Na elaboração das especificações os enfermeiros normalmente devem consultar órgão oficiais que normatizam e fazem recomendações sobre: fabricação, esterilização e o uso de materiais como as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Agência Nacional de Vigilância sanitária (ANVISA), Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho, além de catálogos dos fabricantes e embalagens de materiais. A participação do enfermeiro na especificação técnica permite apontar necessidades e anseios dos usuários de produtos, favorecendo a aquisição de itens que atendam pacientes e profissionais, com qualidade, pertinência, segurança e com melhor preço. 15. Os testes de qualidade e o parecer técnico Os testes de qualidade consistem em avaliações, quando da aquisição de equipamentos e materiais, para que se verifique se o produto é de qualidade e se atende à necessidade a que se destina (CHIAVENATO, 1991). Em uma avaliação de materiais, no primeiro momento, é realizada uma verificação minuciosa da embalagem, do método de esterilização, da presença da data de validade, do acabamento do material, da instrução de uso, dentre outros fatores que se considere importante para que sejam previamente avaliados, para que então se passe para a fase de teste a ser realizada na unidade. Para se realizar o teste na unidade, o Serviço de Enfermagem deve enviar juntamente com o material a ser avaliado um impresso, com as características que deverão ser observadas e avaliadas durante o teste. Após a realização do teste e de posse dos resultados e das especificações do material, o Serviço de Enfermagem elaborará um parecer técnico que consiste na descrição das vantagens e desvantagens do produto, bem como sugestões para melhorar ou aprimorar o mesmo. Um parecer técnico poder ser elaborado sob a forma de ofício no formato de um relatório técnico ou através do preenchimento de impresso próprio da instituição, de modo geral um parecer pode conter os seguintes itens: Justificativa; Nome do produto; Finalidade/ uso ou aplicação; Fabricante; Importador (se for o caso); Responsável técnico; Nº do Lote e do registro; Data de fabricação; Validade; Embalagem; Método de esterilização (se for o caso); Matéria prima; Descrição do produto; Avaliação com vantagens, desvantagens e recomendações; Data; 12 Assinatura de quem elaborou o parecer. O controle da qualidade de materiais não deve ser realizado apenas no momento da aquisição dos produtos, mas sim durante toda e qualquer atividade, e para isso é importante que toda a equipe se mantenha atenta e possa opinar sobre os produtos que estão utilizando, de modo que nos processos de aquisição, já se tenha informações sobre a qualidade ou não dos mesmos. Considera-se de extrema importância a análise das notificações recebidas, que antes da culpabilização dos envolvidos, devem promover a melhoria dos processos e a prevenção de eventos similares. Essas notificações de desvio de qualidade no sistema NOTIVISA reduzem o número de aquisições mal sucedidas, os riscos que essas possam gerar, contribuindo e melhorando os processos de compra (CONDE; BERNADINO; CASTILHO; DREHMER, 2015). Na aquisição dos materiais são considerados o parecer técnico e a análise de custo do produto, sendo que é importante lembrar que “nem sempre o menor preço corresponde ao menor custo para a instituição, uma vez que a má qualidade do material pode acarretar maiores prejuízos financeiros e da assistência” (FONSECA, 1995). 16. Preparo do pessoal O trabalho em enfermagem se caracteriza por ser um trabalho em equipe e na administração de materiais a participação de todos na avaliação dos produtos que estão sendo utilizados, ou na aquisição de um material ou equipamento novo é muito importante. O estudo de CONDE; BERNADINO; CASTILHO; DREHMER (2015) demonstrou que 46% dos enfermeiros consideram importante a realização de capacitações sobre Gerenciamento de materiais (GM), no entanto 86% dos enfermeiros relataram nunca ter participado de referida capacitação. É necessário que toda a equipe conheça os materiais e equipamentos, sabendo como utilizá-los corretamente, o que pode ser conseguido através de treinamentos e educação continuada, visando à própria segurança, dos pacientes, a conservação e manutenção dos materiais, contribuindo para o controle dos custos evitando-se assim o uso indevido e o desperdício do material. Além disso, a formação de novos profissionais para desempenhar a atividade de Gerenciamento de Recursos Materiais (GM). 17. A título de conclusão Nesta aula vimos o papel do enfermeiro no gerenciamento de recursos materiais em serviços de saúde. O Enfermeiro como consumidor dos materiais, que detém conhecimento sobre os mesmos, está preparado para argumentar e ponderar pela escolha nos processos aquisitivos e no planejamento estratégico do GM. Tal habilidade é decorrente da sua capacitação para atividades administrativas, juntamente com o conhecimento proveniente das atividades assistenciais, favorecendo a otimização dos recursos disponíveis, avaliar e ponderar pela escolha de materiais que atendam às necessidades de pacientes e profissionais, e que proporcionem segurança ao cuidado. Conhecimentos sobre as normativas de regulação sanitária de produtos e serviços e a legislação que respaldam os processos licitatórios são necessários para o enfermeiro desenvolver o GM. Isso favorece a interdisciplinaridade, enriquecendo sua prática profissional. É importante ressaltar que as funções do enfermeiro em relação a esta prática devem ser realizadas tendo como objetivo a melhoria ou aprimoramento das condições de assistência aos usuários e de trabalho da equipe de enfermagem e de saúde, e não como uma atividade 13 apenas burocrática, tendo como meta a preservação dos interesses econômicos das instituições (CASTILHO; GONÇALVES, 2014). A atuação do enfermeiro no Gerenciamento de Recursos Materiais contribui com a organização, planejamento e sistematização do processo, conferindo maior credibilidade ao trabalho junto aos fornecedores e profissionais que utilizam os materiais (CONDE; BERNADINO; CASTILHO; DREHMER, 2015). Referências BOGO, P. C., BERNARDINO, E.; CASTILHO, V., CRUZ, E. D. A. O enfermeiro no gerenciamento de materiais em hospitais de ensino. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 49(4), 632-639, 2015. CASTILHO, V.; LEITE, M. M. J. A administração de recursos materiais na enfermagem. In: KURCGANT, P. (Coord.) Administração em enfermagem. São Paulo, EPU, 1991,p.73-88. CASTILHO, V.; GONÇALVES, V. L. M. Gerenciamento de Recursos Materiais. In: KURCGANT, P. (Coord.) Gerenciamento em Enfermagem. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2005, p.157-170. CASTILHO, V.; GONÇALVES, V. L. M. Gerenciamento de Recursos Materiais. In: KURCGANT, P. Gerenciamento em Enfermagem. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2014, p.155-167. CHIAVENATO, I. Iniciação à administração de materiais. São Paulo, Makron/McGraw- Hill, 1991. FONSECA, M. das G. Administração de materiais em enfermagem. Juiz de Fora, Escola de Enfermagem - UFJF/Depto Enfermagem Básica, 1995. (apostila de curso). GRECO, R. M.; MOURA, D. C. A.; BAHIA, M. T. R. Gerenciamento de Recursos Materiais. Juiz de Fora – UFJF/Depto Enfermagem Básica, 2018. (apostila de curso). GAMA, B. M. B. de M. Administração de Recursos Materiais em Enfermagem. Juiz de Fora, Escola de Enfermagem - UFJF/Depto Enfermagem Básica, 1997. (apostila de curso). GUEDES, M.V.; FELIX, V. C. S.; SILVA, L. F.Trabalho no centro cirúrgico: representantes sociais de enfermeiro. Rev Nursing. v. 37, n.4, p. 20-4. 2001. LOURENÇO, K. G.; CASTILHO, V. Classificação ABC dos materiais: uma ferramenta gerencial de custos em enfermagem. Rev Bras Enferm. v. 59, n.1, p.52-5, 2006. OLIVEIRA W. T. et al. Concepções