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O Agronegócio e o Comércio Exterior 3º Aula Liberalismo econômico, liberalismo moderno, teorias e os protagonistas históricos Estudaremos, nesta aula, duas facetas do liberalismo: a econômica e a moderna. Para começar, é importante saber que “Liberalismo pode ser definido como um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta como ponto principal a defesa da liberdade política e econômica. Nesse sentido, os liberais são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas” (SUA PESQUISA, 2011). Os princípios básicos do liberalismo são: • defesa da propriedade privada; • liberdade econômica (livre mercado); • mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado); • igualdade perante a lei (estado de direito) (SUA PESQUISA, 2011). O liberalismo surgiu no contexto do fim do mercantilismo, período em que era necessário estabelecer novos paradigmas, já que o capitalismo estava se firmando cada vez mais. Assim, o pensamento liberal teve sua origem no final século XVII, por meio dos “trabalhos sobre política publicados pelo filósofo inglês John Locke. Prosseguindo, [...] no século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith. Já na década de 1970 surgiu o neoliberalismo, que é a aplicação dos princípios liberais em uma realidade econômica pautada pela globalização e por novos paradigmas do capitalismo” (SUA PESQUISA, 2011; BRASIL ESCOLA, 2011). Durante o estudo desta aula, lembre-se que cada conteúdo compreendido é um passo para uma base melhor, o que vai torná-lo(a) um profissional cada vez mais qualificado. Assim, é primordial que eventuais dúvidas não o(a) impeça de prosseguir em seus estudos. Sugerimos, portanto, que acesse a plataforma frequentemente, utilizando as ferramentas “Quadro de Aviso” ou “Fórum” para interagir com seus colegas de curso e com seu professor. Bons estudos! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • reconhecer o pensamento e os pressupostos teóricos de Adam Smith, de David Ricardo e de algumas teorias econômicas; • definir, conceituar e identificar as ideias que antecedem e as principais características do liberalismo econômico e do liberalismo moderno. 17 1 - Introdução às Teorias 2 - Liberalismo Econômico e Liberalismo Moderno Seções de estudo 1 - Introdução às Teorias É provável que muitos alunos mais críticos, com sede de conhecimento, irão se perguntar: e os outros teóricos não são importantes para meu estudo? Com certeza são! Dessa forma, é importante que procure aprofundar seus conhecimentos sobre os outros pensadores, uma vez que isto pode trazer respostas para seu cotidiano profi ssional. Além disso, em uma Curiosidade “Adam Smith explica que a ‘mão invisível’ não funcionaria adequadamente se houvessem impedimentos ao livre comércio. Ele era, portanto, um forte oponente aos altos impostos e às intervenções do governo, que afi rmava resultar em uma economia menos efi ciente, e assim fazendo gerar menos riqueza. Contudo, Smith reconhecia que Informação adicional - teoria Keynesiana: “conjunto de idéias que propunham a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego. As teorias de John Maynard Keynes tiveram enorme infl uência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Acreditava que a economia seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado. O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia, de forma sufi ciente para garantir o pleno emprego, mas sem excesso, pois isto provocaria um aumento da infl ação. Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina econômica: o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores à II Guerra Mundial foram seguidos pela infl ação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle da infl ação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices de infl ação foram acelerados de forma alarmante” (ECONOMIA BR.NET, 2011). Na disciplina de “Administração e Economia Rural” você teve a oportunidade de estudar diversos conceitos que serão importantes para o entendimento da história e de algumas teorias que compreenderemos nesta seção. Procure relembrar os conhecimentos que já construiu naquela disciplina (relendo o material didático e suas anotações) para estabelecer conexões com os que construiremos juntos agora! Ao falarmos sobre economia mundial, temos por obrigação citar alguns nomes que realmente fizeram a diferença, elaborando ideias e teorias que foram e são aplicadas pelos gestores. Dentre eles se destacam: a) John Stuart Mill; b) Jean Batista Say; c) David Ricardo; d) Adam Smith, famoso idealizador da teoria econômica conhecida como mão invisível, que por anos foi utilizada por economistas do mundo. “Adam Smith foi um importante filósofo e economista escocês do século XVIII. Nasceu na cidade escocesa de Kirkcaldy, em 5 de junho de 1723, e faleceu em Edimburgo no dia 17 de julho de 1790. [...] Em plena época do Iluminismo, Adam Smith tornou- se um dos principais teóricos do liberalismo econômico. Sua principal teoria baseava-se na ideia de que deveria haver total liberdade econômica para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver, sem a intervenção do Estado. A livre concorrência entre os empresários regularia o mercado, provocando a queda de preços e as inovações tecnológicas necessárias para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o ritmo de produção. As ideias de Adam Smith tiveram uma grande influência na burguesia europeia do século XVIII, pois atacavam a política econômica mercantilista promovida pelos reis absolutistas, além de contestar o regime de direitos feudais que ainda persistia em muitas regiões rurais da Europa. A teoria de Adam Smith foi de fundamental importância para o desenvolvimento do capitalismo nos séculos XIX e XX” (SUA PESQUISA, 2011). De acordo com Vasconcelos e Garcia (2004), a teoria de Adam Smith consiste na permissão para a atuação da livre concorrência, “uma mão invisível” que levaria a sociedade à perfeição, por meio de uma ação que orientasse a todos os agentes da economia, trazendo benefícios à sociedade, sem a interferência do Estado, sendo já um princípio do liberalismo. Essa teoria da mão invisível foi válida até a crise de 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova York, conhecida como a grande depressão, pois os anos foram passando e com esse colapso os países continuavam se afundando. algumas restrições do governo sobre a economia são necessárias. Este conceito de “mão invisível” foi baseado em uma expressão francesa, “laissez faire”, que signifi ca que o governo deveria deixar o mercado e os indivíduos livres para lidar com seus próprios assuntos. Deve-se saber que Smith não foi um economista ingênuo. Ele estava ciente dos abusos praticados por muitas empresas privadas, e denunciou as formações de monopólios, que ocorrem quando uma fi rma é a única produtora de um certo produto. Adam Smith também criticou seriamente as conspirações comerciais e cartéis que ocorrem quando um grupo de empresários, produtores de um mesmo bem de consumo, estabelece um determinado preço. Estes fenômenos econômicos poderiam obviamente prejudicar os trabalhos da “mão invisível” onde uma economia funciona melhor quando há bastante competição, resultando em produtos melhores sendo fabricados na quantidade apropriada e nos menores preços possíveis”(GEOMUNDO, 2011). Desse modo, a partir de 1936, entra em cena a teoria Keynesiana, do economista inglês John Maynard Keynes, dividindo a economia em duas, sendo conhecidas como Microeconomia e Macroeconomia, que até hoje ditam as regras. Existem outros importantes teóricos, mas estes (John Stuart Mill, Jean Batista Say, David Ricardo e Adam Smith) são considerados os principais. 18O Agronegócio e o Comércio Exterior Que “o pensamento de Adam Smith foi desenvolvido pelo economista inglês David Ricardo em 1817, que formulou a Teoria das Vantagens Comparativas, também chamada de Teoria dos Custos Comparativos. As ideias básicas dessa teoria são: o comércio internacional será vantajoso até mesmo nos casos em que uma nação possa produzir internamente a custos mais baixos do que a nação parceira, desde que, em termos relativos, as produtividades de cada uma fossem relativamente diferentes. Assim, a especialização internacional seria mutuamente vantajosa em todos os casos em que as nações parceiras canalizassem os seus recursos para a produção daqueles bens em que sua efi ciência fosse relativamente maior. [...] Ao conduzir à especialização e a divisão internacional do trabalho, seja por desiguais reservas produtivas, por diferenças de solo e de clima ou por desigualdades estruturais de capital e trabalho, o comércio exterior aumenta a efi ciência com que os recursos disponíveis em cada pais podem ser empregados. E este aumento de efi ciência, possível sempre que observarem vantagens comparativas, eleva a produção e a renda nos países envolvidos nas trocas. O modelo Ricardiano é o mais simples dos modelos que explicam como as diferenças entre os países acarretam as trocas e ganhos no comércio internacional, pois, neste modelo, o trabalho é o único fator de produção e os países diferem apenas na produtividade do trabalho nas diferentes indústrias” (VESTIBULAR 1, 2011). Ambas as teorias (Teoria da Vantagem Absoluta e Teoria da Vantagem Comparativa) são de certa forma um pouco complicadas de se entender. Às vezes parecem iguais, poucas alterações, mas pequenas palavras mudam o contexto da situação. Para facilitar sua compreensão e contextualização, vamos continuar, agora, exemplifi cando as teorias! possível pós-graduação (strictu sensu) como um mestrado e/ou doutorado, certamente esse conhecimento mais aprofundado será exigido. Ah, para facilitar sua busca, as referências bibliográfi cas apresentadas nesta e nas demais Aulas, servirão como importante instrumento de pesquisa. Pense nisso... Nesta aula vamos focar na ideia central da disciplina, que nos ajudará a construir uma noção sobre o tema que é o comércio internacional. Se fossemos citar todos os que fi zeram parte de toda a história do comércio mundial, levaria aulas e aulas, iniciando com os fi lósofos da antiguidade como Sócrates, Platão, Aristóteles, dentre outros, com muita teoria. Entretanto, nossa proposta é fazer um apanhado geral para entender como tudo começou, quais foram às teorias, o que elas recomendavam e por quais motivos. De acordo com Adam Smith apud Maia (2007), a produção não deveria ser protegida, pois, seria um início para o livre comércio, assim, cada país iria produzir somente aquilo de que realmente dominasse completamente o sistema e, é claro, desde que o clima e solo fossem favoráveis para ser, assim, um fornecedor natural ao mercado interno e externo e, com isso, gerar a: a) divisão do trabalho, gerando a especialização no produto trabalhado e mais qualidade; b) produção em grande escala, gerando menor custo. Partindo desses possíveis tópicos, sendo considerados estudos iniciais ao liberalismo (livre comércio), foram apresentadas as teorias da vantagem absoluta e da vantagem comparativa. A Teoria da Vantagem Absoluta de Adam Smith, citado por Bortoto et al. (2007, p. 77) defende que “a referência é o local com características mais favoráveis à produção de determinada mercadoria: cada país deve concentrar-se em produzir somente as mercadorias que apresentar melhores condições de fazê-lo”. Saiba Mais “O princípio da Teoria das Vantagens Absolutas surgiu das ideias do economista Adam Smith, em sua obra A riqueza das nações, editada em 1776”. As ideias básicas desta teoria são: a especialização das produções, motivada pela divisão do trabalho na área internacional, e as trocas efetuadas no comércio internacional contribuíam para o aumento do bem-estar das populações. De acordo com a Teoria das Vantagens Absolutas: “Cada país deve concentrar seus esforços no que pode produzir a custo mais baixo e trocar o excedente dessa produção por produtos que custem menos em outros países” (VESTIBULAR, 2011). Agora, de acordo com as ideias de David Ricardo, vamos conhecer a Teoria da Vantagem Comparativa: David Ricardo: “economista inglês (4/1772- 11/9/1823), autor da teoria do trabalho como valor, é um dos fundadores da ciência econômica” (ALGO SOBRE, 2011). A referência utilizada pela teoria, além do local com características mais favoráveis à produção, leva em conta a garantia de uma balança comercial equilibrada entre países, denotando uma preocupação com a continuidade da relação comercial: cada país deve concentrar-se em mercadorias que apresentem maior vantagem absoluta e menor desvantagem comparativa entre si. Segunda a Teoria da Vantagem Comparativa, os países exportarão os bens produzidos com o trabalho interno de modo relativamente eficiente e importarão bens produzidos pelo trabalho interno de modo relativamente ineficiente, ou seja, o padrão de produção de um país é determinado pelas vantagens comparativas. Com intuito de facilitar o entendimento, vejamos um exemplo extraído do livro Comércio exterior - teoria e gestão (2007), com algumas modificações. Segundo a Teoria da Vantagem Absoluta, observe: PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO) A 90 80 B 80 90 19 E aí, entendeu as teorias? Veja que estas precedem a ideia do Liberalismo Econômico. Seriam os motivos precursores para o livre comércio. Contudo, caso ainda tenha dúvidas é importante que não prossiga antes de pesquisar nos locais recomendados, de perguntar aos seus colegas de turma ou ao professor. Agora que já conhecemos um pouco sobre a história e sobre as teorias, vamos nos aprofundar no liberalismo econômico, tendo como principal foco o livre comércio, ou seja, a não intervenção do estado na economia. 2 - Liberalismo Econômico e Liberalismo Moderno Observe que o país que tiver a melhor condição (física, climática, ambiental) deve sempre se especializar na produção desse bem. No exemplo em questão, o país A deveria sempre vender o vinho ao país B, pois o seu custo de produção é menor; e o país B deveria sempre vender o tecido ao país A. Essa “troca” deveria ser feita constantemente visando a garantir qualidade e menor custo a ambas às sociedades. Sendo assim, na visão de Adam Smith, cada país deveria se especializar apenas no que tem melhores condições de fazê-lo e sempre vender a outros países. Assim, todos sempre estariam se mantendo financeiramente e o produto seria de excelente qualidade e de baixo custo, devido a essa especialização. Mas, e quando um país tem vantagem sobre outro em todos os possíveis produtos? Vejamos um exemplo: PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO) A 90 80 B 100 120 Vejam que no primeiro exemplo apresentado, em ambos os produtos, o país A tem vantagem de menor custo de produção em relação ao país B. Nesse momento é que entra a Teoria da Vantagem Comparativa, de David Ricardo, que, como Adam Smith, também é a favor da produção com menor custo e qualidade, mas acrescenta a necessidade de que os países devem manter um superávit comercial ou uma balança comercial positiva. Já no segundo exemplo, se formos avaliar pela Teoria da Vantagem Absoluta, de Adam Smith, o país A deveria sempre vender e o país B sempre comprar, por ter melhores condições de fazê-lo. Mas, o problema, nesse caso, seria uma balançacomercial desfavorável a B, pois sempre estaria importando e, em determinado momento a fonte dos recursos de B pode acabar. PAÍS TECIDO (CUSTO) VINHO (CUSTO) A 90 80 B 100 120 No caso da Teoria da Vantagem comparativa, de David Ricardo, a diferença de custos do tecido de A para B é de 90 – 100 = [10] e no vinho é 80 – 120 = [40], ambos os resultados estão em módulos [ ] para desconsiderarmos o resultado negativo. Assim, o vinho é mais vantajoso para o país A produzir, enquanto B produziria tecido, ou seja, o que apresenta maior vantagem absoluta e menor desvantagem comparativa entre si, sendo que nunca se esgotariam as riquezas de ambos e a balança sempre ficaria nivelada. Comparando ambas as teorias, podemos considerar que, no caso da Teoria da Vantagem Comparativa seria uma receita interessante ao livre comércio, em que todos mantêm sua balança comercial estável, sem prejuízos à sociedade, sempre comprando os produtos a um custo mais baixo. Isso porque temos muitos países em desenvolvimento que não possuem nenhuma vantagem na produção perante outros e, como ficariam configurados nesse processo de internacionalização? Devido a esses fatores, a teoria de Adam Smith foi complementada pela teoria de David Ricardo. Também é necessário frisar que em nenhum momento, ambos os teóricos mencionam outros fatores importantes para a produção, como matéria-prima, capital (investimentos), logística, custos comerciais ou planejamento, apenas avaliam esse comércio, teoricamente, através do custo do trabalho agregado à manufatura (MAIA, 2007, p. 81). LIBERALISMO ECONOMICO Adam Smith, também conhecido como o pai do Liberalismo econômico, tendo como principal meio de divulgação de suas ideias o livro de 1776, An Inquiry In to the Nature and Causes of the Wealth of Nations (Uma Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações). Segundo Bortoto et al (2007, p. 72-73): O liberalismo econômico pode então ser compreendido com base na ausência do intervencionismo estatal na atividade econômica de um país. Isso representa a aceitação do comércio totalmente livre, sem tabelamento de preços ou barreiras alfandegárias [...]. Maia (2007, p. 170) completa, citando as principais características desse regime: • Mercado Livre, em que o estado não intervém de nenhuma forma, inclusive tabelando os preços ou criando barreiras alfandegárias; • Livre concorrência, em que os preços se formam em função do próprio mercado; consequentemente, subsistem somente as empresas eficientes; • Iniciativa individual, em que qualquer indivíduo pode exercer a função que quiser o que não ocorre no regime corporativista; • Desregulamentação, em que o estado deve remover todos os obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica; • Divisão internacional da produção, isto é, os países devem produzir somente o que for economicamente mais conveniente e, por meio do comércio internacional, trocarão seus excedentes. Com isso, haverá diminuição dos custos e maior bem-estar social. 20O Agronegócio e o Comércio Exterior Figura 3.1 Liberalismo Fonte: acervo pessoal Na realidade, o que mais vemos quando o assunto é o mercado internacional, é uma briga desproporcional entre nações desenvolvidas com os países em desenvolvimento, nos quais sempre quem mais tem capital impõe regras e situações, às vezes até absurdas, barrando o livre comércio. ATENÇÃO!!! Maia (2007, p. 173) apresenta argumentos prós e contras ao Liberalismo. Vejamos os positivos: a) Divisão Internacional da Produção: em linhas gerais, caso o país A tenha melhores condições de produzir um determinado bem, ele se especializaria apenas nisso, e o país B se especializaria em outro produto. Assim, ambos trocariam essas mercadorias entre si, de forma que toda a sociedade sairia ganhando quanto à qualidade e custo. b) Melhor utilização dos recursos naturais: que cada país saiba a melhor forma de se especializar em um determinado bem, desde que tenha condições propícias quanto às questões naturais, clima, solo, temperatura, entre outros. Esses dois fatores positivos formam o terceiro fator, o da Economia de Escala, que focaria na redução de custos acentuada e com melhor qualidade. Além disso, já são bem vistos e praticados, é claro com algumas restrições, pelos países europeus, nos quais teoricamente vive uma sociedade comum, a União Europeia (UE), cujos países, podemos afirmar, têm certa interdependência e, de certa forma, são mais “solidários” entre si. Já como pontos negativos, temos: Liberdade Escraviza: já pensou em uma sociedade onde não existe um poder regulador? Imagine como é a bagunça. Cada um vai querer algo que beneficie a si mesmo, e na economia não é diferente. Mesmo existindo diversas ferramentas econômicas, com frequência teríamos problemas com as formações de estruturas oligopólios e/ou monopólios ou com os dumpings, que geram o próximo fator negativo.] Conflito de interesses: tanto as empresas quanto os Estados e seus executores colocariam seus interesses em primeiro lugar. A sociedade seria novamente um segundo plano a ser avaliado (MAIA (2007, p. 173). Infelizmente, ficaria difícil viver em mundo economicamente livre, sem regras, SERÁ? Agora se avaliarmos da forma que acontece no Brasil, será que realmente aqui, que temos um Estado intervencionista traz melhoria a sociedade? Será que a concorrência entre as empresas não seria algo mais interessante, podendo ser considerado como motor propulsor da economia e preço justo. Pense Reflita! Um número muito pequeno de empresas de um segmento em conluio com os governantes pode, facilmente, desenvolver oligopólios do setor, pois, novos concorrentes seriam impedidos através de leis ou de dificuldades burocráticas. Sempre que um país intervém em demasia na economia, regulando todos os segmentos e criando uma economia planifi cada, a tendência em criar barreiras para novos entrantes (novos concorrentes) é muito grande, pois, artifi cialmente, o Estado irá intervir no mercado ditando as regras e existe a grande possibilidade das grandes empresas, muitas dessas, irrigadas com dinheiro público (através de contratos) fazer conchavos com o governo, como por exemplo no famoso “PETROLÃO” em que as gigantes do setor da construção civil irrigando os cofres de partidos e de políticos, independente, de sua ideologia, mas com isso garantindo menos concorrência e sempre as mesmas empresas estavam prestando serviços com preços superfaturados. Outra falha grandiosa da falta de concorrência, fato que ocorre no Brasil e em países comandado por ditadores, como Venezuela, Coreia do Norte, Cuba, onde o Estado através das agências reguladoras (ANA - ANATEL – ANAC – ANTT, dentre outras) que deveriam defender a sociedade, tem mais trazido prejuízo do que melhorias, por exemplo: A resolução da ANATEL que queria ou pode conseguir autorizar as empresas de comunicação em limitar o uso da internet banda larga nas residências. Agora vamos ver quantas empresas existem no Brasil nesse momento? Apenas 4 (quatro) VIVO – TIM – CLARO e OI; Outro exemplo claro, a ANAC autorizou uma portaria que as empresas aéreas podem cobrar pelo envio de bagagens despachadas. Quantas empresas de força expressiva existem no Brasil? Apenas 3 (três) GOL – TAM e AZUL. Exemplos não faltam, quantos profi ssionais estão impedidos de ter o seu UBER – CABIFY ou semelhantes para prestar o serviço de transporte particular porque, novamente, o Estado regula o mercado e para esse tipo de transporte apenas TAXI, veja o quanto a sociedade perde em serviços de qualidade e preço justo. Será que um número maior de concorrentes, sem haver dinheiro público envolvido, não seria mais positivo a sociedade e ao invés do Estado atuar com tanta precipitação no mercado, através das agências reguladoras, somente fazerem em circunstancias que, realmente, fosse detectado ações de empresas estrangeirasem frear o mercado concorrencial e prejudicar as empresas nacionais? 21 Para Refletir De certa forma é necessário proteger a sociedade. Contudo, a partir do momento em que começa a frear o desenvolvimento do país, essa proteção precisa ser repensada, uma vez que quanto mais o Estado se utiliza desses artifícios, mais acomodada fica a sociedade. No capitalismo isso é prejudicial! Atenção, no Brasil, não temos um livre mercado, nosso mercado é um dos mais regulados e controlados pelo Estado em todo o mundo. Desde 1995, a Heritage Foundation e o Wall Street Journal publicam anualmente um Índice de Liberdade Econômica, classificando os países de acordo com sua fidelidade aos preceitos do livre mercado e do livre comércio, acesse o link a seguir e veja a pífia classificação do Brasil <http://www. heritage.org/index/ranking>. Será que, realmente, a intervenção do Estado é benéfica a sociedade? Vamos ao Liberalismo moderno e analisar em quais situações deveria haver ações do Estado no mercado, a partir disso poderá responder os questionamentos apresentados nessa seção. LIBERALISMO MODERNO E, se de um lado existe o Liberalismo econômico, sem nenhuma intervenção do Estado, também, existe o que vem sendo chamado liberalismo moderno, que admite a intervenção estatal em algumas situações, por exemplo, “[...] quando a produção nacional está sendo agredida por empresas do exterior com a finalidade de destruir a produção nacional e os empregos [...]” (MAIA, 2007, p. 175-6). Quais seriam essas formas de agressão? Temos Dumping, Monopólio e estruturas Oligopolistas, pois caso não exista um sistema de proteção, com certeza essa sociedade será penalizada. Para entender melhor, vamos recapitular a definição conceitual dessas estruturas já estudadas em outras disciplinas: a) Monopólio: quando uma empresa detém de forma exclusiva a participação sem concorrência. Como exemplo, de monopólio legal, pode citar a Petrobras, que de 1953 até 1997 exercia de forma única no mercado nacional a produção; temos também a Empresas de Correios e Telégrafos (ECT), conhecida como CORREIOS; e, de forma negativa, ou seja, quando a empresa não tem autorização do Estado, podemos citar o exemplo do maior ícone do mundo, a MICROSOFT. b) Oligopólio (outra modalidade que onera uma economia além do monopólio): é um conjunto de empresas que detém o controle de mercado de um determinado segmento, como é o caso das grandes montadoras GM, VW, FIAT e FORD que, no Brasil, ditavam as regras. Com a abertura do mercado na década 1990, perderam uma grande fatia e tiveram que começar a investir pesado para se manter. c) Trustes e cartéis: são exercidos em mercados oligopolistas. A diferença é que nos trustes as empresas se juntam, se fundem e ditam as regras de mercado. Como exemplo, podemos citar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Já os cartéis são acordos entre empresas que não chegam a mudar a sua estrutura, e cada uma tem a sua quota de participação. d) Dumping: em linhas gerais, é quando uma empresa vende um determinado bem aos consumidores de outra região a um preço menor que o custo de produção do concorrente daquele local. Em alguns casos, a empresa pode até receber subsídios do governo para enfraquecer a outra economia. Retomando o assunto, podemos avaliar as intervenções do Estado de duas formas: a) com o intuito de amparar a economia contra a agressão externa do monopólio, estruturas oligopolistas e dumpings. b) o que usualmente vem ocorrendo, em uma forma irracional de protecionismo, que pode prejudicar e muito a sociedade. Esses tipos de impedimentos, na maioria dos casos, começam a ter caráter de entrave ao comércio internacional, com a aplicação de barreiras disfarçadas de proteção (iremos estudar mais sobre isso na aula 4). As barreiras têm pontos positivos e negativos. O aspecto negativo é, por exemplo, quando a sociedade tem que pagar R$ 20,00 a R$ 30,00 a mais em um produto devido a uma tarifa alfandegária. Figura 3.2 Efeitos da tarifa alfandegária Fonte: BLOGSPOT. Homepage. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ Ngtsw9s3vXg/SgpvmJV9PMI/AAAAAAAAAMA/prMVlNvVdkk/s400/protecionismo. jpg>. Acesso em: 3 mar.17 Como é possível supor, para as classes mais abastadas, essa diferença não vai causar impacto, pois, normalmente esse tem condições de viajar ao exterior e adquirir determinados produtos a um preço muito abaixo do praticado no mercado nacional regulado pelo Estado, mas com certeza, a classe mais desfavorecida é um tremendo problema. De que adianta o governo dar diversos tipos de transferência de renda, entre outros, se as classes mais desfavorecidas são penalizadas de outra forma. 22O Agronegócio e o Comércio Exterior BORTOTO, Artur César et al. Comércio e exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2007. MAIA, Jayme M. Economia internacional e Comércio Exterior. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2007. SEGRE, German (Org.) et al. Manual prático de comércio exterior. São Paulo: Atlas, 2009. SEMLER, Ricardo. Virando a própria mesa - uma história de sucesso empresarial: made in Brazil. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. VASCONCELOS, M. A. S. de; HENRIQUES GARCIA, M. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Vale a pena Vale a pena ler Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: Entendeu a diferença entre as possíveis formas que o Estado pode utilizar as barreiras? Veja que essa análise será fundamental para o entendimento da próxima aula sobre o tema Protecionismo I (Barreiras necessárias x Entraves ao comércio exterior). Caso você tenha fi cado com dúvidas sobre a aula 03, acesse as ferramentas “Fórum”, “Quadro de Avisos” ou “Chat” e interaja com seus colegas de curso e com seu professor. Ah, não se esqueça de se atentar aos prazos ao enviar as atividades propostas para esta aula, certo! O protecionismo irracional só é bom para os acionistas e executivos das grandes corporações que não precisam investir para tirar essa diferença, pois o estado já assume o problema e o consumidor é penalizado. Na aula sobre Protecionismo, vamos complementar a ideia do liberalismo moderno, apresentando as ferramentas que o país pode “proteger” a sua economia de forma sadia (praticando o Liberalismo Moderno) e que com essas mesmas ferramentas podem sacrificar a sua sociedade, dependendo apenas da dose e racionalidade dos gestores. Com os conhecimentos construídos até aqui, já está apto (a) a responder aos questionamentos: •Quais as diferenças entre o liberalismo econômico e o moderno? •Quem são os responsáveis por cada sistema (liberalismo econômico e o moderno)? •Com qual intenção os teóricos elaboraram essa ideia do livre comércio? Caso ainda tenha dúvidas, recorra aos seus colegas de curso e ao seu professor no ambiente virtual! 1- Introdução às Teorias Na primeira seção, reconhecemos os teóricos, cujas ideias, até hoje, são aplicadas pelos gestores: John Stuart Mill, Jean Batista Say, David Ricardo e Adam Smith. Vimos os pressupostos da Teoria da mão invisível de Adam Smith, que defendia a ideia de livre comércio e a teoria Keynesiana que propunha a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego. Além disso, conhecemos a Teoria da Vantagem Absoluta que preconiza que cada país deve concentrar seus esforços no que pode produzir a custo mais baixo e trocar o excedente dessa produção por produtos que custem menos em outros países, bem como a Teoria da Vantagem Comparativa, em que a especialização internacional seria mutuamente vantajosa em todos os casos em que as nações parceiras canalizassem os seus recursos para a produção daqueles bens em que sua eficiência fosse relativamente maior. Com isso, passamos ao estudo sobre o liberalismo! 2 - Liberalismo Econômico e Liberalismo Moderno Vimos que o liberalismo econômico pode então ser compreendido combase na ausência do intervencionismo estatal na atividade econômica de um país. Isso representa a aceitação do comércio totalmente livre, sem tabelamento de preços ou barreiras alfandegárias. Além disso, verificamos que, se de um lado existe o Liberalismo econômico, sem nenhuma intervenção do Estado, por outro existe, denominado: liberalismo moderno, que admite a intervenção estatal em algumas situações como, por exemplo, nos casos nos quais a produção nacional está sendo agredida por empresas do exterior com a finalidade de destruir a produção nacional e os empregos, dentre outros. ALGO SOBRE. David Ricardo. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/biografias/david- ricardo. html>. BRASIL ESCOLA. Liberalismo econômico. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/economia/liberalismo- economico.htm>. ECONOMIA BR. NET. Teoria keynesiana. Disponível em: <http://www.economiabr.net/teoria_escolas/teoria_ keynesiana.html>. ECONOMIA BR. NET. A mão invisível de Adam Smith. Disponível em: <http://www.economiabr.net/colunas/ persona/persona-a_mao_invisivel.html>. Vale a pena acessar 23 Minhas anotações Vale a pena assistir LIBERALISMO Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=2veFrXhqWeA>. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=0WG5TeYx_cU>. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=AT2KYuvLDQI>. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=WnZs9xrDM0k >. SUA PESQUISA. Adam Smith. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/adam_smith. htm>. Teorias econômicas: Disponível em: <https://conhecimentoeconomico. wordpress.com/2015/04/21/o-basico-de-teoria- economica-as-escolas-de-pensamento/>. Disponível em: <https://jornalismoagroeconomico. wordpress.com/2010/09/01/teorias-e-escolas-do- pensamento-economico/>.
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