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2013 Domínios ClimátiCos Do munDo Prof.ª Regina Luiza Gouvea Graciano Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Regina Luiza Gouvea Graciano Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. G731g Graciano, Regina Luiza Gouvea Domínios climáticos do mundo / Regina Luiza Gouvea Graciano. Indaial: Uniasselvi, 2013. 201 p. : il ISBN 978-85-7830- 678-6 1. Climatologia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 551.6 III ApresentAção Caro acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Domínios Climáticos do Mundo. Você já percebeu o quanto tem se falado das mudanças do clima? Isto tem acontecido não só no Brasil, mas é um assunto debatido no mundo inteiro. O clima apresenta uma variabilidade natural ao longo do tempo, que pode ser observado por alguns indicadores climáticos ou registros de dados de variáveis climáticas, como a temperatura e a precipitação. Se reduzirmos a escala temporal de observação para um ano, veremos que também existe esta oscilação, denominada de variabilidade sazonal. Se observarmos ao longo de um dia, veremos também que existe uma variação temporal, especialmente da temperatura. Sabemos que, próximo ao Equador, variáveis climatológicas como a temperatura e o regime de precipitação, se diferenciam das regiões de latitudes mais altas, como as zonas temperadas e polares. Também é possível observar que a topografia e a proximidade de massas d’água também influenciam no clima. Outro fator relevante é a interferência do homem, que pode ser notada, mais claramente, nas áreas urbanas. Este caderno foi elaborado de forma que você possa conhecer, desde as primeiras observações climáticas da antiguidade, até as observações atuais, passando pela dinâmica da atmosfera, modelos climáticos e sua aplicação, tipos de clima e precipitação e a interação entre o clima e o homem. Ao final de cada tópico, você poderá rever o conteúdo, fazendo exercícios e aprofundando seus conhecimentos com leituras complementares. Além disso, encontrará uma pequena síntese dos conteúdos e sugestões de leitura. Espero que tenha uma boa compreensão sobre os domínios da climatologia e possa se perceber como ser que integra e interage com a natureza e o clima, portanto, reconhecer que tem sua parcela de responsabilidade nas questões que envolvem as mudanças do clima, mesmo que seja na menor das escalas espaço-temporais. Prof.ª Regina Luiza Gouvea Graciano IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA .................................................................................... 1 TÓPICO 1 – TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA ................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS DE METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA ......................................................... 4 3 OBSERVAÇÃO, ANÁLISE E PREVISÃO DO TEMPO ATMOSFÉRICO ................................ 8 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 15 4 CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA ..................................................................................... 16 4.1 AS DIMENSÕES DOS MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS ........................................................ 18 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 27 4.2 ASPECTOS PRINCIPAIS NA CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA ............................. 29 LEITURA COMPLEMENTAR 3 ............................................................................................................ 33 4.3 MODELOS DA CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA ..................................................... 34 4.4 CORRENTES OCEÂNICAS E SUAS INFLUÊNCIAS NO CLIMA .......................................... 37 5 VARIAÇÕES NA CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA ...................................................................... 40 5.1 VARIAÇÕES SAZONAIS DA CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA .............................................. 41 5.2 VARIAÇÕES DIURNAS DA CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................... 41 LEITURA COMPLEMENTAR 4 ............................................................................................................ 44 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 45 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 46 TÓPICO 2 – ATMOSFERA E ELEMENTOS DO CLIMA ................................................................ 49 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49 2 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA ................................................................... 49 2.1 A ATMOSFERA ................................................................................................................................ 49 2.2 A COMPOSIÇÃO E A ESTRUTURA DA ATMOSFERA ........................................................... 50 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 53 3 A RADIAÇÃO E BALANÇO DE ENERGIA ................................................................................... 55 3.1 RADIAÇÃO SOLAR........................................................................................................................ 55 3.2 RADIAÇÃO TERRESTRE ............................................................................................................... 55 3.3 BALANÇO DE RADIAÇÃO .......................................................................................................... 56 4 TEMPERATURA ...................................................................................................................................58 4.1 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA ................................................................................................... 58 4.2 VARIAÇÕES ESPACIAIS NA TEMPERATURA ........................................................................ 61 4.3 VARIAÇÕES SAZONAIS NA TEMPERATURA ........................................................................ 64 5 UMIDADE .............................................................................................................................................. 66 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 68 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70 TÓPICO 3 – SISTEMAS PRODUTORES DE TEMPO ..................................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 2 AS MASSAS DE AR ............................................................................................................................ 71 sumário VIII 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MASSAS DE AR .................................................................................... 72 2.2 CONDIÇÕES DE TEMPO ASSOCIADAS ÀS MASSAS DE AR ............................................... 76 2.3 MASSAS DE AR ATUANTES DA AMÉRICA DO SUL ............................................................. 77 3 SUPERFÍCIES FRONTAIS E FRENTES ........................................................................................... 78 3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FRENTES ................................................................................................ 79 3.2 FRENTE FRIA .................................................................................................................................. 79 3.3 FRENTE QUENTE ........................................................................................................................... 80 4 CICLONES ............................................................................................................................................. 81 4.1 CICLONES TROPICAIS.................................................................................................................. 81 4.2 CICLONES EXTRATROPICAIS .................................................................................................... 83 5 ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCTT) ......................................................... 88 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 90 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 92 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 93 UNIDADE 2 – CLIMAS DA TERRA .................................................................................................... 95 TÓPICO 1 – CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA ................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97 3 MODELOS DE CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA .......................................................................... 98 3.1 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE FLOHN .............................................................................. 98 3.2 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE STRAHLER ....................................................................... 99 3.3 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN ........................................................................... 99 3.4 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE ........................................................104 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................108 TÓPICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS CLIMAS NA SUPERFÍCIE DA TERRA 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 CLIMAS TROPICAL E TEMPERADO ..........................................................................................109 2.1 CLIMA TROPICAL ......................................................................................................................109 2.2 CLIMA TEMPERADO ..................................................................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................114 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115 TÓPICO 3 – PRECIPITAÇÃO E REGIME PLUVIOMÉTRICO ....................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 2 FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE NUVENS ........................................................................118 2.1 FORMAÇÃO DE NUVENS ..........................................................................................................118 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS NUVENS ..............................................................................................118 2.3 FORMAÇÃO DAS GOTAS DE ÁGUA E CRISTAIS DE GELO NA ATMOSFERA ............124 3 PRECIPITAÇÃO .................................................................................................................................124 3.1 MEDIDAS DE PRECIPITAÇÃO ..................................................................................................125 4 TIPOS DE PRECIPITAÇÃO .............................................................................................................126 4.1 PRECIPITAÇÃO CONVECTIVA .................................................................................................126 4.2 PRECIPITAÇÃO CICLÔNICA ....................................................................................................126 4.3 PRECIPITAÇÃO OROGRÁFICA ................................................................................................127 5 DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DA PRECIPITAÇÃO ..................................................................127 5.1 CLIMATOLOGIA DA PRECIPITAÇÃO NO BRASIL ..............................................................129 6 VARIAÇÕES DA PRECIPITAÇÃO .................................................................................................134 6.1 VARIAÇÕES SAZONAIS DA PRECIPITAÇÃO .......................................................................134 IX 6.2 VARIAÇÕES DIURNAS DA PRECIPITAÇÃO .........................................................................135 6.3 VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO ....................................................................................136 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................138AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139 UNIDADE 3 – O CLIMA E AS ATIVIDADES HUMANAS ..........................................................141 TÓPICO 1 – O CLIMA E O HOMEM ................................................................................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143 2 O IMPACTO DO CLIMA SOBRE A SOCIEDADE .....................................................................143 3 O IMPACTO DO HOMEM SOBRE O CLIMA .............................................................................143 3.1 EFEITO DA URBANIZAÇÃO NO CLIMA ...............................................................................144 3.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .......................................................................................................154 4 O HOMEM E O FUTURO DO CLIMA ..........................................................................................155 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................157 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160 TÓPICO 2 – O CLIMA E A AGRICULTURA ...................................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 RELAÇÕES CLIMA-AGRICULTURA ...........................................................................................161 2.1 CLIMATOLOGIA E METEOROLOGIA AGRÍCOLA E SUA IMPORTÂNCIA ..................161 3 ADVERSIDADES CLIMÁTICAS PARA A AGRICULTURA (AZARES CLIMÁTICOS) ...............................................................................................................163 4 O CLIMA E O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA ............................................................................166 4.1 BALANÇO HÍDRICO E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS PROJETOS AGRÍCOLAS .......166 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................169 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................170 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171 TÓPICO 3 – VARIAÇÕES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS ..........................................................173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 INDICADORES DE CLIMAS PASSADOS ...................................................................................173 2.1 NÚCLEO DO GELO ......................................................................................................................174 2.2 EVIDÊNCIAS GEOLÓGICAS-GEOMORFOLÓGICAS ...........................................................175 3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS ........................................................................................177 3.1 EFEITO ESTUFA ............................................................................................................................180 3.2 IMPLICAÇÕES DO AQUECIMENTO GLOBAL ......................................................................182 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................185 3.3 EFEITO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE DO HOMEM ...............................187 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................192 3.4 PROTOCOLO DE KYOTO ...........................................................................................................193 LEITURA COMPLEMENTAR 3 ..........................................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................197 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................198 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................199 X 1 UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dessa unidade, você será capaz de: • compreender as diferenças entre o tempo e o clima; • conhecer o processo de observação e previsão do tempo; • conhecer a circulação geral da atmosfera e suas variações diurnas e sazonais; • compreender a dinâmica das correntes oceânicas e sua influência sobre o clima. Esta unidade está dividida em três tópicos, acompanhada de autoatividade ao final de cada um deles, para que você possa compreender melhor o conteúdo exposto. TÓPICO 1 – TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA TÓPICO 2 – ATMOSFERA E ELEMENTOS DO CLIMA TÓPICO 3 – SISTEMAS PRODUTORES DE TEMPO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, vamos conhecer as diferenças entre tempo e clima e os domínios da meteorologia e da climatologia, ciências estas que, nos últimos anos têm ganhado destaque na mídia, especialmente, em função das mudanças climáticas. Talvez não seja tão fácil conceituar o tempo e o clima, porém, temos uma boa noção de tempo e clima, pois, isto faz parte da nossa vida cotidiana. Quando temos uma viagem programada, uma das primeiras coisas que pensamos é no tempo. Informar-se sobre o clima de uma região que se pretende visitar, numa tão esperada viagem de férias, também é bom. Se o seu destino é um país ou região com predomínio do clima tropical, não se esqueça de que existem outros fatores que conferem diferentes características para este clima, como a altitude, latitude, continentalidade e maritimidade etc., interferindo, especialmente, nos valores de precipitação e temperatura. Para se ter uma ideia, o clima tropical se subdivide em: equatorial, tropical seco, clima tropical de monção (que ocorre, principalmente, na região leste do continente africano e sul da Índia) e, clima tropical de altitude, típico de regiões de altitudes elevadas, como as regiões serranas e montanhosas. Se as civilizações antigas já se preocupavam em conhecer o clima, para saber a melhor época do plantio e colheita, ou mesmo para suprimento de alimentos, imagine agora, diante das mudanças que estão sendo observadas! Mas este é um assunto que será tratado na Unidade 3. Agora vamos conhecer os domínios da Meteorologia e da Climatologia! Bom estudo! UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 4 2 CONCEITOS DE METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Nos últimos anos, os assuntos tempo e clima têm ganhado um espaço muito importante na mídia. Ondas de frio e calor, inundações, aumento da intensidade e frequência de furacões, e, o mais relevante, surgimento de fenômenos em locais onde não se havia registrado antes, como por exemplo, o furacão Catarina que atingiu a Região Sul do Brasil em 2004. Isto coloca em destaque estas duas ciências. Assim como nós, hoje, observamos o clima, na antiguidade também isso acontecia. Vamos compreendero que é o tempo e o clima e os domínios da meteorologia e climatologia? O tempo pode ser estudado com base nas leis da física clássica e constitui o objeto da meteorologia. O tempo meteorológico varia muito sobre a superfície terrestre. Ele é o estado da atmosfera em um determinado momento e local. O uso de escalas convencionais permite considerá-lo quente ou frio, úmido ou seco, limpo ou nublado, como comumente ouvimos falar nas previsões do tempo: amanhã o céu ficará claro, com temperaturas variando entre 18-25˚C e umidade relativa do ar de 70%. Dessa forma, podemos dizer que o tempo meteorológico prevê o estado da atmosfera em um futuro próximo. O tempo meteorológico é, portanto, uma experiência diária, um estado momentâneo da atmosfera. E o clima? A palavra ‘clima’ deriva do grego e significa inclinação - ou curvatura - da superfície terrestre. Os gregos acreditavam que as diferenças regionais ocorriam somente do Norte para o Sul, dando origem às zonas polares, temperadas e tropicais. Contudo, com as grandes explorações geográficas, a partir de 1450, se admitiu que as variações climáticas não estivessem restritas apenas aos cinturões latitudinais, mas se estendiam por regiões irregulares, sendo influenciadas pela circulação geral da atmosfera e pela distribuição e configuração dos continentes e oceanos (VIANELLO; ALVES, 1991). O clima não é estático, parado, ele evolui ao longo do tempo. Isto é algo fácil de observar, não é mesmo? Então, ele, o clima, é uma integração das condições do tempo e está relacionado com as propriedades médias da atmosfera em períodos que variam entre 30-35 anos. Para Ayoade (1996), o estudo do clima abrange considerações dos desvios em relação às médias (ou seja, a variabilidade), condições extremas e as probabilidades de frequência de ocorrência de determinadas condições de tempo. Assim, o clima apresenta uma generalização, enquanto o tempo lida com eventos específicos. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 5 A maior parte dos eventos meteorológicos ocorre na camada da atmosfera mais próxima da superfície, a troposfera. IMPORTANT E Já mencionamos a origem da palavra ‘clima’. Agora, vamos conhecer a origem da ciência, cujo foco de estudo é os processos atmosféricos e a previsão do tempo: a meteorologia. ‘Meteorologia’ também deriva do grego meteoros (elevado no ar) e logos (estudo). Os gregos observavam elementos do clima, procurando compreender a relação entre eles. Embora este grande interesse pelo tempo atmosférico seja muito antigo, Ayoade (1996) ressalta que a compreensão do homem sobre os fenômenos do tempo era muito pequena, pois, os povos da antiguidade acreditavam que os fenômenos do tempo eram controlados pelos deuses. Foi somente por volta do século cinco antes de Cristo, que os gregos iniciaram as observações meteorológicas, garantindo um cunho mais científico para o estudo do tempo, o que pode ser notado na obra Ares e Lugares, escrito por Hipócrates, cerca de 400 a.C., e Meteorologia, escrita por Aristóteles em 450 a.C. Contudo, o desenvolvimento mais rápido da ciência atmosférica teve de esperar pela evolução tecnológica do período renascentista. Em 1593, Galileu inventou o termômetro e, em 1643 Torricelli descobriu o princípio do barômetro de mercúrio, instrumento destinado a mediar a pressão atmosférica. Com a invenção do telégrafo, em 1832, os dados do tempo puderam ser reunidos a partir de um grande número de postos localizados espaçadamente, minutos após as observações serem feitas. A partir daí, maiores desenvolvimentos técnicos, na instrumentação das observações do tempo e na transmissão e análise dos dados meteorológicos, têm exercido papéis fundamentais no desenvolvimento da meteorologia e climatologia modernas. Agora vamos conhecer os domínios da climatologia e da meteorologia. A meteorologia é um ramo da física que estuda os fenômenos observáveis relacionados com a atmosfera. As condições do tempo investigadas pela meteorologia são descritas através de alguns elementos básicos, medidos regularmente como: tipo e quantidade de precipitação, temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, velocidade e direção do vento e a interação entre estas variáveis. Um dos domínios da meteorologia é o estudo e a previsão da evolução dos sistemas atmosféricos que definem o tempo e o clima de cada região. Segundo Tubelis e Nascimento (1992), apesar de ser ciência antiga, seu desenvolvimento UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 6 se deu mais rapidamente a partir da Segunda Guerra Mundial, acompanhando a corrida espacial, até chegar ao uso de satélites artificiais, computadores, radares e equipamentos de transmissão de informações. Atualmente, é reconhecida como a ciência atmosférica em um sentido mais amplo, com interesse pela física, química e dinâmica da atmosfera. Esta ampla aplicação levou à divisão da meteorologia em várias modalidades, como a meteorologia física, a meteorologia dinâmica e a meteorologia sinótica: • A meteorologia física é um ramo da meteorologia que estuda a composição e a estrutura da atmosfera, assim como os processos de transferência de energia da atmosfera. A formação de nuvens e a precipitação, os fenômenos óticos e acústicos, além de outros processos físico-químicos são de domínio desta modalidade de ciência. • A meteorologia dinâmica tem como foco o estudo dos movimentos atmosféricos e sua evolução temporal, porém, sua abordagem é baseada nas leis da mecânica dos fluidos e da termodinâmica clássica, base dos atuais modelos atmosféricos de previsão do tempo. • A meteorologia sinótica está relacionada com a descrição, análise e previsão do tempo. Ela procede dos métodos empíricos desenvolvidos na 1ª metade do século, especialmente, após a Segunda Guerra Mundial, quando foram implantadas as primeiras redes de estações que forneciam dados simultâneos (sinóticos) do tempo sobre grandes áreas. Mecânica dos fluidos é a parte da física que estuda o efeito das forças nos fluidos. Quanto à termodinâmcia clássica, é o ramo da termodinâmica que surgiu inicialmente com o entendimento progressivo dos conceitos de trabalho, calor, energia e entropia no contexto clássico. NOTA Existe ainda a agrometeorologia, que é um ramo da meteorologia que estuda a influência das condições meteorológicas nas atividades agrícolas. O estudo das relações entre o clima e a produção agrícola é um dos principais campos da climatologia e também da meteorologia, pois o planejamento agrícola depende das condições do tempo. Portanto, a compreensão da relação entre as condições do tempo e o estudo do clima é de fundamental importância para a sociedade atual, que já vem observando mudanças no comportamento do clima e, para as gerações futuras, que já têm um prognóstico destas mudanças nos setores agrícola, energético e da construção civil. Já vimos a diferença entre tempo e clima, a área de atuação da meteorologia e suas modalidades. Agora, vamos conhecer o foco de estudo da climatologia. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 7 A climatologia é o estudo científico do clima. Segundo Vianello e Alves (1991), esta ciência tem como intuito descobrir, explicar e explorar o comportamento normal dos fenômenos atmosféricos, tendo em vista o benefício do homem. Os autores ainda ressaltam que a climatologia é uma ciência aplicada, não se enquadrando, inteiramente, dentro da ciência meteorológica nem dentro da geografia. Seus métodos são meteorológicos, mas seus objetivos e resultados são, fundamentalmente, geográficos. Segundo Ayoade (1996), a climatologia está mais preocupada com os resultados dos processos que atuam na atmosfera, do que com suas operações instantâneas. Segundo o referido autor, o campo da climatologia é amplo, oque permitiu o surgimento de subdivisões com base nos tópicos enfatizados ou nas escalas dos fenômenos atmosféricos abordados, como: • Climatologia regional: é a descrição do clima de determinadas áreas da superfície terrestre. • Climatologia sinótica: é o estudo do tempo e do clima de uma região, com relação ao padrão de circulação atmosférica predominante. Esta é uma nova abordagem para a climatologia regional. • Climatologia física: investiga o comportamento dos elementos do tempo ou processos atmosféricos em termos de princípios físicos, com ênfase na energia global e no balanço hídrico da Terra e da atmosfera. • Climatologia dinâmica: o foco está nos movimentos atmosféricos em diversas escalas, especialmente, na circulação geral da atmosfera. • Climatologia aplicada: dá ênfase à aplicação do conhecimento da climatologia e de seus princípios nas soluções de problemas que afetam a humanidade. • Climatologia histórica: é o estudo do desenvolvimento do clima ao longo do tempo. Além desta subdivisão, uma abordagem alternativa está baseada nas escalas dos sistemas de circulação meteorológica: • Macroclimatologia: está relacionada com os aspectos climáticos de amplas áreas do globo e com os movimentos atmosféricos em larga escala que interferem no clima. • Mesoclimatologia: investiga os aspectos climáticos de áreas, relativamente, pequenas, entre 10 e 100 quilômetros de largura, como, por exemplo, o estudo do clima urbano e de sistemas climáticos locais severos, como tornados e temporais. • Microclimatologia: o foco do estudo está no clima próximo à superfície ou de áreas muito pequenas, com menos de 100 metros de extensão. FONTE: Adaptado de: <http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/engenhariaeletrica/pos- graduacao/179-dissertacao_raynner_antonio_toschi_silva.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2013. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 8 É importante lembrar que os vários fenômenos atmosféricos, que vão desde zonas planetárias, até os sistemas de ventos locais, formam um único espectro contínuo dos sistemas climáticos (AYOADE, 1996). IMPORTANT E 3 OBSERVAÇÃO, ANÁLISE E PREVISÃO DO TEMPO ATMOSFÉRICO O processo de mudança do clima tem levado pesquisadores do mundo todo, governantes e até mesmo a sociedade civil, a dar uma atenção especial à observação, análise e previsão de tempo atmosférico. Como foi mencionado anteriormente, o homem tem um interesse pelo tempo atmosférico desde a antiguidade. Contudo, Ayoade (1996) ressalta que o desenvolvimento das observações meteorológicas percorreu um caminho longo, desde os cataventos e medidas de chuva dos tempos antigos, até as observações coletadas por estações meteorológicas da atualidade. Vamos conhecer melhor o processo de observação meteorológica e a análise e previsão de tempo, segundo Vianello e Alves (1991). Das observações meteorológicas visuais realizadas pelos babilônios cerca de 4000 a.C., aos satélites artificiais e às plataformas orbitais usados na atualidade, as técnicas de observações meteorológicas experimentaram um rápido avanço. Embora não se possam dispensar as técnicas tradicionais de observação, as técnicas de previsão de tempo exigem cada vez mais o uso de supercomputadores. Profissionais de diversas áreas do conhecimento, como a matemática, a física, a meteorologia, programadores, analistas e técnicos trabalham para atender aos objetivos da ciência meteorológica, que é o melhor conhecimento do comportamento da atmosfera e previsão mais confiável dos fenômenos que nela ocorrem. Esta necessidade levou à instalação e operação de um sistema global de observações meteorológicas, que deve ser apto a promover a exploração global da atmosfera à superfície e nos níveis superiores da atmosfera, com um curto intervalo de tempo para permitir o monitoramento da origem e desenvolvimento dos fenômenos meteorológicos. Existem limites políticos, diferenças ideológicas, culturais separando os povos, porém os fenômenos meteorológicos são indiferentes a tais distinções. O que existe é uma inter-relação entre os fenômenos meteorológicos, na direção TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 9 vertical e na direção horizontal, de forma que os fenômenos que se desenvolvem na superfície, interagem com as camadas superiores da atmosfera e vice-versa. Da mesma forma, os fenômenos tropicais influem nos fenômenos originários das latitudes médias e altas, e são por elas influenciados. Isto faz com que a exploração do sistema atmosférico seja um desafio para a ciência. Como fenômenos meteorológicos e climáticos já foram responsáveis por extinções em massa, a Organização das Nações Unidas (ONU) mantém um órgão especializado denominado ORGANIZAÇÃO METEOROLÓGICA MUNDIAL (OMM). Este órgão que coordena mundialmente todas as atividades meteorológicas de caráter operacional, assim como programas de pesquisas de interesse global. FONTE: Adaptado de: <http://www.deg.ufla.br/site/_adm/upload/file/Agrometeorologia/2%20-%20 OBSERVACOES%20METEOROLOGICAS%20DE%20SUPERFICIE.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2013. Para melhor compreensão destas extinções em massa, façam a leitura do ensaio: ‘Se extinções associadas a mudanças climáticas são eventos naturais, por que devemos nos preocupar com o cenário atual?’ Revista da Biologia, v. 1, 2008. DICAS Outro debate importante sobre mudanças climáticas globais abarca outro tema de destaque em várias arenas de discussão: a relação entre migração e mudanças climáticas que trataremos na Unidade 3. ESTUDOS FU TUROS Como são feitas as observações de superfície? Bem, as observações de superfície consistem em procedimentos sistemáticos e padronizados dos parâmetros meteorológicos. Esta padronização fiel, determinada pela OMM, tem em vista o caráter global dos estudos atmosféricos, incluindo os equipamentos usados, procedimentos observacionais, horários das observações, tratamento dos dados, entre outros. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 10 Os dados podem ser obtidos mediante leituras ou registros contínuos, obtidos, diretamente, de instrumentos ou identificados pelo observador, o que exige profissionais bem preparados. FONTE: Adaptado de: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/clima/clima_-_estacoes_ meteorologicas.html>. Acesso em: 17 jan. 2013. Estes padrões rígidos exigidos pela organização permitem a representatividade temporal e espacial, assim como a comparação das informações dos parâmetros meteorológicos. Os locais das observações não são feitos de forma aleatória, mas são, tecnicamente, escolhidos e preparados para tais fins. Estas observações são feitas em estações meteorológicas de diferentes categorias, segundo os fins a que se destinam: estações sinóticas, estações climatológicas, estações agrometeorológicas, estações meteorológicas aeronáuticas e estações espaciais etc. Vamos conhecer sucintamente como funcionam algumas delas? • Estações sinóticas: realizam observações em horários padronizados, internacionalmente, com a finalidade de previsão do tempo. O horário- padrão Tempo Universal Coordenado (TUC), designação equivalente à antiga designação de Tempo Médio de Greenwich (TMG). Quando as observações realizadas no mesmo horário TMG são reunidas em um mapa, por exemplo, tem-se uma CARTA SINÓTICA, que representa um instante do estado da atmosfera para toda a área coberta pelas estações. Estas estações são utilizadas para observações de superfície ou para observações do ar superior. • Estações climatológicas: são usadas, de um modo geral, para fins climatológicos, mas suas observações podem ser utilizadas para fins de previsão, quando realizadas no horário TUC. FIGURA 1 - ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DO PARQUE DO ESTADO (HOJE PARQUE ESTADUAL DAS FONTES DO IPIRANGA),EM SÃO PAULO FONTE: Disponível em: <http://www.dca.iag.usp.br/www/historico.php>. Acesso em: 17 ago. 2012. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 11 • Estações agrometeorológicas: fornecem informações relacionadas aos elementos meteorológicos e às atividades agrícolas. Por esta razão, são também realizadas observações fenológicas. • Estações meteorológicas aeronáuticas: têm por finalidade a coleta de informações necessárias à segurança de aeronaves. As observações são feitas diariamente, de um modo geral, estão instaladas em grandes aeroportos. Seus dados também podem ser empregados para a previsão do tempo. • Estações especiais: todas as estações com qualidades distintas são consideradas especiais, como por exemplo, as estações ozonométricas (para medir concentrações de ozônio), estações micrometeorológicas, estações de recepção de dados de satélites meteorológicas etc. A partir deste conjunto de sistemas de observação, é produzida, regularmente, uma estimativa do estado tridimensional da atmosfera. Quanto aos equipamentos utilizados para observações meteorológicas, eles variam conforme as estações. O radar meteorológico é um desses instrumentos. A palavra RADAR vem da expressão Radio Detection And Ranging, ou seja, uso de ondas de rádio na detecção de objetos. Estes instrumentos têm sido utilizados por empresas aéreas, serviços da defesa civil, empresas hidrelétricas e centros de estudos de previsão de tempo. Com o uso do RADAR é possível localizar precipitações pluviais, medir suas extensões e observar seu crescimento e movimento. Este instrumento é muito importante nos aeroportos, especialmente, em regiões de ocorrência de fenômenos violentos, como furacões, tornados, tempestades de granizo etc. Na atualidade, a previsão de enchentes também pode ser feita avaliando a quantidade de chuva que caem em uma região. A Revista de Imprensa Internacional divulgou uma nota informando que a tempestade que deu origem à catastrofe natural, que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011, poderia ter tido efeitos menos graves se o sistema de alerta tivesse funcionado. Apesar de um radar no Rio de Janeiro ter detectado a formação da tempestade, os avisos que chegaram às instituições federais foram ignorados. Disponível em: <http://www. dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1757059&seccao=CPLP>. Acesso em: 17 ago. 2012. NOTA Outro equipamento fundamental da observação e previsão do tempo são os satélites artificiais. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 12 O primeiro satélite projetado, especialmente, para observações meteorológicas foi lançado em 1960. Cinco anos depois, foram lançados mais dez satélites. Os satélites são colocados em órbita quase polar, girando em torno da Terra com um período completo da ordem de 100 minutos, ou são situados no plano equatorial terrestre, praticamente, imóvel em relação à superfície da terra, sendo denominados de geoestacionários, localizados a uma altitude aproximada de 36.000 quilômetros. Na atualidade, os satélites geoestacionários são os mais empregados na previsão do tempo. Eles oferecem imagens no visível e infravermelho, a intervalo de 30 minutos. Oferecem informações sobre cobertura de nuvens, temperatura, radiação solar, ventos, precipitação etc. A vantagem do uso deste tipo de satélite é a cobertura de grandes áreas, como mostra a figura a seguir, mas a desvantagem é a baixa resolução quando comparados aos satélites de órbitas baixas, como se pode observar. FIGURA 2 - IMAGEM DE SATÉLITE DA AMÉRICA DO SUL. Fonte: INPE. Disponível em: http://satelite.cptec.inpe.br/repositoriogoes/goes16/ goes16_web/ams_ret_ch04_baixa/2018/05/S11635370_201805171115.jpg. Acesso em: 17 de maio de 2018. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 13 FIGURA 3 - FUSÃO IMAGEM CBERS 2B-HRC + LANDSAT - 5, GOIÂNIA - GO, RESOLUÇÃO ESPACIAL DE 2,5 METROS FONTE: Disponível em: <http://www.nhl.com.br/cbers2b-hrc.html>. Acesso em: 3 set. 2012. Se quiser saber mais sobre o sensor HRC e outros, acesse o site <http:// www.sat.cnpm.embrapa.br/conteudo/cbers.htm>. Neste site você também vai conhecer o programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite ou Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), implantado em 1988, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). DICAS Atualmente, as experiências com eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, ondas de frio e calor, aumento da frequência e intensidade de furacões e até mesmo a ocorrência deste tipo de fenômeno, onde ainda não havia sido registrado, como por exemplo, o furacão Catarina, que atingiu a Região Sul do Brasil, em 2004, torna a previsão do estado futuro da atmosfera de fundamental importância para a sociedade. Este tipo de previsão é realizado através de métodos numéricos. Vamos ver quando aconteceu a primeira tentativa para a realização de previsões numéricas? Segundo Vianello e Alves (1991), a primeira tentativa para realizar previsões numéricas aconteceu em 1922. Contudo, os resultados não foram satisfatórios. Somente após a Segunda Guerra, com o surgimento dos computadores e o desenvolvimento científico, é que a previsão numérica voltou a ter prioridade para a meteorologia. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 14 Com a evolução dos computadores, os meteorologistas introduziram modelos físico-matemáticos mais completos, partindo de modelos válidos para certas regiões do globo até os conhecidos modelos globais. Mas o que são estes modelos atmosféricos globais? Os modelos atmosféricos dinâmicos são modelos físicos tridimensionais que simulam o movimento da mistura do ar e vapor de água da atmosfera, assim como as trocas de calor sujeitas a determinadas condições. Os modelos que simulam atmosfera do globo terrestre são denominados de modelos de circulação geral atmosférico. Quando são acoplados com modelos oceânicos, são denominados de modelo de circulação geral. Estes modelos possuem uma cobertura de centenas de quilômetros, mas para representar uma região específica não são eficientes, especialmente quando o relevo é importante na formação de precipitação. Neste caso, utilizam-se os modelos regionais que representam apenas uma parte do globo, porém possui uma melhor resolução espacial, pois cobre áreas entre 4 e 40 quilômetros (TUCCI, 2003). Além dos instrumentos usados na observação e previsão do tempo, as informações de um observador voluntário também contribuem para pesquisas de tempestades severas do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMET), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), ajudando na validação de alertas. Para saber sobre esta e outras informações, acesse o endereço <http://www.ipmet.unesp.br/>. DICAS A seguir, leiam o texto adaptado, sobre os instrumentos e procedimentos da Estação Meteorológica do IAG/USP (Figura 1) para observações de superfície. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 15 LEITURA COMPLEMENTAR 1 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS Os instrumentos mecânicos automáticos (anemógrafo, barógrafo, termógrafo, higrógrafo, pluviógrafo e actinógrafo) registram as informações continuamente durante as 24 horas do dia. A partir de 2009, as observações coletadas pelos observadores meteorológicos e as registradas pelos instrumentos automáticos, são arquivadas digitalmente em planilhas eletrônicas que são instantaneamente transferidas para o banco de dados e o portal da internet (<http://www.estacao.iag.usp.br>). No dia seguinte às observações, as informações coletadas são confirmadas a partir da verificação da folha de observação e dos registradores automáticos e suas medições, sendo que da 1 às 6 horas são inseridas nas folhas de observações. É importanteressaltar que a estação meteorológica não adota o horário de verão e utiliza o tempo universal coordenado (TMC) ou tempo médio de Greenwich (TMG) menos 3 horas, durante o ano inteiro. FONTE: Disponível em: <http://www.estacao.iag.usp.br/instrumentos.php>. Acesso em:17 jan. 2013. Acessando este site, você terá acesso ao texto completo e obterá informações da temperatura do ar, temperatura de Ponto de Orvalho, temperaturas mínima e máxima, pressão, visibilidade horizontal etc., coletadas pelos instrumentos desta estação meteorológica. DICAS UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 16 4 CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA Para melhor compreender a circulação atmosférica, vamos estudar o balanço de energia, que origina o movimento do ar. O primeiro a atribuir os ventos globais ao aquecimento do sol, cerca de 2000 anos atrás, na sua “Meteorológica” foi Aristóteles. Mas, de que forma isto acontece? A Terra recebe energia do Sol, mas a quantidade diária desta energia depende da latitude e da inclinação do Sol. As regiões tropicais recebem mais energia que as zonas temperadas e polares. Uma parte da radiação que atinge a superfície terrestre é absorvida e o restante é refletido, conforme mostra a figura a seguir. Esta energia recebida nos trópicos, que recebe uma quantidade de energia superior ao que é capaz de emitir, é transportada para as regiões polares, que emitem mais radiação do que recebem. Caso esta redistribuição não ocorresse, as temperaturas dos trópicos se elevariam continuamente e a temperatura das regiões polares reduziria. É este desequilíbrio térmico que induz a circulação da atmosfera e dos oceanos. Portanto, a energia é redistribuída pela circulação atmosférica e pelas correntes oceânicas, de regiões com o maior ganho, para regiões com menor ganho de energia. Pode-se dizer então, que a circulação atmosférica é o movimento e o meio pelo qual, há distribuição de calor pela superfície da Terra. FONTE: Adaptado de: <http://www.proclira.uevora.pt/modulos/modulo6.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2013. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 17 FIGURA 4 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE Radiação Solar 6% espalhados para o espaço pela atmosfera 30% perdidos para o espaço por reflexão e espalhamento 20% refletidos das nuvens 19% radiação absorvida pela atmosfera e pelas nuvens 25% radiação solar direta 26% radiação difundida (espalhada) para a superfície 51% radiação solar absorvida na superfície 4% refletidos pela superfície (continentes e oceanos) 100% FONTE: Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Acesso em: 17 ago. 2012. Esta transferência de energia pode ser feita da seguinte forma: através de trocas de calor sensível com a atmosfera, pelo deslocamento das massas de ar; através da transferência de calor latente no processo de transferência de energia de um corpo para outro, exclusivamente, por que existe uma diferença de temperatura entre eles, liberado pelo processo de condensação; e através das correntes oceânicas que transferem calor para os polos (PROCLIRA, 2007). IMPORTANT E Outra definição para o termo em questão foi feita por Ayoade (1996), que define a circulação geral da atmosfera como padrões globais de vento e pressão que se mantém ao longo do ano ou se repetem sazonalmente. O autor ainda ressalta que é a circulação geral que determina o padrão climático do mundo e que dentro deste sistema de escala global, encontramos ainda os sistemas secundários, como as depressões, os anticlicones das latitudes médias e as várias perturbações tropicais. Ainda existem os sistemas de circulação terciária, que são, principalmente, sistemas de ventos locais, que são controlados por fatores locais, com períodos de existência mais curtos comparados aos sistemas de circulação secundários. Agora vamos abordar as escalas do movimento atmosférico! UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 18 Para visualizar as imagens coloridas deste caderno acesse o AVA, menu Material Interativo, Caderno de Estudos. ATENCAO 4.1 AS DIMENSÕES DOS MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS Existem duas dimensões, ou escalas para o movimento da atmosfera em relação à superfície da Terra: a horizontal e a vertical. Falaremos, primeiramente, do movimento horizontal e os principais fatores que o controlam e, posteriormente, abordaremos o movimento vertical. São quatro os principais fatores que controlam o movimento horizontal: a força do gradiente de pressão, a força de Coriolis, a aceleração centrípeta e a força de fricção. Comecemos a falar então da causa primária do movimento do ar, que é à força do gradiente de pressão horizontal. Este gradiente de pressão funciona como uma força motivadora para o ar se movimentar dos centros de alta pressão para áreas de baixa pressão, tendendo a igualá-las. A figura seguinte permite visualizar melhor estes centros de alta e baixa pressão. Nesta figura, as regiões de alta pressão, são representadas pela letra ‘A’, enquanto as regiões de baixa pressão, são representadas pela letra ‘B’. As setas indicam a direção do vento. Porém, a figura posterior permite compreender melhor a formação dos centros da alta e baixa pressão. Observem como este movimento ocorre. FIGURA 5 - (A) PRESSÃO E CIRCULAÇÃO NA SUPERFÍCIE EM JANEIRO. (B) PRESSÃO E CIRCULAÇÃO NA SUPERFÍCIE EM JULHO TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 19 FIGURA 6 - CENTROS DE ALTA E BAIXA PRESSÃO FONTE: Disponível em: <http://web.gccaz.edu/~lnewman/gph111/topic_units/ Pressure_winds/pressure/pressure2.html>. Acesso em: 21 ago. 2012. A força do gradiente de pressão tende a iniciar e também a manter o vento. Uma pressão maior de um lado de uma parcela de ar gera uma força nesta direção, como mostra a figura anterior. As baixas pressões são causadas pela elevação do ar quente, que ao subir, esfria e o vapor de água gera nuvens que podem produzir chuva, neve ou tempestades. Estas são áreas de convergência do ar. Já as altas pressões resultam da descida do ar frio. São áreas de divergência do ar. Um bom exemplo de uma área de baixa pressão é a faixa onde convergem os ventos alísios de nordeste (procedentes do H.N.) com os de sudeste (procedentes do H.S.), conhecida como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). FONTE: Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Acesso em: 17 ago. 2012. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 20 A ZCIT é uma região de pressões relativamente baixas, localizada entre 10ºN e 5ºS, caracterizada por uma acentuada instabilidade atmosférica, que favorece o desenvolvimento de intensas correntes ascendentes, com formação de grandes nuvens convectivas, geradoras de precipitação abundante. FONTE: Disponível em: < http://www.proclira.uevora.pt/modulos/modulo6.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2013. O ar começa a se mover pela força do gradiente de pressão e é, imediatamente, influenciado pela força de Coriolis, causada pelo movimento de rotação da Terra. Dessa forma, o ar não se desloca em linha reta, formando uma espiral. Esta é a origem dos ciclones e anticiclones que estudaremos no Tópico 3 desta unidade. Mas, em que consiste a força de Coriolis? A força de Coriolis é resultado do movimento de rotação da Terra. Ela aparece quando o ar entra em movimento. É um aparente desvio do ar para a direita da sua trajetória de movimentação, no Hemisfério Norte, e para a esquerda no Hemisfério Sul, devido ao movimento de rotação da Terra (AYOADE, 1996). Um exemplo que costuma ser usado para ajudar na compreensão da atuação desta força é o de um foguete lançado do Polo Norte para um alvo no Equador, como mostra a figura a seguir. Se o foguete leva 1 hora paraatingir o alvo, a Terra terá girado 15° para leste durante o voo. Alguém fixo sobre a Terra teria a impressão de que o foguete desviou sua rota e atingiu a Terra 15° a oeste de seu alvo. Porém, o foguete percorreu uma trajetória e assim seria vista por um observador fixo no espaço. (GRIMM, 1999). Este aparente deslocamento aconteceu em função do movimento de rotação da Terra. Nesta figura pode-se observar que o foguete foi desviado para a direita de seu percurso devido à rotação anti-horária do Hemisfério Norte (visto do espaço). A rotação horária do Hemisfério Sul (visto do espaço) produz desvio para a esquerda. (GRIMM, 1999). TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 21 FIGURA 7 - EFEITO DE CORIOLIS DURANTE O VOO DO FOGUETE DO POLO NORTE AO PONTO X. A ROTAÇÃO DA TERRA LEVOU O PONTO X À POSIÇÃO X 1 . A ROTAÇÃO DA TERRA FAZ COM QUE A TRAJETÓRIA DO FOGUETE ASSINALADA SOBRE A SUPERFÍCIE DA TERRA SEJA CURVA Meridianos (longitude) FONTE: Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index. html>. Acesso em: 17 ago. 2012. Polo Norte Equador Ro taç ão Polo Norte Outra constatação que se faz é que a força de Coriolis depende da latitude, sendo nula no Equador e máxima nos polos. Segundo Grimm (1999), isto acontece porque a força de Coriolis provém da rotação da Terra sobre seu eixo, que determina uma rotação do sistema de referência fixo a Terra. A rotação do nosso sistema de referência é máxima nos polos e reduz com a latitude, até anular-se no Equador, conforme mostra a figura seguinte. Nos polos, onde a superfície é perpendicular (vertical) ao eixo da Terra, a rotação diária faz com que o plano horizontal do nosso sistema de coordenadas faça uma volta completa em torno do eixo vertical cada 24 horas. Como no Equador a superfície da Terra é paralela ao eixo de rotação da Terra, ela não sofre rotação em torno de um eixo vertical à superfície. Por esta razão, no Equador, a superfície sobre a qual o vento sopra não sofre rotação no sentido horizontal. Consequentemente, a força de Coriolis será maior em altas latitudes. (GRIMM, 1999). FONTE: Adaptado de: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap7/cap7-3.html>. Acesso em: 17 jan. 2013. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 22 FIGURA 8 - ILUSTRAÇÃO DA QUANTIDADE DE ROTAÇÃO DE UMA SUPERFÍCIE HORIZONTAL EM TORNO DE UM EIXO VERTICAL EM VÁRIAS LATITUDES, NUM PERÍODO DE 24 HORAS Rotação completa (24horas) 3/4 de rotação 1/2 rotação Sem rotação 50º 30º 0º 90º FONTE: Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Acesso em: 17 ago. 2012. Além do gradiente de pressão e da força de Coriolis, há ainda a força centrípeta e a força de fricção. Vamos ver como Grimm (1999) as descreve? Se um corpo, durante um movimento, segue uma trajetória curva, deve haver uma aceleração em direção ao centro de rotação. Esta aceleração é expressa da seguinte forma: -m V2/r onde m é a massa em movimento, V é sua velocidade e r é o raio de curvatura. Esta força também pode ser considerada como uma força centrífuga, que opera radialmente para fora. A força de fricção ajuda a controlar a velocidade e a direção do movimento horizontal do ar. Esta força se deve aos obstáculos que a superfície da Terra oferece ao movimento do ar. Como é possível observar, a superfície terrestre não é plana, mas irregular, com morros, planícies, cadeias montanhosas etc. São estes obstáculos que atuam contra o vento reduzindo sua velocidade, o que causa a diminuição da força de Coriolis, que é, em parte, dependente da velocidade. Um destaque importante feito por Grimm (1999) é que o gradiente horizontal de pressão é a força geradora do vento. Quando o ar começa a se mover, a força de Coriolis, o atrito e, eventualmente, a força centrífuga (decorrente do movimento circulatório, com origem no centro da circunferência) começam a agir, mas somente para modificar o movimento, não para produzi-lo. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 23 A força de Coriolis só é importante nas primeiras centenas de metros da atmosfera, próximo à superfície terrestre, e depende da velocidade do vento, das características da superfície, ou seja, as irregularidades da superfície, e do gradiente vertical de temperatura. FONTE: <http://www.iag.usp.br/siae98/meteorologia/dinamica.htm>. IMPORTANT E Depois de estudarmos os principais fatores que controlam o movimento horizontal, vamos conhecer como funciona o movimento vertical da atmosfera? Os movimentos vertical e horizontal das massas atmosféricas podem ser visualizados no item 4.2, na figura 10. NOTA O movimento vertical na atmosfera acontece em duas escalas principais: o movimento de larga escala e o movimento de pequena escala. O movimento vertical em larga escala ocorre em grandes áreas de milhares de quilômetros quadrados. Um exemplo deste tipo de movimento é o fenômeno El Niño. Originalmente, o termo El Niño se referia à corrente marítima quente que percorre a costa do Peru e do Equador. Esta denominação se deve à correlação feita pelos marinheiros da região à frequente ocorrência deste fenômeno próximo ao Natal, portanto, é alusivo ao Menino Jesus. Atualmente, o fenômeno está associado com as variações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Pacífico, que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. O El Niño-Oscilação Sul (ENOS), fenômeno atmosférico-oceânico de grande escala, é caracterizado por uma variação irregular em relação às condições normais do oceano e da atmosfera na região do Oceano Pacífico Tropical. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 24 A intensidade e as fases da Oscilação Sul (OS) são medidas pelos Índices da Oscilação Sul (IOS), derivados de parâmetros meteorológicos, como pressão ao nível do mar, temperatura, vento e precipitação, observadas nas vizinhanças dos centros de ação da OS. FONTE: Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-files/11-54561c8e072ccd017b7ed5655eb d28b5.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2013. Um ótimo indicador da OS é o índice baseado nas diferenças de anomalias de pressão ao nível do mar entre o Tahiti e Darwin, negativo durante os episódios quentes da OS (SILVA et al., 2001). Já o fenômeno La Niña possui características opostas ao El Niño. O surgimento deste fenômeno é devido ao esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña. FONTE: Disponível em: <http://enos.cptec.inpe.br/>. Acesso em: 17 jan. 2013. Observem a figura a seguir! Esta figura ilustra as condições normais no oceano Pacífico, e a ocorrência do El Niño. Nesta condição (de El Niño), os ventos alísios, que convergem no oceano Pacífico Tropical, se enfraquecem reduzindo o afloramento da água fria, rica em nutrientes na região. Embora as causas exatas da iniciação de um evento ENOS não sejam, inteiramente, conhecidas, seus efeitos têm sido bastante investigados pela comunidade científica mundial. Saiba um pouco mais sobre este evento fazendo a leitura no final deste tópico. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 25 FIGURA 9 - CONDIÇÕES NORMAIS NO OCEANO PACÍFICO TROPICAL E EVENTO EL NIÑO Equator Equator Date Line Date Line Normal Conditions El Niño Conditions Thermocline Upwelling Currents Sea Level Sea Level Rise Thermacline Warmer Mixed Layer Colder Layer Upwelling Curretns FONTE: Disponível em: <http://www.ncdc.noaa.gov/teleconnections/enso/enso-tech.php>.Acesso em: 4 set. 2012. Se quiser visualizar a animação dos eventos El Niño/La Niña e condições normais, acesse o site <http://enos.cptec.inpe.br/>. Algumas das informações sobre este evento, explorados neste tópico, podem ser obtidas acessando o site <http://www.ncdc. noaa.gov/ teleconnections /enso/enso-tech.php>. Bom estudo! DICAS Acabamos de concluir o movimento vertical de grande escala. E o movimento vertical de pequena escala? Bem, o movimento vertical de pequena escala ocorre sobre áreas de centenas de quilômetros quadrados. Mas porque estes movimentos são diferentes? Porque eles são causados por mecanismos diferentes. No caso dos movimentos de pequena escala eles são, geralmente, induzidos pela superfície terrestre e sua existência depende da estrutura térmica e da umidade da atmosfera sobre ela (AYOADE, 1996). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 26 Algumas características das principais escalas do movimento atmosférico podem ser observadas na tabela a seguir. TABELA 1 - ESCALAS DO MOVIMENTO ATMOSFÉRICO Designação Dimensão horizontal Tempo característico Escala planetária Escala sinótica Mesoescala Microescala >10.000 km 500 – 5.000 km 1 km – 500 km < 1 km Semanas a meses Dias a semanas Horas a um dia Segundos a minutos FONTE: disponível em: <http://www.antonio-fonseca.com/Unidades%20Curriculares/2-Ano/ Poluicao/1%20Licoes/3%20-%20Polui%C3%A7%C3%A3o%20do%20Ar/Atmosfera_Sistema_ Climatico.pdf.>. Acesso em: 28 jan. 2013. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 27 LEITURA COMPLEMENTAR 2 EL NIÑO Os primeiros registros de El Niño foram feitos no século XVI pelos Incas e colonizadores espanhóis, que citam em documentos a ocorrência de fortes chuvas, alagamentos provocados pelo transbordamento de rios e viagens de duração de dois anos que foram feitas em poucos meses devido a fortes ventos. Mas o fenômeno é mais antigo. Avaliações paleontológicas e levantamentos arqueológicos, como análise de cores de sedimentação do gelo e anéis de crescimento das árvores mostram que o El Niño já se manifestava há seis mil anos. Apesar de se formar perto da costa do Peru, o El Niño tem consequências em todo o mundo, com os maiores efeitos concentrados na América do Sul e na Austrália. O evento de 82/83 causou enchentes e tempestades nos Estados Unidos, seca no México, América Central, sul e norte da África, além da Península Ibérica, enchentes na Europa Oriental e chuva intensa no sul da China. A principal característica do El Niño é a mudança de sentido do vento que sopra entre o Equador e a Indonésia. Em situação normal, os ventos alísios vão em direção leste, impulsionando a água quente para as regiões próximas à Austrália. Por motivos ainda desconhecidos, esses ventos diminuem a sua intensidade, fazendo com que a corrente marinha retorne em direção à América do Sul. A massa de água quente acumulada do lado leste do continente propicia a formação de nuvens, que causam chuva intensa, principalmente, nos países próximos à linha dao Equador. Em Lima, no Peru, por exemplo, o índice pluviométrico aumenta de quatro para 800 milímetros anuais. A energia liberada pela chuva torna a atmosfera mais aquecida, o que faz com que o ar leve suba, descendo no Norte e Nordeste brasileiros, bloqueando a formação de nuvens nas regiões. Ainda não foi, totalmente, demonstrado porque o El Niño provoca no Sul situação climática oposta a das regiões Norte e Nordeste, ou seja, enchentes. É possível que um pouco do ar que sobe não vá só para o Nordeste e siga também em direção ao Sul. Lá, esse ar se junta ao vento forte (que sopra mais perto dos polos), aumentando a força dos jatos e fazendo com que as frentes frias parem no Sul do Brasil. A explicação também pode estar na própria incidência de chuva na região equatorial leste. O El Niño provoca chuva nas cabeceiras dos rios que passam pela região Sul. Em 82 e 83, o fenômeno trouxe enchentes para cerca de 95% do estado de Santa Catarina. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 28 No Nordeste, a atuação do El Niño depende das condições do oceano Atlântico. A água mais quente ao sul da linha do Equador, e a mais fria ao norte favorecem a chuva na região semiárida do Nordeste, formada pelo norte e leste do Piauí, estados do Ceará, Rio Grande do Norte, sertão da Paraíba e do nordeste de Alagoas, Sergipe e Bahia. É preciso observar o comportamento da bacia do Atlântico Intertropical para avaliar se haverá chuva ou não. FONTE: Disponível em: <http://www.geomundo.com.br/meio-ambiente-40126.htm>. Acesso em: 15 nov. 2012. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 29 4.2 ASPECTOS PRINCIPAIS NA CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA Antes de estudarmos os aspectos principais da circulação geral da atmosfera, vamos conhecer um importante fator que controla a circulação geral da atmosfera: o momento angular. A atmosfera gira com a Terra, mas também se movimenta sozinha em torno do eixo da Terra. Ela possui então, o momento angular, ou momentum, por unidade de força de massa de um corpo que gira em torno de um eixo fixo. Este momentum é proporcional à sua velocidade e à sua distância do eixo de rotação. Explicando com mais detalhes, com a Terra e a atmosfera girando regularmente, o momento angular permanece constante. O que isto significa? Se uma massa de ar muda sua posição na superfície terrestre, de maneira que sua distância do eixo de rotação seja afetada, sua velocidade angular deve mudar para a do momento angular, a fim de permanecer a constância. Este momento angular é máximo no Equador, diminuindo em direção aos polos, tornando-se zero neste ponto do globo. Nas baixas latitudes predominam os ventos de leste, conhecidos como ventos alísios, enquanto nas latitudes médias predominam os ventos de oeste. É o atrito entre os ventos alísios e a Terra, que gira de oeste para leste, que origina o momento angular de leste nas baixas latitudes. Observem a figura a seguir. FIGURA 10 - CIRCULAÇÃO GLOBAL IDEALIZADA NO MODELO DE CIRCULAÇÃO DE TRÊS CÉLULAS Alta Polar Ventos de Oeste Ventos Polares de Leste Frente Polar NE Ventos Alisios NE Ventos Alisios 0º 30º 60º Anticiclone Subtropical Células de Hadley Zona de Calmarias Equatoriais FONTE: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Acesso em: 17 ago. 2012. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 30 Os trópicos desempenham um importante papel na circulação geral da atmosfera, pois tudo que a circulação geral tenta redistribuir está em excesso nas baixas latitudes e com deficiência nas médias e altas latitudes, como a energia, a umidade e o momentum. Agora vamos estudar os principais aspectos da circulação geral atmosférica. Voltando a observar a figura anterior, veremos que os ventos são desviados para a direita de sua trajetória no Hemisfério Norte e para a esquerda de sua trajetória no Hemisfério Sul. A direção das setas mostra a localização dos centros de baixa pressão. As zonas de baixa pressão se localizam em torno do Equador e em torno das latitudes de 60˚ ao norte e ao sul do Equador. Nesta figura também é possível observar os três sistemas de ventos do Hemisfério Norte: os ventos alísios de nordeste, os ventos dominantes de oeste e os ventos polares de leste. Outros três são encontrados no Hemisfério Sul: os alísios de sudoeste, os ventos predominantes de oeste e os ventos polares de leste. Os alísios de sudeste cruzam o Equador para se tornarem ventos de sudoeste, enquanto os de nordeste, ao cruzarem o Equador, se tornam ventos de noroeste no Hemisfério Sul. IMPORTANT E Não é difícil de observar que estes ventos superficiais são fundamentais na circulação da atmosfera, nãoé? Contudo, existem ainda outros aspectos fundamentais e importantes da circulação da atmosfera, dentre eles, as fortes e estreitas correntes de ar, conhecidas como jet streams. Mas, o que são os jet streams? Os jet streams se caracterizam por uma faixa de ar de alguns milhares de quilômetros de comprimento, centenas de quilômetros de largura e de alguns quilômetros de espessura, que se deslocam praticamente no sentido horizontal, geralmente, próximo da tropopausa. A velocidade mínima do ar dessas correntes é de aproximadamente 120 quilômetros por hora. Existem dois principais tipos de jet streams: o jet stream subtropical, ou jato subtropical (JST), que aparece geralmente, acima dos 13.000 metros, e jet stream da frente polar, ou jato polar (JP), que se encontra entre os 8.000 e 10.000 metros de altitude. Provavelmente, o jet stream subtropical é de origem dinâmica, resultante do movimento de rotação da Terra e se apresenta relativamente, constante, em posição em uma determinada estação do ano. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 31 A atmosfera tem seu momento angular máximo no Equador, onde o ar ascende, espalhando-se para o Norte e para o Sul a partir do Equador. Como havíamos mencionado anteriormente, o ar é desviado para a direita no Hemisfério Norte e para a esquerda no Hemisfério Sul, conforme mostra a figura a seguir, onde podemos localizar a corrente subtropical e da frente polar. FIGURA 11 - JET STREAMS SUBTROPICAL E JET STREAMS DA FRENTE POLAR Polar Jet Stream Polar Front Polar Front Intertropical Convergence Zone Subtropical Jet Stream FONTE: Disponível em: <http://www.physicalgeography.net/fundamentals/7q.html>. Acesso em: 21 ago. 2012. No caso da jet stream da frente polar, sua posição é bastante variável de um dia para o outro sobre uma ampla faixa das latitudes temperadas e depende da posição dos sistemas frontais (linha de contato entre duas massas de ar com diferentes gradientes de temperatura e umidade). Esta corrente é produzida pela diferença de temperatura e está relacionada com a frente polar. Acredita-se que ela desempenhe algum papel no desenvolvimento da circulação da monção asiática. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 32 Os jet streams são de grande importância para a aviação. Um avião que se mova com o jet stream economizará combustível e terá sua velocidade aumentada, enquanto um que se mova contra um jet stream terá sua velocidade diminuída e gastará mais combustível. Foi assim que, de fato se descobriu a existência de jet streams, durante a Segunda Guerra Mundial, em missões de bombardeio no Extremo Oriente (Ayoade, 1996). IMPORTANT E Embora a descoberta destas correntes seja recente, elas já eram usadas por aves pré-históricas, há milhões de anos atrás, intrigando alguns paleontólogos. Leiam a reportagem! TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 33 LEITURA COMPLEMENTAR 3 AVE QUE CRUZAVA O PAMPA USAVA CORRENTES DE AR QUENTE PARA VOAR France Presse Um pássaro que cortava os céus dos pampas argentinos há seis milhões de anos, do tamanho de um moderno aeroplano e com mais de 65 quilos-- sempre intrigou os paleontólogos, que se questionavam como a ave, a maior do mundo, conseguia manter-se no ar. Um estudo divulgado na segunda-feira (2) por cientistas americanos sugere que o extinto Argentavis magnificens era basicamente, um pássaro planador, que aproveitava as correntes ascendentes de ar mais quente. "Depois que se lançava em voo, não havia problema. Podia viajar 200 milhas [320 km] em um dia", disse Sankar Chatterjee, professor de geologia da Tech University e do Museu do Texas em Lubbock, principal autor do estudo. Chatterjee e uma equipe de pesquisadores analisaram a aerodinâmica da ave pré-histórica, introduzindo informações sobre seus parâmetros num programa informatizado de simulação de voo. A análise mostrou que o pássaro, como a maior parte das aves terrestres voadoras, era muito grande, mas que podia elevar-se eficientemente, alcançando velocidades de até 108 km/h em condições ideais. Como os modernos condores, o pássaro se apoiava para pegar voo nas correntes ascendentes de ar quente dos Andes. O animal também usava colunas ou bolsas de ar ascendentes. Embora tivesse um comprimento de quase seis metros, seu raio de rotação de 28 metros era suficientemente curto para permitir que se mantivesse dentro de uma corrente de ar enquanto se elevava para, por exemplo, buscar a presa. "A parte mais difícil era lançar-se em voo", disse Chatterjee. "Provavelmente usava algumas das técnicas utilizadas pelos pilotos de asa delta, como correr em um terreno inclinado para obter impulso ou correr com o vento a favor”, afirmou. O estudo foi publicado nos anais da Academia Nacional de Ciências. FONTE: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u309568.shtml>. Acesso em: 3 jul.2012 UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA CLIMATOLOGIA E A DINÂMICA ATMOSFÉRICA 34 4.3 MODELOS DA CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA Agora vamos falar dos modelos de circulação geral da atmosfera, que foram aprimorados, desde a época de suas criações até os dias atuais, em que se configuram uma ferramenta de grande importância para a previsão do clima futuro. Você já percebeu que são diversos os fatores envolvidos na circulação geral da atmosfera? Isso faz com que esta circulação de grande escala seja bastante complexa, pois seus elementos estão interligados. Eles interagem a tal ponto que, segundo alguns estudiosos, uma simples interferência, ao longo do tempo, pode provocar efeitos inesperados. Uma alusão feita sobre esta teoria, conhecida como ‘efeito borboleta’ é de que um bater de asas de uma borboleta na China pode mudar sistemas de ventos nos Estados Unidos. Essa complexidade, segundo Ayoade (1996), associada aos problemas de dados observados tem dificultado o desenvolvimento de um modelo satisfatório da circulação geral da atmosfera. Muitos modelos conceituais (modelos que estudam os possíveis climáticos) já foram apresentados em diferentes épocas por diferentes pessoas. Provavelmente, o primeiro tenha sido proposto por Edmund Halley, em 1686. Edmund Halley propôs um modelo de circulação térmica com aquecimento máximo nas baixas latitudes, explicando o fluxo dos ventos alísios em direção ao Equador. Mais tarde (1735), este modelo foi aperfeiçoado por George Hadley, que incorporou os efeitos dos movimentos de rotação da Terra para explicar os alísios de nordeste e de sudeste. Esta circulação meridional plana é conhecida como “célula de Hadley”. O Alísio de Hemisfério Norte sopra de nordeste para sudoeste, enquanto o Alísio do Hemisfério Sul sopra do Sudeste para o Noroeste. IMPORTANT E George Hadley supôs que sobre a Terra sem rotação, o movimento do ar teria a forma de uma grande célula de convecção em cada um dos hemisférios. A transferência de energia, do Equador em direção aos polos, poderia ser efetuada com um movimento ascendente nos trópicos, em direção aos polos em altitude e movimento descendente, sobre os polos em direção ao Equador à superfície. O que torna a situação mais complexa é que a Terra tem movimento em torno de si mesma, o eixo de rotação é inclinado sobre o plano da órbita e, a percentagem da superfície coberta por continentes é maior no Hemisfério Norte do que no Hemisfério Sul. Isto faz com que exista uma distribuição de energia “ideal” e outra “real”, como mostra a figura a seguir. TÓPICO 1 | TEMPO, CLIMA E COMPORTAMENTO DA ATMOSFERA 35 FIGURA 12 - CIRCULAÇÃO GLOBAL NUMA TERRA SEM ROTAÇÃO (HADLEY) Tropopausa E sc oa m en to su pe rfi ci al Quente Frio Frio FONTE: Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index. html>. Acesso em: 21 ago. 2012.
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