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SICKO- O SISTEMA DE SAÚDE FRANCÊS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB 
DEDC-I/ PSICOLOGIA 
DISCIPLINA: ​SAÚDE COLETIVA 
DOCENTE: ​CAMILA BONFIM 
DISCENTES: ​ALAN RIBEIRO, CAIO MENDES, CLARA OLIVEIRA, DOUGLAS 
MENDES, GUSTAVO MUNIZ, LAIMAIRA BATISTA, MARIA LEDITHE PINA, RAFAELA 
SOUSA, THAÍLLA SILVA, VINÍCIUS COELHO. 
 
O SISTEMA DE SAÚDE FRANCÊS E O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO NA 
ATUALIDADE: COMPARAÇÕES A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO SICKO (2007) 
 
O documentário de Michael Moore (2007) compara a realidade dos sistemas de 
saúde estadunidense aos de alguns países desenvolvidos, como a Inglaterra, Canadá 
e a França, trazendo ao contexto também o sistema de um país em desenvolvimento, a 
Cuba. Moore faz uma crítica sagaz e bem-humorada ao inexistente sistema americano 
e traz, de forma semelhante ao artigo de Paim et al. (2011), como o problema acaba 
sendo de uma esfera muito mais política do que técnica ou normativa. É uma 
conclusão lógica, pois ao nos depararmos com o modelo francês, podemos perceber 
como é possível termos um sistema universal, de qualidade e acessível para a 
população em geral. 
A França é um país desenvolvido que lidera o ranking mundial de sistemas de 
saúde (OMS, 2000), com gastos em saúde de até 11% do PIB (BULARD, 2010), com 
uma população cuja expectativa de vida atual, segundo dados do Banco Mundial 
(2017) é de 82,27 anos. Já o Brasil é um país em desenvolvimento, com gastos em 
saúde de até 3,8 % do PIB (VERDÉLIO, 2018), com expectativa de vida, também 
segundo dados do Banco Mundial (2017), de 75,51 anos. 
O sistema de saúde francês, conhecido como ​sécurité sociale, assim como 
nosso Sistema Único de Saúde, é público e universal, inclusive para estrangeiros, a 
exemplo de americanos no documentário, que usaram o sistema de saúde da França, 
mesmo um dos homens não tendo renda no país conseguiu ter uma licença do seu 
trabalho para descansar tendo, em sua opinião, um processo de recuperação e 
tratamento da doença melhor. Os empregadores buscam saber o histórico de saúde 
dos seus funcionários, não para aplicarem restrições de contratação de seguros, mas 
sim para lhes oferecerem uma possível ajuda. 
Segundo Kota (2014), a história do serviço médico francês, assim como da 
maioria dos países ocidentais, começa com a igreja católica, que fazia caridade aos 
desamparados e doentes. A partir do século XII, o rei e os nobres começaram a criar 
fundações que passaram a suplementar o trabalho da igreja, e até o final da idade 
média o rei, como figura do estado, já havia substituído a igreja no papel de administrar 
os hospitais, que passaram a ter outras funções além de cuidar dos enfermos. Porém, 
os hospitais das igrejas continuaram a ser as principais organizações médicas e 
continuaram assim até o século XVIII. 
Com a Revolução Francesa, foi inaugurada a ideia de estado como protetor, 
porém sem muito efeito no campo da saúde na época. Foi só no século XIX que houve 
uma preocupação com a higiene, e uma maior organização por parte dos profissionais 
da saúde, médicos e instituições de saúde como problema do estado. Essa 
organização dos médicos acabou por unir a categoria que antes era dividido em duas 
classes, os médicos e os oficiais de saúde. O que separava as duas classes eram o 
tempo de estudo e a região de atuação. Para além da unificação da categoria, a 
organização da classe acabou por causar um monopólio da classe sobre o mercado do 
cuidado em saúde, e a liberdade para recusar o atendimento a indivíduos 
desprivilegiados, manter a livre escolha ao médico e manter sua remuneração baseada 
na quantidade de procedimentos, e não em uma taxa fixa. (KOTA, 2014). 
Contudo durante este período o estado passou a se responsabilizar pela 
proteção da saúde pública, criando assim o “Conselho Geral de Hospitais e Hospícios 
de Paris” que foi o primeiro tipo de administração central para cuidados de saúde e 
organizações de caridade, e acabou sendo substituído mais tarde pelo french welfare 
service, que com o crescimento da industrialização e do trabalho assalariado, os 
governos passaram a fornecer em casos de enfermidade pagamentos de previdência 
social. No ano de 1893 se criou a lei sobre assistência médica gratuita, na qual garantia 
o acesso aos cuidados de saúde às classes mais pobres, e em 1898 a lei sobre 
acidentes de trabalho, criando cobertura de seguros para diminuir os riscos de trabalho. 
(KOTA, 2014) 
Já no final do século XIX, por causa das influências sociais alemãs e pressão 
dos movimentos dos trabalhadores franceses, o Estado voltou a autorizar empresas de 
assistência mútua, que até então foram banidas após a revolução francesa. Em 1928 
estendeu a cobertura de seguro saúde a todos os funcionários, e em 1930 tornou 
obrigatório o serviço social. 
Com o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945, houve uma propagação e 
fortalecimento do welfare state (estado de bem estar social) que teve como 
consequência a expansão da cobertura em saúde e seus beneficiários. O governo 
estabeleceu então o Statuary health insurance (SHIs) que são entidades legais cuja 
associação é fundamentada na ocupação. Originalmente o modelo deveria ser único 
para todas as profissões, porém não pode ser implantado. Contudo o seguro passou a 
cobrir todos os empregados de setores comerciais e industriais privados. O principal 
objetivo era a cobertura dos trabalhadores e suas famílias. (KATO, 2014) 
Nos anos 1970 o governo francês institui a lei do serviço Hospitalar público, 
que demarcava a saúde pública em setores e realizava coordenação entre os setores 
públicos e privados otimizando assim os gastos.(KATO, 2014) 
Na década seguinte houve a crise do estado de bem estar social, onde os 
governos tiveram que diminuir os gastos com políticas sociais, pelo fato de que desde o 
fim da 2ª Guerra Mundial, as despesas com a saúde aumentaram consideravelmente, e 
pela a conscientização da população de que a saúde era um dever do estado, fazendo 
assim com que as pressões para a expansão desses serviços aumentasse. Para além 
disso também houve um sobreconsumo dos serviços que terminava por demandar um 
aumento no número de materiais e de profissionais, além de aumentar a lista de espera 
para tratamentos, esses fatores acabaram assim por contribuir para o aumento da 
crise. (KATO, 2O14) 
Em 1993 criadas e implantadas diretrizes para as práticas médicas, em 1996 
as agências regionais de hospitais passaram a se responsabilizar pela organização e 
administração do sistema público de saúde, sendo assim gerenciado no âmbito 
regional, ainda no mesmo ano foi criado um imposto para complementar o 
financiamento do sistema de seguro social. 
Sobre essa nova administração KATTO, 2014 diz: 
 
O Schéma Régional d’Organisation Sanitaire (SROS – programa regional de 
organização da saúde pública) se tornou o único instrumento para o planejamento 
regional. Enquanto no Service Public Hospitalier a organização era estruturada em 
setores, com o novo programa de planejamento, ela passou a se ordenar por 
regiões. Essas regiões foramdelimitadas por cada AHS, que emitia autorizações e 
administrava os planos de saúde, de acordo com a especificidade da saúde da 
população e dos fatores demográficos e políticos. (pág, 48) 
 
Nos anos 2000 com a criação da cobertura universal da saúde, este passou a 
ser um direito coberto a todos as pessoas que vivessem na frança. E para a população 
de baixa renda, o seguro iria cobrir os co-pagamentos, reembolsos de óculos, próteses 
dentária e os médicos não podiam cobrar além da tarifa pública que era de graça. Isso 
significou uma mudança no paradigma do sistema de saúde francês que antes era 
baseado em relações contratuais e agora passaria a ser um sistema que daria acesso 
as populações mais pobres um acesso maior ao sistema de saúde. Até 2005 o acesso 
aos serviços era de livre escolha do paciente, e número de consultas ilimitados, 
também não era necessário nenhum tipo de referência para ter acesso aos médicos, 
com exceção de médicos especializados como ginecologistas, psiquiatras e 
oftalmologistas. Também houve a imposição de que Indivíduos com 18 anos também 
teriam que escolher um médico que cuidaria da sua saúde ao longo de sua vida. 
(KATTO, 2014) 
Traçando assim um paralelo comparativo com o histórico de saúde brasileiro, 
as primeiras ofertas de promoção de saúde com maior tecnicismo passavam 
inicialmente também pela filantropia. Segundo Carvalho (2013), ainda pelo cunho 
religioso, com total caráter de caridade. O estado, por sua vez, atuava em ações diante 
de epidemias, através de vacinações e saneamento básico. Por conseguinte, a lei Elói 
Chaves, sancionada a partir de 1923, tornou a saúde dos trabalhadores componentes 
de um sistema de previdência. Seguindo a gradação cronológica, considera-se um forte 
marco histórico a 3° Conferência Nacional De Saúde, que coroou estudos projetivos 
sobre a criação de um sistema de saúde, sob duas bandeiras: Um sistema de saúde 
para todos e a organização descentralizada. Entretanto, de forma brusca, o golpe 
militar de 1964 interrompeu e sepultou as idealizações das propostas poucos meses 
depois. (CARVALHO, 2013) 
Dessa forma, diante dos projetos de privatizações e a precarização da iniciativa 
pública da saúde durante o governo militar, alguns movimentos começaram a se 
articular e debater um sistema de saúde que abarcasse todos os cidadãos e fosse 
colocado como dever consequente do estado. Entre os vários protagonistas nesse 
movimento e na promoção desse debate estavam movimentos populares, 
universidades, partidos políticos progressistas e prefeituras com bandeiras 
progressistas. A discussão de uma proposta inovadora, posteriormente à oscilações 
como a crise da previdência e as ações integradas de saúde (AIS), resultou no 
denominado Projeto De Reforma Sanitária. (CARVALHO, 2013). 
A Reforma Sanitária foi um movimento social, que teve início em meados dos 
anos 70 e que visava uma implementação da saúde como um direito para a população, 
como explicitado pela revista Saúde em Debate após a criação do Centro Brasileiro de 
Estudos em Saúde, além de uma ênfase na saúde preventiva em contraposição ao 
método vigente, e fora comparada inclusive como uma reforma limitada se comparada 
com os modelos de medicina social da França e Alemanha. 
Pela Reforma Sanitária ter no seu cerne uma visão ampla de saúde, a VIII 
Conferência Nacional de Saúde foi um marco, pois propôs que essa seria uma reforma 
para além de financeira e administrativa. Logo atores do movimento sugeriram que 
havia a necessidade de uma totalidade de mudanças em quatro dimensões: específica, 
institucional, ideológica e das relações de produção. 
Desse modo, a reforma resgata a importância das dimensões econômicas, 
sociais e políticas no âmbito da saúde, seguindo as diretrizes de universalidade, 
integralidade e equidade. A participação da sociedade civil também fica mais evidente 
durante o período da Reforma Sanitária. Segundo Arouca (2001:6), “O Projeto da 
Reforma Sanitária é o da civilização humana, é um projeto civilizatório que, para se 
organizar, precisa ter dentro dele princípios e valores que nós nunca devemos perder, 
para que a sociedade como um todo possa um dia expressar esses valores, pois o que 
queremos para a saúde é o que queremos para a sociedade brasileira.” 
O documentário também mostra o trabalho dos médicos domiciliares, o serviço 
S.O.S Médecins​, criado pelo médico Marcel Lascar. Os estadunidenses residentes 
neste país ressaltam as vantagens da gratuidade de serviços como educação (as 
universidades são gratuitas), tempo de descanso nas férias, período de férias 
pós-casamento e, inclusive, ao terem filhos, o governo oferece ajuda doméstica para 
quem precisa. Essas gratuidades são pagas por impostos altos, porém a população 
enxerga isso como necessário para a garantia de um bom serviço, e os pagam 
satisfeitos. 
De forma parecida, o SUS também é financiado pelos impostos da população 
(PAIM et al. 2011), articulado entre as esferas públicas federais, estaduais e 
municipais. Contudo, esses impostos costumam ser uma parcela menor do 
financiamento, sendo necessário recorrer a contribuições sociais oriundas de 
programas específicos para captar mais recursos e assim tornar o sistema viável. 
Na França, o subsistema privado realmente funciona como um modelo 
suplementar ao ​sécurité sociale​, diferente do contexto político brasileiro, que mantém 
uma postura fortemente incentivadora para os planos e seguros de saúde particulares, 
além da poderosa indústria farmacêutica (PAIM et al. 2011). No relatório da OMS sobre 
os sistemas de saúde universalizados (2010), foi exemplificado como a França 
empregou uma estratégia de substituição de alguns medicamentos por seus modelos 
genéricos e acessíveis, e conseguiu com isto uma poupança de 1,32 milhões de euros. 
Também são adotados, segundo o mesmo relatório da OMS (2010), programas 
de desempenho, que incentivam os profissionais a cumprirem metas com seus 
pacientes e a receberem bonificações consequentes disso. No Brasil, há um senso de 
desvalorização dos profissionais da saúde pública, que são estimulados a concorrer 
deslealmente com os profissionais da rede particular. Contudo, possuímos uma 
Agência Nacional de Saúde Suplementar, que em teoria, é responsável por 
regulamentar e fiscalizar os planos de saúde, não os permitindo negarem atendimento 
a pacientes com doenças e lesões preexistentes, conforme a Lei 9656/98 (PAIM et al. 
2011). 
Entretanto, nem todos os serviços do sistema de saúde francês são gratuitos, 
como alguns odontológicos, mas são serviços de baixo custo e a maioria deles são 
custeados pelo governo, havendo o reembolso posteriormente, como visto no 
documentário. Parte do salário dos trabalhadores vai para a ​sécurité sociale​, com isso 
esses cidadãos possuem o cartão ​vitale​, que funciona semelhante ao nosso Cartão 
Nacional da Saúde, garantindo cobertura em qualquer estabelecimento vinculado ao 
sistema. Desde os anos 2000 o governo passou a assegurar o ​sécurité sociale paratodos pela ​couverture maladie universelle​, ou a Cobertura Universal da Saúde, 
inclusive para a população mais carente que tem 100% dos seus gastos custeados 
pelo governo e para imigrantes legais residentes por mais de três meses no país. 
(ESCOVAL, RIBEIRO, MATOS, 2010). 
Vale ressaltar que no ranking da OMS sobre sistemas de saúde ao redor do 
mundo (2000), a França ocupava o 1º lugar no topo da lista, enquanto o Brasil, apesar 
de também adotar o modelo universalizado da saúde, se localiza no 125º lugar. Tanto o 
sécurité sociale​, quanto o nosso Sistema Único de Saúde - SUS, seriam considerados 
por muitos críticos como uma “medicina socializada”, em que claramente os 
subsistemas de saúde privados não iriam ser tão beneficiados, como no caso dos EUA. 
Como visto no documentário, a frase dita por um profissional do sistema de 
saúde francês sobre o atendimento universalizado, “Não depende de suas posses, mas 
sim do que precisa.” ou seja, rege o princípio da solidariedade, em que “pessoas que 
estão melhores pagam por aquelas que estão piores”. Não se trata de ideias políticas, 
mas sim de fornecer à população um cuidado necessário para que possua qualidade 
de vida, algo que está previsto pela Constituição de 1988 como um direito universal 
para todos e dever do Estado. 
Atualmente, na França, não houveram mudanças bruscas na forma de oferecer 
o serviço de saúde à população. A ​Assurance Maladie ainda é responsável por cobrir 
parcial ou totalmente os serviços de saúde utilizados pelo paciente. Por exemplo, o 
estado pode restituir 80% dos gastos do paciente com o serviço de saúde, sendo que o 
seguro complementar, a ​Mutuelle​, cobrirá o resto parcial ou totalmente (CORDILHA; 
LAVINAS, 2018). Contudo, ainda de acordo com as autoras, os tratamentos 
permanentes ou de longo prazo, como doenças crônicas, são 100% cobertos pelo 
Estado. O seguro social pode reembolsar o cidadão em até 70% em consultas e 
exames, 80% em hospitalizações, 100% em medicamentos e 60% em serviços 
ortopédicos e oftalmológicos (CORDILHA; LAVINAS, 2018). No caso dos cidadãos 
mais pobres, eles ainda são salvaguardados pelo Estado, o serviço é oferecido 100% 
através da Cobertura Universal da Saúde, sem precisar recorrer à ​Mutuelle​. 
Quanto ao financiamento, nos dias de hoje, o sistema de Seguro Social francês 
é mantido pelos trabalhadores, empregadores, por taxas e contribuições dos cidadãos 
e pelo chamado “imposto solidariedade”, que é pago pelo seguro complementar 
(CORDILHA; LAVINAS, 2018). Vale frisar que esse sistema complementar é composto 
pela previdência, por instituições sem fins lucrativos e pelo seguro privado - este com 
menor, ainda que crescente, expressivamente, segundo as autoras. Um ponto que 
ainda permanece e é alvo de crítica é que o cidadão não segue diretamente para o 
consultório de um especialista sem antes passar pela consulta com um clínico geral, 
sem exceções. Contudo, o clínico geral é o médico do paciente, ele o acompanha por 
quase a vida toda para fazer os direcionamentos necessários (CORDILHA; LAVINAS, 
2018). 
O documentário evidencia ainda como os cidadãos se impõem ao Estado 
quando um dos entrevistados disse que “o governo da França é feito para servir a 
população e que o governo tem ‘medo’ da população (dos seus protestos e 
reivindicações)”; já no Brasil, pode-se perceber que grande parte da população, apesar 
de terem o SUS, não sabem como ele funciona realmente, quais sãos seus direitos e 
quais são os serviços garantidos diante dele, por isso acabam não reivindicando 
quando não são tratados como deveriam. Sendo assim, os cidadãos brasileiros se 
tornam “reféns” do governo, quando deveria ocorrer o inverso. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BANCO MUNDIAL. ​Life expectancy at birth, total (years). 2017. ​Disponível em: 
<https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.LE00.IN>. Acesso em: 04 nov. 2018. 
 
BULARD, Martine. Os sistemas de saúde no mundo. Le Monde Diplomatique Brasil, 
Brasília, v. 31, n. 1, p.01-01, fev. 2010. 
 
CARVALHO, Gilson. ​A saúde pública no Brasil​. 2013. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000200002>. 
Acesso em: 04 nov. 2018. 
 
ESCOVAL,​ ​ANA MATOS; RIBEIRO, RUTE SIMÕES; MATOS, TÂNIA TERCITANO. A 
contratualização em Cuidados de Saúde Primários: o contexto internacional. Revista 
Portuguesa de Saúde Pública, [S.L], v. 9, 201. undefined. Disponível em: 
<https://run.unl.pt/bitstream/10362/4464/1/T-10%20ESCOVAL%20p-41>. Acesso em: 
02 nov. 2018. 
 
OMS. ​The World Health Report 2000 – Health systems: Improving performance. 
Genebra, Suíça. Junho, 2000. 
 
OMS. The World Health Report 2010 - Health systems financing: the path to universal 
coverage. Genebra, Suíça. 2010. 
 
PAIM, Jairnilson et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. 
The Lancet, [s.l.], v. 377, n. 9779, p.1778-1797, maio 2011. Elsevier BV. 
 
SICKO. Direção de Michael Moore. S.i: Dog Eat Dgs Films, 2007. 
 
VERDÉLIO, Andreia. Brasil gasta 3,8% do PIB em saúde pública.​ ​2018. Disponível em: 
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-11/brasil-gasta-38-do-pib-em-s
aude-publica>. Acesso em: 04 nov. 2018. 
 
 
KOTA, Luciana Akemi. ​O Sistema de Saúde Brasileiro: ​Análise Comparativa com o 
modelo dos Estados Unidos, França e Inglaterra. 2014. 103 f. TCC (Graduação) - Curso 
de Ciências Econômicas, Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, 
Campinas, 2014.

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