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Antônio de Castro ATM 2022.1 ANEMIA FERROPRIVA E PEDIATRIA Lactente: faixa etária de maior risco, na qual medidas de suplementação alimentar (como farinhas enriquecidas com ferro, consumo de carnes vermelhas, feijão, hortaliças etc) não se mostram eficazes. Mais de 50% dos casos de anemia mundial estão associados à deficiência de ferro. Ferro: metal mais presente na constituição corpórea, participa de processos como a síntese proteica, trocas gasosas, processos oxidativos e anti-infecciosos. A maior parte utilizada pelo organismo é oriunda do sistema de reciclagem das hemácias e outra pequena parte proveniente da dieta (subdivide-se em ferro não-heme: fontes vegetais ou inorgânicas – sofrendo influência da dieta para absorção; Ferro heme: fontes animais como carnes e ovos – independe da dieta para absorção). Para melhor absorção do composto é necessário pH estomacal ácido, através da secreção de ácido clorídrico. Anemia para pediatria A carência de ferro compromete o DNPM (habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e motoras), predispõe cáries, altera sensibilidade olfatória e gustativa, reduz imunidade não específica, altera resposta ao estresse metabólico, com impacto à longo prazo (após anos), principalmente em crianças pouco estimuladas e de baixo nível socioeconômico. Há casos de reversão parcial dos déficits quando a reposição ocorre precocemente e por períodos > 3 meses. Mãe anêmica de 1 ou 2º trimestre: prematuridade, baixo peso ao nascer e aumento da mortalidade perinatal e neonatal e associa-se a maiores índices de depressão pós-parto, o que desfavorece o aleitamento materno. Estágios da redução de ferro no organismo: depleção, deficiência e anemia propriamente dita. Depleção: diminuição estoques hepáticos, esplênicos e medulares de ferro. Redução da ferritina sérica (< 12 para menores de 5 anos e < 15 para 5-12). Apesar de bom marcador da reserva tissular de ferro, a ferritina é influenciada por doenças hepáticas, infecções e doenças imunológicas. Casos de ferritina < 30 já devem ser observados e terapia de suplementação deve ser pensada conforme cada caso. Deficiência: redução do ferro sérico (<30), aumento da capacidade de ligação da transferrina (>250-390) e diminuição da saturação da transferrina (<16%). Outros exames para investigação: transferrina, zincoprotoporfirina eritrocitária e capacidade de ligação do ferro. Anemia: até 5 anos: Hb < 11 e Hct < 33% // 5-19 anos: Hb < 11,5 – 12 e Hct < 34%. - Marcadores prévios: contagem de reticulócitos (Hb presente nessas células = Hb disponível para eritropoiese). VR: 25 – 85 mil ou 0,5 – 2%. - Clínica: redução da acidez gástrica, gastrite atrófica, sangramento mucosa intestinal, irritabilidade, distúrbios de conduta, distúrbios psicomotores, redução da capacidade bactericida neutrofílica, redução de LT, avolia, palidez, esforço respiratório, astenia, algia de membros inferiores, unhas quebradiças e estomatite angular. - Teste do pezinho: avalia causas genéticas para anemia (deficiência de G6PD, doença falciforme e outras hemoglobinopatias). - Exames de rotinas: para todas com 12 meses: HMG completo, ferritina e PCR. Monitorização a cada 30-90 dias. Antônio de Castro ATM 2022.1 Prevenção e tratamento: Profilaxia: estímulo a alimentação adequada com alimentos fortificados em ferro, aleitamento materno exclusivo e prolongado e introdução de alimentos complementares. Contraindicação ao uso de leite de vaca antes de 12 meses e recomendação de até 500ml/dia para maiores de 1 ano. -Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF, 2005): o 6-24 meses: suplementar com 1mg/kg/dia de ferro elementar. A SBP recomenda início desde os 3 meses até os 24 meses, independente do regime de aleitamento materno. o Se pré-termo ou baixo peso (2500g), suplementar com 2mg/kg/dia a partir dos 30 dias e seguir até 12 meses. o Para prematuros com peso menor de 1500g, suplementar com 3mg/kg/dia até os 12 meses. o Para prematuros com menos de 1000g, suplementar com 4mg/kg/dia até os 12 meses. o De 12-24 meses, a recomendação é de 1mg/kg/dia para todos os bebês. o Para crianças de 2-12 anos de áreas com prevalência de anemia ferropriva >40%, suplementar com 30mg/dia. o Para gestantes não anêmicas: 40mg/dia; se anêmicas: 60-120mg/dia, por >60 dias. Tratamento para crianças anêmicas: reposição de ferro 3-5mg/kg/dia de ferro elementar por 3-6 meses ou até obtenção de ferritina sérica >15 (preferencialmente >30). Sais recomendados: sulfato ferroso, fumarato ferroso e gluconato ferroso. Todos sais de baixo custo e elevada eficácia. Aproximadamente 40% dos pacientes irão apresentar sintomas adversos: náuseas, vomito, gosto metálico, pirose, dispepsia, plenitude, desconforto abdominal, diarreia e obstipação. Em caso de sintomas, adequar dose de acordo com o que o paciente tolera. Atentar para toxicidade do excesso de ferro no metabolismo oxidativo e geração de radicais livres. Recomenda-se ingesta longe das refeições (1h antes) devido interação da absorção com a dieta. Saís férricos e aminoquelatos – não disponíveis no SUS: ferro polimaltosado, ferro aminoquelado, EDTA e ferro carbonila. Têm menores taxas de efeitos adversos e absorção mais lenta, não sofrem influência (exceto ferro carbonila) da dieta e apresentam eficácia semelhante. Melhoram a adesão ao tratamento. Reposição de ferro por via parenteral: hospitalizados por anemia grave, com perdas sanguíneas, DII, em quimioterapia, dialíticos, pós cirurgias gastroduodenais.
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