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1 1 Sumário Conteúdo 01: Intervenção do Estado na Propriedade .................................................................................................. 2 Conteúdo 02: Intervenções Restritivas na Propriedade ............................................................................................. 23 Conteúdo 03: Bens Públicos ...................................................................................................................................... 37 Conteúdo 04: Responsabilidade Civil do Estado ....................................................................................................... 44 Conteúdo 05: Agentes Públicos ................................................................................................................................. 77 Conteúdo 05: Agentes Públicos ............................................................................................................................... 104 Conteúdo 05: Agentes Públicos ............................................................................................................................... 115 Conteúdo 05: Agentes Públicos ............................................................................................................................... 131 Conteúdo 06: Improbidade Administrativa ............................................................................................................. 179 Conteúdo 07: Lei Anticorrupção ............................................................................................................................. 216 2 2 DIREITO ADMINISTRATIVO II Conteúdo 01: Intervenção do Estado na Propriedade 1. Noções Introdutórias O direito de propriedade configura uma garantia constitucional que assegura ao seu detentor as prerrogativas de usar, fruir, dispor e reaver a coisa dominada, de modo absoluto, exclusivo e perpétuo (Matheus Carvalho). Inobstante todas as prerrogativas decorrentes do direito de propriedade, o Estado em virtude do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado pode vim a intervir no direito constitucional fundamental da propriedade para fins de assegurar o bem-estar da coletividade. Nesse sentido, a intervenção do Estado na propriedade deve ser compreendida antes de tudo como desdobramento do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, isso porque o direito de propriedade (direito fundamental) o qual, em regra, é de uso exclusivo, poderá vim a sofrer restrições para atender o interesse de toda a sociedade. Corroborando ao exposto, ensina o Professor Matheus Carvalho, é indiscutível que a intervenção do Estado no direito de propriedade decorre do princípio basilar da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Sendo assim, em virtude da possibilidade de limitar direitos individuais, na busca da satisfação de necessidades coletivas, o ente estatal poderá restringir o uso da propriedade ou, até mesmo, retirá-la do particular, desde que devidamente justificada a conduta estatal. Esquematizando → A intervenção do Estado no direito de propriedade decorre do princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. 2. Espécies de Intervenção A intervenção poderá ser de duas espécies: a) Intervenção Restritiva: o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade pelo terceiro, sem, contudo, lhe retirar o direito de propriedade. Podemos citar como hipóteses de intervenção restritiva na propriedade: • Servidão Administrativa • Requisição Administrativa • Ocupação Temporária • Limitação Administrativa 3 3 • Tombamento b) Intervenção Supressiva: o Estado transfere para si a propriedade de terceiro, suprimindo o direito de propriedade anteriormente existente. • Desapropriação Intervenção Restritiva Intervenção Supressiva O direito de propriedade do particular que inicialmente era plena sofrerá restrições, porém, sem que lhe seja tomado a propriedade. O direito de propriedade do particular é suprimido pelo o Estado, o qual passará a ser o titular da propriedade. Ex.: Desapropriação 3. Desapropriação 3.1 Noções e Fundamento Constitucional A desapropriação possui previsão na Constituição Federal, a qual igualmente assegura o direito de propriedade. Nesse sentido, o texto constitucional: Art. 5°, XXIV. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Desse modo, contemplamos que a própria Constituição Federal, a qual consagra o direito de propriedade, expõe este direito poderá ser suprimido ou restringido em determinadas circunstâncias. 3.2 Pressupostos da Desapropriação Nos termos da Constituição Federal, será possível desapropriar o bem, desde que seja: • por utilidade pública: regulamentado pelo Decreto-lei 3.365/41, e nesses casos, o Estado desapropria o bem para que ele mesmo faça uso desse bem. → Situação em que o ente público terá necessidade de utilizar o bem diretamente. • necessidade pública: regulamentado pelo Decreto-lei 3.365/41, e nesses casos, o Estado desapropria o bem para que ele mesmo faça uso desse bem. • por interesse social: é cabível quando o Estado desapropria a propriedade para dar a ele função social. • mediante o pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro. A indenização proveniente da desapropriação deverá ser feita de forma prévia, em dinheiro e justa. - O que deve ser compreendido como indenização justa? 4 4 A doutrina moderna e jurisprudência firmaram entendimento no sentido de que a indenização justa é aquela que abarca o valor de mercado do bem a ser expropriado, os danos emergentes decorrentes da perda da propriedade, assim como os lucros cessantes devidamente comprovados, sempre acrescidos de correção monetária, a partir da avaliação do bem, de forma a se evitar que a corrosão da moeda enseje perdas indevidas ao particular. A regra de que a indenização deve ser prévia, justa e em dinheiro contempla exceções, as quais estão estampadas no próprio texto constitucional. Regra: indenização prévia, justa, em dinheiro (valor venal do imóvel + indenizações). Segundo ensinamentos do Professor Matheus Carvalho, quando na desapropriação a indenização é prévia, justa e, em dinheiro, estamos diante do que a doutrina denomina de “desapropriação comum”. Contudo, além da desapropriação comum, o texto constitucional prevê três hipóteses de desapropriações especiais. 3.3 Desapropriação Comum Trata-se da desapropriação regulamentada no art. 5°, XXIV da Constituição da República, dependendo sua licitude da existência de uma situação de utilidade ou necessidade pública, ou, ainda, da demonstração de uma hipótese de interesse social. A desapropriação comum deverá ser precedida de pagamento de valor indenizatório prévio, justo e em dinheiro. Na desapropriação comum, a indenização é: • Prévia; • Justa; e • Em dinheiro. 3.4 Desapropriações Especiais O próprio texto constitucional estabelece, em seu bojo, três hipóteses de desapropriações especiais. São desapropriações cuja indenização não é paga em dinheiro. Nesse sentido, são formas de desapropriação especial: a) Desapropriação urbana (art. 182, CF) b) Desapropriação rural (art. 184 a 186, CF): regulamentado pelo estatuto da cidade. c) Desapropriação confisco (art. 243, CF). A) Desapropriação Urbana A desapropriação urbana encontra-se previsto no estatuto da cidade, o qual regulamenta o art. 182 da CF. 5 5 Nos termos do § 2º do art. 182 da Constituição Federal, a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das