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Questionário Bioquímica 2 A hemoglobina é uma proteína globular cujos aminoácidos de cadeias laterais capazes de realizar interações fracas com moléculas de água são essenciais para manutenção da conformação nativa dessa proteína. No entanto, ela também possui vários aminoácidos com cadeias laterais hidrofóbicas em sua estrutura primária. 1. Explique a importância desses aminoácidos hidrofóbicos para a correta estruturação conformacional da hemoglobina em meio aquoso. Esses aminoácidos hidrofóbicos são altamente conservados e estão posicionados em todo o entorno do grupamento heme e são essenciais para permitir que o oxigênio se ligue ao ferro de forma reversível. Ademais, essa composição hidrofóbica acaba empurrando os aminoácidos hidrofílicos ao exterior, o que faz com que a hemoglobina seja muito solúvel. 2. A substituição de um glutamato (aminoácido carregado negativamente) por uma valina (aminoácido hidrofóbico) nas cadeias beta da hemoglobina resulta na anemia falciforme. Qual seria o efeito da substituição desse glutamato por um aspartato, que possui carga negativa? Não teria nenhum ou teria mínimo efeito, isso porque aspartato é muito semelhante ao glutamato quanto à carga (-1), contém somente um CH2 a mais, o que não irá atrapalhar na hidrofobicidade e a hemoglobina continuará sendo solúvel. Observe o gráfico e responda as questões: 3. Considerando as curvas de saturação de ligação ao oxigênio da mioglobina e da hemoglobina, indique qual satura mais rapidamente. A de mioglobina, pois observa-se que a curva é mais “em pé”, o que significa que uma pequena quantidade de oxigênio rapidamente satura a curva. 4. Qual das duas proteínas pode ser considerada um transportador mais eficiente de oxigênio? Justifique. A hemoglobina, isso porque, conforme análise do gráfico, ela é capaz de entregar maior quantidade de oxigênio nos tecidos em comparação com a mioglobina. Isso se deve ao fato da hemoglobina possuir mais sítios de ligação ao oxigênio, e também é mais sensível a pequenas alterações de concentração do oxigênio do que a mioglobina. Isso explica porque a mioglobina é considerada uma proteína armazenadora. 5. Qual das curvas de saturação sugere que há uma mudança de conformação da proteína conforme aumenta a concentração de oxigênio? Por que essa mudança ocorre? A da hemoglobina. Isso ocorre porque uma vez que um oxigênio acaba se ligando ao grupo heme de uma das subunidades da hemoglobina que estão no estado T (tenso, estabilizado por pares iônicos) ele acaba desencadeando uma mudança de conformação para o estado R (relaxado) e nesse processo alguns desses pares iônicos são rompidos e novos são formados. Essa mudança de conformação facilita a ligação das próximas moléculas de O2. Observe a figura abaixo demonstrando 3 curvas de ligação da hemoglobina por oxigênio em 3 valores diferentes de pH e responda as perguntas: 6. Qual o efeito de uma elevada concentração de H+ sobre a afinidade da hemoglobina por oxigênio? A hemoglobina se liga tanto ao oxigênio como ao hidrogênio, mas de maneira inversa. A alta concentração de H+ diminui a afinidade da hemoglobina por oxigênio, o que significa que ela entrega mais oxigênio aos tecidos. Esse efeito da elevada concentração de H+ sobre a hemoglobina é conhecido como Efeito Bohr. 7. Qual é a importância fisiológica deste efeito dos prótons sobre a atividade da hemoglobina? Quando o pH está baixo (alta concentração de H+) significa que há muito CO2. Isso porque o gás carbônico é convertido em bicarbonato, e essa reação libera prótons. Portanto, os prótons (menor pH) faz com que a hemoglobina libere mais oxigênio, como maneira de contrabalançar o desequilíbrio. CO2 + H2O ⇋ H + + HCO3 - Observe o gráfico e responda às questões: 8. O composto 2,3-bifosfoglicerato (2,3-BPG, ou BPG no gráfico) está presente em hemácias e é um regulador da afinidade da hemoglobina por oxigênio. Considerando a curva de afinidade da hemoglobina por oxigênio em diferentes concentrações de BPG (0, 5 e 8 mM), qual é o efeito deste composto sobre a atividade da hemoglobina? Pode-se observar que conforme é aumentada a concentração de BPG, menor é a afinidade do oxigênio pela hemoglobina, isso significa que ela entrega mais oxigênio aos tecidos. Existe uma relação inversa entre a ligação ao oxigênio e a BPG, demonstrado por: HbBPG + O2 ⇋ HbO2 + BPG Isso porque o BPG estabiliza o estado T, já que se liga fortemente a desoxiHb, ou seja, a presença de BPG ajuda a manter a hemoglobina na sua forma não ligada ao oxigênio. 9. Como você esperaria encontrar os níveis de BPG em uma pessoa que vive em uma região de altitude zero (ao nível do mar), comparada com uma pessoa vivendo em uma altitude acima de 4000 metros? Justifique. Os níveis de BPG de uma pessoa que vive o nível do mar é menor do que daquelas pessoas que vivem em altitudes. Em altitudes, a pO2 é mais baixa e a liberação de oxigênio aos tecidos é reduzida. O aumento dos níveis de BPG, então, reduz a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, fazendo com que essa libere mais O2 nos tecidos (quase não afeta a ligação do oxigênio nos pulmões). Por isso que as pessoas, vivendo em regiões altas ou não, liberam cerca de 40% de oxigênio aos tecidos. 10. Baseado nos vídeos sobre príons, doença de Alzheimer e doença de Parkinson, disserte sobre a base molecular comum entre estas doenças e por que os tratamentos disponíveis não as curam. Essencialmente, todas essas doenças são doenças causadas por problemas no enovelamento protéico, conhecido por ‘misfolding’. Mudanças conformacionais das proteínas de alfa-hélice para beta-pregueada, por exemplo, facilitam um “empilhamento” dessas, vindo a se agregar como placas que os mecanismos de defesa já não conseguem combater. O acúmulo dessas dentro dos neurônios acabam levando eles a morte, desencadeando quadros degenerativos. Uma forma mutada da proteína alfa-sinucleína por exemplo, que causa a doença de Parkinson, se “gruda” a outras proteínas de maneira a formar oligômeros que se acumulam. Na doença de Alzheimer, é o peptídio beta amilóide que está envolvido, assim como mutações na proteína tau que fazem com que elas se dissociem dos microtúbulos e adotem formas anormais, ambas acumulando e eventualmente matando os neurônios. Esse mecanismos que fazem com que formas normais venham a ser modificadas e assumam esses papéis mutados agem de uma forma um tanto “zumbi”, essa é a justificativa de elas poderem serem chamadas de doenças ‘príon-like’, uma vez que o príons possui esse mesmo comportamento. O fato de elas irem modificando outras proteínas, formando placas e acumulando de maneira a matar os neurônios, envolvem mecanismos que ainda não compreendemos muito bem, isso faz com que os tratamentos não consigam exterminá-las de vez, só retardem o avanço das doenças.
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