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Psicologia Social Mayra Campos Frâncica dos Santos © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação e de Educação Básica Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Ana Lucia Jankovic Barduchi Danielly Nunes Andrade Noé Grasiele Aparecida Lourenço Isabel Cristina Chagas Barbin Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Adriana Cezar Maria Julia Souza Chinalia Editorial Renata Jéssica Galdino (Coordenadora) 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Mayra Campos Frâncica dos S237p Psicologia social / Mayra Campos Frâncica dos Santos. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 112 p. ISBN 978-85-522-1482-3 1. Psicologia. 2. Social. 3. Identidade. I. Santos, Mayra Campos Frâncica dos. II. Título. CDD 150 Thamiris Mantovani CRB-8/9491 Sumário Unidade 1 Introdução à Psicologia enquanto área científica do saber ...................... 7 Seção 1 Os filósofos e as raízes da Psicologia ................................................ 9 Seção 2 O surgimento da Psicologia como área científica ........................16 Referências Unidade 2 Principais matrizes teóricas e as relações entre: indivíduo, grupo e sociedade .......................................................................................33 Seção 1 A estruturação da psicologia no século XX ..................................35 Seção 2 A estruturação da psicologia no século XX ..................................39 Seção 3 O psiquismo humano e sua relação com a Psicologia Social ......46 Unidade 3 Categorias fundamentais da psicologia social: identidade, personalidade, consciência e alienação ................................55 Seção 1 A personalidade ................................................................................57 Seção 2 A identidade, os papéis sociais e as representações sociais .........63 Seção 3 Consciência, ideologia e alienação .................................................69 Unidade 4 Relações sociais: processo grupal, instituições sociais, liderança, inclusão e exclusão ....................................................................79 Seção 1 O processo grupal .............................................................................81 Seção 2 As instituições sociais ......................................................................88 Seção 3 Liderança ...........................................................................................94 Seção 4 Inclusão e exclusão social ................................................................99 Palavras do autor Prezado aluno, a psicologia é uma ciência e, como tal, perpassa por todas as áreas do saber, inclusive o campo do Serviço Social, visto que essa é uma área que exige uma visão abrangente acerca do ser humano, além de suas questões sociais. Diante disso, a psicologia social, como subárea da psicologia, vem para auxiliar na compreensão do indivíduo em si, ou seja, vai abordar temas como a personalidade, a identidade, a consciência, a alienação, entre outros. Mas essa área também contribui para que se possa compreender o contexto social em que o indivíduo se encontra inserido, isto é, suas relações sociais, os grupos, as instituições. Aliás, isso tudo é muito importante de ser estudado porque somos todos seres sociais e, em decorrência disso, influenciamos e somos influenciados por nossas ações, comportamentos e relações sociais. Assim, este livro propõe-se a apresentar, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos da psicologia social. Abordaremos os mais variados temas, que estão divididos da seguinte maneira: na Unidade 1 será trabalhada a origem da psicologia enquanto área científica do saber, de onde surgiu, quem são seus representantes, entre outros. Na Unidade 2, o tema central são as principais matrizes teóricas em psicologia social, em que será trabalhada a diferenciação da psicologia enquanto senso comum e enquanto área científica, serão demonstradas as primeiras escolas psicológicas (que originaram as que temos hoje) e, por fim, o psiquismo humano será abordado na sua relação com a psicologia social, para tanto, serão trabalhados os temas da atividade humana e da formação do psiquismo, além da construção da subjetividade. Já na Unidade 3 são trabalhados temas mais específicos da psicologia social, tais como: identidade, personalidade, consciência, alienação, de modo a demonstrar de que maneira o indivíduo inserido na sociedade influencia e é influenciado por esta. E na última unidade os temas fazem referência às relações sociais, ou seja, o processo grupal, as instituições sociais e a liderança. Assim, espera-se que, ao final da leitura deste livro, você possa conhecer mais sobre a área de estudo da psicologia social, já que esse campo é de extrema importância para você, futuro profissional do Serviço Social, pois lhe ajudará a desenvolver uma visão crítica da realidade cotidiana, sempre indo para além daquilo que está exposto, aparente, permitindo assim uma compreensão geral sobre a realidade que nos cerca. Unidade 1 Introdução à Psicologia enquanto área científica do saber Objetivos de aprendizagem Ao longo desta unidade será possível compreender como a Psicologia surgiu (na época da Grécia antiga), quem foram seus fundadores (os princi- pais filósofos) e como foi evoluindo até que se tornasse uma área científica do saber. Será realizada uma contextualização histórica da Psicologia de forma a entendermos como essa área se estrutura atualmente enquanto ciência. Seção 1 Nesta seção serão abordados os filósofos que deram início à Psicologia. Assim, essa área será compreendida desde o seu surgimento, na Grécia antiga, até o Renascimento. Seção 2 Nesta seção será observada a evolução da Psicologia enquanto área cientí- fica, qual o seu objeto de estudo e como ela se estrutura atualmente. Introdução à unidade Por que devemos estudar a história da psicologia? Essa é uma pergunta que a grande maioria dos alunos faz quando está diante desta disciplina. Por isso, torna-se importante destacar que é através da construção histórica da psicologia que podemos compreender como se deu o desenvolvimento da humanidade, ou seja, quais os desafios que fizeram o homem tentar compre- ender a si mesmo, os demais e o mundo que o cerca. Para tanto, faremos aqui um resgate da psicologia, desde quando ela foi pensada até quando se torna uma área científica. Nesse momento, surge outra questão: por onde devemos iniciar o estudo da história da psicologia? As origens dessa área podem ser localizadas em dois períodos distintos: os filósofos no século V a.C. já traçavam especu- lações acerca do comportamento humano, mas, por outro lado, podemos estudar a psicologia como uma ciência nova, que possui apenas cerca de 200 anos, momento no qual ela se emancipa da filosofia para seguir seu caminho na área formal de estudo. O que distingue essas duas épocas da psicologia tem relação com as abordagens e as técnicas empregadas. Mas o quesignifica o termo psicologia? Etimologicamente, a palavra psyché vem do grego e quer dizer alma. Logos, também do grego, significa estudo, ciência. Assim, a psicologia refere-se ao estudo da alma (FREIRE, 2010, p. 20). A palavra psicologia foi utilizada no século XVI por Filipe Melâncton nas universidades alemãs. Por volta de 1600, Goclênio utilizou essa palavra na imprensa para se referir a um “conjunto de conhecimentos filosóficos sobre a alma e suas manifestações” (FREIRE, 2010, p. 20). Porém, outros autores enfatizam que o termo foi utilizado pela primeira vez somente no século XVIII, quando a psicologia se tornou uma disciplina do curso de filosofia que se preocupava com a “natureza e as faculdades da alma” (FREIRE, 2010, p. 21). Ao longo do tempo a palavra “psicologia” carregou diversos significados, mas nos dias de hoje, há um consenso sobre sua definição como “a ciência do comportamento”. Questão para reflexão Durante muito tempo a psicologia foi mistificada, sendo considerada como “coisa de louco”. Da sua parte, o que você entende por psicologia? 9 Seção 1 Os filósofos e as raízes da Psicologia A psicologia começou a ser sistematizada na Grécia antiga, há mais de dois mil anos, com os filósofos que questionavam a origem da alma. A essa fase dá-se o nome de Fase Filosófica ou Pré-Científica. 1.1 Fase Filosófica ou Pré-Científica É a fase compreendida entre os séculos VI a.C. até 1879. Basicamente, essa fase divide-se em outras duas etapas: a primeira vai da Idade Antiga até a Idade Média (sendo essencialmente filosófica) e a segunda tem início com a Idade Moderna e segue até a fase da psicologia científica. Foi na Grécia antiga, berço da civilização ocidental, que a história do pensamento humano surge (no período 700 a.C.), assim como o estudo da filosofia. Como já dito, a psicologia surge ligada à filosofia. Por volta do século VI a.C., na Ásia Menor (onde hoje é a Turquia), a preocupação dos filósofos era sobre a origem do cosmos, ou seja, estavam interessados em saber do que era feito o universo, buscar seu princípio e a lei que o regia, pois, até então, o que se sabia sobre o cosmos tinha relação com sua origem mitológica. A essa fase atribuímos o nome de período cosmológico. Os principais representantes desse período foram: Tales de Mileto (640-548 a.C.), Heráclito (540-475 a.C.), Pitágoras (570-496 a.C.), Anaxágoras (499-428 a.C.) e Demócrito (460-370 a.C.). Após o momento cosmológico surge o período antropocêntrico, com os filósofos sofistas, que deslocaram suas preocupações do Cosmos para o Homem, dando um novo direcionamento aos seus questionamentos. Nessa fase a preocupação central era com o “como conhecemos”. Os filósofos sofistas eram, na sua maioria, professores ambulantes que percorriam as cidades visando ensinar ciências e artes aos jovens, ao invés de prepará-los apenas para a guerra, como era feito até então. Isso culminou em uma certa revolução, pois os jovens passaram a ter uma visão crítica dos fatos, não mais aceitando tudo sem saber sua origem. Os representantes sofistas mais impor- tantes foram Protágoras e Górgias. Para saber mais De acordo com o dicionário Houaiss, “sofista” significa “sábio” (HOUAISS; VILLAR, 2009). Esses filósofos foram os primeiros a defender uma educação voltada para o cidadão, visando ensinar arte, cultura, 10 política e retórica. Ressalta-se que “retórica” pode ser entendida como a arte do debate e da argumentação. Entre os filósofos clássicos desse período estão: • Sócrates (436-336 a.C.): foi uma figura ilustre para a filosofia, tanto que os pensamentos filosóficos são classificados antes de Sócrates (filósofos pré-socráticos) e após Sócrates (pós-socráticos). Esse pensador questionava as tradições, os usos e os costumes da época, além de questionar o regime democrático, a religião, a ciência física, influenciando assim todo o pensamento filosófico ocidental. Ensinava que o conhecimento do meio que nos cerca é imperfeito, porque nos vem através dos sentidos, via imperfeita, sujeita a ilusões. Acreditava que um único tipo de conhecimento podia ser obtido: o do próprio eu. Esse conhecimento é o único necessário, pois permite ao homem levar vida virtuosa. “Conhece-te a ti mesmo” é o seu princípio e um método filosófico (introspecção). (FREIRE, 2010, p. 33) Figura 1.1 | Sócrates Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Socrates_Louvre.jpg. Acesso em: 30 jan. 2019. • Platão (427-347 a.C.): discípulo de Sócrates e adepto de suas teorias, também acreditava que o conhecimento vinha do próprio sujeito. Para chegar a essa conclusão, fazia uso da visão da imortalidade da alma, ou seja, para Platão, era a alma que trazia o conhecimento para a pessoa. Para esse filósofo, o homem possui a alma (que é imaterial) e o corpo (que é material), o que tornava o homem um ser dualista (mente versus corpo). Freire (2010, p. 34) afirma que “essa visão é 11 considerada a raiz mestra da história da psicologia, pois será retomada em todo o percurso da história e dela surgiram muitas outras raízes ou questões”. Porém, a partir dessa visão dualista, Platão causou certa reper- cussão na sociedade, uma vez que houve uma tendência de valorizar mais o aspecto intelectual e desvalorizar o lado material, não enxer- gando o homem como um ser unificado, mas composto de duas partes separadas: a mente e o corpo. A partir da doutrina de Platão surgem as teorias inatistas, isto é, aquelas que avaliam que o conhecimento nasce com as pessoas. Para saber mais Inatismo é uma doutrina que defende a posição de que as ideias nascem naturalmente com as pessoas. O aprendizado, portanto, se daria sempre de “dentro” para “fora” de cada um. As teorias inatistas são aquelas que criam explicações e técnicas baseadas no pressuposto de que as ideias nascem com as pessoas (HOUAISS; VILLAR, 2009). Figura 1.2 | Platão Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escultura_Plat%C3%A3o.jpg. Acesso em: 30 jan. 2019. • Aristóteles (384-322 a.C.): aluno de Platão, porém, seu opositor, pois era contra a existência de teorias inatas e do mundo das ideias. Para ele, o indivíduo nasce como uma folha em branco, uma “tábula rasa”, e é por meio de suas experiências que vai adquirindo conhecimento, através dos sentidos. Assim, entendia o corpo e a mente como sendo inseparáveis. Aristóteles afirma que há alma em todos os seres vivos, inclusive nas plantas. Para ele, a alma seria o elemento que permite a presença de vida nos seres. Alma, nesse sentido, deriva do latim anima, que seria o equivalente a ânimo. Como Aristóteles teve muito interesse 12 por esse assunto, escreveu um tratado denominado De anima que, em português, seria o equivalente a “Sobre a alma” ou “Sobre a mente”. Esse tratado vai influenciar a cultura ocidental diretamente por mais de um milênio, pois descreve quais são as “potências” da alma, além de tratar de outros temas relevantes que hoje fazem parte das ideias da psicologia, tais como os sentidos, as sensações, a memória, a associação, o sono, entre outros. Para saber mais Platão deixou várias obras, muitas delas escritas em forma de diálogos, exercendo grande influência sobre vários pensadores. No total, a coleção de suas obras compreende 35 diálogos e 13 cartas. Algumas dessas obras são: Sobre a natureza do homem, Apologia de Sócrates, O banquete e A república. Figura 1.3 | Aristóteles Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica. Acesso em: 30 jan. 2019. Perceba que há 2300 anos, antes do surgimento da psicologia como área científica, já era possível identificar duas teorias: a platônica (que defendia a ideia da imortalidade da alma considerando-a como separada do corpo) e a aristoté- lica (que compreendia a alma como sendo imortal e pertencente ao corpo). Questão parareflexão Agora que você conhece o início dos questionamentos na área da psico- logia, que estão ligados à filosofia, a dúvida que surge é: qual foi a impor- tância dos filósofos para o desdobramento da psicologia enquanto área científica do saber? 13 1.2 Idade Média e o Período Teocêntrico Na Idade Média o homem deixa de ser o centro de tudo para que Deus e o Cristianismo possam assumir esse lugar. Essa nova ordem marca o início de uma nova era da história, o período cristão, cujo ápice foi a Idade Média. A esse novo período damos o nome de período Teocêntrico ou Teocentrismo (Théos, do grego, significa Deus, divindade), ou seja, Deus passa a ocupar o centro de toda a vida. Nessa fase, o clero (forma como era chamada a classe social dos repre- sentantes religiosos) era quem controlava a educação, as leis, as decisões dos reis, incluindo até decisões sobre guerras. Tudo era voltado para Deus e o clero era quem decidia o que se fazer ou não. Essa fase é marcada por dois importantes momentos: • Patrística (século IV-V): é o pensamento dos primeiros padres da Igreja. A preocupação central aqui era a luta contra a idolatria, o contrassenso, o pecado e a defesa dos dogmas cristãos. Seu maior representante foi Santo Agostinho, e, de acordo com ele, a criação surgiu do nada, sendo Deus o criador de tudo. Figura 1.4 | Santo Agostinho Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jesu%C3%ADno_do_Monte_Carmelo_(atrib.)_-_Santo_Agost- tinho.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019. Para saber mais Santo Agostinho foi um dos mais admiráveis filósofos e teólogos do Cristianismo. Foi bispo da cidade de Hipona e considerado o mais importante dos padres da Igreja no Ocidente. 14 • Escolástica (a partir do século IX): estavam mais preocupados em educar a população que já era cristã. Seu maior representante foi São Tomás de Aquino, que seguia as ideias de Aristóteles e, portanto, negava as ideias inatas, sobretudo aquelas acerca da criação. Além disso, considerava que a educação visava transformar os dons poten- ciais em realidades atuais, mas, para isso, tanto a figura do professor quanto a do aluno eram imprescindíveis (FREIRE, 2010). Figura 1.5 | São Tomás de Aquino Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santo_Tom%C3%A1s_de_Aquino_-_Antonio_del_Castillo_ Saavedra.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019. Assim, percebemos que a Idade Média não contribuiu muito para o avanço da área da Psicologia. Temos a Escolástica como principal momento dessa fase, entretanto, não estava preocupada em estudar a natureza e os atributos da alma e, quando o fazia, utilizava deduções lógicas com verdades previamente conhecidas, portanto, sem valor científico. Para saber mais Ficou interessado pela história dos filósofos? Sugerimos a leitura do livro de Ranieri Carli intitulado Antropologia filosófica. Nesse livro, o autor apresenta, de maneira bastante didática, a trajetória histórica, as diferentes fases e filósofos representantes de cada período. Vale a leitura! 15 CARLI, Ranieri. Antropologia filosófica. Curitiba: Editora Intersa- beres, 2012. Atividades de aprendizagem 1. Qual a diferença entre o pensamento dos três principais filósofos (Sócrates, Platão e Aristóteles) que antecederam o início da psicologia enquanto área científica do saber? 2. Durante a Idade Média, o homem deixa de ser o centro de tudo para que Deus e o Cristianismo possam assumir esse lugar. Na fase do teocentrismo, destacam-se dois momentos: a patrística e a escolástica. Qual a diferença entre esses dois períodos? 16 Seção 2 O surgimento da Psicologia como área científica Após anos de questionamentos filosóficos, a psicologia começa a se enveredar por outra área, seu interesse agora é trabalhar com questões que possam ser comprovadas cientificamente. Diante disso, surge um novo objeto de estudo para a psicologia, que deixa de ser o estudo da mente e passa a ser o estudo do comportamento e dos processos mentais. 2.1 O Renascimento e a Psicologia Quando a Idade Moderna se inicia (século XV), começa também uma reação ao pensamento dogmático que estava sendo vivenciado até então. Deus deixa de ser o centro de tudo (Teocentrismo) e revive-se o Antropocentrismo (Homem no centro de tudo), porém com outros questionamentos. Deve ficar bastante claro que a queda do Teocentrismo não quer dizer que o cristia- nismo tenha acabado, pelo contrário, ele continua existindo, mas não ocupa mais o centro de todos os questionamentos, como na Idade Média. Essa é a fase do Renascimento, uma época de muita riqueza cultural, intelectual, artística, religiosa e de muitos outros avanços para a humani- dade. O homem renascentista é aquele que, oprimido durante mil anos, de repente se vê livre para criar, dotado de grande capacidade racional e habili- dade manual. Diante disso, na Idade Moderna há uma nova atitude frente às formas de conhecimento, não mais aquela ordem inquestionável, deter- minada pelo destino, como no Teocentrismo, mas, sim, mudanças gerais em todas as áreas provocadas pelo Renascimento. Por exemplo: no plano geográfico, devido às grandes descobertas, houve grande expansão; o corpo deixou de ser sagrado e, agora, podia ser dissecado, avançando na área de ciências; no sistema econômico muitas coisas mudaram com a afirmação do mercantilismo; a psicologia, antes essencialmente filosófica, passa por um processo de reestruturação que a levará, mais adiante, a atingir o status de ciência (FREIRE, 2010). Assim, o que se pode afirmar é que a ciência chegou à Idade Moderna em um estágio primitivo de desenvolvimento: até então, seus estudos preocu- pavam-se apenas em levantar questionamentos, sem querer mensurá-los ou quantificá-los, ou seja, sem se importar com o “como” e o “porquê” das coisas, isso em decorrência da dominação da Igreja. Entretanto, com a chegada do Renascimento, outra visão começa a ser praticada, o interesse passa a ser sobre “o que conhecer” (conteúdo) e “como conhecer” (método). Assim, a 17 observação, a experimentação e a quantificação são utilizadas como meio de obter respostas. É o início do método científico. Essa época ficou conhecida como científica porque trouxe o desenvolvi- mento das ciências. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 35) apontam que: As ciências também conhecem um grande avanço. Em 1543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento humano mostrando que o nosso planeta não é o centro do universo. Em 1610, Galileu estuda a queda dos corpos, reali- zando as primeiras experiências da Física moderna. Esse avanço na produção de conhecimentos propicia o início da sistematização do conhecimento científico — começam a se estabelecer métodos e regras básicas para a construção do conhecimento científico. Para saber mais Nicolau Copérnico, astrônomo e matemático polonês, foi o respon- sável por desenvolver a teoria heliocêntrica, ou seja, a Terra deixa de ser o centro (como postulava a teoria Geocêntrica) e o Sol passa a ser o centro do Sistema Solar. Essa teoria foi considerada uma das mais importantes descobertas científicas de todos os tempos! Galileu Galilei também contribuiu muito para a evolução do conhecimento científico ao desvendar as leis da gravidade e melhorar significativamente o teles- cópio refrator. Dando continuidade aos avanços desse período devemos citar René Descartes (1596-1650), que foi responsável por iniciar a psicologia na fase pré-científica propriamente dita. O filósofo defende a ideia de que, antes de aceitarmos qualquer verdade, precisamos questionar. Sendo assim, a dúvida surge como o ponto principal de toda a sua argumentação e raciocínio – esse ilustre filósofo duvidou inclusive da própria existência. Sua famosa frase “penso, logo existo” demonstra que a existência se comprova através do pensa- mento, visto que, para o filósofo, sóhá dúvida porque existe um ser pensante. Descartes também retoma o questionamento do dualismo mente versus corpo (iniciado por Platão). De acordo com o autor, existiam duas partes no ser humano: • O reino físico, material: a matéria apresenta características físicas – massa, extensão no espaço e movimento. 18 • O reino imaterial, a mente: parte pensante; não apresenta massa e nem localização. É através da mente, ou seja, através da emoção, do instinto, da imaginação, que se influencia o corpo, alternando o rumo mecânico das atividades. Por fim, Descartes afirma que o corpo é apenas um mecanismo que recebe ordens da mente (ou alma). Para ele, isso acontecia através de uma glândula existente no cérebro, que ele denominou glândula pineal. Importante destacar que essa visão mecânica do corpo foi um impulso para a retomada de uma doutrina que irá compor o pensamento moderno: o mecanicismo. Isso implica que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. A partir desse seu posicionamento e da queda do Teocentrismo (quando o corpo deixa de ser sagrado), torna-se possível estudar o corpo humano morto, avançando, portanto, nas áreas da anatomia e fisiologia, que irão contribuir, futuramente, para o avanço da psicologia. Para saber mais Perceba que Descartes não acaba com o problema do dualismo mente- -corpo. Ele busca somente uma relação entre ambos, localizando-se entre o grupo do materialismo científico porque considera o corpo do homem como uma máquina, compreendida por um viés científico. Em seguida, devemos citar Charles Darwin (1809-1882), que causou grande revolução com sua teoria acerca da evolução das espécies (de acordo com a qual sobrevivem, na natureza, os mais aptos, isto é, aqueles que melhor se ajustam ao ambiente). Suas ideias são consideradas revolucionárias porque destronam o conceito de criação do mundo e de homem como centro de tudo (visão teocêntrica e antropocêntrica, respectivamente) e o homem passa a ser fruto de uma evolução. A partir de então, desperta-se o interesse pelo estudo da origem do homem e como este se desenvolve (evolução na área da genética). Diante disso, a psicologia ultrapassa a dimensão do homem em si e passa a considerar a ideia de um homem integral, que deve ser estudado em relação à sua história e ao seu ambiente (FREIRE, 2010). Ao longo dessa trajetória histórica percebemos que a psicologia foi sendo pensada de acordo com o momento histórico que a sociedade estava viven- ciando, além de ir ao encontro do desejo do homem em se conhecer cada vez mais. 19 Questão para reflexão Você deve estar se perguntando: tudo bem, já conhecemos a trajetória histórica da Psicologia, mas a partir de que momento ela se torna efeti- vamente científica? Vamos descobrir? 2.2 A Psicologia científica A psicologia sempre foi uma preocupação da humanidade, desde quando esteve ligada à filosofia até se tornar uma área científica, o que aconteceu no final do século XIX graças ao processo histórico daquele momento (queda do teocentrismo, sendo que o conhecimento passa a acontecer independen- temente da fé; surgimento do capitalismo com seus aspectos econômicos e industriais, entre outros), fazendo com que a ciência fosse cada dia mais requerida para responder aos questionamentos que estavam surgindo. Assim, a psicologia, que sempre esteve ligada aos filósofos e à filosofia, passa a trilhar outros caminhos, englobando novas áreas de estudo, como a fisiologia e a neurofisiologia, demonstrando que o pensamento, as percep- ções e os sentimentos humanos eram produtos do sistema nervoso central. Diante disso, Freire (2010, p. 52) ressalta: O estudo do sistema nervoso ocupou boa parte do interesse no séc. XIX. Investigou-se a sua estrutura e chegou-se ao conhecimento dos neurônios, agrupados em sinapses, dos axônios, das correntes elétricas, da massa cinzenta e branca, da mielinização da fibra nervosa, etc. A parte que mais chamou a atenção dos fisiologistas e anato- mistas foi o cérebro. Surgiram várias correntes buscando explicar as suas funções. Tentaram descobrir se cada função mental está localizada em uma parte determinada do cérebro ou depende da personalidade, como a amabilidade e a benevolência, com a forma do tecido nervoso. Os freno- logistas eram os mais interessados nesses estudos. Podemos perceber que o grande avanço do capitalismo sobre a socie- dade foi a criação das máquinas, que fez com que todo o universo passasse a ser pensado como uma máquina. Dessa forma, se quiséssemos conhecer o psiquismo humano seria importante conhecermos sua máquina de pensar, ou seja, seu cérebro. E é a partir de então que a psicologia passa a 20 se enveredar pelos ramos da fisiologia, neurofisiologia e neuroanatomia (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008). Assim, temos que as primeiras aplicações do método experimental à mente, isto é, ao novo objeto de estudo da psicologia, são fruto do trabalho de quatro cientistas: Hermann von Helmholtz, Ernst Weber, Gustav T. Fechner e Wilhelm Wundt, todos fisiologistas alemães e ávidos por ciência. Questão para reflexão Mas se a ciência estava se desenvolvendo muito na Europa ocidental, mais especificamente na Inglaterra, França e EUA, por que foi na Alemanha que a psicologia experimental se desenvolveu? Foi na Alemanha que os cientistas se preocuparam mais com os desdo- bramentos da ciência em si. Enquanto os cientistas da França e Inglaterra ainda estavam utilizando o estudo matemático dedutivo, os alemães já coletavam os dados observáveis de forma minuciosa e completa, utilizando a abordagem intuitiva. Além disso, foram os alemães que demonstraram maior interesse em explorar e mensurar todas as facetas da atividade mental (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013). Vamos conhecer agora os cientistas que deram início à psicologia enquanto ciência: • Hermann von Helmholtz (1821-1894): grande pesquisador nas áreas de física e fisiologia. Estudou os órgãos sensoriais humanos e concluiu que estes funcionavam como máquinas. Sua pesquisa englobou a velocidade do impulso neural e os estudos sobre a visão e audição. Para ele, o funcionamento do sistema nervoso se assemelhava ao de um telégrafo, então suas pesquisas pretendiam investigar como se dava essa transmissão. Importante destacar que seus estudos foram os primeiros passos na experimentação e medição de um processo psicofisiológico (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013). 21 Figura 2.1 | Hermann von Helmholtz Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hermann_von_Helmholtz.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019. • Ernst Weber (1795-1878): também se interessou por pesquisar os órgãos dos sentidos, mas não os superiores (como von Helmholtz), mas, sim, as sensações cutâneas e musculares. Mais ou menos na mesma época de von Helmholtz, Weber elaborou uma teoria que chamou de diferença mínima perceptível, ou diferença mínima signi- ficativa. Com esse estudo, criou um cálculo para saber o quanto é necessário de estímulo para que a pessoa perceba se houve realmente uma alteração. Por exemplo, se alguém está carregando 40 kg, quanto é preciso colocar de peso a mais para que essa pessoa perceba uma diferença? Weber também calculou o quanto de estímulo é necessário para que haja uma sensação, chamada de sensação mínima percep- tível (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013). Figura 2.2 | Ernst Weber Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ernst_Heinrich_Weber.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019. 22 • Gustav Theodor Fechner (1801-1887): deu continuidade aos estudos de Weber e queria calcular o ponto exato de união entre o físico e o psíquico. O ponto central de suas preocupações e de sua obra era encontrar a relação existente entre mente x corpo, físico x psíquico. Adota a ideia do paralelismo, considerando mente x corpo como sendo duas faces da mesma moeda. Fechner demonstra queexiste uma ligação entre esses dois mundos e é uma relação matemática, quantitativa. Para chegar a essa conclusão, fez diversas experiências, testando os processos psicológicos com os métodos das ciências exatas. Achava que as sensações só poderiam ser testadas através dos estímulos. Ao modificar um estímulo, aumentando-o ou diminuindo-o, este iria modificar, mais ou menos, as sensações (relação matemática). Aí estaria a chave das relações e da unidade mente x corpo. (FREIRE, 2010, p. 91) Os achados de Fechner foram sistematizados na obra Elementos de psicofísica, publicada em 1860, que, juntamente com o laboratório de Wundt, é considerada o início da ciência psicológica propria- mente dita. Fechner realizou diversos experimentos e, com isso, criou métodos de pesquisa e experimentação em psicofísica que acabaram por se tornar referência na área da psicologia psicométrica, ou seja, na aplicação de testes quantitativos para medir as características psicoló- gicas, tais como os testes de inteligência (também conhecidos como testes de QI), por exemplo (FREIRE, 2010). 23 Figura 2.3 | Gustav Theodor Fechner Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gustav_Fechner.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019. Para saber mais Psicofísica quer dizer o estudo da relação entre o mundo mental (psico) e o material (físico). Vale destacar que, no início do século XIX, Immanuel Kant, famoso filósofo alemão, alegava que a psicologia jamais poderia ser considerada uma ciência visto ser impossível mensurar os fenômenos psicológicos. Quando Fechner surge com seus estudos sobre a medição do fenômeno mental, a alegação de Kant deixa de ser levada a sério. Além disso, foi embasado nas pesquisas de Fechner que Wundt desenvolve sua teoria com a psicologia experimental (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013). • Wilhelm Wundt (1832-1920): “Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina acadêmica formal. Instalou o primeiro laboratório, lançou a primeira revista especializada e deu início à psicologia experimental como ciência” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 78). Em seu livro Elementos de psicologia fisiológica (1864) Wundt traz as raízes científicas e filosóficas da psicologia, ele [...] não só reúne, mas classifica e agrupa os elementos da vida mental, determina o seu objeto e objetivo, enuncia os seus princípios e os seus problemas, estabelece os métodos de estudo, enfim, estrutura e normatiza a psicologia. Com isso, dá-lhe, também, uma nova definição. A psicologia deixa de ser o estudo da vida mental e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes. Assim estruturada e sistematizada, a psicologia passa a ser uma 24 ciência autônoma, não mais um apêndice da filosofia ou da fisiologia. (FREIRE, 2010, p. 92) Em 1879, Wundt cria o primeiro laboratório para pesquisas psico- lógicas, com o objetivo de estudar os processos mentais através da experimentação e da quantificação, indo ao encontro do método científico. Mas quais métodos foram utilizados em seu laboratório de pesquisa experimental? Wundt utilizou a observação, a experimen- tação (para os estudos de conteúdos experimentais básicos, como a sensação e a associação), a quantificação, e também a introspecção (aspectos subjetivos). Seu objeto de estudo era a consciência. Wundt fazia uso dos métodos experimentais das ciências naturais para estudá-la. Para ele, os elementos da consciência não eram estáticos e não se uniam passivamente quando havia algum processo de associação. Wundt defendia a ideia de que a consciência era ativa ao organizar seu próprio conteúdo, sendo que esta deveria ser estudada em seu todo, e não simplesmente separando seus elementos, seu conteúdo ou sua estrutura. Outro ponto estudado por Wundt diz respeito à experiência mediata e imediata: ele acreditava que os psicólogos deveriam focar seus estudos na experiência imediata, que é caracterizada como sendo aquela que “[...] não sofre nenhum tipo de influência e interpreta- ções pessoais” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 84). Por outro lado, a experiência mediata é aquela que nos fornece informações acerca de qualquer coisa, a não ser sobre os elementos dessa experiência, enquanto a experiência imediata é aquela em que damos a nossa inter- pretação. Para Wundt, “[...] ao descrevermos a sensação de descon- forto provocada por uma dor de dente, relatamos a nossa experi- ência imediata. No entanto, se apenas dissermos: ‘Estou com dor de dente’, referimo-nos somente à experiência mediata” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 84). Assim, podemos afirmar que Wundt entendia sua psicologia como sendo a “ciência da experiência consciente” (SCULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 85). Ele alegava que o método de observação da experiência consciente deveria ser a introspecção, isto é, a autoanálise da mente com a finalidade de examinar os pensamentos e sentimentos indivi- duais, nada mais do que um autoexame do estado mental. 25 Com relação à questão mente versus corpo, Wundt encontrava-se no paralelismo psicofísico, ou seja, afirmava que há uma mesma causa que opera tanto na esfera dos fenômenos psíquicos como na dos físicos. Para ele, tanto os processos mentais como os corporais e fisiológicos acontecem paralelamente, sem interferência mútua. Figura 2.4 | Wilhelm Wundt Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wilhelm_Wundt.jpg. Acesso em: 1 fev. 2019. Questão para reflexão A quem devemos atribuir os méritos pela fundação da psicologia enquanto área científica? A Fechner (que escreveu a primeira obra siste- matizando os conceitos da psicologia) ou a Wundt (que foi o fundador do primeiro laboratório de psicologia experimental)? Wundt é considerado o pai da psicologia científica, e não Fechner! Isso porque Fechner, ao publicar sua obra Elementos de psicofísica, cerca de 15 anos antes de Wundt iniciar seus estudos no laboratório de psicologia experi- mental, não estava preocupado em fundar uma nova ciência, na verdade, ele queria apenas compreender a relação entre os universos mental e material através da descrição científica dos fenômenos. Por outro lado, Wundt estava disposto a fundar uma nova ciência independente. É importante destacar que “[...] embora Wundt seja considerado o fundador da psicologia, ele não foi seu criador. A psicologia é o resultado de uma longa sequência de esforços criativos” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 79). Questão para reflexão Qual a importância trazida pelo primeiro laboratório de psicologia experimental para a área da psicologia? 26 Quando Wundt cria o primeiro laboratório, ele estrutura e normatiza a psicologia. Com isso, ele também lhe dá uma nova definição: a psicologia deixa de ser o estudo da alma, da mente, e passa a ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes. Ou seja, atribui-se à psicologia o status de ciência autônoma, não sendo mais um complemento da filosofia ou da fisiologia (FREIRE, 2010). Quadro 1.1 | Raízes da psicologia – quadro sintético Psicologia Filosófica ou Pré-Científica Psicologia Científica Idade Antiga Idade Média Idade Moderna Idade Contem- -porânea Período Cosmoló- gico Período Antropocêntrico Período Teocêntrico Período Antropocêntrico Busca entender e explicar o cosmo Preocupação: Conhecer o homem – seus processos mentais – sua integração social Preocupação: submeter o saber à fé cristã Reação à tendência dogmática do pensa- mento Nasce a psicologia 1879 Reestrutu- -ração da psicologia VI a.C. IV a.C. I V XVIII XVIII xx... Fonte: Freire (2010, p. 21). Atividades de aprendizagem 1. Com o início da Idade Moderna e do Renascimento, vivencia-se uma época de muita riqueza cultural, intelectual, artística, religiosa e de muitos avanços. Nessa época, surge a figura de René Descartes. Qual a explicação deDescartes para o funcionamento e a interação mente versus corpo? 2. Após os avanços que surgiram a partir da criação da máquina, o mundo passou a ser pensado de outra maneira. Assim, se quiséssemos conhecer o homem, precisaríamos conhecer a sua máquina de pensar, ou seja, o seu cérebro. A partir de então, a psicologia passa a se aliar aos ramos da fisio- logia, neurofisiologia e neuroanatomia. Surgem quatro fisiologistas alemães buscando aplicar o método experimental ao estudo da mente. Quem são esses quatro cientistas? 27 Fique ligado É importante que você conheça os principais filósofos (Sócrates, Platão e Aristóteles), pois foram eles que iniciaram os primeiros questionamentos acerca do estudo da alma. Após passarmos pela Idade Moderna e suas evolu- ções, chegamos à era científica propriamente dita, em que Wundt surge com o primeiro laboratório de psicologia experimental, incluindo, assim, a psico- logia na área científica do saber. Para concluir o estudo da unidade Chegamos ao fim da nossa unidade. Esperamos que você tenha gostado e que tenha aprendido sobre o início da psicologia, sua trajetória histórica e a mudança em seu objeto de estudo. Caso queira aprofundar seus estudos nessa área, sugerimos a leitura do livro Raízes da psicologia, da autora Izabel Freire (editora Vozes), que trata desse processo histórico de maneira bem didática. Atividades de aprendizagem da unidade 1. Leia o trecho a seguir: É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar um pensamento sobre o espírito humano, ou seja, a interioridade humana. O próprio termo psico- logia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão. A alma ou espírito era concebida como parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor, ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 33) Assim, acerca da psicologia enquanto área ligada à filosofia, relacione as colunas a seguir: 1. Sócrates. 2. Platão. 3. Aristóteles. 28 ( ) Afirmava que há alma em todos os seres vivos, inclusive nas plantas. Para ele, a alma seria o elemento que permite a presença de vida nos seres. ( ) Acreditava que o meio que nos cerca apresenta um conhecimento imper- feito, isso porque chega até nós através dos órgãos dos sentidos e, portanto, está sujeito a ilusões. Somente seria possível o conhecimento do próprio eu. ( ) Para ele, o homem apresenta uma parte imaterial (a mente) e uma parte material (o corpo), por isso, é um ser dualista. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da associação entre as colunas. a. 1 - 2 - 3. b. 1 - 3 - 2. c. 2 - 1 - 3. d. 2 - 3 - 1. e. 3 - 1 - 2. 2. Leia o trecho a seguir: A filosofia cristã, tendo Jesus Cristo como modelo e a Sagrada Escritura como paradigma de todas as verdades, espalhava-se e dominava, pouco a pouco, todos os impérios da época. Ela se afirmou de tal forma que marcou (aliada a outros fatores) o início de uma nova era da história, o período cristão, cujo apogeu foi a Idade Média. Foi destro- nada, assim, a filosofia antiga e o antropocentrismo. O período passou a ser teocêntrico (do grego “théos”, que quer dizer Deus, divindade). (FREIRE, 2010, p. 44) O período teocêntrico passa por dois momentos: a patrística e a escolástica. Sobre esses períodos, analise as alternativas a seguir e assinale a correta: a. A patrística tem como seu maior representante a figura de São Tomás de Aquino. b. A patrística tem como preocupação central aliar os conceitos trazidos por Aristóteles à religião, visando adaptá-los às leis cristãs. c. A escolástica tem como seu maior representante a figura de Santo Agostinho. 29 d. A escolástica visava educar a população que já era cristã. e. A patrística preocupava-se em unir o saber à fé cristã. 3. Leia o trecho a seguir: Após anos de questionamentos filosóficos, a psicologia começa a se enveredar por outra área, seu interesse agora é trabalhar com questões que possam ser comprovadas cienti- ficamente. Diante disto, surge um novo objeto de estudo para a área da psicologia, que deixa de ser o estudo da mente e passa a ser o estudo do comportamento e dos processos mentais. (JACÓ-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2018) A quem devemos atribuir os méritos pela fundação da psicologia enquanto área científica? a. Descartes. b. Von Helmholtz. c. Weber. d. Fechner. e. Wundt. 4. Gustav Theodor Fechner (1801-1887) deu continuidade aos estudos de Weber e queria calcular o ponto exato de união entre o físico e o psíquico. Fechner realizou diversos experimentos e, com isso, criou métodos de pesquisa e experimentação em psicofísica que acabaram por se tornar referência na área da psicologia psicométrica. Os achados de Fechner foram sistematizados em uma obra que é considerada o “pontapé” inicial da psicologia enquanto ciência. Como é chamada essa obra? Assinale a alternativa correta: a. Elementos de psicofísica. b. Elementos de psicologia fisiológica. c. Elementos de psicologia. d. Psicologia e seus elementos. e. Psicofísica aplicada. 30 5. Leia o trecho a seguir: Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina acadê- mica formal. Instalou o primeiro laboratório, lançou a primeira revista especializada e deu início à psicologia experimental como ciência. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 78) Em sua obra, denominada Elementos de psicologia fisiológica (1864), Wundt traz as raízes científicas e filosóficas da psicologia. De acordo com as pesquisas de Wundt, assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas: ( ) Em 1879, Wundt cria o primeiro laboratório para pesquisas psicológicas com o objetivo de estudar os processos mentais através da experimentação e da quantificação, indo ao encontro do método científico ( ) Como métodos de pesquisa experimental, Wundt utilizou a observação, a experimentação, a quantificação, e também a introspecção (aspectos subjetivos). ( ) Wundt tinha, como objeto de estudo, a consciência. Para ele, os elementos da consciência não eram estáticos e não se uniam passivamente quando havia algum processo de associação. Assinale a alternativa que traz a sequência correta: a. V - V - V. b. V - V - F. c. V - F - V. d. F - V - F. e. F - F - V. Referências BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da psicologia. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2018. SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Anotações Unidade 2 Principais matrizes teóricas e as relações entre: indivíduo, grupo e sociedade Objetivos de aprendizagem Nesta unidade iremos compreender a vertente científica da psicologia, diferenciando-a do senso comum. Em seguida, entenderemos o desenvolvi- mento das escolas psicológicas a partir da fase científica iniciada por Wundt. Assim, estudaremos a primeira sistematização psicológica, o Estruturalismo, e a escola iniciada nos Estados Unidos, o Funcionalismo, além de enten- dermos acerca das áreas de interesse da Psicologia. Diante disso, compreen- deremos a estruturação da Psicologia Social e seu objeto de estudo. Seção 1 Ao longo dessa seção estudaremos a diferenciação entre a ciência psicológica e a psicologia do senso comum, ou seja, aquela praticada no nosso dia a dia. Seção 2 Nessa seção abordaremos a estruturação das primeiras escolas psicoló-gicas: o Estruturalismo e o Funcionalismo. Seção 3 Nessa seção o psiquismo humano será observado e realizaremos uma aproximação com a psicologia social, isto é, com os indivíduos, os grupos e a sociedade em si. Introdução à unidade Na Unidade 1 estudamos sobre o histórico da Psicologia: falamos sobre os filósofos que deram o pontapé inicial para o estudo dessa nova área e, a partir desse referencial histórico, foi possível compreender como aconteceu o desenvolvimento da psicologia enquanto área científica. Ao longo desta unidade o foco de estudo será o social e a ciência psico- lógica. Entretanto, antes de entrarmos nesse tema específico, torna-se necessário fazermos a distinção entre a psicologia que utilizamos no nosso cotidiano e a psicologia enquanto ciência, que é aquela que pode ser compro- vada, reproduzida. Dando continuidade à perspectiva histórica da psicologia enquanto área científica, estudaremos sobre as primeiras escolas psicológicas que surgiram, o Estruturalismo e o Funcionalismo, e entenderemos que foi por intermédio dessas duas principais escolas teóricas que a psicologia pôde ser desenvolvida e que as diversas áreas de atuação foram surgindo. Mais adiante falaremos especificamente sobre a psicologia social, apresen- tando, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos dessa ciência. Essa área de estudo irá contribuir para a compreensão do comportamento dos indivíduos, suas interações e o processo grupal. Será abordado também o tema da formação do psiquismo humano e de que maneira essa formação está ligada aos grupos dos quais fazemos parte. Além disso, entenderemos a necessidade de estudar o indivíduo no seu contexto social, e não somente de maneira individualizada. Questão para reflexão A psicologia surgiu ligada à área da Filosofia, com questionamentos específicos acerca de um tema, que se alterava conforme o período histórico. Com o passar do tempo, se desenvolveu e se transformou em uma área científica, e, nos dias de hoje, apresenta várias áreas de abran- gência, sendo que a Psicologia Social é apenas uma delas. Diante disso, o que você acha que a Psicologia Social estuda? Ou seja, qual é a sua principal preocupação? 35 Seção 1 A estruturação da psicologia no século XX Foi somente no início do século XX que surge a área científica da Psicologia, entretanto, mesmo com caráter científico, ainda há confusão em relação à psicologia do cotidiano, ou seja, até que ponto a psicologia que estamos habituados a fazer uso não é científica? Faremos uma breve diferen- ciação entre a área científica da psicologia e sua vertente do senso comum para que essas duas áreas fiquem claras e para que possamos dar continui- dade à nossa trajetória histórica. 1.1 A psicologia do senso comum versus a psicologia en- quanto ciência Ao longo do nosso dia fazemos uso da psicologia sem sequer nos darmos conta. Quando ouvimos um rapaz tentando seduzir uma garota, percebemos que ele faz uso de sua psicologia para poder chamar a atenção dela. Quando um vendedor faz a sua propaganda para vender seus produtos, afirmamos que ele faz uso de sua psicologia para poder atrair seus clientes. Quando estamos com um problema e procuramos um amigo para nos ouvir, afirmamos que ele usa de sua psicologia para nos entender e ajudar. Questão para reflexão Mas será dessa psicologia que os psicólogos fazem uso para desen- volver seu trabalho? Certamente não! A essa psicologia que utilizamos no nosso cotidiano damos o nome de senso comum. A psicologia utilizada pelos psicólogos é a psicologia científica. 1.2 A psicologia do senso comum Psicologia do senso comum é aquela que utilizamos no nosso dia a dia. Como assim? Quando falamos de cotidiano, estamos nos referindo à nossa vida, aos fatos que nos acontecem diariamente, ou seja, nossa reali- dade. Entretanto, temos ainda a ciência, que faz referência ao fato real, abstraindo a realidade para poder compreendê-la da melhor forma possível. “Para compreender isso melhor, pense na abstração (no distanciamento e no trabalho mental) que Newton teve de fazer para, partindo da fruta que caía 36 da árvore (fato do cotidiano), formular a lei da gravidade (explicação cientí- fica)” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 17). O conhecimento que utilizamos na nossa vida diária faz uso de muitos recursos (por vezes utilizamos a tradição de nossos ancestrais, outras vezes agimos baseados em teorias científicas, etc.), entretanto, esse também é um conhecimento improvisado, que demanda uma resposta imediata. Por exemplo, um jovem sai para a “balada” e acorda, no dia seguinte, com muita dor de cabeça e indisposição estomacal. A avó informa-lhe que deverá tomar um chá de boldo, caso queira melhorar desse incômodo. Entretanto, ela não conhece os princípios do boldo, não sabe qual o efeito deste sobre as doenças hepáticas, apenas sabe, sem nunca ter estudado esse tema de maneira aprofundada (somente de acordo com seus antepassados) que isso fará bem. Esse é o conhecimento da nossa vida, que acontece de acordo com nossas experiências, que vamos adquirindo ao longo do nosso cotidiano. Esse é o senso comum. Para saber mais Podemos definir o conhecimento do senso comum como aquele que nos chega através das nossas experiências de vida, do nosso dia a dia. É um conhecimento intuitivo, baseado em tentativa e erro, espontâneo. Assim, a fim de facilitar nossa vida, o senso comum oferece hipóteses visando auxiliar o cotidiano: nossos pais nos ensinaram a atravessar a rua, aprendemos, por exemplo, que se jogarmos algo, isto cairá, que um carro conduzido de maneira veloz chegará rapidamente até nós. 1.3 A psicologia enquanto área científica Entretanto, apenas a noção que temos do dia a dia, que é intuitiva, não seria suficiente para podermos evoluir e dominar a natureza. Então, conforme o tempo foi passando, verificamos uma especialização desse conhecimento para que pudéssemos evoluir. Chamamos esse conhecimento de ciência. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 20) afirmam que: A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (que chamamos de objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos 37 apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desen- volvido. O saber científico é um processo, pois é capaz de produzir conhecimentos novos a partir de algo antes pensado, em que se nega algo, descobre-se algo novo, reafirma-se algo, avançando com a ciência. Ou seja, esse saber científico avança à medida que os problemas se apresentam na nossa vida diária. Além disso, outra característica marcante da ciência é que ela visa à objetividade, portanto, precisa ser provada, comprovada, validada, isenta de emoções. Para que um conhecimento se torne científico, é necessário que haja um “objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas especí- ficas, processo cumulativo do conhecimento e objetividade [...]” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 20). Questão para reflexão Vimos que a psicologia é uma área científica, ou seja, pode ser compro- vada. Mas e quanto ao seu objeto de estudo? Sobre o que ela trata? A Psicologia tem como foco o homem, entretanto, esta é também a sua grande dificuldade, visto que o homem é um ser histórico, mas que está em constante mudança. Além disso, o ser estudado confunde-se com o ser em estudo, isto é, o pesquisador (ser humano) confunde-se com seu objeto a ser estudado (ser humano), diferentemente de uma áreacientífica exata em que um pesquisador da matemática (ser humano) está analisando cálculos (objeto), por exemplo. Envolvida no termo “ser humano”, a psicologia possui uma gama de campos de estudo, pois cada ramo de estudo dá um enfoque diferente para o homem (trabalho com o inconsciente, ou o comportamento, ou a consci- ência, entre outros). Entretanto, independentemente dos ramos, a psico- logia possui uma matéria-prima, a subjetividade, que é estudada para que possamos compreender todo o contexto da vida. Mas o que o termo subjetividade envolve? A subjetividade abrange o ser humano em todas as suas facetas, as observáveis (o comportamento) e as não observáveis (os sentimentos), as particulares (somos o que somos) e as gerais (somos todos seres humanos), ou seja, a subjetividade é tudo aquilo que somos e que vamos nos tornando a partir das experiências acumuladas 38 ao longo de nossas vidas, seja social ou culturalmente: por um lado ela nos identifica porque somos únicos e, por outro, nos iguala porque somos seres sociais, em constante interação. Iremos conversar mais sobre este tema na Seção 3. Atividades de aprendizagem 1. Qual a diferença entre a psicologia que utilizamos no nosso cotidiano e a psicologia enquanto área científica? 2. Apenas o entendimento do nosso dia a dia, que é um conhecimento intuitivo, não bastaria para podermos evoluir e dominar a natureza. Então, com o passar do tempo, fomos “refinando” esse conhecimento para que pudéssemos evoluir. A esse tipo de saber damos o nome de ciência. Como podemos definir a ciência? 39 Seção 2 A estruturação da psicologia no século XX O século XX traz em seu bojo o estudo, o reconhecimento, a análise e a crítica da nova ciência que estava se estruturando: a psicologia. Com esse tronco já iniciado por Wundt, novas escolas começam a surgir caracteri- zando o que seria a psicologia dali em diante. Cada uma dessas novas escolas organizava-se por seus conteúdos específicos e pelos métodos que empre- gavam no desenvolvimento de suas atividades. Vamos conferir? 2.1 O Estruturalismo O maior representante do Estruturalismo foi Edward Bradford Titchener (1867-1927). Titchener nasceu na Inglaterra, realizou seu doutorado em Leipzig (Alemanha) e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Seu maior mestre foi Wundt. Figura 2.1 | Edward B. Titchener Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edward_Bradford_Titchener.jpg. Acesso em: 26 fev. 2019. Assim como Wundt, Titchener define a psicologia como sendo a ciência da consciência ou da mente. Ou seja, para ele, a psicologia estava preocupada com a experiência consciente que depende do indivíduo que a está viven- ciando. Schultz e Schultz (2013, p. 111) afirmam que: Tanto a física como a psicologia podem estudar a luz e o som. Enquanto os físicos examinam os fenômenos do ponto de vista dos processos físicos envolvidos, os psicólogos 40 analisam a luz e o som com base na experiência e na obser- vação humanas desses fenômenos. Assim, para Titchener, a experiência consciente é o único enfoque adequado para a pesquisa psicológica, além disso, o psicólogo admitia ainda que a finalidade específica da psicologia seria descobrir os fatos estruturais da mente. Questão para reflexão Titchener foi um seguidor de Wundt, seu foco de estudo aproxima-se do de se seu mestre, porém, com as devidas alterações. Qual é o objeto de estudo do Estruturalismo? Para o Estruturalismo a psicologia seria a ciência da consciência ou da mente, porém, Titchener fazia uma distinção entre mente e consciência: afirmava que a mente seria a soma total dos processos mentais, enquanto a consciência seria a soma das experiências conscientes em determinado momento. Então, a consciência e a mente seriam semelhantes, sendo que a consciência envolveria os processos mentais que acontecem em determinado momento e a mente, o total desses processos. Titchener afirma que, para descobrir quais são os elementos que consti- tuem a mente, a ciência deveria recorrer a três questões referentes ao seu objeto: “o que é?”, “como?” e “por quê?”, mas considera que toda a vida psíquica é constituída através dos seguintes elementos: as sensações, as imagens e os estados afetivos. As sensações são elementos básicos da percepção e estão presentes nos sons, nas visões, nos cheiros e nas outras experiências provocadas pelos objetos físicos do ambiente. As imagens são elementos das ideias e estão no processo que reflete as experiências não realmente presentes no momento, como a lembrança de uma experiência do passado. Os estados afetivos, ou as afeições, são elementos da emoção e encontram-se nas experiências como o amor, o ódio e a tristeza. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 115) Afirma ainda que, para chegar a esses elementos, deve-se empregar o método da introspecção (FREIRE, 2010). Esse método já era defendido por Wundt, entretanto, Titchener empregava a introspecção no sentido da 41 auto-observação em que observadores treinados de maneira rigorosa descre- veriam os elementos em seu estado consciente, ao invés de relatar apenas o estímulo observado ou percebido. Sendo assim, podemos resumir o sistema criado por Titchener da seguinte maneira: objeto de estudo – a consciência; método de estudo – a introspecção; a finalidade – descobrir “o quê?”, “como?” e “por quê?” de seus elementos. Para saber mais Titchener publicou várias obras, entre elas: An outline of psychology (1896), Primer of psychology (1898) e, em quatro volumes, Experimental psychology: a manual of laboratory practice (1901-1905). Estes últimos, mais conhecidos como Manuals (Manuais), incentivaram o trabalho de laboratório da psicologia nos Estados Unidos e influenciaram a geração dos psicólogos experimentalistas. 2.2. O Funcionalismo Foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente norte-americano. Pode ser entendido como um protesto à psicologia experimental de Wundt e à psicologia estrutural de Titchener, que eram consideradas limitadas demais. Questão para reflexão O funcionalismo surge em oposição às teorias de Wundt e Titchener, pois acreditava que essas escolas de pensamento não poderiam responder às questões específicas do funcionalismo. Aliás, qual era a preocupação central do funcionalismo? O funcionalismo não estava preocupado em estudar a composição da mente, ou seja, seus elementos mentais ou sua estrutura, mas, sim, buscava entender as funções e os processos que levam o indivíduo a ter determinadas atitudes na vida real. Para tanto, fazia uso dos principais questionamentos: “o que a mente faz?”, “como age?”, na verdade, os funcionalistas estavam interes- sados em entender para que serve e qual a função da mente. A psicologia desenvolvida pelos funcionalistas referia-se ao estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio, isto é, a consciência, para eles, é um instrumento destinado a resolver problemas, ou seja, não estavam preocupados em conhecer sua estrutura, mas em compreender como ela se adapta. 42 Os precursores do Funcionalismo foram as ideias de Charles Darwin sobre a evolução das espécies, a psicologia do ato e a fenomenologia e o naturalismo de Rousseau. Entretanto, quem lançou suas bases foi William James. Este não foi o fundador da psicologia funcional, mas influenciou o movimento funcionalista, inspirando os futuros psicólogos. Figura 2.2 | William James Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:William_James_b1842c.jpg. Acesso em: 2 mar. 2019. No livro Os princípios da psicologia, James apresenta a ideia central do Funcionalismo: [...] a psicologia não tem como meta a descoberta dos elementos da experiência, mas o estudo sobre a adaptação dos seres humanos ao seu meio ambiente. A função da nossa consciência é guiar-nos aos fins necessáriospara a sobrevivência. A consciência é vital para as necessidades dos seres complexos em um ambiente complexo; de outra forma, a evolução humana não ocorreria. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2013, p. 161) Importante destacar que James não considerava as pessoas totalmente como seres racionais, ele também dava ênfase aos aspectos não racionais da natureza humana, alegava que as pessoas eram compostas de emoção e paixão, e também de pensamento e razão. Além disso, enfatizava o fato de a condição física afetar o intelecto, dos fatores emocionais determinarem as crenças e das necessidades e desejos humanos influenciarem a formação da razão. 43 Após a estruturação dessas primeiras escolas psicológicas – o Estruturalismo e o Funcionalismo – inicia-se um período de desenvolvi- mento de outras teorias psicológicas que perduram até os dias de hoje, como exemplo temos: • Behaviorismo: também conhecido como a psicologia do compor- tamento. Nasceu com Watson, nos Estados Unidos, e teve Skinner como seu maior representante. • Gestalt: também denominada psicologia da forma. Surgiu na Alemanha em oposição ao Estruturalismo e ao Behaviorismo. Os primeiros conceitos foram elaborados por Max Wertheimer e, poste- riormente, foram ampliados por Koffka e Köhler. • Psicanálise: ou psicologia do inconsciente. Desenvolvida por Sigmund Freud visando se opor às ideias de Wundt e de Titchener. Foi a escola que mais se distanciou das demais, pois preocupava-se com as pessoas com perturbações mentais, de maneira especial aquelas acometidas pela histeria, assunto que, até então, havia sido despre- zado pelas outras escolas. Para saber mais Além das teorias citadas aqui, muitas outras existem, como a Psico- logia Humanista, a Psicologia Cognitiva, entre outras. O importante é destacar que o psicólogo, ao se formar, precisa escolher uma dessas abordagens para seguir, ou seja, não existe teoria “melhor” ou “pior”, existem diversas áreas de estudo em psicologia e cada um escolhe de acordo com seus princípios e valores. Assim, a partir do século XX temos o crescimento da psicologia com o surgimento das novas metodologias de pesquisa, novos campos de atuação e novas abordagens para estudo do comportamento e dos processos mentais. Atualmente, a psicologia pode ser apresentada em diferentes áreas de atuação profissional e campos de estudo. Entre estes, temos: • Psicologia do desenvolvimento: área de estudo da psicologia interes- sada no desenvolvimento e formação dos seres humanos, desde a fecundação até a velhice. • Psicologia da personalidade: o interesse aqui são as possíveis diferenças em relação aos traços de personalidade, por exemplo, ansiedade, sociabilidade, autoestima e agressividade. Os estudiosos dessa área querem compreender quais os motivos que levam algumas 44 pessoas a serem mais explosivas, nervosas, enquanto outras são mais tranquilas e alegres. • Psicologia clínica: uma das possíveis áreas de atuação da psicologia. Os terapeutas preocupam-se em entender de onde surgiu e qual o tratamento de uma questão de ordem psicológica, visando a saúde mental do paciente (cliente). Podem atuar em consultórios particu- lares, hospitais, ambulatórios, centros de saúde, etc. • Psicologia organizacional: é o campo de atuação da psicologia voltado para o trabalho em empresas e organizações, visando melhorar a produtividade e as condições de trabalho dos funcionários, além de atuar nos processos de seleção e treinamento destes. • Psicologia social: é uma das áreas de estudo da psicologia. Sua preocupação central é a relação que os indivíduos mantêm com o coletivo no qual estão inseridos, ou seja, os psicólogos sociais estão preocupados em saber como as pessoas influenciam umas às outras no contexto da sociedade. Essa ainda é uma área jovem, seus primeiros experimentos foram relatados há pouco mais de um século (1898), sendo que os primeiros textos da psicologia social datam de 1900. A psicologia social está situada na fronteira entre a psicologia e a sociologia: quando a comparamos à sociologia (que é o estudo das pessoas em grupos e sociedades), a psicologia social tem seu foco nos indivíduos e usa mais a experimentação; quando comparada à psicologia da personalidade, a psicologia social foca-se menos nas diferenças individuais e mais em como os indivíduos veem e influen- ciam uns aos outros. Questão para reflexão Quais são os principais temas de domínio da psicologia social? Quais conceitos estão na lista de grandes ideias da psicologia social? A psicologia social estuda nosso pensamento, nossa influência e nossos relacionamentos. Então, podemos defini-la conforme a figura a seguir: 45 Figura 2.3 | Psicologia social é: Da influência social • Cultura • Pressões para se conformar • Persuasão • Grupo de pessoas Das relações sociais • Preconceito • Agressão • Atração e intimidade • Ajuda Do pensamento social • Como percebemos a nós mesmos e aos outros • Em que acreditamos • Julgamentos que fazemos • Nossas atitudes Psicologia social é “o estudo científico” ... Fonte: Myers (2014, p. 28). Atividades de aprendizagem 1. Wundt define a psicologia como sendo a ciência da consciência ou da mente, mas, de acordo com o Estruturalismo, como a psicologia é definida? 2. O Funcionalismo foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente norte-americano. Pode ser entendido como um protesto à psicologia experi- mental de Wundt e à psicologia estrutural de Titchener, que eram conside- radas limitadas demais. Qual a preocupação central do Funcionalismo? 46 Seção 3 O psiquismo humano e sua relação com a Psicologia Social Com o surgimento da psicologia social temos o estudo científico do pensamento social, da influência social e das relações sociais. Diante disso, vários questionamentos passam a ser elaborados, tais como: quem é o indivíduo? Qual a sua ligação com os grupos e a sociedade? Aqui, compreen- deremos o tema central da psicologia social, além de fazermos uma reflexão sobre a formação do psiquismo humano e sua relação com o contexto social em que o indivíduo se encontra inserido. 3.1 O que estuda a Psicologia Social? Silvia Lane, estudiosa da psicologia social no Brasil, afirma que toda psico- logia é social. Não no sentido de reduzirmos as áreas específicas da psicologia à psicologia social, mas de destacarmos a importância da natureza histórico- -social do ser humano em virtude da análise do seu comportamento. Assim, podemos compreender que todo indivíduo é um ser social e histórico: Ao declaramos que o homem é um ser histórico, estamos afirmando que a sua relação com o meio ambiente se dá de maneira permeada socialmente. No dizer de Engels, o único fato histórico que existe é que o homem precisa sobreviver. E o que muda não é que se produz num deter- minado período histórico, são as relações de produção, são as relações sociais que permeiam ou que significam stricto sensu, a relação entre homens. (CODO, 1984, p. 140) Diante disso, a psicologia social pode ser definida como a área da psico- logia que busca compreender o encontro social, isto é, a interação dos indiví- duos e suas relações. Assim, seu objeto de estudo pode ser entendido como a interação social e suas dinâmicas interdependentes, que procura entender a natureza social do fenômeno psíquico (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Quando duas ou mais pessoas iniciam uma comunicação, tem início uma ação recíproca em que ideias, sentimentos ou atitudes provocarão reações mútuas que poderão alterar o comportamento de todos. Assim, as 47 pessoas influenciam e sofrem influência dos outros: dizemos que há uma interação social. Além disso, as interações são a base de toda a organização e estrutura social e podem acontecer de duas formas: com a proximidadefísica entre duas ou mais pessoas ou pelos meios de comunicação, ou seja, pela televisão, pelo rádio, pelos livros, etc., que são instrumentos para que essa comuni- cação aconteça de maneira recíproca – quem produz a informação influencia quem a recebe e vice-versa. Questão para reflexão E a internet? Também é um meio de comunicação que promove a interação? A internet é um meio de comunicação, porém um tanto diferente, pois permite a influência mútua entre dois ou mais indivíduos. As redes sociais, por exemplo, são novas maneiras de interação e geram fenômenos sociais significativos, capazes de provocar alterações no cotidiano da vida das pessoas. Assim, damos o nome de relação social às diferentes maneiras que a interação social pode assumir. 3.2 A atividade humana e a formação do psiquismo Nesse sentido, o foco da psicologia social é a interação social e duas dinâmicas interdependentes, a fim de poder entender a natureza social do fenômeno psíquico. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 22-23) vão afirmar que a subjetividade humana surge do contato entre os homens e dos homens com a natureza, ou seja, temos um mundo interno que se estrutura conforme nossas relações sociais. O estudo do psiquismo humano deve buscar compreender como se dá a construção desse mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo homem. Assim, o mundo objetivo não é mais tido como um fator de influ- ência, mas como um fator constitutivo para o desenvolvimento da subjeti- vidade. Isto é, não nascemos homem ou mulher, mas, sim, nos tornamos homem ou mulher pelo que aprendemos com as gerações passadas, com nossa história, com nosso contexto social. Torna-se necessário esclarecer que não somos seres estáticos, passivos, mas indivíduos que estão em constante movimento, transformação, agentes ativos da própria história. A atividade do homem, o que ele executa, tem relação com a formação do seu psiquismo, ou seja, é através da atividade que o homem se apropria do mundo, é a atividade a encarregada de proporcionar a transição do que está fora do homem para dentro dele. 48 Segundo a Psicologia Social, a formação do mundo interno baseia-se no que o indivíduo internaliza em suas atividades, seja explorando o ambiente ao seu redor, seja conversando com as pessoas, seja trabalhando: tudo é trans- formado em ideias, em imagens que passam a habitar seu mundo interno. Ao transformar o mundo conforme nossas necessidades, estamos construindo a nós mesmos, pois estamos atuando e alterando o mundo exterior. 3.3 A construção da subjetividade humana Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 22-23) apontam que: A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências de vida social e cultural; é uma síntese que de um lado nos identifica, por ser única; e de outro lado nos iguala, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Essa síntese – a subjetividade – é o mundo das ideias, significados e emoções construído inter- namente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. A subjetividade é a forma como as pessoas sentem, sonham, pensam, se comportam – é algo individual, entretanto, ela não nasce com o indivíduo: ele vai construindo sua subjetividade aos poucos, em consonância com suas vivências do mundo. Assim, ao construir e transformar o mundo (externo), o homem cria e altera a si próprio (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Temos então alguns elementos que são básicos para a formação da subje- tividade: o movimento e a transformação, pois ter contato com a subjetivi- dade é se sujeitar a compreender novas maneiras de ser, em que a produção depende do social e, também, do processo histórico. Isso quer dizer que as pessoas são diferentes ao longo de suas vidas, que ainda não foram termi- nadas, o que acontece porque a subjetividade está sempre em modificação, uma vez que o conhecimento sobre si sempre fornecerá novos elementos para renová-la. Como somos os próprios construtores de nossas transformações, por vezes elas podem passar despercebidas aos nossos olhos, fazendo-nos pensar que não mudamos, mas as transformações acontecem tanto no nosso corpo físico quanto nas nossas vivências subjetivas, ou seja, na nossa subjetividade. 49 Para saber mais Conforme o senso comum, subjetividade refere-se ao íntimo do indivíduo, ou seja, ao jeito como ele vê, pensa, sente sobre algo e que, por ser própria do indivíduo, não segue um padrão. Na verdade, é a forma como as pessoas expressam seu lado pessoal (DICIONÁRIO INFORMAL, [s.d.]). Atividades de aprendizagem 1. Silvia Lane, estudiosa da Psicologia Social no Brasil, afirma que toda psicologia é social. Diante disso, como é possível definir essa ciência? E quanto ao seu foco? 2. O que você entende por subjetividade? Qual a sua ligação com a psicologia? Fique ligado O objeto de estudo da Psicologia Social são as interações sociais, assim, a formação do psiquismo humano vai depender da convivência social. Passamos a entender que toda psicologia é social porque todos somos seres sociais e a formação do psiquismo humano está atrelada aos grupos dos quais fazemos parte. Para concluir o estudo da unidade Nesta unidade pudemos aprofundar nossos estudos sobre a psicologia enquanto área científica até o entendimento sobre a Psicologia Social, seu objeto de estudo e sua área de conhecimento. Para aprofundar seus estudos na área da Psicologia Social, leia o artigo A psicologia social contemporânea: principais tendências e perspectivas nacionais e internacionais, de Maria Cristina Ferreira. FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia social contemporânea: princi- pais tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psicologia: teoria e pesquisa, [online], v. 26, n. especial, pp. 51-64, 2010. 50 Atividade de aprendizagem da unidade 1. Quando comparamos a ciência com nossas atividades do dia a dia, é possível percebermos que a primeira faz parte de uma atividade reflexiva, que procura esclarecer e alterar os fatos do cotidiano a partir de seu estudo controlado. Em relação à área científica e ao senso comum na área da Psico- logia, analise as afirmativas a seguir: I. Por senso comum entende-se o acúmulo de conhecimento instintivo do dia a dia. II. O senso comum vem de geração, ou seja, dos antepassados. Isso quer dizer que vai do hábito à tradição. III. A ciência faz uso de um linguajar preciso e rigoroso, capaz de fazer com que o estudo seja reproduzido. IV. A ciência psicológica aspira à subjetividade, já que o foco da psico- logia é o homem, em todas as suas facetas. Está correto o que se afirma em: a. Apenas I e II. b. Apenas II e III. c. Apenas III e IV. d. Apenas I, II e III. e. I, II, III e IV. 2. À medida que a psicologia se desvincula da filosofia, se torna uma área científica. A partir de então, começa a ser estruturada como uma nova ciência, uma ciência independente. Assim, sobre as primeiras escolas psico- lógicas, faça a associação das colunas a seguir: (1) Estruturalismo. (2) Funcionalismo. ( ) Seu maior representante foi Titchener. ( ) Seu maior representante foi James. ( ) De acordo com essa teoria, a experiência consciente é o único enfoque adequado para a pesquisa psicológica. 51 ( ) Para essa teoria, a psicologia era o estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio. ( ) Nessa teoria, a consciência é apenas um instrumento destinado a resolver problemas. Assinale a alternativa com a sequência correta da associação entre as colunas: a. 1 - 2 - 2 - 1 - 1. b. 1 - 2 - 1 - 2
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