacionais necessitavam, entre outras razões, de formar exércitos e marinhas poderosos. Para fortalecer 
o tesouro real com o aumento de impostos, era preciso desenvolver o comércio e as manufaturas. À medida que se 
processava esse desenvolvimento, a burguesia, sua beneficiária, enriquecia.O mercantilismo exprimia a aliança entre os Reis e a burguesia pela unificação e desenvolvimento do 
poderio nacional. Foram as regulamentações mercantilistas, com seu rígido controle sobre a economia, que promo-
veram o processo de acumulação de capitais pela burguesia. 
32
Características
A política econômica mercantilista executada 
pelos países de então apresentava uma série de ca-
racterísticas comuns.
 § Metalismo – a riqueza de um país media-se 
pela quantidade de metais preciosos dentro de 
suas fronteiras. Quanto mais ouro e prata hou-
vesse no país, mais rico e poderoso ele seria. 
Com metais preciosos, os governos compravam 
armas, contratavam soldados, construíam navios, 
pagavam funcionários e custeavam as guerras. 
Para acumularem os metais preciosos, era preci-
so não só impedir a saída de ouro e prata, mas 
provocar sua entrada. 
 § Balança comercial favorável – esse princípio 
mercantilista está intimamente ligado ao ante-
rior. Consiste em vender mercadorias pelo maior 
valor possível para o exterior e comprar pelo me-
nor valor. O valor total das exportações deveria 
sempre superar o das importações. Essa era uma 
das formas de um país provocar a entrada de 
metais preciosos e de se promover o metalismo. 
 § Protecionismo – para manter uma balança 
comercial favorável, o Estado nacional deveria 
incentivar as exportações observando uma série 
de medidas: desvalorização da moeda, proibição 
da exportação de matérias-primas e, principal-
mente, desestímulo às importações, cujas tarifas 
alfandegárias deveriam ser sobretaxadas e caras 
para o consumidor nacional. 
 § Sistema colonial (colonialismo) – com o 
objetivo de fortalecer o Estado nacional e, con-
sequentemente, o poder do rei, alguns países 
lançaram-se nos séculos XV e XVI à conquista 
de novas terras a fim de fazer crescer suas fon-
tes de riquezas. Essa era a função fundamental 
das colônias da América e da África: enriquecer 
as metrópoles. Das colônias, as metrópoles po-
deriam retirar as mercadorias de que necessitas-
sem, metais preciosos e produtos tropicais, e ao 
preço que quisessem. Paralelamente poderiam 
obrigar a colônia a adquirir produtos manufa-
turados da metrópole ao preço que ela determi-
nasse. A essa relação desigual entre metrópole 
e colônia deu-se o nome de pacto colonial, me-
diante o qual a balança comercial ficava sempre 
favorável à metrópole.
 § Monopólios – graças ao pacto colonial, somen-
te a metrópole poderia comerciar com seus domí-
nios. O monopólio era condição fundamental para 
o desenvolvimento do comércio e das manufatu-
ras, uma vez que constituía a única forma possível 
de realizar grandes empreendimentos. Os capitais 
uniam-se para controlar com exclusividade um 
ramo da produção manufatureira, o comércio de 
uma localidade ou o comércio colonial. O mono-
pólio, no entanto, pertencia ao Estado que, em 
troca de pagamento, transferia-o aos burgueses. 
 § Intervencionismo estatal – visava o fortale-
cimento do poder nacional. O Estado intervinha 
na economia mediante incentivo e proteção das 
manufaturas, altas tarifas alfandegárias e garan-
tia dos monopólios, da fixação de uma política 
de controle sobre os salários, os preços e a qua-
lidade das mercadorias. 
O renascimento da escravidão na época moder-
na movimentava grande quantidade de capitais, por isso 
mesmo, era uma importante fonte de aceleração da acu-
mulação primitiva de capital, que, ao lado dos demais fa-
tores, compunha a etapa de constituição do capitalismo. 
Tipos de mercantilismo
A prática do mercantilismo na Europa ocidental 
dos séculos XVI e XVII obedeceu às condições específi-
cas de cada país mediante as quais cada um procurava 
aumentar a riqueza nacional e é característica prepon-
derante daquele mercantilismo adotado.
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Mercantilismo espanhol (Bulionismo)
No século XVI, a Espanha conquistou vasto im-
pério colonial. Grandes quantidades de ouro e prata 
provenientes do Peru e do México chegavam à Metró-
pole, o que lhe trouxe duas graves consequências: de-
sinteresse pelas atividades industriais e agrárias, ocasio-
nando queda na produção; inflação generalizada, 
resultado da alta vertiginosa do preço das mercadorias 
em escassez, conhecida como Revolução dos Preços. 
Obrigada a importar manufaturados, a Espanha transfe-
riu essa inflação para toda a Europa.
Mercantilismo francês (Colbertismo)
De acordo com as concepções de sua época, Col-
bert, ministro das finanças de Luís XIV, buscou fazer a 
riqueza da França com a acumulação de metais precio-
sos obtidos de uma balança comercial favorável. Para 
isso, procurou tornar o país economicamente autossufi-
ciente, proibiu ou inibiu as importações com elevadas 
tarifas alfandegárias e incentivou as exportações de ar-
tigos de luxo – tecidos de seda, cristais, porcelana e ta-
peçaria. Sua política econômica também buscava acele-
rar o desenvolvimento industrial na França com a criação 
das manufaturas reais e de grandes companhias comer-
ciais, a concessão de monopólios estatais, a subvenção 
à produção de artigos de luxo e a conquista de colônias. 
Mercantilismo inglês 
No século XVII, o mercantilismo inglês era fundamentalmente comercial e industrial. A indústria têxtil era a 
mais importante das atividades exportadoras do país. Em razão disso, o Estado proibiu a exportação de lã e elevou 
as taxas aduaneiras para impedir a concorrência dos tecidos franceses e holandeses. 
A ideia mercantilista de comprar barato e vender caro vigorou na Inglaterra de vários modos: ganhos no 
frete, estímulo à indústria de construção naval e, principalmente, formação de grandes companhias de comércio 
privilegiadas pelo Estado. 
Mercantilismo dos Países Baixos 
Por volta do século XVII, os Países Baixos eram o modelo do Estado capitalista. A partir de 1615, grandes 
possessões espanholas na Ásia foram dominadas pela Holanda. 
Na América, os holandeses ocuparam colônias na região das Antilhas, onde organizaram grandes planta-
ções de cana-de-açúcar. Além de dominarem intensamente o comércio colonial, os Países Baixos eram importantes 
regiões manufatureiras de tecidos. Ali surgiram as primeiras instituições financeiras.
“Exploração do México”. Mural, de Diego Rivera.
“Um porto marítimo francês, no auge do mercantilismo” (1638), 
de Claude Lorrain.
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O Homem da Máscara de Ferro
No século XVII, o cruel Luís XIV (Leonardo DiCaprio) manda clandes-
tinamente para a masmorra o irmão gêmeo que ninguém sabe existir, para 
tomar o poder. Mas o mosqueteiro Aramis (Jeremy Irons) descobre o segredo 
e convence seus companheiros a salvar o prisioneiro.
No ano de 1715, mais especificamente no mês de agosto, o monarca Luís XIV 
(Jean-Pierre Léaud) começa a sentir dores na perna. Ele continua a exercer suas 
funções nos dias seguintes, mas passa a ter sonos intranquilos, além de problemas 
com alimentação e febre. Cada dia mais fraco, acompanhamos os lentos e últimos 
dias da sua vida.
Vanity Fair (Feira das Vaidades ou A Feira das Vaidades) é um filme de drama e 
romance de 2004, dirigido por Mira Nair, adaptado da obra homônima de William 
Makepeace Thackeray (1847 - 1848). Esta versão, que é estrelada por Reese 
Witherspoon como Becky Sharp, tem alterações substanciais, incluindo um final feliz.
O filme foi nomeado para o Leão de Ouro em 2004 no Festival de Veneza.
A Morte de Luís XIV
Vanity Fair
Mary Stuart (Katharine Hepburn) assume o trono da Escócia para a repugnância 
da Rainha da Inglaterra Elizabeth I (Florence Eldridge). Em meio a um grande 
burburinho sobre seu possível marido, Mary escolhe o Lorde Darnley (Douglas 
Walton) ao invés do Conde de Bothwell (Fredric March). Um golpe político leva à 
guerra civil e a rainha escocesa deverá arcar com duras consequências.
Mary Stuart, Rainha da Escócia
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