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PEDAGOGIA EMPRESARIAL TEMA 1 A pedagogia empresarial

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PEDAGOGIA EMPRESARIAL TEMA 1 A pedagogia empresarial: concepções e princípios
A pedagogia empresarial surge como área de atuação na década de 1980 como consequência das transformações
que ocorriam no mundo do trabalho e que afetaram empresas e estabeleceram novas necessidades na formação
dos recursos humanos. Desde sua origem, está profundamente vinculada ao processo educacional relacionado à
formação continuada dos funcionários das empresas com vistas a favorecer o estabelecimento de práticas educacionais
continuadas e autônomas.
Conforme Ferreira (2013, p. 55) explica: “A Pedagogia chega à empresa por meio da orientação profissional, que é a consequência das mudanças tecnológicas implementadas nas últimas décadas do século XIX [...].”. As modificações que ocorreram no âmbito dos processos de trabalho abrem campo para a atuação do pedagogo na empresa uma vez que se coloca a necessidade de um novo perfil de trabalhador em conformidade com as mudanças aceleradas que ocorriam no mundo produtivo, e para isso havia necessidade de formação para atender a essa demanda. Como você pode constatar, a criação de novas práticas profissionais está estreitamente relacionada à própria reorganização produtiva que impõe mudanças, renovação ou transformação.
Embora ainda de maneira incipiente, o pedagogo passa a ter espaço de atuação na empresa especialmente no momento em que o processo produtivo incorpora as novas tecnologias, exigindo um trabalhador com maiores habilidades não apenas para aprender a lidar com essas tecnologias, mas com capacidade de adaptação a todas as transformações que decorrem dessa incorporação, tais como: agilidade na resolução de problemas, autonomia, aprendizagem constante, dentre outras. Se por um lado as indústrias incorporavam rapidamente novas tecnologias, e com isso implementavam o processo produtivo, por outro lado não contavam com trabalhadores qualificados para essa realidade. Você pode estar se perguntando: Mas e a escolarização regular? Como a escolarização regular não oferecia a formação adequada para atender às necessidades do desenvolvimento industrial, as empresas buscaram outros meios para formar mão de obra qualificada e muitas assumiram essa formação, cabendo ao pedagogo coordenar esse processo. Por isso, quando do início da atuação do pedagogo na empresa, sua prática esteve muito voltada para a área de treinamento. Isso não quer dizer que o pedagogo tenha deixado de atuar nessa área, mas sim que há uma ampliação de suas funções no sentido de compreender a empresa como uma unidade na qual todos os setores se relacionam visando à qualificação humana. Pode-se afirmar que novas demandas começam a surgir, exigindo desse profissional uma formação mais adequada em conformidade com uma concepção de desenvolvimento das pessoas com base na aquisição do conhecimento. Você deve ter referências sobre como as empresas se modificaram nos últimos anos por meio de informações externas ou mesmo de experiências pessoais. Pense em como o papel dos funcionários tem adquirido importância nesse aspecto e a relevância do pedagogo como coordenador desse processo.
Vejamos como se dá a ação do pedagogo na empresa. A Pedagogia empresarial representa o atendimento a uma necessidade das empresas tendo o objetivo de atuar na área de Desenvolvimento de Recursos Humanos, especificamente em treinamento de pessoal, responsável pela preparação/formação de mão de obra para o atendimento das necessidades de uma organização (RIBEIRO, 2010). Nesse sentido, o almejado é o aperfeiçoamento dos colaboradores em todos os seus níveis de atuação, visando atender a proposta de qualificação dos recursos humanos das organizações, ultrapassando a visão instrumental do treinamento.
Ribeiro (2010, p. 11) explica que: “A Pedagogia Empresarial existe [...] para dar suporte tanto em relação à estruturação das mudanças quanto em relação à ampliação e à aquisição de conhecimento no espaço organizacional”. Em função da acirrada competitividade, as empresas buscam garantir algumas condições para sua manutenção no mercado, por isso investem nos processos de construção do conhecimento pelo trabalhador. O conhecimento é considerado como capital e isso exige constante atualização, então cabe ao pedagogo que atua na empresa a compreensão de que trabalha com projetos que envolvem o desenvolvimento humano, sendo assim, os trabalhadores serão partícipes ativos desse processo. Você sabia que o trabalho do pedagogo pode abranger diferentes espaços, tais como hospitais, ONGs, empresas, museus, projetos sociais ou qualquer outro no qual sejam prováveis a aplicação de conhecimentos pedagógicos? Isso ocorre porque a educação se encontra em contextos para além da escola, em que o papel do pedagogo e seus conhecimentos tornam-se necessários. O que você pensa da educação ser um fenômeno que ocorre além dos muros escolares? Lembre-se de que a escola cumpre uma função importante na sociedade, porém a educação escolar é uma característica da sociedade burguesa e a educação numa concepção mais genérica (ou socioantropológica) pode ocorrer em diferentes lugares e de diferentes modos.
Você pode observar que a atuação do pedagogo na empresa também tem vínculos com um processo educativo, ainda que diferente do realizado pela escola. A atuação do pedagogo na empresa está vinculada à concepção da educação como um fenômeno que ultrapassa os espaços escolares e que pode ocorrer de maneira assistemática. Nesse sentido, a educação que acontece na escola, por se estruturar de maneira organizada e visando ao alcance de objetivos acadêmicos, é considerada como regular e sistemática. Já a educação que ocorre em outros espaços – familiar, comunitário, religioso, de trabalho –, por não seguir uma estrutura intencional e sistemática, ocorrendo muitas vezes de maneira espontânea, é considerada assistemática. Alguns autores ampliam esse entendimento, acrescentando também a educação não formal.
Em princípio podemos caracterizar a educação formal como aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos; e a educação informal como aquela que na qual os indivíduos aprendem durante o seu processo de socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e extrafamiliares [...]. (GOHN, 2010, p. 16).
Observe que ao relacionar Empresa e Pedagogia é importante compreender que, embora se trate de um espaço não escolar, as práticas empreendidas na empresa propiciam a realização de um processo educacional, conforme as explicações feitas por Gohn (2010). Assim, a empresa não representa um espaço educativo no sentido formal do termo, mas num outro sentido, uma vez que pelas práticas produzidas pode favorecer o desenvolvimento dos seres humanos levando a mudanças de comportamento no desempenho profissional e também pessoal. A Pedagogia contribui com a empresa uma vez que, por meio das competências e habilidades desenvolvidas nos treinamentos e processos de formação, favorece a difusão do conhecimento, o que influencia as adaptações necessárias aos processos de trabalho. Você percebe que um programa de formação continuada pode efetivamente contribuir para o desenvolvimento dos funcionários de uma empresa? Você observa nisso um processo educativo?
Mas de onde vem essa nova concepção sobre o trabalho educativo do pedagogo fora do espaço escolar? Vamos conhecer pouco mais sobre isso. A proposta de formação do pedagogo para o trabalho educacional fora dos espaços escolares formais é recente, porém prevista na Resolução CNE/CP nº 1, de maio de 2006. Conforme o artigo 5º da Resolução (BRASIL, 2006), o egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a:
[...]
IV - trabalhar, em espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes
fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo;
[...]
Isso amplia a atuação do pedagogo requerendoconhecimentos mais adequados para esse tipo de intervenção.
Aquino e Saraiva (2011) identificaram por meio de estudos bibliográficos as possibilidades de atuação do pedagogo em espaços diversos nos quais estão presentes a educação formal e não formal.
	Espaços de Formação e Atuação do Pedagogo
	Ações Desenvolvidas
	Objetivos
	Escola
	Participação na organização e gestão da escola, por meio de atividades que englobam a seleção e organização dos conteúdos, das formas de estimulação e motivação, do espaço físico e ambiental, dos instrumentos de avaliação da
aprendizagem, reduzindo as dificuldades de aprendizagem.
	Favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos em seu aspecto social e cognitivo.
Coordenar, implantar e implementar, no estabelecimento de ensino, as diretrizes definidas no Projeto Político Pedagógico e no Regimento Escolar; auxiliar o corpo docente, gerenciar e supervisionar
o sistema de ensino favorecendo a
melhoria da aprendizagem dentro da
escola de forma integral.
	Instituição Hospitalar
	Através de uma triagem sobre a situação do paciente, o pedagogo, por meio de ações e intervenções, busca desenvolver atividades lúdicas e recreativas que ajudem a criança hospitalizada a construir um percurso cognitivo, emocional e social para manter uma ligação com a vida familiar e a realidade no hospital.
	Favorecer o processo de socialização da criança; dar continuidade aos estudos daquelas que se encontram afastadas da escola; oferecer atendimento emocional e humanístico para a criança e para o familiar que a acompanha, a fim de ajudá-los no processo de adaptação ao ambiente hospitalar e motivá-los no
processo de recuperação do paciente.
	Empresas
	Planejar, desenvolver e administrar atividades relacionadas à educação na empresa; elaborar e desenvolver projetos; coordenar a atualização em serviço dos profissionais da empresa; planejar e ajudar no desempenho profissional dos
funcionários da empresa.
	Preparar os profissionais que atuam na empresa e qualificá-los para lidar com várias demandas, com incertezas, com várias culturas ao mesmo tempo, motivando-os a crescer e a produzir mais dentro da própria empresa.
	Espaços de Formação e Atuação
do Pedagogo
	Ações Desenvolvidas
	Objetivos
	Meios de Comunicação
	Assessorar na difusão cultural e na comunicação de massa.
	Elaborar estratégias, atividades e instrumentos que permitam o
aprendizado através dos meios de
comunicação.
	Sindicatos
	Atuar fazendo o planejamento, a coordenação e a execução de projetos de educação formal de qualificação e
requalificação.
	Qualificar e requalificar o trabalho, as habilidades e as competências dos seus associados no mercado de trabalho.
	Turismo
	Desenvolver atividades educativas que visem ao conhecimento de uma
localidade, acompanhada de sua história
e cultura.
	Contribuir para o aprendizado sobre o multiculturalismo, valorizando as diversidades culturais e favorecendo a construção de uma consciência de
preservação ecológica.
	Museus
	Desenvolver atividades educativas dentro desse espaço, juntamente com uma equipe interdisciplinar.
	Proporcionar aos visitantes a compreensão da importância da memória cultural e da sua relação com a
atualidade.
Analise o quadro e observe que as possibilidades de atuação do pedagogo ampliam-se em face do largo espectro de instituições nas quais ele pode desempenhar suas funções.
É nessa perspectiva que a Pedagogia não se limita aos espaços escolares e nem à docência, devendo ser compreendida como um campo científico cujo objeto de estudo é a educação ou a prática educativa. Nesse sentido, Libâneo e Pimenta (2006) defendem um currículo para o curso de Pedagogia voltado para a pesquisa, seja como prática acadêmica ou como atitude. Os saberes pedagógicos contam com a contribuição das ciências da educação em face das características das práticas educativas.
A integração de conhecimentos pela inter-relação entre saberes decorre não apenas da pluralidade que caracteriza o fenômeno educativo, mas também de uma tendência irrefreável das ciências no mundo contemporâneo na busca da integração entre os saberes, sem perder de vista a especificidade disciplinar. (LIBÂNEO; PIMENTA, 2006, p. 37).
O pedagogo, nessa perspectiva, é visto como um cientista educacional, que, conforme explica Franco (2006, p. 109), é ”[...] um especialista na compreensão, pesquisa e orientação da práxis educativa, que ocorre nas mais diversas instâncias sociais”. A autora acrescenta que o fazer pedagógico é investigativo, porque esse é o meio para refletir sobre as práticas empreendidas que, por sua vez, irão produzir teorias científicas. De que maneira você pensa que o pedagogo pode contribuir para a reflexão sobre as questões pedagógicas mesmo fora de espaços educacionais formais, como é o caso da escola?
No Brasil, os cursos de Pedagogia foram organizados a partir de 1930, e desde o início houve dificuldades em sua categorização enquanto licenciatura ou bacharelado. Somente em 1969 o curso de Pedagogia passa a ter a categorização de licenciatura, ainda que se mantivesse a polarização em relação a esse tema. A partir daí, as disciplinas fixadas para a formação do licenciado passam a integrar o curso de Pedagogia e este assume a função de formação de professores para o ensino normal e a de especialista para a função de orientação, supervisão e direção nas escolas. (SILVA, [s.d.]).
A partir da década de 1970 começam as discussões e reflexões em torno da formação do educador e mais agudas se tornam as relações entre licenciatura e bacharelado. Há aqueles que defendem a manutenção do formato inicial do curso com acréscimos das demandas pedagógicas emergentes, assim como há aqueles que defendem a separação entre bacharelado e licenciatura, ambas as posições implicam em controvérsias em relação à forma de estruturação do curso e os perigos que a fragmentação e a dicotomização – qual seja o generalista ou o especialista – podem provocar no processo de formação.
A questão da identidade do pedagogo se manteve como um problema não resolvido, e isso ficou manifesto na LDB 9.394/1996, que previa a formação de profissionais para a educação básica em Institutos Superiores de Educação, e não apenas nas Universidades. Isso colocava em questionamento a necessidade dos cursos de Pedagogia, porém houve uma grande pressão em relação aos Institutos Superiores de Educação. Por fim, houve a definição de que caberia às Universidades a formação de professores. A “Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Formação dos Profissionais da Educação”, feita pela ANFOPE1 no IX Encontro Nacional, realizado no ano de 1998, define que a formação do professor deve ser realizada pela Universidade, acrescentando ainda que a fragmentação existente entre as licenciaturas deveria ser superada, incluindo também aquela formação existente entre os pedagogos.
Essa proposta, com algumas alterações, foi aprovada somente em 2006 por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais, que ainda estabeleceram a docência como identidade do pedagogo, havendo extinção das habilitações. Conforme definido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia:
Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando:
I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; 
II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares;
III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares.(BRASIL, 2006).
Diante das reflexões feitas, você constata que mesmo na prática educativa denominada não escolar existe uma intenção que manifesta o seu caráter pedagógico, por meio da organização das atividades em torno de uma proposta visando transmitir conhecimentos que irão subsidiar os seus interlocutores. A educação, o ato de educar não é, portanto, possível somente ao docente ou à escola. O objeto de estudo da pedagogia é a educação, uma prática humana e social cujo produto é a mudança dos seres humanos em seus diversos estados: físico, intelectual, cultural. Há claramente um processo de formação humana, mediado pela educação e que se dá por meio das relações sociais. Assim, pode-se definir o pedagogo como:
O profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. (LIBÂNEO, 2006, p. 70).
Nesse sentido, o exercício pedagógico se desdobra em várias modalidades de atuação do pedagogo, inclusive no âmbito empresarial. Evidentemente, a atuação do pedagogo dentro da empresa será distinta daquela em uma escola, haja vista que os objetivos das instituições não se confundem, contudo o caráter educativo mantém a essência do seu papel. Nessa perspectiva, você pode visualizar que a atuação do pedagogo na empresa será essencialmente educativa.
O propósito do pedagogo na empresa será identificar, por meio de dados científicos, as situações-problema a partir das quais, com base no conhecimento, poderá atuar visando à melhoria do desempenho das pessoas. Abrantes (2012) afirma que a proposta da Pedagogia Empresarial é ajudar os trabalhadores das empresas a construir práticas que efetivem o processo de “aprender a aprender” via educação continuada, uma vez que a própria realidade objetiva impõe uma predisposição para a mudança considerando as transformações aceleradas que marcam a atual sociedade. As propostas de formação continuada visam qualificar e valorizar as pessoas e, ao mesmo tempo, garantir o processo produtivo; e a pedagogia contribuirá com os recursos necessários para uma intervenção racional sem perder de vista o desenvolvimento do ser humano. Como você pode observar, isso também amplia as responsabilidades do pedagogo na empresa, pois não há mais limitação aos cursos de capacitação de funcionários ou formações pontuais que não consideram a inter-relação existente entre as práticas estabelecidas no ambiente de trabalho.
Holtz (2006, p. 15) relaciona algumas das responsabilidades do Pedagogo Empresarial:
1. Conhecer e encontrar as soluções práticas para as questões que envolvem a otimização da produtividade das pessoas humanas – o objetivo de toda Empresa.
2. Conhecer e trabalhar na direção dos objetivos particulares e sociais da Empresa onde trabalha.
3. Conduzir, com atividades práticas, as pessoas que trabalham na Empresa – dirigentes e funcionários – na direção dos objetivos humanos, bem como os definidos pela Empresa.
4. Promover as condições e atividades práticas necessárias – treinamentos, eventos, reuniões, festas, feiras, exposições, excursões etc. – ao desenvolvimento integral das pessoas, influenciando-as positivamente (processo educativo), com o objetivo de otimizar a produtividade pessoal.
5. Aconselhar, de preferência por escrito, sobre as condutas mais eficazes das chefias para com os funcionários e destes para com as chefias, a fim de favorecer o desenvolvimento da produtividade empresarial.
6. Conduzir o relacionamento humano na Empresa, através de ações pedagógicas, que garantam a manutenção
do ambiente positivo e agradável, estimulador da produtividade.
A educação está no cerne da prática pedagógica e, no caso da formação que ocorre nas empresas, esse processo será organizado e sistematizado com vistas a atender as necessidades da formação de mão de obra e em conformidade com os seus objetivos, não seguindo uma estrutura curricular, mas havendo também um conjunto de conhecimentos e práticas necessárias a serem desenvolvidas. Observe que há construção do conhecimento, há sistematização de processos e organização das atividades. O pedagogo será o coordenador dos meios de desenvolvimento das competências dos indivíduos que compõem a equipe de trabalho da empresa, realizará suas tarefas em equipe, minimizando a distância entre o desempenho que eles apresentam na atualidade e o almejado. Nesse contexto, faz-se necessário descrever as funções desenvolvidas pelo pedagogo em uma empresa:
As funções que o Pedagogo exerce nas empresas podem ser resumidas em garantir que os colaboradores estejam preparados para qualquer demanda que possa surgir, ou seja, que apoiados por uma aprendizagem contínua possam detectar e superar obstáculos, identificar e aproveitar oportunidades, trazendo vantagens ao negócio. (CLARO; TORRES, 2012, p. 11).
Mais um aspecto precisa ser considerado: como você pensa que devem ser as propostas de formação, considerando que os trabalhadores das empresas são adultos e muitos deles com experiências diversas, tanto do ponto de vista pessoal como profissional? Autores como Abrantes (2012) defendem o conceito de andragogia, e não pedagogia, para o trabalho realizado pelo pedagogo empresarial. O autor defende a andragogia por ser a ciência que estuda o processo de instrução do adulto no qual a aprendizagem é centrada no aprendiz. Assim, as atividades propostas envolvem ações do cotidiano que irão ajudar esse adulto a enfrentar problemas objetivos, por isso ele se torna agente de sua aprendizagem, construindo saberes que contribuem para sua autonomia.
Um dos primeiros autores a tratar do termo foi Knowles, em 1980 (KNOWLES apud NOFFS; RODRIGUES, 2011, p. 286), contrastando-o inicialmente com a pedagogia, porém posteriormente reconsiderou sua concepção, passando a defender a andragogia como modelo de aprendizagem. Nesse sentido, destaca-se a metodologia utilizada, que favorece a participação ativa do aprendiz, e o professor, que é um facilitador, tendo como principal característica o diálogo e a colaboração para que o aprendiz se sinta confiante, o que gera uma predisposição para a aprendizagem. Observe que há destaque para a metodologia a ser utilizada quando se considera o adulto como o aprendiz, porém isso deve ser objeto de estudos da pedagogia, conforme já exposto. Deve existir diferença nas metodologias aplicadas para a formação de adultos e de crianças?
As questões em torno da identidade do pedagogo ainda permanecem, porém é preciso compreendê-las como parte de um processo que ocorre em conexão com as transformações do contexto social, exigindo de forma cada vez mais urgente a articulação entre a Universidade e as demandas sociais. Apesar de muitas críticas terem sido feitas à formação do pedagogo para a atuação em empresas sob a alegação de que tender-se-á aos interesses empresariais, o fato é que não se pode mais negligenciar essa necessidade. Pinto (2006, p. 194) contribui com essas reflexões esclarecendo que: 
[...] a discussão não deve ser sobre o “local” de trabalho do pedagogo, mas sim sobre o “direcionamento” da atuação do pedagogo. Ele pode trabalhar em uma empresa, na área de Recursos humanos, contribuindo para humanizar a relações de trabalho em seu interior, assim como pode trabalhar em uma escola que forma o “empregado-patrão” para atender os interesses patronais.
Nesse sentido, reforça-se o papel da pedagogia como campo científico que requer uma contínua articulação entre teoria e prática, com vistas à reconstrução da realidade educativa.

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