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CIDADES IORUBA E O IMPERIO DE OYO No século XII, surgiram em regiões da África Ocidental – nos atuais territórios da Nigéria e do Benin, próximo ao Golfo da Guiné – várias cidades- Estado que agrupavam povos de língua iorubá. Módulos 32 177 Segundo tradições orais, cidades iorubás, como Irê, Akure e Ondo, teriam sido fundadas pelos descendentes de Odudua, também conhecido como Oduduwa, uma das principais divindades dos iorubás, que representa a terra. Entre 1400 e 1835, as cidades iorubás exerceram grande poder na África Ocidental. Ao contrário do Reino do Mali e do Reino Songhai, que constituíram grandes impérios com base em uma forte centralização política, os iorubás desenvolveram um sistema que fornecia mais poderes às cidades, possuidoras de autonomia política (cidades-Estado). Dessa forma, é possível afirmar a existência de pequenos reinos iorubás, consolidados em cidades-Estado que alcançaram largo desenvolvimento. As duas cidades mais importantes da região foram Ifé, grande centro religioso governado por um líder que recebia o título de oni; e Oyo, centro que exercia grande influência política e econômica, governado por um líder que recebia o título de alafin. Existem indícios arqueológicos de que Ifé, um dos mais antigos reinos do sul da região do Sahel, foi construída em meados do século VI, cercada por pequenas aldeias agrícolas. Alguns especialistas, entretanto, entendem que Ifé teria sido fundada entre os séculos IX e XII. Com o passar do tempo, a cidade tornou-se um importante centro, em razão do desenvolvimento da metalurgia do ferro e de sua localização privilegiada como posto comercial entre a floresta, a savana e o litoral, onde eram comercializados produtos como marfim, dendê, pimentas, sal, peixes, ouro, escravos entre outros. Ifé também era conhecida por ser um importante centro religioso, que recebia tributos e congregava outras cidades-Estado em sua área de influência, as quais reconheciam a supremacia dos reis de Ifé e procuravam legitimar seus poderes, traçando “árvores genealógicas” que remontavam ao fundador Odudua. As cidades-Estado que formavam o reinos se organizavam em torno do poder central e estavam subordinadas à autoridade do oni. O poder do soberano respeitava os limites da ocupação compartilhada do território e a obediência a um conjunto de leis comuns. Como centro cultural, a cidade de Ifé abrigava artesãos e artistas que produziam imagens de bronze, cobre e terracota. Em geral, eram confeccionadas figuras humanas que representavam, provavelmente, reis e cortesãos, decorados com panos e contas, além de sinais e linhas faciais. Apesar de continuar a figurar como importante centro religioso, Ifé sofreu um grande declínio econômico a partir do século XVI, sendo substituída por Oyo nos arranjos comerciais entre as regiões da floresta e da savana O Reino de Oyo teria sido criado por Oraniã, um descendente de Odudua, auxiliado pelos povos nupes e baribas. Segundo lendas, o fundador Oraniã tornou-se o primeiro rei de Oyo, que foi posteriormente governado por Xangô, mais tarde transformado em uma divindade, conhecido como orixá da justiça e senhor dos raios. Acredita-se que Oyo tenha sido criado entre os séculos XI e XIII. No final do século XV, já havia se tornado um poderoso reino com influência sobre diversas cidades-Estado da África Ocidental, notabilizando-se por sua importância comercial e por seus trabalhos em couro. IMPERIO DE OYO A partir do século XVII, Oyo passou a exercer um papel de liderança política entre os iorubás. A organização política do Reino baseava-se na obediência ao rei, também chamado de alafin, considerado detentor de um poder sagrado e derivado dos orixás, aos quais se uniria depois de morto. O alafin possuía um exército de soldados profissionais e escravos à sua disposição, administrava a justiça, cobrava impostos dos reinos vizinhos e podia determinar a pena de morte quando desejasse. As outras linhagens patriarcais, submissas a ele, formavam comunidades com moradias delimitadas por muros, compondo espécies de bairros organizados por um chefe. As atividades econômicas desenvolvidas em Oyo eram a cavalaria, a metalurgia, a tecelagem e, principalmente, o comércio. Os artesãos estavam organizados em várias corporações (escultores, tecelões, ferreiros, sapateiros, ourives, serralheiros) e seus mercados se destacavam pela grande quantidade de mulheres às quais era reservada a venda de produtos Quando os portugueses atingiram o Golfo da Guiné, encontraram reinos antigos e poderosos, com cidades Estado organizadas por povos de língua iorubá. No entanto, os lucros obtidos pelo tráfico negreiro estimularam uma série de confrontos entre diferentes reinos e cidades africanas, visto que cada chefe procurou estabelecer relações vantajosas com os comerciantes e traficantes europeus, o que favoreceu a extinção de antigas interligações tipicamente africanas. Muitos atribuem o declínio do Império Oyo às lutas dinásticas e aos golpes de estado ocorridos após 1754. A partir de 1823, os iorubás envolveram-se em desastrosas disputas contra o Reino de Daomé. Enfraquecido, o império foi extinto em 1835 e sua região passou a sofrer intervenções diretas da Inglaterra. Sua antiga localização corresponde, atualmente, às regiões da Nigéria e do Benin.
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