mas o sujeito da oração. Fala que em frases como a do exemplo não estão na voz passiva, mas na voz ativa, pois enfatizam a ação praticada. Irene intervém dizendo que o mais coerente seria reconhecer a mesma função do SE como em frases que não possuem objeto. Exemplifica com a frase “No Brasil, trabalha-se muito e ganha-se pouco”, que a gramática tradicional classificaria como índice de indeterminação do sujeito. A lingüista fala que a classificação deveria mudar, sugerindo que deveria ser um pronome pessoal usado para indicar sujeito indeterminado. Assim, encerra-se a aula, com Vera, Sílvia e Irene muito surpresas pelo fato de Emília saber muito de analise sintática, algo que ela não dominava muito. Título: A bruxa está solta! Fenômeno decorrentes da analogia. Subtítulo: Desvendando o mistério. Vera e Silvia desconfiadas com a repentina demonstração de conhecimento por parte de Emília, lhe perguntam o que é uma explicação pragmática. Assim, é descoberto que Emília decorara o capítulo do livro de Irene que abordava os estudos do pronome SE. Irene não se diz surpreendida pela situação, pois observara que Emília citara trechos de seu livro, mas acabou deixando-a explicar. A partir da pergunta de Vera e Silvia à Emília, Irene explica as dúvidas quanto aos problemas semânticos e a explicação pragmática. Irene faz apontamentos quanto aos problemas semânticos a partir da frase “Vendem-se casas”, explicando que a ação verbal não pode ser praticada pelo sujeito casas. Na explicação pragmática, a lingüista explica que é a relação do falante com que diz. Utiliza-se da frase de Emília para expor que não está na voz passiva, mas é uma forma de enfatizar o ato praticado pelo sujeito “Sujeitíssimo” se. Subtítulo: O nome da bruxa. À noite na escolinha, Irene apresenta um outro fenômeno semelhante à assimilação: a analogia, "mudança lingüística causada pela interferência de uma forma já existente" Subtítulo: O roubo das vogais fechadas. Após a explicação, Irene dá introdução ao assunto, apresentando um novo quadro de palavras as estudantes que demonstrava a alternância de sons das vogais fechadas para os substantivos e abertas aos verbos. A lingüista explica que antigamente os substantivos usavam um acento chamado “diferencial” para diferenciar na escrita o som das vogais, mas que com a reforma ortográfica de 1971 o acento desapareceu. Irene a partir disso, explica o fenômeno da analogia, que visa eliminar as exceções da língua, contratando com os fenômenos da acentuação, citando o exemplo do verbo espelhar que segundo as regras gramaticais antigas a vogal tônica seria aberta, mas que com a analogia passam a ser conjugado a tônica fechada. Subtítulo: O excesso de correção. Irene cita outros exemplos da analogia, verbos que admitem dois particípios passados, o verbo aceitar, ganhar e salvar. Fala da pressão da escola quanto a admissão do particípio irregular, explicitando que as duas formas são admitidas pela gramática tradicional. A lingüista cita o caso de hipercorreção processo advindo da analogia, que faz com que os falantes façam aplicação da regra em verbos que no português clássico só possuem o particípio regular, citando o exemplo do particípio pego, que nasceu da hipercorreção da analogia. Irene fala que no PNP faz surgir formas regulares aos verbos cita os exemplos abrir- abrido, escrever-escrivido, ponhar- ponhado. Já na variedade de PP, a lingüista aponta outra inversão, tenta transformar tudo o que é exceção em regra. Cita o caso do verbo frigir, que por meio da analogia gerou o verbo fritar, forma regular, pois o verbo frigir ficara estranho no PP. Título: A fôrma a norma e o funil – mudança, variação e problemas no ensino da língua. Subtítulo: O perigo de um novo mito. Na manha do dia seguinte, reunidas à mesa de café, todas se mostram bem dispostas e alegres, menos Sílvia que se encontra silenciosa. Vera e Emília justificam o motivo do silencio como sendo saudades do namorado. Sílvia desmente e expõe que estava pensativa devido a uma dúvida que possuía quanto as variedades de PP e de PNP, de estas serem um mito de duas línguas únicas. Irene as surpreende, respondendo que as variedades não existem. Após o termino do café todas seguem para a escolinha para que Irene explicasse a dúvida das estudantes. Subtítulo: Um só padrão, mas inúmeras variedades. Irene inicia a aula explicando que não existem apenas as variedades PP e PNP, mas muitas outras. Aponta que para organizar as variedades da língua é necessário, pois, definir normas para constituir a norma padrão, porque ela é a representante legal da língua. A partir disso se dá à definição de norma padrão e norma não padrão as categorias lingüísticas. A lingüista fala da não existência de um modelo padrão que é obedecido rigidamente, mas há um modelo de língua que se transforma a todo tempo, apontando que a norma padrão é um ideal de língua, uma abstração. As estudantes tecem comparações sobre a língua padrão ser um molde para fazer o vestido que é a língua de uso real. Subtítulo: Quem é falante culto. Irene fala da existência de uma norma ideal que é o padrão, modelo inatingível e da linguagem social, de uso real, contendo múltiplas variedades. Aponta que ambas as variedades não se encontram isoladas e não estão prontas. A lingüista explica que para se definir uma variedade e o falante, se é utilizado o critério do nível de escolaridade, assim definindo as variedades mais cultas e menos cultas. Ela também define o falante culto segundo o critério de pesquisadores, como o individuo que tem curso superior completo. Fala também o exemplo dos EUA, que o critério da cor de pele define a classificação de uma variedade linguistica; do Japão, que a diferença de uso se dá entre homem e mulher e da Inglaterra que é definida pela classe social, critério político. Irene expõe que o critério para determinar a classificação das variedades é o da escolarização, apontando que o acesso a educação acompanha a má distribuição de riqueza nacional e que embora o Brasil seja a 10° maior economia do planeta, é o 7° colocado entre os paises com o maior numero de analfabetos, sendo a média de escolaridade de quatro anos e meio. A lingüista continua a discorrer dizendo que até mesmo o falante considerado culto não respeita a norma padrão todo o tempo, pois este recebe influências externas e internas. Irene conclui dizendo que é necessário haver na escola o acesso à educação formal para que o indivíduo saiba se utilizar das variedades do português, adaptando-as em situações diversas. Emilia compara as variedades, citando que os falantes cultos tem uma quantidade bem grande de roupas e os falantes das variedades menos cultas uma quantidade pequena. Subtítulo: Pressão conservadora e mudança inovadora. Irene expõe que uma pequena parcela da população consegue obter a classificação de falante culto, devido as desigualdades sociais. A lingüista explica que a norma padrão impõe pressão sobre os falantes, a qual cresce na proporção do contato que o falante tem com as variedades consideradas mais cultas, diferentemente das variedades consideradas menos cultas que a pressão das regras é praticamente nula. Fala também da grande pressão dos defensores da norma padrão par fazer com que ela fique inalterada, explicando que o PP irá sofrer alterações mesmo com essa pressão. Irene explica que as variedades menos cultas se desenvolvem pois não sofrem a pressão da escola, porém lentamente vão sendo assimiladas pelos falantes mais cultos, deixando de ser estigmatizadas. Subtítulo: O certo de hoje já foi o errado de ontem. Irene para explicar as mudanças da língua e para demonstrar o que era erro no passado se tornou certo no presente, faz a comparação entre o verbo latino – laxare, em Italiano- lasciare, Francês- laissei com a forma do Português deixar, explicando que por meio do processo de assimilação surgiu a troca do L por D. Cita como exemplo um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, onde a forma luxarei português arcaico era considerado norma