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SISTEMA ENDÓCRINO 
E EXERCÍCIO
UNIASSELVI-PÓS
Indaial – 2019
1ª Edição
Autoria: Prof. Dr. Paulo Cesar do Nascimento Salvador
Prof. Me. Tiago Martins Coelho
Prof. Leonardo Trevisol Possamai
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegeli
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SA182s
 Salvador, Paulo Cesar do Nascimento
 Sistema endócrino e exercício. / Paulo Cesar do Nascimento 
Salvador; Tiago Martins Coelho; Leonardo Trevisol Possamai. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2019.
 145 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-380-1
 ISBN Digital 978-85-7141-381-8
1. Endocrinologia - Problemas, questões, exercícios. - Brasil. I. 
Salvador, Paulo Cesar do Nascimento. II. Coelho, Tiago Martins. III. Possamai, 
Leonardo Trevisol. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 616.4
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Respostas e Adaptações Hormonais ao Treinamento Físico ....07
CAPÍTULO 2
Glândulas Adrenais e o Pâncreas ............................................53
CAPÍTULO 3
Influências Hormonais nos Fenômenos Anabólicos
e Catabólicos .............................................................................103
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso de 
Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício!
No filme Viagem Fantástica de 1966, de Richard Fleischer, que se passa 
durante o período da Guerra Fria, um famoso cientista (Benes) descobre uma 
fórmula científica que pode miniaturizar qualquer coisa. No entanto, ele acaba 
entrando em coma. Então, um grupo de cientistas americanos na tentativa de 
salvá-lo usa a fórmula em um submarino transformando em uma miniatura capaz 
de realizar uma viagem por dentro do corpo de Benes para inspecioná-lo via 
corrente sanguínea. Você, acadêmico, começará agora a sua viagem pelo corpo 
humano e fará um tour nas principais glândulas do sistema hormonal.
No Capítulo 1, o objetivo será apresentar as respostas e adaptações 
hormonais ao treinamento físico. Dentro deste capítulo veremos a natureza dos 
hormônios e o sistema endócrino e os efeitos agudos e crônicos do exercício nas 
respostas hormonais. 
No Capítulo 2, o objetivo é aprendermos sobre as glândulas adrenais 
e o pâncreas. Dessa forma, veremos sobre os hormônios adrenais, funções e 
resposta durante o exercício físico e a Insulina e glucagon, funções e resposta 
durante o exercício físico. 
Já no Capítulo 3, veremos as influências hormonais nos fenômenos 
anabólicos e catabólicos; a testosterona e hormônio do crescimento no processo 
de hipertrofia muscular, o cortisol e o catabolismo corporal e a relação com o 
exercício físico e os efeitos do tipo de treinamento nas respostas hormonais.
Desejamos um ótimo período de estudos com a disciplina.
Bons estudos e sucesso!
Prof. Dr. Paulo Cesar do Nascimento Salvador
Prof. Me. Tiago Martins Coelho
Prof. Leonardo Trevisol Possamai
CAPÍTULO 1
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS 
AO TREINAMENTO FÍSICO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• conhecer o funcionamento geral do sistema hormonal;
• identifi car as diferentes fases de mudança hormonal relacionadas às 
adaptações com o treinamento;
• descrever as respostas causadas pelo treinamento em cada fase de mudança 
hormonal;
• discutir os efeitos da intensidade, volume e frequência de treinamento nas 
respostas hormonais.
8
 Sistema Endócrino e EXercício
9
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo, estudaremos os aspectos gerais relacionados 
ao funcionamento do sistema endócrino, tendo como objetivo conhecer 
o funcionamento geral do sistema, além de identifi car as diferentes fases 
relacionadas às adaptações com o treinamento, que serão discutidas 
posteriormente.
Antes de iniciarmos com o conteúdo específi co, ressaltamos que o sistema 
hormonal exerce grande importância na regulação da homeostase do organismo, 
atuando juntamente ao sistema nervoso central para manter o equilíbrio das 
variáveis fi siológicas no repouso (homeostase). O sistema hormonal é estruturado 
para detectar a informação (estímulo externo), organizar uma resposta adequada 
e enviar a mensagem para o órgão ou tecido apropriado.
Os hormônios são reguladores fi siológicos acelerando ou diminuindo a 
velocidade de reações e funções biológicas que acontecem mesmo na ausência 
dessas substâncias, porém, em ritmos diferentes, sendo que essas mudanças 
na velocidade das reações são fundamentais para o funcionamento do corpo 
(CANALI; KRUEL, 2001).
2 A NATUREZA DOS HORMÔNIOS E o 
SISTEMA ENDÓCRINO
Os hormônios são substâncias químicas sintetizadas por glândulas específi cas, 
que penetram na corrente sanguínea e são transportadas por todo o corpo. Esses 
hormônios afetam todos os aspectos da função humana, ativando sistemas 
enzimáticos, alterando a permeabilidade das membranas, induzindo contração e 
relaxamento muscular, estimulando síntese de proteínas e de gorduras, iniciando a 
secreção celular e determinando de que maneira o corpo responderá aos estímulos 
físicos e psicológicos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Os órgãos endócrinos têm o peso combinado de cerca de 0,5 kg, tendo como 
órgãos endócrinos principais a hipófi se, tireoide, paratireoides, timo e supra-
renais. Outros órgãos importantes desse sistema incluem o pâncreas, gônadas 
(testículo e ovários), hipotálamo e o tecido adiposo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 
2016). A Figura 1 demonstra a disposição anatômica dos principais órgãos 
endócrinos citados.
10
 Sistema Endócrino e EXercício
FIGURA 1 – POSIÇÃO ANATÔMICA DOS PRINCIPAIS ÓRGÃOS ENDÓCRINOS.
FONTE: <encurtador.com.br/bcep7>.
O foco do nosso estudo no decorrer desse livro, será em relação aos 
hormônios secretados pela hipófi se, tireoide, supra-renais e gônadas.
Outro aspecto importante é que os hormônios estão presentes em 
quantidades muito pequenas no sangue sendo mensurados em microgramas, 
nanogramas e picogramas (GUYTON; HALL, 2006).
O termo hormônio passou a pertencer à língua inglesa em 
1905, quando os renomados fi siologistas ingleses William Bayliss 
e Ernest Starling descobriram a secretina, um composto intestinal 
que funciona como mensageiro químico ativo ou como sinalizador 
de funções celulares, a disciplina chamada endocrinologia surgiu 
dessa importante descoberta, no entanto, somente após a década de 
1950 as técnicas melhoraram permitindo as mensurações das baixas 
concentrações plasmáticas, melhorando os aspectos relacionados ao 
estudo desse importante sistema do nosso organismo (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2016).
11
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
Para a compreensão do sistema hormonal, o entendimento dos sistemas de 
controle e dos mecanismos de resposta são fundamentais. Nesse sentido, observe 
a fi gura apresentada a seguir que exemplifi ca uma resposta hormonal por meio 
da retroalimentação negativa, vale ressaltar ainda, que a maioria das respostas 
fi siológicas relacionadas a esse sistema ocorrem a partir desse feedback.
FIGURA 2 – RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA NO 
CONTROLE DAS RESPOSTAS HORMONAIS
Hormônio liberador
de Tireotrofi naHormônio liberador
de Tireotrofi na
T3 e T4
TSH
Tireóide
Hipófi se
Inibição
Inibição
Estímulo
FONTE: <encurtador.com.br/impvN>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Como podemos observar, após a secreção dos hormônios tireoidianos (tiroxina e 
triiodotironina), ocorre um aumento no metabolismo, gerando uma resposta contrária 
(retroalimentação negativa) inibindo o hormônio liberador do THS, diminuindo a 
secreção do TSH na hipófi se e, consequentemente, diminuindo a secreção da tiroxina 
e da triiodotironina na tireoide (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Outro aspecto importante é que os hormônios podem ser divididos em várias 
classes de acordo com a sua constituição química, sendo eles: 1) derivados de 
aminoácidos; 2) derivados de peptídeos e 3) derivados dos esteroides. Essa 
classifi cação tem grande importância para a sua compreensão, pois, a estrutura 
química dos hormônios infl uencia a maneira como são transportados no sangue e 
como os efeitos são exercidos sobre o tecido (GUYTON; HALL, 2006).
A tabela a seguir demonstra a classe a qual o hormônio pertence, a forma de 
transporte, o espectro de vida (tempo necessário para reduzir uma determinada 
concentração do hormônio à metade), localização do receptor e a resposta gerada 
após a ligação do hormônio com esse receptor.
12
 Sistema Endócrino e EXercício
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS E MECANISMO DE ATUAÇÃO HORMONAL
Hormônios 
Peptídicos
Hormônios 
Esteroides
Hormônios do Grupo Amina 
(aminoácidos)
Exemplos
Insulina 
Glucagon
IGF-1
Androgênios
Cortisol
Adrenalina
Noradrenalina
Tiroxina (T4)
Transporte Dissolvidos no plasma
Ligados a 
proteínas 
transportadoras
Dissolvidos no 
plasma
Ligados a 
proteínas 
transportadoras
Espectro de 
vida Curto Longo Curto Longo
Localização 
do receptor
Sobre a 
membrana 
celular
Citoplasma do 
núcleo; alguns 
possuem 
receptores de 
membrana
Sobre a 
membrana 
celular
Núcleo
Resposta à 
ligação
Ativação de 
segundo 
mensageiro; 
pode ativar 
genes
Ativação de 
genes
Ativação de 
segundo 
mensageiro
Ativação de 
genes
FONTE: Adaptado de Mcardle, Katch e Katch (2016, p. 414)
1 O que é e como atuam os sistemas de controle?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
13
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
A resposta do hormônio ao receptor também pode ser chamada 
de “resposta à ligação receptor-ligante”, o ligante (hormônio) conecta-
se a uma proteína da membrana, que induz endocitose, processo 
pelo qual uma célula traz as moléculas para dentro do citoplasma 
em vesículas formadas a partir da membrana celular. Disponível em: 
<encurtador.com.br/otJ37>. Acesso em: 1º maio 2019).
Ainda sobre a organização do sistema hormonal, é importante o seu entendimento 
de que as glândulas podem ser classifi cadas como endócrinas ou exócrinas.
As glândulas exócrinas contêm ductos que conduzem as substâncias 
diretamente para um compartimento específi co ou uma superfície. Os exemplos 
de glândulas exócrinas incluem as glândulas sudoríparas e as glândulas da parte 
alta do sistema digestório, sendo que, o sistema nervoso central controla quase 
todas as glândulas exócrinas (GUYTON; HALL, 2006).
As glândulas endócrinas liberam hormônios diretamente no sangue, que 
transporta esses hormônios até o tecido para exercer um determinado efeito. 
Esse efeito acontece a partir da ligação do hormônio a um receptor específi co que 
permite que o efeito do hormônio em questão, aconteça. A maioria das glândulas 
que secretam hormônios relacionados ao exercício, são glândulas endócrinas 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
É fundamental compreender que os hormônios podem circular por todos 
os tecidos, porém, afetarão apenas aqueles que possuem o receptor específi co 
(POWERS; HOWLEY, 2009). 
Outros aspecto que merece ser discutido está relacionado ao próprio tecido 
muscular, quando identifi cou-se que um fator humoral (citocinas, conhecias 
como miosinas) era produzida e liberada por células musculares contráteis que 
pareciam exercer importantes efeitos metabólicos, abriu-se um novo paradigma, 
que considera o músculo esquelético um órgão endócrino secretor, que infl uencia 
o metabolismo de outros tecidos (PEDERSEN; EDWARD, 2009).
Tanto as fi bras musculares tipo I quanto às fi bras tipo II expressam a miosina 
interleucina (IL)-6, a qual, tanto no músculo, ativando a proteinoquinase (AMPK) 
que possui importante função na sinalização hipertrófi ca, quanto em outros tecidos 
quando liberada na corrente sanguínea, como por exemplo, no tecido adiposo 
aumentando a lipólise ou no fígado aumentando a produção de glicose durante o 
exercício físico (PEDERSEN; EDWARD, 2009). 
14
 Sistema Endócrino e EXercício
Para conhecer mais sobre os mecanismos fi siológicos 
relacionados ao músculo esquelético como órgão endócrino e 
a importância das substâncias secretadas pelo músculo nas 
adaptações e nas respostas ao exercício, sugerimos uma boa revisão 
bibliográfi ca sobre este assunto. 
FONSECA-ALANIZ, M. H. et al. O tecido adiposo como centro 
regulador do metabolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e 
Metabolismo, v. 50, n. 2, p. 216-229, abr. 2006.
A seguir, abordaremos em maiores detalhes os mecanismos relacionados ao 
controle da concentração plasmática e a interação dos hormônios com os seus receptores.
Dentre alguns dos principais cientistas da fi siologia do exercício, 
podemos citar: Erik Hohwü-Christensen (Dinamarca), Per-Olof 
Astrand (Suécia), Bengt Saltin (Suécia), Jens Bangsbo (Dinamarca).
2.1 MECANISMOS DE AÇÃO 
HORMONAL
O efeito que um hormônio exerce sobre um tecido está diretamente relacionado 
com a sua concentração no plasma, além, do número de receptores ativos aos quais 
ele pode se ligar. Segundo Guyton e Hall (2006), a concentração dos hormônios no 
plasma depende de alguns fatores, conforme exposto na fi gura a seguir.
15
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
FIGURA 3 – FATORES RELACIONADOS AO CONTROLE DA SECREÇÃO HORMONAL
Taxa de
Secreção
Alterações
no Volume
Plasmático
Quantidade de
Proteínas
Transportadoras
Taxa de
Excreção
FONTE: Os autores
A taxa de secreção de um hormônio em uma glândula endócrina depende da 
magnitude do estímulo e se a sua natureza é estimuladora ou inibidora. Em todos 
os casos o estímulo é químico podendo ser um substrato, um neurotransmissor 
ou outros hormônios, sendo que a maioria das glândulas pode sofrer infl uência de 
mais de um estímulo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
As concentrações plasmáticas hormonais também estão diretamente 
relacionadas com a velocidade em que o determinado hormônio é metabolizado 
(inativado) e/ou excretado. Essa inativação dos hormônios pode acontecer 
no receptor ou no fígado, o principal local do metabolismo hormonal, com os 
rins, auxiliando nessa função importante. As quantidades elevadas de alguns 
hormônios que são encontrados durante o exercício, também estão infl uenciadas 
pela incapacidade da excreção desses hormônios, uma vez que, o fl uxo sanguíneo 
hepático e renal é diminuído durante o exercício (POWERS; HOWLEY, 2009).
A quantidade de proteínas transportadoras também exerce um papel fundamental 
na regulaçãodas concentrações hormonais. Os hormônios esteroides e a tiroxina são 
transportados ligados a proteínas e, para que possam exercer seu efeito, precisam 
estar livres para interação com o receptor (KARGOTICH et al., 1997). 
Além da quantidade de proteínas transportadoras, a capacidade e a afi nidade 
também aparecem como fatores importantes. A capacidade está relacionada com 
a quantidade máxima de hormônios que pode ser ligada a proteína transportadora, 
já a afi nidade, refere-se à tendência da proteína transportadora se ligar ao 
hormônio (GUYTON; HALL, 2006).
16
 Sistema Endócrino e EXercício
Um aumento na quantidade, capacidade ou afi nidade das proteínas 
transportadoras reduz a quantidade total do hormônio livre e, consequentemente, 
reduz o seu efeito sobre o tecido (KARGOTICH et al., 1997).
As alterações no volume plasmático promoverão mudanças na concentração 
do hormônio independentemente das alterações na taxa de secreção ou 
inativação. Esse fator também pode auxiliar na compreensão das respostas 
hormonais aumentadas durante o exercício, por conta de uma diminuição do 
volume plasmático durante o exercício que ocorre com o movimento da água 
para fora do sistema cardiovascular. Para análises das concentrações hormonais, 
utilizam-se correções baseadas nas alterações do volume plasmático para uma 
mensuração mais precisa do comportamento “real” do hormônio, excluindo fatores 
infl uenciadores (KARGOTICH et al., 1997).
 Os hormônios são transportados pela circulação para todos os tecidos, 
mas afetam apenas os específi cos. Os tecidos responsivos a determinado 
hormônio possuem receptores proteicos específi cos. Esses receptores não são 
estruturas estáticas relacionadas à célula, podendo sofrer alterações, o número 
de receptores varia de 500 a 100.000 por célula, dependo do tipo de receptor 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). 
Esse número de receptores também pode sofrer alterações quando exposto 
a um nível elevado de um hormônio cronicamente, processo que é denominado 
down-regulation, resultando em uma resposta diminuída para uma mesma 
concentração de um determinado hormônio. Por outro lado, uma baixa exposição 
dos receptores a um determinado hormônio, causa um aumento no número 
desses receptores, processo denominado up-regulation, com o tecido tornando-
se muito mais responsivo ao determinado hormônio (GUYTON; HALL, 2006).
Levando em consideração o número fi nito de receptores em uma célula, 
uma exposição muito elevada de um hormônio cronicamente pode levar a uma 
situação na qual todos os receptores se ligam ao hormônio, processo conhecido 
como saturação. Quando ocorre esse processo, qualquer aumento adicional na 
concentração plasmática desse hormônio não terá efeitos adicionais (POWERS; 
HOWLEY, 2009). Além desse mecanismo de resposta, os hormônios que 
possuem uma forma química parecida competirão pelos sítios receptores que já 
estão limitados. 
Agora que compreendemos as características do sistema hormonal, além 
dos fatores relacionados à concentração plasmática dos hormônios, iniciaremos a 
nossa discussão relacionada aos mecanismos por meio dos quais os hormônios 
exercem suas funções.
17
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
FIGURA 4 – MECANISMOS DE AÇÃO HORMONAL
Ativação de Proteíncas
Especiais (segundos
mensageiros)
Alteração dos 
Mecanismos de 
Transporte na 
Membrana
Estimulação do
DNA (síntese
proteíca)
FONTE: Adaptado de Mcardle, Katch e Katch (2016)
O mecanismo relacionado a alterações no transporte de membrana exerce 
sua função após a ligação com um receptor em uma membrana, o principal efeito 
de alguns hormônios é a ativação de moléculas transportadoras localizadas 
na membrana, ou próximo dela, com o objetivo de aumentar o movimento de 
substratos ou íons do exterior para o interior da célula (POWERS; HOWLEY, 
2009). 
Por exemplo, a insulina se liga a receptores na superfície da célula e mobiliza 
transportadores de glicose (GLUT4) localizados na membrana celular, esses 
transportadores se ligam à glicose no exterior da membrana celular, onde sua 
concentração é alta, difundindo-se para o interior da célula, liberando a glicose 
para utilização (JAMES, 1995).
 Por outro lado, devido à natureza similar a dos lipídeos, os hormônios 
esteroides difundem-se facilmente através das membranas celulares, onde 
se ligam a um receptor proteico no citoplasma estimulando o DNA do núcleo a 
produzir uma alteração na atividade celular. Esse complexo esteroide-receptor 
se liga a uma proteína especifi ca ligada ao DNA, o qual contém os códigos de 
instrução para a síntese proteica. Esse processo inicia os passos que levam à 
síntese de um RNA mensageiro específi co, que transporta os códigos do núcleo 
para o citoplasma, onde a proteína é sintetizada (GUYTON; HALL, 2006).
18
 Sistema Endócrino e EXercício
FIGURA 5 – MECANISMO DE AÇÃO NA ESTIMULAÇÃO DO DNA NO NÚCLEO
FONTE: <https://www.vetorial.net/~coriolis/fi sio.htm>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Esses processos (ativação do DNA e síntese de proteína) levam tempo para 
iniciarem a sua ação, o que torna esses hormônios envolvidos em hormônios de 
ação lenta, mas seus efeitos são mais duradouros do que aqueles gerados por 
segundos mensageiros (GUYTON; HALL, 2006). Na tabela abaixo, apresentamos 
a classifi cação dos hormônios que discutiremos ao longo do livro.
TABELA 2 – RELAÇÃO DOS HORMÔNIOS QUE POSSUEM AÇÃO LENTA OU RÁPIDA
Hormônios de Ação Lenta Hormônios de Ação Rápida
Testosterona Adrenalina (epinefrina)
Cortisol Noradrenalina (norepinefrina)
Hormônio do Crescimento (GH)
Insulina
Glucagon
FONTE: Os autores
Após o entendimento da atuação hormonal relacionada ao transporte na 
membrana e estímulo do DNA, discutiremos como os hormônios podem exercer 
os seus efeitos a partir de segundo mensageiro, o qual se apresenta como um 
mecanismo mais complexo.
Diversos hormônios, por conta de sua estrutura carregada e tamanho, 
não podem atravessar as membranas celulares. Esses hormônios exercem 
seus efeitos ligando-se a um receptor na superfície da membrana ativando 
19
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
uma proteína G localizada na membrana celular. Essa proteína é a ligação 
entre a interação hormônio-receptor na superfície da membrana e os eventos 
intracelulares sequentes. Essa proteína permite que o cálcio entre na célula ou 
ative uma enzima na membrana (POWERS; HOWLEY, 2009).
Quando a proteína G ativar a adenilato ciclase (enzima), o AMP cíclico será 
formado a partir do ATP, uma vez aumentada à concentração desse mensageiro, 
ocorre à ativação de outras proteínas que induzem alterações na célula. Por 
exemplo, esse mecanismo é utilizado para converter glicogênio em glicose no 
músculo e triglicerídeos em ácidos graxos livres e glicerol no tecido adiposo. O 
AMP cíclico é inativado pela fosfodiesterase (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
A sequência de reações desencadeadas pelo AMP cíclico depende de três 
fatores: 1) tipo de célula; 2) enzimas contidas na célula e 3) o hormônio específi co 
que atua como primeiro mensageiro. A seguir, apresentamos uma ilustração do 
mecanismo intracelular pelo qual, esse segundo mensageiro pode atuar.
FIGURA 6 – MECANISMO DE AÇÃO DO AMP CÍCLICO SOBRE UMA CÉLULA ALVO
FONTE: <https://www.vetorial.net/~coriolis/fi sio.htm>. Acesso em: 10 abr. 2019.
20
 Sistema Endócrino e EXercício
A proteína G também pode ativar a fosfolipase C (enzima), quando isso 
ocorre, um fosfolipídeo da membrana (fosfatidilinositol) é quebrado em duas 
moléculas intracelulares, o inositol trifosfato que estimula a liberação de cálcio 
dos estoques e o diacilglicerol, que ativa diretamente enzimas, a qual estimulam 
as alterações celulares (POWERS; HOWLEY, 2009). 
A proteína G ainda pode ativar outra proteína denominada calmodulina, 
quando ativada infl uencia a atividade celular de uma maneira muito semelhante à 
do AMP cíclico(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Para relembrar, a proteína G permite que o cálcio entre na célula ou ative 
uma enzima na membrana, os mecanismos previamente apresentados referem-
se a eventos causados após a ativação enzimática.
A proteína G pode ativar um canal de cálcio estimulando a liberação do 
mesmo dos estoques, ou ainda, a partir do inositol trifosfato que exerce a mesma 
função (GUYTON; HALL, 2006).
Para melhor entendimento desse mecanismo, observe a fi gura a seguir, 
levando em consideração que o canal de cálcio pode ser ativado diretamente pela 
proteína G, ou ainda, essa liberação de cálcio pode ser estimulada pelo inositol 
trifosfato que é estimulado a partir de mecanismos enzimáticos.
21
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
FIGURA 7 – MECANISMO DE AÇÃO DO CÁLCIO, 
INOSITOL TRIFOSFATO E DIACILGLICEROL
FONTE: <https://www.vetorial.net/~coriolis/fi sio.htm>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Agora que compreendemos a organização geral do sistema hormonal, fatores 
relacionados ao controle das concentrações hormonais e mecanismos pelos quais 
os hormônios exercem seus efeitos, apresentaremos as principais glândulas 
e hormônios que exercem um papel de destaque na regulação dos processos 
fi siológicos do organismo, para auxiliar na compreensão a partir de uma visão 
mais ampla do sistema hormonal.
22
 Sistema Endócrino e EXercício
FIGURA 8 – HIPÓFISE ANTERIOR, HORMÔNIOS SECRETADOS E
EFEITOS PRIMÁRIOS DESSES HORMÔNIOS
Fator de Crescimento
Semelhante à Insulina
(IGF–1)
Mulheres:
(LH): Estrogênio
(FSH): Progesterona
Homens:
(LH): Testosterona
Triiodotironina
(T3)
Tiroxina (T4)
Cortisol
Hipófi se anterior
Hormônio do
Crescimento (GH)
Hormônio
Estimulador de
Melanócito (MSH)
Hormônio
Adrenocorticotrópico
(ACTH)
Hormônio Folículo
Estimulante (FSH)
e Hormônio
Luteinizante (LH)
Prolactina
Hormônio
Estimulador da
Tireóide (TSH)
FONTE: Adaptado de Mcardle, Katch e Katch (2016, p. 422)
A hipófi se possui dois lobos, o lobo anterior (adeno-hipófi se/hipófi se 
anterior), que é uma glândula endócrina e o lobo posterior (neuro-
hipófi se/hipófi se posterior), que é um tecido neural que se estende 
a partir do hipotálamo. Ambos os lobos estão sobre controle direto do 
hipotálamo. A liberação de hormônios da hipófi se anterior é controlada 
por substâncias químicas (fatores ou hormônios liberadores) que se 
originam de neurônios localizados no hipotálamo. Já a liberação de 
hormônios da hipófi se posterior acontece a partir de neurônios especiais 
originados no hipotálamo (GUYTON; HALL, 2006).
23
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
As próximas fi guras, também estão relacionadas à organização geral das 
glândulas e hormônios secretados, auxiliando a sua compreensão.
FIGURA 9 - GLÂNDULA SUPRA-RENAIS E OS HORMÔNIOS SECRETADOS
Catecolaminas:
Adrenalina
(epinefrina) e
Noradrenalina
(norepinefrina)
Andrógenos e
Estrógenos
Córtex Supra-
Renal
Medula Supra-
Renal
Supra-Renais
CortisolAldosterona
FONTE: Os autores
Conforme podemos observar, a glândula supra-renal é composta por 
duas glândulas diferentes que secretam diferentes hormônios. É importante 
compreender que a medula supra-renal responde a estímulos do sistema nervoso, 
com a grande parte da sua secreção (80%) sendo do hormônio adrenalina, que 
afeta receptores em diversos tecidos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). 
FIGURA 10 - Glândulas e os diferentes hormônios secretados
FONTE: Adaptado de Powers e Howley (2009, p. 96-97)
Hipófi se
Posterior
Paratireóide Pâncreas Testículos OváriosTireóide
Hormônio
Antidiurético
(vasopressina)
Triiodotironina Paratormônio Insulina Testosterona Estrogênio
Glucagon
Tiroxina
Calcitonina
Ocitocina
24
 Sistema Endócrino e EXercício
A hipófi se posterior secreta dois hormônios (ocitocina e antidiurético), sendo 
que a ocitocina exerce o seu efeito como um potente estimulante da musculatura 
lisa, além dessa, exercendo uma importante função na resposta de ejeção do leite 
para a sua liberação pela mama. Já o hormônio antidiurético reduz a perda de 
água pelo corpo, favorecendo a reabsorção da água dos túbulos renais de volta 
aos capilares para manutenção do fl uído corporal (WADE, 1984).
Os hormônios tireoidianos são fundamentais para o estabelecimento da 
taxa metabólica geral. É interessante observar que apesar dos dois serem 
classifi cados como hormônios de ação lenta, a triiodotironina tem um período de 
latência de 6 a 12 horas, com a tiroxina apresentando esse período de 2 a 3 dias. 
No entanto, uma vez iniciados, a ação desses hormônios tem efeito prolongado. A 
tireoide também secreta a calcitonina, que está envolvida na regulação do cálcio, 
na medida em que as concentrações plasmáticas de cálcio aumentam esse 
hormônio é secretado bloqueando a liberação de cálcio dos ossos e estimulando 
a sua excreção nos rins (GUYTON; HALL, 2006).
O paratormônio é o principal hormônio envolvido na regulação do cálcio. 
As paratireoides liberam esse hormônio em resposta a baixas concentrações 
plasmáticas de cálcio, estimulando o osso a liberar cálcio no plasma além de 
aumentar a absorção renal de cálcio (LJUNGHALL et al., 1988).
O pâncreas é uma glândula exócrina e endócrina, sendo que a resposta 
exócrina está relacionada à secreção de enzimas digestivas. A insulina é o 
hormônio mais importante durante o estado absortivo, quando os nutrientes 
do intestino estão entrando no sangue, sendo que, o glucagon exerce função 
contrária, estimulando a mobilização de glicose e ácidos graxos livres (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2016).
A testosterona e o estrogênio são os principais esteroides sexuais 
secretados pelos testículos e ovários, respectivamente, sendo importantes no 
estabelecimento e manutenção da função reprodutiva, além de determinar as 
características sexuais secundárias (POWERS; HOWLEY, 2009).
A tabela a seguir descreve algumas características dos hormônios envolvidos 
durante o exercício, que serão discutidos no decorrer do livro.
25
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
TABELA 3 - FUNÇÕES, FATORES DE CONTROLE E 
COMPORTAMENTO DURANTE O EXERCÍCIO
Hormônio Função Fatores de Controle Efeito do exercício
Testosterona
Aumenta 
síntese proteica; 
características 
sexuais secundárias; 
impulso sexual; 
produção de esperma
FSH e LH ↑
GH
Aumenta crescimento; 
mobilização de 
ácidos graxos livres; 
gliconeogênese; 
diminuição da 
captação de glicose
Hormônio 
liberador de GH 
hipotalâmico; 
somatostatina 
hipotalâmica
↑
Cortisol
Aumenta 
gliconeogênese; 
mobilização de 
ácidos graxos livres; 
diminuição na 
utilização de glicose
ACTH ↑ exercício intenso; ↓ exercício leve
Glucagon
Aumenta mobilização 
de glicose e ácidos 
graxos livres; 
gliconeogênese
Concentração 
plasmática 
de glicose e 
aminoácidos; 
sistema nervoso 
autônomo
↑
Insulina
Aumenta a 
captação de glicose, 
aminoácidos e ácidos 
graxos livres
Concentração 
plasmática 
de glicose e 
aminoácidos; 
sistema nervoso 
autônomo
↓
Catecolaminas
Aumenta 
glicogenólise; 
mobilização de 
ácidos graxos livres; 
frequência cardíaca; 
volume sistólico e 
resistência periférica
Barorreceptores; 
receptor de glicose 
no hipotálamo; 
centros encefálicos 
e espinais
↑
26
 Sistema Endócrino e EXercício
1 O sistema hormonal é estruturado para detectar a informação 
(estímulo externo), organizar uma resposta adequada e, enviar 
a mensagem para o órgão ou tecido apropriado. Estudamos 
os mecanismos relacionados ao controle da concentração 
plasmática dos hormônios, como também, os mecanismos de 
ação desses hormônios, além da função, fator de controle e 
comportamento dos hormônios durante o treinamento. Sobre a 
organização e atuação do sistema hormonal, classifi que V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Os hormônios podem ser divididos em derivados de 
aminoácidos,peptídeos/proteínas e esteroides.
( ) As diferentes classes de hormônios indicam as diferenças na 
forma de transporte e ação dos hormônios.
( ) O feedback positivo (retroalimentação positiva) é o principal 
mecanismo envolvido no controle das respostas hormonais. 
( ) As glândulas endócrinas sofrem infl uência direta de diversos 
tipos de estímulos dos hormônios depende da taxa de secreção, 
taxa de excreção e quantidade de proteína transportadora.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F - V.
b) ( ) F - V - F - V.
c) ( ) V - V - F - V.
d) ( ) F - F - V - F.
3 EFEITOS AGUDOS E CRÔNICOS 
DO EXERCÍCIO NAS RESPOSTAS 
HORMONAIS
Sabendo as características e os mecanismos relacionados ao sistema 
hormonal, a seguir teremos como foco o entendimento do comportamento 
desses hormônios durante o exercício e quais os efeitos agudos e crônicos que o 
treinamento causa, conhecendo também as respostas causadas pelo treinamento 
em cada uma das fases de adaptação, além de discutir os efeitos da intensidade, 
volume e frequência de treinamento nas respostas hormonais. 
27
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
O treinamento resistido e o treinamento esportivo causam diversas 
adaptações fi siológicas agudas e crônicas que são importantes para melhorar 
a força e potência muscular, hipertrofi a e resistência aeróbia (KRAEMER; 
RATAMESS, 2000). A elevação nos níveis hormonais em resposta ao exercício 
ocorre em ambientes fi siológicos específi cos, como por exemplo, aumentos na 
concentração sanguínea de determinados hormônios apresentam uma maior 
interação com os receptores na membrana celular de tecidos específi cos ou 
ainda, em receptores localizados no núcleo de células específi cas (KRAEMER; 
RATAMESS, 2005). A fi gura a seguir demonstra as respostas conjuntas de alguns 
hormônios na lipólise durante o exercício.
FIGURA 11 – INTERAÇÃO HORMONAL NA MOBILIZAÇÃO E 
QUEBRA DA GORDURA DURANTE O EXERCÍCIO
FONTE: <https://www.vetorial.net/~coriolis/fi sio.htm>. Acesso em: 10 abr. 2019.
O remodelamento tecidual causado pelas adaptações do exercício é um 
processo que envolve o anabolismo e catabolismo, sendo que o anabolismo 
predomina durante os períodos de recuperação com o objetivo de crescimento e 
reparação tecidual, já o catabolismo predomina durante o exercício (KRAEMER; 
RATAMESS, 2005).
As adaptações que ocorrem com o exercício resistido implicam em quatro 
fases distintas: 1) mudanças agudas durante e após o exercício; 2) mudanças 
crônicas nas concentrações hormonais no repouso; 3) mudanças crônicas 
na resposta aguda ao estímulo de treinamento e 4) mudanças nos receptores 
(KRAEMER; RATAMESS, 2005).
norepinefrina
AMP
cíclico
Adipócito
entrada
de glicose
na célula
α glicerol
fosfato
ácido lático
fígado
3AGL
+
3AGL
+
glicerol
triglicerídeo
epinefrina
glucagon
insulina
glicose
28
 Sistema Endócrino e EXercício
Para saber mais sobre as respostas do músculo esquelético ao 
exercício, indicamos uma revisão bibliográfi ca para estudo.
ABREU, P.; LEAL-CARDOSO, J. H.; CECCATTO, V. M. 
Adaptação do músculo esquelético ao exercício físico: considerações 
moleculares e energéticas. Revista Brasileira de Medicina do 
Esporte, v. 23, n. 1, p. 60-65, jan. 2017. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/rbme/v23n1/1517-8692-rbme-23-01-00060.pdf>.
A seguir, discutiremos primeiramente as respostas agudas ao exercício e 
após, as respostas crônicas, sendo que a insulina, glucagon e catecolaminas 
serão discutidas em conjunto. Para facilitar a compreensão, o termo treinamento 
resistido será utilizado para referir-se à musculação, com o termo endurance 
descrevendo os treinamentos e esportes com predominância aeróbia.
3.1 RESPOSTAS AGUDAS AO 
EXERCÍCIO DA TESTOSTERONA, 
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO E 
CORTISOL
O exercício resistido tem mostrado aumentos agudos na concentração total 
de testosterona (TREMBLAY; COPELAND; VAN HELDER, 2004), sendo que 
essas elevações são atribuídas a reduções no volume plasmático, estimulação 
adrenérgica, produção de lactato (LIN et al., 2001) e ainda, a adaptações na 
própria capacidade de síntese e/ou secreção da testosterona nas células. 
Esses processos parecem ser mediados por um aumento nas respostas 
do GH, com grande importância ao IGF-1 (fator de crescimento semelhante à 
insulina) durante os processos anabólicos (COFFEY; HAWLEY, 2007). A fi gura a 
seguir demonstra os mecanismos pelo qual o IGF-1 estimula as adaptações.
29
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
FIGURA 12 – RESPOSTAS FISIOLÓGICAS INDUZIDAS PELA AÇÃO DO IGF-1
FONTE: <https://www.vetorial.net/~coriolis/fi sio.htm>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Podemos observar que a atividade muscular estimula a secreção do IGF-1, 
o qual desempenha um papel importante como um fator de crescimento a partir 
de sinalizações na membrana iniciando uma cascata de eventos que resulta no 
estímulo para aumento da síntese proteica (COFFEY; HAWLEY, 2007). 
O efeito do exercício no aumento da testosterona também pode estar 
relacionado a uma interação desse hormônio com o sistema nervoso central, onde 
esse hormônio pode interagir com receptores locais na regeneração de nervos e no 
aumento do comprimento e diâmetro dos dentritos (NAGAYA; HERRERA, 1995). 
Todos esses mecanismos têm fundamental importância na explicação dos 
aumentos agudos na produção de força durante um programa de treinamento. 
É importante ressaltar que apenas a testosterona livre apresenta-se como 
biologicamente ativa sendo a responsável pela ligação com os receptores 
androgênios nas células e/ou tecidos específi cos, no entanto, a resposta 
dessa testosterona livre tem sido associada à testosterona total (TREMBLAY; 
COPELAND; VAN HELDER, 2004).
Um resultado interessante relacionado às respostas desse hormônio 
indicou que as elevações agudas na testosterona foram maiores em indivíduos 
participantes de programas de treinamento resistido comparado aos treinamentos 
de endurance (TREMBLAY; COPELAND; VAN HELDER, 2004), ainda, aumentos 
30
 Sistema Endócrino e EXercício
signifi cativos nas concentrações desse hormônio a partir do treinamento resistido 
ocorrem tanto em jovens quanto em idosos, no entanto, os mesmos resultados não 
foram verifi cadas em mulheres de meia idade e idosas (HAKKINEN et al., 2000).
Diversos fatores podem infl uenciar na concentração de testosterona e nas 
respostas agudas ao exercício. A magnitude dessa resposta durante o exercício 
resistido pode ser afetada pela massa muscular envolvida (i.e., seleção dos 
exercícios) (VOLEK et al., 1997), intensidade e volume (RATAMESS et al., 2004), 
ingestão nutricional, experiência de treinamento e ainda, essa magnitude parece 
não ser afetada pelo nível individual de força muscular. 
Os exercícios que envolvem grande quantidade de massa muscular tem 
mostrado uma maior resposta na magnitude da testosterona quando comparado 
com exercícios que envolvem menores quantidades de massa muscular, nesse 
sentido, a seleção dos exercícios exercem grande infl uência no treinamento como 
um fator importante para induzir estresse metabólico (RATAMESS et al., 2004), ou 
seja, para programas de treinamento com objetivo primário de induzir respostas 
hormonais maiores devem ser inseridos exercícios com envolvimento de grandes 
grupos musculares. 
Um estudo interessante que reforça a importância da utilização de exercícios 
que envolvam grandes grupos musculares para estimular maiores respostas de 
testosterona dividiu o treinamento em dois grupos, sendo que um realizava apenas 
exercícios de membros superiores (fl exores de cotovelo) e outro realizava exercícios 
de membros superiores (fl exores de cotovelo) e membros inferiores, verifi cando que 
além das maiores respostas hormonais, também ocorreu maior ganho de massa 
muscular para o grupo que realizava exercícios de membros superiores combinadocom exercícios para membros inferiores (HANSEN et al., 2001).
A intensidade e o volume também apresentam grande importância nas respostas 
agudas relacionadas à testosterona. Os programas de treinamento que envolve 
maiores volumes de treinamento podem refl etir em mudanças na testosterona, 
sendo observadas alterações nas concentrações hormonais durante treinamentos 
constantes que utilizam um alto número de séries (RATAMESS et al., 2004). 
Similar a esse modelo de treinamento, quando são mantidas constantes as 
repetições com maiores intensidades também são observados grandes aumentos 
nos níveis de testosterona (RAASTAD; BJORO; HALLEN, 2000). Por outro lado, 
a intensidade também exerce uma grande infl uência sobre as respostas da 
testosterona, a interação entre as variáveis de intensidade e volume favorecem 
os ganhos (KRAEMER; RATAMESS, 2005).
31
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
Na tabela a seguir, são descritos alguns estudos reportando os protocolos 
de treinamento utilizado e os resultados encontrados nas concentrações de 
testosterona. Algumas considerações interessantes que podem ainda incrementar 
a discussão acerca da relação intensidade e volume são resultados que reportaram 
menores respostas nas concentrações de testosterona durante treinos que são 
considerados convencionais (3 a 4 séries de 3 a 10 repetições com 70 a 95% de 1 
RM e 2,5 minutos de recuperação entre séries) (GUEZENNEC et al., 1986).
TABELA 4 – PROTOCOLOS DE TREINAMENTO E AS DIFERENTES 
RESPOSTAS DA TESTOSTERONA DURANTE O EXERCÍCIO
Estudo Protocolo de Treino Resultados
Weiss et al. (1983) 3 séries em 4 exercícios até a falha, 80% de 1RM, com 2 minutos de intervalo 
entre séries
↑ 
Ratamess et al. (2004)
1 série em 1 exercício de 10 repetições, 
80-85% de 1RM
6 séries em 1 exercício de 10 repetições, 
80-85% de 1RM, com 2 minutos de 
intervalo entre séries
SM
↑
Raastad et al (2000)*
1 série em 3 exercícios de 3 ou 6 
repetições, 100% de 3RM (dois 
exercícios) e 100% de 6RM (um 
exercício), com 4 a 6 minutos de 
intervalo entre exercícios
1 série em 3 exercícios de 3 ou 6 
repetições, 70% de 3RM (dois exercícios) 
e 70% de 6RM (um exercício), com 4 a 
6 minutos de intervalo entre exercícios
↑
↑
Schwab et al. (1993)*
4 séries em 1 exercício de 6 repetições, 
90-95% de 6RM
4 séries em 1 exercício de 9 a 10 
repetições, 60-65% de 6RM
↑
↑
Bosco et al. (2000)
20 séries em 3 exercícios de 2 a 4 
repetições, 50-70% de 1RM, com 2 a 3 
minutos de intervalo entre séries
10 séries em 3 exercícios de 2 a 3 
repetições, 60-80% de 1RM, com 3 a 5 
minutos de intervalo entre séries
↑
SM
Hakkinen et al. (1993)
20 séries em 1 exercício de 1 repetição, 
100% de 1RM, com 3 minutos de 
intervalo entre séries
10 séries em 1 exercício de 10 
repetições, 70% de 1RM, com 3 minutos 
de intervalo entre séries
SM
↑
32
 Sistema Endócrino e EXercício
Gotshalk et al. (1997)#
1 série em 8 exercícios com 10 
repetições, 100% de 10RM, com 1 
minuto de intervalo entre séries
3 séries em 8 exercícios com 10 
repetições, 100% de 10RM, com 1 
minuto de intervalo entre séries
↑
↑
Kraemer et al. (1990)
3 a 5 séries em 8 exercícios com 5 
repetições, 100% de 5RM, com 1 minuto 
de intervalo entre séries
3 a 5 séries em 8 exercícios com 10 
repetições, 100% de 10RM, com 3 
minutos de intervalo entre séries
↑
↑
Kraemer et al (1991)#
3 a 5 séries em 8 exercícios com 5 
repetições, 80-95% de 1RM, com 3 
minutos de intervalo entre séries
3 séries em 8 exercícios com 10 
repetições, 70-85% de 1RM, com 1 
minuto de intervalo entre séries
↑
↑
SM = sem mudanças; ↑ = aumento na concentração de testosterona. * = maior mudança 
no protocolo com maior intensidade; # = maior mudança no protocolo com maior volume. 
FONTE: Adaptado de Kraemer e Ratamess (2005)
A ideia geral que se tem dos programas de treinamento, principalmente no 
treinamento resistido, é de intensidade muito alta para qualquer população em todas 
as sessões, no entanto, quando as intensidades foram aumentadas ainda mais (em 
relação às intensidades convencionais), reduzindo a série para três repetições foi 
observada uma resposta limitada da testosterona (GUEZENNEC et al., 1986). 
Por outro lado, elevações signifi cativas da testosterona foram identifi cadas 
em resposta a 5 séries de 15 a 20 repetições com uma intensidade de 50% de 1 
RM (KRAEMER et al., 2003). Mesmo em programas de treinos de fi siculturistas 
(intensidade moderada e alto volume), com períodos de recuperação curto 
produzem maiores respostas nas concentrações de testosterona comparadas a 
programas de alta intensidade, baixo volume e longos períodos de recuperação 
entre as séries (≥ 3 minutos) (KRAEMER; RATAMESS, 2005).
Outra variável de importância é a relação da frequência de treinamentos com 
as respostas agudas na testosterona, nesse sentido, foram reportadas maiores 
respostas nesse hormônio em sessões realizadas no período da tarde comparado 
as sessões realizadas no período matutino em atletas de elite durante múltiplas 
sessões de treinamento no mesmo dia (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
Apesar das difi culdades relacionadas às variações diárias nas concentrações 
hormonais para eventuais comparações entre sessões no mesmo dia, associado 
33
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
à interferência que o volume total de treinamento exerce, a concentração de 
testosterona retorna ao normal quando a frequência de treinamento foi reduzida 
para uma sessão por dia (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
Outro fator importante na análise das respostas da testosterona com o 
exercício é relacionado à experiência (tempo de treinamento) do indivíduo. 
Esse fator apresentou importância em atletas júniores (14 a 18 anos) com dois 
anos ou mais de experiência, que apresentaram maiores respostas agudas na 
testosterona quando comparado aos atletas com experiência na modalidade 
inferior a dois anos (KRAEMER et al., 1992). 
No entanto, esse fator parece estar mais ligado ao esporte rendimento ou a 
idade, pois, as respostas em adultos não tem demonstrado modifi cações agudas 
com uma experiência de treinamento adicional, o que foi confi rmado após 21 
semanas de treinamento entre indivíduos com e sem experiência no treinamento 
resistido (AHTIAINEN et al., 2003).
Quando as comparações são realizadas levando em consideração o 
sexo, as respostas agudas em mulheres são limitadas com poucos resultados 
demonstrando aumentos signifi cativos para essa população. A partir de 
comparações diretas entre homens e mulheres em um mesmo protocolo, 
apenas os homens apresentaram aumentos signifi cativos nas concentrações de 
testosterona (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
Esses resultados parecem estar relacionados com os diferentes hormônios 
que possuem maior função anabólica entre os sexos, com o hormônio do 
crescimento sendo mais infl uente na promoção das adaptações hipertrófi cas e de 
força nas mulheres. 
Outra discussão importante que ainda apresenta algumas limitações é a 
relação da suplementação nutricional com as respostas agudas da testosterona. 
Alguns resultados apontam para uma redução nas concentrações desse hormônio 
em resposta a dietas com baixa ingestão de gorduras e dietas com uma alta razão 
carboidrato/proteína (VOLEK et al., 1997). Essa alta razão parece exercer infl uência 
negativa, pois, a suplementação com carboidrato e proteínas limitou as respostas 
desse hormônio durante o treinamento resistido (KRAEMER et al., 1998). 
As respostas agudas da testosterona são infl uenciadas pela idade, 
experiência individual de treino, sexo, assim como, os valores basais. Além disso, 
dois pontos importantes merecem destaque no momento da prescrição dos 
programas de treinamento. 
34
 Sistema Endócrino e EXercício
O primeiro refere-se à escolha dos exercícios, devendo ser priorizado os 
exercícios que envolvam grande massa muscular, o segundo ponto refere-se à 
relaçãointensidade/volume, sendo que os programas de treinamento com maior 
demanda sobre o componente glicolítico (volume alto, intensidade moderada e 
períodos de recuperação mais curtos) parecem apresentar os melhores resultados 
(KRAEMER; RATAMESS, 2000). 
As atividades de endurance e especialmente o treinamento resistido, tem 
mostrado grande capacidade para gerar incrementos agudos nos níveis de GH. 
As concentrações de GH em repouso são maiores nas mulheres, no entanto, o 
exercício resistido causa aumentos até 30 minutos pós-exercício de forma similar 
entre homens e mulheres (KRAEMER et al., 1993a). 
A magnitude desse aumento depende da massa muscular envolvida, ação 
muscular envolvida, intensidade do exercício, volume, tempo de recuperação 
entre as séries e condição de treinamento (grandes elevações são baseadas na 
força individual e carga total) (AHTIAINEN et al., 2003).
A carga total desempenha um papel importante, uma vez que comparações 
entre séries múltiplas e série simples têm identifi cado maiores respostas agudas 
do GH nas séries múltiplas (GOTSHALK et al., 1997). 
As respostas agudas desse hormônio são infl uenciadas pelas propriedades 
metabólicas do exercício realizado, os protocolos de treinamento que estimulem, 
por exemplo, grande produção de lactato no exercício tendem a produzir grandes 
elevações nos níveis de GH, os protocolos de treinamento com essa característica 
possuem intensidade moderada a alta, volume alto, grande quantidade de massa 
muscular envolvida na atividade e o uso de períodos curtos de recuperação entre 
as séries (KRAEMER et al., 1991). 
Esse modelo de treinamento tem mostrado resultados superiores quando 
comparados, até mesmo, com treinamentos de potência muscular que são 
caracterizados por altas cargas, baixa quantidade de repetições e intervalos de 
recuperação longos (KRAEMER et al., 1991).
A relação das respostas agudas desse hormônio com as concentrações de 
lactato está associada com a produção e acúmulo dos íons H+ que parecem ser 
um fator importante para estímulo da secreção de GH (KRAEMER et al., 1993a). 
Esses resultados foram confi rmados após respostas diminuídas do GH a 
partir de uma indução de alcalose durante um exercício de alta intensidade no 
ciclismo (GORDON et al., 1994). A hipóxia e o catabolismo proteico são fatores 
35
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
que também tem demonstrado importante infl uência nas respostas do GH 
(KRAEMER et al., 1993a).
Outros resultados interessantes têm fornecido suporte para a associação 
entre acidose, trabalho total e respostas agudas do GH. Treinamentos de 
intensidade moderada a alta, alto volume e períodos curtos de recuperação tem 
demonstrado grandes resultados na resposta desse hormônio, quando comparado 
com protocolos de treinamento clássicos de força e potência muscular, que 
utilizam altas intensidades, baixo número de repetições e longos intervalos de 
recuperação (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
A tabela a seguir apresenta algumas comparações entre protocolos de 
treinamento de força e hipertrofi a muscular (treinamento resistido) e endurance.
TABELA 5 – PROTOCOLOS DE TREINAMENTO E AS DIFERENTES 
RESPOSTAS DO GH DURANTE O EXERCÍCIO
Estudo Treinamento Resultados
Hakkinen et al. (1993)
20 séries em 1 exercício de 
1 repetição, 100% de 1RM, 
com 3 minutos de intervalo 
entre séries
10 séries em 1 exercício 
de 10 repetições, 70% de 
1RM, com 3 minutos de in-
tervalo entre séries
SM
↑
Hoffman et al. (2003)*
4 séries em 1 exercício 
de 15 repetições, 60% de 
1RM, com 3 minutos de in-
tervalo entre séries
4 séries em 1 exercício de 
4 repetições, 90% de 1RM, 
com 3 minutos de intervalo 
entre séries
↑
↑
Zafeiridis et al. (2003)*
4 séries em 1 exercício de 
5 repetições, 88% de 1RM, 
com 3 minutos de intervalo 
entre séries
4 séries em 1 exercício 
de 10 repetições, 75% de 
1RM, com 2 minutos de in-
tervalo entre séries
4 séries em 1 exercício 
de 15 repetições, 60% de 
1RM, com 1 minuto de in-
tervalo entre séries
↑
↑
↑
36
 Sistema Endócrino e EXercício
Smilios et al. (2003)*
2/4/6 séries em 3 exercícios 
de 5 repetições, 88% de 
1RM, com 3 minutos de in-
tervalo entre séries
2/4/6 séries em 3 exercícios 
de 10 repetições, 75% de 
1RM, com 2 minutos de in-
tervalo entre séries
2/4 séries em 2 exercícios 
de 15 repetições, 60% de 
1RM, com 1 minuto de in-
tervalo entre séries
↑
↑
↑
Williams et al. (2002)*
3 séries em 1 exercício de 
10 repetições, 100% de 
10RM, com 1 minuto de in-
tervalo entre séries
15 séries em 1 exercício 
de 10 repetições, 100% de 
10RM, com 1 minuto de in-
tervalo entre séries
3 séries em 8 exercícios 
de 10 repetições, 100% de 
10RM, com 1 minuto de in-
tervalo entre séries
↑
↑
↑
SM = sem mudanças; ↑ = aumento na concentração do hormônio do crescimento. * = maior 
mudança no protocolo com maior volume. 
FONTE: Os autores
Os resultados indicam que os protocolos com as melhores respostas 
acontecem com o treinamento de força muscular quando incluído um volume 
de treinamento maior. Ainda, as ações musculares excêntricas exercem grande 
efeito nas respostas do GH. 
Para demonstrar a importância da ação muscular e as diferentes respostas, a 
partir da utilização de três protocolos de treinamento diferentes, sendo um apenas 
com ações concêntricas, outro com o dobro de volume e apenas ações concêntricas 
e o último com ações concêntricas e excêntricas, as respostas foram positivas nos 
grupos com ações concêntricas, no entanto, a maior resposta verifi cada foi no grupo 
que realizava ações musculares excêntricas (KRAEMER et al., 2001). 
Por outro lado, as respostas agudas em idosos são limitadas, as 
concentrações desse hormônio sofrem uma queda com a idade (somatopenia) 
sendo que, essas reduções coincidem com os períodos de perda de massa 
muscular (sarcopenia). Considerando essas informações, torna-se importante os 
37
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
programas de treinamento que visem um aumento de força muscular e hipertrofi a 
para essa população, observando a magnitude de esforço realizado, visando 
maximizar as respostas do GH (KRAEMER; RATAMESS, 2005).
O cortisol tem demonstrado em resposta ao treinamento resistido, alguns 
resultados opostos quando comparados entre homens e mulheres, com resultados 
indicando que não ocorre diferença nas respostas e outros, reportando aumentos 
nas concentrações desse hormônio apenas para os homens em resposta ao 
mesmo protocolo de treinamento (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
Em relação ao tipo de treinamento, as respostas agudas relacionadas a esse 
hormônio não foram diferentes em adolescentes (KRAEMER et al., 1992). Porém, 
em adultos esses resultados não foram confi rmados quando comparado atletas 
de endurance com indivíduos bem treinados em força muscular em resposta 
a um mesmo protocolo de exercício, com os indivíduos treinados em força 
demonstrando maiores respostas do cortisol (TREMBLAY et al., 2004). 
Um fator atribuído à diferença na resposta entre esses atletas em relação à 
alteração das concentrações do cortisol é a redução no volume plasmático, no 
entanto, quando as concentrações de cortisol foram corrigidas para o volume 
plasmático as concentrações permanecem com essas diferenças (MCCAL et al., 
1999). Outro fator que pode infl uenciar na resposta é a utilização de esteroides 
anabólicos, sendo que a resposta desse hormônio (aumento das concentrações) 
pode ser atenuada pelo uso dos esteroides (BOONE et al., 1990).
Os programas de treinamento que reportam grandes respostas do cortisol, 
também demonstram grandes respostas agudas do lactato (RATAMESS et al., 
2005). Além do lactato, as elevações agudas desse hormônio são correlacionadas 
com as concentrações de creatina quinase 24 horas após o treinamento 
(KRAEMER et al., 1993b). 
Os protocolos com alta carga total de treinamento, ou seja, alto volume, 
intensidade moderada a altacom períodos curtos de recuperação tem 
demonstrado estimular grandes respostas do cortisol, já os treinamentos de força e 
potência muscular convencional, tem reportado pequenas mudanças (KRAEMER 
et al., 1993b). Essas respostas inferiores relacionadas aos treinamentos de força 
e potência muscular podem estar associadas ao baixo volume e número de 
séries que aparece como um dos principais fatores infl uenciadores para maiores 
respostas do cortisol (WILLIAMS et al., 2002).
Para exemplifi car essas considerações, seis séries causaram maiores 
respostas do cortisol comparado com duas séries durante o treinamento resistido 
(SMILIOS et al., 2003). Em outro resultado interessante que reforça os resultados 
38
 Sistema Endócrino e EXercício
citados anteriormente, foi comparado um protocolo de 6 séries (2 minutos de 
recuperação entre séries) com um protocolo de apenas uma série (ambos de 
aproximadamente 10RM), com o primeiro demonstrando grande resposta do 
cortisol, já a série única não reportou nenhuma diferença nas concentrações 
desse hormônio (RATAMESS et al., 2004).
Outra opção que aparece como um fator interessante para aumento nas 
respostas agudas do cortisol são as repetições forçadas, sendo que, quando os 
aumentos no volume foram realizados a partir do uso das repetições forçadas 
pode ser observado um grande incremento na resposta comparado com um 
protocolo sem a utilização de repetições forçadas (AHTIAINEN et al., 2003).
Ainda, o tamanho dos períodos de recuperação entre os intervalos também 
exerce grande importância nessas respostas, sendo demonstrado que dois 
protocolos para membros inferiores com oito séries, sendo modifi cado apenas o 
período de recuperação entre as séries (1 minuto vs. 3 minutos) demonstraram 
maiores respostas com o intervalo de recuperação menor (KRAEMER et al., 1996).
Os efeitos da suplementação nas respostas do cortisol também têm sido 
estudados. Uma solução com 6% de carboidrato limitou as respostas do cortisol 
durante o treinamento resistido (TRAPENNING et al., 2001), esses resultados têm 
sido relacionados às demandas energéticas no exercício, com a suplementação 
de carboidratos atenuando a demanda por uma maior gliconeogênese, 
consequentemente, reduzindo a secreção de cortisol (HAFF et al., 2003).
3.2 RESPOSTAS CRÔNICAS AO 
EXERCÍCIO DA TESTOSTERONA, 
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO E 
CORTISOL
Antes de iniciarmos a nossa próxima discussão, é importante ressaltar que a 
prescrição do treinamento é um fenômeno global que sofre infl uência de diversos 
fatores, o objetivo da nossa discussão com você é fornecer um conhecimento a 
cerca de um desses fatores, a partir da compreensão das variáveis infl uenciadoras 
e de como esses hormônios podem responder a partir de diferentes manipulações 
nas variáveis relacionadas com o treinamento.
As mudanças nas concentrações de repouso da testosterona durante o 
exercício parecem não acontecer tanto em homens, quanto em mulheres apesar 
39
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
das elevações signifi cativas que podem ser observadas em meninos pré-púberes e 
púberes. Outros resultados interessantes que demonstraram resultados parecidos 
foram identifi cados em mulheres destreinadas comparadas com mulheres atletas, 
não apresentando diferenças nas concentrações da testosterona em repouso 
(STOESSEL et al., 1991). 
Dois estudos interessantes podem exemplifi car bem essas dúvidas acerca 
das concentrações em repouso da testosterona, sendo que um desses estudos 
não observou modifi cação nessas concentrações durante um ano de treinamento 
(HAKKINEN et al., 1987). No entanto, foram verifi cadas diferenças nessas 
concentrações após dois anos de treinamento (HAKKINEN et al., 1988).
Além da discussão relacionada a modifi cações ou não, das concentrações 
de testosterona no repouso, um resultado negativo foi identifi cado durante um 
protocolo de treinamento, quando comparado os valores basais após sete semanas 
de treinamento foi verifi cado uma diferença, no entanto, após uma redução no 
volume e aumento da intensidade (sete semanas) essas concentrações foram 
reduzidas (AHTIAINEN et al., 2003). Esses resultados indicam a importância 
do volume e intensidade do treinamento nas adaptações crônicas, assim como, 
observamos nas respostas agudas.
O treinamento pode modular os receptores, apresentando aumentos 
signifi cativos na capacidade desses receptores, no entanto, essas adaptações 
acontecem para fi bras musculares específi cas, ou seja, apenas nos grupamentos 
musculares que são estimulados durante o treinamento (DESCHENES et al., 1994).
A estimulação elétrica utilizada em modelo animal demonstrou aumentar 
o conteúdo dos receptores, no entanto, essa melhora foi estabilizada quando 
o estímulo se manteve o mesmo (INOUE et al., 1993). Ainda, a utilização 
de substâncias antagônicas aos receptores andrógenos atenuou o estímulo 
para hipertrofi a quando comparado a um grupo controle (sem a utilização da 
substância) (INOUE et al., 1994).
A experimentação animal é a prática de realizar intervenções 
em animais vivos ou recém-abatidos com a fi nalidade de melhorar o 
conhecimento. Embora o uso de animais em pesquisas médicas tenha 
acarretado sucesso em algumas intervenções terapêuticas, efeitos 
deletérios também podem ser observados, levantando a uma grande 
discussão ética com relação à utilização de animais em pesquisas.
40
 Sistema Endócrino e EXercício
O treinamento parece não afetar as concentrações de repouso do hormônio 
do crescimento tanto em homens quanto em mulheres, mesmo de diferentes 
idades (MCCALL et al., 1999). Além dessas, as comparações entre atletas 
de diferentes modalidades (fi siculturistas, power lifters) e indivíduos menos 
treinados também não apresentou modifi cações nas concentrações basais de GH 
(AHTIAINEN et al., 2003).
Esses resultados podem estar relacionados aos mecanismos fi siológicos 
que o GH desempenha principalmente aqueles relacionados ao controle da 
homeostase de outras variáveis, como por exemplo, o controle dos níveis 
plasmáticos de glicose. 
Às respostas agudas do GH parecem estar mais relacionadas às adaptações, 
pois, modifi cações realizadas no treinamento apresentam uma correlação com 
a magnitude da hipertrofi a das fi bras musculares (MCCALL et al., 1999). O que 
pode explicar a maior infl uência das respostas agudas desse hormônio para as 
adaptações. Além dessas, as mudanças na sensibilidade dos receptores, os 
diferentes mecanismos de feedback e a potencialização do IGF-1 também podem 
desempenhar papéis fundamentais nas adaptações (KRAEMER; RATAMESS, 2005). 
Às concentrações do cortisol em repouso como uma resposta as adaptações 
crônicas, geralmente refl etem um estresse prolongado relacionado ao treinamento. 
Assim como a testosterona, alguns resultados têm demonstrado aumentos nas 
concentrações de repouso, outros não reportam diferenças e alguns, reportando 
diminuição (KRAEMER; RATAMESS, 2005).
Esses resultados foram verifi cados em programas de treinamento de força 
e potência muscular. Em modelo animal, as concentrações de cortisol têm sido 
relacionadas às variações observadas nas mudanças na massa muscular (CROWLEY; 
MATT, 1996). E ainda, as respostas desse hormônio cronicamente, podem estar 
envolvidas com a homeostase tecidual relacionada ao metabolismo proteico.
3.2.1 Catecolaminas, Glucagon e 
Insulina durante o Exercício
As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) refl etem a demanda aguda 
durante o treinamento, com importante função para o aumento de força muscular, 
taxa de contração muscular, disponibilidade energética e outras funções, 
relacionadas também, a uma maior resposta da testosterona. O exercício causa 
grandes aumentos nas concentrações da adrenalina, noradrenalina e dopamina 
(KRAEMER; RATAMESS, 2005).
41
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
As principais infl uênciasnas respostas desses hormônios dependem da 
produção de força muscular, a quantidade de grupamentos musculares envolvidos 
no exercício, volume do treinamento e períodos de recuperação (BUSH et al., 1999).
Também podem ser observadas elevações nas concentrações de adrenalina 
e noradrenalina antes de exercícios de alta intensidade, demonstrando uma 
“capacidade antecipatória” na resposta desses hormônios. Esse mecanismo 
antecipatório está relacionado a ajustes psicofi siológicos que ocorrem previamente 
aos exercícios dessa característica (KRAEMER et al., 1991).
Por outro lado, as adaptações crônicas parecem reduzir a resposta 
das catecolaminas ao exercício resistido (GUEZENNEC et al., 1986). Esse 
mecanismo pode estar relacionado a um aumento na sensibilidade dos receptores 
adrenérgicos e ainda, a glicogenólise é controlada por fatores musculares além 
das catecolaminas, sendo que exercícios de alta intensidade induzem adaptações 
na resposta da glicogenólise, principalmente em fi bras tipo II, o que pode diminuir 
a resposta da noradrenalina (GUEZENNEC et al., 1986).
1 O que é glicogenólise?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
2 O que é gliconeogênese?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Em situação de exercício ou jejum, o glucagon é secretado para regulação 
dos níveis de glicose sanguínea através da glicogenólise e da gliconeogênese. 
A glicogenólise é estimulada no fígado sendo que a gliconeogênese, também a 
nível hepático é estimulada com a atuação do cortisol, o glucagon apresenta uma 
resposta rápida com os maiores níveis desse hormônio sendo verifi cados até o 
42
 Sistema Endócrino e EXercício
décimo quinto minuto de exercício com uma estabilização após esse momento 
(FERNÁNDEZ-PASTOR et al., 1992).
O volume e intensidade são os principais fatores que infl uenciam nas 
respostas desse hormônio, protocolos de treinamento com alto volume causam 
uma maior secreção do glucagon, ainda, os treinamentos com intensidade 
moderada e baixo volume apresentam menores respostas desse hormônio 
(KRAEMER; RATAMESS, 2005).
O treinamento de endurance permite que a concentração plasmática de glicose 
seja mantida com pouca ou nenhuma alteração do glucagon. Isso está relacionado, 
a um aumento da sensibilidade do glucagon no fígado, a uma diminuição da 
captação de glicose pelo músculo e a um aumento do uso de gordura como 
substrato energético durante o exercício (POWERS; HOWLEY, 2009).
O glucagon também pode ser infl uenciado pelo sistema nervoso central, 
principalmente pelo sistema nervoso simpático, por intermédio da ação das 
catecolaminas, que estimulam receptores α-adrenergéticos para diminuir a 
secreção da insulina e estimulando, também, os receptores β-adrenérgicos 
aumentando a secreção do glucagon (POWERS; HOWLEY, 2009).
O sistema nervoso pode ser dividido em duas partes principais: 
O sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico 
(SNP), o SNC consiste no encéfalo e medula espinal, já o SNP 
consiste de células nervosas (neurônios) localizados fora do SNC. 
O SNP pode ainda ser divido em duas seções: a porção sensorial 
(denominadas fi bras aferentes) que é responsável pela transmissão 
dos impulsos nervosos ao SNC e a porção motora (denominadas 
fi bras eferentes) que ainda é dividida em motora somática (a qual 
inerva a musculatura esquelética) e a motora autônoma, na qual o 
sistema nervoso simpático faz parte, o qual inerva órgãos e tecidos 
de controle involuntário.
A insulina desempenha um papel muito importante na síntese de 
proteína muscular quando as concentrações adequadas de aminoácidos são 
disponibilizadas, atuando principalmente, na redução do catabolismo (WOLFE, 
2000). As concentrações desse hormônio sofrem alterações com uma resposta 
aumentada quando ocorre ingestão de proteínas e carboidratos antes, durante ou 
após uma sessão de treinamento (KRAEMER et al., 1998). 
43
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
Quando não ocorre a utilização de suplementos, as concentrações da 
insulina apresentam uma queda nas concentrações durante o exercício, essa 
redução ocorre pela inibição da secreção de insulina que pode ser causada 
pelos receptores adrenérgicos (RAASTAD; BJORO; HALLEN, 2000). A fi gura 
apresentada, auxilia na compreensão da captação de glicose a partir da 
sinalização da insulina.
FIGURA 13 – MECANISMO FISIOLÓGICO ENVOLVIDO 
NO PROCESSO DE CAPTAÇÃO DA GLICOSE
FONTE: Adaptado de <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0004-28032007000200017>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Após a ligação da insulina ao seu receptor, este fosforila (adição de um grupo 
fosfato a uma proteína ou molécula) os substratos proteicos em tirosina ativando 
sua capacidade tirosina-quinase. Uma vez ativado, esse receptor da insulina é 
capaz de fosforilar diversos substratos intracelulares, entre eles, os substratos 
dos receptores de insulina (IRS-1-4), essas proteínas (IRS-1-4) recrutam e ativam 
diversas funções celulares diferentes, sendo que a ativação da PI-3 quinase pelo 
IRS-1 estimula a translocação das vesículas de GLUT-4 para a membrana celular 
aumentando a captação de glicose (CARVALHO-FILHO et al., 2007).
 Levando em consideração que a falha desse sistema causada pela 
resistência insulínica causa maior secreção da insulina de forma compensatória, 
o trabalho muscular estimula a AMPK (proteína quinase ativada por AMP) que 
pode estimular o transporte da glicose por um meio independete da insulina. A 
ativação dessa enzima ocorre a partir do decréscimo do estado energético, na 
medida em que a relação AMP:ATP aumenta, ocorre uma mudança na molécula 
possibilitanto a ativação pela AMPK, esse aumento da AMPK em resposta a 
necessidade de produção de ATP durante o treinamento promove a translocação 
Insulina
Receptor de Insulina
IRS-1
IRS-2
IRS-3
IRS-4
Miócito
Adipócito
Glicose
44
 Sistema Endócrino e EXercício
das vesículas de GLUT-4, facilitando o transporte da glicose para o músculo de 
maneira semelhante a insulina, porém, por vias de sinalização independentes 
(PAULI et al., 2009).
Esse mecanismo demonstra a importância do exercício em indivíduos com 
resistência insulínica, no qual, o treinamento causa adaptações nas sinalizações 
hormonais para a melhora do quadro clínico desses indivíduos. 
 Esse potente hormônio sofre alterações conforme a concentração de 
glicose no sangue e/ou dieta. A ingestão de nutrientes em momentos propícios 
desempenha um papel fundamental para a melhora dos ganhos relacionados ao 
treinamento, uma vez que, maximiza os efeitos anabólicos da insulina (KRAEMER; 
RATAMESS, 2005). 
FIGURA 14 – COMPORTAMENTO DA INSULINA E DO GLUCAGON
FONTE: <encurtador.com.br/dLUX2>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Para conhecer mais sobre os mecanismos fi siológicos 
envolvidos nas adaptações ao exercício, existem boas referências 
sobre esse assunto. Indicamos a leitura dos seguintes artigos:
COFFEY, Vernon G.; HAWLEY, John A. The molecular bases 
of training adaptation. Sports Medicine, v. 37, n. 9, p. 737-763, 
2007. Disponível em: <https://www.8weeksout.com/wordpress/wp-
content/uploads/2011/03/Molecular-Bases-of-Training-Adaptation-
Coffey+et+al+2007.pdf>.
45
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
LAURSEN, Paul B. Training for intense exercise performance: 
high-intensity or high-volume training? Scandinavian Journalof 
Medicine & Science in Sports, v. 20, n. suppl 2, p. 1-10, 2010. 
Disponível em: <http://www.tradewindsports.net/wp-content/
uploads/2013/10/Laursen-10-Training-for-intense-exercise-
performance.pdf>.
1 Os hormônios exercem um papel fundamental na regulação de 
diversos mecanismos fi siológicos durante o exercício, como por 
exemplo, a mobilização de substratos energéticos para atender 
a demanda imposta, como também, o estímulo para causar as 
adaptações a partir da síntese de proteínas e do remodelamento 
tecidual. Com base no exposto, classifi que V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) O catabolismo muscular é predominante nos períodos de 
recuperação, com o anabolismo predominando durante o 
exercício.
( ) A primeira adaptação do sistema hormonal com o exercício 
ocorre nos receptores.
( ) Além dos efeitos musculares, a testosterona também causa 
adaptações no sistema nervoso central.
( ) As concentrações do hormônio do crescimento em repouso são 
maiores nos homens, no entanto, o exercício resistido causa 
maiores aumentos no pós-exercício nas mulheres.
( ) Os protocolos de treinamento com alto volume, intensidade 
moderada a alta e períodos curtos de recuperação apresentam 
maiores respostas do cortisol, quando comparado aos 
treinamentos de força e potência muscular.
( ) A resposta diminuída do cortisol quando analisado o treinamento 
a longo prazo está relacionado a uma adaptação dos receptores 
adrenérgicos, além de, adaptações musculares.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F – V – V.
c) ( ) F – F – V – F – F – V.
d) ( ) V – F – V – F – V – F.
46
 Sistema Endócrino e EXercício
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O sistema hormonal exerce grande importância tanto na regulação da 
homeostase quanto nas adaptações que os diferentes tipos de exercício causam. Os 
hormônios possuem algumas classifi cações que os diferenciam na sua composição 
química e, principalmente, na sua forma de interação com o tecido alvo.
Os hormônios esteroides atravessam a membrana da célula com facilidade 
exercendo o seu efeito a partir dos receptores localizados internamente, ligando-se 
a uma determinada parte do DNA ativando um gene específi co. Os hormônios não 
esteroides não ultrapassam a membrana, com os seus receptores localizando-se 
na própria membrana, exercendo os seus efeitos a partir de segundos mensageiros. 
Os hormônios podem ainda, serem divididos em hormônios de ação rápida e lenta, 
sendo que os hormônios de ação lenta possuem um efeito mais prolongado.
Os principais órgãos endócrinos que secretam hormônios durante o exercício 
são: hipófi se anterior, supra-renais (córtex e medula supra-renal) e pâncreas. 
O exercício causa distintas adaptações classifi cadas em quatro fases, sendo 
relacionadas aos hormônios secretados por essas glândulas: 1) mudanças agudas 
durante e após o exercício; 2) mudanças crônicas nas concentrações hormonais 
no repouso; 3) mudanças crônicas na resposta aguda ao estímulo de treinamento 
e 4) mudanças nos receptores.
As principais adaptações que o exercício causa nas respostas hormonais 
estão relacionadas à intensidade e volume de treinamento, como também, pela 
massa muscular envolvida. Esses fatores são importantes ferramentas que podem 
ser manipuladas pelo profi ssional de Educação Física durante o treinamento 
visando atingir os objetivos específi cos, seja no contexto da saúde ou no esporte 
de alto rendimento. 
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47
RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO 
TREINAMENTO FÍSICO
 Capítulo 1 
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