Buscar

FILOSOFIA_E_SOCIOLOGIA_DA_RELIGIAO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
2 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3 
UNIDADE 2: RELIGIÃO ..................................................................................................................................... 6 
UNIDADE 3: FILOSOFIA ................................................................................................................................. 11 
UNIDADE 4: SOCIOLOGIA ............................................................................................................................. 41 
PALAVRAS FINAIS ........................................................................................................................................... 53 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
3 
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO 
 
A globalização do mundo atual, dentre outras exigências e imposições, nos 
desafia a ser competitivos e eficientes! 
Para tanto, não podemos apenas desenvolver habilidades técnicas e adquirir 
conhecimentos científicos específicos. É preciso desenvolver uma visão generalista 
e ao mesmo tempo, crítico-reflexiva que nos leve a ser criativos, autônomos e 
flexíveis e repassar igualmente aos nossos alunos, para que eles tenham as 
mesmas condições de reflexão, crítica, sobrevivência e desenvolvimento. 
Assim, tendo este curso o objetivo de capacitar profissionais da educação que 
atuam ou que desejam atuar na área de Ensino Religioso, despertando o interesse e 
novas vocações para as atividades de pesquisa no campo do conhecimento do 
ensino religioso, esta apostila vem colaborar, juntamente com as disciplinas História 
das Religiões e Religiões no Brasil, no sentido de apresentar, conceituar, discutir e 
analisar as nuances filosóficas e sociológicas do Ensino Religioso. 
Na ótica da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº 
9.394/96), os conhecimentos de Filosofia e Sociologia são justificados como 
“necessários ao exercício da cidadania” (artigo 36, § 1o, inciso III). Como os demais 
componentes da Educação Básica, devem contribuir para uma das finalidades do 
Ensino Médio, que é a de “aprimoramento como pessoa humana, incluindo a 
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento 
crítico” (art. 35, inciso II, da LDB). E devem, ainda, mais especialmente, seguir a 
diretriz de “difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e 
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática” (art. 27, 
inciso I, da LDB) (BRASIL, 2006). 
Não somente para o Ensino Médio, mas para as mais diversas compreensões 
nas mais variadas áreas do conhecimento e graduações diversas, a Filosofia e a 
Sociologia encontram aplicação. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
4 
A formação integral do cidadão e sua inserção no mundo social têm suas 
bases na Filosofia, cabendo a ela, possibilitar o desenvolvimento da consciência 
crítica do homem e a integração de todos os saberes por ele produzidos. 
A Filosofia da religião nos permite compreender dentre outras questões, a 
problemática contemporânea de relações entre filosofia e fé cristã; ou seja, Deus, a 
criação, o mal, a redenção, o amor, o sofrimento, a possibilidade de uma ética cristã, 
bem como são elaborados os discursos religiosos. 
Já a Sociologia da Religião busca explicar empiricamente (baseando na 
observação da realidade, das experiências), as relações mútuas entre a religião e a 
sociedade. Seus estudos fundamentam-se na dimensão social da religião e na 
dimensão religiosa da sociedade (ARON, 2000). 
Ambas, Filosofia e Sociologia nos levam a desenvolver as mais variadas 
competências e habilidades, tais como: 
 Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a 
realidade: as explicações das Ciências Sociais, amparadas nos vários 
paradigmas teóricos, e as do senso comum; 
 Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida 
cotidiana, ampliando a “visão de mundo” e o “horizonte de expectativas”, nas 
relações interpessoais com os vários grupos sociais; 
 Compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais 
de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito à 
diversidade, enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e 
tensões do mundo atual; 
 Debater, tomando uma posição, defendendo-a 
argumentativamente e mudando de posição face a argumentos mais 
consistentes; 
 Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e 
modos discursivos nas Ciências Naturais e Humanas, nas Artes e em outras 
produções culturais; 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
5 
 Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua 
origem específica, quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno 
sócio-político, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-
tecnológica (BRASIL, 2008). 
Passaremos por definições, conceitos e análises da filosofia, sociologia e 
religião de modo geral para na sequência, apresentarmos e discutirmos o 
pensamento de filósofos e sociólogos que marcaram o tempo e as gerações. 
Concordando com Sponville (2002, p. 11) filosofar é pensar por conta própria; 
mas só se consegue fazer isso de um modo válido, apoiando-se primeiro no 
pensamento dos outros, em especial dos grandes filósofos do passado. A filosofia 
não é apenas uma aventura; é também, um trabalho, que requer esforços, leituras, 
ferramentas. 
Ressaltamos que o assunto não se esgota e tanto por isso, ao final da 
apostila são oferecidas bibliografias complementares para sanar dúvidas que, por 
ventura venham surgir no decorrer do estudo, possíveis lacunas e para 
aprofundamento dos senhores. 
Desejamos a todos uma boa leitura e um estudo proveitoso! 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
6 
UNIDADE 2: RELIGIÃO 
 
Etimologia e história 
 
Para adentrarmos os campos da filosofia e sociologia da religião, que é o 
objetivo desta apostila, torna-se necessário discorrer um pouco sobre a origem tanto 
da palavra religião e seus significados quanto das abstrações que a cercam. 
Portanto, Religião é: 
Um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade 
considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental. Um conjunto de 
rituais e códigos morais que derivam dessas crenças. Derivada do latim “re-ligare” 
que significa ‘ligar com” ou “ligar novamente”ou de “religio”, cujo sentido primeiro 
indicava um conjunto de regras, observâncias, advertências e interdições, sem fazer 
referência a divindades, rituais, mitos ou quaisquer outros tipos de manifestação 
que, contemporaneamente, entendemos como religiosas (SILVA, 2004). 
Histórica e culturalmente no Ocidente, o conceito de religião foi sendo 
construído adquirindo um sentido ligado à tradição cristã. O vocábulo “religião” - 
nascido como produto histórico de nossa cultura ocidental e sujeito a alterações ao 
longo do tempo – não possui um significado original ou absoluto que poderíamos 
reencontrar. Ao contrário, somos nós, com finalidades científicas, que conferimos 
sentido ao conceito. Tal conceituação não é arbitrária: deve poder ser aplicada a 
conjuntos reais de fenômenos históricos suscetíveis de corresponder ao vocábulo 
“religião”, extraído da linguagem corrente e introduzido como termo técnico (SILVA, 
2004, p. 4). 
Acadêmica e cientificamente o conceito de religião não pode ser vago ou 
ambíguo como, por exemplo, “visão de mundo”, porque seríamos levados a 
entender que todas as visões de mundo são religiosas, o que não é verdade, bem 
como dizer que religião é “sagrado”, pois teríamos que definir sagrado e o seu 
oposto, profano. O seu conceito também não pode ser restrito como “acreditar em 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
7 
Deus”, pois deixaríamos de fora o Budismo e os politeísmos, que acreditam em uma 
realidade sobrenatural ou transcendental técnico (SILVA, 2004). 
Partindo das inferências acima, Silva (2004) nos propõe que a definição mais 
aceita pelos estudiosos, para efeitos de organização e análise, tem sido a seguinte: 
religião é um sistema comum de crenças e práticas relativas a seres sobrehumanos 
dentro de universos históricos e culturais específicos. 
A religião além de ser um fenômeno individual é um fenômeno social, como 
por exemplo, a igreja (povo judeu) e o partido comunista, que na realidade, são 
doutrinas, ou seja, mais que uma fé individual, é a adesão a um certo grupo social. 
Para Pauli (1997), a religião é uma consideração que trata de maneira 
sistemática a realidade como um todo. É pela visão do todo, por onde importa 
começar. 
Nesse contexto, aos sociólogos, cabe analisar as religiões como fenômenos 
sociais. Eles procurando desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da 
comunidade. 
E no tocante aos filósofos, o que lhes interessa na realidade, é saber se a 
visão religiosa do universo é ou não verdadeira e, por conseguinte, a questão é 
saber se Deus existe! 
Nesse sentido são vários os argumentos a favor da existência de Deus, 
muitos deles apresentados na Idade Média. Por exemplo, só da autoria de S. Tomás 
de Aquino há cinco argumentos a favor da existência de Deus, dentre eles os três 
mais importantes e que discutiremos adiante são: 
O argumento ontológico; 
O argumento cosmológico; 
O argumento do designo. 
 Estes argumentos ganharam um novo fôlego nas mãos de teístas 
contemporâneos como Alvin Plantinga1 e Richard Swinburne, que defendem 
versões mais sofisticadas de alguns deles, como a “teologia natural” que 
 
1
 Ver filósofos contemporâneos – capítulo 2. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
8 
corresponde ao estudo racional de Deus e a “teologia revelada” que é o estudo de 
Deus baseado na fé e na revelação. 
Mas voltando à Idade Média, ela viveu mundos distintos: 
O mundo ocidental e cristão, com novas nações; 
O mundo bizantino, também cristão, mas em declínio; 
O mundo árabe, emergente; 
O remoto oriente, com um mínimo de contato (PAULI, 1997). 
A índole religiosa medieval era altamente proselitista. Era também fanática, 
ao ponto de criar guerras religiosas e sacros impérios, além da pena de morte por 
heresia. O poder político era considerado como vindo do alto, de sorte a haver uma 
conceituação teocrática da vida civil (PAULI, 1997). 
A unidade religiosa era considerada de importância para a segurança do 
Estado, além de se colocar o Estado a serviço da entidade religiosa instalada 
(PAULI, 1997). 
No século XVI, mais precisamente em 1513, pós Idade Média, encontramos 
Maquiavel. No seu entendimento o que confere valor a uma religião não é a 
importância de seu fundador, o conteúdo dos ensinamentos, a verdade dos dogmas 
ou a significação dos mistérios e ritos. Importa não a essência da religião e sim sua 
função e importância para a vida coletiva. A religião ensina a reconhecer e a 
respeitar as regras políticas a partir do mandamento religioso (AMES, 2006). 
Essa norma coletiva pode assumir tanto o aspecto coercivo exterior da 
disciplina militar ou da autoridade política quanto o caráter persuasivo interior da 
educação moral e cívica para a produção do consenso coletivo. 
Segundo Ames, Maquiavel se tornou conhecido pelo propósito, firmado em ‘O 
Príncipe’, de considerar “mais conveniente seguir a verdade efetiva da coisa do que 
a imaginação desta” (Il Príncipe, capítulo XV). Na análise do fenômeno religioso, ele 
constata a utilização deste “método”: a religião é examinada a partir de seus efeitos 
práticos, ou seja, pela capacidade de despertar tanto o medo quanto o amor dos 
cidadãos a favor do vivere civile. Em outras palavras, “seguir a verdade efetiva da 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
9 
coisa” implica em privilegiar a “causa eficiente”. Tratando-se da religião, consiste 
num determinado procedimento metodológico que analisa esse fenômeno por sua 
capacidade de cumprir a tarefa cívica de mobilizar os homens a favor do 
fortalecimento do Estado. Em semelhante modo de considerar as coisas, as 
questões teológicas perdem importância. Deste modo, para Maquiavel, a religião é 
de origem puramente humana e possui, como toda instituição, fundadores e chefes. 
Ao chegarmos à história moderna da religião, o neocristianismo2 se torna o 
principal fenômeno, sendo neocristão, aquele que batiza ao modo de expressão 
religiosa meramente cultural, sem, todavia, acreditar no efeito purificatório deste 
cerimonial, que deve retirar do indivíduo batizado os efeitos do pecado original. 
Embora sejam muitas as religiões, competindo mesmo com grandes 
expressões numéricas, - como é o caso do islamismo e do budismo, - deve-se 
reconhecer a expressividade mantida ainda pelo cristianismo, sobretudo se a ele se 
somarem diferentes formas de neocristianismo (PAULI, 1997). 
O neocristianismo tem, digamos, várias ramificações: 
O unitarianismo que nega a Trindade das pessoas divinas, é um dos mais 
antigos neocristianismo porque lhe retirou um elemento que ordinariamente costuma 
ser admitido pelo anterior cristianismo (PAULI, 1997). 
O espiritismo, como é praticado por muitos, é também um neo-cristianismo 
(PAULI, 1997). 
Mais especificamente, é também possível falar em neo-catolicismo, neo-
protestantismo, e similares. Já o deísmo pode aceitar a bíblia cristã, mas sem os 
milagres, sem ritos de efeito sobrenatural, sem visões e sem revelações. Neste 
sentido, o deísmo é um neocristianismo. Sobre o agnosticismo, que suspende a 
opinião frente à impossibilidade de provar sobre Deus, é uma decorrência coerente 
da filosofia positivista, ou empirista. Pode também resultar de uma posição idealista, 
sobretudo quando reduz os princípios universais (ou axiomas) à pura2
 Ocorre o neo- quando se alteram partes essenciais, mesmo que seja somente por exclusão, como 
por exemplo, o neoplatonismo é um neo- em relação ao platonismo, do qual excluiu algo e 
acrescentou outro algo. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
10 
conceptualidade e afasta outras vias como a intuicionista e a misticista (PAULI, 
1997). 
Quanto ao misticismo, não se pode simplesmente declará-lo um 
neocristianismo, porque ele foi uma característica das velhas religiões, em cujo 
contexto nasceu o cristianismo. E foi o misticismo um fenômeno presente em todas 
as épocas do cristianismo. Entretanto, pode um místico dar ao seu misticismo um 
rumo não ortodoxo, e então ingressar na faixa dos neo-cristãos (PAULI, 1997). 
As diferentes formas de neocristianismo tendem progressivamente a crescer, 
apesar dos esforços em contrário das igrejas oficiais em favor de sua ortodoxia 
tradicional, isto porque, segundo Pauli, a tendência do homem de hoje é pensar com 
a própria cabeça, e é estimulado a isto, porque, mais do que em outras épocas, tem 
acesso a muitas fontes de informação sobre o mesmo tema. Acontece também hoje, 
que os pregadores das religiões nem sempre sabem tanto quanto aqueles que 
eventualmente os ouvem. Por causa da prosperidade do pensamento crítico, 
prospera o número dos ‘neo-‘ em todas as religiões. 
A título de resumo, embora tenhamos uma apostila voltada para a história das 
religiões e as religiões no mundo, encontra-se abaixo um quadro resumo com as 
concepções das principais religiões: 
DEFINIÇÃO/CARACTERÍSTICA RELIGIÃO 
Ateísmo 
É a negação da existência de 
qualquer tipo de deus e da veracidade 
de qualquer religião teísta. 
Budismo - Confucionismo – 
Taoísmo 
Agnosticismo 
É a dúvida sobre a existência de deus 
e sobre a veracidade de qualquer 
religião teísta, por falta de provas 
favoráveis ou contrárias. 
 
Deísmo 
É a crença num deus que só pode ser 
conhecido através da razão, e não da 
fé e revelação. 
 
Monoteístas 
Acreditam na existência de um único 
Deus. 
Judaísmo – Cristianismo – 
Islamismo - Espiritismo 
Politeístas 
Acreditam na existência de mais de 
um deus. 
Xintoísmo – Hinduísmo - 
Xamanismo 
 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
11 
UNIDADE 3: FILOSOFIA 
 
Conceitos, história e fundamentos 
 
Num primeiro momento e numa definição bem simplista, poderíamos dizer 
que a filosofia busca dar respostas precisas a perguntas diversas que se relacionam 
com as coisas do universo tais como: de onde viemos e para onde vamos. 
Na realidade, a filosofia quer explicar o universo e a natureza. Ela estuda os 
problemas gerais, enquanto as demais ciências estudam os menos gerais, mas 
sempre dependendo e se apoiando nas ciências. 
Esses problemas gerais ou abstratos do mundo podem ser entendidos: como 
a mente (que é o pensar), a matéria, a razão, a demonstração e a verdade. 
Etimologicamente a palavra Filosofia vem do grego philos (amigo) + sophia 
(sabedoria). Significa, portanto, amizade, amor e respeito pelo saber, pela 
sabedoria. O filósofo seria aquele que ama e busca a sabedoria. 
De acordo com Chauí (2003) os historiadores da Filosofia dizem que ela 
possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI a.C, nas 
colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região 
denominada Jônia), na cidade de Mileto, sendo considerado, Tales de Mileto, 
primeiro filósofo. O seu conteúdo ao nascer foi a cosmologia3. Assim, a Filosofia 
nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza. 
Chauí expõe em suas análises que existe um problema que, durante séculos, 
vem ocupando os historiadores da Filosofia: o de saber se a Filosofia - que é um fato 
especificamente grego - nasceu por si mesma ou dependeu de contribuições da 
sabedoria oriental (egípcios, assírios, persas, caldeus, babilônios) e da sabedoria de 
civilizações que antecederam à grega, na região que, antes de ser a Grécia ou a 
Hélade, abrigara as civilizações de Creta, Minos, Tirento e Micenas. 
 
3
 Cosmo (mundo ordenado e organizado) + logia (pensamento ou discurso racional, conhecimento) 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
12 
Durante muito tempo e de acordo com afirmações de Platão e Aristóteles, a 
Filosofia nascera por transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental. 
Os gregos, diziam eles, povo comerciante e navegante, descobriram, através das 
viagens, a agrimensura dos egípcios (usada para medir as terras, após as cheias do 
Nilo), a astrologia dos caldeus e dos babilônios (usada para prever grandes guerras, 
subida e queda de reis, catástrofes como peste, fome, furacões), as genealogias dos 
persas (usadas para dar continuidade às linhagens e dinastias dos governantes), os 
mistérios religiosos orientais referentes aos rituais de purificação da alma (para livrá-
la da reencarnação contínua e garantir-lhe o descanso eterno), etc. (CHAUÍ, 2003, p. 
29). 
Dessa forma, da agrimensura, os gregos fizeram nascer duas ciências: a 
aritmética e a geometria; da astrologia, fizeram surgir também duas ciências: a 
astronomia e a meteorologia; das genealogias, fizeram surgir mais uma outra 
ciência: a história; enfim, dos mistérios religiosos de purificação da alma, fizeram 
surgir as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da alma humana. 
Os pensadores judaicos, como Filo de Alexandria, e os Padres da Igreja, 
como Eusébio de Cesaréia e Clemente de Alexandria defendiam a filiação oriental 
da Filosofia porque ela tornara-se, em toda a Antiguidade clássica, e para os 
poderosos da época, os romanos, a forma superior ou mais elevada do pensamento 
e da moral (CHAUÍ, 2003). 
Os judeus, para valorizar seu pensamento, desejavam que a Filosofia tivesse 
uma origem oriental, dizendo que o pensamento de filósofos importantes, como 
Platão, tinha surgido no Egito, onde se originara o pensamento de Moisés, de modo 
que havia uma ligação entre a Filosofia grega e a Bíblia (CHAUÍ, 2003). 
Os Padres da Igreja, por sua vez, queriam mostrar que os ensinamentos de 
Jesus eram elevados e perfeitos, não eram superstição, nem primitivos e incultos, e 
por isso mostravam que os filósofos gregos estavam filiados a correntes de 
pensamento místico e oriental e, dessa maneira, estariam próximos do cristianismo, 
que é uma religião oriental. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
13 
No entanto, nem todos aceitaram a tese chamada “orientalista”, e muitos, 
sobretudo no século XIX da nossa era, passaram a falar na Filosofia como sendo o 
“milagre grego” (CHAUÍ, 2003, p. 30). 
Com a palavra “milagre” queriam dizer várias coisas: 
 Que a Filosofia surgiu inesperada e espantosamente na Grécia, sem 
que nada anterior a preparasse; 
 Que a Filosofia grega foi um acontecimento espontâneo, único e sem 
par, como é próprio de um milagre; 
 Que os gregos foram um povo excepcional, sem nenhum outro 
semelhante a eles, nem antes e nem depois deles, e por isso somente eles 
poderiam ter sido capazes de criar a Filosofia, como foram os únicos a criar as 
ciências e a dar às artes uma elevação que nenhum outro povo conseguiu, nemantes e nem depois deles (CHAUÍ, 2003). 
Mas como enfatizou a autora, nem oriental, nem milagre! 
Desde o final do século XIX da nossa era e durante o século XX, estudos 
históricos, arqueológicos, linguísticos, literários e artísticos corrigiram os exageros 
das duas teses, isto é, tanto a redução da Filosofia à sua origem oriental, quanto o 
“milagre grego”. 
Retirados os exageros do orientalismo, percebe-se que, de fato, a Filosofia 
tem dívidas com a sabedoria dos orientais, não só porque as viagens colocaram os 
gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos (sobretudo 
os egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus), mas também porque os dois 
maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e Hesíodo, 
encontraram nos mitos e nas religiões dos povos orientais, bem como nas culturas 
que precederam a grega, os elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois, 
seria transformada racionalmente pelos filósofos. 
Assim, os estudos recentes mostraram que mitos, cultos religiosos, 
instrumentos musicais, dança, música, poesia, utensílios domésticos e de trabalho, 
formas de habitação, formas de parentesco e formas de organização tribal dos 
gregos foram resultado de contatos profundos com as culturas mais avançadas do 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
14 
Oriente e com a herança deixada pelas culturas que antecederam a grega, nas 
regiões onde ela se implantou (CHAUÍ, 2003). 
Esses mesmos estudos apontaram, porém, que, se nos afastarmos dos 
exageros da ideia de um “milagre grego”, podemos perceber o que havia de 
verdadeiro nessa tese. De fato, os gregos imprimiram mudanças de qualidade tão 
profundas no que receberam do Oriente e das culturas precedentes, que até 
pareceria terem criado sua própria cultura a partir de si mesmos. Dessas mudanças, 
podemos mencionar quatro que nos darão uma ideia da originalidade grega: 
1. Com relação aos mitos: quando comparamos os mitos orientais, cretenses, 
micênicos, minóicos e os que aparecem nos poetas Homero e Hesíodo, vemos que 
eles retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do 
mundo; humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade às 
narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas 
(como o trabalho, as leis, a moral); 
2. Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto 
é, num conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de 
uma sabedoria prática para o uso direto na vida. Assim, transformaram em 
matemática (aritmética, geometria, harmonia) o que eram expedientes práticos para 
medir, contar e calcular; transformaram em astronomia (conhecimento racional da 
natureza e do movimento dos astros) aquilo que eram práticas de adivinhação e 
previsão do futuro; transformaram em medicina (conhecimento racional sobre o 
corpo humano, a saúde e a doença) aquilo que eram práticas de grupos religiosos 
secretos para a cura misteriosa das doenças. E assim por diante; 
3. Com relação à organização social e política: os gregos não inventaram 
apenas a ciência ou a Filosofia, mas inventaram também a política. Todas as 
sociedades anteriores a eles conheciam e praticavam a autoridade e o governo. 
Mas, por que não inventaram a política propriamente dita? 
Nas sociedades orientais e não-gregas, o poder e o governo eram exercidos 
como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um só homem ou de 
um pequeno grupo de homens que decidiam sobre tudo, sem consultar a ninguém e 
sem justificar suas decisões para ninguém. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
15 
Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, 
significa cidade organizada por leis e instituições) porque instituíram práticas pelas 
quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram 
adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram 
instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da 
família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa) 
e, sobretudo, porque criaram a ideia da lei e da justiça como expressões da vontade 
coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em 
nome de divindades. 
Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras 
formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago; 
4. Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os gregos 
inventaram a ideia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue 
regras, normas e leis de valor universal (isto é, válidas em todos os tempos e 
lugares. 
Assim, por exemplo, em qualquer tempo e lugar 2 + 2 serão sempre 4; o 
triângulo sempre terá três lados; o Sol sempre será maior do que a Terra, mesmo 
que ele pareça menor do que ela, etc. (CHAUÍ, 2003, p. 31). 
Embora os historiadores lhe atribuam data, local de nascimento e primeiro 
filósofo, atribui-se a Pitágoras a criação da palavra Filosofia, que foi gerada ao longo 
da história da humanidade em decorrência da curiosidade e inquietação do próprio 
ser humano que, ao querer compreender todas as coisas, questionava os valores e 
interpretações que a maioria dos homens aceitava com sendo sua realidade. 
Parece que fugimos um pouco do tema chave que é a filosofia da religião, 
entretanto, é preciso deixar claro que conhecer a história, o passado, é ponto de 
partida, é a base, o alicerce para a compreensão do presente e para que possamos 
construir um futuro, se necessário, mais esclarecedor. 
Antes, porém, de voltarmos nosso pensamento para a atualidade, quando já 
conseguimos entender que a Filosofia é uma disciplina ou área de estudo que 
envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de ideias em 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
16 
situação geral, vejamos alguns conceitos de filósofos famosos de vários tempos, os 
quais serão analisados a posteriori quando de interesse dessa apostila. 
Plantão (428-347 a.C.) afirma que a filosofia é o uso do saber em proveito do 
homem, o que implica posse de um conhecimento que seja o mais amplo e válido 
possível e o uso desse conhecimento em benefício do homem. 
Para René Descartes (1596-1650), significa estudo da sabedoria. 
Thomas Hobbes (1588-1679) entende como o conhecimento causal e a 
utilização desse em benefício do homem. 
Para Immanuel Kant (1724-1804) é ciência da relação do conhecimento à 
finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a 
Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência. 
John Dewey (1859-1952) pontua que é a crítica dos valores, das crenças, das 
instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os 
bens. 
Sucintamente Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) define como a ciência da 
ciência em geral. 
Auguste Comte (1798-1857) conceitua como a ciência universal que deve 
unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas 
ciências particulares. 
Para Chauí (2003) e Oliveira (2008), a Filosofia é um modo de pensar, é uma 
postura diante do mundo. Ela não é um conjunto de conhecimentos prontos, um 
sistema acabado, fechado em si mesmo. É, antes de mais nada, uma prática de vida 
que procurapensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Pode pensar a 
ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode 
pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. 
Quando começamos a colocar em questão tudo que sabemos (ou que 
pensamos saber) a filosofia nos apresenta como algo negativo, entretanto, a 
possibilidade de questionarmos, de transformarmos os valores e as ideias mostra o 
seu lado positivo. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
17 
Devido sua natureza, ou seja, dentro do seu modo questionador, investigador, 
o pensamento crítico apresentado pela filosofia, gera, a cada resposta, uma nova 
pergunta e assim, sucessivamente. 
Segundo Chauí (2003), ao filósofo é mais importante perguntar do que 
responder, sendo três as perguntas básicas que rodeiam o pensamento do filósofo: 
1º. Perguntar ‘o que’ é a coisa, o valor ou a ideia. A filosofia pergunta qual 
é a realidade ou a natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importando 
qual; 
2º. Perguntar ‘como’ é a coisa, a ideia ou o valor. A Filosofia indaga qual é 
a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um 
valor; 
3º. Perguntar ‘por que’ a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A 
Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um 
valor. 
A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, 
interrogando a si mesmo para conhecer-se, para indagar como é possível o próprio 
pensamento (CHAUÍ, 2003). 
Ainda no entendimento de Chauí (2003) “a filosofia não é um ‘eu acho que’ ou 
um ‘eu gosto de’. Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação 
de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer preferências dos 
consumidores e montar uma propaganda”. Ela é mais do que um refletir. Ela é 
refletir sobre o refletir, surgindo quando a própria capacidade de refletir é posta em 
questão e tanto por isso que, para Sócrates, o ponto de partida do filosofar é o 
reconhecimento da própria ignorância. A afirmação “só sei que nada sei” só pode 
ser feita por alguém que já exerceu uma autocrítica, que já se debruçou sobre as 
bases de seus conhecimentos e os avaliou de modo adequado (CHAUÍ, 2003). 
Pontualmente a reflexão filosófica questiona: 
 Os motivos, as razões e as causas de pensarmos o que pensamos, 
dizermos o que dizemos e fazermos o que fazemos; 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
18 
 O conteúdo ou o sentido do que pensamos, do que dizemos ou 
fazemos; 
 A intenção e a finalidade do que pensamos, dizemos ou fazemos 
(SILVA NETO, 2008). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
19 
Três formas de se conceber a Filosofia 
 
Segundo Chauí (2003), Politzer (2001) e outros autores, existem três formas 
de concebermos a filosofia, sendo elas: a forma metafísica, a positivista e a crítica. 
A forma metafísica prevaleceu na Antiguidade e na Idade Média, tendo como 
característica principal, a negação de que qualquer investigação autônoma fora da 
Filosofia tivesse validade. 
Naqueles tempos, um conhecimento era filosófico ou não era conhecimento. 
As demais ciências eram apenas parte da Filosofia, sendo esta, o saber único 
possível. 
Para Politzer (2001) a metafísica só tem importância na filosofia burguesa, 
uma vez que se ocupa de Deus e da alma. 
Tudo aí é eterno. Deus é eterno, não mudando, permanecendo igual a si 
mesmo; a alma também. O mesmo acontece com o bem, o mal, etc., estando tudo 
isso nitidamente definido, definitivo e eterno. Nessa parte da filosofia que se 
chama metafísica, vêem-se, pois, as coisas como um conjunto congelado, e 
procede-se, no raciocínio, por oposição: opõe-se espírito à matéria, o bem ao mal, 
etc., isto é, raciocina-se por oposição das contrárias entre elas (POLITZER, 2001, p. 
99-100). 
Ainda segundo Politzer, chama-se metafísica a essa maneira de raciocinar, 
de pensar, porque trata das coisas e das ideias que se encontram fora da física, 
como Deus, a bondade, a alma, o mal, etc. Metafísica vem do grego meta, que quer 
dizer além, e de física, ciência dos fenômenos do mundo. Portanto, metafísica 
ocupa-se de coisas situadas além do mundo. 
Na segunda forma, Positivista, o conhecimento cabe às ciências e à Filosofia 
cabe coordenar e unificar os resultados. 
Os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos 
externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais 
práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais 
e da ética. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
20 
A filosofia positivista de Comte, surgida no século XIX, nega que a explicação 
dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. Tem 
como base teórica os três pontos seguintes: 
1) Todo conhecimento do mundo material decorre dos dados "positivos" da 
experiência, e é somente a eles que o investigador deve ater-se; 
2) Existe um âmbito puramente formal, no qual se relacionam as ideias, que é 
o da lógica pura e da matemática; e, 
3) Todo conhecimento dito “transcendente” - metafísica, teologia e 
especulação acrítica - que se situa além de qualquer possibilidade de 
verificação prática, deve ser descartado (CHAUÍ, 2003). 
Na terceira forma, a crítica, a Filosofia é juízo sobre a ciência e não 
conhecimento de objetos. Sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando 
seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a 
Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada 
propriamente de “conhecimento” (CHAUÍ, 2003). 
Segundo Ewing (2008), recentemente, a filosofia crítica tem sido 
frequentemente contraposta à metafísica (que nesse caso é às vezes denominada 
filosofia especulativa). A filosofia crítica analisa e critica os conceitos pertencentes 
ao senso comum e às ciências. As ciências pressupõem certos conceitos que não 
são suscetíveis de investigação por meio de métodos científicos, de modo que 
passam a integrar o âmbito da filosofia. Nesse sentido, todas as ciências, com 
exceção da matemática, pressupõem de alguma forma a concepção de lei natural; 
cabe à filosofia, e não a qualquer das ciências particulares, examinar tal concepção. 
Enfim, a parte da filosofia crítica que trata da investigação da natureza e dos 
critérios de verdade, assim como da maneira pela qual obtemos conhecimento, é 
chamada de epistemologia (teoria do conhecimento). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
21 
Filosofia da Religião 
 
Para Martins (1994) a Filosofia da Religião é uma das disciplinas que se 
constitui numa das divisões da filosofia. Tem por objeto o estudo da dimensão 
espiritual do homem desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e 
ética), indagando e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso: "o que é 
afinal, a religião?". 
Para o seu estudo são usados os métodos: histórico-crítico comparativo, o 
filológico e oantropológico. O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e 
no espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para 
verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso. O segundo faz o estudo 
comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utilizadas para descrever e 
expressar o sagrado e suas raízes comuns e o terceiro método procura reconstruir o 
passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos primitivos e atuais, 
suas instituições, crenças, rituais e tradições) (PAULI, 1997). 
Na realidade, a Filosofia da Religião precisa conjugar adequadamente os 
métodos para obter a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais 
correta sobre a essência da religião e suas características universais. 
Para estudar a filosofia da religião, Pauli sugere sua divisão em duas partes, 
sendo a primeira, o estudo dos seus fundamentos e a segunda, o estudo da mesma 
enquanto culto, isto porque, todos os indivíduos se ocupam com religião o que 
acaba por envolver um fenômeno cultural. 
Em termos de fundamentos encontramos no monismo pré-socrático, o 
surgimento paulatino do conceito de Deus, como causa externa do mundo. 
A ideia filosófica sobre Deus, - como ente ao lado ou acima do mundo, mas 
sem se confundir com os deuses mitológicos surgidos do caos, - principiou com as 
razões filosóficas que apelam à causa eficiente do mundo (sobretudo para operar o 
movimento e estabelecer a ordem das coisas). 
Ainda continuando o pensamento de Pauli, os pré-socráticos conceberam as 
causas como intrínsecas ao mundo, e por isso não reclamavam um ser exterior para 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
22 
estabelecer a ordem e o movimento. E por isso eram monistas, e somente neste 
plano falavam do divino. A crescente preocupação com as causas gerou finalmente 
a filosofia da divindade, ainda que em termos de monismo. Embora os pré-
socráticos não chegassem a ideia de um Deus transcendente, pertence já a eles a 
ocupação com o divino nas causas. 
Entretanto, os tempos atuais, marcado pelo saber científico e pelo uso 
exagerado das técnicas não deixa espaço para que seja dada a devida importância 
à Filosofia da Religião devida importância. 
Outro fator contribuinte, segundo Zilles (2006) se relaciona com a Teologia 
que está muito pulverizada nos dias atuais, ou seja, sobrou quase que somente a 
Bíblia para análises e discussões. 
Para ele, a racionalidade ocidental é uma cultura de reflexão, orientada pelo 
paradigma do monoteísmo, desde Platão até Hegel. Os movimentos críticos contra o 
pensamento religioso e o próprio ateísmo só se compreendem dentro do paradigma 
monoteísta. A referência à questão de Deus, também ex negativo e indiretamente, 
permanece determinante até Marx, Nietzsche e Freud. 
Como diz ele: a filosofia da religião não se limita a descrições neutras de 
costumes da linguagem religiosa, nem fixa normas arbitrárias para o uso religioso da 
linguagem. Sua missão consiste em mostrar sentido e profundidade da religião, na 
vida humana, de maneira crítica. Vale usar a razão, para completar a fé, e crer, para 
aprofundar a razão, enfim, humanizar mais o homem e a humanidade [...]. A filosofia 
da religião pensa criticamente o fenômeno religioso como fenômeno que diz respeito 
ao homem e à humanidade, tornando-se uma expressão de liberdade. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
23 
Quatro grandes períodos da Filosofia voltada para a Religião 
 
A Filosofia da Religião passou por quatro grandes períodos que foram: 
1. Filosofia antiga (do século VI a.C. ao século VI d.C); 
2. Filosofia patrística (século I ao século VII); 
3. Filosofia medieval (do século VIII ao século XIV); 
4. Filosofia da Renascença (do século XIV ao século XVI) 
 
A filosofia patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais 
(Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião - o 
Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente 
com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-
los a ela. Tal filosofia se liga à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da 
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos, sendo 
obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia 
de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de 
encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos 
mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que 
tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. 
Com Santo Agostinho e Boécio, introduziu a ideia de “homem interior”, isto é, 
da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável 
pela existência do mal no mundo. 
Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em 
verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem 
decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso, 
surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé 
e verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades 
naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma 
graça divina, superior ao simples conhecimento racional. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
24 
A Filosofia medieval abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o 
período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, 
organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras 
universidades ou escolas, onde passou a ser ensinada (daí sua também 
denominação – Escolástica). 
Sofreu influências de Platão e Aristóteles e ainda conservando e discutindo os 
mesmos problemas que a patrística, a Filosofia medieval acrescentou outros - 
particularmente um, conhecido com o nome de Problema dos Universais – passando 
a sofrer uma grande influência das ideias de Santo Agostinho (PAULI, 1997). 
É desse período que remonta a Filosofia cristã, que é, na verdade, a teologia, 
que tinha como tema constante, provar a existência de Deus e da alma, isto é, 
demonstrar racionalmente a existência do infinito criador e do espírito humano 
imortal. 
Os grandes temas da filosofia medieval foram: a diferença e separação entre 
infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve 
subordinar-se à segunda), a diferença e separação entre corpo (matéria) e alma 
(espírito), o Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e 
governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, 
minerais), a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de 
papas e bispos. 
Uma característica marcante da Escolástica foi o método inventado para 
expor as ideias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta 
devia ser ou refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, 
de Platão ou de outros Padres da Igreja e, dependendo da força dos argumentos, 
poderia ser considerada falsa ou verdadeira. 
Dentre os teólogos medievais mais importantes temos: Abelardo, Santo 
Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, 
Roger Bacon, São Boaventura.Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. 
Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi (CHAUÍ, 2003). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
25 
A Filosofia na Renascença foi marcada pela descoberta de obras de Platão 
desconhecidas na Idade Média, de novas obras de Aristóteles, bem como pela 
recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos. 
Predominam as seguintes linhas de pensamento: 
 
1. A ideia da Natureza como um grande ser vivo; o homem fazendo parte 
da Natureza como um microcosmo (como espelho do Universo inteiro) e 
podendo agir sobre ela através da magia natural, da alquimia e da 
astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas (a 
simpatia) entre as coisas; o homem pode, também, conhecer esses 
vínculos e criar outros, como um deus. 
2. A valorização da vida ativa, isto é, a política, e a defesa dos ideais 
republicanos das cidades italianas contra o Império Romano-
Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores. Na 
defesa do ideal republicano, os escritores resgataram autores políticos da 
Antiguidade, historiadores e juristas, e propuseram a “imitação dos antigos” 
ou o renascimento da liberdade política, anterior ao surgimento do império 
eclesiástico. 
3. Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio 
destino, tanto através dos conhecimentos (astrologia, magia, alquimia), 
quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, 
arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, 
literatura, teatro). 
As grandes descobertas marítimas da época garantiram ao homem novos 
conhecimentos, permitindo-lhes ter uma visão crítica de sua própria sociedade, 
principalmente críticas profundas à Igreja Romana, culminando na Reforma 
Protestante, baseada na ideia de liberdade de crença e de pensamento. À Reforma 
a Igreja respondeu com a Contra-Reforma e com o recrudescimento do poder da 
Inquisição. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
26 
Os nomes mais importantes desse período são: Dante, Marcílio Ficino, 
Giordano Bruno, Campannella, Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Tomás Morus, Jean 
Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa (CHAUÍ, 2003). 
Chauí discorre ainda sobre outros grandes períodos da Filosofia, que não se 
voltaram tanto para a religião como os anteriores, mas merecem algumas 
considerações. Dentre eles, o período que vai do século XVII a meados do século 
XVIII, conhecido como o Grande Racionalismo Clássico, marcado pelo surgimento 
do sujeito do conhecimento, ou seja, as reflexões da filosofia partem da indagação 
de qual é a capacidade do intelecto humano para conhecer e demonstrar a verdade 
dos conhecimentos, para depois responder à questão das coisas exteriores. 
Predomina nesse período, a ideia de conquista científica e técnica de toda a 
realidade, a partir da explicação mecânica e matemática do Universo e da invenção 
das máquinas, graças às experiências físicas e químicas, existindo também a 
convicção de que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os 
efeitos das paixões e das emoções e, pela vontade orientada pelo intelecto, é capaz 
de governá-las e dominá-las, de sorte que a vida ética pode ser plenamente 
racional. 
Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes, 
Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley, Newton, 
Gassendi (CHAUÍ, 2003). 
Em meados do século XVIII e começo do século XIX predomina o Iluminismo, 
período em que a Filosofia crê nos poderes da razão e através dela, o homem pode 
conquistar a liberdade e a felicidade social e política, é capaz de evoluir e progredir, 
sendo um ser perfectível. Nesse sentido, ele pode liberar-se dos preconceitos 
religiosos, sociais e morais, da superstição e do medo, graças as conhecimento, às 
ciências, às artes e à moral (CHAUÍ, 2003, p. 58). 
Nesse período há grande interesse pelas ciências que se relacionam com a 
ideia de evolução e, por isso, a biologia terá um lugar central no pensamento 
ilustrado, pertencendo ao campo da filosofia da vida (CHAUÍ, 2003). 
Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, D’Alembert, 
Diderot, Rousseau, Kant e Fichte (CHAUÍ, 2003). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
27 
Enfim chegamos ao período da Filosofia contemporânea que vai de meados 
do século XIX até os dias atuais, definido por Chauí como o mais complexo e difícil 
de definir devido às várias posições filosóficas. 
 
Grandes Filósofos e suas concepções acerca da religião 
 
A nossa porta de entrada para o mundo dos filósofos se dará em Aristóteles 
(384-322 a.C.) embora possamos citar antes dele, Thales de Mileto (considerado o 
primeiro filósofo), Anaxímenes, Pitágoras, Heráclito de Éfeso, Sócrates, Platão e 
outros, pelo simples motivo que nos interessa nesta apostila especificamente, 
analisar a filosofia da religião e não as demais, digamos, vertentes ou áreas. 
Aristóteles possuía um conceito de Deus coerente com a veneração que ele e 
os gregos em geral tinham pela razão e pelo intelecto. Posteriormente, essas ideias 
foram de grande influência para o desenvolvimento racional de uma psicologia e 
teologias cristãs. 
Para Aristóteles, todas as coisas estão em movimento, sendo impossível 
conceber tanto o começo quanto o fim do movimento, portanto, deve existir um 
primeiro motor produzindo o movimento eterno e esse motor deve, por sua vez, ser 
imóvel, caso contrário, outro motor seria necessário para movê-lo. Deus é esse 
primeiro motor, eterno, imortal, não-material e perfeito (COLLINSON, 2006, p. 49). 
Já Santo Agostinho (354-430 a.C.) também conhecido como Agostinho de 
Hippo, expõe uma filosofia cristã que postula uma combinação entre fé e razão. 
Segundo ele “entendimento é busca da fé. Busque, portanto, não compreendê-la da 
maneira como você pode acreditar, mas acreditar de maneira que você possa 
compreendê-la”. Entretanto, a fé isoladamente é apenas um tipo de aprovação cega, 
precisando ser consolidada e tornada inteligível por meio da razão. 
É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental 
concorda com a doutrina do pecado original e a Igreja Católica sustenta que batismo 
e ordenações feitos fora dela podem ser válidos (a Igreja Católica Romana 
reconhece ordenações feitas na Igreja Ortodoxa Oriental e Ocidental, mas não nas 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
28 
igrejas protestantes, e reconhece batismos de quase todas as igrejas cristãs). Os 
teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus 
existe fora do tempo e no “presente eterno”; e o tempo só existe dentro do universo 
criado. 
O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do 
homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele 
reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha 
restaurar a condição decaída da razão humana, sendo, portanto, mais importante. 
Afirmava, ainda, que a interpretação das escrituras deveria ser feita de acordo com 
os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural.Santo Agostinho coloca a filosofia a serviço da teologia, adotando ideias 
platônicas e neoplatônicas, moldando de acordo com sua própria abordagem. 
Maimônides (Moisés Ben Maimon, 1135-1204) foi o mais proeminente filósofo 
judeu. Como Aristóteles, ele afirma que Deus é puro intelecto e confirma também 
que o intelecto humano tem uma semelhança com o de Deus. Seus 
posicionamentos influenciaram a filosofia ocidental do século XIII, influenciando os 
debates que cresceram e floresceram por aproximadamente duzentos anos após 
sua morte (COLLINSON, 2006, p. 60). 
A filosofia de São Tomaz de Aquino (1225-1274), chamado de “Doutor 
Angélico” pelo papa Pio V entrelaça com a sua teologia. Ele procurou estabelecer 
uma coexistência harmoniosa entre fé e razão, demonstrando em primeiro lugar, que 
os princípios da fé não contradizem as conclusões da filosofia e, segundo, que eles 
não se afastam dela e formam a base dos argumentos filosóficos (COLLINSON, 
2006, p. 61). 
Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do 
mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na 
escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base 
filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas duas 
“Summae”, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: são 
elas a “Summa Theologiae”, a “Summa Contra Gentiles” (MARTINS FILHO, 1997). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
29 
A partir dele, a Igreja tem uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia 
(baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé 
e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia 
não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não 
pode haver contradição entre fé e razão (MARTINS FILHO, 1997). 
Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do 
ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a 
privação ou ausência do bem (MARTINS FILHO, 1997). 
Guilherme de Ockham (1285-1349) foi acusado de heresias e excomungado 
da Igreja pelo Papa XXII. Seu empirismo tinha como base a crença de que tudo no 
mundo é contingente para o livre arbítrio de Deus. Sua doutrina nominalista reforça a 
alegação de que somente coisas individuais são reais. Isso quer dizer que, uma vez 
que todo conhecimento deriva de uma consciência intuitiva imediata das coisas 
particulares, sugere-se que ele condena toda possibilidade de conhecimento de 
Deus. 
Guilherme de Ockham faz uma clara separação entre revelação e fé por meio 
do conhecimento sensível e abstrato, produzindo impactos de longo alcance no 
pensamento filosófico. Contudo, como sua concepção de universo era dependente, 
em última instância, da contingência de uma vontade divina, tal estaria além da 
apreensão humana, sendo imutável. Enfim, para ele Deus não pode ser objeto de 
análises (COLLINSON, 2006). 
René Descartes (1591-1650) foi considerado o primeiro pensador moderno, 
além de grande matemático. A famosa declaração “penso logo existo” (conhecida 
como ‘cogito’) é a prova significativa de sua existência como um ser pensante e o 
ponto de partida de sua pesquisa para obter a certeza. 
Essa certeza fornece a ele a base requerida para a construção do seu edifício 
do conhecimento. Ele oferece dois argumentos para a existência de Deus. O 
primeiro argumento parte do reconhecimento de si mesmo como ser existente, que, 
em virtude de suas dúvidas, é imperfeito, já que é capaz de conceber a ideia de 
Deus como um ser perfeito. No seu entendimento essa ideia perfeita só poderia ser 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
30 
oriunda de um ser perfeito, portanto, Deus deve existir como sendo a origem desta 
ideia. 
Essa versão do argumento cosmológico, apóia-se quase que inteiramente no 
princípio escolástico de que há, pelo menos, tanta realidade na causa quanto no 
efeito, isto é, se a ideia é perfeita, então sua causa é igualmente perfeita. 
O argumento ontológico é o segundo argumento de Descartes para a 
existência de Deus, argumentando que a ideia de um ser supremamente perfeito é a 
de um ser que contém toda a perfeição, e assim, contém a perfeição em todos os 
seus graus (COLLINSON, 2006, p. 102). 
Para Benedictus ou Bento de Espinoza (1632-1677) pertencente ao grupo de 
pensadores do século XVII, que além de filósofos eram matemáticos e cientistas, 
incluindo Descartes, Leibniz e Hobbes, afirmava que existe somente uma substância 
e que esta seria Deus. Existem comentários de que era obcecado por Deus, 
principalmente porque em seus argumentos filosóficos, ele utilizava formas 
geométricas e fornecia definições e axiomas baseados em proposições, provas e 
corolários. 
Sua intenção em todos os escritos era utilizar a razão para descobrir a 
verdade pura, e deste modo, “possuir um gozo contínuo e supremo para toda a 
eternidade” (COLLINSON, 2006, p. 106). 
Seu pensamento era de que conhecendo a verdade sobre as coisas que 
estão no mundo, seria capaz de aprender a agir corretamente e obter bem-
aventurança. 
 O conceito de substância era a base de sua busca pela verdade, sendo a 
substância conceituada como aquilo que existe em si mesmo e é concebida por 
meio de si mesma; é aquilo que não depende de nada mais para a sua existência. 
Ao que ele nomeou em sua Parte 1 da Ética, como Deus ou natureza. 
Essa identificação de Deus com o universo físico chocou os contemporâneos, 
mas Espinosa insiste que o criador e toda sua criação devem ser uma única 
substância. Deus e natureza são um; Deus é imanente e não transcendente; 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
31 
considerados como um todo, Deus ou Natureza são auto-criados e, portanto, 
completamente livres (COLLINSON, 2006, p. 108). 
Na doutrina de Leibniz (1646-1716) encontramos restrições não somente à 
liberdade dos indivíduos, mas também à de Deus, partindo do seu pressuposto de 
que o conceito de indivíduo envolve tudo o que poderá acontecer a ele. A liberdade 
de Deus está, também, restrita àquilo que, uma vez decretado na existência de um 
indivíduo, aquela existência irá seguir: um curso implacável, ou seja, que Deus não 
estaria apto para alterar, e a liberdade do indivíduo seria completamente inexistente, 
visto que os eventos de sua vida estariam predestinados (COLLINSON, 2006, p. 
125). 
Joseph Butler (1692-1752), bispo de Durham já associa sua filosofia moral 
muito mais à teologia natural do que à teologia da revelação. Ele postula que o que 
é ensinado na religião está de acordo com o que o governo natural nos outorgou por 
meio dos reconhecimentos preparados pela Providência. 
Faz dentre outras, analogias entre a natureza e a religião revelada. Todas as 
criaturas, sugere ele, vieram ao mundo e foram nutridas por outras. Do mesmo 
modo, Deus governa o mundo por mediação e Jesus Cristo é o nosso mediador. As 
escrituras não explicam a eficácia desta mediação, mas o fato de ser misteriosa não 
deve ser utilizado como um argumento contra ela, visto que a mediação não é senão 
uma das muitas matérias que ficam além do alcance natural das nossas faculdades. 
Ele argumenta ainda, que há muitas evidências históricas para apoiar o cristianismo; 
o todo é perfeitamente crível, e o corpo das evidênciaspositivas para tal não pode 
ser destruído, ainda que partes destas possam ser questionadas (COLLINSON, 
2006, p. 138). 
Dentro da filosofia moderna, Butler faz parte de um movimento que conduz da 
confiança na religião revelada para o estudo da natureza humana e da ideia da 
consciência individual como o guia para a conduta moral. 
Para George Berkeley (1685-1753) a matéria não existe! Ele assegurava que 
todos os objetos que percebemos e que tomamos ordinariamente como existentes 
no mundo exterior a nós, constituem simples coleções de ideias presentes apenas 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
32 
nas nossas mentes. Assegura ainda que Deus implanta as ideias em nós, de 
maneira ordenada e que, na sua mente, tudo existe em todos os tempos. 
Para ele tudo depende da vontade de Deus, sendo Deus quem mantém a 
comunicação entre os espíritos, por meio da qual eles estão aptos para perceber a 
existência um dos outros. 
Em relação ao seu discurso sobre os espíritos, encontra dificuldade para 
manter sua coerência, uma vez que as ideias são somente ideias dos sentidos, 
então não poderia existir a ideia de um espírito. Ele diz que as ideias são passivas e 
inertes e os espíritos, seres ativos e não podem, portanto, ser ideias. 
Berkeley é um empirista ao colocar a experiência como a medida do 
significado e da realidade. Para Collinson (2006, p. 133) na realidade, Berkeley 
espana a sujeira para debaixo dos nossos pés, ou seja, ele funde os conceitos de 
matéria e ideia, mas ao final, não convence. 
Emanuel Kant (1724-1804) apresentou um trabalho muito original, que lhe 
reservou enorme receptividade, além de colocá-lo como um dos mais importantes 
filósofos ao lado de Platão e Aristóteles. Suas produções aconteceram num período 
em que a filosofia passava por um momento crucial, em que pesava uma tensão 
entre a aliança do pensamento racional que florescia no continente europeu e o 
empirismo adotado da Grã-Bretanha. 
Reconheceu as reivindicações dos empiristas quanto à experiência ser a 
origem de todas nossas crenças, no entanto, não aceitou a conclusão cética de que 
estas mesmas crenças não poderiam ser justificadas. 
Tomou como tarefa para si, descobrir a existência de um conhecimento 
metafísico, isto é, o conhecimento relacionado a problemáticas tais como a 
existência de Deus, da imortalidade da alma e sobre a possibilidade dos seres 
humanos possuírem livre arbítrio. 
O seu livro “Crítica da Razão Pura” articula temas tão diferentes quanto 
filosofia da religião, moral, arte, história e ciência, bem como epistemologia e 
metafísica. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
33 
Kant argumenta que podemos ter o conhecimento da causalidade no mundo 
das aparências, devido ao conceito puro de causalidade, ser exemplificado para nós 
na observação dos fenômenos do mundo e dos nossos julgamentos realizados de 
acordo com estes serem universalmente válidos. O que nós não podemos conhecer 
são as coisas em si mesmas, o que ele chamou de aspecto noumenal dos 
fenômenos. 
Nós também não podemos conhecer a verdade de preposições metafísicas 
tais como “Deus existe”, ou, “os seres humanos possuem almas imortais”, isto 
porque conceitos do tipo “Deus” e “alma” são exemplificados pela experiência. Kant 
denomina estes conceitos de Ideias ou Razão, os quais podem ser pensados, 
todavia não podem ser objetos do conhecimento, pois somente podemos conhecer o 
que é passível de ser objeto de uma experiência possível (COLLINSON, 2006, p. 
159). 
Segundo Hegel (1770-1831), a Filosofia faz com que a religião seja superada, 
quando esta se apropria do seu conteúdo, tendo a capacidade de reconciliação do 
ser humano com Deus e do finito com o Infinito, ao mesmo tempo. Importante frisar 
que, para Hegel, Deus não é transcendente ao mundo. Ele tem uma visão monista, 
ou seja, diviniza o mundo e a história. 
Segundo Collinson (2006, p. 169) Hegel sustentava que a filosofia, a religião e 
a arte constituíam meios de compreensão do Absoluto. 
Enquanto pastor, a principal preocupação de Hegel eram os problemas 
religiosos do cristianismo. Atacou sempre a ortodoxia, não a doutrina propriamente. 
Acreditava na doutrina do Espírito Santo. Para ele, o espírito do homem, sua razão, 
são uma vela do Senhor. Essa fé de base religiosa na Razão é o fundamento de 
todo o trabalho de Hegel. 
Sua obra “O espírito do cristianismo e seu destino, fado” mostra que os 
judeus eram escravos da Lei de Moisés, vivendo uma vida sem amor em 
comparação com a dos gregos antigos. Jesus ensinou algo inteiramente diferente. O 
homem não deve ser escravo de comandos objetivos: a lei é feita para o homem, 
porém, fica acima da tensão da experiência moral entre a razão e a inclinação 
porque a lei é para ser cumprida com amor a Deus (COBRA, 2008). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
34 
O Reino, no entanto, não pode realizar-se neste mundo: o homem não é 
somente espírito, mas também carne. Igreja e Estado, adoração e vida, piedade e 
virtude, ação espiritual e mundana nunca podem se dissolver em uma coisa só. É a 
partir desse pensamento religioso que começa a aparecer sua ideia de uma síntese 
de pólos opostos, no amor, - um pré-figuramento do espírito como a unidade na qual 
as contradições, tais como infinito e o finito, são abraçadas e sintetizadas. As 
contradições do pensamento no nível científico são inevitáveis, mas o pensamento 
como uma atividade do espírito ou "razão" pode elevar-se acima delas para uma 
síntese na qual as contradições são resolvidas. Este pensamento, escrito em textos 
religiosos, está nos manuscritos de Hegel do final de sua estada em Frankfurt 
(COBRA, 2008). 
Ainda de acordo com os estudos de Cobra acerca do pensamento de Hegel, 
há pressuposições de que a história da humanidade é um processo através do qual 
a humanidade tem feito progresso espiritual e moral e avançado seu auto-
conhecimento. A história tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é. 
Alguns historiadores encontraram sua chave na operação das leis naturais de vários 
tipos. A atitude de Hegel, no entanto, apoiou-se na fé de que a história é a 
representação do propósito de Deus e que o homem tinha agora avançado longe 
bastante para descobrir o que esse propósito era: ele é a gradual realização da 
liberdade humana. 
Em muitos pontos o pensamento de Hegel serviu aos fundamentos do 
marxismo, e um deles é sua concepção de que os Estados têm que ser encontrados 
por força e violência, pois não há outro caminho para fazer o homem curvar-se à Lei 
antes dele ter avançado mentalmente tão longe suficiente para aceitar a 
racionalidade da vida ordenada. Alguns homens aceitarão as leis e se tornarão 
livres, enquanto outros permanecerão escravos. No mundo moderno o homem 
passou a crer que todos os homens, como espíritos, são livres em essência, e sua 
tarefa é, assim, criar instituições sob as quais eles serão livres de fato (COBRA, 
2008). 
Henri Bergson (1859-1941) acreditava que o homem fosse capaz de superar 
o domínio da inteligência e de guardar o impulso criador, superando o nível estático 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
35 
da moral e da religiãoaté transcender plenamente o élan vital, o impulso vital, que, 
definitivamente, é de Deus, se não é o próprio Deus. 
De acordo com Bochenski (2008) Bergson faz uma divisão: há uma religião 
estática e uma religião dinâmica. A religião estática consiste numa reação defensiva 
da natureza contra os efeitos da atividade da inteligência, que ameaçam oprimir o 
indivíduo ou dissolver a sociedade. A religião estática prende o homem à vida e o 
indivíduo à sociedade mediante fábulas que se assemelham a canções de berço. A 
religião é obra da “função fabuladora” da inteligência. A inteligência, em sentido 
estrito, ameaça desfazer a coesão social, e a natureza não pode opor-lhe o instinto, 
cujo lugar foi precisamente substituído no homem pela inteligência. Mas a natureza 
ajuda-se mediante a produção da função fabuladora. Se o homem sabe, pela 
inteligência, que tem de morrer, coisa que o animal não sabe, e se a inteligência lhe 
ensina que entre a tentativa e o êxito desejado existe o espaço desanimador do 
insondável, a natureza volta a ajudá-lo a suportar este conhecimento amargo, 
fabricando, graças a sua função fabuladora, deuses. O papel da função fabuladora 
nas sociedades humanas corresponde ao do instinto nas sociedades animais. 
A religião dinâmica, o misticismo, é algo inteiramente diferente. Resulta de um 
retorno na direção donde procede o élan vital, e nasce da pressentida captação do 
inacessível a que a vida aspira. Este misticismo é próprio somente de homens 
extraordinários. Não se manifestou ainda entre os velhos gregos, como nem em 
forma perfeita na Índia, onde não deixou de ser puramente especulativo. Contudo 
surgiu entre os grandes místicos cristãos, que possuíam uma saúde espiritual que 
se pode qualificar de perfeita. A religião cristã aparece como a cristalização deste 
misticismo, mas, por outro lado, constitui o seu fundamento, porque os místicos são 
todos imitadores originais, embora imperfeitos, daquele que nos deixou o Sermão da 
Montanha (BOCHENSKI, 2008). 
A experiência dos místicos permite-nos defender não só a probabilidade das 
concepções relativas à origem do élan vital, como também a afirmação da existência 
de Deus, que não se pode provar com argumentos lógicos. Os místicos ensinam 
também que deus é o amor, e nada impede que os filósofos desenvolvam a ideia, 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
36 
sugerida por eles, de o mundo não ser mais do que um aspecto palpável deste amor 
e da necessidade divina de amor (BOCHENSKI, 2008). 
Bertrand Russell (1872-1970) exerceu grande influência no desenvolvimento 
da filosofia do século XX. Embora tenha se voltado para vários tópicos dentro da 
Filosofia, suas maiores contribuições acontecem no campo da lógica matemática e 
da filosofia da lógica. 
Russell era cético no que se referia à argumentação relacionada com a 
existência de Deus, dizendo que não observava nenhuma razão para acreditar numa 
deidade, o que podemos encontrar no seu livro “Porque não sou cristão” onde critica 
e examina os argumentos sobre a existência de Deus. Igual criticidade encontramos 
a respeito da prática e da teologia cristã (COLLINSON, 2006, p. 235). 
Como expoente do Existencialismo Ateísta, encontramos Jean-Paul Sartre 
(1905-1980). Segundo Sartre, o homem está abandonado; Deus não existe e, para 
Sartre, a não-existência de Deus tem implicações extremadas. Aliás, alguns dos 
problemas principais que se levantam do abandono parecem também levantar-se 
meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Se Deus realmente 
existe, nós “não estamos abandonados”. O problema do abandono levanta-se 
meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Sua existência em 
tais condições equivale, para Sartre, em uma não-existência efetiva, que tem 
implicações drásticas. Primeiro, porque não há Deus, não há nenhum criador do 
homem e nem tal coisa como um concepção divina do homem de acordo com a qual 
o homem foi criado. Segundo, diz ele, louvando-se em Dostoiévski (na fala de Ivan 
Karamazov, na famosa novela daquele escritor russo): Se Deus não existe, então 
tudo é permitido. Terceiro, “Não há um sentido ou propósito último inerente à vida 
humana; a vida é absurda” (COBRA, 2008). 
Isto significa que o indivíduo, foi jogado de fato na existência sem nenhuma 
razão real para ser. “Simplesmente descobrimos que existimos e temos então de 
decidir o que fazer de nós mesmos.” (COBRA, 2008). 
Resta como o único valor para o existencialismo ateu, a liberdade. Afirma que 
não pode haver uma justificativa objetiva para qualquer outro valor. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
37 
Porque não há nenhum Deus, não há nenhum padrão objetivo dos valores. 
Com o desaparecimento dele desaparece também toda possibilidade de encontrar 
valores. Não pode, então, haver qualquer bem a priori porque se nós não sabemos 
se Deus existe, então nós não sabemos se há alguma razão final porque as coisas 
acontecem da maneira que acontecem; não há nenhuma razão final porque 
qualquer coisa tenha acontecido ou porque as coisas são da maneira que elas são e 
não de alguma outra maneira e nós não sabemos se aqueles valores que 
acreditamos que estão baseados em Deus têm realmente validade objetiva. 
Consequentemente, porque um mundo sem Deus não tem valores objetivos, nós 
devemos estabelecer ou inventar, a partir da liberdade, nossos próprios valores 
particulares. Na verdade, mesmo se nós soubéssemos que Deus existe e 
aceitássemos que os valores devessem basear-se em Deus, nós ainda poderíamos 
não saber que valores estariam baseados em Deus, nós poderíamos ainda assim 
não saber quais seriam os critérios e os padrões absolutos do certo e do errado. E 
mesmo se nós sabemos quais são os padrões do certo e do errado (critérios), 
exatamente o que significam ainda seria matéria da interpretação subjetiva. E assim 
o dilema humano que resultaria poderia ser muitíssimo o mesmo como se não 
houvesse Deus (COBRA, 2008). 
Em Alvin Plantinga (1932- ), filósofo americano da modernidade, encontramos 
trabalhos que giram em torno da epistemologia da religião cristã. Ele apresenta uma 
crítica detalhada do fundacionalismo4 clássico, das diversas formas de coerentismo 
e de confiabilismo, e fornece uma defesa impressionante da racionalidade do teísmo 
cristão, incluindo não somente a crença em Deus como também as doutrinas 
clássicas do cristianismo. Além disso, apresenta uma refutação importante do 
naturalismo filosófico, procurando mostrar que a crença no Darwinismo pressupõe 
uma confiança epistemológica coerente com a visão teísta do homem e dos 
processos cognitivos (embora o Darwinismo seja considerado contrário ao teísmo), 
mas incoerente com as suas pressuposições naturalistas. Isso o projetou como o 
principal filósofo cristão evangélico no mundo contemporâneo. 
 
4
 O fundacionalismo baseia-se na observação de que boa parte das crenças que alguém sustenta 
baseia-se em outras crenças, ou seja, funda-se nelas, mas isso não pode ser verdade para todas as 
crenças; pelo menos algumas delas são aceitas sem base em outras (PLANTINGA, 1992 apud 
CARVALHO, 2006). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 
38 
Segundo Carvalho (2006) Plantinga inspirou-se, para a construção de sua 
proposta, em elementos teológicos oriundos da tradição

Continue navegando