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Psicologia social

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Psicologia Social
Mayra Campos Frâncica dos Santos
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento 
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação e de Educação Básica
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Danielly Nunes Andrade Noé
Grasiele Aparecida Lourenço
Isabel Cristina Chagas Barbin
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica 
Adriana Cezar
Maria Julia Souza Chinalia
Editorial
Renata Jéssica Galdino (Coordenadora) 
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Santos, Mayra Campos Frâncica dos
S237p Psicologia social / Mayra Campos Frâncica dos Santos. – 
 Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
 112 p.
 
 ISBN 978-85-522-1482-3
 
 1. Psicologia. 2. Social. 3. Identidade. I. Santos, Mayra 
 Campos Frâncica dos. II. Título. 
 
CDD 150
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
Sumário
Unidade 1
Introdução à Psicologia enquanto área científica do saber ...................... 7
Seção 1
Os filósofos e as raízes da Psicologia ................................................ 9
Seção 2
O surgimento da Psicologia como área científica ........................16
Referências
Unidade 2
Principais matrizes teóricas e as relações entre: indivíduo, 
 grupo e sociedade .......................................................................................33
Seção 1
A estruturação da psicologia no século XX ..................................35
Seção 2
A estruturação da psicologia no século XX ..................................39
Seção 3
O psiquismo humano e sua relação com a Psicologia Social ......46
Unidade 3
Categorias fundamentais da psicologia social: 
identidade, personalidade, consciência e alienação ................................55
Seção 1
A personalidade ................................................................................57
Seção 2
A identidade, os papéis sociais e as representações sociais .........63
Seção 3
Consciência, ideologia e alienação .................................................69
Unidade 4
Relações sociais: processo grupal, instituições sociais, 
liderança, inclusão e exclusão ....................................................................79
Seção 1
O processo grupal .............................................................................81
Seção 2
As instituições sociais ......................................................................88
Seção 3
Liderança ...........................................................................................94
Seção 4
Inclusão e exclusão social ................................................................99
Palavras do autor
Prezado aluno, a psicologia é uma ciência e, como tal, perpassa por todas as áreas do saber, inclusive o campo do Serviço Social, visto que essa é uma área que exige uma visão abrangente acerca do ser humano, 
além de suas questões sociais. 
Diante disso, a psicologia social, como subárea da psicologia, vem para 
auxiliar na compreensão do indivíduo em si, ou seja, vai abordar temas como 
a personalidade, a identidade, a consciência, a alienação, entre outros. Mas 
essa área também contribui para que se possa compreender o contexto social 
em que o indivíduo se encontra inserido, isto é, suas relações sociais, os 
grupos, as instituições. 
Aliás, isso tudo é muito importante de ser estudado porque somos todos 
seres sociais e, em decorrência disso, influenciamos e somos influenciados 
por nossas ações, comportamentos e relações sociais. Assim, este livro 
propõe-se a apresentar, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos 
da psicologia social.
Abordaremos os mais variados temas, que estão divididos da seguinte 
maneira: na Unidade 1 será trabalhada a origem da psicologia enquanto 
área científica do saber, de onde surgiu, quem são seus representantes, entre 
outros. Na Unidade 2, o tema central são as principais matrizes teóricas 
em psicologia social, em que será trabalhada a diferenciação da psicologia 
enquanto senso comum e enquanto área científica, serão demonstradas as 
primeiras escolas psicológicas (que originaram as que temos hoje) e, por fim, 
o psiquismo humano será abordado na sua relação com a psicologia social, 
para tanto, serão trabalhados os temas da atividade humana e da formação 
do psiquismo, além da construção da subjetividade.
Já na Unidade 3 são trabalhados temas mais específicos da psicologia 
social, tais como: identidade, personalidade, consciência, alienação, de modo 
a demonstrar de que maneira o indivíduo inserido na sociedade influencia 
e é influenciado por esta. E na última unidade os temas fazem referência às 
relações sociais, ou seja, o processo grupal, as instituições sociais e a liderança.
Assim, espera-se que, ao final da leitura deste livro, você possa conhecer 
mais sobre a área de estudo da psicologia social, já que esse campo é de 
extrema importância para você, futuro profissional do Serviço Social, pois 
lhe ajudará a desenvolver uma visão crítica da realidade cotidiana, sempre 
indo para além daquilo que está exposto, aparente, permitindo assim uma 
compreensão geral sobre a realidade que nos cerca.
Unidade 1
Introdução à Psicologia enquanto área científica 
do saber
Objetivos de aprendizagem
Ao longo desta unidade será possível compreender como a Psicologia 
surgiu (na época da Grécia antiga), quem foram seus fundadores (os princi-
pais filósofos) e como foi evoluindo até que se tornasse uma área científica do 
saber. Será realizada uma contextualização histórica da Psicologia de forma a 
entendermos como essa área se estrutura atualmente enquanto ciência.
Seção 1
Nesta seção serão abordados os filósofos que deram início à Psicologia. 
Assim, essa área será compreendida desde o seu surgimento, na Grécia 
antiga, até o Renascimento.
Seção 2
Nesta seção será observada a evolução da Psicologia enquanto área cientí-
fica, qual o seu objeto de estudo e como ela se estrutura atualmente.
Introdução à unidade
Por que devemos estudar a história da psicologia? Essa é uma pergunta 
que a grande maioria dos alunos faz quando está diante desta disciplina. Por 
isso, torna-se importante destacar que é através da construção histórica da 
psicologia que podemos compreender como se deu o desenvolvimento da 
humanidade, ou seja, quais os desafios que fizeram o homem tentar compre-
ender a si mesmo, os demais e o mundo que o cerca. Para tanto, faremos aqui 
um resgate da psicologia, desde quando ela foi pensada até quando se torna 
uma área científica.
Nesse momento, surge outra questão: por onde devemos iniciar o estudo 
da história da psicologia? As origens dessa área podem ser localizadas em 
dois períodos distintos: os filósofos no século V a.C. já traçavam especu-
lações acerca do comportamento humano, mas, por outro lado, podemos 
estudar a psicologia como uma ciência nova, que possui apenas cerca de 200 
anos, momento no qual ela se emancipa da filosofia para seguir seu caminho 
na área formal de estudo. O que distingue essas duas épocas da psicologia 
tem relação com as abordagens e as técnicas empregadas.
Mas o quesignifica o termo psicologia? Etimologicamente, a palavra 
psyché vem do grego e quer dizer alma. Logos, também do grego, significa 
estudo, ciência. Assim, a psicologia refere-se ao estudo da alma (FREIRE, 
2010, p. 20).
A palavra psicologia foi utilizada no século XVI por Filipe Melâncton nas 
universidades alemãs. Por volta de 1600, Goclênio utilizou essa palavra na 
imprensa para se referir a um “conjunto de conhecimentos filosóficos sobre 
a alma e suas manifestações” (FREIRE, 2010, p. 20). Porém, outros autores 
enfatizam que o termo foi utilizado pela primeira vez somente no século 
XVIII, quando a psicologia se tornou uma disciplina do curso de filosofia que 
se preocupava com a “natureza e as faculdades da alma” (FREIRE, 2010, p. 21). 
Ao longo do tempo a palavra “psicologia” carregou diversos significados, 
mas nos dias de hoje, há um consenso sobre sua definição como “a ciência 
do comportamento”.
Questão para reflexão
Durante muito tempo a psicologia foi mistificada, sendo considerada 
como “coisa de louco”. Da sua parte, o que você entende por psicologia?
9
Seção 1
Os filósofos e as raízes da Psicologia
A psicologia começou a ser sistematizada na Grécia antiga, há mais de 
dois mil anos, com os filósofos que questionavam a origem da alma. A essa 
fase dá-se o nome de Fase Filosófica ou Pré-Científica.
1.1 Fase Filosófica ou Pré-Científica
É a fase compreendida entre os séculos VI a.C. até 1879. Basicamente, 
essa fase divide-se em outras duas etapas: a primeira vai da Idade Antiga até 
a Idade Média (sendo essencialmente filosófica) e a segunda tem início com 
a Idade Moderna e segue até a fase da psicologia científica. Foi na Grécia 
antiga, berço da civilização ocidental, que a história do pensamento humano 
surge (no período 700 a.C.), assim como o estudo da filosofia. Como já dito, 
a psicologia surge ligada à filosofia. 
Por volta do século VI a.C., na Ásia Menor (onde hoje é a Turquia), a 
preocupação dos filósofos era sobre a origem do cosmos, ou seja, estavam 
interessados em saber do que era feito o universo, buscar seu princípio e a 
lei que o regia, pois, até então, o que se sabia sobre o cosmos tinha relação 
com sua origem mitológica. A essa fase atribuímos o nome de período 
cosmológico. Os principais representantes desse período foram: Tales de 
Mileto (640-548 a.C.), Heráclito (540-475 a.C.), Pitágoras (570-496 a.C.), 
Anaxágoras (499-428 a.C.) e Demócrito (460-370 a.C.). 
Após o momento cosmológico surge o período antropocêntrico, com 
os filósofos sofistas, que deslocaram suas preocupações do Cosmos para o 
Homem, dando um novo direcionamento aos seus questionamentos. Nessa 
fase a preocupação central era com o “como conhecemos”. Os filósofos 
sofistas eram, na sua maioria, professores ambulantes que percorriam as 
cidades visando ensinar ciências e artes aos jovens, ao invés de prepará-los 
apenas para a guerra, como era feito até então. Isso culminou em uma certa 
revolução, pois os jovens passaram a ter uma visão crítica dos fatos, não mais 
aceitando tudo sem saber sua origem. Os representantes sofistas mais impor-
tantes foram Protágoras e Górgias.
Para saber mais
De acordo com o dicionário Houaiss, “sofista” significa “sábio” 
(HOUAISS; VILLAR, 2009). Esses filósofos foram os primeiros a defender 
uma educação voltada para o cidadão, visando ensinar arte, cultura, 
10
política e retórica. Ressalta-se que “retórica” pode ser entendida como 
a arte do debate e da argumentação.
Entre os filósofos clássicos desse período estão: 
• Sócrates (436-336 a.C.): foi uma figura ilustre para a filosofia, tanto 
que os pensamentos filosóficos são classificados antes de Sócrates 
(filósofos pré-socráticos) e após Sócrates (pós-socráticos). Esse 
pensador questionava as tradições, os usos e os costumes da época, 
além de questionar o regime democrático, a religião, a ciência física, 
influenciando assim todo o pensamento filosófico ocidental.
Ensinava que o conhecimento do meio que nos cerca é 
imperfeito, porque nos vem através dos sentidos, via 
imperfeita, sujeita a ilusões. Acreditava que um único 
tipo de conhecimento podia ser obtido: o do próprio eu. 
Esse conhecimento é o único necessário, pois permite 
ao homem levar vida virtuosa. “Conhece-te a ti mesmo” 
é o seu princípio e um método filosófico (introspecção). 
(FREIRE, 2010, p. 33)
Figura 1.1 | Sócrates
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Socrates_Louvre.jpg. Acesso em: 30 jan. 2019.
• Platão (427-347 a.C.): discípulo de Sócrates e adepto de suas teorias, 
também acreditava que o conhecimento vinha do próprio sujeito. 
Para chegar a essa conclusão, fazia uso da visão da imortalidade da 
alma, ou seja, para Platão, era a alma que trazia o conhecimento para 
a pessoa. Para esse filósofo, o homem possui a alma (que é imaterial) 
e o corpo (que é material), o que tornava o homem um ser dualista 
(mente versus corpo). Freire (2010, p. 34) afirma que “essa visão é 
11
considerada a raiz mestra da história da psicologia, pois será retomada 
em todo o percurso da história e dela surgiram muitas outras raízes 
ou questões”. 
Porém, a partir dessa visão dualista, Platão causou certa reper-
cussão na sociedade, uma vez que houve uma tendência de valorizar 
mais o aspecto intelectual e desvalorizar o lado material, não enxer-
gando o homem como um ser unificado, mas composto de duas 
partes separadas: a mente e o corpo.
A partir da doutrina de Platão surgem as teorias inatistas, isto é, 
aquelas que avaliam que o conhecimento nasce com as pessoas.
Para saber mais
Inatismo é uma doutrina que defende a posição de que as ideias 
nascem naturalmente com as pessoas. O aprendizado, portanto, se 
daria sempre de “dentro” para “fora” de cada um. As teorias inatistas 
são aquelas que criam explicações e técnicas baseadas no pressuposto 
de que as ideias nascem com as pessoas (HOUAISS; VILLAR, 2009).
Figura 1.2 | Platão
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escultura_Plat%C3%A3o.jpg. Acesso em: 30 jan. 2019.
• Aristóteles (384-322 a.C.): aluno de Platão, porém, seu opositor, pois era 
contra a existência de teorias inatas e do mundo das ideias. Para ele, o 
indivíduo nasce como uma folha em branco, uma “tábula rasa”, e é por 
meio de suas experiências que vai adquirindo conhecimento, através dos 
sentidos. Assim, entendia o corpo e a mente como sendo inseparáveis. 
Aristóteles afirma que há alma em todos os seres vivos, inclusive 
nas plantas. Para ele, a alma seria o elemento que permite a presença 
de vida nos seres. Alma, nesse sentido, deriva do latim anima, que 
seria o equivalente a ânimo. Como Aristóteles teve muito interesse 
12
por esse assunto, escreveu um tratado denominado De anima que, em 
português, seria o equivalente a “Sobre a alma” ou “Sobre a mente”. 
Esse tratado vai influenciar a cultura ocidental diretamente por mais 
de um milênio, pois descreve quais são as “potências” da alma, além 
de tratar de outros temas relevantes que hoje fazem parte das ideias 
da psicologia, tais como os sentidos, as sensações, a memória, a 
associação, o sono, entre outros.
Para saber mais
Platão deixou várias obras, muitas delas escritas em forma de diálogos, 
exercendo grande influência sobre vários pensadores. No total, a 
coleção de suas obras compreende 35 diálogos e 13 cartas. Algumas 
dessas obras são: Sobre a natureza do homem, Apologia de Sócrates, O 
banquete e A república.
Figura 1.3 | Aristóteles
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica. Acesso em: 30 jan. 2019.
Perceba que há 2300 anos, antes do surgimento da psicologia como área 
científica, já era possível identificar duas teorias: a platônica (que defendia a ideia 
da imortalidade da alma considerando-a como separada do corpo) e a aristoté-
lica (que compreendia a alma como sendo imortal e pertencente ao corpo).
Questão parareflexão
Agora que você conhece o início dos questionamentos na área da psico-
logia, que estão ligados à filosofia, a dúvida que surge é: qual foi a impor-
tância dos filósofos para o desdobramento da psicologia enquanto área 
científica do saber?
13
1.2 Idade Média e o Período Teocêntrico
Na Idade Média o homem deixa de ser o centro de tudo para que Deus e 
o Cristianismo possam assumir esse lugar. Essa nova ordem marca o início 
de uma nova era da história, o período cristão, cujo ápice foi a Idade Média. 
A esse novo período damos o nome de período Teocêntrico ou Teocentrismo 
(Théos, do grego, significa Deus, divindade), ou seja, Deus passa a ocupar o 
centro de toda a vida. 
Nessa fase, o clero (forma como era chamada a classe social dos repre-
sentantes religiosos) era quem controlava a educação, as leis, as decisões dos 
reis, incluindo até decisões sobre guerras. Tudo era voltado para Deus e o 
clero era quem decidia o que se fazer ou não. Essa fase é marcada por dois 
importantes momentos:
• Patrística (século IV-V): é o pensamento dos primeiros padres da 
Igreja. A preocupação central aqui era a luta contra a idolatria, o 
contrassenso, o pecado e a defesa dos dogmas cristãos. Seu maior 
representante foi Santo Agostinho, e, de acordo com ele, a criação 
surgiu do nada, sendo Deus o criador de tudo.
Figura 1.4 | Santo Agostinho
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jesu%C3%ADno_do_Monte_Carmelo_(atrib.)_-_Santo_Agost-
tinho.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019.
Para saber mais
Santo Agostinho foi um dos mais admiráveis filósofos e teólogos do 
Cristianismo. Foi bispo da cidade de Hipona e considerado o mais 
importante dos padres da Igreja no Ocidente.
14
• Escolástica (a partir do século IX): estavam mais preocupados em 
educar a população que já era cristã. Seu maior representante foi 
São Tomás de Aquino, que seguia as ideias de Aristóteles e, portanto, 
negava as ideias inatas, sobretudo aquelas acerca da criação. Além 
disso, considerava que a educação visava transformar os dons poten-
ciais em realidades atuais, mas, para isso, tanto a figura do professor 
quanto a do aluno eram imprescindíveis (FREIRE, 2010).
Figura 1.5 | São Tomás de Aquino
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santo_Tom%C3%A1s_de_Aquino_-_Antonio_del_Castillo_
Saavedra.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019.
Assim, percebemos que a Idade Média não contribuiu muito para o 
avanço da área da Psicologia. Temos a Escolástica como principal momento 
dessa fase, entretanto, não estava preocupada em estudar a natureza e os 
atributos da alma e, quando o fazia, utilizava deduções lógicas com verdades 
previamente conhecidas, portanto, sem valor científico.
Para saber mais
Ficou interessado pela história dos filósofos? Sugerimos a leitura do 
livro de Ranieri Carli intitulado Antropologia filosófica. Nesse livro, o 
autor apresenta, de maneira bastante didática, a trajetória histórica, as 
diferentes fases e filósofos representantes de cada período. Vale a leitura! 
15
CARLI, Ranieri. Antropologia filosófica. Curitiba: Editora Intersa-
beres, 2012.
Atividades de aprendizagem
1. Qual a diferença entre o pensamento dos três principais filósofos (Sócrates, 
Platão e Aristóteles) que antecederam o início da psicologia enquanto área 
científica do saber?
2. Durante a Idade Média, o homem deixa de ser o centro de tudo para que 
Deus e o Cristianismo possam assumir esse lugar. Na fase do teocentrismo, 
destacam-se dois momentos: a patrística e a escolástica. Qual a diferença 
entre esses dois períodos?
16
Seção 2
O surgimento da Psicologia como área científica
Após anos de questionamentos filosóficos, a psicologia começa a se 
enveredar por outra área, seu interesse agora é trabalhar com questões que 
possam ser comprovadas cientificamente. Diante disso, surge um novo objeto 
de estudo para a psicologia, que deixa de ser o estudo da mente e passa a ser o 
estudo do comportamento e dos processos mentais.
2.1 O Renascimento e a Psicologia
Quando a Idade Moderna se inicia (século XV), começa também uma 
reação ao pensamento dogmático que estava sendo vivenciado até então. Deus 
deixa de ser o centro de tudo (Teocentrismo) e revive-se o Antropocentrismo 
(Homem no centro de tudo), porém com outros questionamentos. Deve ficar 
bastante claro que a queda do Teocentrismo não quer dizer que o cristia-
nismo tenha acabado, pelo contrário, ele continua existindo, mas não ocupa 
mais o centro de todos os questionamentos, como na Idade Média.
Essa é a fase do Renascimento, uma época de muita riqueza cultural, 
intelectual, artística, religiosa e de muitos outros avanços para a humani-
dade. O homem renascentista é aquele que, oprimido durante mil anos, de 
repente se vê livre para criar, dotado de grande capacidade racional e habili-
dade manual. Diante disso, na Idade Moderna há uma nova atitude frente 
às formas de conhecimento, não mais aquela ordem inquestionável, deter-
minada pelo destino, como no Teocentrismo, mas, sim, mudanças gerais 
em todas as áreas provocadas pelo Renascimento. Por exemplo: no plano 
geográfico, devido às grandes descobertas, houve grande expansão; o corpo 
deixou de ser sagrado e, agora, podia ser dissecado, avançando na área de 
ciências; no sistema econômico muitas coisas mudaram com a afirmação do 
mercantilismo; a psicologia, antes essencialmente filosófica, passa por um 
processo de reestruturação que a levará, mais adiante, a atingir o status de 
ciência (FREIRE, 2010).
Assim, o que se pode afirmar é que a ciência chegou à Idade Moderna em 
um estágio primitivo de desenvolvimento: até então, seus estudos preocu-
pavam-se apenas em levantar questionamentos, sem querer mensurá-los ou 
quantificá-los, ou seja, sem se importar com o “como” e o “porquê” das coisas, 
isso em decorrência da dominação da Igreja. Entretanto, com a chegada do 
Renascimento, outra visão começa a ser praticada, o interesse passa a ser 
sobre “o que conhecer” (conteúdo) e “como conhecer” (método). Assim, a 
17
observação, a experimentação e a quantificação são utilizadas como meio de 
obter respostas. É o início do método científico.
Essa época ficou conhecida como científica porque trouxe o desenvolvi-
mento das ciências. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 35) apontam que:
As ciências também conhecem um grande avanço. Em 
1543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento 
humano mostrando que o nosso planeta não é o centro do 
universo. Em 1610, Galileu estuda a queda dos corpos, reali-
zando as primeiras experiências da Física moderna. Esse 
avanço na produção de conhecimentos propicia o início da 
sistematização do conhecimento científico — começam a 
se estabelecer métodos e regras básicas para a construção 
do conhecimento científico.
Para saber mais
Nicolau Copérnico, astrônomo e matemático polonês, foi o respon-
sável por desenvolver a teoria heliocêntrica, ou seja, a Terra deixa de 
ser o centro (como postulava a teoria Geocêntrica) e o Sol passa a ser 
o centro do Sistema Solar. Essa teoria foi considerada uma das mais 
importantes descobertas científicas de todos os tempos! Galileu Galilei 
também contribuiu muito para a evolução do conhecimento científico 
ao desvendar as leis da gravidade e melhorar significativamente o teles-
cópio refrator.
Dando continuidade aos avanços desse período devemos citar René 
Descartes (1596-1650), que foi responsável por iniciar a psicologia na fase 
pré-científica propriamente dita. O filósofo defende a ideia de que, antes de 
aceitarmos qualquer verdade, precisamos questionar. Sendo assim, a dúvida 
surge como o ponto principal de toda a sua argumentação e raciocínio – esse 
ilustre filósofo duvidou inclusive da própria existência. Sua famosa frase 
“penso, logo existo” demonstra que a existência se comprova através do pensa-
mento, visto que, para o filósofo, sóhá dúvida porque existe um ser pensante. 
Descartes também retoma o questionamento do dualismo mente versus 
corpo (iniciado por Platão). De acordo com o autor, existiam duas partes no 
ser humano: 
• O reino físico, material: a matéria apresenta características físicas – 
massa, extensão no espaço e movimento.
18
• O reino imaterial, a mente: parte pensante; não apresenta massa e 
nem localização. É através da mente, ou seja, através da emoção, do 
instinto, da imaginação, que se influencia o corpo, alternando o rumo 
mecânico das atividades. 
Por fim, Descartes afirma que o corpo é apenas um mecanismo que recebe 
ordens da mente (ou alma). Para ele, isso acontecia através de uma glândula 
existente no cérebro, que ele denominou glândula pineal. Importante 
destacar que essa visão mecânica do corpo foi um impulso para a retomada 
de uma doutrina que irá compor o pensamento moderno: o mecanicismo. 
Isso implica que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. 
A partir desse seu posicionamento e da queda do Teocentrismo (quando 
o corpo deixa de ser sagrado), torna-se possível estudar o corpo humano 
morto, avançando, portanto, nas áreas da anatomia e fisiologia, que irão 
contribuir, futuramente, para o avanço da psicologia.
Para saber mais
Perceba que Descartes não acaba com o problema do dualismo mente-
-corpo. Ele busca somente uma relação entre ambos, localizando-se 
entre o grupo do materialismo científico porque considera o corpo do 
homem como uma máquina, compreendida por um viés científico.
Em seguida, devemos citar Charles Darwin (1809-1882), que causou 
grande revolução com sua teoria acerca da evolução das espécies (de acordo 
com a qual sobrevivem, na natureza, os mais aptos, isto é, aqueles que melhor 
se ajustam ao ambiente). Suas ideias são consideradas revolucionárias porque 
destronam o conceito de criação do mundo e de homem como centro de tudo 
(visão teocêntrica e antropocêntrica, respectivamente) e o homem passa a 
ser fruto de uma evolução. A partir de então, desperta-se o interesse pelo 
estudo da origem do homem e como este se desenvolve (evolução na área da 
genética). Diante disso, a psicologia ultrapassa a dimensão do homem em si 
e passa a considerar a ideia de um homem integral, que deve ser estudado em 
relação à sua história e ao seu ambiente (FREIRE, 2010).
Ao longo dessa trajetória histórica percebemos que a psicologia foi sendo 
pensada de acordo com o momento histórico que a sociedade estava viven-
ciando, além de ir ao encontro do desejo do homem em se conhecer cada 
vez mais.
19
Questão para reflexão
Você deve estar se perguntando: tudo bem, já conhecemos a trajetória 
histórica da Psicologia, mas a partir de que momento ela se torna efeti-
vamente científica? Vamos descobrir?
2.2 A Psicologia científica
A psicologia sempre foi uma preocupação da humanidade, desde quando 
esteve ligada à filosofia até se tornar uma área científica, o que aconteceu no 
final do século XIX graças ao processo histórico daquele momento (queda 
do teocentrismo, sendo que o conhecimento passa a acontecer independen-
temente da fé; surgimento do capitalismo com seus aspectos econômicos 
e industriais, entre outros), fazendo com que a ciência fosse cada dia mais 
requerida para responder aos questionamentos que estavam surgindo. 
Assim, a psicologia, que sempre esteve ligada aos filósofos e à filosofia, 
passa a trilhar outros caminhos, englobando novas áreas de estudo, como a 
fisiologia e a neurofisiologia, demonstrando que o pensamento, as percep-
ções e os sentimentos humanos eram produtos do sistema nervoso central.
Diante disso, Freire (2010, p. 52) ressalta:
O estudo do sistema nervoso ocupou boa parte do interesse 
no séc. XIX. Investigou-se a sua estrutura e chegou-se ao 
conhecimento dos neurônios, agrupados em sinapses, 
dos axônios, das correntes elétricas, da massa cinzenta e 
branca, da mielinização da fibra nervosa, etc. 
A parte que mais chamou a atenção dos fisiologistas e anato-
mistas foi o cérebro. Surgiram várias correntes buscando 
explicar as suas funções. Tentaram descobrir se cada função 
mental está localizada em uma parte determinada do 
cérebro ou depende da personalidade, como a amabilidade 
e a benevolência, com a forma do tecido nervoso. Os freno-
logistas eram os mais interessados nesses estudos.
Podemos perceber que o grande avanço do capitalismo sobre a socie-
dade foi a criação das máquinas, que fez com que todo o universo passasse 
a ser pensado como uma máquina. Dessa forma, se quiséssemos conhecer 
o psiquismo humano seria importante conhecermos sua máquina de 
pensar, ou seja, seu cérebro. E é a partir de então que a psicologia passa a 
20
se enveredar pelos ramos da fisiologia, neurofisiologia e neuroanatomia 
(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008).
Assim, temos que as primeiras aplicações do método experimental à 
mente, isto é, ao novo objeto de estudo da psicologia, são fruto do trabalho de 
quatro cientistas: Hermann von Helmholtz, Ernst Weber, Gustav T. Fechner e 
Wilhelm Wundt, todos fisiologistas alemães e ávidos por ciência.
Questão para reflexão
Mas se a ciência estava se desenvolvendo muito na Europa ocidental, 
mais especificamente na Inglaterra, França e EUA, por que foi na 
Alemanha que a psicologia experimental se desenvolveu?
Foi na Alemanha que os cientistas se preocuparam mais com os desdo-
bramentos da ciência em si. Enquanto os cientistas da França e Inglaterra 
ainda estavam utilizando o estudo matemático dedutivo, os alemães já 
coletavam os dados observáveis de forma minuciosa e completa, utilizando 
a abordagem intuitiva. Além disso, foram os alemães que demonstraram 
maior interesse em explorar e mensurar todas as facetas da atividade mental 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2013).
Vamos conhecer agora os cientistas que deram início à psicologia 
enquanto ciência:
• Hermann von Helmholtz (1821-1894): grande pesquisador nas áreas 
de física e fisiologia. Estudou os órgãos sensoriais humanos e concluiu 
que estes funcionavam como máquinas. Sua pesquisa englobou a 
velocidade do impulso neural e os estudos sobre a visão e audição. 
Para ele, o funcionamento do sistema nervoso se assemelhava ao de 
um telégrafo, então suas pesquisas pretendiam investigar como se 
dava essa transmissão. Importante destacar que seus estudos foram 
os primeiros passos na experimentação e medição de um processo 
psicofisiológico (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013).
21
Figura 2.1 | Hermann von Helmholtz
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hermann_von_Helmholtz.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019.
• Ernst Weber (1795-1878): também se interessou por pesquisar os 
órgãos dos sentidos, mas não os superiores (como von Helmholtz), 
mas, sim, as sensações cutâneas e musculares. Mais ou menos na 
mesma época de von Helmholtz, Weber elaborou uma teoria que 
chamou de diferença mínima perceptível, ou diferença mínima signi-
ficativa. Com esse estudo, criou um cálculo para saber o quanto é 
necessário de estímulo para que a pessoa perceba se houve realmente 
uma alteração. Por exemplo, se alguém está carregando 40 kg, quanto 
é preciso colocar de peso a mais para que essa pessoa perceba uma 
diferença? Weber também calculou o quanto de estímulo é necessário 
para que haja uma sensação, chamada de sensação mínima percep-
tível (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013).
Figura 2.2 | Ernst Weber
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ernst_Heinrich_Weber.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019.
22
• Gustav Theodor Fechner (1801-1887): deu continuidade aos estudos 
de Weber e queria calcular o ponto exato de união entre o físico e 
o psíquico.
O ponto central de suas preocupações e de sua obra era 
encontrar a relação existente entre mente x corpo, físico 
x psíquico. Adota a ideia do paralelismo, considerando 
mente x corpo como sendo duas faces da mesma moeda. 
Fechner demonstra queexiste uma ligação entre esses 
dois mundos e é uma relação matemática, quantitativa. 
Para chegar a essa conclusão, fez diversas experiências, 
testando os processos psicológicos com os métodos das 
ciências exatas. Achava que as sensações só poderiam ser 
testadas através dos estímulos. Ao modificar um estímulo, 
aumentando-o ou diminuindo-o, este iria modificar, mais 
ou menos, as sensações (relação matemática). Aí estaria a 
chave das relações e da unidade mente x corpo. (FREIRE, 
2010, p. 91)
Os achados de Fechner foram sistematizados na obra Elementos 
de psicofísica, publicada em 1860, que, juntamente com o laboratório 
de Wundt, é considerada o início da ciência psicológica propria-
mente dita.
Fechner realizou diversos experimentos e, com isso, criou 
métodos de pesquisa e experimentação em psicofísica que acabaram 
por se tornar referência na área da psicologia psicométrica, ou seja, na 
aplicação de testes quantitativos para medir as características psicoló-
gicas, tais como os testes de inteligência (também conhecidos como 
testes de QI), por exemplo (FREIRE, 2010).
23
Figura 2.3 | Gustav Theodor Fechner
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gustav_Fechner.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019.
Para saber mais
Psicofísica quer dizer o estudo da relação entre o mundo mental (psico) 
e o material (físico).
Vale destacar que, no início do século XIX, Immanuel Kant, famoso 
filósofo alemão, alegava que a psicologia jamais poderia ser considerada uma 
ciência visto ser impossível mensurar os fenômenos psicológicos. Quando 
Fechner surge com seus estudos sobre a medição do fenômeno mental, a 
alegação de Kant deixa de ser levada a sério. Além disso, foi embasado nas 
pesquisas de Fechner que Wundt desenvolve sua teoria com a psicologia 
experimental (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013).
• Wilhelm Wundt (1832-1920): “Wundt foi o fundador da psicologia 
como disciplina acadêmica formal. Instalou o primeiro laboratório, 
lançou a primeira revista especializada e deu início à psicologia 
experimental como ciência” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 78). 
Em seu livro Elementos de psicologia fisiológica (1864) Wundt traz as 
raízes científicas e filosóficas da psicologia, ele 
[...] não só reúne, mas classifica e agrupa os elementos da 
vida mental, determina o seu objeto e objetivo, enuncia os 
seus princípios e os seus problemas, estabelece os métodos 
de estudo, enfim, estrutura e normatiza a psicologia. Com 
isso, dá-lhe, também, uma nova definição. A psicologia 
deixa de ser o estudo da vida mental e da alma e passa a 
ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes. Assim 
estruturada e sistematizada, a psicologia passa a ser uma 
24
ciência autônoma, não mais um apêndice da filosofia ou da 
fisiologia. (FREIRE, 2010, p. 92)
Em 1879, Wundt cria o primeiro laboratório para pesquisas psico-
lógicas, com o objetivo de estudar os processos mentais através da 
experimentação e da quantificação, indo ao encontro do método 
científico. Mas quais métodos foram utilizados em seu laboratório de 
pesquisa experimental? Wundt utilizou a observação, a experimen-
tação (para os estudos de conteúdos experimentais básicos, como a 
sensação e a associação), a quantificação, e também a introspecção 
(aspectos subjetivos).
Seu objeto de estudo era a consciência. Wundt fazia uso dos 
métodos experimentais das ciências naturais para estudá-la. Para 
ele, os elementos da consciência não eram estáticos e não se uniam 
passivamente quando havia algum processo de associação. Wundt 
defendia a ideia de que a consciência era ativa ao organizar seu 
próprio conteúdo, sendo que esta deveria ser estudada em seu todo, 
e não simplesmente separando seus elementos, seu conteúdo ou sua 
estrutura. 
Outro ponto estudado por Wundt diz respeito à experiência 
mediata e imediata: ele acreditava que os psicólogos deveriam focar 
seus estudos na experiência imediata, que é caracterizada como sendo 
aquela que “[...] não sofre nenhum tipo de influência e interpreta-
ções pessoais” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 84). Por outro lado, 
a experiência mediata é aquela que nos fornece informações acerca 
de qualquer coisa, a não ser sobre os elementos dessa experiência, 
enquanto a experiência imediata é aquela em que damos a nossa inter-
pretação. Para Wundt, “[...] ao descrevermos a sensação de descon-
forto provocada por uma dor de dente, relatamos a nossa experi-
ência imediata. No entanto, se apenas dissermos: ‘Estou com dor de 
dente’, referimo-nos somente à experiência mediata” (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2013, p. 84).
Assim, podemos afirmar que Wundt entendia sua psicologia como 
sendo a “ciência da experiência consciente” (SCULTZ; SCHULTZ, 
2013, p. 85). Ele alegava que o método de observação da experiência 
consciente deveria ser a introspecção, isto é, a autoanálise da mente 
com a finalidade de examinar os pensamentos e sentimentos indivi-
duais, nada mais do que um autoexame do estado mental. 
25
Com relação à questão mente versus corpo, Wundt encontrava-se 
no paralelismo psicofísico, ou seja, afirmava que há uma mesma 
causa que opera tanto na esfera dos fenômenos psíquicos como na 
dos físicos. Para ele, tanto os processos mentais como os corporais e 
fisiológicos acontecem paralelamente, sem interferência mútua. 
Figura 2.4 | Wilhelm Wundt
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wilhelm_Wundt.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019.
Questão para reflexão
A quem devemos atribuir os méritos pela fundação da psicologia 
enquanto área científica? A Fechner (que escreveu a primeira obra siste-
matizando os conceitos da psicologia) ou a Wundt (que foi o fundador 
do primeiro laboratório de psicologia experimental)?
Wundt é considerado o pai da psicologia científica, e não Fechner! Isso 
porque Fechner, ao publicar sua obra Elementos de psicofísica, cerca de 15 
anos antes de Wundt iniciar seus estudos no laboratório de psicologia experi-
mental, não estava preocupado em fundar uma nova ciência, na verdade, ele 
queria apenas compreender a relação entre os universos mental e material 
através da descrição científica dos fenômenos. Por outro lado, Wundt estava 
disposto a fundar uma nova ciência independente. É importante destacar que 
“[...] embora Wundt seja considerado o fundador da psicologia, ele não foi 
seu criador. A psicologia é o resultado de uma longa sequência de esforços 
criativos” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 79).
Questão para reflexão
Qual a importância trazida pelo primeiro laboratório de psicologia 
experimental para a área da psicologia?
26
Quando Wundt cria o primeiro laboratório, ele estrutura e normatiza a 
psicologia. Com isso, ele também lhe dá uma nova definição: a psicologia 
deixa de ser o estudo da alma, da mente, e passa a ser o estudo da consciência 
ou dos fatos conscientes. Ou seja, atribui-se à psicologia o status de ciência 
autônoma, não sendo mais um complemento da filosofia ou da fisiologia 
(FREIRE, 2010).
Quadro 1.1 | Raízes da psicologia – quadro sintético
Psicologia Filosófica ou Pré-Científica Psicologia Científica
Idade Antiga Idade Média Idade Moderna
Idade 
Contem-
-porânea
Período 
Cosmoló-
gico
Período 
Antropocêntrico
Período 
Teocêntrico Período Antropocêntrico
Busca 
entender e 
explicar o 
cosmo
Preocupação: Conhecer 
o homem – seus 
processos mentais – sua 
integração social
Preocupação: 
submeter o saber à 
fé cristã
Reação à 
tendência 
dogmática 
do pensa-
mento
Nasce a 
psicologia 
1879
Reestrutu-
-ração da 
psicologia
VI a.C. IV a.C. I V XVIII XVIII xx...
Fonte: Freire (2010, p. 21).
Atividades de aprendizagem
1. Com o início da Idade Moderna e do Renascimento, vivencia-se uma 
época de muita riqueza cultural, intelectual, artística, religiosa e de muitos 
avanços. Nessa época, surge a figura de René Descartes. Qual a explicação deDescartes para o funcionamento e a interação mente versus corpo?
2. Após os avanços que surgiram a partir da criação da máquina, o mundo 
passou a ser pensado de outra maneira. Assim, se quiséssemos conhecer o 
homem, precisaríamos conhecer a sua máquina de pensar, ou seja, o seu 
cérebro. A partir de então, a psicologia passa a se aliar aos ramos da fisio-
logia, neurofisiologia e neuroanatomia. Surgem quatro fisiologistas alemães 
buscando aplicar o método experimental ao estudo da mente. Quem são 
esses quatro cientistas?
27
Fique ligado
É importante que você conheça os principais filósofos (Sócrates, Platão 
e Aristóteles), pois foram eles que iniciaram os primeiros questionamentos 
acerca do estudo da alma. Após passarmos pela Idade Moderna e suas evolu-
ções, chegamos à era científica propriamente dita, em que Wundt surge com 
o primeiro laboratório de psicologia experimental, incluindo, assim, a psico-
logia na área científica do saber.
Para concluir o estudo da unidade
Chegamos ao fim da nossa unidade. Esperamos que você tenha gostado e 
que tenha aprendido sobre o início da psicologia, sua trajetória histórica e a 
mudança em seu objeto de estudo. Caso queira aprofundar seus estudos nessa 
área, sugerimos a leitura do livro Raízes da psicologia, da autora Izabel Freire 
(editora Vozes), que trata desse processo histórico de maneira bem didática.
Atividades de aprendizagem da unidade
1. Leia o trecho a seguir:
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa 
de sistematizar um pensamento sobre o espírito humano, 
ou seja, a interioridade humana. O próprio termo psico-
logia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, 
que significa razão. A alma ou espírito era concebida como 
parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, 
os sentimentos de amor, ódio, a irracionalidade, o desejo, a 
sensação e a percepção. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, 
p. 33)
Assim, acerca da psicologia enquanto área ligada à filosofia, relacione as 
colunas a seguir:
1. Sócrates.
2. Platão.
3. Aristóteles.
28
( ) Afirmava que há alma em todos os seres vivos, inclusive nas plantas. Para 
ele, a alma seria o elemento que permite a presença de vida nos seres.
( ) Acreditava que o meio que nos cerca apresenta um conhecimento imper-
feito, isso porque chega até nós através dos órgãos dos sentidos e, portanto, 
está sujeito a ilusões. Somente seria possível o conhecimento do próprio eu. 
( ) Para ele, o homem apresenta uma parte imaterial (a mente) e uma parte 
material (o corpo), por isso, é um ser dualista.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da associação entre 
as colunas.
a. 1 - 2 - 3.
b. 1 - 3 - 2.
c. 2 - 1 - 3.
d. 2 - 3 - 1.
e. 3 - 1 - 2.
2. Leia o trecho a seguir:
A filosofia cristã, tendo Jesus Cristo como modelo e a 
Sagrada Escritura como paradigma de todas as verdades, 
espalhava-se e dominava, pouco a pouco, todos os impérios 
da época. Ela se afirmou de tal forma que marcou (aliada 
a outros fatores) o início de uma nova era da história, o 
período cristão, cujo apogeu foi a Idade Média. Foi destro-
nada, assim, a filosofia antiga e o antropocentrismo. O 
período passou a ser teocêntrico (do grego “théos”, que 
quer dizer Deus, divindade). (FREIRE, 2010, p. 44)
O período teocêntrico passa por dois momentos: a patrística e a escolástica. 
Sobre esses períodos, analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
a. A patrística tem como seu maior representante a figura de São Tomás 
de Aquino.
b. A patrística tem como preocupação central aliar os conceitos trazidos 
por Aristóteles à religião, visando adaptá-los às leis cristãs.
c. A escolástica tem como seu maior representante a figura de Santo 
Agostinho.
29
d. A escolástica visava educar a população que já era cristã.
e. A patrística preocupava-se em unir o saber à fé cristã.
3. Leia o trecho a seguir:
Após anos de questionamentos filosóficos, a psicologia 
começa a se enveredar por outra área, seu interesse agora é 
trabalhar com questões que possam ser comprovadas cienti-
ficamente. Diante disto, surge um novo objeto de estudo 
para a área da psicologia, que deixa de ser o estudo da mente 
e passa a ser o estudo do comportamento e dos processos 
mentais. (JACÓ-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2018)
A quem devemos atribuir os méritos pela fundação da psicologia enquanto 
área científica?
a. Descartes.
b. Von Helmholtz.
c. Weber.
d. Fechner.
e. Wundt.
4. Gustav Theodor Fechner (1801-1887) deu continuidade aos estudos de 
Weber e queria calcular o ponto exato de união entre o físico e o psíquico. 
Fechner realizou diversos experimentos e, com isso, criou métodos de pesquisa 
e experimentação em psicofísica que acabaram por se tornar referência na área 
da psicologia psicométrica. Os achados de Fechner foram sistematizados em 
uma obra que é considerada o “pontapé” inicial da psicologia enquanto ciência. 
Como é chamada essa obra? Assinale a alternativa correta:
a. Elementos de psicofísica.
b. Elementos de psicologia fisiológica.
c. Elementos de psicologia.
d. Psicologia e seus elementos.
e. Psicofísica aplicada.
30
5. Leia o trecho a seguir:
Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina acadê-
mica formal. Instalou o primeiro laboratório, lançou a 
primeira revista especializada e deu início à psicologia 
experimental como ciência. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 78)
Em sua obra, denominada Elementos de psicologia fisiológica (1864), Wundt 
traz as raízes científicas e filosóficas da psicologia. De acordo com as pesquisas 
de Wundt, assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas:
( ) Em 1879, Wundt cria o primeiro laboratório para pesquisas psicológicas 
com o objetivo de estudar os processos mentais através da experimentação e 
da quantificação, indo ao encontro do método científico
( ) Como métodos de pesquisa experimental, Wundt utilizou a observação, a 
experimentação, a quantificação, e também a introspecção (aspectos subjetivos).
( ) Wundt tinha, como objeto de estudo, a consciência. Para ele, os elementos 
da consciência não eram estáticos e não se uniam passivamente quando havia 
algum processo de associação.
Assinale a alternativa que traz a sequência correta:
a. V - V - V.
b. V - V - F.
c. V - F - V.
d. F - V - F.
e. F - F - V.
Referências
BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo da 
psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 
FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da psicologia. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2009.
JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. História da psicologia: rumos e 
percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2018.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. São Paulo: 
Cengage Learning, 2013.
Anotações
Unidade 2
Principais matrizes teóricas e as relações entre: 
indivíduo, grupo e sociedade
Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade iremos compreender a vertente científica da psicologia, 
diferenciando-a do senso comum. Em seguida, entenderemos o desenvolvi-
mento das escolas psicológicas a partir da fase científica iniciada por Wundt. 
Assim, estudaremos a primeira sistematização psicológica, o Estruturalismo, 
e a escola iniciada nos Estados Unidos, o Funcionalismo, além de enten-
dermos acerca das áreas de interesse da Psicologia. Diante disso, compreen-
deremos a estruturação da Psicologia Social e seu objeto de estudo.
Seção 1
Ao longo dessa seção estudaremos a diferenciação entre a ciência psicológica 
e a psicologia do senso comum, ou seja, aquela praticada no nosso dia a dia.
Seção 2
Nessa seção abordaremos a estruturação das primeiras escolas psicoló-gicas: o Estruturalismo e o Funcionalismo.
Seção 3
Nessa seção o psiquismo humano será observado e realizaremos uma 
aproximação com a psicologia social, isto é, com os indivíduos, os grupos e 
a sociedade em si.
Introdução à unidade
Na Unidade 1 estudamos sobre o histórico da Psicologia: falamos sobre 
os filósofos que deram o pontapé inicial para o estudo dessa nova área e, a 
partir desse referencial histórico, foi possível compreender como aconteceu 
o desenvolvimento da psicologia enquanto área científica.
Ao longo desta unidade o foco de estudo será o social e a ciência psico-
lógica. Entretanto, antes de entrarmos nesse tema específico, torna-se 
necessário fazermos a distinção entre a psicologia que utilizamos no nosso 
cotidiano e a psicologia enquanto ciência, que é aquela que pode ser compro-
vada, reproduzida. 
Dando continuidade à perspectiva histórica da psicologia enquanto área 
científica, estudaremos sobre as primeiras escolas psicológicas que surgiram, 
o Estruturalismo e o Funcionalismo, e entenderemos que foi por intermédio 
dessas duas principais escolas teóricas que a psicologia pôde ser desenvolvida 
e que as diversas áreas de atuação foram surgindo.
Mais adiante falaremos especificamente sobre a psicologia social, apresen-
tando, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos dessa ciência. 
Essa área de estudo irá contribuir para a compreensão do comportamento 
dos indivíduos, suas interações e o processo grupal. Será abordado também 
o tema da formação do psiquismo humano e de que maneira essa formação 
está ligada aos grupos dos quais fazemos parte. Além disso, entenderemos a 
necessidade de estudar o indivíduo no seu contexto social, e não somente de 
maneira individualizada. 
Questão para reflexão
A psicologia surgiu ligada à área da Filosofia, com questionamentos 
específicos acerca de um tema, que se alterava conforme o período 
histórico. Com o passar do tempo, se desenvolveu e se transformou em 
uma área científica, e, nos dias de hoje, apresenta várias áreas de abran-
gência, sendo que a Psicologia Social é apenas uma delas. Diante disso, 
o que você acha que a Psicologia Social estuda? Ou seja, qual é a sua 
principal preocupação?
35
Seção 1
A estruturação da psicologia no século XX
Foi somente no início do século XX que surge a área científica da 
Psicologia, entretanto, mesmo com caráter científico, ainda há confusão em 
relação à psicologia do cotidiano, ou seja, até que ponto a psicologia que 
estamos habituados a fazer uso não é científica? Faremos uma breve diferen-
ciação entre a área científica da psicologia e sua vertente do senso comum 
para que essas duas áreas fiquem claras e para que possamos dar continui-
dade à nossa trajetória histórica.
1.1 A psicologia do senso comum versus a psicologia en-
quanto ciência
Ao longo do nosso dia fazemos uso da psicologia sem sequer nos darmos 
conta. Quando ouvimos um rapaz tentando seduzir uma garota, percebemos 
que ele faz uso de sua psicologia para poder chamar a atenção dela. Quando 
um vendedor faz a sua propaganda para vender seus produtos, afirmamos que 
ele faz uso de sua psicologia para poder atrair seus clientes. Quando estamos 
com um problema e procuramos um amigo para nos ouvir, afirmamos que 
ele usa de sua psicologia para nos entender e ajudar. 
Questão para reflexão
Mas será dessa psicologia que os psicólogos fazem uso para desen-
volver seu trabalho?
Certamente não! A essa psicologia que utilizamos no nosso cotidiano 
damos o nome de senso comum. A psicologia utilizada pelos psicólogos é a 
psicologia científica. 
1.2 A psicologia do senso comum
Psicologia do senso comum é aquela que utilizamos no nosso dia a 
dia. Como assim? Quando falamos de cotidiano, estamos nos referindo à 
nossa vida, aos fatos que nos acontecem diariamente, ou seja, nossa reali-
dade. Entretanto, temos ainda a ciência, que faz referência ao fato real, 
abstraindo a realidade para poder compreendê-la da melhor forma possível. 
“Para compreender isso melhor, pense na abstração (no distanciamento e no 
trabalho mental) que Newton teve de fazer para, partindo da fruta que caía 
36
da árvore (fato do cotidiano), formular a lei da gravidade (explicação cientí-
fica)” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 17).
O conhecimento que utilizamos na nossa vida diária faz uso de muitos 
recursos (por vezes utilizamos a tradição de nossos ancestrais, outras vezes 
agimos baseados em teorias científicas, etc.), entretanto, esse também é 
um conhecimento improvisado, que demanda uma resposta imediata. Por 
exemplo, um jovem sai para a “balada” e acorda, no dia seguinte, com muita 
dor de cabeça e indisposição estomacal. A avó informa-lhe que deverá tomar 
um chá de boldo, caso queira melhorar desse incômodo. Entretanto, ela não 
conhece os princípios do boldo, não sabe qual o efeito deste sobre as doenças 
hepáticas, apenas sabe, sem nunca ter estudado esse tema de maneira 
aprofundada (somente de acordo com seus antepassados) que isso fará bem. 
Esse é o conhecimento da nossa vida, que acontece de acordo com nossas 
experiências, que vamos adquirindo ao longo do nosso cotidiano. Esse é o 
senso comum.
Para saber mais
Podemos definir o conhecimento do senso comum como aquele que 
nos chega através das nossas experiências de vida, do nosso dia a dia. É 
um conhecimento intuitivo, baseado em tentativa e erro, espontâneo.
Assim, a fim de facilitar nossa vida, o senso comum oferece hipóteses 
visando auxiliar o cotidiano: nossos pais nos ensinaram a atravessar a rua, 
aprendemos, por exemplo, que se jogarmos algo, isto cairá, que um carro 
conduzido de maneira veloz chegará rapidamente até nós.
1.3 A psicologia enquanto área científica
Entretanto, apenas a noção que temos do dia a dia, que é intuitiva, não 
seria suficiente para podermos evoluir e dominar a natureza. Então, conforme 
o tempo foi passando, verificamos uma especialização desse conhecimento 
para que pudéssemos evoluir. Chamamos esse conhecimento de ciência.
Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 20) afirmam que: 
A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos 
sobre fatos ou aspectos da realidade (que chamamos de 
objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem 
precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos 
de maneira programada, sistemática e controlada, para que 
se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos 
37
apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber 
exatamente como determinado conteúdo foi construído, 
possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, 
o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desen-
volvido. 
O saber científico é um processo, pois é capaz de produzir conhecimentos 
novos a partir de algo antes pensado, em que se nega algo, descobre-se algo 
novo, reafirma-se algo, avançando com a ciência. Ou seja, esse saber científico 
avança à medida que os problemas se apresentam na nossa vida diária. Além 
disso, outra característica marcante da ciência é que ela visa à objetividade, 
portanto, precisa ser provada, comprovada, validada, isenta de emoções.
Para que um conhecimento se torne científico, é necessário que haja 
um “objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas especí-
ficas, processo cumulativo do conhecimento e objetividade [...]” (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 20).
Questão para reflexão
Vimos que a psicologia é uma área científica, ou seja, pode ser compro-
vada. Mas e quanto ao seu objeto de estudo? Sobre o que ela trata?
A Psicologia tem como foco o homem, entretanto, esta é também a sua 
grande dificuldade, visto que o homem é um ser histórico, mas que está em 
constante mudança. Além disso, o ser estudado confunde-se com o ser em 
estudo, isto é, o pesquisador (ser humano) confunde-se com seu objeto a 
ser estudado (ser humano), diferentemente de uma áreacientífica exata em 
que um pesquisador da matemática (ser humano) está analisando cálculos 
(objeto), por exemplo. 
Envolvida no termo “ser humano”, a psicologia possui uma gama de 
campos de estudo, pois cada ramo de estudo dá um enfoque diferente para 
o homem (trabalho com o inconsciente, ou o comportamento, ou a consci-
ência, entre outros). Entretanto, independentemente dos ramos, a psico-
logia possui uma matéria-prima, a subjetividade, que é estudada para que 
possamos compreender todo o contexto da vida. 
Mas o que o termo subjetividade envolve? A subjetividade abrange o ser 
humano em todas as suas facetas, as observáveis (o comportamento) e as 
não observáveis (os sentimentos), as particulares (somos o que somos) e as 
gerais (somos todos seres humanos), ou seja, a subjetividade é tudo aquilo 
que somos e que vamos nos tornando a partir das experiências acumuladas 
38
ao longo de nossas vidas, seja social ou culturalmente: por um lado ela nos 
identifica porque somos únicos e, por outro, nos iguala porque somos seres 
sociais, em constante interação. Iremos conversar mais sobre este tema na 
Seção 3.
Atividades de aprendizagem
1. Qual a diferença entre a psicologia que utilizamos no nosso cotidiano e a 
psicologia enquanto área científica?
2. Apenas o entendimento do nosso dia a dia, que é um conhecimento 
intuitivo, não bastaria para podermos evoluir e dominar a natureza. Então, 
com o passar do tempo, fomos “refinando” esse conhecimento para que 
pudéssemos evoluir. A esse tipo de saber damos o nome de ciência. Como 
podemos definir a ciência?
39
Seção 2
A estruturação da psicologia no século XX
O século XX traz em seu bojo o estudo, o reconhecimento, a análise e a 
crítica da nova ciência que estava se estruturando: a psicologia. Com esse 
tronco já iniciado por Wundt, novas escolas começam a surgir caracteri-
zando o que seria a psicologia dali em diante. Cada uma dessas novas escolas 
organizava-se por seus conteúdos específicos e pelos métodos que empre-
gavam no desenvolvimento de suas atividades. Vamos conferir?
2.1 O Estruturalismo
O maior representante do Estruturalismo foi Edward Bradford Titchener 
(1867-1927). Titchener nasceu na Inglaterra, realizou seu doutorado em 
Leipzig (Alemanha) e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Seu maior mestre 
foi Wundt. 
Figura 2.1 | Edward B. Titchener
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edward_Bradford_Titchener.jpg. Acesso em: 26 fev. 2019.
Assim como Wundt, Titchener define a psicologia como sendo a ciência 
da consciência ou da mente. Ou seja, para ele, a psicologia estava preocupada 
com a experiência consciente que depende do indivíduo que a está viven-
ciando. Schultz e Schultz (2013, p. 111) afirmam que:
Tanto a física como a psicologia podem estudar a luz e o 
som. Enquanto os físicos examinam os fenômenos do ponto 
de vista dos processos físicos envolvidos, os psicólogos 
40
analisam a luz e o som com base na experiência e na obser-
vação humanas desses fenômenos.
Assim, para Titchener, a experiência consciente é o único enfoque 
adequado para a pesquisa psicológica, além disso, o psicólogo admitia ainda 
que a finalidade específica da psicologia seria descobrir os fatos estruturais 
da mente.
Questão para reflexão
Titchener foi um seguidor de Wundt, seu foco de estudo aproxima-se do 
de se seu mestre, porém, com as devidas alterações. Qual é o objeto de 
estudo do Estruturalismo?
Para o Estruturalismo a psicologia seria a ciência da consciência ou da 
mente, porém, Titchener fazia uma distinção entre mente e consciência: 
afirmava que a mente seria a soma total dos processos mentais, enquanto 
a consciência seria a soma das experiências conscientes em determinado 
momento. Então, a consciência e a mente seriam semelhantes, sendo que a 
consciência envolveria os processos mentais que acontecem em determinado 
momento e a mente, o total desses processos. 
Titchener afirma que, para descobrir quais são os elementos que consti-
tuem a mente, a ciência deveria recorrer a três questões referentes ao seu 
objeto: “o que é?”, “como?” e “por quê?”, mas considera que toda a vida 
psíquica é constituída através dos seguintes elementos: as sensações, as 
imagens e os estados afetivos. 
As sensações são elementos básicos da percepção e estão 
presentes nos sons, nas visões, nos cheiros e nas outras 
experiências provocadas pelos objetos físicos do ambiente. 
As imagens são elementos das ideias e estão no processo 
que reflete as experiências não realmente presentes no 
momento, como a lembrança de uma experiência do 
passado. Os estados afetivos, ou as afeições, são elementos 
da emoção e encontram-se nas experiências como o amor, 
o ódio e a tristeza. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 115) 
Afirma ainda que, para chegar a esses elementos, deve-se empregar 
o método da introspecção (FREIRE, 2010). Esse método já era defendido 
por Wundt, entretanto, Titchener empregava a introspecção no sentido da 
41
auto-observação em que observadores treinados de maneira rigorosa descre-
veriam os elementos em seu estado consciente, ao invés de relatar apenas o 
estímulo observado ou percebido. 
Sendo assim, podemos resumir o sistema criado por Titchener da 
seguinte maneira: objeto de estudo – a consciência; método de estudo – a 
introspecção; a finalidade – descobrir “o quê?”, “como?” e “por quê?” de 
seus elementos.
Para saber mais
Titchener publicou várias obras, entre elas: An outline of psychology 
(1896), Primer of psychology (1898) e, em quatro volumes, Experimental 
psychology: a manual of laboratory practice (1901-1905). Estes últimos, 
mais conhecidos como Manuals (Manuais), incentivaram o trabalho de 
laboratório da psicologia nos Estados Unidos e influenciaram a geração 
dos psicólogos experimentalistas.
2.2. O Funcionalismo
Foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente norte-americano. 
Pode ser entendido como um protesto à psicologia experimental de Wundt e 
à psicologia estrutural de Titchener, que eram consideradas limitadas demais.
Questão para reflexão
O funcionalismo surge em oposição às teorias de Wundt e Titchener, 
pois acreditava que essas escolas de pensamento não poderiam 
responder às questões específicas do funcionalismo. Aliás, qual era a 
preocupação central do funcionalismo?
O funcionalismo não estava preocupado em estudar a composição da 
mente, ou seja, seus elementos mentais ou sua estrutura, mas, sim, buscava 
entender as funções e os processos que levam o indivíduo a ter determinadas 
atitudes na vida real. Para tanto, fazia uso dos principais questionamentos: “o 
que a mente faz?”, “como age?”, na verdade, os funcionalistas estavam interes-
sados em entender para que serve e qual a função da mente. 
A psicologia desenvolvida pelos funcionalistas referia-se ao estudo da 
vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio, isto 
é, a consciência, para eles, é um instrumento destinado a resolver problemas, 
ou seja, não estavam preocupados em conhecer sua estrutura, mas em 
compreender como ela se adapta. 
42
Os precursores do Funcionalismo foram as ideias de Charles Darwin 
sobre a evolução das espécies, a psicologia do ato e a fenomenologia e o 
naturalismo de Rousseau. Entretanto, quem lançou suas bases foi William 
James. Este não foi o fundador da psicologia funcional, mas influenciou o 
movimento funcionalista, inspirando os futuros psicólogos.
Figura 2.2 | William James
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:William_James_b1842c.jpg. Acesso em: 2 mar. 2019.
No livro Os princípios da psicologia, James apresenta a ideia central 
do Funcionalismo:
[...] a psicologia não tem como meta a descoberta dos 
elementos da experiência, mas o estudo sobre a adaptação 
dos seres humanos ao seu meio ambiente. A função da 
nossa consciência é guiar-nos aos fins necessáriospara a 
sobrevivência. A consciência é vital para as necessidades 
dos seres complexos em um ambiente complexo; de 
outra forma, a evolução humana não ocorreria. (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2013, p. 161)
Importante destacar que James não considerava as pessoas totalmente 
como seres racionais, ele também dava ênfase aos aspectos não racionais 
da natureza humana, alegava que as pessoas eram compostas de emoção e 
paixão, e também de pensamento e razão. Além disso, enfatizava o fato de 
a condição física afetar o intelecto, dos fatores emocionais determinarem 
as crenças e das necessidades e desejos humanos influenciarem a formação 
da razão.
43
Após a estruturação dessas primeiras escolas psicológicas – o 
Estruturalismo e o Funcionalismo – inicia-se um período de desenvolvi-
mento de outras teorias psicológicas que perduram até os dias de hoje, como 
exemplo temos:
• Behaviorismo: também conhecido como a psicologia do compor-
tamento. Nasceu com Watson, nos Estados Unidos, e teve Skinner 
como seu maior representante. 
• Gestalt: também denominada psicologia da forma. Surgiu na 
Alemanha em oposição ao Estruturalismo e ao Behaviorismo. Os 
primeiros conceitos foram elaborados por Max Wertheimer e, poste-
riormente, foram ampliados por Koffka e Köhler.
• Psicanálise: ou psicologia do inconsciente. Desenvolvida por 
Sigmund Freud visando se opor às ideias de Wundt e de Titchener. Foi 
a escola que mais se distanciou das demais, pois preocupava-se com 
as pessoas com perturbações mentais, de maneira especial aquelas 
acometidas pela histeria, assunto que, até então, havia sido despre-
zado pelas outras escolas.
Para saber mais
Além das teorias citadas aqui, muitas outras existem, como a Psico-
logia Humanista, a Psicologia Cognitiva, entre outras. O importante é 
destacar que o psicólogo, ao se formar, precisa escolher uma dessas 
abordagens para seguir, ou seja, não existe teoria “melhor” ou “pior”, 
existem diversas áreas de estudo em psicologia e cada um escolhe de 
acordo com seus princípios e valores.
Assim, a partir do século XX temos o crescimento da psicologia com o 
surgimento das novas metodologias de pesquisa, novos campos de atuação e 
novas abordagens para estudo do comportamento e dos processos mentais. 
Atualmente, a psicologia pode ser apresentada em diferentes áreas de atuação 
profissional e campos de estudo. Entre estes, temos:
• Psicologia do desenvolvimento: área de estudo da psicologia interes-
sada no desenvolvimento e formação dos seres humanos, desde a 
fecundação até a velhice. 
• Psicologia da personalidade: o interesse aqui são as possíveis 
diferenças em relação aos traços de personalidade, por exemplo, 
ansiedade, sociabilidade, autoestima e agressividade. Os estudiosos 
dessa área querem compreender quais os motivos que levam algumas 
44
pessoas a serem mais explosivas, nervosas, enquanto outras são mais 
tranquilas e alegres. 
• Psicologia clínica: uma das possíveis áreas de atuação da psicologia. 
Os terapeutas preocupam-se em entender de onde surgiu e qual o 
tratamento de uma questão de ordem psicológica, visando a saúde 
mental do paciente (cliente). Podem atuar em consultórios particu-
lares, hospitais, ambulatórios, centros de saúde, etc.
• Psicologia organizacional: é o campo de atuação da psicologia 
voltado para o trabalho em empresas e organizações, visando melhorar 
a produtividade e as condições de trabalho dos funcionários, além de 
atuar nos processos de seleção e treinamento destes. 
• Psicologia social: é uma das áreas de estudo da psicologia. Sua 
preocupação central é a relação que os indivíduos mantêm com 
o coletivo no qual estão inseridos, ou seja, os psicólogos sociais 
estão preocupados em saber como as pessoas influenciam umas às 
outras no contexto da sociedade. Essa ainda é uma área jovem, seus 
primeiros experimentos foram relatados há pouco mais de um século 
(1898), sendo que os primeiros textos da psicologia social datam de 
1900. A psicologia social está situada na fronteira entre a psicologia 
e a sociologia: quando a comparamos à sociologia (que é o estudo 
das pessoas em grupos e sociedades), a psicologia social tem seu foco 
nos indivíduos e usa mais a experimentação; quando comparada à 
psicologia da personalidade, a psicologia social foca-se menos nas 
diferenças individuais e mais em como os indivíduos veem e influen-
ciam uns aos outros.
Questão para reflexão
Quais são os principais temas de domínio da psicologia social? Quais 
conceitos estão na lista de grandes ideias da psicologia social?
A psicologia social estuda nosso pensamento, nossa influência e nossos 
relacionamentos. Então, podemos defini-la conforme a figura a seguir:
45
Figura 2.3 | Psicologia social é:
Da influência social
• Cultura
• Pressões para se 
conformar
• Persuasão
• Grupo de pessoas
Das relações sociais
• Preconceito
• Agressão
• Atração e intimidade
• Ajuda
Do pensamento social
• Como percebemos a nós 
mesmos e aos outros
• Em que acreditamos
• Julgamentos que 
fazemos
• Nossas atitudes
Psicologia social é 
“o estudo científico” ...
Fonte: Myers (2014, p. 28).
Atividades de aprendizagem
1. Wundt define a psicologia como sendo a ciência da consciência ou da 
mente, mas, de acordo com o Estruturalismo, como a psicologia é definida?
2. O Funcionalismo foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente 
norte-americano. Pode ser entendido como um protesto à psicologia experi-
mental de Wundt e à psicologia estrutural de Titchener, que eram conside-
radas limitadas demais. Qual a preocupação central do Funcionalismo?
46
Seção 3
O psiquismo humano e sua relação com a 
Psicologia Social
Com o surgimento da psicologia social temos o estudo científico do 
pensamento social, da influência social e das relações sociais. Diante disso, 
vários questionamentos passam a ser elaborados, tais como: quem é o 
indivíduo? Qual a sua ligação com os grupos e a sociedade? Aqui, compreen-
deremos o tema central da psicologia social, além de fazermos uma reflexão 
sobre a formação do psiquismo humano e sua relação com o contexto social 
em que o indivíduo se encontra inserido.
3.1 O que estuda a Psicologia Social?
Silvia Lane, estudiosa da psicologia social no Brasil, afirma que toda psico-
logia é social. Não no sentido de reduzirmos as áreas específicas da psicologia 
à psicologia social, mas de destacarmos a importância da natureza histórico-
-social do ser humano em virtude da análise do seu comportamento. Assim, 
podemos compreender que todo indivíduo é um ser social e histórico:
Ao declaramos que o homem é um ser histórico, estamos 
afirmando que a sua relação com o meio ambiente se dá 
de maneira permeada socialmente. No dizer de Engels, 
o único fato histórico que existe é que o homem precisa 
sobreviver. E o que muda não é que se produz num deter-
minado período histórico, são as relações de produção, são 
as relações sociais que permeiam ou que significam stricto 
sensu, a relação entre homens. (CODO, 1984, p. 140)
Diante disso, a psicologia social pode ser definida como a área da psico-
logia que busca compreender o encontro social, isto é, a interação dos indiví-
duos e suas relações. Assim, seu objeto de estudo pode ser entendido como a 
interação social e suas dinâmicas interdependentes, que procura entender a 
natureza social do fenômeno psíquico (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Quando duas ou mais pessoas iniciam uma comunicação, tem início 
uma ação recíproca em que ideias, sentimentos ou atitudes provocarão 
reações mútuas que poderão alterar o comportamento de todos. Assim, as 
47
pessoas influenciam e sofrem influência dos outros: dizemos que há uma 
interação social.
Além disso, as interações são a base de toda a organização e estrutura 
social e podem acontecer de duas formas: com a proximidadefísica entre 
duas ou mais pessoas ou pelos meios de comunicação, ou seja, pela televisão, 
pelo rádio, pelos livros, etc., que são instrumentos para que essa comuni-
cação aconteça de maneira recíproca – quem produz a informação influencia 
quem a recebe e vice-versa.
Questão para reflexão 
E a internet? Também é um meio de comunicação que promove a interação?
A internet é um meio de comunicação, porém um tanto diferente, pois 
permite a influência mútua entre dois ou mais indivíduos. As redes sociais, 
por exemplo, são novas maneiras de interação e geram fenômenos sociais 
significativos, capazes de provocar alterações no cotidiano da vida das 
pessoas. Assim, damos o nome de relação social às diferentes maneiras que a 
interação social pode assumir.
3.2 A atividade humana e a formação do psiquismo
Nesse sentido, o foco da psicologia social é a interação social e duas 
dinâmicas interdependentes, a fim de poder entender a natureza social do 
fenômeno psíquico. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 22-23) vão afirmar 
que a subjetividade humana surge do contato entre os homens e dos homens 
com a natureza, ou seja, temos um mundo interno que se estrutura conforme 
nossas relações sociais. 
O estudo do psiquismo humano deve buscar compreender como se dá 
a construção desse mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo 
homem. Assim, o mundo objetivo não é mais tido como um fator de influ-
ência, mas como um fator constitutivo para o desenvolvimento da subjeti-
vidade. Isto é, não nascemos homem ou mulher, mas, sim, nos tornamos 
homem ou mulher pelo que aprendemos com as gerações passadas, com 
nossa história, com nosso contexto social. Torna-se necessário esclarecer que 
não somos seres estáticos, passivos, mas indivíduos que estão em constante 
movimento, transformação, agentes ativos da própria história. 
A atividade do homem, o que ele executa, tem relação com a formação 
do seu psiquismo, ou seja, é através da atividade que o homem se apropria do 
mundo, é a atividade a encarregada de proporcionar a transição do que está 
fora do homem para dentro dele. 
48
Segundo a Psicologia Social, a formação do mundo interno baseia-se no 
que o indivíduo internaliza em suas atividades, seja explorando o ambiente 
ao seu redor, seja conversando com as pessoas, seja trabalhando: tudo é trans-
formado em ideias, em imagens que passam a habitar seu mundo interno. Ao 
transformar o mundo conforme nossas necessidades, estamos construindo a 
nós mesmos, pois estamos atuando e alterando o mundo exterior. 
3.3 A construção da subjetividade humana
Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 22-23) apontam que:
A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um 
de nós vai construindo conforme vamos nos desenvolvendo 
e vivenciando as experiências de vida social e cultural; é 
uma síntese que de um lado nos identifica, por ser única; e 
de outro lado nos iguala, na medida em que os elementos 
que a constituem são experienciados no campo comum 
da objetividade social. Essa síntese – a subjetividade – é o 
mundo das ideias, significados e emoções construído inter-
namente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de 
suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, 
fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. 
A subjetividade é a forma como as pessoas sentem, sonham, pensam, se 
comportam – é algo individual, entretanto, ela não nasce com o indivíduo: 
ele vai construindo sua subjetividade aos poucos, em consonância com suas 
vivências do mundo. Assim, ao construir e transformar o mundo (externo), 
o homem cria e altera a si próprio (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Temos então alguns elementos que são básicos para a formação da subje-
tividade: o movimento e a transformação, pois ter contato com a subjetivi-
dade é se sujeitar a compreender novas maneiras de ser, em que a produção 
depende do social e, também, do processo histórico. Isso quer dizer que as 
pessoas são diferentes ao longo de suas vidas, que ainda não foram termi-
nadas, o que acontece porque a subjetividade está sempre em modificação, 
uma vez que o conhecimento sobre si sempre fornecerá novos elementos 
para renová-la. 
Como somos os próprios construtores de nossas transformações, por 
vezes elas podem passar despercebidas aos nossos olhos, fazendo-nos pensar 
que não mudamos, mas as transformações acontecem tanto no nosso corpo 
físico quanto nas nossas vivências subjetivas, ou seja, na nossa subjetividade.
49
Para saber mais
Conforme o senso comum, subjetividade refere-se ao íntimo do 
indivíduo, ou seja, ao jeito como ele vê, pensa, sente sobre algo e 
que, por ser própria do indivíduo, não segue um padrão. Na verdade, 
é a forma como as pessoas expressam seu lado pessoal (DICIONÁRIO 
INFORMAL, [s.d.]).
Atividades de aprendizagem
1. Silvia Lane, estudiosa da Psicologia Social no Brasil, afirma que toda 
psicologia é social. Diante disso, como é possível definir essa ciência? E 
quanto ao seu foco?
2. O que você entende por subjetividade? Qual a sua ligação com a psicologia?
Fique ligado
O objeto de estudo da Psicologia Social são as interações sociais, assim, 
a formação do psiquismo humano vai depender da convivência social. 
Passamos a entender que toda psicologia é social porque todos somos seres 
sociais e a formação do psiquismo humano está atrelada aos grupos dos quais 
fazemos parte. 
Para concluir o estudo da unidade
Nesta unidade pudemos aprofundar nossos estudos sobre a psicologia 
enquanto área científica até o entendimento sobre a Psicologia Social, seu 
objeto de estudo e sua área de conhecimento. Para aprofundar seus estudos 
na área da Psicologia Social, leia o artigo A psicologia social contemporânea: 
principais tendências e perspectivas nacionais e internacionais, de Maria 
Cristina Ferreira. 
FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia social contemporânea: princi-
pais tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psicologia: teoria e 
pesquisa, [online], v. 26, n. especial, pp. 51-64, 2010.
50
Atividade de aprendizagem da unidade
1. Quando comparamos a ciência com nossas atividades do dia a dia, é 
possível percebermos que a primeira faz parte de uma atividade reflexiva, 
que procura esclarecer e alterar os fatos do cotidiano a partir de seu estudo 
controlado. Em relação à área científica e ao senso comum na área da Psico-
logia, analise as afirmativas a seguir:
I. Por senso comum entende-se o acúmulo de conhecimento instintivo 
do dia a dia.
II. O senso comum vem de geração, ou seja, dos antepassados. Isso quer 
dizer que vai do hábito à tradição.
III. A ciência faz uso de um linguajar preciso e rigoroso, capaz de fazer 
com que o estudo seja reproduzido. 
IV. A ciência psicológica aspira à subjetividade, já que o foco da psico-
logia é o homem, em todas as suas facetas.
Está correto o que se afirma em:
a. Apenas I e II.
b. Apenas II e III.
c. Apenas III e IV.
d. Apenas I, II e III.
e. I, II, III e IV.
2. À medida que a psicologia se desvincula da filosofia, se torna uma área 
científica. A partir de então, começa a ser estruturada como uma nova 
ciência, uma ciência independente. Assim, sobre as primeiras escolas psico-
lógicas, faça a associação das colunas a seguir:
(1) Estruturalismo.
(2) Funcionalismo.
( ) Seu maior representante foi Titchener.
( ) Seu maior representante foi James.
( ) De acordo com essa teoria, a experiência consciente é o único enfoque 
adequado para a pesquisa psicológica.
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( ) Para essa teoria, a psicologia era o estudo da vida psíquica, considerada 
como um instrumento de adaptação ao meio.
( ) Nessa teoria, a consciência é apenas um instrumento destinado a 
resolver problemas. 
Assinale a alternativa com a sequência correta da associação entre as colunas:
a. 1 - 2 - 2 - 1 - 1.
b. 1 - 2 - 1 - 2

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