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Aula 4 - Evolução histórica das tendências pedagógicas da Educação Física no Brasil · Introduçã Educação Física dentro do contexto histórico A atividade física está presente no mundo desde os primórdios da humanidade. O ser humano pode ser considerado uma raça ativa por natureza, pois os nossos ancestrais utilizavam o corpo como meio de subsistência. Com o surgimento das primeiras comunidades organizadas, o homem passou por muitas mudanças de hábitos que o fizeram abdicar de atividades que supriam essa necessidade fisiológica de estar sempre ativo. Assim, como consequência do novo modo de vida, o ser humano passou a se dedicar a outras atividades cotidianas. A necessidade de defender suas terras, seus suprimentos e sua comunidade fez com que o homem se preparasse para confrontar outros seres humanos surgindo, assim, os princípios da guerra. Durante séculos, os princípios das civilizações e a preparação do homem para a vida, tiveram que passar por fundamentos guerreiros e, desta forma, a relação da sociedade com a Educação Física ficou centrada nesse contexto (MARINHO, 1971). Fonte: Shutterstock As notícias que temos sobre a Educação Física em terras brasileiras data o ano de sua descoberta (1500). Tal fato se deve ao relato de Pero Vaz de Caminha, que em uma de suas cartas, que relatam indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando ao som de uma gaita tocada por um português. De acordo com Ramos (1982), esta foi certamente a primeira aula de ginástica e recreação relatada no Brasil. No período do Brasil Colônia, as atividades físicas realizadas pelos indígenas estavam relacionadas a aspectos de sua cultura. Eles utilizavam elementos de ordem: Natural Brincadeiras, caça, pesca, nado e locomoção. Utilitária Aprimoramento das atividades agrícolas, de caça etc. Guerreira Proteção de suas terras. Recreativa e religiosa Danças, agradecimentos aos deuses, festas, encenações etc. Ainda no Período Colonial, logo depois, criada na senzala, sobretudo no Rio de Janeiro e na Bahia, surgiu a capoeira – atividade ríspida, criativa e rítmica que era praticada pelos escravos (RAMOS, 1982). Dessa forma, podemos destacar que, nessa época, as atividades físicas realizadas pelos indígenas e escravos representaram os primeiros elementos da Educação Física no Brasil. As tendências e perspectivas vinculadas à Educação Física sempre expressaram as necessidades relacionadas ao corpo em alguns momentos históricos. Essas tendências partiram da elaboração de um específico modelo corporal e de uma formação ideológica que correspondessem às expectativas da sociedade capitalista. Uma tendência é também uma pedagogia, que é a teoria e o método que constrói os discursos e as explicações sobre a prática social e sobre a ação dos homens na sociedade. Quando uma tendência não corresponde aos interesses das diferentes classes ou ela mesma já não funciona como deveria, ela acaba por dar espaço para o surgimento de uma nova tendência. Uma maneira ideal de organizarmos historicamente a Educação Física é a estruturação pelo que ficou denominado tendências. Essas tendências representavam certo modelo hegemônico em determinado período histórico e em última análise significaria um instantâneo do estado da arte da área em sua manifestação escolar. Cronologia das tendências brasileiras Para mapear o caminho percorrido pela Educação Física no Brasil, vamos nos basear em Castellani Filho (1999), Ghiraldelli Júnior (2003) e Soares (2007), classificando as tendências pedagógicas em: Educação Física higienista (até 1930) Assumida por médicos com a intenção de modificar hábitos de saúde e higiene da população (físico saudável e equilibrado é menos suscetível as doenças), a Educação Física higienista buscava resolver os problemas da saúde pública pela educação, na medida em que pretendia disciplinar os hábitos das pessoas, afastando-as das práticas que prejudicava a saúde e a moral. Para continuar lendo, clique aqui. Educação Física militarista (1930-1945) Até por volta de 1930, tínhamos no Brasil uma Educação Física pautada no higienismo, preocupada com o saneamento público, a prevenção de doenças e uma sociedade livre de vícios. Para continuar lendo, clique aqui. Educação Física pedagogicista (1945-1965) A Educação Física pedagogicista tinha a vertente que propunha a Educação Física como um meio de formação do indivíduo. Conforme destaca Ghiraldelli Júnior (2003): “A Educação Física, acima das querelas políticas, deveria ser capaz de cumprir o velho anseio da educação liberal – formar o cidadão”. Para continuar lendo, clique aqui. Educação Física competitivista/desportivista (1965 até meados da década de 1980) A Educação Física competitivista é caracterizada pela competição e a superação individual em que o atleta é considerado herói (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2003). A Educação Física se restringe ao desporto de alto nível, vinculada ao treinamento e ao rendimento. Nessa tendência, o desporto seria capaz de aumentar o rendimento também educacional e trazer medalhas olímpicas ao Brasil. Para continuar lendo, clique aqui. Educação Física popular (pós-1985) Para Ghiraldelli Júnior (2003), a partir deste período, a Educação Física podia ser chamada de popular, pois estava relacionada à ludicidade e à cooperação. Para continuar lendo, clique aqui. Educação Física higienista (até 1930) Educação Física Pedagogicista(1945-1964) Educação Física Popular(Pós -1985) Atenção A Educação Física não tinha um caráter de neutralidade, e sim de direcionamentos políticos e ideológicos definidos, que visavam construir determinada estrutura social para produzir uma visão de mundo e de sociedade sob a lógica da manutenção e perpetuação das relações sociais capitalistas (CASTELLANI FILHO, 1999). Atividade proposta No Brasil, os anos 1970 do governo militar representam a época em que mais se investiu pesado no esporte. A ideia era fazer da Educação Física um sustentáculo ideológico, na medida em que isso promoveria o País por meio do êxito em competições de alto nível. Nesse período, a seleção brasileira de futebol conquistava o tricampeonato mundial, e o regime autoritário utilizou o esporte como propaganda. De acordo com o que estudamos, de que maneira o futebol podia, naquela época, ser utilizado como aparelho ideológico do Estado? Corrigir Questões 1. Algumas abordagens pedagógicas tinham propostas essencialmente práticas. Suas preocupações centrais eram: • Os hábitos de higiene e saúde; • A valorização do desenvolvimento físico e da moral por meio do exercício; • A seleção dos indivíduos fisicamente perfeitos; • A exclusão dos incapacitados. Entre essas abordagens, podemos citar: Higienista e militarista Recreacionista e desportivista Saúde renovada e desportivista Saúde renovada e crítico-superadora Psicomotricidade e desenvolvimentista Corrigir 2. Bracht (1999) explica que, além de escolarizar conhecimentos e práticas sociais, a escola procurou se apoderar do corpo e construir-lhe uma forma que fosse mais adequada à sociedade na qual está inserida, e, frequentemente, harmoniza-se com seus valores. Esse aspecto é relevante, na medida em que destaca que, nas aulas de Educação Física, o tratamento dado ao corpo sofre influências externas da sociedade, além da instituição escolar. Nesse sentido, é possível afirmar que, a partir de 1964, durante a ditadura, a prática pedagógica em Educação Física no projeto de Brasil dos militares estava relacionada ao desenvolvimento do(a): Crítica e liberdade de expressão nas escolas brasileiras. Alteridade e saúde – a primeira, porque era importante para a construção de um cidadão autêntico, e a segunda, porque poderia contribuir para consolidar o País entre as nações desenvolvidas. Desporto, uma vez que poderia contribuir para consolidar o País entre as nações desenvolvidas e, também, porque, nessa época, havia um grande potencial esportivo entre os brasileiros. Liberdade de expressão e desporto – a primeira, porque era importante para a criticidade da classe trabalhadora, e o segundo,porque poderia contribuir para consolidar o País entre as nações desenvolvidas. Aptidão física e desporto – a primeira, porque era importante para a capacidade produtiva da classe trabalhadora, e o segundo, porque poderia contribuir para consolidar o País entre as nações desenvolvidas. Corrigir No final da década de 1960 e durante a década de 1970, o Brasil adotou na Educação Física escolar o modelo desportivista – também chamado de mecanicista, tradicional e tecnicista –, que passou a ser muito criticado pelos meios acadêmicos, principalmente a partir dos anos 1980. I. A respeito das características histórico-sociais desse modelo, julgue as afirmativas a seguir: I. Os procedimentos empregados eram extremamente diretivos, o que permitia ao indivíduo agir de acordo com sua história de movimentação, sem se preocupar com a repetição mecânica dos movimentos esportivos. II. Os governos militares que assumiram o poder em março de 1964 passaram a investir mais no esporte em busca de talentos que pudessem representar o Brasil em competições internacionais. III. A psicomotricidade estava aliada à perspectiva tecnicista, mas voltada para a Educação Física escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, já que buscava o desenvolvimento integral da criança em seus processos cognitivos, afetivos e psicomotores. IV. As aulas de Educação Física estruturavam-se na prática esportiva com competitividade, quando não há cooperação, e o individualismo prevalece. O objetivo era a vitória, e incentivava-se a exploração e até a ideia de oprimir o mais fraco. Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: I e II I e III II e IV I, II e IV II, III e IV Corrigir Referências desta aula Próximos passos
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